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NOÇÕES DE
GEOPROCESSAMENTO
Caro(a) aluno(a),
A Universidade Candido Mendes (UCAM), tem o interesse contínuo em
proporcionar um ensino de qualidade, com estratégias de acesso aos saberes que
conduzem ao conhecimento.
Todos os projetos são fortemente comprometidos com o progresso educacional
para o desempenho do aluno-profissional permissivo à busca do crescimento
intelectual. Através do conhecimento, homens e mulheres se comunicam, têm
acesso à informação, expressam opiniões, constroem visão de mundo, produzem
cultura, é desejo desta Instituição, garantir a todos os alunos, o direito às
informações necessárias para o exercício de suas variadas funções.
Expressamos nossa satisfação em apresentar o seu novo material de estudo,
totalmente reformulado e empenhado na facilitação de um construto melhor para
os respaldos teóricos e práticos exigidos ao longo do curso.
Dispensem tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita
dedicação pelos Doutores, Mestres e Especialistas que compõem a equipe docente
da Universidade Candido Mendes (UCAM).
Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio de
suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese
dos saberes.
Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, alcançar o
equilíbrio e contribuição profícua no processo de conhecimento de todos!
Atenciosamente,
Setor Pedagógico
 
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 3 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 4 
CONCEITOS E DEFINIÇÕES SOBRE O GEOPROCESSAMENTO ................................................ 8 
CONCEITOS E DEFINIÇÕES ................................................................................................................ 8 
ONDE E COMO UTILIZAR AS TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO ....................................... 9 
ALGUMAS TÉCNICAS DO GEOPROCESSAMENTO ...................................................................... 12 
TÉCNICAS PARA COLETA DE INFORMAÇÃO ESPACIAL ...................................................... 13 
TÉCNICAS DE ARMAZENAMENTO DE INFORMAÇÃO ESPACIAL ....................................... 14 
TÉCNICAS PARA TRATAMENTO E ANÁLISE DE INFORMAÇÃO ESPACIAL: .................... 15 
TÉCNICAS PARA O USO INTEGRADO DE INFORMAÇÃO ESPACIAL .................................. 16 
A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO GEOPROCESSAMENTO DE DADOS ....................................... 17 
TRAJETÓRIA NO BRASIL .............................................................................................................. 18 
PARADIGMA DE ORIENTAÇÃO A OBJETOS ................................................................................. 20 
APLICAÇÕES DO GEOPROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES EM URBANIZAÇÃO E 
PROBLEMAS SOCIAIS .......................................................................................................................... 23 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E QUALIDADE DE VIDA ............................................... 24 
URBANIZAÇÃO BRASILEIRA E OS PROBLEMAS SOCIAIS ........................................................ 26 
GERENCIAMENTO DE ESPAÇO FÍSICO-TERRITORIAL .......................................................... 36 
GEOPROCESSAMENTO E COMBATE À CRIMINALIDADE ......................................................... 38 
COLOCANDO DADOS NO MAPA: A ESCOLHA DA UNIDADE ESPACIAL DE AGREGAÇÃO 
E INTEGRAÇÃO DE BASES DE DADOS EM SAÚDE E AMBIENTE ATRAVÉS DO 
GEOPROCESSAMENTO ....................................................................................................................... 43 
ESCOLHA DA UNIDADE ESPACIAL MÍNIMA DE AGREGAÇÃO DE DADOS .......................... 44 
BASES DE DADOS EM SAÚDE E AMBIENTE E SEU GEORREFERENCIAMENTO .................. 47 
USO DO SIG NA INTEGRAÇÃO DE DADOS AMBIENTAIS E SANITÁRIOS .............................. 50 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................. 52 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................... 54 
 
 
 
 
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 4 
INTRODUÇÃO 
 
De acordo com o Geógrafo Marcos Aurélio de Araújo Gomes1 (2014), professor e 
diretor da APROGEO-SP (Associação Profissional dos Geógrafos do Estado de São Paulo), 
Geoprocessamento representa um conjunto de tecnologias capazes de coletar e tratar 
informações georreferenciadas, que permitam o desenvolvimento constante de novas aplicações. 
Neste sentido, as tecnologias que são englobadas nesta concepção, fazem cada vez mais parte do 
nosso dia-a-dia. São elas: o Sensoriamento Remoto (SR), o Sistema de Informação Geográfica 
(SIG) e o Sistema de Posicionamento Global (GPS), este último mais conhecido pela sua sigla 
em inglês. 
Sob a ótica de Câmara et al. (2005), o entendimento da tecnologia de 
Geoprocessamento requer, preliminarmente, uma descrição de alguns conceitos básicos, os quais 
veremos ao longo deste módulo. 
Já conforme Rodrigues (1993), Geoprocessamento é um conjunto de tecnologias de 
coleta, tratamento, manipulação e apresentação de informações espaciais, voltado para um 
objetivo específico. 
E, por que é importante o geoprocessamento, na contemporaneidade? 
Devido às inúmeras modificações que o homem tem promovido na natureza e, 
consequentemente, no meio que nos cerca, modificando a paisagem e contribuindo para o 
surgimento de diversos problemas ambientais e socioeconômicos, em níveis importantes, faz-se 
imprescindível, o uso do geoprocessamento, em áreas urbanas e rurais. 
Isto porque, a urbanização modifica todos os elementos da paisagem, tais como, o solo, 
a geomorfologia, a vegetação, a fauna, a hidrografia, o ar e o clima, através de uma ocupação, 
muitas vezes, desordenada e indiscriminada, recorrentemente, nos centros urbanos, a partir da 
segunda metade do século XX, efetivamente. Este fator tem sido uma das principais fontes de 
problemas ambientais das cidades, devido à elevada desigualdade em termos de distribuição da 
renda, bem como, as precárias condições de moradias, somadas ao difícil acesso aos serviços 
 
1 Disponível em: <http://www3.edu.br/pesquisa/publica%C3%A7%C3%B5es/artigos-cient%C3%ADficos/ 
professores/sequenciais/o-que-%C3%A9-e-para-que-serve-o>. Acesso em: 12 Jun. 2014. 
 
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públicos, particularmente na parcela da população mais carente, residente nas periferias, das 
grandes cidades, completamente vulnerável em termos socioambientais. 
Nesse sentido, podemos afirmar, conforme Carvalho e Braga (2010), que os elevados 
níveis de pobreza urbana, exclusão social e degradação ambiental têm caracterizado a 
urbanização brasileira. 
Assim, sendo fato a modificação da paisagem natural, como podemos saber o local 
exato e as dimensões dessas modificações? Resposta: através do geoprocessamento que utiliza 
técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica e que vem 
influenciando de maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, 
Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional, dentre outras. 
Ou seja: o geoprocessamento nada maisé que o uso automatizado de informação que, 
de alguma forma, está vinculada a um determinado lugar no espaço, seja por meio de um simples 
endereço ou por coordenadas (LAZZAROTTO, 2002). 
Entre os vários sistemas que fazem parte do Geoprocessamento, está o Sistema de 
Informações Geográficas (SIG) que reúne maior capacidade de processamento e análise de dados 
espaciais. A utilização destes sistemas produz informações que permitem tomar decisões para 
colocar em prática várias ações. 
Noutrossim, o SIG é erroneamente considerado, por muitos, um geoprocessamento. 
Geoprocessamento é um conceito muito mais abrangente, representando qualquer tipo de 
processamento de dados georreferenciados, enquanto o SIG processa dados gráficos (por 
exemplo, mapas) e alfanuméricos (por exemplo, tabelas) com a finalidade de desenvolver 
análises espaciais e modelagens da superfície. Comparativamente com o SR, existe um número 
bem maior de programas desenvolvidos para o SIG, como o Sistema de Análise Geo-Ambiental 
(SAGA), além do próprio SPRING. 
Assim, para que o SIG cumpra suas finalidades, há a necessidade de dados. A aquisição 
de dados em Geoprocessamento deve partir de uma definição clara dos parâmetros, indicadores e 
variáveis, que serão necessários ao projeto a ser implementado. Deve-se verificar a existência 
destes dados nos órgãos apropriados (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 
Departamento de Sistema Geográfico do Exército Brasileiro (DSG), Prefeituras, concessionárias 
 
