Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO Direito – 3º Sem Economia Política Professora Me. Leila Cristina Gonçalves de Oliveira Janeiro/ 2015 2 SUMÁRIO UNIDADE 1 – CONCEITOS BÁSICOS EM ECONOMIA 1.1 O que é economia? 1.2 Objeto fundamental da economia – O problema da escassez 1.3 Sistemas econômicos 1.4 Divisão do estudo econômico 1.5 Recursos econômicos – Fluxo circular de Renda – Setores Econômicos – Produção 1.6 Oferta, demanda e formação do preço 1.7. Mercado de bens e equilíbrio do mercado, 1.8. Estruturas de mercado 1.9 Outros conceitos em economia UNIDADE 2. PENSADORES ECONÔMICOS: AS PRINCIPAIS ESCOLAS DE PENSAMENTO E SEUS PRINCIPAIS REPRESENTANTES 2.1. Mercantilismo e Antoine de Montchrétien, 2.2. Fisiocracia e François Quesnay, 2.3. Pensamento clássico de Adam Smith e David Ricardo 2.4. Neoclássicos e Alfred Marshall 2.5. Pensamento de Karl Marx 2.6. Fiscalismo de John Maynard Keynes e Michael Kalecki, 2.7. Joseph Schumpeter e a inovação 2.8. Monetarismo e Milton Friedman. UNIDADE 3 – ECONOMIA BRASILEIRA E POLITICA ECONÔMICA 3.1 Breve histórico 3.2 Políticas econômicas UNIDADE 4 – GLOBALIZAÇÃO 4.1 O que é globalização? 4.2 Blocos/Agrupamentos econômicos 4.3 O Brasil e a globalização 4.4 Aspectos positivos da globalização 4.5 Aspectos negativos da globalização UNIDADE 4 – MEDIDAS DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS 4.1 Indicadores econômicos e métodos de análise 4.2 Indicadores do setor externo 3 UNIDADE 1 – CONCEITOS BÁSICOS EM ECONOMIA Nos últimos anos, o fenômeno da globalização econômica tem exigido cada vez mais - de TODOS e não só dos economistas – o conhecimento básico de economia e o acesso às informações do mundo exterior. A globalização trouxe consigo um lado positivo, que permite acesso a mercadorias, tecnologias e entrada de capitais externos ao país. Pelo fato de ter chegado ao Brasil com um considerável atraso, a globalização traz efeitos cumulativos negativos para as empresas. A abertura da economia nacional para o capital privado, sobretudo das multinacionais, tem acarretado “quebras” aos setores menores ou mais frágeis da economia, causando milhões de desempregos, em todos os níveis de qualificação. Não nos cabe mais ficar isolado, pois, cada ação por parte do mercado, pode ser uma reação em cadeia em seu empreendimento. Sem o mínimo de esclarecimento sobre os cenários formados na economia, e uma visão de prospecção, o cidadão em geral certamente estará terá dificuldades em gerir seus negócios e sua vida. . Para você entender um pouco de economia (mesmo que não seja economista), procuramos elaborar um material bem didático, com conceitos básicos e simples, os quais respaldarão o entendimento necessário de alguns fatos ou medidas econômicas que certamente lhe serão muito úteis. 4 1.1 O que é economia? Segundo Paul A. Samuelson e William D. Nordhaus, Economia (ou Ciência Econômica) pode ser definida como a ciência que estuda a forma como a sociedade emprega recursos escassos para produzir bens e serviços que são destinados a atender as necessidades de consumo. O termo economia é originário da palavra grega oikosnomos (oikos= casa e nomos= lei), e significa a administração de uma casa, do estado ou da coisa pública. 1.2 Objeto fundamental da economia – O problema da escassez Nesta definição estão implícitas duas questões fundamentais para a compreensão da Economia enquanto ciência: por um lado a ideia de que os bens são escassos, ou seja, não existem em quantidade suficiente para satisfazer plenamente todas as necessidades e desejos humanos; por outro lado a ideia de que a sociedade deve utilizar os recursos de que dispõe de uma forma eficiente, ou seja, deve procurar formas de utilizar os seus recursos maximizando a satisfação das suas necessidades. 1.2.1 As questões provenientes da escassez A análise da questão da escassez de recursos produtivos e das ilimitadas necessidades humanas – que é o problema econômico fundamental da sociedade e das empresas - conduz às seguintes questões: O que e quanto produzir? Numa economia de livre iniciativa, o mercado responde essa questão. Os proprietários de recursos produtivos orientarão sua produção pela quantidade exigida pelos consumidores. Como produzir? O mercado produtor responde a essa questão, pois se trata de uma questão de eficiência produtiva, onde serão alocados os recursos necessários, segundo sua disponibilidade. Para quem produzir? A sociedade indica os setores que serão beneficiados com a distribuição do produto. Mercado interno ou externo. Agricultura ou indústria. Trabalhadores ou proprietários da terra. A produção destina-se a atender as necessidades da população. 5 Quando produzir? Este é um problema que responde às necessidades da sociedade. Por exemplo, a produção de Panetone tem sua época certa. Não faria sentido concentrar recursos e produzi-los em data que não atenda aos interesses de consumo. Em síntese: Os problemas econômicos conduzem a sociedade a manifestar-se frente às alternativas que lhes são colocadas, através da difícil decisão de escolha entre as questões citadas anteriormente. A resposta para essas questões depende da forma de organização econômica, que são basicamente duas: • Economia planificada: centralizada, tipo socialista. • E, a economia de Mercado como veremos a seguir. 1.3 Sistemas econômicos Sistema centralizado ou planificado (Socialismo) É aquele em que as questões básicas da economia são resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção, com a total interferência do Estado na vida econômica (Ex: Cuba). Sistema descentralizado (Economia de Mercado / Capitalista) Também chamado de concorrência perfeita, ao contrário da Economia Planificada - que é centralizada, socialista - na Economia de Mercado – que é descentralizada, capitalista - é regido pelas forças de mercado, via sistemas de preços, para promover a solução das quatro questões básicas, sendo a livre iniciativa e a propriedade privada predominantes entre os agentes econômicos (Ex: Estados Unidos, Japão, Inglaterra). Sistema misto ou economia mista Forma híbrida entre as economias de mercado e centralizada, que procura suplantar os problemas advindos de cada um deles, principalmente nas questões referentes à alocação de recursos, justa distribuição de renda, 6 estabilidade de preços e crescimento econômico. Dessa forma, parte das decisões são tomadas pelo Estado, que também detém parte dos meios de produção, enquanto outras decisões e posse dos recursos necessários ficam a cabo dos empresários particulares (Ex: Brasil). 1.4 Divisão do Estudo Econômico Em termos clássicos, a teoria econômica é apresentada conforme segue: • Microeconomia: é o ramo da teoria econômica que estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado no qual operam. Preocupa-se com a determinação dos preços e quantidade em mercados especiais. • Macroeconomia: é o ramo da teoria econômica que estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados como PIB, consumo nacional, investimento agregado, exportação, importação, nível geral de preços, etc., com o objetivo de delinear uma política econômica. 1.5 Recursos Econômicos - Fluxo Circular de Renda – Setores Econômicos - Produção Recursos econômicos são os meios materiais ou imateriais usados pela população na produção de bens e serviços para a satisfação das suas necessidades.A palavra recurso significa a criação de um novo caminho. Significa as riquezas ou bens de uma pessoa ou país. Ex: Ele viveu muitos anos em um país pobre, com pouquíssimos recursos. Um recurso econômico pode ser uma mina de ouro, por exemplo. Mas neste caso, para usufruir desse recurso, é necessário um investimento, ou seja, contratar funcionários e comprar material para exploração da mina. 7 Fluxo Circular de Renda 8 Setores Econômicos Produção 9 10 11 1.6 Oferta, demanda e formação do preço 12 1.7. Mercado de bens e equilíbrio do mercado 13 14 1.8. Estruturas de mercado 15 16 17 1.9 Outros conceitos em economia A seguir, veremos alguns conceitos gerais para um melhor entendimento dos fenômenos econômicos. DÍVIDA PÚBLICA Qual é a diferença entre déficit público e dívida pública? A dívida pública representa o montante que o setor público deve aos seus credores. A expressão Setor público abrange todas as entidades de direito público e as de direito privado controladas pelo setor público, como é o caso das empresas públicas e sociedades de economia mista. Dívida é toda obrigação que constitui, de um lado, um devedor e, de outro, um credor. Defende-se a ideia de que, para se haver dívida, deve-se, necessariamente, existir déficit (LINHARES, 2012). Se se considerar a dívida líquida, o conceito está exato. Porém – se se referir à bruta –, está errado. Dívida bruta é o passivo; líquida, o resultado positivo entre passivo e ativo. Se for negativo, não há dívida. 