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FACE – FACULDADE CASA DO ESTUDANTE
ISABELLA GOMES BOTTAN LOMBARDI
O DIREITO SUCESSÓRIO DO COMPANHEIRO SUPÉRSTITE
ARACRUZ
2016
ISABELLA GOMES BOTTAN LOMBARDI
O DIREITO SUCESSÓRIO DO COMPANHEIRO SUPÉRSTITE 
Monografia apresentada ao curso de Direito da FACE - Faculdade Casa do Estudante, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Professor Orientador: Msc. Fábio Tavares
ARACRUZ
2016
ISABELLA GOMES BOTTAN LOMBARDI
O DIREITO SUCESSÓRIO DO COMPANHEIRO SUPÉRSTITE
Monografia apresentada ao curso de Direito da FACE - Faculdade Casa do Estudante, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Professor Orientador: Msc. Fábio Tavares
Aprovada em 23 de novembro de 2016.
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________
Prof. Msc. Fábio Tavares
Faculdade Casa do Estudante
Orientador 
_______________________________
Prof. Msc. Marcelo José de Souza
Faculdade Casa do Estudante
_______________________________
Prof. Cristina Hattab
Faculdade Casa do Estudante
Dedico esse trabalho à minha família que sempre se esforçou para que pudesse concluir meu curso. 
Agradeço primeiramente a Deus por mais essa vitória. Ao meu pai que com tanto esforço e dedicação, não deixou que eu parasse na caminhada, agradeço por tudo o que fez por mim. Espero que um dia possa recompensar esse zelo. À minha mãe que cuidou muito bem dos meus filhos quando estava ausente, que muitas vezes ouvia minhas preocupações e me dava forças. Ao meu marido que foi guerreiro e não se abalava nas derrotas. Aos meus amigos que me ajudaram nessa conquista e pelos momentos que passamos juntos, pelos conselhos e ajuda que tive. À todos que de alguma forma cooperaram para que eu vencesse essa etapa. 
É muito melhor lançar-se em busca de conquistas grandiosas, mesmo expondo-se ao fracasso, do que alinhar-se com os pobres de espírito, que nem gozam muito, nem sofrem muito, porque vivem numa penumbra cinzenta, onde não conhecem nem vitória, nem derrota. 
Theodore Roosevelt
RESUMO
O legislador, ao reconhecer a união estável como entidade familiar na Carta Maior, mais precisamente no seu §3º do artigo 226, trouxe como corolário, ostensivas discussões doutrinárias e jurisprudenciais ao comparar com o instituto do casamento, principalmente no que concerne o direito sucessório do companheiro advindo o Código Civil de 2002. O artigo 1.790 deste instituto recebe diversas e severas críticas por afrontar princípios constitucionais como a isonomia e a justiça. Os conviventes em uma união estável não estão no mesmo patamar de direitos quando se trata do direito sucessório comparado com as regras aplicadas aos cônjuges, mesmo que a Constituição Federal de 1988 tenha assegurado tratamento isonômico para todas as entidades familiares, incluindo a união estável. O descuido do legislador ao diferenciar os direitos do companheiro supérstite com o do cônjuge abriu margem para situações confusas e injustas no direito brasileiro. O presente trabalho visa destacar todos esses pontos controversos e identifica a situação atual de como é tratado o direito sucessório dos companheiros em uma união estável para que se possa chegar a um melhor consentimento e interpretação da lei com justiça e igualdade.
Palavras Chave: União Estável. Artigo 1.790 do Código Civil. Inconstitucionalidade. Direito Sucessório. 
ABSTRACT
The legislature, recognizing the stable union as a family entity in the Greater Charter, specifically in its paragraph 3 of Article 226, brought as a corollary, ostensible doctrinal and jurisprudential discussions to compare with the marriage of the institute, especially regarding succession law companion arising the Civil Code of 2002. Article 1,790 of the institute receives many and severe criticism by confronting constitutional principles such as equality and justice. The living together in a stable relationship are not the same level of rights when it comes to inheritance law compared to the rules applicable to spouses, even if the federal constitution 1988 has ensured equal treatment for all family entities, including stable. The legislature's oversight to differentiate the rights of the surviving mate with the spouse opened room for confusing and unfair situations in Brazilian law. This paper aims to highlight all these controversial issues and identifies the current situation of how is treated the inheritance law of the companions in a stable so that we can reach a better agreement and interpretation of the law with justice and equality.
Keywords: Stable Union. Article 1790 of the Civil Code unconstitutional. Inheritance Law. 
1 INTRODUÇÃO 
O presente estudo terá como escopo o direito sucessório do companheiro supérstite na união estável, a fim de comparar os direitos do cônjuge em sua sucessão, uma vez que o companheiro não está em pé de igualdade com aquele no que concerne a herança deixada pelo de cujus. 
Com o advento da Constituição Federal de 1988, a união estável foi elevada como categoria de entidade familiar, sendo equiparada ao instituto do casamento. Todavia, com o Novo Código Civil em 2002, expressou-se tremenda desigualdade entre o companheiro e o cônjuge. 
Desta forma, o presente trabalho resolverá o seguinte problema: qual o direito sucessório do companheiro na união estável frente a aplicabilidade do artigo 1790 do Código Civil de 2002 e a real aplicabilidade dos princípios que norteiam a Carta Maior no Direito Sucessório do companheiro em relação ao cônjuge supérstite, entidades familiares estas legalmente protegidos pelo Estado e garantidos na Constituição Federal?
Diante do problema apresentado, tem-se o trabalho como objetivo geral demonstrar as questões polêmicas que surgiram com o advento do Código Civil de 2002 quando se refere aos assuntos sucessões pertinentes aos companheiros em uma união estável ante a aplicabilidade da isonomia com cônjuge sobrevivente e sua constitucionalidade.
Assim, para alcançar o objetivo geral, este trabalho terá como objetivos específicos:
Comparar o instituto do casamento e da união estável no que trata suas peculiaridades sucessórias;
Levantar suas diferenças trazidas pelo legislador no Código Civil de 2002 e o porquê os dois institutos são tratados de forma tão diferentes; 
O artigo 1.790 desse diploma é alvo de arguições de inconstitucionalidade, alegando juristas e doutrinadores não estar de acordo com alguns princípios constitucionais, levantando controvérsias no meio jurídico. Justifica, portanto, a intenção de explanar esse estudo, analisando as posições de quem entende ser constitucional e quem compreende não ser, para que por fim, possa se chegar a um posicionamento com justiça. 
Para que sejam alcançados os objetivos apresentados neste trabalho, será utilizado como métodos de pesquisa a bibliográfica e documental, com base em livros, artigos científicos, sites jurídicos, decisões jurisprudenciais. O tipo de pesquisa descritiva e a natureza dos dados qualitativa. 
O trabalho está organizado em quatro capítulos, sendo o primeiro a introdução, o segundo capítulo será abordado os aspectos históricos da União Estável e seu reconhecimento através da Constituição Federal de 1988, será explicado seu conceito; logo após apontar-se-á as suas características e seus pressupostos, mencionando também o direito conquistado pelos homossexuais em firmar a união estável e o contrato de convivência celebrado entre eles.
No terceiro capítulo serão levantadas críticas referentes ao Direito Sucessório do companheiro supérstite, com o advindo do Novo Código Civil de 2002, e sua nova redação, vez que este dispositivo veio retroagir direitos adquiridos pela Constituição e Leis nº8.971 de 1994 e nº 9.278 de 1996, infringindo segundo uma parte da doutrina, princípios constitucionais como o da não discriminação, o da dignidade da pessoa humana, do bem comum, da igualdade, entre outros. Também será levantado a ausência do direito real de habitação e o usufruto vidual no Código Civil de 2002, uma vez que a Lei nº 9.278 de 1996 assegurava esse direito ao companheiro.
No quarto e último capítulo, tratar-se-á da Sucessão dos Companheiros, destacando a Ordem de Vocação Hereditária destes, comparando com a ordem de vocação do cônjuge supérstite, na Concorrência com descendentes comuns, descendentes do autor da herança, no caso de filiação híbrida, com ascendentes, colaterais, a hipótese de herdar a totalidade da herança e a suposição do companheiro concorrer com o cônjuge no direito sucessório. 
2 ASPECTOS GERAIS DO DIREITO SUCESSÓRIO
Sucessão vem do verbo suceder que significa adiantar algo, passar para alguém algo, é o ato ou efeito de suceder. Tal nomenclatura é bastante aplicada na esfera jurídica do direito das sucessões. No artigo 5º, XXII da Constituição Federal, o direito das sucessões traduz a ideia de passar algo para alguém.
O direito sucessório pode ser percebido como reunião de normas para regulamentar a transmissão do patrimônio do falecido para aqueles de direito, sendo o momento de início da sucessão a morte de alguém. 
A sucessão pode ser classificada de duas maneiras, conforme os critérios da sua formação e quanto seus efeitos. De acordo com os critérios, a sucessão pode ser testamentária ou legítima, conforme dispõe o artigo 1.786 do Código Civil de 2002, a saber: A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade. Tal dispositivo legal concede ao interessado a possibilidade de fazer testamento de seu patrimônio. 
Conquanto, se este possuir herdeiros necessários, isto é, cônjuge sobrevivente, descendentes e ascendentes, não poderá dispor da integralidade de seu patrimônio em testamento, somente da metade, pois a outra parte pertence a seus herdeiros. Ou seja, o patrimônio do testador é dividido em duas porções, uma que pertence por direito a seus herdeiros, montante chamado de legítima, e a outra porção, sobre a qual pode dispor livremente, ressalvado o artigo 1.805 do Código Civil.