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e outros). A sua ausência implicará num esforço de geração que dependerá de custos, prazos e 
processos disponíveis para aquisição. 
O SR é a tecnologia capaz de obter imagens e outros tipos de dados através do 
monitoramento da superfície terrestre, através da captação e do registro da energia 
eletromagnética refletida ou emitida da superfície. Existem vários programas que executam 
atividades de processamento digital de imagens, entre eles o Sistema de Processamento de 
Informações Georreferenciadas (SPRING), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas 
Espaciais (INPE). Outro produto muito popular e que devido a sua gratuidade é amplamente 
utilizado, é o Google Earth, pois permite sobrevoar o planeta através das imagens de satélite. 
Estes sistemas se aplicam a qualquer tema que manipule dados ou informações 
vinculadas a um determinado lugar no espaço, e que seus elementos possam ser representados 
em um mapa, como casas, escolas, hospitais, etc. 
Quanto ao GPS, este é um sistema de posicionamento por satélites utilizado para a 
determinação da posição de um receptor na superfície terrestre. Este posicionamento é 
apresentado em coordenadas de longitude, latitude e altitude. Este sistema pertence aos EUA e 
possui inserção no mundo inteiro, mas já começa a sofrer a concorrência de sistemas similares 
como o europeu (GALILEO) e o russo (GLONASS). 
Nesse aspecto, o Brasil é um país com uma expressão fantástica no restrito mundo dos 
países que investem na pesquisa e desenvolvimento de produtos técnicos espaciais. A prova 
disso é que recentemente o nosso país, em parceria com a China, lançou em 1999 o primeiro 
satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), o CBERS-1, e em 2003 o CBERS-2. O 
sucesso desta parceria foi tamanho que os dois países renovaram seus interesses de produzirem e 
lançarem mais dois satélites. As imagens de satélite coletadas pelo CBERS podem ser adquiridas 
gratuitamente no site do INPE. 
Em janeiro de 2012, a revista britânica Nature indicou que os negócios relativos ao 
Geoprocessamento estavam entre os três mercados emergentes mais importantes da atualidade, 
junto com a nanotecnologia e a biotecnologia. Atualmente, as aplicações das tecnologias em 
Geoprocessamento ramificaram-se para várias áreas do conhecimento, como a Geografia, a 
Biologia, a História, a Engenharia, a Arquitetura, os Sistemas de Informação, entre outros, 
atendendo as mais variadas necessidades de nossa sociedade, como o desenvolvimento de bases 
 
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cartográficas, a análise de recursos naturais, a implantação de redes de infraestrutura 
(abastecimento de água, esgoto, drenagem, energia elétrica, e comunicações), os estudos em 
planejamento urbano-ambiental, os mapeamentos em segurança-pública e atividades militares, as 
análises de mercados para a prospecção de produtos e serviços, a otimização e segurança para o 
transporte de cargas e pessoas através monitoramento de veículos, entre outras aplicações. 
Assim, a cada ano que passa, as aplicações das tecnologias de Geoprocessamento 
tornam-se mais necessárias ao desenvolvimento das sociedades que necessitem planejar e 
implementar o seu desenvolvimento, o que torna este curso imprescindível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCEITOS E DEFINIÇÕES SOBRE O GEOPROCESSAMENTO 
 
De acordo com Xavier-da-Silva (1992 apud MOURA, 2003, p. 9), a obtenção de 
informações sobre a distribuição geográfica de fenômenos e objetos é parte importante das 
atividades de organização da sociedade. Antes contidas em mapas e documentos em papel 
impresso, o desenvolvimento da Informática na segunda metade do século XX possibilitou 
armazenar e representar tais informações em ambiente computacional, culminando no advento 
da prática do Geoprocessamento que pode ser tido, em conformidade com Xavier-da-Silva, 
como, 
um ramo do processamento de dados que opera transformações nos dados contidos em 
uma base de dados referenciada territorialmente (geocodificada), usando recursos 
analíticos, gráficos e lógicos, para a obtenção e apresentação das transformações 
desejadas. (XAVIER-DA-SILVA, 1992, p. 48). 
 
CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
O entendimento da tecnologia de Geoprocessamento requer, preliminarmente, uma 
descrição de alguns conceitos básicos. Estes conceitos visam esclarecer as questões básicas do 
Geoprocessamento: Como representar, em computadores, os dados geográficos? Como as 
estruturas de dados geométricas e alfanuméricas se relacionam com os dados do mundo real? 
É fato que a coleta de informações sobre a distribuição geográfica de recursos minerais, 
propriedades, animais e plantas sempre foi uma parte importante das atividades das sociedades 
organizadas. Até recentemente, no entanto, isto era feito apenas em documentos e mapas em 
papel, o que impedia uma análise que combinasse diversos mapas e dados. Com o 
desenvolvimento simultâneo (na segunda metade do século XX) da tecnologia de informática, 
tornou-se possível armazenar e representar tais informações em ambiente computacional, 
abrindo espaço para o aparecimento do Geoprocessamento. 
Nesse contexto, o termo Geoprocessamento denota a disciplina do conhecimento que 
utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica e que 
vem influenciando de maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, 
Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional. As ferramentas 
computacionais para Geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação Geográfica 
 
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(SIG), permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar 
bancos de dados georreferenciados. Tornam ainda possível automatizar a produção de 
documentos cartográficos (CÂMARA; DAVIS, 2005). 
Segundo Moura (2003), a palavra Geoprocessamento é o hibridismo do termo grego 
gew (Terra) com o termo latino processus (progresso, “andar avante”), significando implantar 
um processo que traga um progresso, um andar avante, na representação da superfície da Terra. 
Reúnem-se hardware, software, base de dados, metodologias e operador, que 
analogicamente correspondem às ferramentas materiais e virtuais de trabalho, à matéria-prima, 
às técnicas do ofício e ao trabalhador. Com os componentes técnicos de suporte material 
(hardware) e os programas de manipulação de dados no suporte lógico (software), trabalhar com 
Geoprocessamento significa utilizar computadores como instrumentos de manuseio de dados 
para representação digital do espaço geográfico. 
De forma genérica, podemos explicar assim: “Se onde é importante para seu negócio, 
então Geoprocessamento é sua ferramenta de trabalho”. Sempre que o onde aparece, dentre as 
questões e problemas que precisam ser resolvidos por um sistema informatizado, haverá uma 
oportunidade para considerar a adoção de um SIG. 
Num país de dimensões continentais como o Brasil, com uma grande carência de 
informações adequadas para a tomada de decisões sobre os problemas urbanos, rurais e 
ambientais, o Geoprocessamento apresenta um enorme potencial, principalmente se baseado em 
tecnologias de custo relativamente baixo, em que o conhecimento seja adquirido localmente. 
 
ONDE E COMO UTILIZAR AS TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO 
Trabalhar com geoinformação significa, antes de qualquer coisa, utilizar computadores 
como instrumentos de representação de dados espacialmente referenciados. Deste modo, o 
problema fundamental da Ciência da Geoinformação é o estudo e a implementação de diferentes 
formas de representação computacional do espaço geográfico. 
É costume dizer-se que Geoprocessamento é uma tecnologia interdisciplinar, que 
permite a convergência de diferentes disciplinas científicas para o estudo de fenômenos 
ambientais e urbanos. Ou ainda, que “o espaço é uma linguagem comum” para as diferentes 
disciplinas do conhecimento. 
 
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Apesar de aplicáveis, estas noções escondem um problema conceitual: a pretensa 
interdisciplinaridade dos SIG’s é obtida pela redução dos conceitos de cada disciplina a 
algoritmos e estruturas de dados, utilizados para armazenamento e tratamento dos dados 
geográficos. 
Isto pode ser aplicado em diversas áreas, completamente diferentes e até divergentes, 
tais como, os exemplos a seguir, retratados por Câmara Monteiro (2005): 
 um sociólogo deseja utilizar um SIG para entender e quantificar o fenômeno da exclusão 
social numa grande cidade brasileira; 
 um ecólogo usa o SIG com o objetivo de compreender os remanescentes florestais da 
Mata Atlântica, através do conceito de fragmento típico de Ecologia da Paisagem; 
 um geólogo pretende usar um SIG para determinar a distribuição de um mineral numa 
área de prospecção, a partir de um conjunto de amostras de campo. 
 
Como pudemos perceber, cada especialista lida com conceitos de sua disciplina 
(exclusão social, fragmentos, distribuição mineral). Para utilizar um SIG, é preciso que cada 
especialista transforme conceitos de sua disciplina em representações computacionais. Após esta 
tradução, torna-se viável compartilhar os dados de estudo com outros especialistas 
(eventualmente de disciplinas diferentes). Em outras palavras, e que fique bem claro: quando se 
fala que o espaço é uma linguagem comum no uso de SIG, a referência é ao espaço 
computacionalmente representado e não aos conceitos abstratos de espaço geográfico. 
Do ponto de vista da aplicação, utilizar um SIG implica em escolher as representações 
computacionais mais adequadas para capturar a semântica de seu domínio de aplicação. Do 
ponto de vista da tecnologia, desenvolver um SIG significa oferecer o conjunto mais amplo 
possível de estruturas de dados e algoritmos capazes de representar a grande diversidade de 
concepções do espaço. 
O conjunto de dados cujo significado contém associações ou relações de natureza 
espacial formam uma informação geográfica (TEXEIRA et al., 1992 apud ROCHA, 2000), 
dispostas em planilhas alfanuméricas, matrizes e representações gráficas vetoriais. 
 
