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ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL AULA 1 Prof. Eric Gil Dantas 2 CONVERSA INICIAL Olá! Meu nome é Eric Gil Dantas, e acompanharei vocês nesta disciplina de Economia Política Internacional (EPI). Primeiramente discutiremos o que é, afinal de contas, a EPI. Como este é um campo de estudos recente, é preciso que tenhamos isto bem claro. Em seguida discutiremos um conceito fundamental na nossa disciplina: a Ordem Econômica Internacional. Ela guiará as análises mais macro de nossa disciplina, e em seguida falaremos das características destas ordens. Por fim, analisaremos a transição entre as duas últimas ordens: a de Bretton Woods e a da Globalização Financeira. Ao final desta explanação esperamos que já tenham uma noção básica da serventia da EPI como uma ferramenta analítica para estudos tanto de Política quanto de Economia. Bons estudos! TEMA 1 – O QUE SERIA A ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL? “É a existência paralela e a interação recíproca do Estado e do mercado que cria, no mundo, a "economia política"; sem o Estado e o mercado essa disciplina não existiria” (Gilpin, 2002, p. 26). Esta é a maneira como um dos principais teóricos da área, Robert Gilpin, inicia seu livro A Economia Política das Relações Internacionais. A EPI deve ser entendida como uma área que liga Economia, Ciência Política e Relações Internacionais, estudando poder e riqueza, Estados e mercados, política e moeda. Surgida na década de 1970, tendo como um de seus marcos fundacionais o artigo de Susan Stange “International economics and international relations: a case of mutual neglect,”, como uma derivação das teorias das Relações Internacionais, esta área tem crescido mundialmente, no entanto, no Brasil ainda se encontra relativamente limitada. Novamente citando Robert Gilpin, o principal objeto de estudo da Economia Política Internacional é “o impacto da economia mundial de mercado sobre as relações dos Estados e as formas pelas quais os Estados procuram influenciar as forças de mercado para a sua própria vantagem” (Gilpin, 1987, p. 24). 3 Vários são os atores na arena internacional: o Estado, Organizações Internacionais (OIs), as Organizações Não Governamentais (ONGs), as Empresas Transnacionais (ETs) etc. TEMA 2 – A EPI E AS ORDENS ECONÔMICAS O sistema internacional é caracterizado como anárquico. Diferentemente do caso de uma nação, que tem um Estado que detém “o monopólio legítimo da força” e é responsável por organizar o país, internacionalmente a ordem e dinâmica de funcionamento são reflexos das interligações entre os vários atores dentro do cenário internacional. Estes atores podem ser estatais ou não estatais, tais como as Organizações Internacionais (OIs), Organizações Não Governamentais (ONGs), Empresas Transnacionais (ETs), e todos os grupos ou indivíduos que atuam e afetam o sistema internacional, como os movimentos sociais, os grupos vinculados a crimes internacionais – como as máfias de drogas e do tráfico de armas etc. (SEITENFUS, 2004). No entanto, existe algo que rege tudo isto, e um conceito fundamental para isto é a de Ordem Econômica Internacional (OEI). Como diz Eiti Sato em seu livro “Economia e Política das Relações Internacionais", “quando se fala de ordem econômica internacional, tem-se em mente que as transações econômicas levadas a efeito entre agentes situados em diferentes países obedecem alguma forma de ordenamento social, isto é, essas transações não são neutras e aleatórias, mas atendem a interesses e visões de ganhos que vão além de resultados imediatos e meramente econômicos” (Sato, 2012, p. 23). São três as Ordens Econômicas Internacionais que percorreram nossa história: o padrão ouro-libra, Bretton Woods e a globalização financeira. Obviamente ao passarmos para a análise da realidade concreta, não podemos simplesmente transferir de forma mecânica este conceito, pois ainda pode haver tanto elementos de ordens anteriores à atual, quanto elementos de uma futura nova ordem. TEMA 3 – CONCEITUANDO A ORDEM ECONÔMICA INTERNACIONAL Segundo Sato (2012), OEIs são compostas por práticas e instituições (formais ou informais) que configuram as transações econômicas no âmbito internacional. A existência desta ordem mostra que os eventos ocorridos nas relações exteriores não são frutos da aleatoriedade. 4 A Ordem Econômica Internacional é composta tanto por elementos materiais e tangíveis, quanto por elementos não tangíveis. Os componentes tangíveis seriam os regimes monetários, comerciais e financeiros internacionais que configuram uma ordem econômica internacional num determinado momento. Já os elementos não tangíveis seriam materializados na distribuição de riqueza e poder na esfera internacional, ou seja, esta distribuição de poder e riqueza entre os países é orientada pelo tipo de ordem internacional que impera em dado momento. TEMA 4 – A TRANSIÇÃO DA NOVA ORDEM ECONÔMICA INTERNACIONAL (O FIM DE BRETTON WOODS) Mudanças na OEI refletem na atividade econômica, afetando de forma desigual diversas nações que passam a ter seu espaço ampliado ou reduzido dentro da nova ordem econômica. Desta maneira, mudanças significativas nos elementos intangíveis geram transformações numa dada OEI, havendo a necessidade de uma reconfiguração da economia política internacional, de forma a garantir a acomodação de interesses de novos atores relevantes. Neste tema trataremos sobre Bretton Woods e transições de ordens. Em 1944, uma série de países se reuniram em Bretton Woods, New Hampshire (EUA), para estabelecer a primeira ordem econômica negociada. Com entidades como o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD, depois denominado apenas de Banco Mundial) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) a intenção dos EUA e dos outros países era manter uma certa paridade cambial e garantir a conversibilidade do dólar em ouro. No entanto, em 1971, Richard Nixon, então presidente dos EUA, quebra este padrão-ouro, o que deu abertura a um processo de transição para uma nova ordem econômica internacional: a globalização financeira. TEMA 5 – A GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA Após o término unilateral por parte dos EUA do cumprimento do acordo de Bretton Woods, houve um período de desregulação da economia internacional. Com o avanço das empresas transnacionais e com um grande fortalecimento do sistema financeiro internacional, há o fortalecimento desta nova Ordem Econômica Internacional, denominada de Globalização Financeira. 