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Aula 00
Direito Constitucional p/ TJ-PE (Técnico - Função Administrativa) - Com videoaulas
Professores: Nádia Carolina, Ricardo Vale
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DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
!ULA !! 
TEORIA!GERAL!DA!CONSTITUIÇÃO! 
 
Conceito de Constituição ................................................................................................................ 4 
Estrutura das Constituições ............................................................................................................ 4 
A Pirâmide de Kelsen – Hierarquia das Normas ....................................................................... 5 
Classificação das Constituições ................................................................................................... 10 
Aplicabilidade das normas constitucionais .............................................................................. 24 
Aplicação das normas constitucionais no tempo ..................................................................... 31 
Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil ............................................... 36 
1) Regras e Princípios: ................................................................................................................ 36 
2) Princípios Fundamentais: ..................................................................................................... 37 
2.1 ‑ Fundamentos da República Federativa do Brasil: ...................................................... 38 
2.2‑ Forma de Estado / Forma de Governo / Regime Político: .......................................... 42 
2.3‑ Harmonia e Independência entre os Poderes: .............................................................. 47 
2.3‑ Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil: .................................... 49 
2.4‑ Princípios das Relações Internacionais: ......................................................................... 51 
Questões Comentadas ................................................................................................................... 53 
Lista de Questões ........................................................................................................................... 69 
Gabarito ........................................................................................................................................... 77 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
APRESENTA‚ÌO E CRONOGRAMA DE AULAS 
Ol‡, amigos do EstratŽgia Concursos, tudo bem? 
ƒ com enorme alegria que damos in’cio hoje ao nosso ÒCurso de Direito 
Constitucional p/ TJ-PE (TŽcnicoÐ Fun‹o Administrativa)Ó, focado no 
edital de julho de 2017. Antes de qualquer coisa, pedimos licena para nos 
apresentar: 
- N‡dia Carolina: Sou professora de Direito Constitucional do 
EstratŽgia Concursos desde 2011. Trabalhei como Auditora-Fiscal da 
Receita Federal do Brasil de 2010 a 2015, tendo sido aprovada no 
concurso de 2009. Tenho uma larga experincia em concursos pœblicos, 
j‡ tendo sido aprovada para os seguintes cargos: CGU 2008 (6¼ lugar), 
TRE/GO 2008 (22¼ lugar) ATA-MF 2009 (2¼ lugar), Analista-Tribut‡rio 
RFB (16¼ lugar) e Auditor-Fiscal RFB (14¼ lugar). 
- Ricardo Vale: Sou professor e coordenador pedag—gico do EstratŽgia 
Concursos. Entre 2008-2014, trabalhei como Analista de ComŽrcio 
Exterior (ACE/MDIC), concurso no qual fui aprovado em 3¼ lugar. 
Ministro aulas presenciais e online nas disciplinas de Direito 
Constitucional, ComŽrcio Internacional e Legisla‹o Aduaneira. AlŽm 
das aulas, tenho trs grandes paix›es na minha vida: a Prof» N‡dia, a 
minha pequena Sofia e o pequeno JP (Jo‹o Paulo)!!  
Como voc j‡ deve ter percebido, esse curso ser‡ elaborado a 4 m‹os. Eu 
(N‡dia) ficarei respons‡vel pelas aulas escritas, enquanto o Ricardo ficar‡ 
por conta das videoaulas. Tenham certeza: iremos nos esforar bastante para 
produzir o melhor e mais completo conteœdo para vocs. 
Em nosso curso, utilizaremos quest›es do IBFC e de bancas semelhantes, 
para fixa‹o do conteœdo. Nosso objetivo Ž simular o modo com que os 
diferentes assuntos poder‹o ser cobrados em sua prova. 
Vejamos como ser‡ o cronograma do nosso curso: 
Aulas T—picos abordados Data 
Aula 00 Constitui‹o. Conceito, classifica›es, princ’pios 
fundamentais. 
- 
Aula 01 Direitos e deveres individuais e coletivos (Parte 01). 19/07 
Aula 02 Dos direitos e deveres individuais e coletivos (Parte 02). 21/07 
Aula 03 Direitos Sociais. Nacionalidade. 24/07 
Aula 04 Direitos Pol’ticos. Partidos Pol’ticos. 26/07 
Aula 05 Organiza‹o pol’tico - administrativa. Uni‹o, estados, 
Distrito Federal, munic’pios e territ—rios. 
28/07 
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Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Aula 06 Administra‹o Pœblica. Disposi›es gerais, servidores 
pœblicos. 
31/07 
Aula 07 Poder judici‡rio. Disposi›es gerais. îrg‹os do poder 
judici‡rio. Competncias. Conselho Nacional de Justia 
(CNJ). Composi‹o e competncias. 
02/08 
Aula 08 Fun›es essenciais ˆ justia. MinistŽrio Pœblico e 
Advocacia Pœblica. Defensorias Pœblicas. 
04/08 
Dito tudo isso, j‡ podemos partir para a nossa aula 00! Todos preparados? 
Um grande abrao, 
N‡dia e Ricardo 
Para tirar dœvidas e ter acesso a dicas e conteœdos gratuitos, acesse 
nossas redes sociais: 
Facebook do Prof. Ricardo Vale: 
https://www.facebook.com/profricardovale 
Canal do YouTube do Ricardo Vale: 
https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q 
Periscope do Prof. Ricardo Vale: @profricardovale 
 
