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Flavia Silva de Freitas Estrutura Conceitual Básica das Demonstrações Contábeis Sumário 03 CAPÍTULO 4 – Como se apresenta a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), seguindo as tendências internacionais? ............................................................................05 Introdução ....................................................................................................................05 4.1 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) modelo direto ..............................................05 4.1.1 Obrigatoriedade na demonstração do fluxo de caixa ...........................................05 4.1.2 Definições da demonstração do fluxo de caixa (DFC) ..........................................07 4.1.3 Características e definições dos itens da Demonstração Fluxo de caixa ..................08 4.1.4 Pontos polêmicos após CPC 3 (R2) – IASB – Demonstração do fluxo de caixa ........10 4.1.5 Elaboração das Demonstrações dos Fluxos de Caixa (DFC) – modelo direto ..........12 4.2 Demonstração dos de Fluxos de Caixa (DFC) - modelo indireto .....................................16 4.2.1 Como montar uma DFC pelo método indireto ....................................................16 4.2.2 Comparação entre método direto e método indireto............................................19 Síntese ..........................................................................................................................23 Referências Bibliográficas ................................................................................................24 05 Capítulo 4 Introdução Olá, estudante! Neste quarto e último capítulo da disciplina de Estrutura Conceitual Básica das Demonstrações Contábeis, trataremos da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), esta significante e atual com- ponente dos relatórios financeiros. Você sabe como elaborar a estrutura das DFCs? Sabia que existem técnicas bastante práticas para tanto? Este é um dos pontos que trataremos no decorrer deste estudo. Veremos, ao longo do capítulo, que há duas formas de elaboração da DFC: a direta e a indireta. Além de demonstrá-las, explicaremos as principais diferenças entre elas. Antes de passarmos à definição, apresentação e explicação das técnicas de elaboração das DFCs, porém, abordaremos a Demonstração da Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), que foi obrigatória nos relatórios contábeis das companhias abertas e fechadas até 31 de dezembro de 2007. Você deve estar se perguntando: com a extinção da DOAR, a DFC assumiu seu papel nas publicações das demonstrações contábeis? Veremos que as duas têm funções diferentes, mas que a DFC tem uma proposta de demonstração dinâmica e passou a ser obrigatória a todas as sociedades de capital aberto ou patrimônio líquido acima de R$ 2 milhões. Vamos ao trabalho? 4.1 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) modelo direto Na demonstração do fluxo de caixa (DFC), a principal importância contábil é evidenciar as varia- ções ocorridas no valor de recursos disponíveis das empresas, em determinado período de tem- po. Sua elaboração pode ser feita estruturalmente de duas maneiras: de forma direta e indireta. O método direto mostra as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais componentes das atividades operacionais, como recebimentos pelas vendas de produtos e serviços, e os pagamen- tos de fornecedores e empregados. 4.1.1 Obrigatoriedade na demonstração do fluxo de caixa A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é de extrema utilidade nas funções financeiras liga- das à rotina de uma entidade. Não importa o tamanho da organização, seu fluxo de caixa tem a função de gerenciar o dia-a-dia da empresa. Por meio dele, conseguimos mensurar as decisões quanto a pagamentos, investimentos etc. Como se apresenta a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), seguindo as tendências internacionais? 06 Laureate- International Universities Estrutura Conceitual Básica das Demonstrações Contábeis Mas, antes de passarmos à definição, apresentação e elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), falaremos de outra demonstração muito relacionada a ela: a Demonstração da Ori- gens e Aplicações de Recursos (DOAR). Obrigatória nos relatórios contábeis das companhias aber- tas e fechadas até o dia 31 de dezembro de 2007, a DOAR foi extinta no dia 1º de janeiro de 2008, por força da lei n° 11.638/07. Como já foi estudado no conteúdo referente às demonstrações con- tábeis, a DFC também foi definida primeiramente pela Lei 6.404/76, mas com a Lei 11.638/07 ela se tornou obrigatória. Ou seja, após a extinção da DOAR, a DFC se tornou obrigatória. Essa demonstração tratava das movimentações das origens conseguidas e todas as aplicações dos recursos efetuados pela empresa no período analisado. A DFC, apesar de não ter o mesmo papel da DOAR, veio assumir uma função mais importante e ampla, visto que complementa e integra as informações referentes ao acompanhamento do desempenho econômico (financeiro) e patrimonial da entidade. A DFC aborda todas as movimentações relativas ao período, ocorridas no caixa da empresa. Figura 1 – La Grande Arch, em La Defense, em Paris, simboliza o mundo corporativo. Fonte: PHOTOCREO Michal Bednarek, Shutterstock, 2016. As normas quanto à Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), segundo as Normas Internacionais de Contabilidade (IAS 7), foram anunciadas através do Comitê de Pronunciamento Técnico - CPC 3 (R2). Os objetivos gerais das informações prestadas pelo fluxo de caixa são de extrema importância para análise e formação de caixa da entidade, determinando a liquidez da empresa. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC 3 (R2) – International Accounting Standards Board (IASB), ou Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade, demonstra como as mo- vimentações do caixa no período (segundo sua movimentação histórica) se comportam quanto às varrições do caixa da entidade, no exercício operacional analisado. Com isso, corresponde a todas alterações e fluxos de investimentos e financiamento nesse período também. O comitê tem a finalidade de apresentar os requisitos básicos a serem seguidos pelas empresas, para que todos os usuários e interessados compreendam como as entidades formaram seus re- cursos de caixa. 07 Para entender melhor sobre o trâmite e a introdução das regras internacionais no país, fica a indicação do livro: “Lei comentários às regras contábeis internacionais: aplicável às empresas: S.A, Ltda., e grande porte, de pequeno e médio porte”. Na obra, o autor Osmar Reis Azevedo, destaca, além dos estudos contábeis, comentários profissionais sobre o tratamento fiscal oferecido às regras contábeis internacionais. VOCÊ QUER LER? Todas entidades, independentemente da sua formação (com ou sem fins lucrativos) são capazes de constituir um caixa. Todas essas instituições precisam conseguir formar e gerar o seu caixa para honrar com as suas obrigações, captar operações e conseguir o retorno necessário para os seus investidores. A CPC 3 (R2) e a apresentação dos relatórios financeiros com a presença explicativa da DFC se fez necessária justamente por isso. Segundo Begalli e Perez (2009), as demonstrações financeiras devem mostrar e divulgar a empre- sa, para melhor conhecermos o patrimônio da companhia e suas mutações ocorridas no período. Destacamos: • balanço patrimonial; • demonstração das mutações do patrimônio líquido e demonstração dos lucros e prejuízos acumulados; • demonstração do resultado do exercício; • demonstração do fluxo de caixa (lei 11.638/07); • quando a companhia for aberta, a demonstração do valor adicionado (lei 11.638/07) 4.1.2 Definições da demonstração do fluxo de caixa (DFC) Como já mencionamos anteriormente, objetivo geral da DFC é mostrar a liquidez da entidade. Já os seus objetivos particulares são promover informaçõesque ajudem a explicar os pagamento e recebimentos em dinheiro na empresa em determinado período. Os usuários e interessados necessitam das informações para analisar a capacidade de gerar caixa da entidade. As informações a serem fornecidas pela DFC (MARTINS et al., 2013), quando analisamos jun- tamente com outras demonstrações financeiras, fornecem maiores explicações sobre a empresa para os investidores, credores e outros usuários, para com isso conseguir uma melhor mensura- ção da entidade. Dentre as utilidades, podemos enumerar: • como a empresa pode conseguir novos fluxos líquidos positivos para o seu caixa; • medir como a empresa vai conseguir honrar seus compromissos e pagar seus empréstimos; • liquidez e solvência da entidade; • taxa de conversão do lucro em caixa; • a performance de diversas entidades (aqui, a função é conseguir balizar as análises das demonstrações contábeis, independentemente do ramo que atua a entidade); • analises dos fluxos de caixa e expectativas futuras e • posição financeira, investimentos e financiamento da entidade. 08 Laureate- International Universities Estrutura Conceitual Básica das Demonstrações Contábeis O Pronunciamento CPC 03 (R2) parte do princípio de que os fluxos de caixa devem ser definidos e especificados conforme os seguintes itens: • caixa: define o dinheiro em espécie e os depósitos bancários disponíveis. • equivalente de caixa: Designado como as aplicações financeiras que acontecem em curto prazo, sua liquidez é alta. Podem ser convertidas rapidamente em caixa (investimento pode sofrer algum ajuste no valor). • fluxo de caixa: entrada e saídas de caixa, mais equivalentes de caixa. • atividades operacionais: são atividades que geram receitas, são diferentes das atividades investimento e financiamento. • atividades de investimento: aquisição e venda de ativos no longo prazo e outros investimentos, não inclui equivalentes de caixa. • atividades de financiamento: são as mudanças e composições do capital próprio e no endividamento, não são consideradas atividades operacionais. 4.1.3 Características e definições dos itens da Demonstração Fluxo de caixa As características das DFC compreendem as definições de caixa e abrangem até os complemen- tos dos investimentos qualificados, chamados de equivalentes de caixa (MARTINS et al 2013). Figura 2 – As movimentações de caixa são demonstradas nas atividades operacionais, de financiamentos e investimentos. Fonte: Vectortone, Shutterstock, 2016. No pronunciamento técnico CPC 03, o caixa é a espécie mais liquida, o dinheiro em si, são os depósitos bancários disponíveis na empresa. “A disponibilidades compreendem somente a conta caixa (dinheiro na mão da empresa ou na sua conta corrente) e as aplicações em equivalentes de caixa”. Martins et al. (2013, p. 652). 