A segunda forma é a sucessão legítima, a qual é resultante dos casos de ausência, nulidade, anulabilidade ou caducidade do testamento, nos termos dos artigos 1.786 e 1.788 do Código Civil. Não tendo o falecido deixado testamento ou não sendo este válido, os bens não ficarão sem dono. Ao contrário, serão divididos entre os herdeiros do falecido conforme normas previstas no Código Civil, chamando-se de sucessão legítima.
Nos termos do artigo 1.788 do referido diploma legal: morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo. 
No caso dos companheiros, que é alvo deste presente tema, ele entra na sucessão legítima, porém não é considerado herdeiro necessário, além disso, concorre com os descendentes, ascendentes e colaterais, dispondo somente no que concerne aos bens adquiridos na constância da união estável. Já o cônjuge, herdeiro necessário, concorre apenas com os descendentes e ascendentes. Não obstante, na integralidade do espolio do de cujus. 
Existem algumas outras formas para transferir um bem a determinadas pessoas, como exemplo o legado, que é quando o testador concede ao beneficiário bem certo e determinado.
O direito sucessório se encontra no Código Civil, no Livro V do referido diploma legal do artigo 1.784 ao 2.027, dividindo o direito das sucessões em quatro grandes grupos. São eles sucessão em geral (Título I), parte que contém as normas a respeito das sucessões legítima e testamentária, assim como a sucessão do companheiro. Sucessão legítima (Título II), regula a sucessão determinada pela lei, ou seja, à transmissão para os figurantes na ordem de vocação hereditária e direito de concorrência. Sucessão testamentária (Título III) traz as regras atinentes à transmissão de bens por ato de última vontade do de cujus, ou seja, seu testamento. Por fim, inventário e partilha (Título IV) vislumbra as normas para o processo judicial através do qual é feita a divisão de bens e outros.
3 ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO SUCESSÓRIO
A família é a principal forma de agrupamento, antes mesmo da existência da organização jurídica da vida em sociedade, de tendência natural dos seres humanos.
Por ela se agrupam homens e mulheres, ligados pela atração física e por laços de afetividade. Não importam as mudanças na sociedade, a família continua sendo o refúgio certo para as pessoas na busca da segurança, proteção, realização pessoal e integração ao meio social.
As uniões extramatrimoniais também sempre estiveram presentes. Com o tempo passou a se intensificar na sociedade brasileira sendo chamadas de concubinato.
A palavra concubinato tem origem no latim – concubinatus – cujo significado é de “mancebia” ou “companhia de cama sem aprovação legal”. Este termo era utilizado por duas situações, uma consoante de relações amorosas entre homens ou mulheres casadas com outras pessoas sem querer compromisso ou fidelidade, e outro a retratar a união entre duas pessoas solteiras, viúvas, separadas ou divorciadas, com a presença de um requisito fundamental: a lealdade concubinária. A primeira situação era descrita como concubinato impuro, e a segunda como pura, essa era aprovada pela sociedade mas não reconhecida pela Lei.
O Código Civil de 1916, continha alguns dispositivos que faziam restrições a esse modo de convivência, proibindo doações ou benefícios testamentários do homem casado à concubina, ou a inclusão desta como beneficiária de contrato de seguro de vida (GONÇALVES, 2015).
No mesmo Código, em seu artigo 363, I, permitia a investigação de paternidade caso a mãe comprovasse que no tempo de sua concepção estava concubinada com o pretendido pai. Já entendia o legislador que o conceito de concubinato pressuponha fidelidade à mulher, ou vice versa, presumindo, portanto, que o filho gerado era de seu concubino (GONÇALVES, 2015).
Outros direitos na lei previdenciária foram sendo reconhecidos à concubina, e alguns jurisprudenciais como o direito a meação dos bens adquiridos em conjunto. Alguns juristas entendiam que o direito a meação era conquistado pela mulher que participava com o patrimônio formado em esforço comum, já outros entendiam que os simples afazeres domésticos já caracterizavam o esforço comum, pelo qual mais tarde passou a ser o posicionamento do Superior Tribunal Federal conforme Súmula 380: “Comprovada a existência da sociedade de fato entre concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum” (GONÇALVES, 2015, p. 617).
O grande passo foi concedido pela atual Constituição Federal em 1988, quando em seu texto, mais especificamente no artigo 226, parágrafo 3º foi reconhecida pelo Estado a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar. Assim, o concubinato puro, que antes tinha efeito ambíguo, passou a denominar-se união estável. E o concubinato impuro continua ser expressão de ato reprovável pela sociedade hodiernamente conhecido como adulterino ou mesmo concubinato, sendo, portanto, relações entre parceiros que são proibidos legalmente de se casarem (art. 1.727), exceto aqueles amparados pelo §1º do art. 1.723 do Código Civil de 2002 (CÓDIGO CIVIL de 2002) (GONÇALVES, 2015).
A primeira regulamentação da norma constitucional que trata da união estável adveio com a Lei nº 8.971 de 1994, que definiu como “companheiros” o homem e mulher que mantinham união comprovada, na qualidade de solteiros, separados judicialmente, divorciados ou viúvos por mais de cinco anos, ou com prole (concubinato puro).
Em 1996 a Lei 9.278 alterou esse conceito, omitindo os requisitos de naturezapessoal, tempo mínimo de convivência e existência de prole (GONÇALVES, 2015, p. 619). 
Assim, foram revogadas as Leis acima citadas com o advento do Novo Código Civil em 2002, que fez significativa mudança no ordenamento jurídico brasileiro, inserindo o título referente à união estável no Livro de Família, introduzindo disposições esparsas em outros capítulos quanto a certos efeitos. Passou então a conceituar união estável no artigo 1.723: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família” (GONÇALVES, 2015, p. 621).
Até aqui pode-se vislumbrar a briga do companheiro em ser reconhecido como entidade familiar, para que por conseguinte os seus direitos sucessórios também pudessem ser alcançados. 
No direito brasileiro, a valorização do cônjuge na ordem de vocação hereditária descreve a seguinte trajetória: até 1907, sucedia em quarto lugar, depois dos parentes colaterais até o décimo grau, naquele ano com a Lei Feliciano Pena, o cônjuge passou a ter preferência entre os colaterais; o Código de Beviláqua, em 1916, não alterou essa ordem, mantendo o cônjuge na terceira classe, atrás dos filhos e, não os havendo, dos pais do falecido, o Código Reale, em 2003, promoveu-o à primeira e segunda classe de familiares sucessíveis, em concorrência respectivamente com os descendentes e ascendentes.
Quanto aos direitos sucessórios do companheiro, o legislador trouxe em seu texto grandes diferenças aos direitos sucessórios do cônjuge, não concorrendo segundo iguais critérios.
4 UNIÃO ESTAVEL E SEU RECONHECIMENTO
Primeiramente, importante destacarmos as informações constantes no Código Civil, o qual destaca em seu artigo 1.723 que: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família” (CÓDIGO CIVIL, 2002).
A união de fato se instaura quando os integrantes resolvem iniciar a convivência como se fossem casados com o animus de constituir família.
Segundo LISBOA (2012, p. 154):
União estável é a relação íntima e informal, prolongada no tempo e assemelhada ao vínculo decorrente do casamento civil, entre sujeitos de sexos diversos (conviventes ou companheiros), que não possuem qualquer impedimento matrimonial entre si.
VELOSO (2010, apud GONÇALVES, 2014) que, malgrado a tônica da união estável seja a informalidade, não se pode dizer que entidade familiar surja no mesmo instante que o casal passa a viver juntos, no dia seguinte ou logo após. Há que existir uma duração (GONÇALVES, 2014, p. 625).
Não é requisito também a necessidade de os companheiros morarem sob um mesmo teto para que se configure a união estável. Ensina Paulo Lobo que basta que os companheiros se comportem nos espaços públicos e sociais como se casados fossem para que seja configurada a união estável (LOBO, 2011).
São vários os pressupostos para sua configuração, VENOZA (2010) desdobra-os em subjetivos e objetivos. Podem ser apontados como subjetivos: a) convivência more uxório; b) affectio maritalis: animo ou objetivo de constituir família. E, como ordem objetiva: a) notoriedade; b) estabilidade ou duração prolongada; c) continuidade; d) inexistência de impedimentos matrimoniais; e e) relação monogâmica (GONÇALVES, 2014, p. 625).
Para LISBOA (2012, p. 154), são requisitos da união estável:
a) a diversidade de sexos, o que importa na impossibilidade de reconhecimento da união estável entre pessoas homossexuais;
b) a inexistência de impedimento matrimonial entre os conviventes;
c) a exclusividade;
d) a notoriedade ou publicidade da relação, que é forma de expressão da affectio maritalis;
e) a aparência de casamento perante a sociedade, como se os conviventes tivessem contraído o matrimônio civil entre si (união more uxório);
f) a coabitação;
g) a fidelidade, tanto sob o aspecto de disposição física do corpo como sob a ótica moral, perante a sociedade e na esfera íntima de atuação dos conviventes;
h) a informalização da constituição da união; e
i) a durabilidade, caracterizada pelo período de convivência, para que se reconheça a estabilidade da união.