  
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DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
Conceito de Constitui‹o 
Comeamos esse t—pico com a seguinte pergunta: o que se entende por 
Constitui‹o? 
Objeto de estudo do Direito Constitucional, a Constitui‹o Ž a lei 
fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do 
povo. ƒ ela que determina a organiza‹o pol’tico-jur’dica do Estado, 
dispondo sobre a sua forma, os —rg‹os que o integram e as competncias 
destes e, finalmente, a aquisi‹o e o exerc’cio do poder. Cabe tambŽm a ela 
estabelecer as limita›es ao poder do Estado e enumerar os direitos e 
garantias fundamentais.1 
A concep‹o de constitui‹o ideal foi preconizada por J. J. Canotilho. Trata-
se de constitui‹o de car‡ter liberal, que apresenta os seguintes elementos: 
a) Deve ser escrita; 
b) Deve conter um sistema de direitos fundamentais individuais 
(liberdades negativas); 
c) Deve conter a defini‹o e o reconhecimento do princ’pio da separa‹o 
dos poderes; 
d) Deve adotar um sistema democr‡tico formal. 
Note que todos esses elementos est‹o intrinsecamente relacionados ˆ 
limita‹o do poder coercitivo do Estado. Cabe destacar, por estar 
relacionado ao conceito de constitui‹o ideal, o que disp›e o art. 16, da 
Declara‹o Universal dos Direitos do Homem e do Cidad‹o (1789): ÒToda 
sociedade na qual n‹o est‡ assegurada a garantia dos direitos nem 
determinada a separa‹o de poderes, n‹o tem constitui‹o.Ó 
ƒ importante ressaltar que a doutrina n‹o Ž pac’fica quanto ˆ defini‹o doconceito de constitui‹o, podendo este ser analisado a partir de diversas 
concep›es. Isso porque o Direito n‹o pode ser estudado isoladamente de 
outras cincias sociais, como Sociologia e Pol’tica, por exemplo. 
Estrutura das Constitui›es 
As Constitui›es, de forma geral, dividem-se em trs partes: pre‰mbulo, 
parte dogm‡tica e disposi›es transit—rias. 
                                                        
1
  MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 17. 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE 
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
O pre‰mbulo Ž a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. 
O pre‰mbulo serve para definir as inten›es do legislador constituinte, 
proclamando os princ’pios da nova constitui‹o e rompendo com a ordem 
jur’dica anterior. Sua fun‹o Ž servir de elemento de integra‹o dos artigos 
que lhe seguem, bem como orientar a sua interpreta‹o. Serve para 
sintetizar a ideologia do poder constituinte origin‡rio, expondo os valores por 
ele adotados e os objetivos por ele perseguidos. 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, ele n‹o Ž norma constitucional. 
Portanto, n‹o serve de par‰metro para a declara‹o de inconstitucionalidade e 
n‹o estabelece limites para o Poder Constituinte Derivado, seja ele Reformador 
ou Decorrente. Por isso, o STF entende que suas disposi›es n‹o s‹o de 
reprodu‹o obrigat—ria pelas Constitui›es Estaduais. Segundo o STF, o 
Pre‰mbulo n‹o disp›e de fora normativa, n‹o tendo car‡ter 
vinculante2. Apesar disso, a doutrina n‹o o considera juridicamente 
irrelevante, uma vez que deve ser uma das linhas mestras interpretativas do 
texto constitucional. 3 
A parte dogm‡tica da Constitui‹o Ž o texto constitucional propriamente dito, 
que prev os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do 
corpo permanente da Carta Magna, que, na CF/88, vai do art. 1¼ ao 250. 
Destaca-se que falamos em Òcorpo permanenteÓ porque, a princ’pio, essas 
normas n‹o tm car‡ter transit—rio, embora possam ser modificadas pelo 
poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional. 
Por fim, a parte transit—ria da Constitui‹o visa integrar a ordem jur’dica 
antiga ˆ nova, quando do advento de uma nova Constitui‹o, garantindo a 
segurana jur’dica e evitando o colapso entre um ordenamento jur’dico e 
outro. Suas normas s‹o formalmente constitucionais, embora, no texto da 
CF/88, apresente numera‹o pr—pria (vejam ADCT Ð Ato das Disposi›es 
Constitucionais Transit—rias). Assim como a parte dogm‡tica, a parte 
transit—ria pode ser modificada por reforma constitucional. AlŽm disso, 
tambŽm pode servir como paradigma para o controle de 
constitucionalidade das leis. 
A Pir‰mide de Kelsen Ð Hierarquia das Normas 
Para compreender bem o Direito Constitucional, Ž fundamental que estudemos 
a hierarquia das normas, atravŽs do que a doutrina denomina Òpir‰mide de 
KelsenÓ. Essa pir‰mide foi concebida pelo jurista austr’aco para fundamentar 
a sua teoria, baseada na ideia de que as normas jur’dicas inferiores (normas 
                                                        