09 Os equivalentes de caixa são investimentos de altíssima liquidez, segundo CPC 03. Na de- monstração do Fluxo de caixa – IASB e FASB - são reconhecidas três características para esses fluxos de caixa: curto prazo, alta liquidez e insignificante risco de mudança de valor. Exemplos, no Brasil são os títulos de renda fixa públicos e privados, cadernetas de poupança, CDBs e RDBs pré-fixados, títulos público, etc. Segundo a regulamentação exigida pelo IASB, a descrição desses investimentos devem aconte- cer por meio de Notas Explicativas dos Relatórios Financeiros, juntamente com suas políticas de investimentos. Nas chamadas movimentações por atividades, podemos diferenciar com maior ênfase que, ao contrário do DOAR, cuja apresentação foi obrigatória de 1978 a 2007, e os recursos eram determinados pelas suas origens e aplicações, na DFC as movimentações de caixa são mostradas pelos seus grupos de atividades. • As atividades operacionais são descritas como indicadores, demonstram como a empresa gerou caixa suficiente para amortizar empréstimos, pagar dividendos, juros sobre capital próprio. Normalmente, aparecem nas transações da demonstração de resultados. • As atividades de investimentos são as diminuições e aumentos dos ativos ao longo prazo (exclusivamente os não-circulantes), a entidade vai utilizá-la na produção de bens e serviços. Nessas atividades estão inclusos a concessão e o recebimento de empréstimos, aquisição de vendas de patrimônio e instrumentos financeiros. Aqui estão inclusas as aplicações financeiras, mesmo de curto de prazo, salvas as classificáveis como equivalentes de caixa. • As atividades de financiamento são as atividades úteis para prever exigências futuras para o fluxo de caixa, estão relacionadas aos empréstimos a credores e investidores da entidade. Exemplos dela são: venda de ações emitidas, empréstimos obtidos no mercado, emissão de debêntures, notas promissórias, entre outras. Existem, porém, atividades/operações de investimento e financiamento que afetam ativo e passi- vo, mas não causam impacto no caixa são exemplos (MARTINS et al (2013, p. 655): • dívidas convertidas em aumento de capital; • aquisição de imobilizado via assunção de passivo específico (letra hipotecária, contrato de alienação fiduciária); • aquisição de imobilizado via contrato de arrendamento mercantil; • bem obtido por doação (que não seja dinheiro); • troca de ativos e passivos (não caixa), por outros passivos e ativos (não caixa). Devemos, ainda, chamar a atenção para salientar que é por meio da demonstração do fluxo de caixa que avaliamos investimentos e as razões pelas quais aconteceram mudanças na situação financeira da empresa, de que forma será aplicado o lucro gerado nas operações e, até mesmo, os motivos na queda do giro da entidade. 10 Laureate- International Universities Estrutura Conceitual Básica das Demonstrações Contábeis CASO Uma matéria apresentada no início de 2000, pelo Jornal Gazeta Mercantil, mostrou uma pesqui- sa realizada pelo Serviço de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) revelou que a morte prematura das empresas está ligada a fatores conjunturais, administrativos e financeiros. Pela ordem, para esta “morte anunciada” pesam os seguintes fatores: falta de demanda e experiência, escassez de crédito, inadimplência de clientes, impostos e encargos. Foi o que aconteceu com uma revenda de distribuição de bebidas (representante da maior marca do mercado) de médio porte situada no interior de São Paulo, onde um dos fatores mais importante detectado pelo insu- cesso foi a falta de experiência prévia no ramo, a falta de planejamento operacional e cuidados com o fluxo de caixa. E você sabe qual é a relação entre a DFC, a DRE e o BP? A demonstração do fluxo de caixa é elaborada pelo chamado regime de caixa, enquanto o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício são elaborados através do regime de competência. Claro que devemos chamar a atenção para o fato de que existe uma defasagem entre o momento que a empresa compra qualquer bem ou direito e o momento de venda para o seu devido recebimento. A DRE evidencia os resultados, como lucro ou prejuízo, sendo que no momento na sua publicação não vai coincidir com os saldos disponíveis em caixa, bancos ou mesmo aplicações. Mas em algum momento o lucro ou o prejuízo transitou pelo caixa da entidade (BEGALLI; PEREZ, 2009). 4.1.4 Pontos polêmicos após CPC 3 (R2) – IASB – Demonstração do fluxo de caixa Alguns pontos ainda são alvo de polêmica na demonstração de fluxo de caixa de acordo com as normas internacionais. Abaixo, listamos alguns tópicos que, mesmo após o pronunciamento do comitê contábil, ainda causam bastante discussão entre alguns autores especialistas no tema. Ainda assim, devemos seguir as divulgações segundo CPC 03(R2). • Juros e dividendos pagos – Todo fluxo de caixa referente a juros, dividendo e juros sobre capital próprio recebidos e pagos devem ser classificados, período a período, como atividade operacional deinvestimento ou financiamento. Ainda vale ressaltar que, segundo CPC 03 (R1), a DFC recomenda que os juros, dividendos e juros sobre capital próprio devam ser caracterizados como atividade operacional, e que qualquer opção diferente deverá ser colocada nas notas explicativas (MARTINS et al, 2013). • Duplicatas descontadas – O FASB não faz referência, mas o IASB e o CPC 03 mencionam que antecipações de caixa feitas junto a instituição financeiras devem ser classificadas como atividades operacionais. Há algumas controvérsias que as assimilam como atividade de financiamento. • Pagamento de investimento adquirido a prazo – Ao contrário do DOAR, onde as origens e aplicações não afetam o capital circulante liquido (CCL), ou seja, recursos virtuais, as transações em efeito caixa devem comparecer apenas nas notas aplicativas. O FASB, IASB e CPC 03 – demonstração do fluxo de caixa não admitem a figura do caixa/ recurso virtual (MARTINS et al, 2013). • Fluxos de caixa em moeda estrangeira – Eles devem ser registrados na moeda expressa, ou seja, nas demonstrações contábeis da entidade. Devemos converter à taxa cambial do fluxo de caixa. Ganhos e perdas, porém, não são registrados no fluxo de caixa, como as mudanças de câmbios. • Imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido – Os fluxos de caixa referentes ao imposto de renda e às contribuições sociais sobre o lucro líquido devem ser 11 apresentados separadamente das suas atividades operacionais. Devem ser representados na elaboração do fluxo de caixa por método indireto (veremos mais detalhes sobre o método indireto no decorrer deste capítulo). • Aquisição e vendas de controladas e outras unidades de negócios – No fluxo de caixa, aquisição e vendas de controladas e outras unidades de negócios devem vir separadas e apresentadas como atividades de investimento, separando valores ativos e passivos. Se houver mudança de percentual de participação, outras formas de transações entre sócios ou acionistas denominamos atividade de financiamento. Abaixo, temos um exemplo de quadro de esquema de entradas e saídas (fluxo de caixa): FL U X O D E C A IX A ENTRADAS DAS OPERAÇÕES Recebimentos de vendas Dividendos de participações Receitas financeiras Outras receitas (alugueis, comissões etc.) DOS FINANCIAMENTOS Integralização do capital (em dinheiro) Empréstimos diversos Reservas de capital (em dinheiro) DOS INVESTIMENTOS Vendas de outros valores do ativo< SAÍDAS DAS OPERAÇÕES Pagamentos de despesas Pagamento de compras DOS FINANCIAMENTOS Pagamentos de empréstimos Pagamentos de juros e outros ônus financeiros Pagamentos de dividendos e juros sobre o Capital próprio DOS INVESTIMENTOS Aquisição de valores de ativos Aplicações em outros valores de ativos Quadro 1 – Fluxo de caixa: entradas e saídas do DFC. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em REIS, 2009. 12 Laureate- International Universities Estrutura Conceitual Básica das Demonstrações Contábeis Que até meados de 2000, a consultoria da KPMG mostrou, por meio de através de uma pesquisa, que metade das empresas no país adotava as normas brasileiras de contabilidade, enquanto a outra metade da empresas no Brasil adotavam (se dividiam) entre as normas do sistema europeu (IAS) e o sistema americano (USGAAP)? Essas di- ferentes normas levavam contadores americanos e europeus a terem problemas sério para identificar a real situação econômica financeira das empresas brasileiras. VOCÊ SABIA? Os benefícios trazidos pela DFC são inúmeros e, quando utilizados com as demais demonstra- ções financeiras, são capazes de melhorar as informações que vão habilitar usuários e interes- sados a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma entidade. Estas mudanças incluem a situação financeira (liquidez e solvência), capaz de medir a geração de valores e fluxos de caixa. Essas informações sempre serão úteis para avaliar a capacidade entidade em gerar recursos, visto que possibilitam ao usuário desenvolver modelos e avaliar e comparar valores presentes e futuros desses fluxos de caixa de diferentes entidades. As empresas precisam de caixa pelas mesmas razões, por mais diferentes que sejam as suas principais atividades geradoras de receita. Elas precisam dos recursos de caixa para efetuar suas operações, pagar suas obrigações e prover um retorno para seus investidores. O “Manual de Elaboração dos Fluxos de Caixa (DFC)”, de Cleônimo dos Santos (2014), é um ótimo guia para quem quer se aprofundar um pouco mais sobre o assunto. Muito embora a Lei 11.638/07 já esteja em vigor desde do ano de 2008, o período de adap- tação trouxe grande turbulência no meio profissional. VOCÊ QUER LER? Sendo assim, os usuários das demonstrações contábeis se interessam em saber como a entidade funciona e como ela utiliza seus os recursos de caixa e equivalentes de caixa, independentemente da natureza das suas atividades, mesmo que o caixa seja considerado como produto da entida- de, como é o caso de instituição financeira. 4.1.5 Elaboração das Demonstrações dos Fluxos de Caixa (DFC) – modelo direto Chegou o momento do nosso estudo em que vamos nos aprofundar nos métodos disponíveis para elaborar a demonstração do fluxo de caixa. São dois: o direto e o indireto. Por ora, veremos como elaborar o DFC pelo método direto, com o qual podemos verificar to- dos os pagamentos e recebimentos feitos por meio da atividade operacional da entidade. No método direto, encontramos os pagamentos das contas à vista, as duplicatas a prazo, pagamos as despesas operacionais com encargos e salários, despesas administrativas e gerais comerciais são recebidas no ato da venda emitindo as duplicatascom data a prazo, outros recebimentos das atividades sociais da empresa. Begalli e Perez (2009). 