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Para que essas informações sejam submetidas ao processamento computacional, a cada 
tipo de informação é associado um valor numa escala de medida ou referência, o que insere a 
representação dos fenômenos geográficos na lógica dos sistemas de informação. 
Em sendo, podemos listar outros exemplos de usos do Geoprocessamento: 
 a determinação de aptidão agrícola – com os mapas de solo, de declividade e de 
precipitação de determinada região submetidos a uma escala de medida de qualidade, o 
cálculo da média ponderada entre o tipo de solo, o valor da declividade e a quantidade de 
precipitação média mensal indica como boa, média ou ruim a aptidão agrícola das 
porções dessa região; 
 a indicação de susceptibilidade à urbanização – a inclinação do relevo conjugada ao uso e 
à ocupação do solo permite a definição de áreas vulneráveis à expansão urbana, 
caracterizadas por relevo de baixa inclinação e próximas a áreas já ocupadas 
(FLORENZANO, 2002); 
 a definição da taxa de expansão urbana – delimitação e cálculo do tamanho da mancha 
urbana identificada em imagens de uma mesma área datadas sucessivamente 
(FLORENZANO, 2002). 
 
Em vista de todo o quadro acima, podemos afirmar que várias são as Ciências que se 
beneficiam de seus resultados, como a Agronomia e o Urbanismo. Transpondo limites científicos 
disciplinares, através dos trabalhos de localização dos fenômenos e equacionamento e 
esclarecimento das condições espaciais, o Geoprocessamento é tido por Rocha (2000, p. 210), 
como, 
 
uma tecnologia transdisciplinar, que, através da axiomática da localização e do 
processamento de dados geográficos, integra várias disciplinas, equipamentos, 
programas, processos, entidades, dados, metodologias e pessoas para coleta, tratamento, 
análise e apresentação de informações associadas a mapas digitais georreferenciados 
(ROCHA, 2000, p. 210). 
 
 
 
 
 
 
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ALGUMAS TÉCNICAS DO GEOPROCESSAMENTO 
 Coleta, armazenamento, tratamento e análise e uso integrado são, portanto, 
elementos participantes do conjunto de técnicas relacionadas ao tratamento da 
informação espacial. 
 Geoprocessamento é uma tecnologia formada pela confluência de outras 
tecnologias, a saber: 
 Sistema de Posicionamento Global (GPS); 
 Sensoriamento Remoto; 
 Processamento Digital de Imagens (PDI); 
 Cartografia Digital; 
 Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados (SGBD); 
 Sistemas de Informações Geográficas (SIG). 
 
Cada uma possui características que as singularizam, sendo, ainda, agrupadas entre as 
que permitem: 
 a aquisição de dados (Sensoriamento Remoto, Cartografia Digital e GPS); 
 as que permitem a organização, o gerenciamento e a apresentação dos dados (SGBD, 
Cartografia Digital e SIG); e, 
 asque permitem o processamento dos dados (PDI, SGBD e SIG). 
 
Algumas se enquadram em mais de um grupo devido às várias possibilidades de 
trabalho que permitem. Porém, todas convergem no SIG (COUTO, 2009). 
Voltando às técnicas, Vieira (2002) cita pelo menos quatro categorias de técnicas 
relacionadas ao tratamento da informação espacial: 
1. Técnicas para coleta de informação espacial. 
2. Técnicas de armazenamento de informação espacial. 
3. Técnicas para tratamento e análise de informação espacial. 
4. Técnicas para o uso integrado de informação espacial. 
 
 
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Informações georreferenciadas têm como característica principal a localização, ou seja, 
estão ligadas a uma posição específica do globo terrestre por meio de suas coordenadas. Vários 
sistemas fazem parte do Geoprocessamento, dentre os quais o SIG, como já dito, é o sistema que 
reúne maior capacidade de processamento e análise de dados espaciais, mas é importante frisar 
sempre, principalmente para aqueles que estão chegando à área. 
A utilização destes sistemas produz informações que permitem tomar decisões para 
colocar ações em prática. Estes sistemas se aplicam a qualquer tema que manipule dados ou 
informações vinculadas a um determinado lugar no espaço, e que seus elementos possam ser 
representados em um mapa, como casas, escolas ou hospitais. 
Segue abaixo uma breve explicação das principais técnicas relacionadas ao tratamento 
da informação espacial, com destaque para as técnicas de uso integrado de informação espacial 
(SIG). 
 
TÉCNICAS PARA COLETA DE INFORMAÇÃO ESPACIAL 
Aqui temos como principal representante a Cartografia! 
Segundo Timbó (2000, p. 1), 
 
Cartografia é a Ciência e Arte que se propõe a representar através de mapas, cartas e 
outras formas gráficas (computação gráfica) os diversos ramos do conhecimento do 
homem sobre a superfície e o ambiente terrestre. Ciência quando se utiliza do apoio 
científico da Astronomia, da Matemática, da Física, da Geodésica, da Estatística e de 
outras ciências para alcançar exatidão satisfatória. Arte quando recorre às leis estéticas 
da simplicidade e da clareza, buscando atingir o ideal artístico da beleza. 
 
 
A Cartografia, cuja função essencial é representar a realidade através de informações 
espaciais de uma forma organizada e padronizada incluindo acuracidade, precisão, recursos 
matemáticos de projeções cartográficas, datum para a determinação de coordenadas e ainda 
recursos gráficos de símbolos e textos, têm tido suas aplicações estendidas a todas as atividades 
que de alguma forma necessitem conhecer parte da superfície terrestre. 
São ferramentas fundamentais para a cartografia: 
 a aquisição de dados a partir de plataformas espaciais, através de sensores 
montados em satélites artificiais; 
 a restituição de imagens através de ortofotos digitais; 
 
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 a representação, por uma projeção ortogonal cotada, de todos os detalhes da 
configuração do solo (topografia); 
 a precisão dos dados de localização espacial fornecidos por sistemas de 
posicionamento global por satélites (GPS); e, 
 a obtenção de medidas terrestres precisas através de fotografias especiais, 
obtidas com câmaras métricas e com recobrimento estereoscópico 
(fotogrametria). 
 
TÉCNICAS DE ARMAZENAMENTO DE INFORMAÇÃO ESPACIAL 
As informações espaciais são, via de regra, armazenadas em algum tipo de banco de 
dados. Banco de dados é uma coleção de registros ou conjunto de dados que contêm informações 
sobre um determinado assunto ou determinada organização. 
Sistema de Banco de Dados (SBD) são softwares projetados para gerir grandes volumes 
de informações. Esse gerenciamento implica na definição das estruturas de armazenamento das 
informações e na definição dos mecanismos para o tratamento dessas informações. 
Um sistema de banco de dados tem como principal objetivo permitir ao usuário a 
utilização, de forma produtiva, das informações contidas em cada banco e aquela resultante da 
interação entre eles. Destacam-se, entre as principais funções de um banco de dados: a seleção de 
dados; a manipulação de dados e o controle de acesso aos dados. 
A estrutura do banco de dados é definida através do processo de modelagem de dados. 
A integridade, eficiência e eficácia das informações processadas pelo sistema de banco 
de dados dependem exclusivamente da correta e adequada modelagem, onde serão definidos 
itens importantes para sua coleta e armazenamento. A modelagem ocorre através de ferramentas 
importantes, principalmente o modelo Entidade-Relacionamento, que se baseia na percepção do 
mundo real e a transferência dessa percepção para o sistema de banco de dados. 
Uma modelagem de dados bem feita evita repetições de dados, isto é, diminui o 
retrabalho. Antes da modelagem, há necessidade de uma correta definição de quais dados serão 
tratados pelo sistema. Os dados devem ser corretamente identificados e classificados. 
 
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Uma das técnicas utilizadas para a análise dos dados é a normalização, uma técnica que 
visa diminuir dificuldades nas operações sobre os dados, reduzir sua inconsistência e facilitar sua 
manutenção, determinando a melhor estrutura do banco que os contêm. 
Utilizando a normalização, portanto, o responsável pela construção e manutenção de 
bancos de dados escolhe qual dado há em comum no conjunto deles, para fixá-lo como imutável. 
Esse procedimento é o que garante, em geoprocessamento, adaptações fáceis à troca de nomes de 
ruas, expansão de bairros, surgimento de novas codificações de crimes, etc. Neste caso, a 
denominação de ruas será feita por meio de códigos. Os números de RG e CPF; o CNPJ das 
empresas, e os números de placas e chassis de veículos são os exemplos mais conhecidos. 
Os bancos de dados relacionais são utilizados, com várias aplicações, em diversas 
empresas. Esses bancos contêm informações relacionadas a um determinado assunto, o que se 
considera tradicional. Além das aplicações tradicionais, como o controle de transações bancárias 
e controle de estoques, o banco de dados relacional pode ser utilizado em sistemas de suporte à 
decisão, banco de dados espaciais (trata de dados geográficos, relacionando-os aos demais dados 
de um determinado assunto), banco de dados multimídia, banco de dados móvel. 
 