2
 ADI 2.076-AC, Rel. Min. Carlos Velloso, DJU de 23.08.2002. 
3 MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 53-55 
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fundadas) retiram seu fundamento de validade das normas jur’dicas 
superiores (normas fundantes). 
Iremos, a seguir, nos utilizar da Òpir‰mide de KelsenÓ para explicar o 
escalonamento normativo no ordenamento jur’dico brasileiro. 
A pir‰mide de Kelsen tem a Constitui‹o como seu vŽrtice (topo), por ser 
esta fundamento de validade de todas as demais normas do sistema. Assim, 
nenhuma norma do ordenamento jur’dico pode se opor ˆ Constitui‹o: ela Ž 
superior a todas as demais normas jur’dicas, as quais s‹o, por isso mesmo, 
denominadas infraconstitucionais. 
Na Constitui‹o, h‡ normas constitucionais origin‡rias e normas 
constitucionais derivadas. As normas constitucionais origin‡rias s‹o produto 
do Poder Constituinte Origin‡rio (o poder que elabora uma nova Constitui‹o); 
elas integram o texto constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988. 
J‡ as normas constitucionais derivadas s‹o aquelas que resultam da 
manifesta‹o do Poder Constituinte Derivado (o poder que altera a 
Constitui‹o); s‹o as chamadas emendas constitucionais, que tambŽm se 
situam no topo da pir‰mide de Kelsen. 
ƒ relevante destacar, nesse ponto, alguns entendimentos doutrin‡rios e 
jurisprudenciais bastante cobrados em prova acerca da hierarquia das 
normas constitucionais (origin‡rias e derivadas): 
a) N‹o existe hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias. Assim, n‹o importa qual Ž o conteœdo da norma. Todas as 
normas constitucionais origin‡rias tm o mesmo status hier‡rquico. 
Nessa —tica, as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais 
tm a mesma hierarquia do ADCT (Atos das Disposi›es Constitucionais 
Transit—rias) ou mesmo do art. 242, ¤ 2¼, que disp›e que o ColŽgio 
Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, ser‡ mantido na —rbita 
federal. 
b) N‹o existe hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias e normas constitucionais derivadas. Todas elas se 
situam no mesmo patamar. 
c) Embora n‹o exista hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias e derivadas, h‡ uma importante diferena entre elas: as 
normas constitucionais origin‡rias n‹o podem ser declaradas 
inconstitucionais. Em outras palavras, as normas constitucionais 
origin‡rias n‹o podem ser objeto de controle de constitucionalidade. J‡ 
as emendas constitucionais (normas constitucionais derivadas) poder‹o, 
sim, ser objeto de controle de constitucionalidade. 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ/PE 
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d) O alem‹o Otto Bachof desenvolveu relevante obra doutrin‡ria 
denominada ÒNormas constitucionais inconstitucionaisÓ, na qual 
defende a possibilidade de que existam normas constitucionais 
origin‡rias eivadas de inconstitucionalidade. Para o jurista, o texto 
constitucional possui dois tipos de normas: as cl‡usulas pŽtreas 
(normas cujo conteœdo n‹o pode ser abolido pelo Poder Constituinte 
Derivado) e as normas constitucionais origin‡rias. As cl‡usulas 
pŽtreas, na vis‹o de Bachof, seriam superiores ˆs demais 
normas constitucionais origin‡rias e, portanto, serviriam de 
par‰metro para o controle de constitucionalidade destas. Assim, o 
jurista alem‹o considerava leg’timo o controle de constitucionalidade de 
normas constitucionais origin‡rias. No entanto, bastante cuidado: no 
Brasil, a tese de Bachof n‹o Ž admitida. As cl‡usulas pŽtreas se 
encontram no mesmo patamar hier‡rquico das demais normas 
constitucionais origin‡rias. 
Com a promulga‹o da Emenda Constitucional n¼ 45/2004, abriu-se uma nova 
e importante possibilidade no ordenamento jur’dico brasileiro. Os tratados e 
conven›es internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa 
do Congresso Nacional (C‰mara dos Deputados e Senado Federal), em dois 
turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, passaram a ser 
equivalentes ˆs emendas constitucionais. Situam-se, portanto, no topo da 
pir‰mide de Kelsen, tendo ÒstatusÓ de emendaconstitucional. 
Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito 
especial, ingressam no chamado Òbloco de constitucionalidadeÓ. Em virtude 
da matŽria de que tratam (direitos humanos), esses tratados est‹o gravados 
por cl‡usula pŽtrea4 e, portanto, imunes ˆ denœncia5 pelo Estado 
brasileiro. O primeiro tratado de direitos humanos a receber o status de 
emenda constitucional foi a ÒConven‹o Internacional sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficincia e seu Protocolo FacultativoÓ. 
Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados 
pelo rito ordin‡rio, tm, segundo o STF, ÒstatusÓ supralegal. Isso significa 
que se situam logo abaixo da Constitui‹o e acima das demais normas do 
ordenamento jur’dico. 
A EC n¼ 45/2004 trouxe ao Brasil, portanto, segundo o Prof. ValŽrio Mazzuoli, 
um novo tipo de controle da produ‹o normativa domŽstica: o controle de 
convencionalidade das leis. Assim, as leis internas estariam sujeitas a um 
                                                        