13 VOCÊ QUER VER? O filme “Os Intocáveis” conta a história de vida do gangster americano Al Capone, durante o período da Lei Seca no Estados Unidos da América (EUA). O filme, lançado no ano 1987 e dirigido por Brian de Palma, mostra o poder da informação da contabi- lidade e dos seus fluxos de caixa. A trama mostra que Al Capone foi preso devido aos registros contábeis que comprovavam corrupção: a polícia chegou até ele por intermé- dio de seu contador. Vale a pena assistir! De acordo com CPC 3 (R2) – Demonstração do fluxo de caixa, as informações contidas no mé- todo direto, sobre as principais classes e recebimentos brutos e pagamentos brutos podem ser obtidos através de registros contábeis da entidade ou ajustando as vendas e custos das vendas. No caso das instituições financeiras, ajustando serviços e tarifas e outros itens da demonstração do resultado como: • mudanças ocorridas nos períodos de estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar; • outros itens que não envolva caixa e • outros itens cujos efeitos caixa sejam fluxos de caixa decorrentes das atividades de financiamento e investimento. O método direto explica as entradas e saídas brutas de dinheiro das principais atividades ope- racionais. Por exemplo: os recebimentos pelas vendas de produtos e serviços e os pagamentos de empregados e fornecedores. O saldo final corresponde ao saldo líquido de todas operações envolvidas no período, A FASB e o CPC 3 (R2) sempre incentivam a empresa a utilizar o método direto, mas não obrigam. Se a entidade que utilizar o método direto, deve detalhar os fluxos das operações, dividindo-as em: • recebimentos de clientes, inclusive dos arrendatários, concessionários etc; • recebimento dos juros e dividendos; • recebimentos de outras operações, quando acontecer; • pagamentos a empregados, fornecedores de produtos e serviços (incluindo publicidade, propaganda, serviços gerais e segurança) e • impostos. Martins et al (2013) explicam que, quando utilizamos o método diretopara apurar o fluxo líquido de caixa gerado pelas operações, as Notas Explicativas devem aparecer para detalhar melhor a conciliação deste com o lucro líquido do exercício. A conciliação pode refletir o agrupamento e as principais classes dos itens a conciliar. Portanto, é obrigatório destacá-las separando suas alterações nos saldos das contas Clientes, Fornecedores e Estoques. Segundo o CPC 03 (R1), a conciliação deve mostrar detalhadamente as mudanças que ocorre- ram no período sobre os recebimentos relativos às atividades operacionais, nos estoques, assim como nos pagamentos vinculados às atividades operacionais. 14 Laureate- International Universities Estrutura Conceitual Básica das Demonstrações Contábeis O modelo direto vai utilizar uma sequência para calcular o fluxo de caixa das operações, par- cialmente as contas da Demonstração de Resultados e vai ajustando as variações nas contas circulantes do balanço, que é vinculado às operações. Portanto, é realizada uma coluna para mostrar as variações positivas ou negativas de cada conta dos balanços comparados. Assim: DFC – Sequência para apuração das movimentações de caixa – Método direto: Receita ou despesa (DRE) ± Ajustes pelas variações nas contas do Balanço patrimonial = Valores descrever na DFC (MARTINS et al, 2013). Cabe destacar que esse método é genérico, porque existem informações no circulante que não fazem parte das operações, e outros itens fora do circulante que pertencem às operações. O formato direto está baseado no regime de caixa, procura registrar todos os recebimentos e paga- mentos. O pronunciamento quer que as empresas apresentem uma demonstração dos fluxos de caixa basicamente com as normativas impostas pelo Comitê de Pronunciamento Contábil CPC 03. Que foi apenas em 1931 que a profissão de contador foi regulamentada por um de- creto do Diário Oficial da União, no Brasil? Ainda assim, foi somente em 1945 que a carreira foi considerada uma carreira universitária. O primeiro curso de contabilidade foi criado no estado do Maranhão, em 1832, mas foi somente depois do decreto que foi considerado uma profissão de carreira no país. VOCÊ SABIA? O método direto, embora mais detalhado e trabalhoso, por causa da quantidade de itens, é o mais simples e mais claro de se compreender (em comparação ao método indireto, cujo conceito a aplicação aprofundaremos mais adiante). Mas o método direto ainda encontra aversão, por parte das empresas, em relação às demonstrações de informações – embora internamente ainda continue sendo o método mais utilizado pelos usuários internos, pela serventia e simplicidade. Em outros países, a exigência da DFC já é mais antiga que aqui no Brasil. Por isso, já encontramos um histórico do uso dos métodos: o indireto sai na frente na utilização, visto que através dele é possível conferir valores por meio dos relatórios financeiros publicados. As entidades devem fornecer outras informações em relação às outras contas que não foram mencionadas, quando é elaborado o método direto. Por exemplo, alterações nas contas a rece- ber de clientes em razão da venda de mercadorias, produtos ou serviços poderiam ser apresen- tadas separadamente das mudanças em outros recebíveis operacionais. A seguir, veremos o modelo de elaboração para DFC direta. 15 a) Operações Receita recebidas ( – ) Dispêndio nas compras ( – ) Despesas Operacionais pagas – Vendas – Administrativas – Despesas antecipadas – Caixa gerado no negócio b) Outras receitas e despesas (+) Receitas financeiras recebidas ( – ) Despesas financeiras pagas Caixa liquido após operações financeiras ( – ) Imposto de renda pago Caixa Liquido após imposto de renda 730.000 (660.000) (30.000) (50.000) ------------ 10.000 (30.000) 70.000 (80.000) (10.000) (20.000) (30.000) (60.000) (90.000) c) Atividades de investimento Não houve variação do imobilizado (+) Vendas de ações de coligadas (+) Recebimento de empresas coligadas --------------- 10.000 10.000 20.000 d) Atividades de financiamentos (+) Novos financiamentos (+) Aumento de capital em dinheiro ( – ) Dividendos Redução do caixa do ano 50.000 40.000 (50.000) 40.000 (30.000) Saldo inicial do caixa 40.000 Saldo final do caixa 10.000 Tabela 1 – Modelo de DFC direto. Fonte: Elaborada pela autora, baseado em MARION, 2012. 