LISBOA (2012, p. 155), ao tratar do tempo para configuração da união estável, estabelece que:
Como é requisito da união estável a durabilidade da união de fato dos conviventes, deve-se entender razoável o período de cinco anos, como indicativo de um período condizente para o reconhecimento da estabilidade. Porém não pode ser admitido como regra absoluta. Na realidade, nada obsta ao reconhecimento de uma união informal entre pessoas de sexo diferente por menos tempo (dois anos, por exemplo), como união estável. Deve ser afastado o período de tempo longo sempre que outras circunstâncias possibilitarem ao julgador concluir que se encontram presentes os requisitos da união estável.
[...] Aludido lapso temporal, destarte, pode deixar de ser atingido graças a fatores não imputáveis à vontade de ambos os conviventes, tornando-se, mesmo assim, viável o reconhecimento da união estável. Exemplo: a morte de um dos conviventes antes do término do período de cinco anos não obsta ao reconhecimento da união estável, uma vez presentes os demais requisitos.
Até maio de 2011, constava como pressuposto para configuração da união estável a diversidade de sexos, não podiam casar nem constituir convivência, pessoas de sexo iguais. Por força de princípios constitucionais como da igualdade, liberdade, dignidade, privacidade e não discriminação, o STF reconheceu por unanimidade, o casamento de pessoas do mesmo sexo. Essa admissibilidade não decorreu de lei, mas de uma evolução da jurisprudência e de norma do Conselho Nacional de Justiça (COELHO, 2012).
Da mesma forma, passou a ser tratada a união estável que reconheceu por meio de instrumento particular ou escritura pública união homo afetiva coma equiparação aos casais heterossexuais. Em seguida, juízes de primeiro grau pelo efeito vinculante ao referido entendimento do Supremo Tribunal Federal, reconheceram a união estável aos relacionamentos homo afetivos, com base no artigo 226, parágrafo 3º da Carta Magna e princípios constitucionais (COELHO, 2012).
O Conselho Nacional de Justiça, dois anos depois, baixou a Resolução nº 175 de 2013, vedando a recusa na habilitação e celebração de união estável, casamento ou conversão de união estável para casamento de pessoas do mesmo sexo (COELHO, 2012).
5 CONTRATO DE CONVIVENCIA NA UNIÃO ESTÁVEL
Por contrato de convivência na união estável CAHALI entende como sendo “o instrumento pelo qual os sujeitos de uma união estável promovem regulamentações quanto aos reflexos da relação, que serão tratadas adiante quando analisado o conteúdo das disposições contratuais entre os conviventes” (2002, p. 55/56).
LISBOA (2012, p. 159) o define como o contrato que “[...] é o negócio jurídico por meio do qual um homem e uma mulher decidem formalmente se unir, porém sem as solenidades exigidas pela legislação vigente”.
Nele será descrito, pela vontade dos conviventes, assuntos pertinentes às relações patrimoniais que vivem em união estável, afim de até mesmo comprovar essa convivência quando ocorrer algum fato que for necessário, como exemplo, o tema do presente estudo.
Esta modalidade de contrato não exige muitas formalidades quanto à sua celebração. A única exigência legal é de que o contrato seja escrito. Entretanto, o contrato pode ser levado à averbação ou registro, em um Cartório de Títulos e Registros, conferindo uma maior segurança aos companheiros, além de resguardar os direitos de terceiros que eventualmente realizem negócio jurídico com um dos conviventes.
Em verdade, permite-se, pois, que, por meio de negócio jurídico escrito, os interessados regularizem a sua união de fato, estabelecendo cláusulas contendo os direitos e deveres decorrentes da relação estável, tanto sob o aspecto patrimonial como pessoal. Delineiam-se normassobre a administração dos bens e a sua comunicação, bem como os efeitos decorrentes da extinção do contrato (LISBOA, 2012).
6 A UNIÃO ESTÁVEL NO CÓDIGO CIVIL DE 2002
Conforme destacado, a conceituação da união estável consta no artigo 1.723 do Código Civil de 2002, verbis: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família” (CÓDIGO CIVIL, 2002).
O presente diploma inseriu em seu texto o título referente à união estável no Livro de Família e incorporou em cinco artigos (1.723 a 1.727), os princípios básicos das aludidas leis, bem como, introduziu algumas disposições em outros capítulos, como por exemplo as obrigações alimentares (Artigo 1.694). 
Nesses dispositivos, tratou dos aspectos processuais e patrimoniais, deixando para o direito das sucessões o efeito patrimonial sucessório. Não foi feita nenhuma referência ao direito real de habitação em favor do sobrevivente, nem ao usufruto vidual, previstos na antiga legislação.
Quanto aos bens adquiridos durante a vigência da união estável, obsta salientar que não foi garantido o mesmo tratamento do cônjuge sobrevivente, que tem maior participação na herança e foi incluído no rol dos herdeiros necessários, ao lado dos descendentes e ascendentes. Veja como exemplo o artigo 1.790 do Código Civil de 2002:
A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. (CÓDIGO CIVIL, 2002)
Primeiramente, cumpre observar que o artigo supracitado está alocado inexplicavelmente nas disposições gerais do título referente ao direito das sucessões e não no capítulo da vocação hereditária. Desse modo o legislador poderia estar querendo, propositalmente, afastar os institutos da sucessão na união estável com a sucessão do casamento.
De acordo com os autores Farias e Rosenvald (2010), as regras sucessórias entre os companheiros foram mudadas com a adoção do Código Civil de 2002, alterando de forma retrógrada como a sucessão entre companheiros estava disposta nas leis nº 8.971 de 1994 e nº 9.278 de 1996. 
É possível observar que o dispositivo restringe o direito do companheiro aos bens que tenham sido adquiridos onerosamente na vigência da união estável. 
Faz distinção entre a concorrência do companheiro com filhos comuns ou só do falecido; prevê o direito apenas à metade do que couber aos que descenderem somente do autor da herança e estabelece um terço na concorrência com herdeiros de outras classes que não os descendentes do falecido; não beneficia o companheiro com quinhão mínimo na concorrência com os demais herdeiros nem o inclui no rol dos herdeiros necessários; concorre com um terço também com os colaterais e só é chamado a recolher a totalidade da herança na falta destes.
Ora, se o companheiro já possuísse direito de meação, dos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, e concorrer com os parentes da forma que a lei vem tratando, seria outra circunstância. Outra situação injusta é quando o falecido não tiver adquirido nenhum bem na constância da união estável, ainda que tenha deixado valioso patrimônio formado anteriormente, o companheiro sobrevivente nada herdará, sejam quais forem os herdeiros eventualmente existentes. 
LISBOA (2012, p. 152) afirma também que:
O art. 1.723, § 1º, c/c o art. 1.521, VI, do CC possibilita o reconhecimento do período, anterior ao divórcio, em que ocorreu a separação judicial ou de fato, para ser incluído no cômputo do tempo de união informal. Isso não significa que o julgador deverá reconhecer a união estável antes da formalização do divórcio. Por isso, é recomendável, para evitar confusão patrimonial e sobre os efeitos pessoais das duas relações do interessado (a que ele teve, como casado, e a que ele tem com o convivente), o reconhecimento formal da união estável após o divórcio, ainda que se aproveite o período de tempo de separação judicial ou de fato antes do divórcio para tal mister.
Diante do exposto, é possível observar que o Código Civil trouxe tratamento diferenciado ao instituto da união estável, tornando-o modalidade de entidade familiar. 
7 DIREITO REAL DE HABITAÇÃO E USUFRUTO VIDUAL
O direito real de habitação é o direito que tem o cônjuge sobrevivente, independente do regime de bens de seu casamento, de permanecer residindo na morada do casal após o falecimento de seu consorte, desde que aquele imóvel, que era usado para moradia, seja o único bem de natureza residencial a ser inventariado, não havendo limitações temporais ao exercício do direito aqui assegurado, de tal forma que o cônjuge sobrevivente o detém de maneira vitalícia (PINTO, 2006).
O Código Civil apresenta o conceito de direito real de habitação em seu artigo 1.414, que se refere da seguinte forma: “Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família” (DINIZ, 2012, p. 163).
Sem essa garantia os herdeiros poderão fazer o que bem entender com o imóvel, e nem sempre aceitarão repartir o uso do imóvel residual. 
Na Lei nº 9.278 de 1996, em seu artigo 7°, parágrafo único, foi assegurado esse direito ao companheiro nos seguintes termos: “Parágrafo único - Dissolvida a união estável por morte de um dos conviventes, o sobrevivente terá direito real de habitação, enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à residência da família” (BRASIL, 1996).
VENOSA chama atenção para uma peculiaridade quanto ao direito real de habitação na Lei nº 9.278 de 1996: “A mesma não faz referência à situação do sobrevivente, ou seja, depreende-se que tal direito pode ser concedido ao companheiro, ainda que o falecido tenha morrido estando casado, porém separado de fato” (2002, p. 122).
Com o advento ao Novo Código Civil de 2002, o Direito Real de Habitação ficou omisso em relação ao companheiro supérstite. Somente o sustentou em benefício ao cônjuge.
Para alguns doutrinadores esse direito não foi mantido, como sustenta CAHALI (2003, p.33): 
Em nosso entender, houve a revogação dos artigos referidos por incompatibilidade com a nova lei. Com efeito, o art. 1.790 estabelece que o companheiro ou companheira "participará da sucessão do outro (...) nas condições seguintes". Fora das condições previstas na norma, o sobrevivente não participa da sucessão de seu falecido companheiro.
