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ECONOMIA POLÍTICA 
INTERNACIONAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Eric Gil Dantas 
 
 
 
 
2 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Meu nome é Eric Gil Dantas, e acompanharei vocês nesta disciplina 
de Economia Política Internacional (EPI). Primeiramente discutiremos o que é, 
afinal de contas, a EPI. Como este é um campo de estudos recente, é preciso 
que tenhamos isto bem claro. 
Em seguida discutiremos um conceito fundamental na nossa disciplina: a 
Ordem Econômica Internacional. Ela guiará as análises mais macro de nossa 
disciplina, e em seguida falaremos das características destas ordens. 
Por fim, analisaremos a transição entre as duas últimas ordens: a de 
Bretton Woods e a da Globalização Financeira. Ao final desta explanação 
esperamos que já tenham uma noção básica da serventia da EPI como uma 
ferramenta analítica para estudos tanto de Política quanto de Economia. 
Bons estudos! 
 
TEMA 1 – O QUE SERIA A ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL? 
“É a existência paralela e a interação recíproca do Estado e do mercado 
que cria, no mundo, a "economia política"; sem o Estado e o mercado essa 
disciplina não existiria” (Gilpin, 2002, p. 26). Esta é a maneira como um dos 
principais teóricos da área, Robert Gilpin, inicia seu livro A Economia Política das 
Relações Internacionais. A EPI deve ser entendida como uma área que liga 
Economia, Ciência Política e Relações Internacionais, estudando poder e 
riqueza, Estados e mercados, política e moeda. Surgida na década de 1970, 
tendo como um de seus marcos fundacionais o artigo de Susan Stange 
“International economics and international relations: a case of mutual neglect,”, 
como uma derivação das teorias das Relações Internacionais, esta área tem 
crescido mundialmente, no entanto, no Brasil ainda se encontra relativamente 
limitada. 
Novamente citando Robert Gilpin, o principal objeto de estudo da 
Economia Política Internacional é “o impacto da economia mundial de mercado 
sobre as relações dos Estados e as formas pelas quais os Estados procuram 
influenciar as forças de mercado para a sua própria vantagem” (Gilpin, 1987, p. 
24). 
 
 
3 
Vários são os atores na arena internacional: o Estado, Organizações 
Internacionais (OIs), as Organizações Não Governamentais (ONGs), as 
Empresas Transnacionais (ETs) etc. 
 
TEMA 2 – A EPI E AS ORDENS ECONÔMICAS 
O sistema internacional é caracterizado como anárquico. Diferentemente 
do caso de uma nação, que tem um Estado que detém “o monopólio legítimo da 
força” e é responsável por organizar o país, internacionalmente a ordem e 
dinâmica de funcionamento são reflexos das interligações entre os vários atores 
dentro do cenário internacional. Estes atores podem ser estatais ou não estatais, 
tais como as Organizações Internacionais (OIs), Organizações Não 
Governamentais (ONGs), Empresas Transnacionais (ETs), e todos os grupos ou 
indivíduos que atuam e afetam o sistema internacional, como os movimentos 
sociais, os grupos vinculados a crimes internacionais – como as máfias de 
drogas e do tráfico de armas etc. (SEITENFUS, 2004). 
No entanto, existe algo que rege tudo isto, e um conceito fundamental 
para isto é a de Ordem Econômica Internacional (OEI). Como diz Eiti Sato em 
seu livro “Economia e Política das Relações Internacionais", “quando se fala de 
ordem econômica internacional, tem-se em mente que as transações 
econômicas levadas a efeito entre agentes situados em diferentes países 
obedecem alguma forma de ordenamento social, isto é, essas transações não 
são neutras e aleatórias, mas atendem a interesses e visões de ganhos que vão 
além de resultados imediatos e meramente econômicos” (Sato, 2012, p. 23). 
São três as Ordens Econômicas Internacionais que percorreram nossa 
história: o padrão ouro-libra, Bretton Woods e a globalização financeira. 
Obviamente ao passarmos para a análise da realidade concreta, não podemos 
simplesmente transferir de forma mecânica este conceito, pois ainda pode haver 
tanto elementos de ordens anteriores à atual, quanto elementos de uma futura 
nova ordem. 
 
TEMA 3 – CONCEITUANDO A ORDEM ECONÔMICA INTERNACIONAL 
Segundo Sato (2012), OEIs são compostas por práticas e instituições 
(formais ou informais) que configuram as transações econômicas no âmbito 
internacional. A existência desta ordem mostra que os eventos ocorridos nas 
relações exteriores não são frutos da aleatoriedade. 
 
 
4 
A Ordem Econômica Internacional é composta tanto por elementos 
materiais e tangíveis, quanto por elementos não tangíveis. Os componentes 
tangíveis seriam os regimes monetários, comerciais e financeiros internacionais 
que configuram uma ordem econômica internacional num determinado 
momento. Já os elementos não tangíveis seriam materializados na distribuição 
de riqueza e poder na esfera internacional, ou seja, esta distribuição de poder e 
riqueza entre os países é orientada pelo tipo de ordem internacional que impera 
em dado momento. 
 
TEMA 4 – A TRANSIÇÃO DA NOVA ORDEM ECONÔMICA INTERNACIONAL 
(O FIM DE BRETTON WOODS) 
Mudanças na OEI refletem na atividade econômica, afetando de forma 
desigual diversas nações que passam a ter seu espaço ampliado ou reduzido 
dentro da nova ordem econômica. Desta maneira, mudanças significativas nos 
elementos intangíveis geram transformações numa dada OEI, havendo a 
necessidade de uma reconfiguração da economia política internacional, de forma 
a garantir a acomodação de interesses de novos atores relevantes. Neste tema 
trataremos sobre Bretton Woods e transições de ordens. 
Em 1944, uma série de países se reuniram em Bretton Woods, New 
Hampshire (EUA), para estabelecer a primeira ordem econômica negociada. 
Com entidades como o Banco Internacional para a Reconstrução e 
Desenvolvimento (BIRD, depois denominado apenas de Banco Mundial) e o 
Fundo Monetário Internacional (FMI) a intenção dos EUA e dos outros países 
era manter uma certa paridade cambial e garantir a conversibilidade do dólar em 
ouro. 
No entanto, em 1971, Richard Nixon, então presidente dos EUA, quebra 
este padrão-ouro, o que deu abertura a um processo de transição para uma nova 
ordem econômica internacional: a globalização financeira. 
 
TEMA 5 – A GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA 
Após o término unilateral por parte dos EUA do cumprimento do acordo 
de Bretton Woods, houve um período de desregulação da economia 
internacional. Com o avanço das empresas transnacionais e com um grande 
fortalecimento do sistema financeiro internacional, há o fortalecimento desta 
nova Ordem Econômica Internacional, denominada de Globalização Financeira. 
 
 
5 
O fim desta transição se deu nos anos 1990, quando a política neoliberal (que é 
a predominante) é implementada não só em países desenvolvidos, mas também 
em subdesenvolvidos. O neoliberalismo, a ideologia predominante nesta nova 
OEI é marcado pela diminuição do Estado e pela desregulamentação financeira. 
Utilizando-se do conceito Ordem Econômica Internacional (Sato, 2012), 
visto anteriormente, podemos caracterizar este período com as seguintes 
observações: (i) no regime monetário, com o fim da conversão do dólar em ouro, 
predomina um sistema instável, conhecido como padrão dólar flexível, um 
padrão monetário no qual o dólar continua sendo a moeda referência do sistema 
de pagamentos internacionais, embora concorrendo com arranjos alternativos 
(Euro, Iene etc.); e (ii) no regime comercial, a substituição do Acordo Geral sobre 
Tarifas e Comércio (GATT) pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em 
1995, parece ter dado uma base verdadeiramente multilateral e organizada ao 
sistema de comércio internacional, buscando liberalizar o comércio de acordo 
com regras multilaterais preestabelecidas, promovendo a harmonização das 
regras comerciais. 
 