4
 Estudaremos mais ˆ frente sobre as cl‡usulas pŽtreas, que s‹o normas que n‹o podem ser 
objeto de emenda constitucional tendente a aboli-las. As cl‡usulas pŽtreas est‹o previstas no 
art. 60, ¤ 4¼, da CF/88. Os direitos e garantias individuais s‹o cl‡usulas pŽtreas (art. 60, ¤ 4¼, 
inciso IV). 
5
  Denœncia Ž o ato unilateral por meio do qual um Estado se desvincula de um tratado 
internacional. 
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duplo processo de compatibiliza‹o vertical, devendo obedecer aos 
comandos previstos na Carta Constitucional e, ainda, aos previstos em 
tratados internacionais de direitos humanos regularmente incorporados ao 
ordenamento jur’dico brasileiro.6 
As normas imediatamente abaixo da Constitui‹o (infraconstitucionais) e 
dos tratados internacionais sobre direitos humanos s‹o as leis 
(complementares, ordin‡rias e delegadas), as medidas provis—rias, os 
decretos legislativos, as resolu›es legislativas, os tratados 
internacionais em geral incorporados ao ordenamento jur’dico e os 
decretos aut™nomos. Todas essas normas ser‹o estudadas em detalhes em 
aula futura, n‹o se preocupe! Neste momento, quero apenas que voc guarde 
quais s‹o as normas infraconstitucionais e que elas n‹o possuem hierarquia 
entre si, segundo doutrina majorit‡ria. Essas normas s‹o prim‡rias, sendo 
capazes de gerar direitos e criar obriga›es, desde que n‹o contrariem a 
Constitui‹o. 
Novamente, gostar’amos de trazer ˆ baila alguns entendimentos doutrin‡rios e 
jurisprudenciais muito cobrados em prova: 
a) Ao contr‡rio do que muitos podem ser levados a acreditar, as leis 
federais, estaduais, distritais e municipais possuem o mesmo 
grau hier‡rquico. Assim, um eventual conflito entre leis federais e 
estaduais ou entre leis estaduais e municipais n‹o ser‡ resolvido por 
um critŽrio hier‡rquico; a solu‹o depender‡ da reparti‹o 
constitucional de competncias. Deve-se perguntar o seguinte: de qual 
ente federativo (Uni‹o, Estados ou Munic’pios) Ž a competncia para 
tratar do tema objeto da lei? Nessa —tica, Ž plenamente poss’vel que, 
num caso concreto, uma lei municipal prevalea diante de uma lei 
federal. 
b) Existe hierarquia entre a Constitui‹o Federal, as Constitui›es 
Estaduais e as Leis Org‰nicas dos Munic’pios? Sim, a Constitui‹o 
Federal est‡ num patamar superior ao das Constitui›es Estaduais 
que, por sua vez, s‹o hierarquicamente superiores ˆs Leis Org‰nicas. 
b) As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um 
procedimento mais dificultoso, tm o mesmo n’vel hier‡rquico das 
leis ordin‡rias. O que as diferencia Ž o conteœdo: ambas tm campos 
de atua‹o diversos, ou seja, a matŽria (conteœdo) Ž diferente. Como 
exemplo, citamos o fato de que a CF/88 exige que normas gerais sobre 
direito tribut‡rio sejam estabelecidas por lei complementar. 
                                                        
6
    MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Teoria Geral do Controle de Convencionalidade no 
Direito Brasileiro. In: Controle de Convencionalidade: um panorama latino-americano. 
Gazeta Jur’dica. Bras’lia: 2013. 
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c) As leis complementares podem tratar de tema reservado ˆs 
leis ordin‡rias. Esse entendimento deriva da —tica do Òquem pode 
mais, pode menosÓ. Ora, se a CF/88 exige lei ordin‡ria (cuja aprova‹o 
Ž mais simples!) para tratar de determinado assunto, n‹o h‡ —bice a 
que uma lei complementar regule o tema. No entanto, caso isso ocorra, 
a lei complementar ser‡ considerada materialmente ordin‡ria; essa 
lei complementar poder‡, ent‹o, ser revogada ou modificada por 
simples lei ordin‡ria. Diz-se que, nesse caso, a lei complementar ir‡ 
subsumir-se ao regime constitucional da lei ordin‡ria. 7 
d) As leis ordin‡rias n‹o podem tratar de tema reservado ˆs leis 
complementares. Caso isso ocorra, estaremos diante de um caso de 
inconstitucionalidade formal (nomodin‰mica). 
e) Os regimentos dos tribunais do Poder Judici‡rio s‹o considerados 
normas prim‡rias, equiparados hierarquicamente ˆs leis ordin‡rias. 
Na mesma situa‹o, encontram-se as resolu›es do CNMP (Conselho 
Nacional do MinistŽrio pœblico) e do CNJ (Conselho Nacional de Justia). 
f) Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e C‰mara dos 
Deputados), por constitu’rem resolu›es legislativas, tambŽm s‹o 
considerados normas prim‡rias, equiparados hierarquicamente ˆs leis 
ordin‡rias. 
Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infralegais. Elas s‹o 
normas secund‡rias, n‹o tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco, de 
impor obriga›es. N‹o podem contrariar as normas prim‡rias, sob pena de 
invalidade. ƒ o caso dos decretos regulamentares, portarias, das instru›es 
normativas, dentre outras. Tenham bastante cuidado para n‹o confundir os 
decretos aut™nomos (normas prim‡rias, equiparadas ˆs leis) com os 
decretos regulamentares (normas secund‡rias, infralegais). 
 
                                                        
7AI 467822 RS, p. 04-10-2011. 
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Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
 
 
(MPE-BA Ð 2015) Existe hierarquia entre lei complementar 
e lei ordin‡ria, bem como entre lei federal e estadual. 
Coment‡rios: 
N‹o h‡ hierarquia entre lei ordin‡ria e lei complementar. 
Elas tm o mesmo n’vel hier‡rquico. TambŽm n‹o h‡ 
hierarquia entre lei federal e lei estadual. Quest‹o errada. 
Classifica‹o das Constitui›es 
Ao estudar as diversas Constitui›es, a doutrina prop›e diversos critŽrios para 
classific‡-las. ƒ justamente isso o que estudaremos a partir de agora: a 
classifica‹o das Constitui›es, levando em considera‹o variados critŽrios. 
1) Classifica‹o quanto ˆ origem: 
As Constitui›es se classificam quanto ˆ origem em: 
a) Outorgadas (impostas, ditatoriais, autocr‡ticas): s‹o aquelas 
impostas, que surgem sem participa‹o popular. Resultam de ato 
unilateral de vontade da classe ou pessoa dominante no sentido de 
limitar seu pr—prio poder, por meio da outorga de um texto 
CONSTITUIÇÃO, EMENDAS CONSTITUCIONAIS E TRATADOS 
INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS APROVADOS COMO 
EMENDAS CONSTITUCIONAIS
OUTROS TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS
LEIS COMPLEMENTARES, ORDINÁRIAS E DELEGADAS, MEDIDASPROVISÓRIAS, DECRETOS LEGISLATIVOS, RESOLUÇÕES 
LEGISLATIVAS, TRATADOS INTERNACIONAIS EM GERAL E DECRETOS 
AUTÔNOMOS
NORMAS INFRALEGAIS
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constitucional. Exemplos: Constitui›es brasileiras de 1824, 1937 e 
1967 e a EC n¼ 01/1969.  
b) Democr‡ticas (populares, promulgadas ou votadas): nascem com 
participa‹o popular, por processo democr‡tico. Normalmente, s‹o 
fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, convocada 
especialmente para sua elabora‹o. Exemplos: Constitui›es 
brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988. 
c) Cesaristas (bonapartistas): s‹o outorgadas, mas necessitam de 
referendo popular. O texto Ž produzido sem qualquer participa‹o 
popular, cabendo ao povo apenas a sua ratifica‹o. 
d) Dualistas (pactuadas): s‹o resultado do compromisso inst‡vel entre 
duas foras antag™nicas: de um lado, a monarquia enfraquecida; do 
outro, a burguesia em ascens‹o. Essas constitui›es estabelecem uma 
limita‹o ao poder mon‡rquico, formando as chamadas monarquias 
constitucionais. 
 