5 O fim desta transição se deu nos anos 1990, quando a política neoliberal (que é a predominante) é implementada não só em países desenvolvidos, mas também em subdesenvolvidos. O neoliberalismo, a ideologia predominante nesta nova OEI é marcado pela diminuição do Estado e pela desregulamentação financeira. Utilizando-se do conceito Ordem Econômica Internacional (Sato, 2012), visto anteriormente, podemos caracterizar este período com as seguintes observações: (i) no regime monetário, com o fim da conversão do dólar em ouro, predomina um sistema instável, conhecido como padrão dólar flexível, um padrão monetário no qual o dólar continua sendo a moeda referência do sistema de pagamentos internacionais, embora concorrendo com arranjos alternativos (Euro, Iene etc.); e (ii) no regime comercial, a substituição do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em 1995, parece ter dado uma base verdadeiramente multilateral e organizada ao sistema de comércio internacional, buscando liberalizar o comércio de acordo com regras multilaterais preestabelecidas, promovendo a harmonização das regras comerciais. NA PRÁTICA A Política não pode ser compreendida sem a Economia, e vice-versa. A partir da EPI podemos analisar como se dá o desenvolvimentode certos países, entendendo até que ponto, por exemplo, o desenvolvimento brasileiro está conectado com uma nova Ordem Econômica Internacional, a Globalização Financeira. FINALIZANDO Vimos primeiro o que é a Economia Política Internacional. Entender o campo que estudaremos é fundamental para não confundirmos conceitos e objetos de estudo, principalmente quando nos referimos a áreas relativamente novas, como é o nosso caso. Além disto, estudamos um conceito fundamental para nossa matéria, o de Ordem Econômica Internacional. Com este conceito podemos classificar em que período vivemos, e quais são as instituições e normas que regem esta sociedade. Por fim, vimos rapidamente sobre as duas últimas ordens, a de Bretton Woods e a da Globalização Financeira, a qual vivemos desde a década de 1990, 6 quando também houve a expansão do neoliberalismo para países subdesenvolvidos, como o Brasil e o restante da América Latina. Conteúdo complementar Assista ao vídeo Economia Política Internacional, com os professores Mauricio Metri (UFRJ) e Raphael Padula (UFRJ). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=KGd84HZU_Nw>. Acesso em: 06 fev. 2017. REFERÊNCIAS GILPIN, R. A economia política das relações internacionais. Brasília: Ed. da Universidade de Brasília, 2002. GONÇALVES, R. Economia política internacional: fundamentos teóricos e as relações internacionais do brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. SATO, E. Economia e política das relações internacionais. Belo Horizonte: Fino Traço Editora, 2012. ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL AULA 2 Prof. Eric Gil Dantas 2 CONVERSA INICIAL Na aula de hoje trataremos sobre as Contas Nacionais. Todas as nações contabilizam seus grandes números econômicos, os chamados agregados macroeconômicos. São variáveis como PIB, inflação, consumo, investimento e tantos outros. Em Economia, a disciplina que se preocupa com este tema é a Contabilidade Social. Então veremos conceitos básicos desta área. No primeiro tema veremos o que é, grosso modo, o Sistema de Contas Nacionais. No segundo veremos alguns dos seus conceitos básicos, o que nos permitirá entrar no tema 3, no qual poderemos manipulá-los logicamente (matematicamente) para pensarmos que variáveis influenciam quais – o que aumenta o valor do produto? O que aumenta o déficit comercial? Já no tema seguinte veremos os problemas de agregação destes números, e com que devemos nos preocupar ao agregar estas variáveis macroeconômicas. Por fim, no último tema veremos algumas aplicações e como deflacionarmos o PIB e criar números índices da Economia. Bons estudos! TEMA 1 – O QUE SÃO AS CONTAS NACIONAIS? Há uma disciplina na Economia denominada Contabilidade Social que ensina aos estudantes quais são e como se calcula, sem entrar em detalhes, as variáveis macroeconômicas, tais como o Produto, Renda, Despesa, Poupança e Investimento. Ela constitui a base de mensuração dos resultados econômicos de um país, de forma agregada. Estes cálculos denominaremos de Sistema de Contas Nacionais (SCN), pois, além de tratar de agregados nacionais, é um sistema aplicável também a outras nações, o que permite análises comparativas. Em cada país há um órgão oficial é responsável por tal tarefa; no Brasil, essas contas ficam a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O objetivo do SCN é basicamente o de responder àquelas perguntas econômicas mais básicas: quanto esse país produz? Quanto ele consome? Quanto de seu produto é investido? Como se financia o seu investimento etc. O SCN da maioria dos países é um sistema estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), o System of National Accounts (SNA). 3 TEMA 2 – CONCEITOS BÁSICOS Os conceitos básicos da Contabilidade Nacional são: 1. Produto: em valores monetários (todos os conceitos a seguir também serão em valores monetários), é a soma da produção de bens e serviços em um determinado espaço de tempo. 2. Renda: é a somatória da remuneração dos fatores de produção (terra, trabalho e capital). 3. Consumo: é a somatória de bens e serviços consumidos pelos indivíduos, famílias e governo. 4. Poupança: é a somatória da renda que não foi consumida, ou seja, o que os indivíduos, famílias e governo pouparam. 5. Investimento: corresponde à aquisição e reposição de máquinas, equipamentos e insumos destinados à ampliação da capacidade produtiva para os períodos seguintes. 6. Absorção: é a somatória do Consumo e do Investimento, correspondendo aos bens e serviços que uma economia absorve num dado período de referência de tempo. 7. Despesa: corresponde à soma de consumo mais investimento mais exportações menos importações (saldo em transações correntes). TEMA 3 – IDENTIDADES DAS CONTAS NACIONAIS Neste tema trataremos, com base nos conceitos apresentados anteriormente, como uma economia (tanto aberta para o comércio exterior, quanto fechada) funciona por meio de demonstrações matemáticas de identidades fundamentais das contas nacionais. Utilizando-se de equações (apresentadas no livro básico e na aula) poderemos concluir como é determinado o produto de uma economia ou como o nível de absorção externa modifica este produto. TEMA 4 – DEFINIÇÕES AGREGADAS Quando falamos de um produto agregado é importante dizer que não é simplesmente a somatória de todos os bens e serviços produzidos e ofertados no ano – pois se assim fosse estaríamos o sobrevalorizando, já que alguns 4 produtos servem de insumo para outros. Este valor que multiplicamos quantidade e preço é o Valor Bruto da Produção (VBP), mas para as Contas Nacionais o que mais nos interessa é o Valor Adicionado (VA), que considera apenas o valor novo criado, sem cair em recontagens. Com isto, podemos calcular variáveis fundamentais para o entendimento da macroeconomia, tal como Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional Bruto (PNB). O primeiro pode ser conceituado como a somatória de todas as riquezas produzidas em um determinado país, já o segundo é o produto gerado por nacionais, ou seja, dentro e também fora das fronteiras do país, por meio de filiais de multinacionais domésticas atuando no exterior. TEMA 5 – TRABALHANDO COM AS CONTAS NACIONAIS Há muitos pormenores nas Contas Nacionais, por isto é importante que nos atentemos aos detalhes. Para que não confundamos crescimento econômico com inflação, o produto pode ser calculado tanto em termos nominais quanto em termos reais. O primeiro é quanto da variação é por subida (ou descida) de preços, uma variação de quanto, em Reais, equivale o total do PIB brasileiro. No entanto, isto não quer dizer que a quantidade do produto também subiu, isto só pode ser feito se descontarmos a inflação, ou seja, se calcularmos sua real variação. Em uma série histórica do PIB, podemos utilizar o chamado deflator implícito do produto, que é uma medida da variação média dos preços de um período em relação à média dos preços de outro período (anterior). NA PRÁTICA É fundamental para a Economia Política Internacional que conheçamos o básico das Contas Nacionais. Dados como produção, renda, consumo, exportação, importação e tantos outros agregados macroeconômicos são uma ferramenta essencial para a análise dos Estados e de suas relações internacionais, pois, como vimos, poder econômico e político estão entrelaçados. É instrutivo que os alunos entrem no site do IBGE e confiram alguns dos principais agregados macroeconômicos do Brasil. 