NA PRÁTICA 
A Política não pode ser compreendida sem a Economia, e vice-versa. A 
partir da EPI podemos analisar como se dá o desenvolvimentode certos países, 
entendendo até que ponto, por exemplo, o desenvolvimento brasileiro está 
conectado com uma nova Ordem Econômica Internacional, a Globalização 
Financeira. 
 
FINALIZANDO 
Vimos primeiro o que é a Economia Política Internacional. Entender o 
campo que estudaremos é fundamental para não confundirmos conceitos e 
objetos de estudo, principalmente quando nos referimos a áreas relativamente 
novas, como é o nosso caso. 
Além disto, estudamos um conceito fundamental para nossa matéria, o de 
Ordem Econômica Internacional. Com este conceito podemos classificar em que 
período vivemos, e quais são as instituições e normas que regem esta 
sociedade. 
Por fim, vimos rapidamente sobre as duas últimas ordens, a de Bretton 
Woods e a da Globalização Financeira, a qual vivemos desde a década de 1990, 
 
 
6 
quando também houve a expansão do neoliberalismo para países 
subdesenvolvidos, como o Brasil e o restante da América Latina. 
 
Conteúdo complementar 
Assista ao vídeo Economia Política Internacional, com os professores Mauricio 
Metri (UFRJ) e Raphael Padula (UFRJ). Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=KGd84HZU_Nw>. Acesso em: 06 fev. 
2017. 
 
 
REFERÊNCIAS 
GILPIN, R. A economia política das relações internacionais. Brasília: Ed. da 
Universidade de Brasília, 2002. 
GONÇALVES, R. Economia política internacional: fundamentos teóricos e as 
relações internacionais do brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 
SATO, E. Economia e política das relações internacionais. Belo Horizonte: 
Fino Traço Editora, 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECONOMIA POLÍTICA 
INTERNACIONAL 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Eric Gil Dantas 
 
 
2 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Na aula de hoje trataremos sobre as Contas Nacionais. Todas as nações 
contabilizam seus grandes números econômicos, os chamados agregados 
macroeconômicos. São variáveis como PIB, inflação, consumo, investimento e 
tantos outros. Em Economia, a disciplina que se preocupa com este tema é a 
Contabilidade Social. Então veremos conceitos básicos desta área. 
No primeiro tema veremos o que é, grosso modo, o Sistema de Contas 
Nacionais. No segundo veremos alguns dos seus conceitos básicos, o que nos 
permitirá entrar no tema 3, no qual poderemos manipulá-los logicamente 
(matematicamente) para pensarmos que variáveis influenciam quais – o que 
aumenta o valor do produto? O que aumenta o déficit comercial? Já no tema 
seguinte veremos os problemas de agregação destes números, e com que 
devemos nos preocupar ao agregar estas variáveis macroeconômicas. Por fim, 
no último tema veremos algumas aplicações e como deflacionarmos o PIB e criar 
números índices da Economia. 
Bons estudos! 
 
TEMA 1 – O QUE SÃO AS CONTAS NACIONAIS? 
Há uma disciplina na Economia denominada Contabilidade Social que 
ensina aos estudantes quais são e como se calcula, sem entrar em detalhes, as 
variáveis macroeconômicas, tais como o Produto, Renda, Despesa, Poupança e 
Investimento. Ela constitui a base de mensuração dos resultados econômicos de 
um país, de forma agregada. Estes cálculos denominaremos de Sistema de 
Contas Nacionais (SCN), pois, além de tratar de agregados nacionais, é um 
sistema aplicável também a outras nações, o que permite análises comparativas. 
Em cada país há um órgão oficial é responsável por tal tarefa; no Brasil, essas 
contas ficam a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 
O objetivo do SCN é basicamente o de responder àquelas perguntas 
econômicas mais básicas: quanto esse país produz? Quanto ele consome? 
Quanto de seu produto é investido? Como se financia o seu investimento etc. 
O SCN da maioria dos países é um sistema estabelecido pela 
Organização das Nações Unidas (ONU), o System of National Accounts (SNA). 
 
 
3 
 
TEMA 2 – CONCEITOS BÁSICOS 
 Os conceitos básicos da Contabilidade Nacional são: 
1. Produto: em valores monetários (todos os conceitos a seguir também 
serão em valores monetários), é a soma da produção de bens e serviços 
em um determinado espaço de tempo. 
2. Renda: é a somatória da remuneração dos fatores de produção (terra, 
trabalho e capital). 
3. Consumo: é a somatória de bens e serviços consumidos pelos 
indivíduos, famílias e governo. 
4. Poupança: é a somatória da renda que não foi consumida, ou seja, o que 
os indivíduos, famílias e governo pouparam. 
5. Investimento: corresponde à aquisição e reposição de máquinas, 
equipamentos e insumos destinados à ampliação da capacidade 
produtiva para os períodos seguintes. 
6. Absorção: é a somatória do Consumo e do Investimento, 
correspondendo aos bens e serviços que uma economia absorve num 
dado período de referência de tempo. 
7. Despesa: corresponde à soma de consumo mais investimento mais 
exportações menos importações (saldo em transações correntes). 
 
TEMA 3 – IDENTIDADES DAS CONTAS NACIONAIS 
Neste tema trataremos, com base nos conceitos apresentados 
anteriormente, como uma economia (tanto aberta para o comércio exterior, 
quanto fechada) funciona por meio de demonstrações matemáticas de 
identidades fundamentais das contas nacionais. 
Utilizando-se de equações (apresentadas no livro básico e na aula) 
poderemos concluir como é determinado o produto de uma economia ou como 
o nível de absorção externa modifica este produto. 
 
TEMA 4 – DEFINIÇÕES AGREGADAS 
Quando falamos de um produto agregado é importante dizer que não é 
simplesmente a somatória de todos os bens e serviços produzidos e ofertados 
no ano – pois se assim fosse estaríamos o sobrevalorizando, já que alguns 
 
 
4 
produtos servem de insumo para outros. Este valor que multiplicamos 
quantidade e preço é o Valor Bruto da Produção (VBP), mas para as Contas 
Nacionais o que mais nos interessa é o Valor Adicionado (VA), que considera 
apenas o valor novo criado, sem cair em recontagens. 
Com isto, podemos calcular variáveis fundamentais para o entendimento 
da macroeconomia, tal como Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional 
Bruto (PNB). O primeiro pode ser conceituado como a somatória de todas as 
riquezas produzidas em um determinado país, já o segundo é o produto gerado 
por nacionais, ou seja, dentro e também fora das fronteiras do país, por meio de 
filiais de multinacionais domésticas atuando no exterior. 
 
TEMA 5 – TRABALHANDO COM AS CONTAS NACIONAIS 
Há muitos pormenores nas Contas Nacionais, por isto é importante que 
nos atentemos aos detalhes. Para que não confundamos crescimento 
econômico com inflação, o produto pode ser calculado tanto em termos nominais 
quanto em termos reais. O primeiro é quanto da variação é por subida (ou 
descida) de preços, uma variação de quanto, em Reais, equivale o total do PIB 
brasileiro. No entanto, isto não quer dizer que a quantidade do produto também 
subiu, isto só pode ser feito se descontarmos a inflação, ou seja, se calcularmos 
sua real variação. 
Em uma série histórica do PIB, podemos utilizar o chamado deflator 
implícito do produto, que é uma medida da variação média dos preços de um 
período em relação à média dos preços de outro período (anterior). 
 
NA PRÁTICA 
É fundamental para a Economia Política Internacional que conheçamos o 
básico das Contas Nacionais. Dados como produção, renda, consumo, 
exportação, importação e tantos outros agregados macroeconômicos são uma 
ferramenta essencial para a análise dos Estados e de suas relações 
internacionais, pois, como vimos, poder econômico e político estão entrelaçados. 
É instrutivo que os alunos entrem no site do IBGE e confiram alguns dos 
principais agregados macroeconômicos do Brasil. 
 