 
(PC / DF Ð 2015) As constitui›es outorgadas s‹o aquelas 
que, embora confeccionadas sem a participa‹o popular, para 
entrarem em vigor, s‹o submetidas ˆ ratifica‹o posterior do 
povo por meio de referendo. 
Coment‡rios: 
As constitui›es cesaristas Ž que s‹o submetidas ˆ ratifica‹o 
por meio de referendo popular. Quest‹o errada. 
 
2) Classifica‹o quanto ˆ forma: 
No que concerne ˆ forma, as Constitui›es podem ser: 
a) Escritas (instrumentais): s‹o constitui›es elaboradas por um 
—rg‹o constituinte especialmente encarregado dessa tarefa e que 
as sistematiza em documentos solenes, com o prop—sito de fixar a 
organiza‹o fundamental do Estado. Subdividem-se em: 
- codificadas (unit‡rias): quando suas normas se encontram em 
um œnico texto. Nesse caso, o —rg‹o constituinte optou por inserir todas 
as normas constitucionais em um œnico documento, escrito. A 
Constitui‹o de 1988 Ž escrita, do tipo codificada. 
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- legais (variadas, pluritextuais ou inorg‰nicas): quando suas 
normas se encontram em diversos documentos solenes. Aqui, o —rg‹o 
constituinte optou por n‹o inserir todas as normas constitucionais num 
mesmo documento. 
b) N‹o escritas (costumeiras ou consuetudin‡rias): s‹o constitui›es 
cujas normas est‹o em variadas fontes normativas, como as leis, 
costumes, jurisprudncia, acordos e conven›es. Nesse tipo de 
constitui‹o, n‹o h‡ um —rg‹o especialmente encarregado de elaborar a 
constitui‹o; s‹o v‡rios os centros de produ‹o de normas. Um 
exemplo de constitui‹o n‹o-escrita Ž a Constitui‹o inglesa. 
 
Muito cuidado com um detalhe, pessoal! 
As constitui›es n‹o-escritas, ao contr‡rio do 
que muitos podem ser levados a pensar, 
possuem tambŽm normas escritas. Elas n‹o 
s‹o formadas apenas por costumes. As leis e 
conven›es (normas escritas) tambŽm fazem 
parte dessas constitui›es. 
 
 
(TCE Ð PI Ð 2014) As denominadas Constitui›es legais ou 
inorg‰nicas caracterizam-se por contemplar expressivo 
conjunto de normas apenas formalmente constitucionais. 
Coment‡rios: 
A caracter’stica central das Constitui›es legais Ž que seu 
conteœdo est‡ disperso em diversos documentos solenes. 
Quest‹o errada. 
 
3) Classifica‹o quanto ao modo de elabora‹o: 
No que se refere ao modo de elabora‹o, as Constitui›es podem ser: 
a) Dogm‡ticas (sistem‡ticas): s‹o escritas, tendo sido elaboradas 
por um —rg‹o constitu’do para esta finalidade em um determinado 
momento, segundo os dogmas e valores ent‹o em voga. 
Subdividem-se em: 
- ortodoxas: quando refletem uma s— ideologia. 
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- heterodoxas (eclŽticas): quando suas normas se originam de 
ideologias distintas. A Constitui‹o de 1988 Ž dogm‡tica eclŽtica, uma 
vez que adotou, como fundamento do Estado, o pluralismo pol’tico (art. 
1¼, CF). 
b)  Hist—ricas: tambŽm chamadas costumeiras, s‹o do tipo n‹o 
escritas. S‹o criadas lentamente com as tradi›es, sendo uma 
s’ntese dos valores hist—ricos consolidados pela sociedade. S‹o, por 
isso, mais est‡veis que as dogm‡ticas. ƒ o caso da Constitui‹o inglesa. 
JosŽ Afonso da Silva destaca que n‹o se deve confundir o conceito de 
constitui‹o hist—rica com o de constitui‹o flex’vel. As constitui›es 
hist—ricas s‹o, de fato, juridicamente flex’veis (sofrem modifica‹o 
por processo n‹o dificultoso, podendo ser modificadas pelo legislador 
ordin‡rio), mas normalmente s‹o pol’tica e socialmente r’gidas, uma 
vez que, por serem produto do lento evoluir dos valores da sociedade, 
raramente s‹o modificadas. 
 