18 O Déficit é o resultado negativo da equação Receita – Despesa. As contas governamentais, por determinação constitucional, não podem, no exercício financeiro – que coincide com o ano civil –, fechar deficitárias. Tem de haver equilíbrio entre despesas e receitas. Assim, para cobrir o tradicional “rombo”, recorrem os governos a operações de crédito, inclusive por antecipação de receitas, e a operações em mercado aberto, que é a venda de títulos públicos. Numa palavra – relacionando os conceitos de dívida pública e déficit público –, pode-se afirmar que, em regra, a dívida (assunção de obrigações financeiras) decorre da existência de déficit público, que é o resultado negativo da subtração efetivada entre o montante das receitas e o das despesas. Mercado Monetário Envolve operações de curto e curtíssimo prazos, proporcionando um rápido controle da liquidez da liquidez da economia e das taxas básicas de juros, conforme as metas estabelecidas pelas autoridades monetárias para a execução da política econômica. Mercado de Crédito É constituído basicamente por bancos comerciais e sociedades financeiras, que realizam operações de financiamento de curto e médio prazos, direcionados aos ativos permanentes e ao capital de giro das empresas. Mercado Cambial Contempla operações que envolvem a troca de moeda de um país pela de outro, com a finalidade de suportar as transações inerentes ao comércio internacional de bens e serviços e as operações de empréstimos e financiamentos de agentes econômicos de um país para os agentes econômicos de outros países. Mercado de Capitais 19 Contempla as operações com ações que em geral têm prazo indeterminado e operações financeiras de médio e longo prazos, especialmente as de financiamento do capital de giro e do investimento das empresas. 20 UNIDADE 2 – PENSADORES ECONÔMICOS: AS PRINCIPAIS ESCOLAS E SEUS PRINCIPAIS REPRESENTANTES A busca por respostas e hipóteses para os fenômenos econômicos nos leva a buscar também a origem do pensamento dos grandes economistas. A contribuição ao entendimento dos fenômenos proporcionada pelo estudo dos clássicos do pensamento econômico é claro a medida que aprofundamos nossas buscas e aqui faremos um retrospecto dos principais pensadores e suas contribuições. 21 2.1 Mercantilismo e Antoine de Montchrétien ESCOLA MERCANTILISTA: � O mercantilismo foi um conjunto de teorias e práticas econômicas adotadas e desenvolvidas pelos governos europeus durante a fase do capitalismo comercial, na Idade Moderna � Foi o instrumento de superação das crises e de engrandecimento nacional � “quanto mais metal precioso existir dentro do território nacional, mais rico será o país”. � defendem governo centralizado, nacionalismo e livre comércio interno O mercantilismo assumiu formas diferentes nos diversos países europeus: mercantilismo metalista na Espanha, industrial na França, comercial na Inglaterra e seu objetivo direto foi o fortalecimento do Estado, e indireto, o enriquecimento da burguesia mercantil ANTOINE DE MONTCHRÉTIEN: � França (1575-1621) � Dramaturgo e economista � Colocando suas idéias em prática tornou-se industrial (fábrica de facas) Ideias: � Desenvolve a ciência da produção e da distribuição da riqueza em um país � A riqueza das nações se dá pela indústria � Defende o trabalho obrigatório, desde criança � Defende intervenção do estado para regulamentar as profissões, criar manufaturas e desenvolver política alfandegária para defender os interesses do país � Defende o câmbio livre, a concorrência e a divisão do trabalho 22 2.2 Fisiocracia e François Quesnay ESCOLA FISIOCRATA : � Foi a 1ª Escola de Economia, surgiu no século XVIII � Se opõe ao Mercantilismo � A única fonte de riqueza é a agricultura: “Toda riqueza provem da terra” � A agricultura proporciona grandes lucros e exige poucos investimentos � O trabalho agrícola é o único trabalho produtivo, a indústria apenas transforma e o comércio distribui � Devia haver um único imposto sobre proprietários de terra. Tentou-se sua implantação, mas fracassou. FRANÇOIS QUESNAY: � (1694-1774 ), francês, filho de agricultores, médico da corte do Rei francês Louis XV Obras: � “Tableau Économique” (1758) - mostrava esquematicamente as relações entre as diferentes classes econômicas e setores da sociedade, e o fluxo de pagamentos entre elas � “Maximes générales du gouvernement économique d´un royaume agricole ” (1760) Ideias: � É inútil querer alterar a ordem natural das coisas através de leis ou intervenções do governo � os indivíduos mais úteis à sociedade eram os grandes proprietários e os fazendeiros 23 � Defende o “laissez faire, laissez passer, le monde va de lui même”: não intervenção do governo na economia, o Estado só deveria se interessar com a manutenção da ordem, da propriedade e da liberdade individual � criou os conceitos de equilíbrio econômico, capital fixo e capital circulante � a sociedade divide-se em três classes: a produtiva (os agricultores), a dos proprietários de terras e a dos comerciantes. � A poupança era potencialmente prejudicial porque, não aplicadas, podia perturbar o equilíbrio do fluxo de pagamentos. 2.3 Pensamento clássico de Adam Smith e David Ricardo ESCOLA CLÁSSICA : � Segunda metade do século XVII ao século XIX. � A idéia central da economia clássica é a de concorrência: os mercados tendem a encontrar um equilíbrio econômico a longo prazo Preocupações centrais: crescimento econômico a Longo Prazo e distribuição da renda entre as classes ADAM SMITH: � Escócia, (1723-1790), foi professor de ética e filosofia moral, filósofo iluminista de formação, é o pai da Economia Política � Foi comissário da alfândega e do imposto do sal para Escócia Obra: � “Teoria dos Sentimentos Morais” (1759) � “Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza da Nações” (1776) é considerada a obra fundadora da Economia Política, é uma defesa irrestrita do individualismo e do liberalismo. Foi muito influente, uma vez que foi uma grande contribuição para o estudo da economia e para a tornar uma disciplina autônoma 24 Ideias: � não é a prata ou o ouro que determinam a prosperidade de uma nação, mas, o trabalho humano: a divisão social do trabalho aprimora as forças produtivas, potencializando o enriquecimento de uma nação => a educação � opunha-se à intervenção do Estado na economia. Somente deve intervir quando não há livre concorrência � se os homens agissem livremente em busca do seu próprio interesse existiria uma "mão invisível" que transformaria os seus esforços em benefícios coletivos, garantindo a alocação eficiente dos recursos. Assim, o Estado Estacionário pode ser postergado. � A riqueza das nações é determinada pela produtividade do trabalho útil e quantidade de trabalho utilizada, mesmo fora da agricultura. DAVID RICARDO: � Inglaterra, (1772-1823), filho de holandeses, homem de negócios de sucesso nas Bolsas de Valores � Em 1815, David Ricardo já era considerado o mais importante economista de toda a Grã-Bretanha, graças ao seu conhecimento prático sobre o funcionamento do sistema capitalista Obras: � O alto preço do ouro, uma prova da depreciação das notas bancárias (1810); � Ensaio sobre a influência de um baixo preço do cereal sobre os lucros do capital (1815); � Princípios da economia política e tributação (1817). 25 Ideias: � Teoria do Valor-Trabalho: o valor de um bem é determinado de acordo com o trabalho necessário a sua produção � Teoria da repartição: o valor da produção da economia se divide entre as três classes da sociedade: proprietários de terra (renda da terra), trabalhadores (salários) e os capitalistas (lucros). Preocupado com o custo crescente dos alimentos produzidos em terra cada vez mais distantes e menos férteis. � Teoria das Vantagens Comparativas: cada país tende a se especializar nos ramos em que tem maiores vantagens, isto é, em que seus custos; de produção são menores do que os de seus concorrentes. uma nação é rica em razão da abundância de mercadorias que contribuam para a comodidade e o bem estar de seus habitantes. � Focou a sua atenção na tendência para a baixa dos lucros que ameaçaria a economia inglesa, que poderia ser neutralizada com o desenvolvimento do comércio externo: Ricardo previa a ocorrência de um "estado estacionário", resultante do crescimento populacional e responsável pelo cultivo de terras cada vez menos férteis. Ao chegar a determinado limite, o lucro seria tão baixo que a acumulação de capital simplesmente cessaria, prejudicando o desenvolvimento econômico . 