5 SÍNTESE Vimos primeiramente o que são as Contas Nacionais e o Sistema Nacional de Contas, o que é fundamental para conhecermos as relações econômicas entre os Estados nações. Em seguida vimos os conceitos básicos das CN, e o que é Produto, Renda, Poupança,Investimento, Absorção e Despesa. Com estes conceitos pudemos, no terceiro tema, trabalhar com identidades matemáticas, manipulando equações para entendermos os impactos das variações destes conceitos dentro da economia, tanto quando falamos de uma economia fechada, quanto uma aberta. Por fim conhecemos mais alguns conceitos muito importantes da Economia, como o PIB e o PNB, calculados dentro deste sistema. Além do mais vimos como solucionar alguns problemas de agregação destes números, como o Valor Adicionado e como lidar com a inflação na hora de contabilizar o crescimento do PIB. Conteúdo complementar Assista ao vídeo Série IBGE Explica. Disponível em: <https://www.youtube.com/channel/UCvvMwDTf_LG68j83N-esY-A>. Acesso em: 06 fev. 2017. REFERÊNCIAS FEIJO, C. M.; RAMOS, R. L. O. (org.). Contabilidade social: a nova referência das contas nacionais do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2013 IBGE. Sistema de contas nacionais: Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE/Coordenação de Contas Nacionais (Série Relatórios Metodológicos, v. 24), 2008. ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL AULA 3 Prof. Eric Gil Dantas 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula estudaremos o que é o Balanço de Pagamentos (BP), como é sua estrutura e qual sua influência na economia de um determinado país, utilizando sempre como exemplo a economia brasileira. No primeiro tema veremos o conceito de BP e quais são as três contas em que ele se divide. No segundo, veremos o que são cada uma destas contas. No terceiro tema discutiremos especificamente as contas Capital e Financeira, analisando os motivos que as levam a serem superavitárias ou deficitárias. Já no quarto tema veremos alguns conceitos contábeis e o que mudou no BP brasileiro com a utilização do manual produzido pelo FMI. Por fim, veremos exemplos de desequilíbrios nestas contas, e quando isto é saudável – ou não – para a economia. TEMA 1 – O QUE É O BALANÇO DE PAGAMENTOS? Segundo Feijo & Ramos (2004), “O balanço de pagamentos é o registro contábil de todas as transações econômicas entre um país e o resto do mundo durante um determinado intervalo de tempo. Em economia aplicada, o balanço de pagamentos é normalmente utilizado para analisar o estado das finanças internacionais de um país, uma vez que um saldo negativo em uma determinada conta significa que os pagamentos para o exterior superarão as receitas vindas do exterior naquele tipo de transação” (p. 130). O balanço de pagamentos é estruturado em quatro grandes contas: (i) transações correntes; (ii) conta capital e financeira; (iii) erros e omissões; e (iv) variação de reservas. Assim como o restante das contas nacionais, o BP também segue uma metodologia internacional. O órgão responsável por publicar este balanço é o Banco Central do Brasil (BCB). TEMA 2 – O QUE SÃO ESTAS CONTAS? É essencial que entendamos cada ponto deste balanço. A estrutura do BP pode ser visualizada no quadro a seguir. 3 Quadro 1: Balanço de Pagamentos – Estrutura A – Balança comercial (bens) e Serviços B – Balanço de rendas e transferências C – Saldo em Transações Correntes = A + B D – Conta capital E – Conta financeira F – Saldo do Balanço de Capitais e Conta Financeira = D + E G – Erros e omissões H – Saldo do BP = C + F + G As Transações Correntes envolvem as transações em bens e serviços entre residentes e não residentes. Como pode ser visto no quadro, ela é a somatória da Balança Comercial e Serviços com a de Rendas e Transferências. Ela “registra o comércio de bens e serviços, os pagamentos e recebimentos de rendas de capital e trabalho, e as transferências unilaterais de renda entre o país e o resto do mundo” (Feijó & Ramos, 2004, p. 131). Já as Contas Capital e Financeira são a somatória entre as duas do mesmo nome. Veremos mais à frente o que cada uma delas é. Elas registram “as transferências unilaterais de ativos reais, ativos financeiros ou ativos intangíveis entre residentes e não residentes” e “todos os tipos de fluxos de capitais entre o país e o resto do mundo” (Feijo & Ramos, 2004, p. 131). TEMA 3 – ENTENDENDO A CONTA CAPITAL E FINANCEIRA A partir do fim de Bretton Woods, os países desenvolvidos abriram suas Contas de Capital e o processo de abertura financeira ganhou maior volume e dimensão com a globalização. Com isto, é de suma importância entendermos a relação entre as Contas Nacionais e o Balanço de Pagamentos. Lembremos a identidade contábil: produto = renda = demanda (gastos) Nisto, uma parte da renda gerada internamente é enviada ao exterior, da mesma forma que há um acréscimo de renda vinda do exterior, o que significa uma renda líquida enviada (YLE) ao exterior. 4 Lembrando que PIB – YLE = PNB, então temos que PNB = Gastos Internos, ocorre equilíbrio na conta corrente do BP PNB > Gastos Internos, ocorre superávit na conta corrente do BP PNB < Gastos Internos, ocorre déficit na conta corrente do BP Quando temos a situação de que os gastos internos ultrapassam o produto nacional (PNB < gastos internos), há um déficit em conta corrente do Balanço de Pagamentos. Mas de onde vem o dinheiro para financiar o “rombo”? O resto do mundo financia, com moeda internacional, o excesso de gastos dos residentes em relação à sua renda, o que é considerado como uma contribuição da poupança externa. São quatro as possibilidades de explicação deste financiamento: (i) financiamento pode ser uma contribuição da economia internacional para o desenvolvimento da economia brasileira, que é o caso da entrada de recursos externos para investimento, (ii) um empréstimo para financiar os gastos externos, no caso de financiamento de curto ou longo prazo por bancos internacionais, (iii) uma aposta internacional no crescimento, valorização e lucratividade das empresas, que é o caso de entrada de capitais para especulação em títulos e ações de empresas brasileiras, ou mesmo (iv) uma utilização da riqueza líquida da economia brasileira para pagar suas despesas externas imediatas, que é o caso da utilização das reservas internacionais. TEMA 4 – ALGUMAS NOÇÕES DE CONTABILIDADE PARA ENTENDER A CONTA DE CAPITAL E FINANCEIRA DO BP O BCB adota desde 2015 a metodologia recomendada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) na Sexta Edição do Manual de Balanço de Pagamentos e Posição do Investimento Internacional. Por isto, veremos algumas das modificações com base nesta nova metodologia. Houve a adoção do sistema de partidas dobradas e de metodologia da contabilidade, que faz de cada transação um lançamento em crédito em uma conta, e em débito em outra, ou vice-versa. Assim, um lançamento como crédito em item da conta corrente, terá um lançamento como débito na conta financeira. Agora o BP necessariamente tem que estar em equilíbrio. Um exemplo: 5 Quadro 2: Obtenção de empréstimo de US$ 600 mil Débito Crédito Conta Corrente Conta