 
5 
 
SÍNTESE 
Vimos primeiramente o que são as Contas Nacionais e o Sistema 
Nacional de Contas, o que é fundamental para conhecermos as relações 
econômicas entre os Estados nações. 
Em seguida vimos os conceitos básicos das CN, e o que é Produto, 
Renda, Poupança,Investimento, Absorção e Despesa. Com estes conceitos 
pudemos, no terceiro tema, trabalhar com identidades matemáticas, 
manipulando equações para entendermos os impactos das variações destes 
conceitos dentro da economia, tanto quando falamos de uma economia fechada, 
quanto uma aberta. 
Por fim conhecemos mais alguns conceitos muito importantes da 
Economia, como o PIB e o PNB, calculados dentro deste sistema. Além do mais 
vimos como solucionar alguns problemas de agregação destes números, como 
o Valor Adicionado e como lidar com a inflação na hora de contabilizar o 
crescimento do PIB. 
 
Conteúdo complementar 
Assista ao vídeo Série IBGE Explica. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/channel/UCvvMwDTf_LG68j83N-esY-A>. Acesso 
em: 06 fev. 2017. 
 
REFERÊNCIAS 
FEIJO, C. M.; RAMOS, R. L. O. (org.). Contabilidade social: a nova referência 
das contas nacionais do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2013 
IBGE. Sistema de contas nacionais: Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: 
IBGE/Coordenação de Contas Nacionais (Série Relatórios Metodológicos, v. 24), 
2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECONOMIA POLÍTICA 
INTERNACIONAL 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Eric Gil Dantas 
 
 
 
 
2 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula estudaremos o que é o Balanço de Pagamentos (BP), como é 
sua estrutura e qual sua influência na economia de um determinado país, 
utilizando sempre como exemplo a economia brasileira. 
No primeiro tema veremos o conceito de BP e quais são as três contas 
em que ele se divide. No segundo, veremos o que são cada uma destas contas. 
No terceiro tema discutiremos especificamente as contas Capital e Financeira, 
analisando os motivos que as levam a serem superavitárias ou deficitárias. Já 
no quarto tema veremos alguns conceitos contábeis e o que mudou no BP 
brasileiro com a utilização do manual produzido pelo FMI. Por fim, veremos 
exemplos de desequilíbrios nestas contas, e quando isto é saudável – ou não – 
para a economia. 
 
TEMA 1 – O QUE É O BALANÇO DE PAGAMENTOS? 
Segundo Feijo & Ramos (2004), “O balanço de pagamentos é o registro 
contábil de todas as transações econômicas entre um país e o resto do mundo 
durante um determinado intervalo de tempo. Em economia aplicada, o balanço 
de pagamentos é normalmente utilizado para analisar o estado das finanças 
internacionais de um país, uma vez que um saldo negativo em uma determinada 
conta significa que os pagamentos para o exterior superarão as receitas vindas 
do exterior naquele tipo de transação” (p. 130). 
O balanço de pagamentos é estruturado em quatro grandes contas: (i) 
transações correntes; (ii) conta capital e financeira; (iii) erros e omissões; e (iv) 
variação de reservas. 
Assim como o restante das contas nacionais, o BP também segue uma 
metodologia internacional. O órgão responsável por publicar este balanço é o 
Banco Central do Brasil (BCB). 
 
TEMA 2 – O QUE SÃO ESTAS CONTAS? 
É essencial que entendamos cada ponto deste balanço. A estrutura do BP 
pode ser visualizada no quadro a seguir. 
 
 
 
3 
Quadro 1: Balanço de Pagamentos – Estrutura 
A – Balança comercial (bens) e Serviços 
B – Balanço de rendas e transferências 
C – Saldo em Transações Correntes = A + B 
D – Conta capital 
E – Conta financeira 
F – Saldo do Balanço de Capitais e Conta Financeira = D + E 
G – Erros e omissões 
H – Saldo do BP = C + F + G 
 
As Transações Correntes envolvem as transações em bens e serviços 
entre residentes e não residentes. Como pode ser visto no quadro, ela é a 
somatória da Balança Comercial e Serviços com a de Rendas e Transferências. 
Ela “registra o comércio de bens e serviços, os pagamentos e recebimentos de 
rendas de capital e trabalho, e as transferências unilaterais de renda entre o país 
e o resto do mundo” (Feijó & Ramos, 2004, p. 131). Já as Contas Capital e 
Financeira são a somatória entre as duas do mesmo nome. Veremos mais à 
frente o que cada uma delas é. Elas registram “as transferências unilaterais de 
ativos reais, ativos financeiros ou ativos intangíveis entre residentes e não 
residentes” e “todos os tipos de fluxos de capitais entre o país e o resto do 
mundo” (Feijo & Ramos, 2004, p. 131). 
 
TEMA 3 – ENTENDENDO A CONTA CAPITAL E FINANCEIRA 
A partir do fim de Bretton Woods, os países desenvolvidos abriram suas 
Contas de Capital e o processo de abertura financeira ganhou maior volume e 
dimensão com a globalização. Com isto, é de suma importância entendermos a 
relação entre as Contas Nacionais e o Balanço de Pagamentos. 
Lembremos a identidade contábil: 
produto = renda = demanda (gastos) 
 
Nisto, uma parte da renda gerada internamente é enviada ao exterior, da 
mesma forma que há um acréscimo de renda vinda do exterior, o que significa 
uma renda líquida enviada (YLE) ao exterior. 
 
 
 
4 
Lembrando que PIB – YLE = PNB, então temos que 
PNB = Gastos Internos, ocorre equilíbrio na conta corrente do BP 
PNB > Gastos Internos, ocorre superávit na conta corrente do BP 
PNB < Gastos Internos, ocorre déficit na conta corrente do BP 
 
Quando temos a situação de que os gastos internos ultrapassam o 
produto nacional (PNB < gastos internos), há um déficit em conta corrente do 
Balanço de Pagamentos. Mas de onde vem o dinheiro para financiar o “rombo”? 
O resto do mundo financia, com moeda internacional, o excesso de gastos dos 
residentes em relação à sua renda, o que é considerado como uma contribuição 
da poupança externa. 
São quatro as possibilidades de explicação deste financiamento: (i) 
financiamento pode ser uma contribuição da economia internacional para o 
desenvolvimento da economia brasileira, que é o caso da entrada de recursos 
externos para investimento, (ii) um empréstimo para financiar os gastos externos, 
no caso de financiamento de curto ou longo prazo por bancos internacionais, (iii) 
uma aposta internacional no crescimento, valorização e lucratividade das 
empresas, que é o caso de entrada de capitais para especulação em títulos e 
ações de empresas brasileiras, ou mesmo (iv) uma utilização da riqueza líquida 
da economia brasileira para pagar suas despesas externas imediatas, que é o 
caso da utilização das reservas internacionais. 
 
TEMA 4 – ALGUMAS NOÇÕES DE CONTABILIDADE PARA ENTENDER A 
CONTA DE CAPITAL E FINANCEIRA DO BP 
O BCB adota desde 2015 a metodologia recomendada pelo Fundo 
Monetário Internacional (FMI) na Sexta Edição do Manual de Balanço de 
Pagamentos e Posição do Investimento Internacional. Por isto, veremos algumas 
das modificações com base nesta nova metodologia. 
Houve a adoção do sistema de partidas dobradas e de metodologia da 
contabilidade, que faz de cada transação um lançamento em crédito em uma 
conta, e em débito em outra, ou vice-versa. Assim, um lançamento como crédito 
em item da conta corrente, terá um lançamento como débito na conta financeira. 
Agora o BP necessariamente tem que estar em equilíbrio. 
Um exemplo: 
 
 
 
5 
Quadro 2: Obtenção de empréstimo de US$ 600 mil 
Débito Crédito 
Conta Corrente 
Conta Financeira 
- Empréstimos 
Aumento do passivo externo 
 US$ 600 mil 
- Ativo de Reserva: 
Aumento de ativo: US$ 600 mil 
 
O Manual do FMI também recomenda que as economias nacionais 
apresentem a conta Posição do Investimento Internacional, utilizando-se dos 
conceitos contábeis de Ativo e Passivo em um balanço patrimonial. 
Vejamos outro exemplo. 
 
