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VIGILANCIA EPIDEMIOLÓGICA

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Profa. Suzana Matos
VIGILANCIA EPIDEMIOLÓGICA
CONCEITOS BÁSICOS
Bases históricas e Conceituais
⇛As primeiras intervenções estatais no campo da prevenção e controle de doenças, datam no início do século XX, orientadas pela era bacteriológica e descobertas dos ciclos epidemiológicos de algumas doenças infecciosas e parasitárias (Costa, 1985).
Essas intervenções consistiram:
Organização de campanhas sanitárias, para controlar doenças que comprometiam a atividade econômica, como febre amarela, peste e varíola;
O modelo operacional baseava-se em atuações verticais, sob forte inspiração militar;
A expressão vigilância epidemiológica passou a ser aplicada ao controle das doenças transmissíveis na década de 50. Entendia-se como observação sistemática e ativa de casos suspeitos ou confirmados de doenças transmissíveis e de seus contatos. 
Na década de 60 → o programa de erradicação da varíola instituiu uma fase de vigilância epidemiológica, que se seguia à de vacinação em massa da população.
 Simultaneamente, realizava-se com o programa a busca ativa de casos de varíola, a detecção precoce de surtos e o bloqueio imediato da transmissão da doença.
Na 21ª Assembléia Mundial de Saúde realizada em 1968, houve a abrangência do conceito, sendo aplicado a variados problemas de saúde pública, além das doenças transmissíveis, (malformações congênitas, dos envenenamentos na infância, da leucemia, dos abortos, dos acidentes, doenças profissionais, comportamentos como fatores de risco, dentre outros).
No Brasil, a Campanha de Erradicação da Varíola –CEV (1966- 73) - marco da institucionalização das ações de vigilância no país;
O modelo da CEV inspirou a Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP) a organizar em 1969, um sistema de notificação semanal de doenças selecionadas e a disseminar informações pertinentes em um boletim epidemiológico de circulação quinzenal.
Impacto no controle por doenças evitáveis por imunização;
Controle da poliomielite no Brasil na década de 80, o que abriu perspectivas para a erradicação da doença no continente americano, alcançada em 1994. 
 Em 1975 por recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde, o MS instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) por meio de legislação específica (Lei 6.259/75 e Decreto 78.231/76).
 Torna-se assim OBRIGATÓRIA a notificação de doenças transmissíveis selecionadas.
 Em 1977 foi elaborado o primeiro Manual de Vigilância Epidemiológica pelo MS.
O atual SUS incorporou o SNVE, definindo em seu texto legal (Lei 8.080/90) :
 “Conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. 
Com isto houve a reorganização do sistema de saúde brasileiro, caracterizada pela descentralização de responsabilidades e pela integralidade da prestação de serviços;
Há condições de serem avaliadas as profundas mudanças no perfil epidemiológico das populações.
PROPÓSITOS E FUNÇÔES
 A Vigilância Epidemiológica tem como propósito fornecer orientação técnica permanente para os responsáveis pela decisão e execução de ações de controle de doenças e agravos.
 São funções da Vigilância Epidemiológica:
Coleta de dados;
Processamento de dados coletados;
Análise e interpretação dos dados processados;
Recomendação das medidas de controle apropriadas;
Promoção das ações de controle indicadas;
Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas;
Divulgação das informações pertinentes.
As competências de cada um dos níveis do sistema de saúde (municipal, estadual e federal) abarcam todo o espectro das funções de VE, com graus de especificidade variáveis.
Coleta de dados e informações
 INFORMAÇÃO PARA A AÇÃO
 A adequada coleta dos dados, no local onde ocorre o evento sanitário, é importante para que se transforme em informação, com capacidade de se ter planejamento, avaliação, manutenção e aprimoramento das ações.
Tipos de dados
Dados demográficos, socioeconômicos e ambientais (n de habitantes, nascimentos, óbitos com a distribuição por sexo, idade, escolaridade, saneamento, etc)
 
Dados de morbidade (obtidos através de notificação de casos e surtos, de produção de serviços hospitalares e ambulatoriais)
Dados de mortalidade (obtidos através das declarações de óbitos, processados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade- SIM)
Notificação de surtos e epidemias
Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes
 Fontes de dados:
→ Notificação
 