Financeira - Empréstimos Aumento do passivo externo US$ 600 mil - Ativo de Reserva: Aumento de ativo: US$ 600 mil O Manual do FMI também recomenda que as economias nacionais apresentem a conta Posição do Investimento Internacional, utilizando-se dos conceitos contábeis de Ativo e Passivo em um balanço patrimonial. Vejamos outro exemplo. Quadro 3: Posição do Investimento Internacional da economia brasileira (versão estilizada) Ativo Externo Passivo Externo Investimento de empresas brasileiras no exterior Investimento direto de empresas estrangeiras no Brasil Investimento de brasileiros em carteira de ativos financeiros no exterior: Ações Títulos Investimentos de estrangeiros em carteira de ativos financeiros no Brasil: Ações Títulos Empréstimos para empresas estrangeiras Empréstimos de bancosestrangeiros para brasileiros Crédito comercial para empresas estrangeiras Crédito comercial de bancos estrangeiros para empresas brasileiras Ativos de reserva internacional Temos que considerar a conta Posição do Investimento Internacional como o balanço patrimonial dos residentes do Brasil com o exterior. TEMA 5 – DÉFICIT OU SUPERÁVIT NAS CONTAS CORRENTE E DE CAPITAL COMPENSADO COM SUPERÁVIT OU DÉFICIT NA CONTA FINANCEIRA É pouco provável que estas contas se encontrem equilibradas no curto prazo. O fundamental é que elas estejam em equilíbrio ao longo do tempo, em períodos de médio prazo. 6 Déficits temporários na conta corrente podem ser financiados por superávits na conta financeira. Por exemplo, caso haja um déficit na conta corrente por um excesso de importações, mas que seja de novas máquinas tecnologicamente mais avançadas, ou seja, um investimento tecnológico, mas feito fora do país, pode vir com retornos, a médio e longo prazo, de aumento da exportação (ou mesmo diminuição de importações, pois passou-se a produzir alguma mercadoria que antes era importada), o que possibilitaria pagar por um financiamento externo para este investimento. Outro exemplo é o de vulnerabilidade externa de economias. Se uma economia nacional financia seus déficits em conta corrente, que venham a ser fruto de gastos excessivos em consumo de importados, com superávit na conta financeira com empréstimos de curto prazo, isso poderá vir a causar problemas em futuro próximo. NA PRÁTICA Um dos conhecimentos fundamentais desta aula é entender como se lê e como se utiliza os dados sobre o setor externo brasileiro. Por isto, pedimos que você acesse o site do Banco Central do Brasil (http://www.bcb.gov.br/), procure a série histórica do Balanço de Pagamentos e monte seus próprios gráficos sobre a evolução das contas internacionais brasileiras nos últimos quatro anos. FINALIZANDO Vimos nesta aula que o Balanço de Pagamentos é o registro contábil de todas as transações econômicas entre um país e o resto do mundo. Estes números são essenciais para entendermos o comércio internacional deste dado país. Vimos também qual é a estrutura do BP e quais as contas que ela contém: Transações Correntes, a Conta de Capital e Financeira e os Erros e omissões. Conteúdo Complementar Assista ao vídeo “Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini comenta a redução no fluxo de balanço de pagamentos”, produzido pela TV Senado. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YALk8kg5P8c>. Acesso em: 06 fev. 2017. http://www.bcb.gov.br/ 7 REFERÊNCIAS FEIJO, C. M.; RAMOS, R. L. O. (org.). Contabilidade social: a nova referência das contas nacionais do Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Nota Metodológica nº 3: investimentos diretos e renda primária (lucros). 2015. IMF – INTERNATIONAL MONETARY FUND. Balance of payments and international investment position manual. 6. ed. Washington, D.C.: International Monetary Fund, 2009. ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL AULA 4 Prof. Eric Gil Dantas 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula veremos alguns significados econômicos das Contas Capital e Financeira do Balanço de Pagamentos (BP). Para isto, rediscutiremos o que é cada uma delas especificamente. Em um segundo momento, discutiremos uma por uma as subcontas que compõe a Financeira. Além disso, veremos como a economia internacional influencia estes números. É de suma importância que agora entendamos, além dos conceitos contábeis, quais são as suas influências econômicas. TEMA 1 – A CONTA CAPITAL E A CONTA FINANCEIRA As contas capital e financeira registram os movimentos de recursos monetários referentes à riqueza de residentes de um país a serem aplicadas em outros países, à exceção da subconta Ativos de Reserva. Os capitais que são resultantes de poupança de um determinado país vão para outros geralmente à procura de valorização, a fim de ganhar renda por empréstimos e investimentos. Vejamos quais os significados econômicos nestas contas. A exceção fica com a Conta Capital. A sua especificidade é que agrega movimentações que não têm fins de valorização. Relativamente às outras, esta tem um peso pequeno no geral. Esta conta possui transações relacionadas principalmente a doações, principalmente entre governos nacionais, como é o caso da ajuda humanitária. Mas também estão nela as transações “compra e venda de ativos não financeiros e não produzidos”, sendo que, no caso brasileiro, seu principal item são as despesas e receitas relacionadas a passes de atletas. Já as subcontas da Conta Financeira registram os movimentos de capitais em busca de rentabilidade e valorização, seja em ativos produtivos, seja em ativos financeiros. TEMA 2 – OS INVESTIMENTOS DIRETOS Como dizem Feijo & Ramos (2004), “o investimento direto consiste em entradas e saídas de capital relacionadas à obtenção de um interesse ‘duradouro’, por parte de um residente, em um negócio ou atividade residente em outra economia” (p. 137). O critério de interesse duradouro é o do Manual do 3 FMI, que já discutimos na aula anterior, e que define investimento direto como “negócios, de companhia abertas ou não, nos quais o investidor que é residente em outro país possui 10% ou mais das ações ordinárias ou do poder votante, no caso de companhias abertas, ou o equivalente, no caso de companhias fechadas” (FMI, 1993, p. 86, apud. Feijo & Ramos, 2004). As empresas são dinâmicas na sua procura por rentabilidade e valorização. Elas podem colocar seu capital em economias nacionais, sendo registrado como ingresso de recursos na economia hospedeira, assim como podem também retirar parte ou totalidade de seu capital para investir em outra economia, ou mesmo retornar à matriz. Por isto que na subconta de Investimento Direto há o registro de ingressos e saídas de capital e, por fim, o seu resultado líquido. São registradas as variações líquidas nos ativos e passivos externos da economia nacional. Uma economia para ser hospedeira deste investimento direto estrangeiro tem que ter condições de atração deste capital. Estas condições devem ser relacionadas tanto à estrutura de oferta – como ter infraestrutura para a instalação de novas fábricas e rodovias e portos, quanto de demanda – como um bom mercado interno. TEMA 3 – O INVESTIMENTO EM CARTEIRA Esta subconta registra a entrada e saída de capital externo aplicado em produtos financeiros, isto é, em ações, títulos e cotas de fundos de investimento. Tendo em vista o crescimento deste dinheiro na economia mundial, também houve o crescimento de um amplo, diversificado e altamente profissional sistema financeiro que capta a