Quadro 3: Posição do Investimento Internacional da economia brasileira 
(versão estilizada) 
Ativo Externo Passivo Externo 
Investimento de empresas brasileiras no 
exterior 
Investimento direto de empresas 
estrangeiras no Brasil 
Investimento de brasileiros em carteira de 
ativos financeiros no exterior: 
 Ações 
 Títulos 
Investimentos de estrangeiros em carteira de 
ativos financeiros no Brasil: 
 Ações 
 Títulos 
Empréstimos para empresas estrangeiras Empréstimos de bancosestrangeiros para 
brasileiros 
Crédito comercial para empresas 
estrangeiras 
Crédito comercial de bancos estrangeiros 
para empresas brasileiras 
Ativos de reserva internacional 
 
Temos que considerar a conta Posição do Investimento Internacional 
como o balanço patrimonial dos residentes do Brasil com o exterior. 
 
TEMA 5 – DÉFICIT OU SUPERÁVIT NAS CONTAS CORRENTE E DE CAPITAL 
COMPENSADO COM SUPERÁVIT OU DÉFICIT NA CONTA FINANCEIRA 
É pouco provável que estas contas se encontrem equilibradas no curto 
prazo. O fundamental é que elas estejam em equilíbrio ao longo do tempo, em 
períodos de médio prazo. 
 
 
6 
Déficits temporários na conta corrente podem ser financiados por 
superávits na conta financeira. 
Por exemplo, caso haja um déficit na conta corrente por um excesso de 
importações, mas que seja de novas máquinas tecnologicamente mais 
avançadas, ou seja, um investimento tecnológico, mas feito fora do país, pode 
vir com retornos, a médio e longo prazo, de aumento da exportação (ou mesmo 
diminuição de importações, pois passou-se a produzir alguma mercadoria que 
antes era importada), o que possibilitaria pagar por um financiamento externo 
para este investimento. 
Outro exemplo é o de vulnerabilidade externa de economias. Se uma 
economia nacional financia seus déficits em conta corrente, que venham a ser 
fruto de gastos excessivos em consumo de importados, com superávit na conta 
financeira com empréstimos de curto prazo, isso poderá vir a causar problemas 
em futuro próximo. 
 
NA PRÁTICA 
Um dos conhecimentos fundamentais desta aula é entender como se lê e 
como se utiliza os dados sobre o setor externo brasileiro. Por isto, pedimos que 
você acesse o site do Banco Central do Brasil (http://www.bcb.gov.br/), procure 
a série histórica do Balanço de Pagamentos e monte seus próprios gráficos 
sobre a evolução das contas internacionais brasileiras nos últimos quatro anos. 
 
FINALIZANDO 
Vimos nesta aula que o Balanço de Pagamentos é o registro contábil de 
todas as transações econômicas entre um país e o resto do mundo. Estes 
números são essenciais para entendermos o comércio internacional deste dado 
país. 
Vimos também qual é a estrutura do BP e quais as contas que ela contém: 
Transações Correntes, a Conta de Capital e Financeira e os Erros e omissões. 
Conteúdo Complementar 
Assista ao vídeo “Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini comenta a 
redução no fluxo de balanço de pagamentos”, produzido pela TV Senado. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YALk8kg5P8c>. Acesso 
em: 06 fev. 2017. 
http://www.bcb.gov.br/
 
 
7 
 
REFERÊNCIAS 
FEIJO, C. M.; RAMOS, R. L. O. (org.). Contabilidade social: a nova referência 
das contas nacionais do Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. 
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Nota Metodológica nº 3: investimentos diretos 
e renda primária (lucros). 2015. 
IMF – INTERNATIONAL MONETARY FUND. Balance of payments and 
international investment position manual. 6. ed. Washington, D.C.: 
International Monetary Fund, 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECONOMIA POLÍTICA 
INTERNACIONAL 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Eric Gil Dantas 
 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula veremos alguns significados econômicos das Contas Capital 
e Financeira do Balanço de Pagamentos (BP). Para isto, rediscutiremos o que é 
cada uma delas especificamente. Em um segundo momento, discutiremos uma 
por uma as subcontas que compõe a Financeira. Além disso, veremos como a 
economia internacional influencia estes números. 
É de suma importância que agora entendamos, além dos conceitos 
contábeis, quais são as suas influências econômicas. 
 
TEMA 1 – A CONTA CAPITAL E A CONTA FINANCEIRA 
As contas capital e financeira registram os movimentos de recursos 
monetários referentes à riqueza de residentes de um país a serem aplicadas em 
outros países, à exceção da subconta Ativos de Reserva. Os capitais que são 
resultantes de poupança de um determinado país vão para outros geralmente à 
procura de valorização, a fim de ganhar renda por empréstimos e investimentos. 
Vejamos quais os significados econômicos nestas contas. 
A exceção fica com a Conta Capital. A sua especificidade é que agrega 
movimentações que não têm fins de valorização. Relativamente às outras, esta 
tem um peso pequeno no geral. Esta conta possui transações relacionadas 
principalmente a doações, principalmente entre governos nacionais, como é o 
caso da ajuda humanitária. Mas também estão nela as transações “compra e 
venda de ativos não financeiros e não produzidos”, sendo que, no caso brasileiro, 
seu principal item são as despesas e receitas relacionadas a passes de atletas. 
Já as subcontas da Conta Financeira registram os movimentos de capitais 
em busca de rentabilidade e valorização, seja em ativos produtivos, seja em 
ativos financeiros. 
 
TEMA 2 – OS INVESTIMENTOS DIRETOS 
Como dizem Feijo & Ramos (2004), “o investimento direto consiste em 
entradas e saídas de capital relacionadas à obtenção de um interesse 
‘duradouro’, por parte de um residente, em um negócio ou atividade residente 
em outra economia” (p. 137). O critério de interesse duradouro é o do Manual do 
 
 
3 
FMI, que já discutimos na aula anterior, e que define investimento direto como 
“negócios, de companhia abertas ou não, nos quais o investidor que é residente 
em outro país possui 10% ou mais das ações ordinárias ou do poder votante, no 
caso de companhias abertas, ou o equivalente, no caso de companhias 
fechadas” (FMI, 1993, p. 86, apud. Feijo & Ramos, 2004). 
As empresas são dinâmicas na sua procura por rentabilidade e 
valorização. Elas podem colocar seu capital em economias nacionais, sendo 
registrado como ingresso de recursos na economia hospedeira, assim como 
podem também retirar parte ou totalidade de seu capital para investir em outra 
economia, ou mesmo retornar à matriz. Por isto que na subconta de Investimento 
Direto há o registro de ingressos e saídas de capital e, por fim, o seu resultado 
líquido. São registradas as variações líquidas nos ativos e passivos externos da 
economia nacional. 
Uma economia para ser hospedeira deste investimento direto estrangeiro 
tem que ter condições de atração deste capital. Estas condições devem ser 
relacionadas tanto à estrutura de oferta – como ter infraestrutura para a 
instalação de novas fábricas e rodovias e portos, quanto de demanda – como 
um bom mercado interno. 
 