Principal fonte da VE
Sistema de Doenças de Notificação Compulsória
Estados e municípios podem incluir novas patologias
Critérios aplicados no processo de seleção para notificação de doenças:
Magnitude ( doenças com elevada frequência, afetam grandes contingentes populacionais, que se traduzem pela incidência, prevalência, mortalidade, anos potenciais de vida perdidos.)
Potencial de disseminação ( expresso pela transmissibilidade da doença)
Transcendência (severidade, relevância social, relevância econômica)
Vulnerabilidade (instrumentos específicos de prevenção e controle)
Compromissos internacionais (firmados pelo governo brasileiro, no âmbito de organismos internacionais (OPAS/ OMS), com ações conjuntas para o alcance de metas continentais ou até mundiais de controle, eliminação ou erradicação de algumas doenças. Por ex. erradicação da poliomielite desde 1994 em vários países das Américas. A OMS preconiza a notificação compulsória dos casos de cólera, febre amarela e peste).
Ocorrência de epidemias, surtos e agravos inusitados à saúde.
→Devem ser considerados na notificação:
Notificar a simples suspeita da doença
A notificação tem de ser sigilosa
Deve-se ter o envio das informações mesmo na ausência de casos (notificação negativa)
 O Sistema Nacional de Agravos Notificáveis (SINAN) é o principal instrumento de coleta dos dados das doenças de notificação compulsória.
Lista das doenças de notificação compulsória 
PORTARIA Nº 204, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016
Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências.
Laboratórios : complementa o diagnóstico de confirmação da investigação epidemiológica.
Bases de dados dos Sistemas Nacionais de Informação: além do SINAN, outros sistemas de informação são de interesse para a Vigilância Epidemiológica, como:
 - Sistema de Informação de Mortalidade (SIM)
 - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)
 - Sistema de Informações Hospitalares (SIH)
 - Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA)
 Os dados derivados desses sistemas complementam o SINAN
Investigação Epidemiológica de campo: trata-se de procedimento destinado a complementar as informações da notificação, no que se refere à fonte de infecção e aos mecanismos de transmissão. Também possibilita a descoberta de casos que não foram notificados.
Imprensa e população: muitas vezes, informações oriundas da população e da imprensa são fontes eficientes de dados, devendo ser sempre consideradas. Quando a vigilância de uma área não está organizada ou é ineficiente, o primeiro alerta da ocorrência de um agravo, principalmente quando se trata de uma epidemia, pode ser a imprensa ou a comunidade.
Fontes Especiais de Dados
 1-Estudos Epidemiológicos:
 - Inquéritos Epidemiológicos- é um estudo seccional, geralmente do tipo amostral, quando as informações existentes são inadequadas ou insuficientes (por notificação imprópria ou deficiente, mudança no comportamento epidemiológico de uma doença, dificuldade em se avaliar coberturas vacinais
ou eficácia de vacinas, descoberta de agravos inusitados) 
 - Levantamento Epidemiológico- geralmente não é um estudo amostral e destina-se a coletar dados para complementar informações existentes. A recuperação de séries históricas, para análise de tendências e a busca ativa de casos, para aferir a eficiência do sistema de notificação, são exemplos. 
 2- Sistemas Sentinela
 A estratégia de formação de SISTEMAS DE VIGILÂNCIA SENTINELA, tem como objetivo monitorar indicadores chave na população geral ou em grupos especiais, que sirvam como alerta geral para o sistema.
 
 Evento sentinela é a detecção de doença prevenível, incapacidade ou morte inesperada, cuja ocorrência serve de alerta de que a qualidade da terapêutica ou prevenção deve ser questionada.
 