2.4 Neoclássicos e Alfred Marshall ESCOLA NEOCLÁSSICA : � A escola neoclássica ou marginalista do pensamento econômico caracterizou-se pelos contributos que deu para o conhecimento da utilidade de um bem e da sua escassez. � Caracterizou-se igualmente pela abordagem microeconômica e pelo forte instrumentário matemático com que revestia a exposição e fundamentação das suas teorias visando o equilíbrio da economia. � O Estado não deveria interferir nos assuntos do mercado 26 � A quantidade de moeda afeta apenas o nível geral dos preços ALFRED MARSHALL: � Inglaterra (1842-1924), nascido em Londres, em uma família de classe média � matemático que se tornou economista, era filantrópico convicto; � neoclássico da escola de Cambridge, onde foi professor de Keynes. Obras: � "Princípios de Economia" (1890) reúne teorias da oferta e da demanda, da utilidade marginal e dos custos de produção � “Indústria e Comércio “ (1919); Moeda, Crédito e Comércio (1923) Ideias: � Precursor da Economia do Bem-Estar: a Economia Política estuda a atividade individual e social para atingir o bem-estar: atender às aspirações humanas e à satisfação das suas necessidades materiais � Utiliza a matemática aplicada como meio de investigação e análise de fenômenos econômicos, e o raciocínio lógico e as aplicações práticas como meio de exposição desses mesmos fenômenos � A favor da parcimônia: poupança permite Investimento; defende o capitalismo � Mostrar como o funcionamento dos mercados pode garantir a boa utilização dos recursos disponíveis. � Introduziu o elemento tempo nas análises microeconômicas 2.5 Pensamento de Karl Marx ESCOLA MARXISTA : 27 � O Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Marx e Engels; � A partir das concepções materialista e dialética da História, interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de classes; � A luta comunista se resume à emancipação do proletariado, transformando a base produtiva no sentido da socialização dos meios de produção KARL MARX: � Alemanha (1818-1883), economista e filósofo. Começou a estudar Direito (Bohn) e transferiu-se para Filosofia (Berlim); Doutor em filosofia, não conseguiu ser professor e dedicou-se ao jornalismo. Obra: � "O Capital” (1867) + (1885-1894-1905), publicações de Engels. Ideias: � Teoria é baseada no Valor-trabalho de Ricardo, em que o valor é medido em trabalho socialmente necessário. As rendas não provenientes de trabalho são condenáveis e fruto da exploração. Outro valor, o de troca é o de mercado, que é o que prevalece. � A troca tem caráter social, porque desafoga estoques e dinamiza a produção, que, por sua vez é determinada pelo Capital, Trabalho, recursos naturais e inovações. � As relações de produção e as interações entre técnicas e organização sócio-econômica. � A relação capitalista-trabalhador é uma relação social, onde as contradições internas geram as mudanças. 28 2.6 Fiscalismo de John Maynard Keynes e Michael Kalecki ESCOLA KEYNESIANA : � A escola keynesiana fundamenta-se no princípio de que o ciclo econômico não é auto-regulador como pensavam os neoclássicos. � Entendendo que a economia é movida pela demanda, o keynesianismo defende a intervenção do Estado, investindo, gastando e aquecendo a economia. JOHN MAYNARD KEYNES: � Inglaterra (1883-1946), com muita influência nas políticas públicas, maior economista do século XX e precursor da Macroeconomia � também foi funcionário público, patrono das artes, diretor do Banco da Inglaterra, conselheiro de várias instituições de caridade, escritor, investidor privado, colecionador de arte e fazendeiro � representou a Inglaterra no Bretton Woods e participou da criação do FMI do qual foi presidente em 1946 Obras: � As conseqüências econômicas da paz (1919) , Tratado sobre a moeda (1930) � "A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda" (1936) Ideias: � Principal preocupação: explicar o desemprego da Grande Depressão: A partir da observação da realidade da Grande Depressão, verificou que a teoria neoclássica não a explicava. 29 � Princípio da Demanda Efetiva: se não houvesse demanda não haveria produção e conseqüentemente a capacidade de produção se tornaria ociosa � Resposta à crise em que mergulhou a Economia Política de então, dominada pelas correntes marginalistas, incapaz de explicar a grande depressão que assolou o mundo ocidental nos anostrinta � O Estado pode ter um papel muito importante no evitar das crises econômicas se aumentar as despesas públicas: pela ineficiência do sistema capitalista em empregar todos que querem trabalhar que Keynes defende a intervenção do Estado na economia. MICHAEL KALECKI: � (1899-1970) Nascido na Polônia, filho de família judia de classe média. Viveu a Primeira Guerra Mundial, a revolução russa e o surgimento do estado polonês independente. � Sua formação na Escola Politécnica foi várias vezes interrompida, mas teve contato com a economia marxista. � Fez parte do Instituto de Pesquisa de Conjuntura Econômica e preços, onde escreveu vários trabalhos. Passou pela Suécia, London School, Cambridge e Oxford. Em Nova York trabalhou para as Nações Unidas Obras: � Esboço de uma Teoria do Ciclo Econômico (1933) � Teoria da Dinâmica Econômica(1954). � Crescimento e ciclo nas economias capitalistas (coletânea de artigos) - 1980 Ideias: � Trata, em vários livros e artigos de 3 assuntos: economias capitalistas desenvolvidas, economias socialistas e economias subdesenvolvidas. 30 � Preocupação central são os ciclos, explicados, usa o esquema de reprodução de Marx para mostrar que as oscilações da demanda efetiva são determinadas pelo investimento privado. � À diferença de Keynes, que se preocupou com o Curto Prazo, Kalecki se preocupa com o longo prazo, e leva em conta as classes sociais, distinguindo o consumo dos capitalistas e dos assalariados. � Nível de atividade é determinado pelos investimentos, que dependem dos recursos das empresas, o nível de lucro e a variação do estoque de capital. O investimento pode ser financiado pelo crédito, indispensável para o crescimento econômico. � Mostra os efeitos positivos dos gastos governamentais nos lucros dos capitalistas e no crescimento; � Chega a conclusões próximas às de Keynes sobre o Princípio da demanda Efetiva, proposto por ele em 1933 2.7 Joseph Schumpeter e a inovação ESCOLA SCHUMPETRIANA: JOSEPH SCHUMPETER: � (1883-1950) Nascido na Áustria, Graduado na Universidade de Viena Foi ministro de Finanças da Áustria, foi Presidente da American Economic Association e fundou a Sociedade de Econometria em 1933. Obras: � Teoria do Desenvolvimento Econômico (1912), Ciclos Econômicos (1939), Capitalismo, Socialismo e Democracia(1942 Ideias: � Estudo dos ciclos: as crises provem de combinação de diferentes tamanhos de ciclo a recuperação ocorre por inovação e empresário inovador 31 � Inovação pode ser: Novo bem, novo método de produção, novo mercado (exterior), nova fonte de matéria-prima, nova organização econômica (monopólio) � Volta à visão clássica do lado da oferta: a economia cresce enquanto novos produtos e processos sejam adotados pelos empresários inovadores com crédito; empresário descobre como reduzir custo e expandir a demanda: o empresário cria seu mercado, isso gera efeito multiplicador sobre renda e emprego, ativando a demanda => Inovação + Empresário + crédito => produção � EMPRESÁRIO INOVADOR - Empresário inovador adota novas combinações produtivas, tem iniciativa, previsão e precisa de crédito. É quem adota as novas combinações (não necessariamente capitalista, nem o inventor). É LÍDER, assume riscos, tem conduta equilibrada para superar adversidades, tem capacidade de previsão e iniciativa. Como não necessariamente tem o capital precisa do crédito para poder adquirir os meios de produção. Sua função é adotar as novas combinações, não descobri-las. É líder junto ao banqueiro, junto aos empresários que o imitam, é autossuficiente. Seu fim é o lucro, quer sucesso, mas é sempre racional e egoísta. � O MEIO em que vive o condiciona: a) existir inovações e b) existir crédito: A Moeda tem papel ativo para estimular o crescimento 2.8 Monetarismo e Milton Friedman ESCOLA MONETARISTA : � A escola monetarista defende que é possível manter a estabilidade de uma economia utilizando unicamente políticas monetárias � Recuperam idéias do liberalismo clássico: livre mercado e não intervenção do governo na economia � Idéias neoliberais defendidas pelos economistas da Escola de Chicago. MILTON FRIEDMAN: 32 � Estados Unidos (1912-2006), filho de família judia pobre que migrou da Ucrânia � Foi professor da Universidade de Chicago, Friedman foi colunista da revista semanal Newsweek e membro do Departamento Nacional de Pesquisas Econômicas � Foi conselheiro dos presidentes dos Estados Unidos (Nixon, Ford e Reagan). Recusou sempre qualquer cargo político � Ganhou Nobel de Economia em 1976, foi o economista mais influente da 2ª metade do Século 20. Obras: � Uma Teoria da Função do Consumo , A Melhor Quantidade de Dinheiro e Outros Ensaios, Uma História Monetária dos Estados Unidos, Estatísticas Monetárias dos Estados Unidos, Tendências Monetárias nos Estados Unidos e no Reino Unido � Capitalismo e Liberdade (1962) e Livre para Escolher (1980) Ideias: � A solução para os problemas de uma sociedade é dada por um sistema de liberdade: a liberdade econômica é uma condição essencial para a liberdade das sociedades e dos indivíduos � Defensor da liberdade econômica individual e da democracia: Defendeu um governo limitado, que garante estabilidade econômica, liberdades econômicas, estado de direito e direito de propriedade. � A inflação pode ser controlada quase que exclusivamente pela oferta de moeda. 33 UNIDADE 3 – ECONOMIA BRASILEIRA E POLÍTICA ECONÔMICA 3.1 Breve histórico O conhecimento – mesmo que superficial - da história da Economia Brasileira e Internacional podem auxiliar no entendimento dos fenômenos e políticas adotadas pelo Estado que afeta direta ou indiretamente a população em geral. Na Economia Brasileira veremos um breve histórico a partir dos anos de 1980, quando a economia brasileira passou por uma grande turbulência. 