TEMA 3 – O INVESTIMENTO EM CARTEIRA 
Esta subconta registra a entrada e saída de capital externo aplicado em 
produtos financeiros, isto é, em ações, títulos e cotas de fundos de investimento. 
Tendo em vista o crescimento deste dinheiro na economia mundial, 
também houve o crescimento de um amplo, diversificado e altamente 
profissional sistema financeiro que capta a riqueza dos indivíduos e aplica 
buscando rentabilidade e valorização. Isto se deve à promessa, por parte das 
instituições financeiras, de que o dinheiro será bem aplicado e gerará valorização 
ao longo do tempo. Por isto, com o fenômeno da financeirização da riqueza, uma 
parcela crescente dos recursos dos indivíduos é alocada em produtos 
financeiros com expectativas de rentabilidade e valorização futuras. 
O desenvolvimento destas instituições financeiras promoveu um duplo 
fenômeno. De um lado, a financeirização da riqueza, isto é, incentivo para alocar 
boa parte da riqueza individual em produtos financeiros. A necessidade de 
acumular poupança para garantir uma aposentadoria, por exemplo, implicou que 
indivíduos façam planos de previdência ou depositem em fundos de previdência 
 
 
4 
e investimento para terem riqueza e renda no futuro, contribuiu para a 
financeirização da riqueza. 
De outro lado, houve a globalização financeira. A aplicação desta massa 
de recursos monetários procurando valorização não se restringiu aos mercadossecundários locais e nacionais. Se havia expectativa de valorização maior em 
mercados de outras economias nacionais, o capital especulativo aplicou nestes 
mercados. Esta ampliação dos mercados para aplicação do capital especulativo 
caracteriza a globalização financeira, vista na primeira aula. 
Neste contexto, emerge um importante tipo de instituição da globalização 
financeira: as agências de rating, ou seja, de classificação de risco, como a 
Standard & Poor's e a Fitch. 
Os itens da subconta Investimento em Carteira expressam os principais 
produtos financeiros do capital especulativo: (i) as ações, representadas no item 
‘Investimento em Ações’; (ii) as aplicações feitas em fundos de Previdência e 
Investimentos, subconta ‘Investimento em Fundos de Investimento; e (iii) os 
títulos com juros fixados, subconta ‘Títulos de Renda Fixa’. Quando os títulos 
são negociados por valores baseados em outros títulos, como é o caso de 
derivativos, é registrado na conta específica ‘Derivativos’. 
 
TEMA 4 – OUTROS INVESTIMENTOS 
O principal item são os empréstimos internacionais, seja de curto ou de 
longo prazo. 
Como vimos no tema anterior, sobre o processo de financeirização da 
riqueza, ocorre paralelamente um processo de financeirização de toda a 
economia, que pode ser resumida como todo o dinheiro da economia passa pelo 
sistema financeiro, principalmente bancos. 
Os bancos não deixam o dinheiro dos seus clientes parado. Eles podem 
emprestar para outras pessoas, cobrando uma taxa de juros por isto, ou mesmo 
comprar títulos da dívida pública, uma opção mais segura para assegurar o seu 
dinheiro. 
A movimentação de dinheiro no mundo impacta em cheio as economias. 
O título público dos EUA, por exemplo, é tido como um dos ativos mais seguros 
para se investir, logo quando o FED, o banco central estadunidense, aumenta 
sua taxa de juros, outras economias sofrem com perda de capital, que saem de 
economias mais rentáveis (porém mais arriscadas) para os EUA. 
 
 
5 
 
TEMA 5 – ATIVOS DE RESERVA E ERROS E OMISSÕES 
Os ativos de reserva são geralmente moeda estrangeira ou depósitos e 
títulos de alta liquidez em moeda estrangeira. Podemos dividir em três as suas 
funções: (i) ser um rápido meio de financiamento de despesas da conta corrente, 
caso não haja entrada de recursos suficientes nas subcontas da conta financeira; 
(ii) fazer ajustes estabilizadores na taxa de câmbio; e (iii) servir de garantia 
implícita para empréstimos realizados por empresas nacionais em bancos 
internacionais. 
Para desempenhar estas funções, as reservas internacionais são 
reguladas pelo Banco Central, como autoridade monetária que controla a 
entrada e saída de moeda internacional e o câmbio. Dois ativos importantes que 
servem de reserva internacional são: (i) Direitos Especiais de Saque junto ao 
Fundo Monetário Internacional (FMI); e (ii) os títulos de dívida pública garantidos 
pelos Bancos Centrais dos demais países. 
Já os erros e omissões servem para adicionar todas as incongruências do 
BP, afinal de contas são muitos dados de origens diversas, inclusive 
estrangeiras, o que faz com que nem sempre a conta feche. 
 
NA PRÁTICA 
Agora que sabemos os efeitos das oscilações econômicas nas subcontas 
das Contas Capital e Financeira, sugerimos que você busque notícias em jornais 
especializados em economia – como Valor Econômico e Exame – e procure 
como a crise internacional, iniciada em 2008, afetou estas contas no Brasil. 
 
FINALIZANDO 
Vimos nesta aula um pouco mais sobre as Contas de Capital e Financeira. 
Estudamos mais profundamente suas composições, e mais especificamente as 
suas subcontas. Também pudemos analisar quais são as consequências 
econômicas devido às suas variações. 
Em época de globalização financeira é de suma importância 
entendermos, principalmente, a Conta Financeira do Balanço de Pagamentos da 
economia brasileira. 
 
 
 
6 
Conteúdo complementar 
Assista ao vídeo “Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini explica a 
importância das reservas internacionais”, produzido pela TV Senado. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=arBhTVeU-tw>. Acesso em: 06 fev. 2017. 
 
REFERÊNCIAS 
FEIJO, C. M.; RAMOS, R. L. O. (Org.). Contabilidade social: a nova referência das 
contas nacionais do Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. 
CARVALHO, F. J. C. et al. Economia monetária e financeira: teoria e política. Rio de 
Janeiro: Campus/Elsevier, 2000. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECONOMIA POLÍTICA 
INTERNACIONAL 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Eric Gil Dantas 
 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula estudaremos algumas das principais teorias do comércio 
internacional. No primeiro tema, trataremos sobre as teorias das vantagens 
absolutas, de autoria de Adam Smith, e das vantagens relativas, de autoria de 
David Ricardo. Na sequência trataremos sobre modelos mais contemporâneos: 
o de Heckscher-Ohlin e o teorema de Rybczynski. No terceiro tema veremos um 
modelo condensando as interpretações do comércio internacional feito pelo 
economista Paul Krugman (Nobel de Economia de 2008). Por fim veremos 
algumas limitações do livre mercado internacional e mecanismos de interferência 
por parte dos Estados neste comércio. 
 
TEMA 1 – TEORIA DAS VANTAGENS ABSOLUTAS E RELATIVAS 
Em contraponto à ideia mercantilista – de que os Estados deveriam buscar 
apenas uma balança comercial favorável, exportando mais do que importando, 
para obter assim a acumulação de metais preciosos (ouro e prata) – Smith 
escreve em A Riqueza das Nações que toda a riqueza vem do trabalho, e que o 
aumento de sua produtividade ocorreria com a divisão do trabalho. A lógica do 
clássico exemplo de Smith, que mostra o crescimento da produção de alfinetes 
junto à divisão do trabalho, é aplicada também a níveis nacionais. Com isto, 
temos uma vantagem absoluta quando um país consegue produzir uma 
determinada mercadoria com o emprego de menor quantidade de trabalho do 
que o necessário para produzir esse mesmo bem em outro país. 
Esta teoria concluía então que cada país pode apresentar vantagens 
absolutas na produção de algum bem. Um país A pode produzir de forma mais 
econômica bens industrializados, enquanto que um país B produziria melhor 
bens agrícolas. E se os países se abrirem para o comércio, ambos poderão obter 
ganhos se comercializarem aquele produto no qual possuem vantagens 
absolutas de produção; assim, com os recursos obtidos pela venda do produto 
no qual apresentam vantagens absolutas, poderão comprar, via comércio 
exterior, os produtos nos quais não tem tais vantagens absolutas. 
David Ricardo propôs uma releitura do modelo de Smith, considerando 
mais especificamente não o volume total produzido, mas a questão das 
 
 
3 
produtividades relativas entre os dois países na produção de cada tipo de bem. 
Assim, a abordagem das vantagens absolutas foi reformulada em termos de 
vantagens comparativas. Como disse Krugman (2010, p. 22), “um país tem uma 
vantagem comparativa na produção de um bem se o custo de oportunidade de 
produzir esse bem, em termos de outros bens, for menor nesse país do que em 
outros países”. 
 