Mesmo sem previsão legal, disposições doutrinárias sustentam que a Lei 9.278/96, que garantia tal direito em seu artigo 7º, parágrafo único, não teve revogação expressa, e em razão de a atual legislação não dispor nada sobre esse benefício, invoca-se interpretação analógica do mesmo direito assegurado ao cônjuge sobrevivente no artigo 1.831 Código Civil de 2002, linha que seguiu em setembro de 2002, o Conselho Nacional de Justiça regulamentando esse direito no Enunciado 117, na I Jornada de Direito Civil, informado pelo artigo 6º, caput, da CRFB de 1988 (COELHO, 2014, pg. 293)
Já quanto ao usufruto legal sucessório, a maior parte dos doutrinadores entendem que houve revogação expressa do parágrafo 1º do art. 1.611 do Código anterior pelo Código de 2002 (vide art. 2.045). Diante desse entendimento confirma jurisprudência abaixo (STJ, acesso em 20 set. 2016):
STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 1169202 SP 2009/0236742-3 (STJ)
Data de publicação: 27/09/2011. Ementa: CIVIL E COMERCIAL. RECURSO ESPECIAL. SOCIEDADE ANÔNIMA. AÇÕES.USUFRUTO VIDUAL. EXTENSÃO. DIREITO DE VOTO. 1.Os embargos declaratórios têm como objetivo sanar eventual obscuridade, contradição ou omissão existente na decisão recorrida.Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC quando o Tribunal de origem pronuncia-se de forma clara e precisa sobre a questão posta nos autos, assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisão, como ocorrido na espécie. 2. O instituto do usufruto vidual tem como finalidade precípua a proteção ao cônjuge supérstite. 3. Não obstante suas finalidades específicas e sua origem legal (direito de família), em contraposição ao usufruto convencional, o usufruto vidual é direito real e deve observar a disciplina geral do instituto, tratada nos arts. 713 e seguintes do CC/16 , bem como as demais disposições legais que a ele fazem referência. 4. O nu-proprietário permanece acionista, inobstante o usufruto, e sofre os efeitos das decisões tomadas nas assembleias em que o direto de voto é exercido. 5. Ao usufrutuário também compete a administração das ações e a fiscalização das atividades da empresa, mas essas atividades podem ser exercidas sem que obrigatoriamente exista o direito de voto, até porque o direito de voto sequer está inserido no rol de direitos essenciais do acionista, tratados no art. 109 da Lei 6.404 /76.6. O art. 114 da Lei 6.404 /76 não faz nenhuma distinção entre o usufruto de origem legal e aquele de origem convencional quando exige o consenso entre as partes (nu-proprietário e usufrutuário) para o exercício do direito de voto.7. Recurso especial desprovido.
8 O PRINCÍPIO DA ISONOMIA E O ARTIGO 1.790 DO CÓDIGO CIVIL
Até aqui foi levantada algumas diferença entre o companheiro com o cônjuge quando se trata de direito sucessório, que será explicitada mais detalhadamente nos tópicos a seguir deste presente estudo. 
Há que se argumentar onde se aplica nesse tema, a igualdade de direitos que a Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso I, traz como cláusula Pétrea. Portanto, há muita polêmica e controvérsia ao tentar julgar esse assunto.
LISBOA (2012, p. 331), afirma que:
O convivente pode suceder nos bens deixados pelo outro convivente ante a ocorrência de sua morte.
Para tanto, é indispensável que a união estável tenha durado por um período de tempo considerado razoável para os fins de configuração dos seus pressupostos, a saber: a convivência pública e o relacionamento contínuo e duradouro, sem conotação de eventualidade.
O período de tempo anteriormente fixado em ao menos cinco anos não foi adotado pelo novo Código Civil, bastando que se demonstre que houve tempo suficiente para a prova da estabilidade, o que deve ser analisado casuisticamente pelo julgador. Neste sentido, poderá ser desconsiderado o tempo da relação entre o suposto convivente e o de cujus se o autor da herança morreu no início da relação.
A união estável pode, ainda, ser presumida no caso de existência da prole em comum. Essa presunção é iuris tantum, ou seja, admite prova em sentido contrário
O primeiro julgamento que trata o direito sucessório se deu através do Agravo de Instrumento n. 2003.002.14421, decidido na 18ª Câmara Cível, onde foi relator o Desembargador Marcus Faver (TJRJ, acesso em 21 set. 2016): 
Sucessão aberta após a vigência do novo Código Civil. Direito sucessório da companheira em concorrência com irmãos do obituado. Inteligência do art. 1.790, III, da novel legislação. Direito a um terço da herança. Inocorrência de inconstitucionalidade. Não há choque entre o Código e a Constituição na parte enfocada. A norma do art. 226, § 3º, da Constituição Federal não equiparou a união estável ao casamento nem tampouco dispôs sobre regras sucessórias. As disposições podem ser consideradas injustas, mas não contêm eiva de inconstitucionalidade. Reconhecimento dos colaterais como herdeiros do de cujus.
Pode-se observar que se o companheiro estivesse em grau de igualdade com o cônjuge, no caso acima não haveria o que se falar em concorrência com os colaterais já que no casamento os irmãos só herdam na falta do cônjuge. 
São muitos outros exemplos que discriminam o companheiro relativo ao direito sucessório, como no caso de herdeiros híbridos que determina quotas iguais aos cônjuges reduzindo pela metade para os companheiros. Ou quando os companheiros concorrem com os ascendentes do de cujus, que neste caso herdam uma porção inferior aos do cônjuge.
Neste sentido, muitos autores doutrinários determinam que a sucessão hereditária do companheiro é inconstitucional, uma vez que determina tratamento diferenciado em direitos sucessórios.
Dias, ao analisar tal questão, propõe:
O tratamento diferenciado inegavelmente desobedece ao princípio da igualdade, eis que a união estável e o casamento são entidades familiares sem distinções de ordem patrimonial. Até que seja corrigido este equívoco, pela reformulação da lei, cabe ao juiz simplesmente deixar de aplicar as normas discriminatórias, reconhecendo sua inconstitucionalidade. Essa é a única forma de evitar que o equívoco legal traga prejuízos enormes às uniões que merecem especial proteção do Estado. Ainda bem que a jurisprudência vem se inclinando neste sentido (2008, p. 71).
Em 2006 os juízes das Varas da Família e das Sucessões do Interior de São Paulo se organizaram para deliberar sobre o tema e sobre questões do direito de família. Após extensos debates e por maioria de 2/3 dos membros decidiram emitir enunciados com a finalidade de nortear sua atuação futura. Dentre esses enunciados para a monografia são evidenciados quatro deles: 
49. O art. 1.790 do Código Civil, ao tratar de forma diferenciada a sucessão legítima do companheiro em relação ao cônjuge, incide em inconstitucionalidade, pois a Constituição não permite diferenciação entre famílias assentadas no casamento e na união estável, nos aspectos em que são idênticas, que são os vínculos de afeto, solidariedade e respeito, vínculos norteadores da sucessão legítima. 50. Ante a inconstitucionalidade do art. 1.790, a sucessão do companheiro deve observar a mesma disciplina da sucessão legítima do cônjuge, com os mesmos direitos e limitações, de modo que o companheiro, na concorrência com descendentes, herda nos bens particulares, não nos quais tem meação. 51. O companheiro sobrevivente, não mencionado nos arts. 1.845 e 1.850 do Código Civil, é herdeiro necessário, seja porque não pode ser tratado diferentemente do cônjuge, seja porque, na concorrência com descendentes e ascendentes, herda necessariamente, sendo incongruente que, tornando-se o único herdeiro, possa ficar desprotegido. 52. Se admitida a constitucionalidade do art. 1790 do Código Civil, o companheiro sobrevivente terá direito à totalidade da herança deixada pelo outro, na falta de parentes sucessíveis, conforme o previsto no inciso IV, sem a limitação indicada na cabeça do artigo (TJSP, 2006, acesso em 26 set. 2016).