3.1.1 Anos 1980 – A década perdida A partir de 1979, no então governo do General Figueiredo, alguns fatos marcaram uma década de grandes embates políticos e ideológicos por parte dos governantes, gerando assim, uma correlação de forças que, por um lado defendia um forte ajuste fiscal e redução dos gastos públicos (Política Ortodoxa). Por outro lado, existia a defesa de uma política de crescimento econômico a qualquer custo, com o objetivo de um crescimento mais rápido da economia brasileira (Política Heterodoxa), o que acabou se consolidando. Tendo uma situação externa desfavorável, aliada à falta de sintonia entre a equipe econômica, o Brasil passou pelo período chamado de “A Década Perdida”, com aumento no déficit público, aumento da dívida externa e interna, entre outros prejuízos. A consequência política mais evidente deste período foi 34 em 1985. Após grande pressão sobre o Governo Militar, ocorreu a mudança na forma de escolher os governantes, que passou a ser indireta, pelo Congresso Nacional. Com vários Planos Econômicos: Plano Cruzado (1986), Plano Bresser (1987), Plano Verão (1989), além de muitas tentativas para conter o fenômeno da inflação - que alcançou patamares insustentáveis (à beira da hiperinflação em 1989) - o Governo adotou então, uma postura mais ortodoxa em relação à Política Econômica, também por imposição do FMI – Fundo Monetário Internacional, o qual impôs regras rígidas ao país como: Redução de Despesas do Estado, Equilíbrio do Orçamento Público, Reduzir e controlar a Moeda em Circulação, entre outros. Fonte: http://migre.me/7Hvth Enfim, a Década Perdida poderia ter sido um pouco mais marcante positivamente para a história, não fossem as políticasadotadas, talvez por vaidade ou negligência política. 3.1.2 Anos 90 – Abertura da Economia Brasileira Como vimos anteriormente, os anos 80 foram marcados por grande turbulência na economia brasileira. Após uma década de estagnação e, por que não dizer, de recuo econômico, os anos de 1990 começam com uma grande reviravolta política na história brasileira. Após quase trinta anos sem eleições diretas para Presidente, os brasileiros elegeram Fernando Collor de Mello. Com um discurso moderno e promessas de renovação e, com o intuito de quebrar a ciranda da inflação, reduzir gastos do Governo, tomou medidas extremas como: Não é possível exibir esta imagem no momento. 35 • Mudança da moeda; • Confisco dos depósitos bancários por um prazo de dezoito meses visando reduzir a quantidade de moeda em circulação; • Alteração no cálculo da correção monetária e também na sistemática das aplicações financeiras; • Redução da máquina administrativa com a extinção ou fusão de ministérios e órgãos públicos; • Demissão de funcionários públicos; • Congelamento de preços e salários (embora tenha sido em seu governo que os aposentados rurais tenham conquistado o direito a um salário mínimo como benefício básico ao invés do meio salário até então vigente). Mesmo com suas atitudes polêmicas - inclusive com o início das privatizações das estatais - o Governo Collor foi um marco na quebra das barreiras tarifárias. Através de redução nas alíquotas de importação, a economia brasileira foi amplamente aberta ao mercado mundial, provocando assim a entrada de produtos importados a preços menores na economia nacional. Houve então um choque de realidade, onde algumas empresas tiveram prejuízos devido ao comodismo do paternalismo adotado até então pelo Governo brasileiro, se vendo forçadas a se modernizarem para não perderem mais mercado. Apesar da estabilização dos preços e modernização do parque produtivo, mais uma vez, a tentativa de conter a crise era fracassada. Os Planos Collor I e Collor II geraram uma forte recessão, desemprego e também grande insatisfação por parte da população. Diante desse cenário, a Ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello, pede demissão. Somando-se ao desgaste, ainda surgiram contra membros do Governo diversas denúncias de corrupção, levando a instauração de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e, inevitavelmente, ao Impeachment do Presidente Collor em 1992. No Governo seguinte, de Itamar Franco, o Brasil alcançou certo tempo de estabilidade econômica por meio do Plano Real (1994), quando o real se igualou ao dólar (banda cambial), política essa que não sobreviveu, por 36 aumentar a pobreza e também não resistiu à crise Russa de 1998. Então, a moeda voltou a ser flutuante em 1999. Alguns fatos relevantes da economia brasileira nos anos 90 foram: • Plano Collor; • Criação da Organização Mundial do Comércio; • Ratificação do MERCOSUL, unindo o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai; • Crise financeira atinge a Ásia em 1997 e 1998. Os anos 90 foram marcados também pelo início das privatizações das empresas, iniciando a reestruturação societária e produtiva em vários setores no Brasil. O movimento de fusões e aquisições, como também a entrada de empresas estrangeiras na economia, foram fatores bem evidentes deste período. É bom salientar que, as mudanças estruturais ocorridas na década de 90 geraram a eliminação de empregos, os quais não foram acompanhados pela criação de novos postos de trabalho. Explicação a esse fenômeno se dá pela constatação do aumento de empregos informais e as terceirizações, que chegaram com muita força nesse período. No âmbito empresarial, algumas grandes empresas familiares abalaram-se pela entrada forte do capital internacional no Brasil, não tendo outra saída senão a fusão. Já as empresas nacionais mais capitalizadas, optaram por diversificar suas atuações e conseguiram seguir sólidas na economia brasileira. Uma lição ficou para todas as empresas nesse período: juntas são mais estrategicamente fortes para enfrentar o novo cenário globalizado e inevitável a encarar. 3.1.3 A Economia nos anos 2000 O Brasil dos anos 90 foi marcado pelas privatizações, fusões, incorporações empresariais. No final dos anos 90 e início dos anos 2000 ocorreu uma mudança, desacelerando esse processo o Brasil cresceu 3% no primeiro trimestre de 2000 e passava por uma Não é possível exibir esta imagem no momento. 37 fase muito positiva e acelerada, com a indústria aquecida, o saldo da balança comercial era positivo e os preços se mantinham estáveis. Só um detalhe preocupava naquele momento, as altas taxas de juros de mercado – que, pela falta de poupança interna era dependente de capital estrangeiro em investimentos - e isso fez com que as taxas fossem impulsionadas para cima, justamente para atrair este capital. Fonte: http://migre.me/7Hx6M O motivo dessa alta foi uma crise na Bolsa de Valores internacional, fazendo com que um grande volume de dólares deixasse a economia brasileira para cobrir prejuízos em investimentos de risco lá fora. Em 2002, após as eleições do presidente Lula, o mercado criou uma imensa expectativa de quebra das políticas econômicas adotadas até então por FHC (Fernando Henrique Cardoso), o que acabou não se confirmando, já que o início de seu Governo, Lula permaneceu com a mesma conduta. Os anos que se seguiram foram de desaceleração da inflação. Nesse período a economia brasileira era estável e controlada. Fatores que contribuíram com a queda do desemprego: • Constantes recordes da balança comercial. • O setor privado com altos investimentos devido a ascensão do poder aquisitivo nos últimos anos. • Aumento na desvalorização do Dólar perante o Real. • Inflação controlada, aumentou a oferta de emprego. • Aumento significativo dos funcionários públicos, contribuindo para os índices de aumento da renda da população, reduzindo o desemprego de uma maneira geral. 38 PRA SABER MAIS ANOS 2000!!!!! Dinheiro de plástico • Em países como os EUA, 90% do dinheiro que circula pela economia é eletrônico, via cartões de crédito e débito. Por aqui, o uso deles quadruplicou na década. Olha só: 275 milhões em 2002 1,09 bilhão em 2008 Novas formas de ganhar dinheiro Perfil conservador: 1. Vender anúncios na sua página do Twitter. 2. Leiloar traquitanas na internet. 3. Comprar e vender ações pelo homebrocker. Perfil agressivo: 1. Vender anúncios em partes do seu corpo. 2. Leiloar a virgindade na internet. 3. Comprar e vender terrenos no Second Life. Crédito a perder de vista 89x. É o número de parcelas em que dava para dividir a compra de um carro no auge do crédito fácil, em 2008. Em 1999, 36 vezes era praticamente o teto. SUSTENTABILIDADE 39 As palavras da década Eleitas pelo The Global Language Monitor, com base em citações dos termos em inglês na mídia. 1. Aquecimento global 2. 11 de Setembro 3. Obama 4. Auxílio financeiro 5. Refugiados (referência às vítimas do Katrina) Novos crimes 1. Andar sozinho no carro Quanto mais gente em um carro, menos trânsito e poluição. Por isso, muitas cidades reservaram espaço exclusivo em suas avenidas para carros com mais de um ocupante. No estado americano da Virgínia, por exemplo, desrespeitar essa restrição dá multa de até US$ 1 000. 2. Água engarrafada Nada de água em garrafinha em Bundanoon, na Austrália. A cidade acredita que não se deve vender algo que está disponível na natureza. Os alunos da Universidade de Leeds, Inglaterra, concordam - e por isso avenda de garrafas no campus foi vetada. 3. Sacolas plásticas Em alguns lugares, como a Cidade do México, só são permitidas 40 sacolas biodegradáveis. Outros preferiram taxar as sacolas, para desestimular seu uso - foi o que os irlandeses fizeram. 