 No Brasil, tem-se utilizado com frequência as unidades de saúde sentinelas. Como exemplos temos unidades sentinelas que constitui a base para a vigilância epidemiológica para a influenza, como também no monitoramento e detecção precoce de surtos de diarréias. Assim, busca-se a informação para o pronto desencadeamento de ações preventivas.
Diagnósticos de Casos
A confiabilidade do sistema de notificação depende, em grande parte, da capacidade dos serviços de saúde, diagnosticarem corretamente as doenças e agravos. 
Os profissionais devem estar tecnicamente capacitados e dispor de recursos complementares para a confirmação da suspeita clínica. 
Diagnóstico e tratamento feitos correta e oportunamente, asseguram a credibilidade dos serviços junto à população, contribuindo para a eficiência do sistema de vigilância.
Vigilância Epidemiológica de Doenças Emergentes e Reemergente
Doenças emergentes são aquelas associadas à descoberta de agentes até então desconhecidos, ou as que se expandem e ameaçam expandir-se para áreas consideradas indenes. Ex: AIDS e hantaviroses. 
Doenças reemergentes são aquelas bastante conhecidas, que estavam controladas ou eliminadas, de uma determinada região e que voltaram a ser reintroduzidas. Ex: cólera, dengue.
São associados a fatores demográficos, ecológicos, ambientais, resistência e seleção de agentes aos antimicrobianos, resistência dos vetores aos inseticidas, rapidez e intensidade de mobilização das populações no processo de globalização, desigualdades sociais.
O alerta para estas doenças foi dado em 1980, com debate sobre as doenças infecciosas e parasitárias.
Entende-se que os países passariam por três estágios em relação ao processo epidemiológico: o das doenças pestilenciais, o declínio das pandemias e o estágio das doenças crônico degenerativas criadas pelo homem. O Brasil neste período estaria vivenciando uma transição polarizada, com a convivência de doenças infecciosas e parasitárias e infecciosas e aumento das crônico-degenerativas. Com importância na morbidade e mortalidade.
Processamento e análise de dados
Os dados coletados pelos sistemas rotineiros de informações e nas investigações epidemiológicas, são consolidados em tabelas, gráficos, mapas da área em estudo e outros.
Essa disposição fornecerá uma visão de conjunto das variáveis selecionadas para análise, por tipo de doença ou outro evento investigado.
Em geral as variáveis utilizadas referem-se ao tempo, espaço e pessoas (Quando? Onde? Quem?) e a associação causal (Por que?).
Além das frequências absolutas devem ser calculados coeficientes (incidência, prevalência, letalidade e mortalidade, entre outros) que permitam melhor comparação das ocorrências.
A partir do processamento de dados, deve ser realizada a análise criteriosa dos dados, transformando em INFORMAÇÃO, capaz de orientar a adoção de medidas de controle.
Decisão-alvo
Todo sistema de vigilância epidemiológica tem por objetivos: prevenir, controlar, eliminar ou erradicar doenças, bem como evitar a ocorrência de casos, óbitos e sequelas, com as suas repercussões negativas sobre a sociedade e a prestação de serviços de saúde.
A análise dos dados deve resultar imediatamente em recomendações e na aplicação de medidas de prevenção e controle pertinentes. Deve ocorrer no nível mais próximo da ocorrência do problema, para que a investigação seja mais oportuna e eficaz.
Vigilância Epidemiológica de Doenças e Agravos Não Transmissíveis
São de responsabilidade da Vigilância Epidemiológica: Doenças tranmissíveis, bem como, outros problemas de saúde pública, como malformações congênitas, intoxicações, leucemias, aborto, acidentes e violências, doenças profissionais, comportamentos de risco, efeitos medicamentosos adversos e riscos ambientais, entre outros.
A Lei n. 6.259 de 1975 define o caráter mais amplo do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica
Normatização
Devem ser normas claras e passadas a todos os níveis do sistema através de manuais, cursos, etc.
Deve ter padronizado a definição de caso de cada doença ou agravo, seja como suspeito, compatível ou confirmado.
A definição de caso de uma doença ou agravo, do ponto de vista da vigilância, pode modificar ao longo de um período.
Retroalimentação do Sistema
Deve ter como base os resultados de investigação e a análise de dados.
Essa função deve ser estimulada em todos os níveis.
A periodicidade e os instrumentos de retroalimentação dependem da política de informação de cada nível institucional.
Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica
Compreende o conjunto articulado de instituições públicas e privadas , componentes do SUS que, direta ou indiretamente, notifica agravos e doenças, presta serviços a grupos populacionais ou orienta a conduta a ser tomada para o controle dos mesmos.
OBRIGADA!!!

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