(PC / DF Ð 2015) As constitui›es podem ser ortodoxas, 
quando reunirem uma s— ideologia, como a Constitui‹o 
SoviŽtica de 1977, ou eclŽticas, quando conciliarem v‡rias 
ideologias em seu texto, como a Constitui‹o Brasileira de 
1988. 
Coment‡rios: 
A CF/88 Ž eclŽtica, pois suas normas se originam de 
ideologias distintas. Por outro lado, a Constitui‹o SoviŽtica 
de 1977 pode ser apontada como Constitui‹o ortodoxa, 
pois Ž baseada apenas em uma ideologia: a ideologia 
comunista. Quest‹o correta. 
 
4) Classifica‹o quanto ˆ estabilidade: 
Na classifica‹o das constitui›es quanto ˆ estabilidade, leva-se em conta o 
grau de dificuldade para a modifica‹o do texto constitucional. As Constitui›es 
s‹o, segundo este critŽrio, divididas em: 
 
a) Imut‡vel (gran’tica, intoc‡vel ou permanente): Ž aquela 
Constitui‹o cujo texto n‹o pode ser modificado jamais. Tem a 
pretens‹o de ser eterna. Alguns autores n‹o admitem sua existncia. 
b) Super-r’gida: Ž a Constitui‹o em que h‡ um nœcleo intang’vel 
(cl‡usulas pŽtreas), sendo as demais normas alter‡veis por processo 
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legislativo diferenciado, mais dificultoso que o ordin‡rio. Trata-se de 
uma classifica‹o adotada apenas por Alexandre de Moraes, para 
quem a CF/88 Ž do tipo super-r’gida. S— para recordar: as cl‡usulas 
pŽtreas s‹o dispositivos que n‹o podem sofrer emendas (altera›es) 
tendentes a aboli-las. Est‹o arroladas no ¤ 4¼ do art. 60 da 
Constitui‹o. Na maior parte das quest›es, essa classifica‹o n‹o Ž 
cobrada. 
c) R’gida: Ž aquela modificada por procedimento mais dificultoso do 
que aqueles pelos quais se modificam as demais leis. ƒ sempre escrita, 
mas vale lembrar que a rec’proca n‹o Ž verdadeira: nem toda 
Constitui‹o escrita Ž r’gida. A CF/88 Ž r’gida, pois exige 
procedimento especial para sua modifica‹o por meio de emendas 
constitucionais: vota‹o em dois turnos, nas duas Casas do Congresso 
Nacional e aprova‹o de pelo menos trs quintos dos integrantes das 
Casas Legislativas (art. 60, ¤2¼, CF/88). Exemplos: Constitui›es de 
1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. 
d) Semirr’gida ou semiflex’vel: para algumas normas, o processo 
legislativo de altera‹o Ž mais dificultoso que o ordin‡rio; para outras 
n‹o. Um exemplo Ž a Carta Imperial do Brasil (1824), que exigia 
procedimento especial para modifica‹o de artigos que tratassemde 
direitos pol’ticos e individuais, bem como dos limites e atribui›es 
respectivas dos Poderes. As normas referentes a todas as demais 
matŽrias poderiam ser alteradas por procedimento usado para modificar 
as leis ordin‡rias. 
e) Flex’vel: pode ser modificada pelo procedimento legislativo 
ordin‡rio, ou seja, pelo mesmo processo legislativo usado para 
modificar as leis comuns. 
ƒ importante salientar que a maior ou menor rigidez da Constitui‹o n‹o 
lhe assegura estabilidade. Sabe-se hoje que esta se relaciona mais com o 
amadurecimento da sociedade e das institui›es estatais do que com o 
processo legislativo de modifica‹o do texto constitucional. N‹o seria correta, 
portanto, uma quest‹o que afirmasse que uma Constitui‹o r’gida Ž mais 
est‡vel. Veja o caso da CF/88, que j‡ sofreu dezenas de emendas. 
 
Da rigidez constitucional decorre o princ’pio da 
supremacia da Constitui‹o. ƒ que, em virtude da 
necessidade de processo legislativo especial para que 
uma norma seja inserida no texto constitucional, fica 
claro, por consequncia l—gica, que as normas 
constitucionais est‹o em patamar hier‡rquico 
superior ao das demais normas do ordenamento 
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jur’dico. 
Assim, as normas que forem incompat’veis com a 
Constitui‹o ser‹o consideradas inconstitucionais. Tal 
fiscaliza‹o de validade das leis Ž realizada por meio 
do denominado Òcontrole de constitucionalidadeÓ, que 
tem como pressuposto a rigidez constitucional. 
 
 
(UEG Ð 2015) A CF/88 pode ser definida como 
semirr’gida, pois apresenta dispositivos que podem ser 
emendados por meio de lei (normas apenas formalmente 
constitucionais), ao passo que as normas materialmente 
constitucionais s— podem ser alteradas por meio de 
emendas ˆ constitui‹o. 
Coment‡rios: 
A CF/88 Ž classificada como r’gida, pois somente pode ser 
modificada por um procedimento mais dificultoso do que o 
das leis ordin‡rias. Na hist—ria brasileira, a Constitui‹o de 
1824 era semirr’gida. Quest‹o errada. 
 