TÉCNICAS PARA TRATAMENTO E ANÁLISE DE INFORMAÇÃO ESPACIAL: 
As principais técnicas para tratamento e análise de informação espacial são a 
modelagem de dados, a geoestatística e a análise de redes. 
A modelagem de dados é um conjunto de conceitos que podem ser usados para 
descrever a estrutura e as operações em um banco de dados. O modelo busca sistematizar o 
entendimento que é desenvolvido a respeito de objetos e fenômenos que serão representados em 
um sistema informatizado. 
Desta forma, é necessário construir uma abstração dos objetos e fenômenos do mundo 
real, de modo a obter uma forma de representação conveniente, embora simplificada, que seja 
adequada às finalidades das aplicações do banco de dados. 
A abstração de conceitos e entidades existentes no mundo real é uma parte importante 
da criação de sistemas de informação. Além disso, o sucesso de qualquer implementação em 
computador de um sistema de informação é dependente da qualidade da transposiçãode 
entidades do mundo real e suas interações para um banco de dados informatizado. A abstração 
 
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funciona como uma ferramenta que nos ajuda a compreender o sistema, dividindo-o em 
componentes separados. Cada um destes componentes pode ser visualizado em diferentes níveis 
de complexidade e detalhe, de acordo com a necessidade de compreensão e representação das 
diversas entidades de interesse do sistema de informação e suas interações. 
A Geoestatística está baseada na teoria de variáveis regionalizadas, entendendo como 
tal, variáveis cujos valores são relacionados de algum modo com a posição espacial que ocupam 
(variável aleatória georreferenciada) tendo uma função de covariância espacial associada. As 
variáveis regionalizadas são contínuas no espaço, pelo que não podem ser completamente 
aleatórias, não podendo, no entanto, ser modeladas por nenhuma função determinística (ou 
processo espacial). Têm, portanto, características intermediárias entre processos puramente 
determinísticos e aleatórios puros, sendo uma variável distribuída no espaço e não envolve 
qualquer interpretação probabilística. A análise espacial de dados via Geoestatística resume-se 
basicamente em duas fases na estimação do variograma (ou semivariograma) e krigagem que é 
predição (previsão) espacial. 
Redes são o conjunto formado pelo relacionamento entre entidades gráficas que permite 
a navegação entre estas entidades, permitindo realizar análises de conectividade, caminho mais 
curto, caminho ótimo e outras. 
 
TÉCNICAS PARA O USO INTEGRADO DE INFORMAÇÃO ESPACIAL 
Dentre as principais técnicas para o uso integrado de informação espacial, destacam-se: 
o Sistema de Informações Geográficas (SIG), também chamado de GIS (Geographic 
Information Systems); o AM/FM (Automated Mapping/Facilities Management) e o CADD 
(Computer Aided Design and Drafting), ou Projeto Assistido por Computador. 
Definindo mais uma vez o Sistema de Informações Geográficas (SIG), desta vez sob a 
ótica de Timbó (2001), o mesmo pode ser entendido como um, 
 
sistema composto por ferramentas de hardware, software, rotinas e métodos com o 
propósito de apoiar a aquisição, manipulação, análise, modelagem e exibição de dados 
do mundo real, visando a solução de problemas complexos de planejamento e gestão de 
recursos e/ou fenômenos geograficamente/espacialmente distribuídos. (TIMBÓ, 2001, 
p. 2). 
 
 
 
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SIG são sistemas automatizados usados para armazenar, analisar e manipular dados 
geográficos, ou seja, dados que representam objetos e fenômenos em que a localização 
geográfica é uma característica inerente à informação e indispensável para analisá-la. É um 
sistema computacional composto de softwares e hardwares, que permite a integração entre 
bancos de dados alfanuméricos (tabelas) e gráficos (mapas), para o processamento, análise e 
saída de dados georreferenciados. Os produtos criados são arquivos digitais contendo Mapas, 
Gráficos, Tabelas e Relatórios convencionais (COUTO, 2009). 
O SIG engloba em sua definição vários aspectos abordados na definição de 
Geoprocessamento, porém ao SIG, agregam-se ainda os aspectos institucionais, de recursos 
humanos (peopleware) e principalmente a aplicação específica a que se destina. 
 
A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO GEOPROCESSAMENTO DE DADOS 
As primeiras tentativas de automatizar parte do processamento de dados, com 
características espaciais, aconteceram na Inglaterra e nos Estados Unidos, nos anos 1950, com o 
objetivo principal de reduzir os custos de produção e manutenção de mapas. Dada a precariedade 
da informática na época e, a especificidade das aplicações desenvolvidas (pesquisa em botânica, 
na Inglaterra, e estudos de volume de tráfego, nos Estados Unidos), estes sistemas ainda não 
podem ser classificados como “sistemas de informação” (CÂMARA; DAVIS, 2005). 
Os primeiros Sistemas de Informação Geográfica surgiram na década de 1960, no 
Canadá, como parte de um programa, governamental, para criar um inventário de recursos 
naturais. Estes sistemas, no entanto, eram muito difíceis de usar: não existiam monitores gráficos 
de alta resolução, os computadores necessários eram excessivamente caros, e a mão de obra 
tinha que ser altamente especializada e caríssima. Não existiam soluções comerciais prontas para 
uso, e cada interessado precisava desenvolver seus próprios programas, o que demandava muito 
tempo e, naturalmente, muito dinheiro. 
Além disto, a capacidade de armazenamento e a velocidade de processamento eram 
muito baixas. Ao longo dos anos 1970 foram desenvolvidos novos e mais acessíveis recursos de 
hardware, tornando viável o desenvolvimento de sistemas comerciais. Foi então que a expressão 
Geographic Information System foi criada. Foi também nesta época que começaram a surgir os 
primeiros sistemas comerciais de CAD (Computer Aided Design, ou projeto assistido por 
 
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computador), que melhoraram em muito as condições para a produção de desenhos e plantas 
para engenharia, e serviram de base para os primeiros sistemas de cartografia automatizada. 
Também nos anos 1970 foram desenvolvidos alguns fundamentos matemáticos voltados para a 
cartografia, incluindo questões de geometria computacional. No entanto, devido aos custos e ao 
fato destes protossistemas ainda utilizarem exclusivamente computadores de grande porte, 
apenas grandes organizações tinham acesso à tecnologia. 
A década de 1980 representa o momento quando a tecnologia de sistemas, de 
informação geográfica, inicia um período de acelerado crescimento que dura até os dias de hoje. 
Até então limitados pelo alto custo do hardware e pela pouca quantidade de pesquisa específica 
sobre o tema, os SIGs se beneficiaram da massificação causada pelos avanços da 
microinformática e do estabelecimento de centros de estudos sobre o assunto. Nos EUA, a 
criação dos centros de pesquisa que formam o NCGIA - National Centre for Geographical 
Information and Analysis (NCGIA, 1989), marca o estabelecimento do Geoprocessamento como 
disciplina científica independente. 
No decorrer dos anos 1990, com a grande popularização e barateamento das estações de 
trabalho gráficos, além do surgimento e evolução dos computadores pessoais e dos sistemas 
gerenciadores de bancos de dados relacionais, ocorreu uma grande difusão do uso de SIG. A 
incorporação de muitas funções de análise espacial proporcionou também um alargamento do 
leque de aplicações de SIG. 
Neste século, observa-se um grande crescimento do ritmo de penetração do SIG nas 
organizações, sempre alavancado pelos custos decrescentes do hardware e do software, e 
também pelo surgimento de alternativas menos custosas para a construção de bases de dados 
geográficas. 
 