4. Fumar Dar um trago foi proibido em lugares fechados em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Lá fora a regra também vale para os fumantes de 29 países europeus, da nossa vizinha Argentina e, mais recentemente, de Angola. TECNOLOGIA Inovações que mudaram a sua vida A década que passou foi, sem dúvida nenhuma, a década da tecnologia digital. Seus desdobramentos deram origem a um mar de novos produtos, serviços e maneiras de se comunicar e consumir informação. Coisas que ficaram pra trás • Fax • Videocassete • Fita cassete • Monitor de tubo • Modem • CD-Rom • Cartucho de videogame 41 A vida começa aos 30 Em 2000, a internet era uma balzaquiana - tinha 31 anos. Mas estava prestes a nascer de novo. Sonhos de consumo Os celulares mais desejados da década. 2000 - Nokia 9210 2001 - Motorola Accompli 009 2002 - Treo 300 2003 - BlackBerry 7730 2004 - RAZR V3 2005 - Nokia N Series 2006 - LG Chocolate 2007 - iPhone 2008 - G1 / Android 2009 – Iphone 3GS 2010 – Iphone 4 2011 – Iphone 4s 2012 – Iphone 5 2013 – Galaxy S 4 Samsung 42 3.2 Políticas Econômicas A visão econômica que predominava mundialmente no passado era a Clássica Liberal, onde a economia deveria se equilibrar de forma autônoma, com o mínimo de interferência ou ingerência dos governos. Influenciados pelos pensamentos de John Maynard Keynes, economista britânico e, com o inevitável processo de globalização da economia mundial, as nações passam a aceitar que os órgãos estatais poderiam influenciar os níveis de produtividade macroeconômicos de diversas formas, buscando prevenir ou amenizar os efeitos de todo este processo. A partir de então, com o objetivo de reequilibrar e também fomentar o desenvolvimento, a economia de um país, os agentes econômicos (Governo, Banco Central, FMI, Banco Mundial), recorrem às Políticas Econômicas, que são manobras de ajustes que servem para tirar um país ou um conjunto de países de uma situação crítica, como hiperinflação, depressão, entre outros, bem como fomentar o desenvolvimento. Essas medidas podem ter as seguintes características: • Estrutural: visando reestruturar a macroeconomia; • Conjuntural: nos casos de depressão, hiperinflação ou escassez de produtos; • Expansionista: quando visa à manutenção ou à aceleração de crescimento econômico. A seguir, veremos de forma breve os conceitos destas políticas. 43 3.2.1 Política Fiscal Entende-se por Política Fiscal, uma ação do governo com relação aos seus gastos e suas arrecadações ou receitas (impostos e taxas). A arrecadação de impostos afeta o nível da demanda, pois afeta a renda disponível que os indivíduos poderão destinar para o consumo e poupança. Dado um nível de renda, quanto maiores os impostos, menor será a renda disponível e, portanto o consumo. Se a economia apresenta tendência para a queda no nível de atividade, o governo pode estimulá-la, cortando impostos e/ou elevando gastos. Para provocar o inverso, caso queira diminuir o nível de atividade da economia, aumentará os tributos e, por consequência, reduzirá o consumo. 3.2.2 Política Monetária A Política Monetária pode ser definida como o conjunto de medidas adotadas pelo governo com o objetivo de controlar a oferta de moeda, as taxas de juros, uma taxa de câmbio realista, estabilização dos preços e, uma adequada taxa de crescimento econômico. Mas, por que isso ocorre? Quando um país passa por uma recessão econômica, com pouca utilização de seus recursos produtivos, uma política monetária expansionista pode elevar o nível de investimento na economia por meio da redução de juros. Mais investimento significa maior produção e mais empregos. Maior produção e mais empregos significam mais renda e consumo. 44 Ou, de maneira oposta, pode ser que a economia de um país já esteja próxima do nível de equilíbrio, uma política monetária frouxa pode acarretar no médio e longo prazo um excesso de demanda agregada, acarretando inflação. Daí a importância de se conduzir a política monetária de forma eficaz e responsável, pois caso contrário ela acaba fugindo de seu objetivo principal: garantir estabilidade de preços. E como isso ocorre? Para controlar a oferta de moeda e regular as taxas de juros, as autoridades monetárias executam a Política Monetária. Não tendo condições de interferir diretamente no cotidiano dos agentes econômicos, por exemplo, para aumentar ou reduzir o nível de consumo. Dessa forma, por meio da ação sobre as reservas bancárias e das taxas de juros, indiretamente induzem o público a alterar o perfil de seus gastos. Para que isso ocorra, elas se utilizam de alguns instrumentos, conforme a seguir: • Controle direto da quantidade de dinheiro em circulação: regulando literalmente a quantidade de moeda emitida; • Operações no mercado aberto: compra e venda de títulos públicos pelo Banco Central. Quando há excesso de oferta de moeda, realizam-se operações de venda de títulos públicos, reduzindo a quantidade de dinheiro em poder do público. Caso contrário, quando a oferta de moeda é insuficiente, o Banco Central compra os títulos e devolve esse dinheiro ao mercado. • Controles seletivos de crédito: as autoridades monetárias controlam, de forma direta, o volume e a distribuição das linhas de crédito, determinam certo teto às taxas de juros e orientam a finalidade na concessão dos mesmos, determinando prazos, limites e condições. 45 3.2.3 Política Externa A política externa é o conjunto de objetivos políticos que um determinado Estado almeja alcançar nas suas relações com os demais países do mundo e, deve ser visto como uma ferramenta estratégica de desenvolvimento e proteção dos interesses do país, em especial a segurança nacional, prosperidade econômica e valores. A concretização destes objetivos pode ser obtida por meios pacíficos (cooperação internacional) ou violentos (agressão, guerra, exploração). Como regra, a política externa é definida pelo Chefe de Governo, com o auxílio do ministro do exterior. Também a política econômica de um país pode ser considerada como parte da sua política externa, na medida em que, para manter o equilíbrio do Balanço de Pagamentos, pode incluir medidas de proteção a determinados setores da economia em relação à concorrência externa, ou incluir medidas de estímulo a relações comerciais com o exterior, já que este é o maior objetivo: ampliar a relação com o mundo globalizado, de forma a atrair investimentos e conseguir comercializar produtos nacionais em outros mercados. 3.2.4 Política cambial A política cambial é constituída pela administração das taxas (ou taxas múltiplas) de câmbio, pelo controle das operações cambiais, tendo como objetivo central o mercado externo, no sentido de manter equalizado o poder de compra do país em relação aos outros com os quais este mantenha relações de troca. Da mesma forma que todo bem tem um valor, as moedas nacionais também têm seu valor, seu preço - que é a taxa de câmbio - que expressa o preço da moeda externa em relação à moeda nacional. Se a taxa de câmbio 46 hoje é 2.34R$/US$, significa que o preço do dólar americano, em termos do real brasileiro, é de R$ 2,34 para cada dólar. Como todo preço, a taxa de câmbio é basicamente determinada pela “lei da oferta e da procura”. Se a procura é maior que a oferta, o preço do dólar, em reais, sobe. Se a oferta é maior que a procura, consequentemente, o preço cai. São vários os fatores que podem influenciar a oferta/demanda por dólares, daí a dificuldade em prever o comportamento da taxa de câmbio. O Banco Central é quem define a política ou regime cambial. Existem duas políticas cambiais extremas: • Política de câmbio fixo: É uma taxa com que os países se comprometem a manter o mesmo poder de paridade, comprometendo- se o Banco Central a satisfazer qualquer oferta ou demanda por dólares que o mercado possa necessitar. Isto é, o Banco Central entra no mercado de câmbio e diz que, para ele, o dólar vale dois reais e trinta e quatro centavos (2.34 R$/US$), e garante a compra ou venda de qualquer quantidade de dólares que o mercado ofertar a esse preço. Neste caso, o dólar fica parado em 2.34 R$/US$, porque o Banco Central anula, comprando ou vendendo dólares, qualquer seja a pressão de aumento ou queda de seu preço. A principal vantagem da taxa de câmbio fixo está na integração dos mercados internacionais em uma rede de mercados conexos, que não têm incerteza e nem são especulativos. • Política de câmbio flutuante: É definido pela ausência do Banco Central no mercado de câmbio. As taxas flutuam livremente, respondendo aos efeitos da oferta e da procura, o que possibilita o equilíbrio contínuo do balanço de pagamento. Quando um país, através do seu Banco Central, faz opção por um regime de câmbio fixo ou flutuante, é de suma importância que se tenha Não é possível exibir esta imagem no momento. 