TEMA 2 – O MODELO DE HECKSCHER-OHLIN E O TEOREMA DE RYBCZYNSKI 
Na década de 1930 dois economistas ligados à Escola de Economia de 
Estocolmo, Eli Heckscher e Bertil Ohlin, tomando como ponto de partida o 
modelo de Ricardo, desenvolveram um modelo matemático de equilíbrio geral 
de comércio internacional ampliado para dois países, dois bens e, agora, dois 
fatores de produção – tal modelo ficou conhecido na literatura especializada 
como modelo Heckscher-Ohlin (modelo H-O). O modelo diz que os países 
desenvolverão padrões de comércio e produção com base nas dotações de 
fatores de produção que possuem: os países irão exportar produtos (apenas 
produtos, não fatores de produção) que utilizam o fator de produção noqual 
possuam maior abundância, e importar aqueles bens que demandam para sua 
produção o fator no qual apresentam maior escassez. 
No modelo H-O cada país tem uma economia de livre mercado constituído 
por consumidores e empresas competitivas, tendo como ponto de contato a 
possibilidade de comércio exterior somente de bens. No modelo, não se 
pressupõe livre movimento de fatores entre os dois países. Os países 
apresentam tecnologias de produção idênticas para a produção dos dois tipos 
de bens. No entanto, cada um dos dois bens utiliza um dos dois fatores mais 
intensivamente que o outro na sua produção. Com isto, se os países se abrem 
ao comércio, eles podem exportar o bem que produzem de forma mais eficiente, 
e importar do parceiro comercial aquele bem em que sua produção seria menos 
eficiente, com ganhos de bem-estar para ambos. 
Mas o teorema de Rybczynski adicionou um novo problema: qual seria o 
efeito de mudanças nas dotações dos fatores de cada uma das economias sobre 
o comércio? Ele afirma que, sob preços relativos constantes e supondo pleno 
emprego de fatores, um aumento na dotação de um fator leva a uma expansão 
mais que proporcional da produção no setor que utiliza mais intensamente 
aquele, e, consequentemente, um declínio absoluto da produção do outro bem. 
 
 
4 
A importância da contribuição do teorema de Rybczynski está em mostrar como 
as mudanças em dotações entre os países podem afetar os volumes de 
produção e, assim, os preços dos bens e as remunerações dos fatores. 
 
TEMA 3 – UM MODELO-PADRÃO DE COMÉRCIO INTERNACIONAL 
Em um esforço de síntese, Paul Krugman (2010) produziu um “modelo-
padrão” de comércio internacional. Para explicar este modelo temos que recorrer 
ao conceito de fronteira de possibilidades de produção (FPP) com curvas de 
indiferença (vistos na disciplina de Introdução à Economia). 
 
Gráfico 1: Fronteira de possibilidades de produção e curvas de indiferença 
 
Fonte: Baseado em Paul Krugman, 2010. 
 
Nota-se que nesta economia, a produção de agrícolas (simbolizado por 
Qagr) é maior que a demanda interna por agrícolas (pois QA é maior que DA), 
mas a demanda por industrializados é maior que produção interna de 
industrializados (simbolizado por Qind) (DI é maior que QI). O que essas 
diferenças nos informam? No primeiro caso, como o país produz mais bens 
agrícolas do que consome, ele poderá exportar seu excedente produtivo. Por 
outro lado, as necessidades de industrializados superiores à produção interna 
significam que os bens serão obtidos via importação. Assim, a diferença QA – 
DA corresponderá à exportação do país, ao passo que a diferença DI – QI 
corresponde às importações. No entanto, a oferta e a demanda devem ser 
analisadas em termos mundiais, quando falamos em economias abertas. 
 
 
5 
Diversos fatores podem alterar as condições deste equilíbrio. O caso que 
vamos considerar aqui é aquele em que uma economia doméstica manifeste um 
crescimento. Quando ela cresce, isso significa que a sua FPP se desloca mais 
para fora, permitindo-lhe alcançar níveis mais elevados de produção. Isso 
significaria, por exemplo, a possibilidade de alcançar uma curva de isovalor (é a 
linha ao longo da qual o valor do produto é constante) acima do I1 no gráfico. Se 
esse aumento fosse simultâneo em ambas as capacidades produtivas (tanto de 
agrícolas quanto de industrializados), a elevação da FPP poderia se dar sem 
afetar os preços relativos. No entanto, pode acontecer de que o crescimento seja 
viesado somente num sentido, em detrimento do outro. Por exemplo, o 
crescimento poderia se dar na expansão da capacidade de produção de 
agrícolas (o ponto A se deslocar mais para a direita), ao passo que a produção 
de industrializados estaria mantida no mesmo nível (B fixado). Se a expansão da 
oferta agrícola se traduzir em queda de seus preços, isto fará com que o preço 
agrícola relativo diminua. 
 
TEMA 4 – ECONOMIAS EXTERNAS 
Esses modelos supunham implicitamente um comércio em que os 
mercados internacionais (e também os domésticos) operariam em concorrência 
perfeita. Isso significa dizer que os países seriam tomadores de preços, que 
seriam dados via comércio internacional. Além disto não haveria ganhos 
econômicos reais se as empresas aumentassem sua escala de produção. E se 
os retornos são decrescentes, não há economias de escala. Os países 
precisariam uns dos outros para, por meio do comércio, suprir suas 
necessidades de consumo. 
No entanto, quando as economias de escala são significativas, o comércio 
internacional não se baseia mais em concorrência perfeita; a economia deve 
tender à concorrência monopolista em escala global. 
Outra prática é o dumping, que ocorre quando uma grande empresa 
oferece preços diferentes para seus produtos para exportação e para suas 
vendas domésticas. Em termos econômicos, esse tipo de ação é chamado de 
discriminação de preços: os preços praticados estariam a discriminar 
consumidores domésticos de estrangeiros. 
Uma característica do mercado global é a formação de aglomerados de 
indústrias. Isto não ocorre por questões naturais, e sim por opções alheias a isto. 
 
 
6 
Como exemplo moderno mais conhecido desse tipo de aglomerados, podemos 
citar a indústria de semicondutores e tecnologias da informação, no Vale do 
Silício, ou os estúdios da indústria cinematográfica em Hollywood, ambos na 
Califórnia (EUA). A importância desses aglomerados industriais, em termos de 
competitividade, é que eles geram economias de escala devido à sua particular 
condição. 
 
TEMA 5 – ARGUMENTOS A FAVOR E CONTRA O COMÉRCIO 
INTERNACIONAL 
O comércio internacional não acontece desprovido de implicações sobre 
as economias domésticas. Em certo sentido, mesmo a existência de vantagens 
de qualquer natureza não seja suficiente para garantir que o comércio em si 
baste para resolver outras necessidades econômicas no âmbito doméstico dos 
países envolvidos. Por exemplo: quando um Estado decide iniciar um processo 
de industrialização, ou se já for industrializado, de crescimento de sua indústria 
(ou de um setor específico desta), ou ainda proteger os empregos de um setor, 
ele utiliza-se de políticas comerciais. 
Os principais instrumentos de política comercial são: (i) aplicação de 
tarifas; (ii) subsídios à exportação; (iii) cotas de importação; (iv) restrições 
voluntárias às exportações (RVE)/acordos de restrições voluntárias (ARV); (v) 
necessidades de conteúdo local; e (vi) barreiras comerciais não tarifárias. 
Além do mais, temos argumentos tanto contra quanto a favor do 
funcionamento do comércio internacional. Os argumentos a favor seriam: (i) 
eficiência econômica; e (ii) argumentos políticos, com favorecimentos de 
determinados grupos em detrimento de toda a sociedade. Contra: (i) proteção à 
indústria nascente; e (ii) falhas de mercado. 
 