5) Classifica‹o quanto ao conteœdo: 
Para entender a classifica‹o das constitui›es quanto ao conteœdo, Ž 
fundamental deixarmos bem claro, primeiro, o que s‹o normas 
materialmente constitucionais e o que s‹o normas formalmente 
constitucionais. 
Normas materialmente constitucionais s‹o aquelas cujo conteœdo Ž 
tipicamente constitucional, Ž dizer, s‹o normas que regulam os aspectos 
fundamentais da vida do Estado (forma de Estado, forma de governo, 
estrutura do Estado, organiza‹o do Poder e os direitos fundamentais). Essas 
normas, estejam inseridas ou n‹o no texto escrito da Constitui‹o, formam a 
chamada ÒConstitui‹o materialÓ do Estado. 
ƒ relevante destacar que n‹o h‡ consenso doutrin‡rio sobre quais s‹o as 
normas materialmente constitucionais. ƒ ineg‡vel, contudo, que h‡ certos 
assuntos, como os direitos fundamentais e a organiza‹o do Estado, que s‹o 
considerados pelos principais constitucionalistas como sendo normas 
materialmente constitucionais. 
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Por outro lado, normas formalmente constitucionais s‹o todas aquelas 
que, independentemente do conteœdo, est‹o contidas em documento 
escrito elaborado solenemente pelo —rg‹o constituinte. Avalia-se apenas o 
processo de elabora‹o da norma: o conteœdo n‹o importa. Se a norma faz 
parte de um texto constitucional escrito e r’gido, ela ser‡ formalmente 
constitucional. 
Cabe, aqui, fazer uma importante observa‹o. Um pressuposto para que uma 
norma seja considerada formalmente constitucional Ž a existncia de uma 
Constitui‹o r’gida (alter‡vel por procedimento mais dif’cil do que o das 
leis). Ora, em um Estado que adota constitui‹o flex’vel, n‹o cabe falar-se em 
normas formalmente constitucionais; n‹o h‡, afinal, nesse tipo de Estado, 
distin‹o entre o processo legislativo de elabora‹o das leis e o das normas 
que alteram a Constitui‹o. 
Em uma Constitui‹o escrita e r’gida, h‡ normas que s‹o apenas 
formalmente constitucionais e outras, que s‹o, ao mesmo tempo, material 
e formalmente constitucionais. Um exemplo cl‡ssico Ž o art. 242, ¤ 2¼, da 
CF/88, que disp›e que o ColŽgio Pedro II, localizado na cidade do Rio de 
Janeiro, ser‡ mantido na —rbita federal. Por estar no texto da Constitui‹o, 
esse dispositivo Ž, inegavelmente, uma norma formalmente constitucional. No 
entanto, o seu conteœdo n‹o Ž essencial ˆ organiza‹o do Estado, motivo pelo 
qual Ž poss’vel afirmar que trata-se de uma norma apenas formalmente 
constitucional. Por outro lado, o art.5¼, inciso III, da CF/88 (ÒninguŽm ser‡ 
submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradanteÓ) Ž norma 
material e formalmente constitucional. 
As normas formalmente constitucionais podem, portanto, ser materialmente 
constitucionais, ou n‹o. No œltimo caso, sua inser‹o no texto 
constitucional visa sublinhar sua import‰ncia, dando-lhes a estabilidade 
que a Constitui‹o r’gida confere a todas as suas normas8. 
Feitas essas considera›es, voltemos ˆ classifica‹o das constitui›es que, 
quanto ao conteœdo, podem ser: 
a) Constitui‹o material: ƒ o conjunto de normas, escritas ou n‹o, 
que regulam os aspectos essenciais da vida estatal. Sob essa —tica, 
todo e qualquer Estado Ž dotado de uma Constitui‹o, afinal, 
todos os Estados tm normas de organiza‹o e funcionamento, ainda 
que n‹o estejam consubstanciadas em um texto escrito. 
AlŽm disso, Ž plenamente poss’vel que existam normas fora do texto 
constitucional escrito, mas que, por se referirem a aspectos essenciais 
                                                        
8 Manoel Gonalves Ferreira Filho, Curso de Direito Constitucional, 27» edi‹o, p. 12, Ed. 
Saraiva.  
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da vida estatal, s‹o consideradas como fazendo parte da 
Constitui‹o material do Estado. Ressalte-se, mais vez, que analisar 
se uma norma Ž ou n‹o materialmente constitucional depende apenas 
da considera‹o do seu conteœdo. 
Um exemplo de Constitui‹o material Ž a Carta do ImpŽrio de 1824, 
que considerava constitucionais apenas matŽrias referentes aos limites 
e atribui›es dos poderes e direitos pol’ticos, inclusive os individuais 
dos cidad‹os. 
b) Constitui‹o formal (procedimental): ƒ o conjunto de normas 
que est‹o inseridas no texto de uma Constitui‹o r’gida, 
independentemente de seu conteœdo. 
A Constitui‹o de 1988, considerada em sua totalidade, Ž do tipo 
formal, pois foi solenemente elaborada por uma Assembleia 
Constituinte. 
Todas as normas previstas no texto da Constitui‹o Federal de 1988 
s‹o formalmente constitucionais. Entretanto, algumas normas da Carta 
Magna s‹o apenas formalmente constitucionais (e n‹o materialmente), 
j‡ que n‹o tratam de temas de grande relev‰ncia jur’dica, enquanto 
outras s‹o formal e materialmente constitucionais (como as que tratam 
de direitos fundamentais, por exemplo). 
H‡ tambŽm, no ordenamento jur’dico brasileiro, normas 
materialmente constitucionais fora do texto constitucional. ƒ o 
caso dos tratados sobre direitos humanos introduzidos no ordenamento 
jur’dico pelo rito pr—prio de emendas constitucionais, conforme o ¤ 3¼ 
do art. 5¼ da Constitui‹o9. 
 
Segundo o Prof. Michel Temer, a distin‹o entre 
normas formalmenteconstitucionais (todas as 
normas da CF/88) e normas materialmente 
constitucionais (aquelas que regulam a estrutura 
do Estado, a organiza‹o do Poder e os direitos 
fundamentais) Ž juridicamente irrelevante, ˆ luz 
da Constitui‹o atual 10. 
Isso se deve ao fato de que a CF/88 Ž formal e, por 
isso, todas as normas que a integram s‹o normas 
constitucionais, modific‡veis apenas por 
procedimento legislativo especial. Destaque-se, 
                                                        
9 Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional, 6» edi‹o, p. 149, Ed. JusPodivm.  
10 Michel Temer, Elementos de Direito Constitucional.  
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tambŽm, que a distin‹o entre normas materialmente 
constitucionais e normas formalmente constitucionais 
n‹o tem qualquer efeito sobre a aplicabilidade dessas 
normas. 
 