riqueza dos indivíduos e aplica buscando rentabilidade e valorização. Isto se deve à promessa, por parte das instituições financeiras, de que o dinheiro será bem aplicado e gerará valorização ao longo do tempo. Por isto, com o fenômeno da financeirização da riqueza, uma parcela crescente dos recursos dos indivíduos é alocada em produtos financeiros com expectativas de rentabilidade e valorização futuras. O desenvolvimento destas instituições financeiras promoveu um duplo fenômeno. De um lado, a financeirização da riqueza, isto é, incentivo para alocar boa parte da riqueza individual em produtos financeiros. A necessidade de acumular poupança para garantir uma aposentadoria, por exemplo, implicou que indivíduos façam planos de previdência ou depositem em fundos de previdência 4 e investimento para terem riqueza e renda no futuro, contribuiu para a financeirização da riqueza. De outro lado, houve a globalização financeira. A aplicação desta massa de recursos monetários procurando valorização não se restringiu aos mercadossecundários locais e nacionais. Se havia expectativa de valorização maior em mercados de outras economias nacionais, o capital especulativo aplicou nestes mercados. Esta ampliação dos mercados para aplicação do capital especulativo caracteriza a globalização financeira, vista na primeira aula. Neste contexto, emerge um importante tipo de instituição da globalização financeira: as agências de rating, ou seja, de classificação de risco, como a Standard & Poor's e a Fitch. Os itens da subconta Investimento em Carteira expressam os principais produtos financeiros do capital especulativo: (i) as ações, representadas no item ‘Investimento em Ações’; (ii) as aplicações feitas em fundos de Previdência e Investimentos, subconta ‘Investimento em Fundos de Investimento; e (iii) os títulos com juros fixados, subconta ‘Títulos de Renda Fixa’. Quando os títulos são negociados por valores baseados em outros títulos, como é o caso de derivativos, é registrado na conta específica ‘Derivativos’. TEMA 4 – OUTROS INVESTIMENTOS O principal item são os empréstimos internacionais, seja de curto ou de longo prazo. Como vimos no tema anterior, sobre o processo de financeirização da riqueza, ocorre paralelamente um processo de financeirização de toda a economia, que pode ser resumida como todo o dinheiro da economia passa pelo sistema financeiro, principalmente bancos. Os bancos não deixam o dinheiro dos seus clientes parado. Eles podem emprestar para outras pessoas, cobrando uma taxa de juros por isto, ou mesmo comprar títulos da dívida pública, uma opção mais segura para assegurar o seu dinheiro. A movimentação de dinheiro no mundo impacta em cheio as economias. O título público dos EUA, por exemplo, é tido como um dos ativos mais seguros para se investir, logo quando o FED, o banco central estadunidense, aumenta sua taxa de juros, outras economias sofrem com perda de capital, que saem de economias mais rentáveis (porém mais arriscadas) para os EUA. 5 TEMA 5 – ATIVOS DE RESERVA E ERROS E OMISSÕES Os ativos de reserva são geralmente moeda estrangeira ou depósitos e títulos de alta liquidez em moeda estrangeira. Podemos dividir em três as suas funções: (i) ser um rápido meio de financiamento de despesas da conta corrente, caso não haja entrada de recursos suficientes nas subcontas da conta financeira; (ii) fazer ajustes estabilizadores na taxa de câmbio; e (iii) servir de garantia implícita para empréstimos realizados por empresas nacionais em bancos internacionais. Para desempenhar estas funções, as reservas internacionais são reguladas pelo Banco Central, como autoridade monetária que controla a entrada e saída de moeda internacional e o câmbio. Dois ativos importantes que servem de reserva internacional são: (i) Direitos Especiais de Saque junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI); e (ii) os títulos de dívida pública garantidos pelos Bancos Centrais dos demais países. Já os erros e omissões servem para adicionar todas as incongruências do BP, afinal de contas são muitos dados de origens diversas, inclusive estrangeiras, o que faz com que nem sempre a conta feche. NA PRÁTICA Agora que sabemos os efeitos das oscilações econômicas nas subcontas das Contas Capital e Financeira, sugerimos que você busque notícias em jornais especializados em economia – como Valor Econômico e Exame – e procure como a crise internacional, iniciada em 2008, afetou estas contas no Brasil. FINALIZANDO Vimos nesta aula um pouco mais sobre as Contas de Capital e Financeira. Estudamos mais profundamente suas composições, e mais especificamente as suas subcontas. Também pudemos analisar quais são as consequências econômicas devido às suas variações. Em época de globalização financeira é de suma importância entendermos, principalmente, a Conta Financeira do Balanço de Pagamentos da economia brasileira. 6 Conteúdo complementar Assista ao vídeo “Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini explica a importância das reservas internacionais”, produzido pela TV Senado. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=arBhTVeU-tw>. Acesso em: 06 fev. 2017. REFERÊNCIAS FEIJO, C. M.; RAMOS, R. L. O. (Org.). Contabilidade social: a nova referência das contas nacionais do Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. CARVALHO, F. J. C. et al. Economia monetária e financeira: teoria e política. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2000. ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL AULA 5 Prof. Eric Gil Dantas 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula estudaremos algumas das principais teorias do comércio internacional. No primeiro tema, trataremos sobre as teorias das vantagens absolutas, de autoria de Adam Smith, e das vantagens relativas, de autoria de David Ricardo. Na sequência trataremos sobre modelos mais contemporâneos: o de Heckscher-Ohlin e o teorema de Rybczynski. No terceiro tema veremos um modelo condensando as interpretações do comércio internacional feito pelo economista Paul Krugman (Nobel de Economia de 2008). Por fim veremos algumas limitações do livre mercado internacional e mecanismos de interferência por parte dos Estados neste comércio. TEMA 1 – TEORIA DAS VANTAGENS ABSOLUTAS E RELATIVAS Em contraponto à ideia mercantilista – de que os Estados deveriam buscar apenas uma balança comercial favorável, exportando mais do que importando, para obter assim a acumulação de metais preciosos (ouro e prata) – Smith escreve em A Riqueza das Nações que toda a riqueza vem do trabalho, e que o aumento de sua produtividade ocorreria com a divisão do trabalho. A lógica do clássico exemplo de Smith, que mostra o crescimento da produção de alfinetes junto à divisão do trabalho, é aplicada também a níveis nacionais. Com isto, temos uma vantagem absoluta quando um país consegue produzir uma determinada mercadoria com o emprego de menor quantidade de trabalho do que o necessário para produzir esse mesmo bem em outro país. Esta teoria concluía então que cada país pode apresentar vantagens absolutas na produção de algum bem. Um país A pode produzir de forma mais econômica bens industrializados, enquanto que um país B produziria melhor bens agrícolas. E se os países se abrirem para o comércio, ambos poderão obter ganhos se comercializarem aquele produto no qual possuem vantagens absolutas de produção; assim, com os recursos obtidos pela venda do produto no qual apresentam vantagens