NA PRÁTICA 
Pesquise em busca de notícias e artigos acadêmicos sobre as políticas 
comerciais dos governos Dilma e Lula e indique ganhos e perdas econômicos e 
políticos, e se houve uma continuidade ou ruptura entre os dois governos 
petistas. 
 
FINALIZANDO 
Nesta aula vimos alguns dos principais modelos de economia 
 
 
7 
internacional, e também de como funciona esse comércio – de Smith a 
Rybczynski e Krugman. Estes modelos não só cresceram quanto se tornaram 
mais complexos, tendo como ponto de partida uma sociedade abstrata de 
apenas um fator de produção, e sem considerar oferta e demanda mundial para 
modelos que agregassem estes fatores. 
Além disto, vimos que a liberdade do comércio internacional nem sempre 
é boa, e muito menos um consenso. Por isto, os Estados nacionais se utilizam 
de políticas comerciais ou para se protegerem de concorrências consideradas 
ofensivas, como para se desenvolverem economicamente, principalmente 
quanto à sua indústria. 
 
Conteúdo complementar 
Assista aos vídeos: 
“Belluzzo comenta sobre artigode Paul Krugman”, da TV Carta. Disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=jgnXFGLMfiY>. Acesso em: 7 out. 
2016. 
“O atual cenário da economia mundial e os riscos para o Brasil”. Painel Globo 
News. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qLdY88NJDZM>. 
Acesso em: 7 out. 2016. 
 
REFERÊNCIAS 
KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M. Economia internacional: teoria e prática. 8. ed. 
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. 
(Obs.: especialmente os capítulos 2, 4, 5, 6, 8 e 9). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECONOMIA POLÍTICA 
INTERNACIONAL 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Eric Gil Dantas 
 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Na aula de hoje veremos três das principais teorias contemporâneas da 
Economia Política Internacional, de acordo com Gilpin (2002), que são: (i) a 
teoria da economia “dual”, derivada principalmente do liberalismo econômico; (ii) 
o Sistema Mundial Moderno (MWS, na sigla em inglês), sob forte influência do 
marxismo; e (iii) a teoria da estabilidade hegemônica, associada ao realismo 
político. 
Em um segundo momento, veremos que o sistema internacional é 
composto por diferentes atores – estatais e não estatais – sendo as 
Organizações Internacionais (OI) um desses atores. Tudo isto envolvido em um 
contexto maior, o da Governança Global e dos Regimes Internacionais. Depois 
disso, veremos dois exemplos de OIs: o FMI e a OMC. 
 
TEMA 1 – A TEORIA DA ECONOMIA DUAL 
A primeira teoria de que trataremos é a da economia dual, ou dualismo, 
que, como disse Gilpin (2002), 
Afirma que qualquer economia, interna ou internacional, precisa ser analisada em 
termos de dois setores relativamente independentes: um setor moderno e 
progressista, caracterizado por um nível elevado de eficiência produtiva e 
integração econômica, e um setor tradicional, caracterizado por um modo de 
produção atrasado e por uma autossuficiência local. A teoria sustenta que o 
processo de desenvolvimento econômico implica a incorporação e a transformação 
do setor tradicional em um setor moderno por meio da modernização das estruturas 
econômicas, sociais e políticas. (p. 86-7) 
 
O processo de globalização dos mercados e instituições, com o 
individualismo, a racionalidade econômica e a conduta de maximização dos 
resultados econômicos acabam com a “moral” estabelecida em nações mais 
atrasadas para dar lugar à uma nova moral social. 
Ainda segundo Gilpin (2002), 
Os progressos no transporte e nas comunicações, o desenvolvimentismo de 
instituições econômicas eficientes e a redução do custo intrínseco das transações 
(o custo dos atos de comércio) levaram ao deslocamento contínuo das economias 
tradicionais pelas economias modernas. O dualismo considera o fato de a economia 
 
 
3 
mundial moderna ter se desenvolvido por meio da expansão global de produção 
destinada ao mercado, assim como pela incorporação de novas áreas à economia 
internacional – não surgiu subitamente no século XVI por um ato de força dos 
estados capitalistas na Europa. O setor moderno deslocou gradualmente o setor 
tradicional, à medida que mais e mais sociedades se adaptavam à organização 
econômica baseada no mercado. (p. 87) 
 
Sintetizando, para esta teoria o processo de evolução econômica se dá 
pela competição no mercado e pelos mecanismos de preços, os quais forçam 
uma maior eficiência produtiva e a maximização da riqueza em uma dada 
economia. 
 
TEMA 2 – A TEORIA DO SISTEMA MUNDIAL MODERNO 
As teses dos teóricos desta linha argumentam que o funcionamento, tanto 
da história quanto da economia política internacional, só pode ser entendido nos 
termos do Sistema Mundial Moderno (SMM). O autor mais importante desta 
teoria, Emmanuel Wallerstein, define este sistema como “uma unidade com uma 
única divisão do trabalho e muitos sistemas culturais” (Wallerstein, 1974, p. 390, 
apud. Gilpin, 2002, p. 88). 
Diferentemente das sociedades pré-modernas, o “mundo”, tal como uma 
unidade estrutural, é o que deve ser levado em consideração numa análise de 
EPI. “Os proponentes do Sistema Mundial Moderno afirmam que a tarefa 
primordial dos economistas políticos é a análise das origens, da estrutura e do 
funcionamento desse sistema” (Gilpin, 2002, p. 88) 
O conjunto de autores desta linha não são necessariamente marxistas, 
apesar da forte influência. Na verdade, eles desviam, em muito, do que 
poderíamos considerar como “marxismo clássico”. Três dos principais 
economistas políticos desta linha são: Paul Baran, Emmanuel Wallerstein e 
Andre Gunder Frank. 
Apesar das inúmeras divergências entre os autores, um argumento 
central e compartilhado por eles é o de que “a economia mundial contém um 
núcleo dominante e uma periferia dependente que interagem e funcionam como 
um todo integrado. [...] os mesmos mecanismos que no núcleo produzem 
desenvolvimento e acumulação de capital, na periferia provocam 
subdesenvolvimento” (Gilpin, 2002, p. 89). Ou como disse Andre Gunder Frank, 
“desenvolvimento e subdesenvolvimento não passam de dois lados da mesma 
 
 
4 
moeda”. 
Em contraste à teoria dual, que enxerga o núcleo e a periferia como uma 
tendência favorável, os teóricos do SMM argumentam que centro e periferia são 
funcionais um para o outro, que a periferia serve para o desenvolvimento do 
centro, enquanto que o centro é responsável pela reprodução da periferia como 
tal. 
 