16 Laureate- International Universities Estrutura Conceitual Básica das Demonstrações Contábeis 4.2 Demonstração dos de Fluxos de Caixa (DFC) - modelo indireto A demonstração dos fluxos de caixa (DFC) é alvo de todos os recebimentos, entradas, pagamen- tos, saídas de caixa (ou disponível). Quando representar uma entrada de caixa, deve ser somado na demonstração, e quando houver saída, deverá ser subtraída na demonstração. Na DFC modelo indireto, são incorridos os reais recebimentos dos clientes e pagamentos de fornecedores e despesas, ajustando assim o lucro líquido e considerando as variações nas contas patrimoniais, relacionadas à demonstração do resultado de exercício (DRE). Quanto às ativida- des operacionais, investimento e financiamento são basicamente parecidas com a demonstração do fluxo de caixa tipo direto. 4.2.1 Como montar uma DFC pelo método indireto No método indireto utilizamos o fluxo de caixa líquido, das atividades operacionais. Nele é deter- minado o ajustamento do lucro líquido ou prejuízo, quanto aos efeitos de mudanças que possam ocorrer no estoque e nas contas operacionais, em pagar e receber no período, como: • alguns itens que não afetam o caixa, como depreciação, provisões, impostos, resultados de equivalência, variações cambiais e, • todos os itens cujos efeitos sobre o fluxo de caixa decorram de atividade de investimento ou de financiamento. • Ainda no método indireto, o lucro líquido ou o prejuízo são ajustados pelos efeitos: • transações que não envolvam caixa; • quaisquer diferimentos ou outras apropriações sobre recebimentos ou pagamentos operacionais passados ou futuros e; • itens da receita ou despesa associados com fluxos de caixa de atividades de investimento ou financiamento Portanto, o método indireto faz uma união entre o lucro líquido constante na Demonstração de Resultados (DRE) e o caixa gerado pelas operações. Nesse método, conseguimos indiretamente do caixa gerado pelas atividades operacionais uma continuação da DOAR para se obter o capi- tal circulante gerado pelas operações. Essa é a razão pela qual a maioria das empresas de países com DFC obrigatória preferirem a utilização do método indireto: pelo costume adquirido ao elaborar a DOAR, além de ser mais fácil de ser automatizado e informatizado. O método indireto é bem simples. Inicialmente, assumimos que todo o lucro afetou diretamente o caixa. Mas sabemos que isso não ocorre na realidade, e daí procedemos aos ajustes: partimos do lucro líquido extraído da DRE e fazemos as somas e subtrações a dos itens, que no exercício, afetam o lucro, mas não afetam o caixa, e também dos que vão afetar o caixa e não vão afetar o lucro. De acordo com Martins et al (2013, p. 660), “a vantagem do método indireto é a sua capacida- de de conseguir esclarecer as variações no caixa que ocorreram em operações”. Elas poderão acontecer por alterações nos prazos de recebimentos e de pagamentos, ou por incrementos, por exemplo, dos estoques. 17 Dessa forma, em um período, podemos verificar aumento do caixa das operações, porque foi reduzido o prazo de recebimento dos clientes ou porque aumentou o prazo de pagamento dos fornecedores. Isso pode ocorrer somente num período e não tende a se perpetuar no futuro - essa evidencia é bastante relevante, visto o que não ocorre de forma transparente no método direto. Begalli e Perez (2009) destacam que parte do resultado das operaçõessociais, no método in- direto, acontece com lucro líquido do período, ajustado pelas receitas e despesas que não vão interferir diretamente no caixa. Essas disponibilidades da entidade são as depreciações, amor- tizações, exaustões. Para Reis (2009), o formato indireto realiza-se com uma conciliação do re- sultado líquido por meio de adições ou subtrações para se chegar no resultado do caixa líquido das operações. Existe uma regra básica (MARTINS et al, 2009) a ser utilizada, segundo CPC 03, para metodo- logia indireta: • Registrar o lucro líquido (transcrever da DRE); • Somar (ou subtrair) os lançamentos que afetam o lucro, mas que não têm efeito no caixa, ou cujo efeito no caixa se reconhece em outro lugar da demonstração ou num prazo muito longo (depreciação, amortização, resultado de equivalência patrimonial, despesa financeira de longo prazo etc.); • Somar (ou subtrair) os lançamentos que, apesar de afetarem o caixa, não pertencem às atividades operacionais; • Somar as reduções nos saldos das contas do Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo vinculadas as operações; • Subtrair os acréscimos nos saldos das contas do Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo vinculados as operações; • Somar os acréscimos nos saldos das contas do Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo vinculados as operações; • Subtrair as reduções nos saldos das contas do Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo vinculadas as operações. Martins et al (2013), afirmam que existe uma lógica para a regra do quadro acima. Ela é resu- mida da seguinte maneira: • Diminuição nas contas do Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo – o caixa será aumentado pelo valor dessa variação negativa em relação ao registro constante na DRE. • Aumentar