TRAJETÓRIA NO BRASIL 
Em se tratando do Brasil, a introdução do Geoprocessamento inicia-se a partir do 
esforço de divulgação e formação de pessoal feito pelo prof. Jorge Xavier da Silva (UFRJ), no 
início dos anos 1980. A vinda ao Brasil, em 1982, do Dr. Roger Tomlinson, responsável pela 
criação do primeiro SIG (o Canadian Geographical Information System), incentivou o 
 
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aparecimentode vários grupos interessados em desenvolver tecnologia, entre os quais podemos 
citar: 
 UFRJ: o grupo do Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de 
Geografia da UFRJ, sob a orientação do professor Jorge Xavier, desenvolveu o 
SAGA (Sistema de Análise GeoAmbiental). O SAGA tem seu forte na capacidade 
de análise geográfica e vem sendo utilizado com sucesso como veículo de estudos e 
pesquisas. 
 MaxiDATA: os então responsáveis pelo setor de informática da empresa de 
aerolevantamento AeroSul criaram, em meados dos anos 1980, um sistema para 
automatização de processos cartográficos. Posteriormente, constituíram empresa 
MaxiDATA e lançaram o MaxiCAD, software largamente utilizado no Brasil, 
principalmente em aplicações de Mapeamento por Computador. Mais 
recentemente, o produto dbMapa permitiu a junção de bancos de dados relacionais 
a arquivos gráficos MaxiCAD, produzindo uma solução para “desktop mapping” 
para aplicações cadastrais. 
 CPqD/TELEBRÁS: o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da TELEBRÁS 
iniciou, em 1990, o desenvolvimento do SAGRE (Sistema Automatizado de 
Gerência da Rede Externa), uma extensiva aplicação de Geoprocessamento no setor 
de telefonia. Construído com base num ambiente de um SIG (VISION) com um 
banco de dados cliente-servidor (ORACLE), o SAGRE envolve um significativo 
desenvolvimento e personalização de software. 
 INPE: em 1984, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) estabeleceu um 
grupo específico para o desenvolvimento de tecnologia de geoprocessamento e 
sensoriamento remoto (a Divisão de Processamento de Imagens - DPI). De 1984 a 
1990, a DPI desenvolveu o SITIM (Sistema de Tratamento de Imagens) e o SGI 
(Sistema de Informações Geográficas) para ambiente PC/DOS, e, a partir de 1991, 
o SPRING (Sistema para Processamento de Informações Geográficas), para 
ambientes UNIX e MS/Windows. 
 
 
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Sobre o SITIM/SGI, foi suporte de um conjunto significativo de projetos ambientais, 
podendo-se citar: 
a) O levantamento dos remanescentes da Mata Atlântica Brasileira (cerca de 100 
cartas), desenvolvido pela IMAGEM Sensoriamento Remoto, sob contrato do 
SOS Mata Atlântica; 
b) A cartografia fito-ecológica de Fernando de Noronha, realizada pelo 
NMA/EMBRAPA; 
c) O mapeamento das áreas de risco para plantio para toda a Região Sul do Brasil, 
para as culturas de milho, trigo e soja, realizado pelo CPAC/EMBRAPA; 
d) O estudo das características geológicas da bacia do Recôncavo, através da 
integração de dados geofísicos, altimétricos e de sensoriamento remoto, 
conduzido pelo CENPES/Petrobrás (ASSAD; SANO, 1998). 
 
Enfim, na área agrícola temos um conjunto significativo de resultados do SITIM/SGI. 
Já o SPRING unifica o tratamento de imagens de Sensoriamento Remoto (ópticas e 
micro-ondas), mapas temáticos, mapas cadastrais, redes e modelos numéricos de terreno tanto 
que a partir de 1997, passou a ser distribuído via Internet e pode ser obtido através do website 
http://www.dpi.inpe.br/spring. 
 
PARADIGMA DE ORIENTAÇÃO A OBJETOS 
Segundo Medeiros (1999), o termo “orientação-a-objetos” denota um paradigma de 
trabalho que vem sendo utilizado de forma ampla para o projeto e implementação de sistemas 
computacionais. 
A ideia geral da abordagem de orientação-a-objetos para um problema é aplicar as 
técnicas de classificação por divisão ou agrupamento. Dentre os conceitos fundamentais em 
orientação-a-objetos destacam-se aqui, os conceitos de classe e objeto. 
Uma classe pode ser definida como um molde básico, uma espécie de “fôrma” na qual 
se reúnem os objetos com certas propriedades comuns, ou identificáveis no molde básico. 
Um objeto denota uma entidade capaz de ser individualizada, única, com atributos 
próprios, porém com pelo menos as mesmas propriedades da classe que lhe deu origem, ou 
 
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melhor, um objeto é uma “materialização” ou instanciação da classe. Por exemplo, em biologia, 
a classe dos Mamíferos “agrega” todos os animais com a propriedade de ter sangue quente e de 
ser amamentado. Neste caso, pode-se dizer do objeto “golfinho Flipper” que “golfinho Flipper” é 
um mamífero. 
Para uma análise mais completa, é muito útil reconhecer subclasses, derivadas de uma 
classe básica, que permitem uma análise mais detalhada. A este mecanismo dá-se o nome de 
especialização ou divisão. Assim, pode-se dizer que a classe “Primatas” é uma especialização da 
classe “Mamíferos”. Este processo pode continuar, e ainda poder-se-ia definir uma classe 
“Homens” como especialização da classe “Primatas”. 
No processo de especialização, as classes derivadas herdam as propriedades das classes 
básicas, acrescentando novos atributos que serão específicos destas novas classes. Em 
consequência, vale a afirmativa de que “todo homem é um mamífero, mas nem todo mamífero é 
um homem”. 
O outro mecanismo fundamental da teoria de orientação-a-objetos é a agregação ou 
composição. Um objeto composto ou objeto complexo é formado por agrupamento de objetos de 
tipos diferentes. Tome-se o caso de um computador, formado de CPU, memória, disco rígido, 
teclado, monitor e mouse. 
A modelagem orientada-a-objetos aplica-se de forma natural ao geoprocessamento, 
onde cada um dos tipos de objetos espaciais presentes será descrito através de classes, que 
podem obedecer a uma relação de hierarquia, onde subclasses derivadas herdam comportamento 
de classes mais gerais. 
Em Geoprocessamento, a ideia de especialização (também chamada de é-um ou is-a) é 
utilizada normalmente para definir subclasses de entidades geográficas. Por exemplo, no 
esquema abaixo ou mapa cadastral, a classe de objetos indicada por hospital pode ser 
especializada em hospital público e hospital privado. Os atributos da classe hospital são herdados 
pelas subclasses: hospital público e hospital privado, que podem ter atributos próprios. 
 
 
 
 
 
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Especialização 
 
O relacionamento de agregação, também chamado de relacionamento “parte-de” ou part 
of, permite combinar vários objetos para formar um objeto de nível semântico maior, no qual 
cada parte tem funcionalidade própria. Como exemplo, uma rede elétrica pode ser definida a 
partir dos componentes postes, transformadores, chaves, subestações e linhas de transmissão, 
conforme pode ser visto no próximo esquema. 
 
Agregação 
 
Fonte: Medeiros (1999, p. 43). 
 
 
Em sendo, podemos concluir que o Geoprocessamento é uma poderosa ferramenta 
computacional, que processa dados, geograficamente, referenciados e pode ser bastante útil na 
abordagem integrada, essencial ao gerenciamento dos recursos naturais. 
 
 
 
 
 
 
 
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APLICAÇÕES DO GEOPROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES EM 
URBANIZAÇÃO E PROBLEMAS SOCIAIS 
 
O geoprocessamento tem sido muito empregado pelos órgãos governamentais, 
entidades privadas e não-governamentais, com o objetivo, principal, de integrar dados espaciais e 
não espaciais, em seus projetos e estudos relacionados ao meio ambiente. 
Diversos são os exemplos de aplicação do geoprocessamento, tais como: 
 manejo e conservação derecursos naturais (estudos de impacto ambiental, 
modelagem das águas subterrâneas e do caminhamento dos contaminantes, 
estudos das migrações e dos habitats das faunas, pesquisa do potencial mineral, 
etc.); 
 gestão das explorações agrícolas (cultivo de campo, manejo de irrigação, 
avaliação do potencial agrícola da terra, etc.); 
 planejamento de área urbana (planejamento dos transportes, desenvolvimento de 
plano de evacuação, localização dos acidentes, seleção dos itinerários, etc.); 
 gestão das instalações (localização dos cabos e tubulações, planejamento e 
manutenção das instalações, etc.); 
 administração pública (gestão de cadastro, avaliação predial/territorial, gestão da 
qualidade das águas, conservação/manutenção das infraestruturas, planos de 
organização, etc.); 
 comércio (análise da estrutura de mercado, planejamento de desenvolvimento, 
análise da concorrência e das tendências de mercado, etc.); e, 
 saúde pública (epidemiologia, distribuição e evolução das doenças, distribuição 
dos serviços sociais sanitários, planos de emergência, etc.). 
 
Embora os exemplos citados acima tenham sido classificados nessas diferentes áreas, 
isso se deve ao enfoque principal dos mesmos, uma vez que a maioria das aplicações de 
geoprocessamento possui inerente caráter multidisciplinar (HAMADA; GONÇALVES, 2007). 
 