47 uma noção abalizada do valor correto do câmbio para a economia naquele momento. O conhecimento desse valor (o câmbio de equilíbrio) é o referencial que pode definir o sucesso de um regime de câmbio fixo, ou mesmo o bom funcionamento de um regime de câmbio flutuante. O que é o risco cambial? Pode-se entender por risco cambial a possibilidade das taxas de câmbio entre moedas dos países exportadores e importadores se moverem adversamente entre a data da cotação e a data da liquidação de um negócio. Ou a possibilidade de uma perda ou de um ganho resultante de uma variação nas taxas de câmbio entre moedas. A seguir veremos alguns tipos de Riscos Cambiais: • Risco da Exposição: dada uma visão particular ou previsão, procura-se determinar em que medida o fluxo de caixa será afetado; • Risco de Previsão: avalia a probabilidade de oscilação da taxa no período do negócio para que se possa ter uma noção da cobertura do mesmo; • Risco de Mercado e de Transação: considera os riscos ligados a cada mercado em particular e a probabilidade de uma transação não decorrer como o esperado; • Risco do Sistema: considera as lacunas ou fraquezas do sistema de gestão da exposição aos riscos na empresa. A quem afeta o risco cambial? As empresas que trabalham com divisas estrangeiras, deverão preocupar-se com a gestão eficiente do risco cambial. Essas empresas esperam do Governo - por meio da Política Cambial – esclarecimentos dos riscos que correm nesse mercado. A partir do momento em que a empresa está ciente, ela assume os riscos e sabe que estará vulnerável a fatores externos, os quais fogem ao controle da gestão interna da mesma. Também cabe à empresa um minucioso planejamento para alcançar a minimização dos custos, bem como a maximização dos ganhos, determinando qual margem do fluxo de caixa estará vinculado à taxa cambial. 48 Risco cambial e as empresas Algumas medidas podem afetar diretamente as empresas que operam com o risco cambial, são elas: • Decréscimo nas taxas de câmbio O decréscimo nas taxas de câmbio torna a moeda nacional mais barata face às restantes. A desvalorização da moeda tem um efeito benéfico sobre as exportações, que se tornam mais competitivas. Consequentemente, tem um efeito nefasto sobre as importações. Funciona como instrumento corretor de desequilíbrios da balança de pagamentos. Se um Estado não produz um determinado bem essencial, a sua importação não diminui face às alterações das taxas de câmbio. É preciso ter em conta que, em longo prazo, em Estados com elevada dependência das importações, a descida das taxas de câmbio é geradora de inflação. • Subida das taxas de câmbio A subida das taxas de câmbio tem o efeito contrário. As exportações perdem competitividade no mercado concorrencial, tornando as importações mais baratas. Consequentemente, as empresas nacionais reduzem o seu volume de vendas, o que gera menos receitas fiscais e desemprego. Minimizando os efeitos do risco cambial nas empresas Os caminhos para se evitar ou minimizar os riscos cambiais nos negócios empresariais passa por uma Gestão de responsabilidade, eficiência e eficácia. Mesmo o melhor administrador, não conseguirá conhecer tudo o que se passa na empresa em detalhes, mas o seu trabalho é assegurar que os sistemas de controles adequados dos riscos sejam implementados. 49 A seguir, veremos algumas formas de minimizar o risco cambial: • Evitá-lo: a melhor forma de evitar o risco cambial é obter financiamento na moeda local; • Estabelecer políticas sobre a exposição e a gestão cambial: determinar políticas e medidas específicas antes de aceitar a exposição cambial; • Explorar instrumentos de cobertura cambial: é crescente o número de instituições que trabalham com este produto, disponíveis em algumas divisas, porém, com alto custo. 50 UNIDADE 4 – GLOBALIZAÇÃO Quando pensamos em Globalização, impossível não constatar: NÃO EXISTE MAIS A POSSIBILIDADE DE VIVER ISOLADO. O mundo converge e nos cabe a tarefa de lidar com isso de forma inteligente e proveitosa. Os recursos mundiais se misturam na velocidade do nosso pensamento. Não há tempo a perder. 4.1 O que é Globalização? Podemos dizer que é um processo econômico e social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam idéias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta. O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a criação de uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vez mais curtas, facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente. 4.1.1 Origens da Globalização e suas Características Muitos historiadores afirmam que este processo teve início nos séculos XV e XVI com as Grandes Navegações e Descobertas Marítimas. Neste contexto histórico, o homem europeu entrou em contato com povos de outros 51 continentes, estabelecendo relações comerciais e culturais. Porém, a globalização efetivou-se no final do século XX, logo após a queda do socialismo no leste europeu e na União Soviética. O neoliberalismo, que ganhou força na década de 1970, impulsionou o processo de globalização econômica. Com os mercados internos saturados, muitas empresas buscaram conquistar novos mercados consumidores, principalmente dos países recém saídos do socialismo. A concorrência fez com que as empresas utilizassem cada vez mais recursos tecnológicos para baratear os preços e também para estabelecerem contatos comerciais e financeiros de forma rápida e eficiente. Neste contexto, entra a utilização da Internet, das redes de computadores, dos meios de comunicação via satélite entre outros. Uma outracaracterística importante da globalização é a busca pelo barateamento do processo produtivo pelas indústrias. Muitas delas produzem suas mercadorias em vários países com o objetivo de reduzir os custos. Optam por países onde a mão-de-obra, a matéria-prima e a energia são mais baratas. Um tênis, por exemplo, pode ser projetado nos Estados Unidos, produzido na China, com matéria-prima do Brasil, e comercializado em diversos países do mundo. Os tigres asiáticos (Hong Kong, Taiwan, Cingapura e Coreia do Sul) são países que souberam usufruir dos benefícios da globalização. Investiram muito em tecnologia e educação nas décadas de 1980 e 1990. Como resultado, conseguiram baratear custos de produção e agregar tecnologias aos produtos. Atualmente, são grandes exportadores e apresentam ótimos índices de desenvolvimento econômico e social. 4.2 Blocos/Agrupamentos Econômicos Esse novo cenário formado com a chegada de novos agentes econômicos é imprescindível para compreendermos o significado da chamada globalização econômica. Esta tem como caracterítiscas: 52 A ruptura de fronteiras - A dinâmica do capital, que circula livremente pelo globo, sem respeitar a delimitação de fronteiras territoriais. Perda da soberania local - Países, estados e cidades tem que se submeter à lógica do capital para conseguir gerar lucro em seus orçamentos. Expansão da dinâmica do capital - Ruptura de fronteiras, ou seja, o capital se dirige agora também à periferia do capitalismo, uma vez que as empresas transnacionais1 compreenderam que a exploração (no sentido de explorar a força de trabalho diretamente) dos países subdesenvolvidos promoveria grandes lucros para estes. Com o crescimento expressivo da atuação do capital em nível mundial, chegou-se a questionar o papel do Estado, isto é, o Estado seria de fato um agente importante neste processo ou atuaria como um impeditivo para a livre circulação do capital, uma vez que poderia criar regras ou leis que inviabilizariam a livre circulação do capital? Segundo este raciocínio, as transnacionais estariam comandando a dinâmica econômica mundial em detrimento dos Estados. Vale destacar que muitas empresas transnacionais passaram a desempenhar papéis que antes eram oferecidos pelo Estado, como serviços ligados à infra estrutura básica (exemplo: transporte e saneamento básico). No entanto, as sucessivas crises geradas pelo capitalismo mostraram que o papel do Estado não se apagou, como pensavam alguns, pelo contrário, em momentos de crise financeira, o Estado é chamado a ajudar as empresas em dificuldade econômica. Portanto, o papel do Estado no contexto de globalização reestruturou-se, passando este a atuar como u m salvador dos excessos promovidos pelas empresas nacionais ou internacionais, controlando taxas de juros, câmbios, manutenção de subsídios em setores estratégicos, bem como fiscalizando, direta e indiretamente, os recursos energéticos. 4.2.1 A formação dos blocos/agrupamentos econômicos 1 Empresas que possuem matriz em seu país de origem e atuam em outros países através da instalação de filiais, são classificadas como empresas transnacionais.. 53 Diante de um cenário de convergência mundial sem volta, surgem os blocos econômicos, coincidindo com esta mudança no papel exercido pelo Estado, que num primeiro momento, era tido como dificultador das relações internacionais. Dentro deste processo econômico, muitos países se juntaram com objetivo principal de aumentar as relações comerciais entre os membros. Estes blocos se fortalecem cada vez mais e já se relacionam entre si. Desta forma, cada país, ao fazer parte de um bloco econômico, consegue mais força nas relações comerciais internacionais. Em tese, o comércio entre os países constituintes de um bloco econômico aumenta e gera crescimento econômico. Geralmente estes blocos são formados por países vizinhos ou que possuam afinidades culturais ou comerciais. Esta é a nova tendência mundial, pois cada vez mais o comércio entre blocos econômicos cresce. Ficar de fora de um bloco econômico é viver isolado do mundo comercial. A formação destas organizações supranacionais fez com que o estado passasse a garantir a paz e o crescimento em períodos de grave crise econômica. Assim, a iniciativa de maior sucesso até hoje foi a experiência vivida pelos europeus. Os blocos econômicos classificam-se em: • Zona de livre comércio • União aduaneira • Mercado comum • União econômica e monetária • Zona de preferência tarifária Veremos a seguir um breve relato dos principais blocos econômicos da atualidade e suas características. 