absolutas, poderão comprar, via comércio exterior, os produtos nos quais não tem tais vantagens absolutas. David Ricardo propôs uma releitura do modelo de Smith, considerando mais especificamente não o volume total produzido, mas a questão das 3 produtividades relativas entre os dois países na produção de cada tipo de bem. Assim, a abordagem das vantagens absolutas foi reformulada em termos de vantagens comparativas. Como disse Krugman (2010, p. 22), “um país tem uma vantagem comparativa na produção de um bem se o custo de oportunidade de produzir esse bem, em termos de outros bens, for menor nesse país do que em outros países”. TEMA 2 – O MODELO DE HECKSCHER-OHLIN E O TEOREMA DE RYBCZYNSKI Na década de 1930 dois economistas ligados à Escola de Economia de Estocolmo, Eli Heckscher e Bertil Ohlin, tomando como ponto de partida o modelo de Ricardo, desenvolveram um modelo matemático de equilíbrio geral de comércio internacional ampliado para dois países, dois bens e, agora, dois fatores de produção – tal modelo ficou conhecido na literatura especializada como modelo Heckscher-Ohlin (modelo H-O). O modelo diz que os países desenvolverão padrões de comércio e produção com base nas dotações de fatores de produção que possuem: os países irão exportar produtos (apenas produtos, não fatores de produção) que utilizam o fator de produção noqual possuam maior abundância, e importar aqueles bens que demandam para sua produção o fator no qual apresentam maior escassez. No modelo H-O cada país tem uma economia de livre mercado constituído por consumidores e empresas competitivas, tendo como ponto de contato a possibilidade de comércio exterior somente de bens. No modelo, não se pressupõe livre movimento de fatores entre os dois países. Os países apresentam tecnologias de produção idênticas para a produção dos dois tipos de bens. No entanto, cada um dos dois bens utiliza um dos dois fatores mais intensivamente que o outro na sua produção. Com isto, se os países se abrem ao comércio, eles podem exportar o bem que produzem de forma mais eficiente, e importar do parceiro comercial aquele bem em que sua produção seria menos eficiente, com ganhos de bem-estar para ambos. Mas o teorema de Rybczynski adicionou um novo problema: qual seria o efeito de mudanças nas dotações dos fatores de cada uma das economias sobre o comércio? Ele afirma que, sob preços relativos constantes e supondo pleno emprego de fatores, um aumento na dotação de um fator leva a uma expansão mais que proporcional da produção no setor que utiliza mais intensamente aquele, e, consequentemente, um declínio absoluto da produção do outro bem. 4 A importância da contribuição do teorema de Rybczynski está em mostrar como as mudanças em dotações entre os países podem afetar os volumes de produção e, assim, os preços dos bens e as remunerações dos fatores. TEMA 3 – UM MODELO-PADRÃO DE COMÉRCIO INTERNACIONAL Em um esforço de síntese, Paul Krugman (2010) produziu um “modelo- padrão” de comércio internacional. Para explicar este modelo temos que recorrer ao conceito de fronteira de possibilidades de produção (FPP) com curvas de indiferença (vistos na disciplina de Introdução à Economia). Gráfico 1: Fronteira de possibilidades de produção e curvas de indiferença Fonte: Baseado em Paul Krugman, 2010. Nota-se que nesta economia, a produção de agrícolas (simbolizado por Qagr) é maior que a demanda interna por agrícolas (pois QA é maior que DA), mas a demanda por industrializados é maior que produção interna de industrializados (simbolizado por Qind) (DI é maior que QI). O que essas diferenças nos informam? No primeiro caso, como o país produz mais bens agrícolas do que consome, ele poderá exportar seu excedente produtivo. Por outro lado, as necessidades de industrializados superiores à produção interna significam que os bens serão obtidos via importação. Assim, a diferença QA – DA corresponderá à exportação do país, ao passo que a diferença DI – QI corresponde às importações. No entanto, a oferta e a demanda devem ser analisadas em termos mundiais, quando falamos em economias abertas. 5 Diversos fatores podem alterar as condições deste equilíbrio. O caso que vamos considerar aqui é aquele em que uma economia doméstica manifeste um crescimento. Quando ela cresce, isso significa que a sua FPP se desloca mais para fora, permitindo-lhe alcançar níveis mais elevados de produção. Isso significaria, por exemplo, a possibilidade de alcançar uma curva de isovalor (é a linha ao longo da qual o valor do produto é constante) acima do I1 no gráfico. Se esse aumento fosse simultâneo em ambas as capacidades produtivas (tanto de agrícolas quanto de industrializados), a elevação da FPP poderia se dar sem afetar os preços relativos. No entanto, pode acontecer de que o crescimento seja viesado somente num sentido, em detrimento do outro. Por exemplo, o crescimento poderia se dar na expansão da capacidade de produção de agrícolas (o ponto A se deslocar mais para a direita), ao passo que a produção de industrializados estaria mantida no mesmo nível (B fixado). Se a expansão da oferta agrícola se traduzir em queda de seus preços, isto fará com que o preço agrícola relativo diminua. TEMA 4 – ECONOMIAS EXTERNAS Esses modelos supunham implicitamente um comércio em que os mercados internacionais (e também os domésticos) operariam em concorrência perfeita. Isso significa dizer que os países seriam tomadores de preços, que seriam dados via comércio internacional. Além disto não haveria ganhos econômicos reais se as empresas aumentassem sua escala de produção. E se os retornos são decrescentes, não há economias de escala. Os países precisariam uns dos outros para, por meio do comércio, suprir suas necessidades de consumo. No entanto, quando as economias de escala são significativas, o comércio internacional não se baseia mais em concorrência perfeita; a economia deve tender à concorrência monopolista em escala global. Outra prática é o dumping, que ocorre quando uma grande empresa oferece preços diferentes para seus produtos para exportação e para suas vendas domésticas. Em termos econômicos, esse tipo de ação é chamado de discriminação de preços: os preços praticados estariam a discriminar consumidores domésticos de estrangeiros. Uma característica do mercado global é a formação de aglomerados de indústrias. Isto não ocorre por questões naturais, e sim por opções alheias a isto. 6 Como exemplo moderno mais conhecido desse tipo de aglomerados, podemos citar a indústria de semicondutores e tecnologias da informação, no Vale do Silício, ou os estúdios da indústria cinematográfica em Hollywood, ambos na Califórnia (EUA). A importância desses aglomerados industriais, em termos de competitividade, é que eles geram economias de escala devido à sua particular condição. TEMA 5 – ARGUMENTOS A FAVOR E CONTRA O COMÉRCIO INTERNACIONAL O comércio internacional não acontece desprovido de implicações sobre as economias domésticas. Em certo sentido, mesmo a existência de vantagens de qualquer natureza não seja suficiente para garantir que o comércio em si baste para resolver outras necessidades econômicas no âmbito doméstico dos países envolvidos. Por exemplo: quando um Estado decide iniciar um processo de industrialização, ou se já for industrializado, de crescimento de sua indústria (ou de um setor específico desta), ou ainda proteger os empregos de um setor, ele utiliza-se de políticas comerciais. Os principais