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Dentre as várias aplicações do geoprocessamento de informações, lançaremos neste 
módulo alguns excertos de trabalhos científicos que objetivaram mostrar a aplicação do 
geoprocessamento em áreas específicas, como por exemplo, segurança pública, combate as 
atividades ilícitas e controle da aplicação do policiamento ordinário, que proporcionam maior 
sensação de segurança para a população. 
Salientamos que outras aplicações como, preservação dos recursos hídricos, áreas da 
geologia, criação de zoneamento de potencial turístico em unidade de conservação e outras serão 
vistas ao longo do curso. 
 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E QUALIDADE DE VIDA 
Por um tempo, o homem que utilizava a natureza apenas para saciar a fome e a sede não 
tinha motivos para se preocupar com questões ambientais, embora ele respeitasse a mesma e as 
forças naturais que traziam tempestades e outras intempéries eram consideradas manifestações 
divinas, não cabendo a ele nenhuma maneira de controlar essas situações, apenas venerar e temer 
a natureza. Entretanto, a sua evolução, o aumento populacional e o desenvolvimento das 
sociedades acabaram por levá-lo a pensar com seriedade no modo como usava a natureza. 
Com o passar do tempo e a evolução da humanidade, foram surgindo diversas correntes 
de pensamento, discutindo a relação homem-natureza, principalmente, com respeito à utilização 
dos recursos naturais (conservação/preservação e escassez), frente ao crescimento populacional 
(HAMADA; GONÇALVES, 2007). 
Segundo Maurice Strong, Secretário-Geral da Conferência das Nações Unidas sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), no encontro global realizado no Rio de 
Janeiro, em 1992 concordou-se que “o desenvolvimento e o meio ambiente estão 
indissoluvelmente vinculados e devem ser tratados mediante a mudança de conteúdo, das 
modalidades e das utilizações do crescimento”. 
A Agenda 21, aprovada durante a CNUMAD, conclamou a todos para uma associação 
mundial em prol do desenvolvimento sustentável e apresentou um programa de ação para a sua 
implementação. 
Desenvolvimento sustentável é o processo de transformação no qual a exploração de 
recursos, direção dos investimentos, orientação do desenvolvimento tecnológico e mudanças 
 
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institucionais se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às 
necessidades e aspirações humanas (COMISSÃO MUNDIAL..., 1991). De uma forma mais 
ampla, define-se também como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer 
a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. 
Segundo Sachs (1993), o desenvolvimento sustentável deve contemplar as seguintes 
dimensões: social, econômica, ecológica, espacial e cultural. Desta forma, o desenvolvimento 
sustentável é obtido pela obediência simultânea ou conciliação aos três critérios fundamentais: 
eficiência econômica, equidade social ou justiça social e prudência ecológica. 
No entendimento da FAO (2000), uma característica inerente à maioria das decisões 
sobre desenvolvimento sustentável é que elas são multidisciplinares ou interssetoriais, pois 
necessitam negociações entre objetivos conflitantes de diferentes setores; e que, no entanto, a 
maioria das agências de desenvolvimento de recursos naturais são orientadas por um único setor. 
A importância de uma abordagem integrada do desenvolvimento e gerenciamento dos 
recursos naturais é enfocada em muitos fóruns internacionais de desenvolvimento sustentável. A 
Agenda 21 (ABORDAGEM..., 1992), em seu Capítulo 10, também observa que: 
 
As crescentes necessidades humanas e a expansão das atividades econômicas estão 
exercendo uma pressão cada vez maior sobre os recursos terrestres, criando competição 
e conflitos e tendo como resultado um uso impróprio tanto da terra como dos recursos 
terrestres. Caso queiramos, no futuro, atender às necessidades humanas de maneira 
sustentável, é essencial resolver hoje esses conflitos e avançar para um uso mais eficaz e 
eficiente da terra e de seus recursos naturais. A abordagem integrada do planejamento e 
do gerenciamento físico e do uso da terra é uma maneira eminentemente prática de fazê-
lo. Examinando todos os usos da terra de forma integrada é possível reduzir os conflitos 
ao mínimo, fazer as alternâncias mais eficientes e vincular o desenvolvimento social e 
econômico à proteção e melhoria do meio ambiente, contribuindo assim para atingir os 
objetivos do desenvolvimento sustentável. A essência dessa abordagem integrada se 
expressa na coordenação de planejamento setorial e atividades de gerenciamento 
relacionadas aos diversos aspectos do uso da terra e dos recursos terrestres. 
 
 
Neste sentido, o geoprocessamento pode ser bastante útil na abordagem integrada, por 
ser uma ferramenta computacional muito poderosa, integrando grandes bancos de dados, de 
diferentes setores, permitindo, entre outras, a análise matemática e estatística desses dados. 
No entanto, os usos potenciais do geoprocessamento devem ser entendidos em todos os 
aspectos na adoção dessa tecnologia. Desta forma, é importante possuir o entendimento geral da 
 
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tecnologia do geoprocessamento, de forma que os gerentes, especialistas técnicos e potenciais 
usuários possam adequar essa ferramenta à sua aplicação específica. 
Este início de 2014 tem sido um grande alerta para dirigentes governamentais, 
pesquisadores, empresários e população de maneira geral, principalmente em virtude das 
mudanças do clima do planeta e todos os problemas que vem formando uma cadeia de 
tempestades, secas, geadas, frio e calor excessivo colocando-nos a todos em situações de perigo. 
Pensando somente em termos de Brasil e mesmo de região sudeste, estamos vendo os 
reservatórios de água com níveis jamais esperados, problemas se agravando no setor elétrico, 
enfim, uma verdadeira cascata de problemas que afetam a vida do ser humano e sem soluçãoimediata pela ação do homem. Não estamos falando apenas e amenizadamente em qualidade de 
vida, estamos falando em sobrevivência mesmo. Pensem nisso! 
 
URBANIZAÇÃO BRASILEIRA E OS PROBLEMAS SOCIAIS 
O processo de urbanização brasileira que em um primeiro momento remonta do século 
XVI até o início do século XX está vinculado às transformações sociais que começaram 
efetivamente e num segundo momento a partir da década de 1930 com a expansão das atividades 
industriais nos grandes centros atraindo os trabalhadores das áreas rurais, tendo em vista uma 
possibilidade de maiores rendimentos, porém o país deixou de ser essencialmente agrícola 
somente a partir da década de 1960. A mecanização do campo foi um fator importante, pois 
“expulsou” enormes contingentes de trabalhadores rurais (DANNA, 2011). 
Até então, conforme Santos (2005), o Brasil foi durante muitos séculos um grande 
arquipélago, formado por subespaços que evoluíam segundo lógicas próprias, ditadas em grande 
parte por suas relações com o mundo exterior. Estes “arquipélagos regionais” estavam 
polarizados nas capitais regionais e metrópoles. 
Não havia ainda uma integração entre as diferentes atividades econômicas que eram 
responsáveis por impulsionar o processo da urbanização brasileira. 
A partir da década de 1940, a infraestrutura de transportes e comunicações expandiu-se 
pelo país unificando o mercado e acelerando a concentração urbano-industrial saindo da escala 
regional e atingindo o Brasil como um todo. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, 
começaram a atrair um contingente de mão de obra de outras regiões que não acompanharam o 
 
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ritmo de crescimento econômico da região sudeste e, tornaram-se assim metrópoles nacionais. A 
falta de infraestrutura urbana necessária para atender à nova e crescente demanda decorrente 
desse aumento populacional contribuiu para torná-las regiões caóticas. 
Após o processo de aceleração na industrialização brasileira que teve seu pico durante o 
governo de Getúlio Vargas e foi até meados da década de 1970, o governo federal concentrou 
seus investimentos em infraestrutura na região Sudeste, que, consequentemente se tornou o 
centro de maior atração populacional no país. 
A migração populacional foi composta de uma maioria esmagadora de trabalhadores 
desqualificados, sem escolaridade e que em decorrência disso eram obrigados e aceitar empregos 
que ofereciam uma remuneração baixa, o que impulsionou a concentração dessa classe 
trabalhadora nas regiões periféricas como loteamentos irregulares e em favelas que eram lugares 
mais baratos, porém desprovidos de vários serviços básicos e de infraestrutura urbana. George 
(1983; p.127) analisa e descreve esses loteamentos caracterizando-os como “um amontoado de 
moradias rudimentares” quando diz que “não possuem vias de acesso, adutoras de água, nenhum 
dispositivo de evacuação ou coleta de lixo e detritos, a miséria nas construções feitas com 
materiais obtidos ao acaso”. 
A má distribuição de renda ampliou ainda mais o número de favelas e de loteamentos 
clandestinos ainda dos cortiços nos centros destas grandes metrópoles. Hoje podemos expandir 
essa miséria para o entorno de todas as capitais brasileiras e outras cidades sem esquecer sequer 
uma delas. Milton Santos (2005) define essa urbanização como “territorialmente seletiva”. 
A rápida urbanização (se comparada ao modelo europeu) fez com que as cidades 
vizinhas aumentassem seu tamanho e consequentemente formassem um só conjunto, processo 
esse que é denominado conurbação. Esse fenômeno eclodiu no Brasil na década de 1980 
prolongando-se até meados da década de 1990 em várias regiões. 
Na década de 1970, foram instituídas as primeiras regiões metropolitanas com a 
intenção de desenvolver economicamente e socialmente determinadas regiões, além de integrar e 
desafogar as grandes cidades brasileiras, porém tiveram muitos problemas devido à falta de 
serviços básicos, como saúde, transporte público e habitação para atender o crescimento 
populacional deste novo conjunto de cidades. 
 