as contas do Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo – o caixa diminui pelo valor dessa variação positiva em relação ao registro constante na DRE. • Aumentos nas contas do Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo – significa que os pagamentos foram em dinheiro e menores que as respectivas despesas lançadas na DRE. • Se aumentamos a conta Fornecedores – é porque não houve desembolso de dinheiro para pagar esse passivo. Logo, foram compradas mais mercadorias a prazo do que as que foram pagas, e esse excesso de despesa em relação ao caixa está no CMV (custo da mercadoria vendida). A diferença é compensada indiretamente por meio de seu aumento ao lucro. • Redução nas contas do passivo circulante – raciocínio inverso ao do item “Aumentos nas contas do Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo”. 18 Laureate- International Universities Estrutura Conceitual Básica das Demonstrações Contábeis Figura 3 – Aumentos e diminuições nas contas impactam receitas e despesas. Fonte: Kotin, Shutterstock, 2016. Aqui utilizaremos um modelo indireto, de fácil explicação, partindo do lucro econômico na DRE (MARION, 2012). a) Atividades operacionais Lucro líquido 24.000 + Despesas econômicas (não afetam o caixa): Depreciação 10.000 34.000 Ajuste por mudança de capital de giro (Aumento ou redução durante um ano) Ativo circulante Duplicatas a receber (aumenta ou reduz caixa) (70.000) Estoques (aumenta ou reduz caixa) (30.000) (100.000) Passivo circulante Fornecedores – aumento (melhora o caixa) 20.000 Salários a pagar – aumento (melhora o caixa) 10.000 Impostos a recolher – redução (piora o caixa) (54.000) Fluxo de caixa das atividades operacionais (24.000) (124.000) (90.000) 19 b) Atividades de investimento Não houve variação do imobilizado --------- Vendas de ações de coligadas 10.000 Recebimento de empresas coligadas 10.000 20.000 c) Atividades de investimento Novos financiamentos 50.000 Aumento de capital em dinheiro 40.000 Dividendos (50.000) 40.000 60.000 Redução do caixa do ano (30.000) Saldo inicial do caixa 40.000 40.000 Saldo final do caixa 10.000 10.000 Tabela 2 - Modelo de DFC Indireto. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em MARION, 2012. 4.2.2 Comparação entre método direto e método indireto Vamos fazer uma análise dos dois modelos para elaboração de fluxos de caixa modelos direto e indireto: Modelo resumido de fluxo de caixa para facilitar a análise Itens Receita recebida ( – ) caixa despendido na produção a. Caixa bruto obtido nas operações ( – ) despesas operacionais pagas – Vendas – Administrativas – Despesas antecipadas b. Caixa gerado nos negócios Não operacionais (+) outras receitas (diversas) recebidas ( – ) outras despesas pagas 20 Laureate- International Universities Estrutura Conceitual Básica das Demonstrações Contábeis Itens Receita recebida ( – ) caixa despendido na produção c. Caixa liquido após os fatos operacionais (+) receitas financeiras recebidas ( – ) despesas financeiras pagas ( – ) dividendos d. Caixa Liquido após operações financeiras ( – ) amortização de empréstimos e. Caixa após a amortização de empréstimos (+) novos financiamentos ( – ) curto prazo ( – ) longo prazo (+) aumento de capital em dinheiro (+) outras entradas f. Caixa após novas fontes de recursos ( – ) aquisição permanente g. Caixa liquido final Quadro 2 – Modelo resumido fluxo de caixa. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em MARION, 2012. No item “a” do modelo, encontramos o caixa bruto (ele é dividido pela receita recebida em dois períodos). Período 1 Período 2 I Receita recebida 10.000 20.000 II ( – ) caixa despendido na produção (6.000) (13.000) III Caixa bruto 4.000 7.000 % III/ I 40% 35% Aqui, verificamos que para cada valor monetário recebido, está acontecendo um desembolso maior de caixa com a produção. Podemos, então, concluir contabilmente que o crescimento das vendas provocou um desequilíbrio nas contas da entidade. Visto que o aumento nas contas a receber ou estoque consumiu a geração de caixa ---- Na DRE *Fluxo econômico* uma Margem bruta do lucro (Lucro bruto/ vendas). Nos itens abaixo, explicaremos cada conta, de “b” a “g”. No item “b”, trataremos o item mais importante, que é própria geração de caixa na empresa. Se esse item fosse negativo, salvo em alguns casos (de explicação rápida), a empresa iria buscar receitas extraordinárias, ou seja, evi- denciaria índices de liquidez da empresa - pré-falência. 21 No caso do item “c”, consideramos fatos extraordinários na entidade. No item “d” considera- mos que a empresa tem coberto os custos financeiros (juros) com recursos oriundos de operações mais as receitas financeiras do período. Nesse item não pagamos somente os juros, mas remune- ramos o capital de terceiros e os dividendos que remuneram capital próprio. No item “e”, o melhor dos mundos seria que a entidade, diante de um bom planejamento, cobrisse os pagamentos dos empréstimos e ainda sobrasse recursos para novos investimentos. No item “f”, o melhor seria que fosse positivo, porque dessa forma as novas fontes de recursos seriam encaminhadas para novos investimentos, aumento de capital de giro etc. Não há dúvida de que a melhor fonte é o capital próprio, visto que a remuneração desses recursos serão os dividendos. O item “g” é o resultado do valor disponível no ativo circulante, ou seja, caixa líquido final. Detectamos que será o que possuímos de saldo disponível. Senor Abravanel, conhecido como “Silvio Santos”, dono da emissora de TV