TEMA 3 – A TEORIA DA ESTABILIDADE HEGEMÔNICA 
Formulada inicialmente pelo historiador econômico estadunidense 
Charles Kindleberger, a teoria da estabilidade hegemônica afirma que uma 
economia mundial liberal exige a presença de uma potência dominante, ou 
mesmo hegemônica. E aqui é importante enfatizar o termo “liberal”, pois esta 
teoria está relacionada à existência de uma economia internacional baseada no 
livre mercado. Não que a única economia internacional possível seja a liberal, 
pois a história mostra que isto não seria verdade. O que o autor afirma é que “um 
tipo particular de ordem econômica internacional, a ordem liberal, não poderia 
florescer e alcançar seu pleno desenvolvimento sem a presença de um poder 
hegemônico” (Gilpin, 2002, p. 92). 
Mas não basta que haja apenas um poder hegemônico. A hegemonia sem 
um compromisso liberal com a economia de mercado não rumará para a ordem 
que nos referimos. É preciso que haja entre as principais potências econômicas 
um apoio ao sistema liberal, ou seja, outros Estados poderosos também devem 
ter interesse na manutenção deste sistema. Com isto, são três os pré-requisitos 
observados: hegemonia, ideologia liberal e interesses em comum. 
São dois os momentos históricos que houve a conjuntura favorável à 
hegemonia liberal: (i) a era da Pax Britannica; e (ii) a liderença dos EUA no pós-
Segunda Guerra. 
Para esta teoria, é importante que quem detém o poder hegemônico seja 
responsável pela manutenção do sistema, impedindo fraude e a ação de 
“caronas”, impondo as regras de uma economia liberal e estimulando os outros 
a participarem no custeio da manutenção do sistema (veremos exemplos de 
como os EUA fizeram isto no século XX, a partir de criações de Organizações 
Internacionais, na próxima seção). Ou nas palavras do principal seu teórico, 
 
 
 
5 
Para que a economia a economia mundial tenha estabilidade, precisa de um 
estabilizador, um país que se disponha a fornecer um mecado para bens de socorro, 
um fluxo constante de capital – quando não contracíclico – e um mecanismo de um 
redesconto que ofereça liquidez quando o sistema monetário for congelado pelo 
pânico. (Kindleberger, 1981, p. 247, apud. Gilpin, 2002, p. 95) 
 
TEMA 4 – GOVERNANÇA GLOBAL, REGIMES INTERNACIONAIS E AS 
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
Governança Global 
É mais ampla do que governo, abrangendo instituições governamentais, 
mas também implicando em mecanismos informais e formais, de caráter não 
governamental, que façam com que as pessoas e as organizações dentro dasua 
área de atuação tenham uma conduta determinada, satisfaçam necessidades e 
respondam a demandas. 
 
Regimes internacionais 
São um conjunto de princípios, normas, regras e procedimentos de 
tomada de decisão, explícitos ou implícitos, nos quais convergem as 
expectativas dos atores numa dada área das relações internacionais. Os 
regimes podem abranger diferentes áreas temáticas, bastante específicas e 
diversificadas, como política, economia e meio ambiente. 
O conceito de regime está restrito a setores ou áreas específicas e 
particulares, ao passo que o de governança global relaciona-se a uma tentativa 
de gerenciar o sistema internacional de forma mais geral, por meio também dos 
atores não estatais, dentro de um sistema cada vez mais globalizado que vai 
além de uma visão fragmentada entre setores. 
Independentemente das suas diferenças, tanto a governança global 
quanto os regimes internacionais, ao buscarem coordenar a anarquia intrínseca 
do sistema internacional, necessitam de instituições para isto. 
As Organizações Internacionais (OIs) buscam aumentar a cooperação 
entre diversos atores econômicos, políticos e sociais, tornando as tomadas de 
decisões mais previsíveis dentro de áreas específicas. Elas são componentes 
dos regimes internacionais, e foram criadas em acordos ou regimes que, como 
vimos, são estabelecidos em diferentes áreas (segurança, economia, meio 
ambiente, questões sociais etc.). 
 
 
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TEMA 5 – O FMI E A OMC 
As OIs ganharam destaque a partir de meados do século XX, após a Primeira 
e a Segunda Guerra mundiais, quando cresceu o consenso internacional sobre a 
necessidade de se buscar alternativas de relacionamento entre os Estados. Assim, 
várias organizações internacionais foram formalmente criadas, buscando reduzir a 
instabilidade global pela atuação das OIs como mecanismos de cooperação 
multilateral na arena política internacional, dentre os quais o FMI e a OMC. 
O Fundo Monetário Internacional (FMI) foi criado em 1944, na Conferência 
de Bretton Woods, porém só passou a funcionar dois anos depois. A esta OI caberia 
a função de manter a estabilidade das taxas de câmbio e ofertar empréstimos 
financeiros aos países que enfrentassem dificuldades em seu balanço de 
pagamentos. Embora o objetivo das regras criadas em Bretton Woods tenha sido 
para garantir o crescimento econômico, o Fundo começa a operar em 1946 mais 
preocupado em controlar os excessos de demanda, pois a inflação estava se 
tornando um problema que necessitava ser combatido, ao mesmo tempo em que 
os indivíduos que pertenciam ao staff diretor da instituição possuíam uma visão 
econômica mais ortodoxa sobre o tema dos ajustes. 
Desta maneira, o FMI passa a assumir que crises no balanço de pagamentos 
ocorriam sempre em situações de excesso de demanda agregada do país 
deficitário. O FMI apoiou, tal como hoje, o processo de ajuste no balanço de 
pagamento dos países deficitários recomendando e monitorando a aplicação de 
políticas de redução de demanda, capazes de eliminar o excesso de demanda 
inicial que deu origem ao desequilíbrio. Em outras palavras, dado o diagnóstico do 
desequilíbrio externo, o FMI recomendava adoção de medidas recessivas para que 
o país voltasse a ter equilíbrio externo. 
A Organização Mundial do Comércio (OMC) surgiu oficialmente em 1995, 
com o Acordo de Marraquexe, em substituição ao Acordo Geral sobre Tarifas e 
Comércio (GATT), estabelecido em 1947. A OMC surge diante do protecionismo de 
vários Estados, que para proteger seus negócios internos se utilizam de políticas 
para beneficiar empresas nacionais em detrimento do comércio internacional. 
Diferentemente do GATT, que começou com 23 países, a OMC já nasceu grande, 
e em 2015 contava com 161 membros, cobrindo cerca 98% do comércio mundial, 
sendo significativas as adesões da China em 2001 e da Rússia em 2012. Um 
avanço da OMC em relação ao GATT é que, por não ser apenas um amplo acordo, 
 
 
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mas uma instituição, esta criou mecanismos, regras e procedimentos para 
discussão e resolução de disputas e conflitos relacionados ao comércio. 
 
NA PRÁTICA 
Busque em notícias, artigos ou mesmo em sites das instituições medidas 
adotadas e/ou sugeridas pelo FMI e pela OMC para o caso do Brasil. 
 
FINALIZANDO 
Nesta aula vimos três teorias contemporâneas da Economia Política 
Internacional: a teoria dual, a teoria do Sistema Mundial Moderno e a teoria da 
estabilidade hegemônica. Apesar das grandes diferenças entre si, cada uma delas 
contribui muito para o debate. 
Em um segundo momento vimos dois conceitos fundamentais da EPI: o de 
Governança Global e o de Regimes Internacionais. Além disto, vimos o que são 
as Organizações Internacionais e dois de seus principais exemplos na atual ordem 
econômica internacional: o FMI e a OMC. 
Com isto finalizamos o curso de EPI, conhecendo um pouco das contas 
nacionais e internacionais do Brasil, das teorias do comércio internacional, das 
teorias da EPI e da realidade concreta da economia internacional. 
 
Conteúdo complementar 
Assista aos vídeos: 
“FMI alerta que protecionismo travará ainda mais crescimento global”. EFE 
Brasil. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=07hUIVZit8Y>. 
Acesso em: 07 fev. 2017. 
“Roberto Azevêdo: OMC tem de se modernizar para sobreviver”. Euronews. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QdVqLYocNXE>. Acesso 
em: 07 fev. 2017. 
 
REFERÊNCIAS 
GILPIN, R. A economia política das relações internacionais. Brasília: Ed. UnB, 
2002. 
(Obs.: Especialmente o capítulo 3).

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