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De acordo com estudos de Danna (2011), estas regiões metropolitanas receberam os 
nomes das principais cidades de cada localidade sendo elas: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), 
Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador 
(BA) e São Paulo (SP), este processo se estendeu depois a outras localidades e atualmente o 
Brasil possui 31 regiões metropolitanas. 
O processo de urbanização em geral não é uniforme, visto que sempre houve contrastes 
marcantes na distribuição espacial da população brasileira entre o meio rural e urbano e entre as 
suas regiões políticas além de ter sido um processo extremamente concentrador, e com isso 
acaba por apresentar também um abismo na distribuição de renda, o que vai contribuir de forma 
acelerada na criminalidade em si. É importante ressaltar que a pobreza não é sinônimo de 
marginalidade, mas a distribuição de renda desigual é um fator que acaba por aflorar ainda mais 
as práticas delituosas, algumas vezes por necessidade e outras por ganância (DANNA, 2011). 
Eis que chegamos a um dos pontos que queríamos atenção: a questão da criminalidade x 
geografia x geoprocessamento. 
Os fenômenos de criminalidade tem sido objeto de apreciação de diversos estudiosos, 
seja na área da antropologia, sociologia entre outras ciências. A geografia busca compreender a 
relação entre os homens e suas interferências na formação e transformação do espaço, e neste 
contexto, a violência urbana e a criminalidade são objetos de discussão por estar relacionado ao 
homem e ao espaço criado ou transformado por ele. 
O estudo da criminalidade pela Geografia se dá principalmente a partir da década de 
1970 com diversas teorias e análises associadas a outros campos científicos na tentativa de 
elucidar os processos que culminaram no problema. 
[...] A análise geográfica pode levar a interessantes e relevantes hipóteses da 
espacialização da criminalidade, já que além da lei, do ofensor e do alvo, a localização das 
ofensas é uma importante dimensão que caracteriza o evento criminal [...] (FELIX, 2002). 
Quando o geógrafo discute o espaço, é preciso tentar encontrar uma interpretação ou 
compreensão deste e o que o cerca. Sendo assim, pode-se analisar a criminalidade como um 
fenômeno que está distribuído no espaço, onde há agentes ativos e passivos. “O espaço é a 
condição de possibilidade dos fenômenos” (SANTOS, 2002), e sendo esse espaço uma 
“condição” ele será dotado de paradigmas que uma vez quebrados, implicam em mudanças 
 
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complexas, que neste caso, vem a ser a legislação vigente, tornando o agente ativo um alvo das 
sanções penais, onde este é o que pratica a ação criminosa, não permitido em lei e reprovado pela 
sociedade, e os paradigmas são o conjunto de leis estabelecidas. 
Ao estabelecer a análise do espaço, o geógrafo a faz também por meio de mapas que 
representam modelos simplificados da realidade espacial e por meio desta estabelece deduções. 
Nos modelos dinâmicos é possível realizar comparações com os padrões observados em 
diferentes períodos. 
Haesbeart (2002, p. 99 apud DANNA, 2011) afirma que a Geografia procura 
estabelecer “padrões formais e tipologias” para os objetos deseu estudo, na busca destes padrões 
espaciais tem-se explicação e a localização dos fenômenos. 
O estudo da violência pela Geografia não tende a resolução do problema, mas sim 
contribuir com o estudo das causas analisando as relações sociais que interferem na vida do 
homem, e, para desenvolver estratégias eficientes no combate à criminalidade, é necessário um 
trabalho integrado entre profissionais de diversas áreas. 
Onde entra então o geoprocessamento? 
O avanço da tecnologia ocorrido nos últimos anos, em especial a geotecnologia, é 
traduzida nesse contexto em ferramentas como o GPS (Global Positioning System), o 
Sensoriamento Remoto, o SIG (Sistemas de Informação Geográfica) entre outras que realizam o 
tratamento de dados espaciais e outras informações para serem aplicadas em diferentes 
organizações públicas e privadas com a finalidade de otimizar gastos, tempo e direcionar com 
mais precisão os recursos laborais. 
A partir da utilização de tecnologia de análise espacial, entra em cena uma poderosa 
alternativa integradora para as autoridades policiais e nas políticas de combate à criminalidade, o 
geoprocessamento é então uma ferramenta de grande valor na aplicação de questões de 
segurança pública. Esta ferramenta pode ser entendida segundo Burrough (1986 apud DANNA, 
2011), como um poderoso conjunto de ferramentas para a coleta, armazenamento, recuperação e 
exibição de dados do mundo real para determinados propósitos. 
 
Os Sistemas de Informação Geográfica correspondem às ferramentas computacionais de 
Geoprocessamento, que permitem a realização de análises complexas, ao integrar dados 
de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados (CÂMARA et al., 
2005). 
 
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Apesar do sistema manual e tradicional de mapeamento da criminalidade ser um 
material utilizado pelas autoridades policiais já há algumas décadas, este se mostra deficiente 
quando se trabalha com grandes áreas, devido ao grande número de delitos que ocorrem e por 
diversos fatores. A dinâmica destes eventos requer que os dados sejam sempre atuais e as 
informações sejam eficientes e rápidas para atender as necessidades nas áreas de sua 
implementação que neste caso vem a ser a segurança pública. Estas exigências fazem com que a 
utilização do geoprocessamento aumente cada vez mais, já que a sua eficiência possibilita 
direcionar corretamente os recursos disponíveis. 
Reuland (s.d.) citado por Beato Filho (2001, p. 7) aponta que “a utilização intensiva de 
tecnologias de informação espacial tem promovido uma verdadeira revolução silenciosa nas 
polícias de todo o mundo”. O surgimento de sistemas de análises da criminalidade além de 
auxiliar as operações policiais na segurança pública, se apresenta como um facilitador na 
prestação de contas à sociedade na medida em que estas são solicitadas. 
O mesmo autor ressalta que nas atividades de investigação, a montagem de bases de 
dados sobre suspeitos e seu modus operandi tem contribuído para incrementar a qualidade das 
investigações com informações oriundas de organizações não-policiais. 
A ideia de mapear o crime não é nova. Na França, no início do século XVIII, Adriano 
Balbi e André-Michael Guerry foram os criadores dos primeiros mapas de crime, onde 
combinavam as técnicas cartográficas, estatísticas criminais e dados demográficos do censo 
francês (WEISBURG e MCEWEN, 1998 apud DANNA, 2011). 
O sistema de mapeamento digital exerce um papel importante no processo de 
investigação, pois possui múltiplas capacidades na geração de informação e muitas informações 
podem ser acompanhadas praticamente em tempo real, porém para isto é necessário a eficiência 
na elaboração do mapa por parte dos responsáveis como inclusão e georreferenciamento de toda 
a área presente de jurisdição por uma unidade policial, e a referência espacial das localidades 
mais problemáticas. 
A análise técnico-científica destes mapas e do andamento da criminalidade é feita por 
profissionais como o sociólogo, geógrafo, antropólogo e estudiosos da segurança pública para 
que além do trabalho policial, seja feito também uma análise das raízes sociais que influenciaram 
a criminalidade em cada região. 
 
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A violência no Brasil não é um fenômeno exclusivo de metrópoles como São Paulo e 
Rio de Janeiro, nem mesmo um problema nacional, mas sim mundial, e afeta em maior escala os 
países de terceiro mundo, o que faz alguns estudos proporem a utilização de ferramentas 
computacionais inteligentes para trabalhar em prol da segurança pública, substituindo uma 
metodologia obsoleta e atuando com precisão, quantificando e relacionando os delitos com 
algumas variáveis que formam a complexa dinâmica urbana. 
Diante dessa situação, Beato Filho (2001, p. 6) considera que [...] formas ortodoxas de 
atuação policial tem sido ineficaz no controle da criminalidade. Mais relevante ainda [...] é a 
centralidade que sistemas de informação passam a ter neste caso, pois a identificação de 
problemas criminais específicos depende das análises efetuadas. 
A complexidade deste fenômeno exige um mecanismo complementar para a construção 
de indicadores de segurança e georreferenciamento de informações, como ferramenta que auxilia 
no aumento da eficácia da ação policial e consequentemente na redução da criminalidade. 
A análise criminal passa então a ser um processo sistemático direcionado a informações 
sobre características e padrão de crimes a fim de apoiar o setor operacional preventivo das 
polícias militares, que vai desde a distribuição de patrulhamento, operações especiais com 
unidades táticas até a prevenção criminal. 
Sobre a aplicação do SIG na análise geocriminal, há muitos anos o mapeamento e 
monitoramento da violência já faz parte do trabalho de análise das instituições policiais. Esse 
trabalho consistia em uma representação das localidades de ocorrência dos delitos marcados nos 
mapas por alfinetes em que ocorriam os delitos. 
As limitações neste trabalho de análise são significativas, pois os mapas produzidos são 
estáticos, sua leitura é difícil. Alia-se isto a dificuldade de armazenamento de dados, demora na 
confecção dos mapas e a falta de atualização sistemática. Considerando o processo veloz de 
crescimento de muitas cidades os dados rapidamente ficam obsoletos. 
Nos estudos realizados por Danna (2011), no Estado do Paraná, onde essa tecnologia foi 
implantada de forma inicial no ano de 2004, tem-se acrescido um avanço na segurança pública 
em algumas regiões em que é utilizada como na cidade de Londrina, pois auxilia no 
direcionamento do policiamento dos locais onde ele é mais necessitado. 
 