Assim, adiante muitos julgados foram considerados inconstitucionais quando havia alguma discriminação do companheiro supérstite relativo ao direito sucessório. Veja-se:
AGRAVO DE INSTRUMENTO N°. 0053635-37.2013.8.19.0000 (Data de Julgamento: 30/06/2014) - SEXTA CÂMARA CÍVEL, AGRAVANTE: RAIMUNDO NONATO NEVES DA SILVA AGRAVADO: ESPÓLIO DE PAULO ROGERIO NEVES SILVA REP/P/S/INVENTARIANTE ONIVIA DILMA SILVA, RELATORA: DES. INÊS DA TRINDADE CHAVES DE MELO, AGRAVO DE INSTRUMENTO – INVENTÁRIO – SUCESSÃO – CONCORRÊNCIA ENTRE COMPANHEIRA SOBREVIVENTE E COLATERAL – RECURSO INTERPOSTO PELO IRMÃO DO FALECIDO PRETENDENDO SER HABILITADO NA HERANÇA EM CONCORRÊNCIA COM A COMPANHEIRA - RECONHECIMENTO PELO ÓRGÃO ESPECIAL NA ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 0019097- 98.2011.8.19.0000 DA INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA DO ARTIGO 1.790, III, DO CÓDIGO CIVIL, ANTE A VIOLAÇÃO DA ISONOMIA E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, DEVENDO PREVALECER AS REGRAS SUCESSÓRIAS CONSTANTES DO ARTIGO 1.829 E SEGUINTES DO CÓDIGO CIVIL - INCIDÊNCIA DO ARTIGO 226, §3º DA CR/88, PARA EQUIPARAR O CÔNJUGE E O COMPANHEIRO, POIS TANTO A RELAÇÃO ORIUNDA DE CASAMENTO, COMO A ORIUNDA DE UNIÃO ESTÁVEL CONSTITUI FAMÍLIA PARA CONSTITUIÇÃO DAREPÚBLICA – DESSA FORMA, SE NA SUCESSÃO ENTRE COMPANHEIROS NÃO HÁ DESCENDENTES OU ASCENDENTES DO FALECIDO, SERÁ A COMPANHEIRA SOBREVIVENTE HERDEIRA UNIVERSAL DOS BENS DEIXADOS PELO DE CUJUS. RECURSO DESPROVIDO. (TJRJ, acesso em 24 set. 2016)
Percebe-se que não há unanimidade nas decisões, nem existem posicionamentos jurisprudenciais maioritários. Infelizmente, esse princípio não é observado em todas as decisões, alguns autores ainda consideram o artigo em questão constitucional e apontam a parte final do parágrafo 3º do art. 226 CF, que determina que a lei facilitara a conversão da união estável em casamento de modo a concluir uma hierarquia entre essas famílias. Veja-se outra jurisprudência alegando a sua constitucionalidade:
TJ-MG - Agravo de Instrumento-Cv AI 10024131026494001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 14/05/2015
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO - INVENTÁRIO - UNIÃO ESTÁVEL - ART. 1.790 , INCISO III , DO CÓDIGO CIVIL - CONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO ÓRGÃO ESPECIAL DESTE TJMG - INAPLICABILIDADE DO ART. 1.829 DO CÓDIGO CIVIL . - O tratamento diferenciado entre cônjuge e companheiro encontra guarida na própria Constituição Federal , que distinguiu entre as duas situações jurídicas. Não é inconstitucional o artigo 1.790 , III , do Código Civil , que garante ao companheiro sobrevivente, em concurso com outros parentes sucessíveis, o direito a 1/3 da herança dos bens comuns."(Arg Inconstitucionalidade 1.0512.06.032213-2/002, Rel. Des.(a) Paulo Cézar Dias, CORTE SUPERIOR, julgamento em 09/11/2011, publicação da sumula em 01/02/2012) - Recurso não provido (TJMG, acesso em 24 set. 2016).
Contudo, o ideal, é colocar na balança quais princípios são mais relevantes para o caso, e não só se espelhar no que a lei diz, mas observar mudanças que ocorrem em determinado lugar, de acordo com os costumes e valores que a sociedade vivencia. Afinal, a lei vem mudando constantemente em busca adequações, buscando sempre uma maior justiça e igualdade que é o objetivo maior do Direito. 
O cônjuge e o companheiro não podem ser tratados de forma diferenciada pelo direito das sucessões, porque integram famílias constitucionais.
Na superação das inconstitucionalidades em que incorreu o Código Civil, deve-se adotar o princípio da prevalência da norma que dispensa (seja ao cônjuge ou ao companheiro) o melhor tratamento.
Assim, o cônjuge titula os direitos sucessórios que a Lei reconheceu ao companheiro quando privilegiou este último; e o companheiro titula os direitos sucessórios atribuídos pela lei ao cônjuge, quando forem mais vantajosos.
A inconstitucionalidade não está somente nos direitos que concerne ao companheiro. E é inconstitucional qualquer vantagem que um prevalece sobre o outro; sendo também nos casos em que o companheiro é mais privilegiado que o cônjuge em certas ocasiões como aqueles casados em regime de separação total de bens. Ora o cônjuge não possui direito algum, enquanto o companheiro perceberá uma parte da herança.
Por fim, insta destacar que o convivente supérstite tem direito de usufruto de 1/4 dos bens deixados pelo de cujus, se houver prole dele ou de ambos (art. 2º, I, da Lei 8.971, de 29.12.1994).
No entanto, se não houver filhos, o direito de usufruto corresponderá a 1/2 dos bens deixados pelo de cujus. Isso, mesmo no caso de algum ascendente sobreviver ao autor da herança (art. 2º, II, da Lei 8.971, de 29.12.1994).
O usufruto vidual em questão independe da situação econômica do convivente sobrevivo. Assegura-se ao convivente sobrevivo o direito real de habitação do imóvel (art. 7º, parágrafo único, da Lei 9.278, de 10.5.1996).
O direito real de habitação conferido ao convivente é vitalício, desde que o companheiro não constitua nova união estável e nem celebre casamento civil.
9 REGIME DE BENS DA UNIÃO ESTÁVEL
Para melhor entendimento, examinar-se-á primeiramente os regimes de bens adotados na Legislação Brasileira. 
9.1 COMUNHÃO PARCIAL DE BENS (1.658 À 1.666)
No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que onerosamente sobrevierem ao casal, na constância do casamento. Os bens adquiridos por cada um individualmente antes da data do casamento permanecem de propriedade individual de cada um, inclusive os convenientes de doação ou sucessão.
9.2 COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS (1.667 à 1.671)
Importa por este, a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas.
Para dar entrada ao processo de habilitação de casamento civil com este regime, é necessário que o casal compareça a um tabelionato de notas e faça uma escritura de pacto antenupcial, antes de dar entrada no casamento no cartório.
9.3 PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS (1.672 à 1.686)
Cada cônjuge possui patrimônio próprio, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento. 
9.4 SEPARAÇÃO TOTAL DE BENS (1.687 a 1.688)
Todos os bens atuais e futuros de ambos os cônjuges permanecerão sempre de propriedade individual de cada um. Importante observar aqui se esse regime foi facultado entre os cônjuges ou foi obrigatório, ou seja, imposto pela lei (art. 1.641 Código Civil de 2002). Por este também é necessário o pacto antenupcial para que o regime adotado não venha a ser revogado. Por título de curiosidade, quando é considerado inválido o pacto antenupcial, passará a valer o regime de comunhão parcial de bens que é a regra geral.
Portanto, para os efeitos sucessórios na união estável aplica-se o regime de comunhão parcial de bens, de acordo com o artigo 1.725 do Código Civil de 2002, desde que não houver estipulação ao contrario em contrato escrito.
10 ESPÉCIES DE SUCESSÕES
Inicialmente, cumpre salientar que o Direito Sucessório é a transmissão de bens deixados por uma pessoa após a sua morte.
O Direito das Sucessões vem a ser conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio de alguém após sua morte, sendo através de lei ou testamento.
Na legislação brasileira, são utilizadas diversas denominações para aqueles que recebem a herança. Os mais utilizados são os Herdeiros Legítimos, Herdeiros Necessários, Herdeiros Testamentários e Legatários. Cada uma delas tem sua definição própria. 
10.1 HERDEIROS TESTAMENTÁRIOS E LEGATÁRIOS
A sucessão testamentaria se dá por meio de testamento ou dispositivo, onde se encontra explicito o ato de ultima vontade do de cujus.
Segundo artigo Art. 1.789 do Código Civil, havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança. Assim sendo, o patrimônio do de cujus será dividido em duas partes iguais: a legítima ou reserva legitimaria, e a porção disponível. 
É preciso não esquecer ainda que se o testador for casado pelo regime da comunhão universal de bens importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, ressalvadas algumas exceções.
A metade dos bens pertence ao outro consorte, assim para calcular a legitima e a porção disponível, deve-se considerar tão somente a meação do testador, pelo qual se infere que só haverá absoluta liberdade de testar quando o testador não tiver herdeiros necessários, caso em que poderá afastar de sua sucessão se o desejar os colaterais. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar. 
O remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, quando o testador só em parte dispuser da quota hereditária disponível. 
Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.
Já os herdeiros legatários são aqueles que recebem um Legado, que consiste em uma coisa certa, um “corpus” certo e determinado, deixado a alguém. A figura do legatário não é a mesma do herdeiro,uma vez que aquele apenas sucede por testamento e a título singular. Logo pertence ao legatário determinado bem, certo e individualizado.
O herdeiro legatário pode concorrer com outros herdeiros testamentários e necessários, não havendo discriminação dos bens a serem distribuídos entre eles.
VENOSA esclarece que a diferença reside no fato de que o legado precisa ser pedido dentro da herança, enquanto que a herança transmite-se automaticamente com a morte (2004).
10.2 HERDEIROS LEGÍTIMOS
A sucessão legítima está compreendida no artigo 1.788 do Código Civil de 2002, pelo qual dispõe que morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos.
Legítimo é o herdeiro/pessoa indicada na lei, como sucessor nos casos de sucessão legal a quem se transmite a totalidade ou quota parte da herança.
Os herdeiros legítimos se dividem em necessários, que seguem a linha de parentesco reta (ascendente, descendentes e cônjuge) e facultativos que são os parentes de linha colaterais (irmãos, primos, tios, sobrinhos, tio avos).
A legislação divide a ordem de vocação hereditária por classes, seguindo, portanto o artigo 1829 do Código Civil. Veja:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais (CÓDIGO CIVIL, 2002).
Os dispositivos que os seguem estabelecem uma série de regras, levando em conta a diversidade de grau, direito de representação, sucessão por cabeça ou estirpe, por linhas de preferencias internas à classe além de critérios para distribuição da herança entre familiares concorrentes (COELHO, 2014, p. 274).
10.3 HERDEIROS NECESSÁRIOS
Os Herdeiros Necessários não estão, obrigatoriamente, ligados a um tipo de Sucessão. São assim considerados por ser uma qualidade dada somente a alguns parentes próximos do “de cujus”, determinados pelo art. 1.845: “São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge”.
Sobre os herdeiros necessários é importante ressaltar que a lei confere a estes a legítima.
A legítima, também denominada reserva, é a porção dos bens deixados pelo de cujus que a lei assegura aos herdeiros necessários, que são os descendentes, ascendentes e o cônjuge. A legítima corresponde a 1/4 do patrimônio do casal, ou à metade da meação do testador.