instrumentos de política comercial são: (i) aplicação de tarifas; (ii) subsídios à exportação; (iii) cotas de importação; (iv) restrições voluntárias às exportações (RVE)/acordos de restrições voluntárias (ARV); (v) necessidades de conteúdo local; e (vi) barreiras comerciais não tarifárias. Além do mais, temos argumentos tanto contra quanto a favor do funcionamento do comércio internacional. Os argumentos a favor seriam: (i) eficiência econômica; e (ii) argumentos políticos, com favorecimentos de determinados grupos em detrimento de toda a sociedade. Contra: (i) proteção à indústria nascente; e (ii) falhas de mercado. NA PRÁTICA Pesquise em busca de notícias e artigos acadêmicos sobre as políticas comerciais dos governos Dilma e Lula e indique ganhos e perdas econômicos e políticos, e se houve uma continuidade ou ruptura entre os dois governos petistas. FINALIZANDO Nesta aula vimos alguns dos principais modelos de economia 7 internacional, e também de como funciona esse comércio – de Smith a Rybczynski e Krugman. Estes modelos não só cresceram quanto se tornaram mais complexos, tendo como ponto de partida uma sociedade abstrata de apenas um fator de produção, e sem considerar oferta e demanda mundial para modelos que agregassem estes fatores. Além disto, vimos que a liberdade do comércio internacional nem sempre é boa, e muito menos um consenso. Por isto, os Estados nacionais se utilizam de políticas comerciais ou para se protegerem de concorrências consideradas ofensivas, como para se desenvolverem economicamente, principalmente quanto à sua indústria. Conteúdo complementar Assista aos vídeos: “Belluzzo comenta sobre artigode Paul Krugman”, da TV Carta. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jgnXFGLMfiY>. Acesso em: 7 out. 2016. “O atual cenário da economia mundial e os riscos para o Brasil”. Painel Globo News. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qLdY88NJDZM>. Acesso em: 7 out. 2016. REFERÊNCIAS KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M. Economia internacional: teoria e prática. 8. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. (Obs.: especialmente os capítulos 2, 4, 5, 6, 8 e 9). ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL AULA 6 Prof. Eric Gil Dantas 2 CONVERSA INICIAL Na aula de hoje veremos três das principais teorias contemporâneas da Economia Política Internacional, de acordo com Gilpin (2002), que são: (i) a teoria da economia “dual”, derivada principalmente do liberalismo econômico; (ii) o Sistema Mundial Moderno (MWS, na sigla em inglês), sob forte influência do marxismo; e (iii) a teoria da estabilidade hegemônica, associada ao realismo político. Em um segundo momento, veremos que o sistema internacional é composto por diferentes atores – estatais e não estatais – sendo as Organizações Internacionais (OI) um desses atores. Tudo isto envolvido em um contexto maior, o da Governança Global e dos Regimes Internacionais. Depois disso, veremos dois exemplos de OIs: o FMI e a OMC. TEMA 1 – A TEORIA DA ECONOMIA DUAL A primeira teoria de que trataremos é a da economia dual, ou dualismo, que, como disse Gilpin (2002), Afirma que qualquer economia, interna ou internacional, precisa ser analisada em termos de dois setores relativamente independentes: um setor moderno e progressista, caracterizado por um nível elevado de eficiência produtiva e integração econômica, e um setor tradicional, caracterizado por um modo de produção atrasado e por uma autossuficiência local. A teoria sustenta que o processo de desenvolvimento econômico implica a incorporação e a transformação do setor tradicional em um setor moderno por meio da modernização das estruturas econômicas, sociais e políticas. (p. 86-7) O processo de globalização dos mercados e instituições, com o individualismo, a racionalidade econômica e a conduta de maximização dos resultados econômicos acabam com a “moral” estabelecida em nações mais atrasadas para dar lugar à uma nova moral social. Ainda segundo Gilpin (2002), Os progressos no transporte e nas comunicações, o desenvolvimentismo de instituições econômicas eficientes e a redução do custo intrínseco das transações (o custo dos atos de comércio) levaram ao deslocamento contínuo das economias tradicionais pelas economias modernas. O dualismo considera o fato de a economia 3 mundial moderna ter se desenvolvido por meio da expansão global de produção destinada ao mercado, assim como pela incorporação de novas áreas à economia internacional – não surgiu subitamente no século XVI por um ato de força dos estados capitalistas na Europa. O setor moderno deslocou gradualmente o setor tradicional, à medida que mais e mais sociedades se adaptavam à organização econômica baseada no mercado. (p. 87) Sintetizando, para esta teoria o processo de evolução econômica se dá pela competição no mercado e pelos mecanismos de preços, os quais forçam uma maior eficiência produtiva e a maximização da riqueza em uma dada economia. TEMA 2 – A TEORIA DO SISTEMA MUNDIAL MODERNO As teses dos teóricos desta linha argumentam que o funcionamento, tanto da história quanto da economia política internacional, só pode ser entendido nos termos do Sistema Mundial Moderno (SMM). O autor mais importante desta teoria, Emmanuel Wallerstein, define este sistema como “uma unidade com uma única divisão do trabalho e muitos sistemas culturais” (Wallerstein, 1974, p. 390, apud. Gilpin, 2002, p. 88). Diferentemente das sociedades pré-modernas, o “mundo”, tal como uma unidade estrutural, é o que deve ser levado em consideração numa análise de EPI. “Os proponentes do Sistema Mundial Moderno afirmam que a tarefa primordial dos economistas políticos é a análise das origens, da estrutura e do funcionamento desse sistema” (Gilpin, 2002, p. 88) O conjunto de autores desta linha não são necessariamente marxistas, apesar da forte influência. Na verdade, eles desviam, em muito, do que poderíamos considerar como “marxismo clássico”. Três dos principais economistas políticos desta linha são: Paul Baran, Emmanuel Wallerstein e Andre Gunder Frank. Apesar das inúmeras divergências entre os autores, um argumento central e compartilhado por eles é o de que “a economia mundial contém um núcleo dominante e uma periferia dependente que interagem e funcionam como um todo integrado. [...] os mesmos mecanismos que no núcleo produzem desenvolvimento e acumulação de capital, na periferia provocam subdesenvolvimento” (Gilpin, 2002, p. 89). Ou como disse Andre Gunder Frank, “desenvolvimento e subdesenvolvimento não passam de dois lados da mesma 4 moeda”. Em contraste à teoria dual, que enxerga o núcleo e a periferia como uma tendência favorável, os teóricos do SMM argumentam que centro e periferia são funcionais um para o outro, que a periferia serve para o desenvolvimento do centro, enquanto que o centro é responsável pela reprodução da periferia como tal. TEMA 3 – A TEORIA DA ESTABILIDADE HEGEMÔNICA Formulada inicialmente pelo historiador econômico estadunidense Charles Kindleberger, a teoria da estabilidade hegemônica afirma que uma economia mundial liberal exige a presença de uma potência dominante, ou mesmo hegemônica. E aqui é importante enfatizar o termo “liberal”, pois esta teoria está relacionada à existência de uma economia internacional baseada no livre mercado. Não que a única economia internacional possível seja a liberal, pois a história mostra que isto não seria verdade. O que o autor afirma é que “um tipo