brasileira SBT é formado em contabilidade. O apresentador é considerado um mito nacional. Filho de pai grego e mãe turca, nascido no Rio Janeiro, foi camelô - e de camelô virou bilionário e dono de emissora de TV -, mas tinha um voz em potencial e conseguiu logo cedo emprego nas rádios cariocas. Do rádio para televisão foi um salto. Hoje, é considerado pelo Guiness Book o apresentador com o programa no ar no Brasil, por mais anos seguidos.VOCÊ O CONHECE? Analisando os dois modelos, podemos visualizar a seguinte situação: No DFC direto, se pensarmos no BP, comparando o caixa inicial de R$ 40.000 e o caixa final de R$ 10.000, verificamos que houve uma redução de R$ 30.000 no caixa da empresa. Mas se a liquidez aumentou, porque será que houve uma diminuição do caixa? É mostrado na DFC Direto a seguinte situação: • A empresa não está gerando caixa nas atividades operacionais (10.000). • Vemos que empresa não faz novos investimentos. Ao contrário, ações são vendidas e empréstimos de coligadas são recebidos, tudo isso ocorre para diminuir o déficit (R$ 20.000). • A empresa nessa situação honra com dividendos como obrigação (R$ 50.000) e solicita aporte de sócios de R$ 40.000. Paga os dividendos distribuídos, mas o déficit aumenta em R$ 10.000. • O que verificamos é que os grupos investimentos e financiamento foram positivos em relação ao caixa, a responsabilidade é o operacional pela situação desfavorável. No DFC indireto, conseguimos enxergar e verificar os problemas que aconteceram para a dimi- nuição de caixa (MARION, 2012). 22 Laureate- International Universities Estrutura Conceitual Básica das Demonstrações Contábeis • Nas atividades operacionais, houve lucro financeiro de R$34.000, melhorando o caixa. • Houve uma ampliação do capital de giro (duplicatas a receber e estoques), o que atrasou o recebimento do dinheiro e sacrificou recursos financeiros para financiar a ampliação. • Houve diminuição do passivo circulante para honrar dívidas antigas e o dinheiro usado para pagar impostos atrasados, impedindo que os recursos fossem utilizados para outros pagamentos Uma hipótese, para ajudar, seria tentar receber antecipadamente duplicatas, acelerar vendas do estoque e renegociar dívidas do passivo (passivo circulante). Na comparação entre os dois mode- los, no DFC direto, as atividades investimentos e financiamento apresentaram um saldo positivo. 23 Síntese Prezados estudantes, chegamos ao final do nosso quarto capitulo, onde aprendemos sobre a demonstração do fluxo de caixa, em especial sobre o anúncio do pronunciamento CPC 03 (R2) – IASB – IAS 07. Minuciosamente, descrevemos essa importante demonstração financeira e sua obrigatoriedade, após a promulgação da lei 11.638/07. Neste capítulo, você: • entendeu por que a demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR) deixou de ser obrigatória após dezembro de 2007, nos relatórios contábeis; • conheceu os conceitos de demonstração do fluxo de caixa (DFC); • entendeu melhor quais foram as novidades trazidas pelo pronunciamento CPC 03 (R2) para demonstração do fluxo de caixa; • compreendeu a inclusão da DFC como obrigatoriedade nos relatórios financeiros; • esmiuçou funções, conceitos e elaboração do DFC nas demonstrações contábeis; • aprendeu como elaborar a DFC por método indireto; • aprendeu como elaborar a DFC por método direto; • comparou os modelos da DFC direto e indireto. Síntese 24 Laureate- International Universities Referências ASSAF, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico financeiro. 8a Ed São Paulo, SP: Atlas, 2008. AZEVEDO, Osmar Reis. Comentários às Regras Contábeis Internacionais | Aplicável às empre- sas: S.A., LTDA, de Grande Porte, de Pequena e Médio Porte. 1a Ed São Paulo, SP: IOB EBS, 2014. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Diagnósticos de convergência às normas internacionais. IAS – Presentation of Financial Statements. Disponível em <www.bcb.gov.br/nor/convergencia/ IAS_01_Apresentacao_das_Demonstracoes_Contabeis.pdf>. Acesso em 07 de jun.2016. BEGALLI, Glaucos Antônio, PEREZ, José Hernandez Junior. Elaboração e análise das demons- trações financeiras. 4a Ed São Paulo, SP: Atlas, 2009. BRASIL, Lei 6.404/76. Lei das Sociedades Anônimas alterada pelas Leis 11.638/07 e 11.941/09. Disponível em: <planalto.gov.br/legislação> Acesso em: 11 março 2016. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamentos contábeis. Disponível em:< http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos> Acesso em: 11 março 2016. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. CFC. Aprova a NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis. Re- solução CFC n. 1.121/08. Disponível em: http://www.portalcfc.org.br/index.php. Acesso em 03 jun.2016. IUDÍCIBUS, Sérgio, MARTINS, Eliseu; CARVALHO, L. Nelson. Contabilidade: aspectos relevantes da epopeia de sua evolução. Revista de Contabilidade e Finanças USP, n. 38, p. 7-19, mai./ago. 2005. MARION, José. Carlos. Análise das demonstrações Contábeis: contabilidade Empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. MARTINS, Eliseu et al. Manual de Contabilidade Societária: Aplicável a todas as Sociedades. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. REIS, Arnaldo. Demonstrações Contábeis: Estrutura e Análise. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. SANTOS, Cleônimo dos. Manual de elaboração da demonstração dos fluxos de caixa. 1. ed São Paulo: IOB EBS, 2014. Bibliográficas
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