De acordo com o artigo 1.847, do Código Civil, “calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação” (CÓDIGO CIVIL, 2002).
Assim, o patrimônio líquido deixado pelo “de cujus” será dividido em duas metades: a legítima e a quota disponível que não pode ser subtraída por vontade do “de cujus”.
Havendo cônjuge mesmo sem a presença de descendentes e ascendentes, deve-se respeitar o quinhão de cinquenta por cento da herança.
10.4 COMPANHEIRO COMO HERDEIRO FACULTATIVO
Conforme visto anteriormente no tópico anterior, o cônjuge está classificado como herdeiro necessário. O companheiro, porém não é citado no rol do artigo 1.845, bastaria, portanto, que por analogia também o fosse considerado, já que o artigo 226, §3 da Carta Magna define como entidade familiar a união estável sem qualquer discriminação com o casamento. Também se deve analisar os princípios constitucionais da igualdade e dignidade da pessoa humana.
Não pode considerar o companheiro supérstite uma pessoa inferior ao cônjuge já que ambos dedicam suas vidas um com o outro, sem diferenças.
Infelizmente essa corrente é dita por incoerente, prevalecendo que o companheiro é considerado herdeiro facultativo. Ora não havendo bens deixados durante a vigência da união estável, não terá direito a nada. 
Outrossim, no artigo 1844 do Código Civil de 2002, dispõe que: 
Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal (CÓDIGO CIVIL, 2002).
Veja-se que o próprio Código se torna contraditório surgindo a seguinte pergunta: caso não houver o companheiro pré-morto parentes sucessíveis, herdará os bens adquiridos antes da constância da união estável o companheiro na sua totalidade?
Há doutrina que considera declarada herança jacente. Outros entendem que pôr o artigo 1844 do Código Civil de 2002 não fazer qualquer distinção dos bens serem adquiridos antes ou depois da união estável, também teria direito.
Já é firmado o sentido que somente serão necessários àqueles citados no rol do artigo 1.829 Código Civil de 2002. Porém já há julgados que concede o Direito ao companheiro supérstite antes mesmo dos colaterais e da União, tendo em vista ao que foi relatado aqui, reconhecendo a inconstitucionalidade do dispositivo. Veja-se:
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1186890-5 DO FORO CENTRAL DA CORMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 10ª VARA CÍVEL AGRAVANTE: MARILENE CAVALLI AGRAVADA: NEUZA BORBA COSTA RELATOR: Desembargador MÁRIO HELTON JORGE 
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO E PARTILHA. NÃO INCIDÊNCIA DA REGRA PREVISTA NO ARTIGO 1.790, III, DO CC, QUE CONFERE TRATAMENTO DIFERENCIADO AO COMPANHEIRO E AO CÔNJUGE. INCONSTITUCIONALIDADE DO DISPOSITIVO RECONHECIDA PELO ÓRGÃO ESPECIAL DESTA CORTE. COMPANHEIRA TEM DIREITO A TOTALIDADE DOS BENS DO DE CUJUS, EM NÃO HAVENDO ASCENDENTES E DESCENDENTES. EXCLUSÃO DOS HERDEIROS COLATERAIS. RECURSO PROVIDO. (TJPR, acesso em 01 out. 2016)
11 ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
Conforme prevê o artigo 1.786 do Código Civil: “A sucessão dar-se por lei ou ato de ultima vontade” (CÓDIGO CIVIL, 2002).
A herança, portanto, defere-se por dois modos, sendo elas a testamentária e legitima. A herança legítima, indica caráter subsidiário da testamentária conforme prevê art. 1.788 do Código Civil, verbis: “Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo” (CÓDIGO CIVIL, 2002).
Dessa forma, quando o de cujus não fez testamento, ou se foi deixado for considerado inválido (GONÇALVES, 2015).
Quando alguém falece, é nomeado um curador, para que seja aberto o inventário, e após descontadas as dívidas do de cujus, é aberta a sucessão conforme ordem de preferência e proximidade de cada herdeiro estipuladas no Código Civil para a repartição do espólio. 
11.1 CONCORRENCIA DO COMPANHEIRO
As Leis nº 8.971, de 29 de dezembro de 1994, que regula o direito dos companheiros a alimentos e à sucessão, e a Lei n º9.278, de 10 de maio de 1996, que regula o inciso 3° do artigo 226 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, com o intuito de regularizar a união entre homens e mulheres e assim possibilitando a ambos um amparo legal e reconhecimento da união (acesso em 02 out. 2016).
Em relação a sucessão, a Lei nº 8.971 de 1994, complementada pela Lei nº 9.278 de 1996, equipara a união estável com o casamento, sendo conferido ao companheiro sobrevivente direitos hereditários similares aos do cônjuge supérstite.
Porém com o advento do novo Código Civil em 2002, os direitos que podiam se dizer já conquistados, passaram a ser retrógrados.
Conforme explana os artigos 1.723 a 1.726 no diploma supracitado, o legislador não equiparou os direitos sucessórios do companheiro com o do cônjuge.
O artigo 1.790 do Código Civil de 2002, ainda trouxe que se durante a constância da união estável os companheiros não adquirirem, a título oneroso, nenhum bem, não haverá a possibilidadedo companheiro sobrevivente de herdar alguma coisa do de cujus, mesmo que ele tenha deixado um grande patrimônio formando antes da união estável. Importante observar aqui, o regime de bens adotado na união estável, que por regra geral é a de comunhão parcial de bens (CÓDIGO CIVIL, 2002).
11.2 CONCORRÊNCIA COM DESCENDENTES
Para melhor entendimento será explanado a concorrência do cônjuge, e logo após do companheiro como metodologia comparativa.
11.2.1 Concorrência do cônjuge com os descendentes
As regras de concorrência do cônjuge com o descendentes segue segundo dois fatores, sendo o regime de bens do casamento e as regras da concorrência de acordo com a natureza da descendência deixada pelo falecido.
Em relação ao regime de bens, concorrem os cônjuges casados no regime de separação facultativa e participação final nos aquestos. O regime de comunhão parcial de bens concorre apenas aos bens particulares do falecido, somente se este os tiver deixado.
Os cônjuges casados nos regimes de comunhão universal e de separação obrigatória, não concorrem com os descendentes do falecido.
O superior Tribunal de Justiça entende que tanto na separação obrigatória ou facultativa, os cônjuges não possuem direito a concorrência. (Fábio Ulhoa Coelho, Família/Sucessões, 2014, pg. 279)
No que concerne à natureza da descendência, existem quatro hipóteses para se considerar, para que fosse atendido o princípio da igualdade jurídica de todos os filhos, sendo:
Quando deixa o falecido até três descendentes, o cônjuge concorre por cabeça (CC, art. 1.831, primeira parte), independentemente se os filhos do de cujus forem comuns, exclusivos ou híbridos;
Continua herdando por cabeça o cônjuge, se os filhos do falecido forem exclusivos dele, independente do número de descendentes;
Quando o cônjuge concorre apenas com filhos comum entre o casal, a lei lhe assegura um quarto da herança, quando o número de filhos for igual ou superior a quatro (art. 1.832, in fine);
Da mesma forma, quando concorrer o cônjuge com filhos híbridos, ou seja, comuns do casal mais exclusivos do de cujus, pela analogia a segunda regra, ou seja, continua herdando por cabeça. (COELHO, 2014, p. 280/281)
11.2.2 Concorrência do companheiro com descendentes
Ao se tratar da concorrência do companheiro com os descendentes do falecido, é bem mais simples que o do cônjuge. 
É preciso ressaltar que segundo o artigo 1.790 do Código Civil de 2002, o companheiro não é herdeiro necessário, nem tem direito a legítima, mas participa da sucessão do falecido, na qualidade de sucessor regular, sendo, portanto, herdeiro sui generis, ou seja, sucessor regular somente quanto à ‘meação’ do de cujus relativa aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável nas seguintes condições:
Se possuir somente filhos comuns
Nesse caso, concorrerá por cabeça, aplicando o inciso I, do artigo 1.790, não só com os filhos comuns, mas com outros descendentes comuns (DINIZ, 2012, p. 170-175).
Nota-se que o companheiro se encontra numa situação mais vantajosa que o cônjuge em alguns regimes de casamento. Exemplo. João é casado em regime de separação obrigatória com Maria. No entanto quando João vem a falecer, Maria estará excluída da primeira classe de herdeiros legítimo, enquanto na união estável, o convivente sempre terá o direito de concorrer.
Na união estável, salvo convenção em contrário entre os conviventes, o regime de bens sempre será o da comunhão parcial conforme prevê o artigo 1.725 do Código Civil de 2002. Mas tendo ou não deixado bens particulares, o companheiro concorrerá à herança com os descendentes dele. Diferentemente o cônjuge casado no regime de comunhão parcial de bens, concorre apenas com os descendentes no que concerne aos bens particulares do falecido.
Convém salientar sobre o princípio da igualdade jurídica de todos os filhos pelo qual dispõe que todos os filhos possui os mesmo direitos conforme dispositivos na Carta Magna e Código Civil, in verbis:
Art. 227 CF - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. (CRFB, 1988)
Art. 1.596 CC - Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. (CÓDIGO CIVIL, 2002)
Se concorrer com descendentes (filhos, netos, bisnetos, sendo por direito de representação/estirpe) só do falecido
Nesse caso, terá direito a metade do que lhe couber a cada um deles, ou seja, se o número de descendentes for quatro, caberá ao cônjuge 1/9 da correspondente herança (inc. II art. 1.790) (DINIZ, 2012, p. 171/175).
c) Concorrendo com outros parentes (ascendentes ou colaterais até o quarto grau)
Os outros parentes receberão 2/3 e o cônjuge ficará sempre com 1/3 da herança, para que não fique em posição inferior aos demais parentes. (Inciso III, art. 1.790) (DINIZ, 2012, p. 171/176).