54 4.2.1 UNIÃO EUROPEIA A União Europeia ( UE ) foi oficializada no ano de 1993, através do Tratado de Maastricht. Este bloco é formado por 27 países, dentre eles alguns destaques são: Alemanha, França, Reino Unido, Irlanda, Holanda(Países Baixos), Bélgica, Dinamarca, Itália, Espanha, Portugal, Luxemburgo, Grécia, Áustria, Finlândia e Suécia. Alguns países, apesar de preencherem as condições de adesão à UE – Noruega e Suiça - não fazem parte porque a opinião pública destes países não é favorável à respectiva integração. Outro fato interessante seria a possível adesão da Russia à UE, pois isso acarretaria desequilíbrios inaceitáveis em termos políticos e também geográficos. Este bloco possui uma moeda única que é o EURO – iniciando sua circulação em 2002 - um sistema financeiro e bancário comum. Os cidadãos dos países membros são também cidadãos da União Europeia e, portanto, podem circular e estabelecer residência livremente pelos países da União Europeia. 55 A União Europeia também possui políticas trabalhistas, de defesa, de combate ao crime e de imigração em comum. A UE possui os seguintes órgãos : Comissão Europeia, Parlamento Europeu e Conselho de Ministros. 4.2.2 NAFTA O Nafta (North America Free Trade Agreement), ou Tratado Norte- Americano de Livre Comércio, foi criado em 1993 e teve início a partir de um acordo estabelecido entre três países da América do Norte: Estados Unidos, México e Canadá. Um dos principais motivos da criação desse bloco econômico foi fazer frente à União Europeia, tendo em vista que essa tem alcançado um grande êxito no cenário mundial. A diferença entre ambos é que o NAFTA não visa à integração total entre seus países membros como na UE onde as pessoas nascidas em qualquer dos países membros são consideradas “cidadãos da União Européia” podendo trafegar e estabelecer residência em qualquer um dos outros países sem nenhuma restrição, além de adotar um sistema bancário e financeiro comuns. O NAFTA visa apenas à criação de uma área de livre comércio entre esses países, o que restringiria a atuação do bloco ao setor comercial. Mesmo a criação dessa área de comércio livre ainda não foi concluída. Embora o NAFTA tenha posto fim às barreiras alfandegárias entre os três países e criado regras e proteção comerciais em comum, além de padrões e leis financeiras iguais para EUA, Canadá e México, ainda não são todas as mercadorias que receberam redução de tarifas. Isso se deve à insegurança que os três países ainda têm em relação a algumas conseqüências do tratado. 56 Existe um grande desnível entre as economias de seus membros, tendo em vista que os Estados Unidos é a maior economia mundial. O Canadá, mesmo aparecendo como um dos principais países do mundo em economia, qualidade de vida, entre outros quesitos, é uma nação que depende muito dos recursos financeiros oriundos dos Estados Unidos. Já o México, considerado uma economia emergente, foi convidado para fazer parte desse bloco econômicopelo fato de seus habitantes serem consumidores assíduos dos produtos canadenses e norte-americanos. Desse modo, o México foi inserido nesse bloco simplesmente porque possui um enorme mercado consumidor, é detentor de uma grande jazida de petróleo, recurso indispensável para Estados Unidos e Canadá, além de ser fornecedor de mão de obra barata. Estados Unidos e México estabeleceram uma parceria, e os norte- americanos realizaram investimentos em território mexicano almejando aumento de postos de trabalho no país. A partir disso, pretende-se que a incidência de entrada de mexicanos nos Estados Unidos de maneira ilegal diminua. Embora pareça ser uma preocupação unicamente social, essa iniciativa visa também produzir mercadorias em território mexicano com baixos custos, com o objetivo de abastecer o mercado norte-americano, especialmente no setor têxtil. A população do México, o menos desenvolvido economicamente dos três países, teme que a consolidação do NAFTA gere desemprego entre a população devido à automação das indústrias locais que contam ainda com pouca tecnologia, se comparada às dos EUA e Canadá. Outro temor da população mexicana se refere à possibilidade de falência das indústrias locais que não poderiam concorrer, com as bem maiores, indústrias norte- americanas. Os Estados Unidos têm um grande desejo de expandir a atuação desse bloco econômico e superar a União Europeia. Diante disso, o Chile foi convidado a fazer parte do Nafta em 1994. Apesar da vontade de expandir o bloco, existem barreiras dentro do governo norte-americano e fora dele também. O Congresso norte-americano teme que com a entrada de outros 57 países, os Estados Unidos se tornem “responsáveis” por eles em caso de uma crise, por exemplo. Nos EUA e no Canadá também há receio quanto ao aumento do desemprego. Nestes países, teme-se que as indústrias se transfiram para o México em busca de mão-de-obra mais barata. Contudo, o NAFTA apresenta um grande potencial desde que o Canadá e EUA não “engulam” a economia mexicana. Juntos os três países respondem por um mercado de cerca de 380 milhões de pessoas. 4.2.3 MERCOSUL O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi criado em março de 1991, com assinatura do Tratado de Assunção. Atualmente (2014), os países componentes são: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela ( incorporada em 31.07.2012). A formação do bloco, no entanto, tem seus embriões no final da Segunda Guerra Mundial, "quando os países da América Latina tentaram agilizar um processo econômico que implicasse a sua industrialização" Essas tentativas resultaram, inicialmente, na formação da Associação Latino-Americana de Livre-Comércio (ALALC), em 1960, cujo objetivo era eliminar as barreiras alfandegárias entre as nações participantes para incentivar e fortalecer a industrialização e a integração entre elas. Mas em 58 1980, percebeu-se que ainda se estava longe de alcançar as metas propostas, e a conclusão foi a de que, considerando a assimetria entre os países, os mais desenvolvidos, como Brasil e Argentina, levariam mais vantagens sobre os outros. Assim, em agosto daquele mesmo ano, a ALALC foi substituída pela Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), que estabeleceu um novo ordenamento jurídico-operacional para dar continuidade ao processo iniciado com o Tratado de Montevidéu de 1960. Mais do que pensar em multilateralismo, levou-se em conta a possibilidade de haver integrações sub- regionais e com bilateralismo. Com isso, Brasil e Argentina passaram a pensar em um processo de integração não apenas em relação às barreiras alfandegárias entre eles, mas também para terceiros, ou seja, mais que estabelecer uma área de livre-comércio, a ideia seria criar uma união aduaneira. Com essa proposta, ambos os países viram vantagens em incluir outros membros do Cone Sul, e então se deu a entrada de Uruguai e Paraguai. Do ponto de vista global, um fator que também contribuiu para a formação do Mercosul foi o fim da Guerra Fria, marcado pela queda do muro de Berlim e pelo colapso da União Soviética . O início dos anos 90 foi um período de grande efervescência e otimismo com a nova ordem mundial que se anunciava. O pensamento era de que a integração dos mercados traria maior crescimento econômico e desenvolvimento social, e a formação de blocos era a melhor resposta dos países e regiões. 4.2.4 G-8 59 O que é O G-8 (Grupo dos 8) é um grupo internacional formado pelos sete países mais desenvolvidos e industrializados do mundo, com a participação adicional da Rússia. A União Europeia também é representada nos encontros anuais do grupo. O embrião do G8 foi criado em 1975. As reuniões do G-8 visam encontros sem burocratização, num caráter mais informal. Desta forma, não há regulamento interno. A organização dos encontros é de responsabilidade do país membro que está sediando. Nos últimos anos sempre que acontece esse encontro, ocorre simultaneamente uma série de manifestações lideradas, não por pessoas originadas de países pobres, mas por pessoas de países desenvolvidos que não admitem o aumento da desigualdade social, econômica e da globalização. Países membros: Estados Unidos – Japão – Alemanha - Reino Unido - França - Itália – Canadá e Rússia Principais objetivos do G-8 • Discutir as mudanças econômicas e democráticas que ocorrem no mundo; • Debater as questões climáticas, principalmente o aquecimento global; • Possibilitar a criação de regras comerciais internacionais, possibilitando maior integração econômica mundial; • Analisar e propor soluções para os grandes problemas sociais mundiais; • Discutir problemas relacionados a segurança internacional, conflitos e também questões militares; NOTA: Desde 24 de Março de 2014, a Rússia foi indefinidamente suspensa do G 8. Tal fato se deve à anexação da Crimeia pela Rússia, 60 anteriormente parte da Ucrânia. O ato de agressão militar foi amplamente condenado nos círculos diplomáticos internacionais. A Rússia se junta agora a uma série de outras potências econômicas globais que não são incluídas no G8. Brasil, Índia, China, México e África do Sul são frequentemente convidados para as reuniões do G8 como observadores. 