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Com a introdução do SIG na área de segurança pública, os procedimentos operacionais 
das instituições policiais (militar, civil e científica) para prevenção e investigação, que 
anteriormente eram limitados ou impossíveis, podem passar a ser mais rápidos e com 
oportunidades de exploração muito maiores, sendo praticamente ilimitadas, podendo, por 
exemplo, realizar estudos delimitando áreas por: 
 intensidade; 
 espécie de delito; 
 abrangência de delitos; 
 planejamento de barreiras policiais; 
 localização instantânea de viaturas; 
 mapeamento do tempo (local, hora, dia, mês, ano do delito); 
 mapeamento do espaço (visualizaçãode todos os delitos por região); 
 mapeamento por características registradas (vítima, suspeito e modus operandi). 
 
Considerando que as instituições policiais dependem também de informações para 
realizar seu trabalho tendo a população através de denúncias e relatos, além de investigações 
como uma das principais fontes de informações para a produção do serviço de inteligência como 
destaca Manning (2003, p. 378) sobre o uso do SIG: 
 
As formas como a polícia obtêm, processa, codifica, decodifica e usa a informação são 
críticas para a compreensão de seu mandato e função. A polícia junta diversos tipos de 
informações e as usa para diferentes fins, orientando-se por suposições, baseadas no 
senso comum, a respeito de seu trabalho, de sua atuação principal, e nas expectativas de 
seu público. A polícia junta informações primárias, [...] para resolver crimes ou encerrar 
eventos, se transformando em informações secundárias. Quando processadas duas 
vezes, juntadas e formatadas, elas podem avançar na organização e tornar-se 
informações terciárias [...] essas formas de informação e inteligência [...] são percebidas 
e interagem com as estratégias operacionais da polícia. (MANNING, 2003, p. 378). 
 
 
Sendo assim, as informações são processadas em um contexto organizacional e de 
cultura profissional para definir uma melhor maneira de se fazer o uso desta ferramenta, visando 
uma melhora significativa na prestação de serviços de segurança por parte da administração 
pública. 
 
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Uma vez mapeada a ação criminal, o SIG pode se tornar uma ferramenta também para o 
poder público, que pode ainda utilizá-lo para orientar um melhor planejamento para a segurança 
pública da cidade quando utilizado também pela guarda municipal. 
Como justifica Danna (2011), aliar a experiência empírica das ruas, processar com 
muito mais agilidade os dados criminais e propor as suas possíveis relações e ainda utilizar as 
imagens levam a maior mobilidade e agilidade no planejamento operacional. 
Nesse sentido, o geoprocessamento da criminalidade permite ainda identificar 
tendências e padrões da ação, e permitem ainda a construção de mapas que auxiliam na 
visualização dos dados o que facilita a interpretação dos mesmos, além de, através das imagens 
geradas e guardadas, permitirem a visualização e estudo das transformações espaciais 
decorrentes da aplicação do policiamento, apontando de forma clara e rápida se o planejamento 
operacional apresenta resultados, diferentemente da forma tradicional, onde os relatórios se 
tornam objetos obsoletos e não se mostra com tanta eficiência quanto o SIG. 
Sendo assim, a eficácia do SIG se torna uma arma tão eficiente quanto as que os 
policiais portam, por se tratar de uma ferramenta preventiva com abrangência em diversos tipos 
de ações criminosas e principalmente por não possuir um alto valor financeiro de investimento. 
Outro benefício que esta ferramenta pode fornecer é a identificação mais precisa de 
determinadas ocorrências e assim o operador pode facilmente deslocar a viatura ou guarnição 
mais próxima do local, uma vez que há os dados das coordenadas do local do crime, facilitando 
as decisões operacionais e estabelecendo assim as prioridades de deslocamento de acordo com a 
espécie de ação criminosa (DANNA, 2011). 
Outro exemplo da aplicação do geoprocessamento de informações é encontrado no 
trabalho de Vieira (2002) que também considerou a área de segurança pública. 
Podemos dizer que o marco da utilização do geoprocessamento está, mesmo que 
indiretamente na Lei Complementar nº 101, de 05/05/2000, também conhecida por Lei de 
Responsabilidade Fiscal (LRF). 
Esta lei aumentou a necessidade municipal de investir em tecnologias da informação 
como forma de otimizar a administração de recursos e ampliar a arrecadação. A nova lei obriga 
os municípios a administrar melhor sua receita, contendo gastos e evitando endividamento. A 
 
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legislação define ainda que o município que não cumprir às determinações dentro do prazo estará 
sujeito às sanções penais, como prevê a Lei Federal nº 10.028 de 19/10/2000. 
Lembremos que o geoprocessamento pode ser definido, sucintamente, como o 
tratamento da informação relacionada ao espaço geográfico, seja através de coordenadas, seja 
através de endereço, com o uso de recursos computacionais. Envolve, portanto, qualquer forma 
de manipulação da informação de caráter geográfico. 
Segundo Assumpção (2001, p. 41), 
 
[...] cerca de 85% de todas as informações da administração de uma prefeitura estão de 
alguma forma relacionadas à localização geográfica, e que uma parcela expressiva de 
seus recursos financeiros são provenientes de elementos sobre a sua geografia [...], não 
fica difícil perceber o papel do geoprocessamento na municipalidade. 
 
 
Nesta nova mentalidade de Gestão Municipal que veio sendo proposta, a variável 
locacional aparece para aumentar a eficiência dos tradicionais sistemas de automação. O uso das 
geotecnologias não se aplica apenas à melhora na arrecadação tributária, através do cadastro 
imobiliário atualizado, como pode-se pensar em primeira instância. Se considerarmos que as 
ações da administração municipal acontecem em algum lugar e que os problemas a serem 
resolvidos possuem uma localização, percebemos que o conhecimento do espaço territorial pode 
levar a decisões mais acertadas em todos os setores do município. 
Entretanto, faz-se necessário observar que para obter eficiência operacional neste 
sentido, é necessário que os dados geográficos estejam integrados aos Sistemas de Gestão 
Municipal, e não a simples bancos de dados. O uso de um Sistema de Informações Geográficas 
(SIG) tem aparecido como uma ferramenta de apoio à gestão urbana, permitindo o conhecimento 
quantitativo e qualitativo da cidade, fornecendo vínculos entre dados de diversas fontes. 
A otimização da arrecadação e a construção de um novo conceito gerencial baseado na 
informação espacial são os principais benefícios obtidos pela implantação do SIG associado ao 
Cadastro Técnico Municipal. Além disso, é notável a redução dos custos operacionais, redução 
dos prazos, otimização do trabalho de pessoal e aumento da produtividade. 
O trabalho de Vieira (2002) realizado em Belo Horizonte, intitulado “Orientações para 
implantação de um SIG municipal, considerando aplicações na área de segurança pública” é de 
interesse para ilustrar o assunto em tela, como veremos no excerto abaixo. 
 
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A crescente apreensão da sociedade quanto à questão da segurança pública, causado 
pelo incremento da criminalidade, principalmente pelas ações do crime organizado, tem atraído a 
atenção dos administradores públicos na busca de soluções efetivas e eficazes para este 
problema. 
A implantação do projeto de geoprocessamento da criminalidade, pela PMMG, em Belo 
Horizonte, possibilitou um tratamento mais científico dos problemas de segurança pública, 
favorecendo o desenvolvimento mais eficaz de suas atividades. 
A repercussão positiva dos resultados alcançados motivou várias prefeituras do interior 
a solicitarem ao Estado-Maior a ampliação do projeto até a respectiva região. 
Contudo, o principal obstáculo para a implantação do projeto costuma ser a inexistência 
de dados atualizados

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