Importante observar aqui o direito de representação, na sucessão colateral, por expressa disposição legal, está limitado aos filhos dos irmãos. Veja-se como exemplo o Acórdão do STJ 1.064.363, de 11/10/2011:
RECURSO ESPECIAL. INVENTÁRIO. EXCLUSÃO DE COLATERAL. SOBRINHA-NETA. EXISTÊNCIA DE OUTROS HERDEIROS COLATERAIS DE GRAU MAIS PRÓXIMO. HERANÇA POR REPRESENTAÇÃO DE SOBRINHO PRÉ-MORTO. IMPOSSIBILIDADE. 1. No direito das sucessões brasileiro, vigora a regra segundo a qual o herdeiro mais próximo exclui o mais remoto. 2. Admitem-se, contudo, duas exceções relativas aos parentes colaterais: a) o direito de representação dos filhos do irmão pré-morto do de cujus; e b) na ausência de colaterais de segundo grau, os sobrinhos preferem aos tios, mas ambos herdam por cabeça. 3. O direito de representação, na sucessão colateral, por expressa disposição legal, está limitado aos filhos dos irmãos. 4. Recurso especial não provido.
Cumpre observar que vigora no direito brasileiro a regra segundo a qual o herdeiro mais próximo exclui o mais remoto.
d) Não havendo nenhum parente sucessível
O companheiro terá direito a totalidade da herança. (Inciso IV, art. 1.790) (DINIZ, 2012, p. 172/176).
e) Se o falecido possuir filhos comuns e exclusivos
Denota-se que não existe Lei expressa para tal divisão, logo, aplica-se o art. 4º da Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiro, concorrendo com metade do que couber a cada um dos descendentes (DINIZ, 2012, p. 176/177).
Assim como foi assegurado ao cônjuge sobrevivente a reserva da quarta parte da herança quando todos os descendentes com os quais concorresse fossem comuns, o privilégio assegurado aos descendentes do companheiro falecido de ficar com o dobro do cônjuge sobrevivente, só é assegurado como cita Carlos Roberto Gonçalves em sua obra “Direito das Sucessões” (2015, p. 199), [...] preconiza Mário Luiz Delgado Régis: “quando inexistires descendentes comuns, sob pena de se infringir o princípio constitucional da igualdade.”
No entanto, alguns autores como Maria Helena Daneluzzi, Francisco José Cahali, Mário Delgado, Sílvio Venosa, Guilherme Calmon Nogueira da Gama, entre outros (2012, P. 173), que a divisão igualitária seria a mais adequada para o caso.
11.3 CONCORRÊNCIA COM OS ASCENDENTES
Segundo a regra da vocação hereditária, na classe de preferência sucessória, em linha reta, na falta de descendentes do autor da herança são chamados à sucessão os ascendentes.
Ao contrário do que ocorre na sucessão dos descendentes, nos ascendentes não há direito de representação, sendo que os ascendentesde grau mais próximo excluem o de grau mais afastado.
RODRIGUES (2002, p. 108) explica da seguinte forma, “Se o de cujus tiver mãe viva e avós paternos, todo o seu patrimônio será deferido à mãe do sobrevivente, nada cabendo aos ascendentes de seu progenitor”.
Caso haja igualdade de grau dos ascendentes e diversidade de linhas (avós paternos e maternos), a herança de divide em partes iguais, cabendo a metade aos ascendentes de cada linha. A convocação se dá por ordem de preferência, especificamente na classe dos ascendentes, quando houver parentes paternos e maternos, os mais próximos excluem os mais remotos, dividindo-se a herança nestas duas linhas, em partes iguais; se concorrer um ascendente com outros dois do mesmo grau, porém de outra linha, a herança é dividida em partes diferentes (GONÇALVES, 2015, p. 180).
11.3.1 Concorrência do cônjuge com ascendentes 
COELHO, em sua obra escreve que na concorrência do cônjuge com os ascendentes é irrelevante o regime de bens que tenha os nubentes adotados (2012)
Deve-se observar apenas duas situações. A primeira, se o concurso se verifica entre o cônjuge sobrevivente e dois ascendentes de primeiro grau do falecido, ou seja, seu pai sua mãe. Neste caso, o cônjuge terá direito a um terço da herança. A segunda se a concorrência ocorre com um só ascendente de primeiro grau, (ou o pai, ou a mãe), ou com ascendentes de grau superior (um, dois, três ou quatro avós, um bisavó, etc.) o cônjuge sempre terá direito a metade da herança, conforme estipula artigo 1.837 do Código Civil de 2002.
11.3.2 Companheiro com ascendentes
A concorrência do ascendente com o companheiro encontra-se preestabelecido no inciso III do artigo 1.790, que dispõe ao companheiro sobrevivente o direito a suceder 1/3 da herança do de cujus.
A posição sucessória do companheiro aparece diminuída, se comparada à posição do cônjuge em situação semelhante, pois ao companheiro, sua quota será sempre fixa, enquanto ao cônjuge poderá concorrer com quotas diferenciadas, conforme autoriza o artigo 1.837 do Código Civil (COELHO, 2012)
Ocorre que ao cônjuge foi dada uma posição avantajada, sendo mais o companheiro alvo de tratamento discriminador, pois sua concorrência com os ascendentes não foi relacionada com o regime de bens do casamento, independentemente de o mesmo ser meeiro.
11.4 CONCORRÊNCIA COM COLATERAIS
11.4.1 Concorrência do cônjuge com colaterais
Não há que se falar em concorrência os cônjuges com os parentes de linha colaterais, observados os regimes de bens do casamento. Veja-se:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais. (CC, 2002)
O cônjuge não concorre em nenhum momento com os parentes de linha colateral, somente com os descendentes e ascendentes. Sendo nos bens adquiridos onerosamente na constância do casamento nem os adquiridos pelo de cujus antes do matrimonio.
11.4.2 Concorrência do companheiro com colaterais
O companheiro encontra-se em total desvantagem ao cônjuge supérstite no que concerne o direito sucessório, principalmente nos casos de concorrência com colaterais. 
O caput do artigo 1.790 do Código Civil é bem específico e claro, limitando ao companheiro sobrevivente somente herdar o patrimônio do de cujus naquilo que foi adquirido na constância da união estável e a título oneroso. De tal modo, que havendo colaterais até quarto grau, o companheiro ainda terá que concorrer com os mesmos.
O Código Civil de 1916 contemplava os colaterais até o sexto grau. Porém, em 1946, o Decreto Lei n. 9.461, os restringiu apenas ao quarto grau, na linha transversal, a ordem de vocação hereditária, seguindo uma moderna tendência do direito de sucessão e o instituto familiar dos alimentos (GONÇALVES, 2015, p. 203).
Os colaterais até o quarto grau (irmãos, sobrinhos, tios primos, tios-avôs, sobrinhos-netos) são herdeiros legítimos, mas não são herdeiros necessários. Portanto, o autor da herança pode excluí-los da sucessão, sem limitação alguma, bastando que faça testamento dispondo de todo seu patrimônio, sem os contemplar.
Aqui vale a mesma regra de preferência, onde os mais próximos excluem os mais remotos, concorrendo entre si, porém há direito de representação, concedidos apenas aos filhos de irmãos, conforme entendido pelo artigo 1.840 do Código Civil, assegurando-se a sucessão por estirpe quando filhos de irmãos concorrem com irmão do falecido, aproximando-se, por ficção, os parentes mais afastados (DINIZ, 2012, p. 183).
Exemplo: Se o autor da herança deixa dois irmãos e dois sobrinhos, filho de outro irmão pré-morto, a herança será dividida em três partes iguais, cabendo as duas primeiras partes aos irmãos sobrevivos e a terceira aos sobrinhos.
Por sua vez, VENOSA acresce que o “direito de representação na linha colateral, é limitado aos filhos de irmãos pré-mortos, conforme o artigo 1.843 do atual Código Civil” (2002, p. 130).
No artigo 1.841 o legislador distingue, para efeitos de herança colateral, o irmão bilateral, que vem a ser aquele filho do mesmo pai e mesma mãe e o irmão unilateral, que é aquele onde só um dos genitores é o mesmo (COELHO, Família e Sucessões, 2014, p. 301).
Havendo irmãos vivos e filhos de irmãos pré-mortos, estes recebem por estirpe; e no caso de filhos de irmãos falecidos, estes recebem por cabeça, de acordo com a regra do artigo 1.843, §1º, do Código Civil.
Em relação aos sobrinhos e tios, ambos parentes de terceiro grau a lei prefere os sobrinhos, excluindo os tios. O legislador preferiu atribuir aos mais novos a herança, por pensar que a afeição pelos sobrinhos é maior que pelos tios (COELHO, 2014, p. 302).
Vale lembrar que, não havendo descendentes e nem ascendentes do falecido, mas o mesmo deixando companheiro, ao contrário da Lei nº 8.971 de 1994, em seu artigo 2º, inciso III, em que os colaterais ficam afastados da sucessão, pelo artigo 1.790, os colaterais terão direito a 2/3 da herança, e o companheiro sobrevivente a 1/3.