4.2.5 G – 20 O que é O G-20 é um fórum informal que promove debate aberto e construtivo entre países industrializados e emergentes sobre assuntos-chave relacionados à estabilidade econômica global. O G-20 apoia o crescimento e o desenvolvimento mundial por meio do fortalecimento da arquitetura financeira internacional e via oportunidades de diálogo sobre políticas nacionais, cooperação internacional e instituições econômico-financeiras internacionais. Criado em resposta às crises financeiras do final dos anos 90, o G-20 reflete mais adequadamente a diversidade de interesses das economias industrializadas e emergentes, possuindo assim maior representatividade e legitimidade. O Grupo conta com a participação de Chefes de Estado, Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais de 19 países: África do Sul, 61 Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. A União Europeia também faz parte do Grupo, representada pela presidência rotativa do Conselho da União Europeia e pelo Banco Central Europeu. Ainda, para garantir o trabalho simultâneo com instituições internacionais, o Diretor-Gerente do FundoMonetário Internacional (FMI) e o Presidente do Banco Mundial também participam ex-officio das reuniões. Desde o advento da última crise, o G-20 passou também a trabalhar em iniciativas diversas com outros organismos. Diferentemente de organizações internacionais como o FMI e o Banco Mundial, o G-20 não tem pessoal permanente. A presidência do Grupo é anual e rotativa entre os membros, sendo o país presidente incumbido de estabelecer um secretariado provisório durante sua gestão. O Brasil foi presidente do G-20 em 2008. No ano de 2013, a presidência do Grupo foi passada à Rússia. Em seu programa de trabalho, os russos pretendem dar prioridade às seguintes áreas: arcabouço para um crescimento forte, sustentável e equilibrado; emprego; reforma da arquitetura financeira internacional; fortalecimento da regulação financeira; sustentabilidade energética; desenvolvimento para todos; aprimoramento do comércio multilateral; e combate à corrupção. Em 2014, a Rússia passará a coordenação do G-20 à Austrália. Principais objetivos do G20 • Favorecimento de negociações econômicas internacionais; • Debates sobre políticas globais para promover o desenvolvimento econômico mundial de forma sustentável; • Discussão de regras comuns para a flexibilização do mercado de trabalho; • Criação de mecanismos voltados para a desregulamentação econômica; • Criação de formas para liberação do comércio mundial. 62 Outros Blocos ou agrupamentos econômicos são: � PACTO ANDINO - COMUNIDADE ANDINA DE NAÇÕES � APEC � ALCA 4.3 O BRASIL E A GLOBALIZAÇÃO Por ser um país integrado a economia mundial capitalista e com conexões culturais com diversos países do mundo, o Brasil está participando atividade do mundo globalizado. 4.3.1 Economia brasileira e a globalização O Brasil possui uma economia aberta ao mercado internacional, ou seja, nosso país vende e compra produtos de diversos tipos para diversas nações. Fazer parte da globalização econômica apresenta vantagens e desvantagens. Uma vantagem é o acesso aos produtos internacionais, muitas vezes mais baratos ou melhores do que os fabricados no Brasil. Por outro lado, estes produtos, muitas vezes, entram no mercado brasileiro com preços muitos baixos, provocando uma competição injusta com os produtos nacionais e levando empresas à falência e gerando desemprego em nosso país. Isso vem ocorrendo atualmente com a grande quantidade de produtos chineses (brinquedos, calçados, tecidos, eletrônicos) que entram no Brasil com preços muito baixos. Outra questão importante no aspecto econômico é a integração do Brasil no mercado financeiro internacional. Investidores estrangeiros passam a investir no Brasil, principalmente através da Bolsa de Valores, trazendo capitais para o país. Porém, quando ocorre uma crise mundial, o Brasil é diretamente 63 afetado, pois tem sua economia muito ligada ao mundo financeiro internacional. É muito comum, em momentos de crise econômica mundial, os investidores estrangeiros retirarem dinheiro do Brasil, provocando queda nos valores das ações e diminuição de capitais para investimentos. 4.3.2 Cultura brasileira e globalização No aspecto cultural os pontos são mais positivos do que negativos. Com a globalização, os brasileiros podem ter acesso ao que ocorre no mundo das artes, cinema, música, etc. Através da televisão, internet, rádio, cinema e intercâmbios culturais, podemos ficar conectados ao mundo cultural internacional. Conhecimentos científicos, artísticos e tecnológicos chegam ao Brasil e tornam nossa cultura mais dinâmica e completa. Por outro lado, a cultura brasileira sofre com essa influência musical e comportamental maciça, principalmente originária dos Estados Unidos. As músicas, os seriados e os filmes da indústria cultural norte-americana vão espalhando comportamentos e gostos que acabam diminuindo, principalmente entre os jovens, o interesse pela cultura brasileira. 4.4 Aspectos positivos da globalização 4.4.1 Aspectos econômicos - Numa economia globalizada as empresas podem diminuir os custos de produção de seus produtos, pois buscam em várias partes do mundo as melhores condições de produção. Algumas empresas chegam a fabricar em produto em várias etapas em vários países. Uma empresa de computadores pode, por exemplo, fabricar componentes eletrônicos no Japão, teclados e mouse na China, as partes plásticas na Índia e oferecer assistência técnica através do Brasil. Com este sistema de produção globalizado, o preço final do produto fica mais barato para o consumidor final, pois os custos de produção puderam ser reduzidos em cada etapa. 64 - Geração de empregos em países em desenvolvimento. Em busca de mão-de- obra barata e qualificada, muitas empresas abrem filiais em países emergentes (China, Índia, Brasil, África do Sul, entre outros), gerando empregos nestes países. 4.4.2 Aspectos científicos - A globalização faz circular de forma mais rápida e eficiente conhecimentos científicos e troca de experiências. Este aspecto faz com que ocorra de forma mais rápida e eficiente avanços nas áreas de Medicina, Genética, Biomedicina, Física, Química, etc. 4.4.3 Aspectos culturais - Com a globalização ocorreu um aumento do intercâmbio cultural entre pessoas de diversos países do mundo. Impulsionado pela Internet, este intercâmbio é importante para ampliar a visão de mundo das pessoas, que passam a conhecer e respeitar mais outras realidades culturais e sociais. - Com a globalização aumentou o interesse pela cultura, economia e política de outros países. Além de se sentirem integrantes de um país, muitas pessoas sentem que são cidadãos do mundo, desenvolvendo um grande interesse pelos diversos aspectos da vida de outras nações. Com os sistemas de informações atuais, principalmente Internet, este aspecto ganhou um grande avanço nos últimos anos. 4.5 Aspectos negativos da globalização - Uma dos principais aspectos negativos da globalização é a forte contaminação de vários países em caso de crise econômica em um país ou bloco econômico de grande importância. O exemplo mais claro desta situação é a crise econômica de 2008 ocorrida nos Estados Unidos. Rapidamente ela se espalhou pelos quatro cantos do mundo, gerando desemprego, falta de crédito nos mercados, queda abrupta em bolsas de valores, falências de empresas, 65 diminuição de investimentos e muita desconfiança. O mesmo aconteceu em 2011 com a crise econômica na Europa. - A globalização favorece a transferência de empresas e empregos. Países que oferecerem boas condições (mão-de-obra barata e qualificada, baixa carga de impostos, matéria-prima barata, etc.), costumam atrair empresas que saem de países onde o custo de produção é alto. Este fato acaba ocasionando desemprego, principalmente, nos países mais desenvolvidos. Um bom exemplo é o que está ocorrendo na Europa desde o início do século XX. Muitas empresas transferiram suas bases de produção para países como China, Índia, Cingapura, Taiwan, Malásia, etc. - A globalização pode provocar distorções cambiais, principalmente alta valorização de moedas locais de países em desenvolvimento. Quando os Estados Unidos colocam no mercado uma grande quantidade de dólar, por exemplo, grande parcela deste volume acaba em países emergentes, valorizando a moeda local. Este fato acaba favorecendo as importações e desfavorecendo as exportações das empresas destes países emergentes. O Brasil, por exemplo, tem sofrido com a alta valorização do Real nos últimos anos, desde que os bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa despejaram no mercado elevadíssimos volumes
Compartilhar