particular de ordem econômica internacional, a ordem liberal, não poderia florescer e alcançar seu pleno desenvolvimento sem a presença de um poder hegemônico” (Gilpin, 2002, p. 92). Mas não basta que haja apenas um poder hegemônico. A hegemonia sem um compromisso liberal com a economia de mercado não rumará para a ordem que nos referimos. É preciso que haja entre as principais potências econômicas um apoio ao sistema liberal, ou seja, outros Estados poderosos também devem ter interesse na manutenção deste sistema. Com isto, são três os pré-requisitos observados: hegemonia, ideologia liberal e interesses em comum. São dois os momentos históricos que houve a conjuntura favorável à hegemonia liberal: (i) a era da Pax Britannica; e (ii) a liderença dos EUA no pós- Segunda Guerra. Para esta teoria, é importante que quem detém o poder hegemônico seja responsável pela manutenção do sistema, impedindo fraude e a ação de “caronas”, impondo as regras de uma economia liberal e estimulando os outros a participarem no custeio da manutenção do sistema (veremos exemplos de como os EUA fizeram isto no século XX, a partir de criações de Organizações Internacionais, na próxima seção). Ou nas palavras do principal seu teórico, 5 Para que a economia a economia mundial tenha estabilidade, precisa de um estabilizador, um país que se disponha a fornecer um mecado para bens de socorro, um fluxo constante de capital – quando não contracíclico – e um mecanismo de um redesconto que ofereça liquidez quando o sistema monetário for congelado pelo pânico. (Kindleberger, 1981, p. 247, apud. Gilpin, 2002, p. 95) TEMA 4 – GOVERNANÇA GLOBAL, REGIMES INTERNACIONAIS E AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS Governança Global É mais ampla do que governo, abrangendo instituições governamentais, mas também implicando em mecanismos informais e formais, de caráter não governamental, que façam com que as pessoas e as organizações dentro dasua área de atuação tenham uma conduta determinada, satisfaçam necessidades e respondam a demandas. Regimes internacionais São um conjunto de princípios, normas, regras e procedimentos de tomada de decisão, explícitos ou implícitos, nos quais convergem as expectativas dos atores numa dada área das relações internacionais. Os regimes podem abranger diferentes áreas temáticas, bastante específicas e diversificadas, como política, economia e meio ambiente. O conceito de regime está restrito a setores ou áreas específicas e particulares, ao passo que o de governança global relaciona-se a uma tentativa de gerenciar o sistema internacional de forma mais geral, por meio também dos atores não estatais, dentro de um sistema cada vez mais globalizado que vai além de uma visão fragmentada entre setores. Independentemente das suas diferenças, tanto a governança global quanto os regimes internacionais, ao buscarem coordenar a anarquia intrínseca do sistema internacional, necessitam de instituições para isto. As Organizações Internacionais (OIs) buscam aumentar a cooperação entre diversos atores econômicos, políticos e sociais, tornando as tomadas de decisões mais previsíveis dentro de áreas específicas. Elas são componentes dos regimes internacionais, e foram criadas em acordos ou regimes que, como vimos, são estabelecidos em diferentes áreas (segurança, economia, meio ambiente, questões sociais etc.). 6 TEMA 5 – O FMI E A OMC As OIs ganharam destaque a partir de meados do século XX, após a Primeira e a Segunda Guerra mundiais, quando cresceu o consenso internacional sobre a necessidade de se buscar alternativas de relacionamento entre os Estados. Assim, várias organizações internacionais foram formalmente criadas, buscando reduzir a instabilidade global pela atuação das OIs como mecanismos de cooperação multilateral na arena política internacional, dentre os quais o FMI e a OMC. O Fundo Monetário Internacional (FMI) foi criado em 1944, na Conferência de Bretton Woods, porém só passou a funcionar dois anos depois. A esta OI caberia a função de manter a estabilidade das taxas de câmbio e ofertar empréstimos financeiros aos países que enfrentassem dificuldades em seu balanço de pagamentos. Embora o objetivo das regras criadas em Bretton Woods tenha sido para garantir o crescimento econômico, o Fundo começa a operar em 1946 mais preocupado em controlar os excessos de demanda, pois a inflação estava se tornando um problema que necessitava ser combatido, ao mesmo tempo em que os indivíduos que pertenciam ao staff diretor da instituição possuíam uma visão econômica mais ortodoxa sobre o tema dos ajustes. Desta maneira, o FMI passa a assumir que crises no balanço de pagamentos ocorriam sempre em situações de excesso de demanda agregada do país deficitário. O FMI apoiou, tal como hoje, o processo de ajuste no balanço de pagamento dos países deficitários recomendando e monitorando a aplicação de políticas de redução de demanda, capazes de eliminar o excesso de demanda inicial que deu origem ao desequilíbrio. Em outras palavras, dado o diagnóstico do desequilíbrio externo, o FMI recomendava adoção de medidas recessivas para que o país voltasse a ter equilíbrio externo. A Organização Mundial do Comércio (OMC) surgiu oficialmente em 1995, com o Acordo de Marraquexe, em substituição ao Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), estabelecido em 1947. A OMC surge diante do protecionismo de vários Estados, que para proteger seus negócios internos se utilizam de políticas para beneficiar empresas nacionais em detrimento do comércio internacional. Diferentemente do GATT, que começou com 23 países, a OMC já nasceu grande, e em 2015 contava com 161 membros, cobrindo cerca 98% do comércio mundial, sendo significativas as adesões da China em 2001 e da Rússia em 2012. Um avanço da OMC em relação ao GATT é que, por não ser apenas um amplo acordo, 7 mas uma instituição, esta criou mecanismos, regras e procedimentos para discussão e resolução de disputas e conflitos relacionados ao comércio. NA PRÁTICA Busque em notícias, artigos ou mesmo em sites das instituições medidas adotadas e/ou sugeridas pelo FMI e pela OMC para o caso do Brasil. FINALIZANDO Nesta aula vimos três teorias contemporâneas da Economia Política Internacional: a teoria dual, a teoria do Sistema Mundial Moderno e a teoria da estabilidade hegemônica. Apesar das grandes diferenças entre si, cada uma delas contribui muito para o debate. Em um segundo momento vimos dois conceitos fundamentais da EPI: o de Governança Global e o de Regimes Internacionais. Além disto, vimos o que são as Organizações Internacionais e dois de seus principais exemplos na atual ordem econômica internacional: o FMI e a OMC. Com isto finalizamos o curso de EPI, conhecendo um pouco das contas nacionais e internacionais do Brasil, das teorias do comércio internacional, das teorias da EPI e da realidade concreta da economia internacional. Conteúdo complementar Assista aos vídeos: “FMI alerta que protecionismo travará ainda mais crescimento global”. EFE Brasil. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=07hUIVZit8Y>. Acesso em: 07 fev. 2017. “Roberto Azevêdo: OMC tem de se modernizar para sobreviver”. Euronews. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QdVqLYocNXE>. Acesso em: 07 fev. 2017. REFERÊNCIAS GILPIN, R. A economia política das relações internacionais. Brasília: Ed. UnB, 2002. (Obs.: Especialmente o capítulo 3).
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