11.5 TOTALIDADE DA HERANÇA
11.5.1 Cônjuge
Conforme artigo 1.838, o cônjuge é o sucessor único sempre que o falecido não tiver deixado descendente ou ascendente. Os parentes de linha colateral aqui não serão chamados para sucessão visto que a classe do cônjuge como herdeiro único tem preferência sobre a dos colaterais (art. 1829, III e IV), transmitindo-se integralmente a herança ao cônjuge, qualquer que seja o regime de bens do casamento.
11.5.2 Companheiro
Nos ditames do artigo 2º da Lei nº 8.971 de 1994, inciso III, dispõe ao companheiro ter direito à totalidade da herança, na ausência de descendentes e ascendentes, ficando no mesmo patamar que o do cônjuge, ocupando o terceiro lugar na ordem de vocação hereditária e recebendo a totalidade da herança.
Com a nova redação do Código Civil percebe-se que o legislador passa a tratar o companheiro de forma inferior do que vinha tratando nas Leis especificas, passando a ficar em quarto lugar na ordem de vocação hereditária como descreve o artigo 1.790, inciso IV, passando a ser único sucessor apenas se o falecido não possuía nenhum parente sucessível, incluindo os colaterais até o quarto grau.
No que diz a respeito da totalidade da herança mencionada na redação do artigo, frisa-se que é limitado apenas aos bens adquiridos onerosamente na constância da união.
11.6 PARTICIPAÇÃO DO CONJUGE E COMPANHERO NA MESMA SUCESSÃO
A concorrência do cônjuge com o companheiro é matéria que desafia a jurisprudência. Contudo, pelas omissões na lei é possível coloca-los os dois na mesma sucessão.
Para a caracterização da união estável é possível que os conviventes sejam solteiros, viúvos, ou até mesmo casados, desde queseparados judicialmente ou de fato conforme faz alusão ao art. 1.723 do Código Civil de 2002. Todavia, o art. 1.830 do mesmo diploma fixou um prazo de dois anos a contar da separação judicial ou de fato do casal para que estes também viessem a ter direito na sucessão caso um cônjuge viesse a falecer.
Acontece, que nesse prazo poderia o outro cônjuge viver em união estável com outra pessoa, já que a lei não fixa um prazo mínimo para a caracterização da união estável.
Sendo assim, Carlos Roberto Gonçalves (2015, p 202/203), em sua obra, cita Mário Luiz Delgado Régis, que se dê prevalência ao disposto “no inciso IV do art. 1.790, tido como norma especial em relação ao art. 1.830, assegurando ao companheiro na totalidade da herança no tocante a esses bens, e excluindo, em consequência, quanto aos mesmos, qualquer direito sucessório do cônjuge.”
Deve-se portanto, ficar restrita a participação do companheiro aos bens adquiridos na vigência da união estável, enquanto o direito sucessório do cônjuge só alcançará os bens anteriores, adquiridos antes da data reconhecida judicialmente como de início da união estável.
Tal proposta harmoniza-se com a orientação traçada pela Lei nº 9.278 de 1996: vivendo uma pessoa com o cônjuge, do qual se separara apenas de fato, e posteriormente com o companheiro, distribuíam-se as meações conforme as aquisições havidas em casa união.
Entretanto, é importante destacar se o cônjuge pré-morto mantinha relações com outra pessoa em paralelo ao casamento não há que se falar em direito sucessório da amante, o definindo assim como concubinato, que mesmo com o intuito de constituir família não configura união estável. Para sua caracterização é indispensável que os conviventes estejam desimpedidos de casarem, ou que esteja o impedido separado de fato de seu cônjuge.
Outra hipótese para o cônjuge e o companheiro supérstite concorrerem numa mesma sucessão, é de que cônjuge sobrevivo não tenha sido culpado da separação de fato, mesmo que separados há mais de dois anos.
Frisa-se que não há lei que disponha tal interpretação, cabe no entanto que seja levada em conta o posicionamento doutrinário apresentado.
11.7 RECOLHIMENTO DA HERANÇA PELO MUNICÍPIO, DISRITO FEDERAL E UNIÃO E A TESE DA NÃO CONCORRENCIA DESTES COM O COMPANHEIRO
Nos termos do artigo 1.844 do Código Civil, “Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal.”
O Ente Estatal, não é considerado herdeiro, conquanto recolhe a herança na falta de herdeiros, pelo direito de saisine. Este não adquire o domínio e a posse da herança no momento da abertura da sucessão, pois, na falta de herdeiros, a herança se torna jacente, transformando-se em vacante após, e só então os bens passam ao domínio público. (GONÇALVES, 2014, p. 136)
Diante do exposto, observa-se que o companheiro conforme a atual legislação, só concorre na totalidade da herança na falta de colaterais até o quarto grau em relação aos bens adquiridos onerosamente na constância da união. Cabe observar que o artigo supra citado é controverso ao que o artigo 1790 do mesmo diploma traz. 
Sendo assim, VELOSO apud Gonçalves (2003, p 55):
Na sociedade contemporânea, já estão muito esgarçadas, quando não extintas, as relações de afetividade entre parentes colaterais até 4° grau (primos, tios-avôs, sobrinhos-netos). Em muitos casos, sobretudo nas grandes cidades, tais parentes mal se conhecem, raramente se encontram. E o novo Código Civil brasileiro (...) resolve que o companheiro sobrevivente, que formou uma família, manteve uma comunidade de vida com o falecido, só vai herdar, sozinho, se não existirem descendentes, ascendentes, nem colaterais até 4° grau do de cujus. Temos de convir: isto é demais! Para tornar a situação ainda mais grave e intolerável, conforme a severa restrição do caput do artigo 1.790, que foi analisado acima, o que o companheiro sobrevivente vai herdar sozinho não é todo o patrimônio deixado pelo de cujus, mas, apenas, o que foi adquirido na constância da união estável.
Ora, mesmo restando ainda o companheiro, a herança deixada pelos bens adquiridos antes da união, será considerada vacante, deixando os bens ao poder público?
NERY JÚNIOR (2003, p. 784), interpreta no sentido de que inexistindo parente sucessível, a herança dos bens adquiridos onerosamente na constância da união serão dos companheiros, com base no artigo 1790, inciso IV, porém conforme o artigo 1844 os companheiros receberiam também o restante da herança. 
Os bens adquiridos a título gratuito pelo autor da herança e ausência de parentes sucessíveis. Não está claro na Lei como se dá a sucessão dos bens adquiridos a título gratuito pelo falecido na hipótese de ele não ter deixado parentes sucessíveis. O CC de 1790 caput sob cujos limites os incisos que lhe seguem devem ser interpretados somente com fé e direito de sucessão ao companheiro com relação aos bens adquiridos onerosamente na vigência da União estável, nada dispondo sobre os bens adquiridos gratuitamente durante esse mesmo período. É de se indagar se, em face da limitação do CC 1790 caput, o legislador ordinário quis excluir o companheiro da sucessão desses bens, fazendo com a sucessão deles fosse deferida ao poder público. Parecemos que não, por três motivos: a) O CC 1844 manda que a herança seja devolvida ao ente público apenas na hipótese do de cujos não ter deixados cônjuge, companheiro ou parente sucessível; b) quando o companheiro não concorre com parente sucessível a Lei se apressa em mencionar que o companheiro terá direito a totalidade da herança (CC 1790 IV), fugindo do comando do caput ainda que sem nenhuma técnica legislativa; c) a abertura da herança jacente dá-se quando não há herdeiro legítimo (CC 1819) e apesar de não constar do rol do CC 1829, a qualidade sucessória do companheiro é de sucessor legítimo e não de testamentário.
Embora muitos doutrinadores entendam que o companheiro concorre com o poder público, outros como Barbosa Moreira, na obra de Caio Mário Pereira (2004, p. 156), defende que o termo "herança", mencionado nos incisos III e IV do art. 1.790, possui conceito próprio e deve ser interpretado como sendo a totalidade dos bens do autor da herança, pois a partir desta interpretação, afasta-se a possibilidade de bens integrantes da herança se destinarem ao Município ou ao Distrito Federal em detrimento do companheiro, no caso do inciso IV.
Para finalizar, José Fernando Simão (2016) diz em um artigo que, (...) “se inciso IV deve ser interpretado desvinculado do caput, de acordo com o sistema criado pelo Código de 2002, os bens que comporiam o acervo hereditário seriam todos aqueles do falecido, independentemente do título de aquisição”. 
Considera Simão essa a hipótese mais acertada, isto porque o artigo 1844 que trata da herança vacante é expresso ao afirmar que a herança só se devolve ao Município se não houver cônjuge, companheiro ou nenhum parente sucessível. Contrario sensu, se houver o companheiro, o Município está excluído da sucessão. 
E encerra dizendo que: “diante do verdadeiro caos instituído pelo legislador do Código de 2002, conforme demonstramos em breves linhas, a necessidade de reforma do artigo 1790 se faz imperiosa”.
 Portanto, conforme entendimento dos doutrinadores que aderem a tese da não concorrência do companheiro sobrevivo com o Poder Público, conforme o local onde está inserido o artigo 1844 do Código Civil, no capítulo que trata da ordem de vocação hereditária, inexistindo qualquer parente sucessível, o companheiro tem direito à totalidade dos bens do de cujus.
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para analisar as modalidades de sucessões foi necessário observar primeiramente os aspectos gerais do instituto, bem como os aspectos históricos.
Após, foi necessário estudar temas relacionados ao assunto, como a união estável e seu reconhecimento,

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