6) Classifica‹o quanto ˆ extens‹o: 
Quanto ˆ extens‹o, as Constitui›es podem ser anal’ticas ou sintŽticas. 
a) Anal’ticas (prolixas, extensas ou longas): tm conteœdo extenso, 
tratando de matŽrias que n‹o apenas a organiza‹o b‡sica do Estado. 
Contm normas apenas formalmente constitucionais. A CF/88 Ž 
anal’tica, pois trata minuciosamente de certos assuntos, n‹o 
materialmente constitucionais. Esta espŽcie de Constitui‹o Ž uma 
tendncia do constitucionalismo contempor‰neo, que busca dotar 
certos institutos e normas de uma prote‹o mais eficaz contra 
investidas do legislador ordin‡rio. Ora, devido ˆ supremacia formal da 
Constitui‹o, as normas inseridas em seu texto somente poder‹o ser 
modificadas mediante processo legislativo especial.  
b) SintŽticas (concisas, sum‡rias ou curtas): restringem-se aos 
elementos substancialmente constitucionais. ƒ o caso da Constitui‹o 
norte-americana, que possui apenas sete artigos. O detalhamento dos 
direitos e deveres Ž deixado a cargo das leis infraconstitucionais. 
Destaque-se que os textos constitucionais sintŽticos s‹o qualificados 
como constitui›es negativas, uma vez que constroem a chamada 
liberdade-impedimento, que serve para delimitar o arb’trio do Estado 
sobre os indiv’duos. 
7) Classifica‹o quanto ˆ correspondncia com a realidade: 
Quanto ˆ correspondncia com a realidade pol’tica e social 
(classifica‹o ontol—gica), as constitui›es se dividem em: 
a) Normativas: regulam efetivamente o processo pol’tico do Estado, 
por corresponderem ˆ realidade pol’tica e social, ou seja, limitam, de 
fato, o poder. Em suma: tm valor jur’dico. Exemplos: Constitui›es 
brasileiras de 1891, 1934 e 1946. 
b) Nominativas: buscam regular o processo pol’tico do Estado, mas 
n‹o conseguem realizar este objetivo, por n‹o atenderem ˆ realidade 
social. S‹o constitui›es prospectivas, que visam, um dia, a sua 
concretiza‹o, mas que n‹o possuem aplicabilidade. Isso se deve, 
segundo Loewenstein, provavelmente ao fato de que a decis‹o que 
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levou ˆ sua promulga‹o foi prematura, persistindo, contudo, a 
esperana de que, um dia, a vida pol’tica corresponda ao modelo nelas 
fixado. N‹o possuem valor jur’dico: s‹o Constitui›es Òde fachadaÓ.  
c) Sem‰nticas: n‹o tm por objetivo regular a pol’tica estatal. 
Visam apenas formalizar a situa‹o existente do poder pol’tico, em 
benef’cio dos seus detentores. Exemplos: Constitui›es de 1937, 1967 
e 1969. 
Destaca-se que essa classifica‹o foi criada por Karl Loewenstein. Embora 
existam controvŽrsias na doutrina, podemos classificar a CF/88 como 
normativa. 
 
(SEAP/DF Ð 2015) Sem‰ntica, de acordo com a concep‹o 
ontol—gica de Karl Loewenstein, Ž a constitui‹o que n‹o tem 
o objetivo de regular a vida pol’tica do Estado, mas, sim, de 
formalizar e manter a conforma‹o pol’tica atual, o status 
quo vigente. Deixa-se, portanto, de limitar o poder real para 
apenas formalizar e manter o poder existente. 
Coment‡rios: 
ƒ isso mesmo! A Constitui‹o sem‰ntica visa apenas manter 
o status quo vigente, sem a pretens‹o de regular a vida 
pol’tica do Estado. Quest‹o correta. 
 
8) Classifica‹o quanto ˆ fun‹o desempenhada: 
No que se refere ˆ fun‹o por ela desempenhada, as Constitui›es se 
classificam em: 
a) Constitui‹o-lei: Ž aquela em que a Constitui‹o tem ÒstatusÓ de 
lei ordin‡ria, sendo, portanto, invi‡vel em documentos r’gidos. Seu 
papel Ž de diretriz, n‹o vinculando o legislador.  
b) Constitui‹o-fundamento: a Constitui‹o n‹o s— Ž fundamento de 
todas as atividades do Estado, mas tambŽm da vida social. A liberdade 
do legislador Ž de apenas dar efetividade ˆs normas constitucionais. 
c) Constitui‹o-quadro ou Constitui‹o-moldura: trata-se de uma 
Constitui‹o em que o legislador s— pode atuar dentro de determinado 
espao estabelecido pelo constituinte, ou seja, dentro de um limite. 
Cabe ˆ jurisdi‹o constitucional verificar se esses limites foram 
obedecidos. 
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9) Classifica‹o quanto ˆ finalidade: 
As Constitui›es podem ser classificadas, quanto ˆ finalidade, em garantia, 
dirigente ou balano. 
a) Constitui‹o-garantia: seu principal objetivo Ž proteger as 
liberdades pœblicas contra a arbitrariedade do Estado. Corresponde 
ao primeiro per’odo de surgimento dos direitos humanos (direitos de 
primeira gera‹o, ou seja, direitos civis e pol’ticos), a partir do final do 
sŽculo XVIII. As Constitui›es-garantia s‹o tambŽm chamadas de 
negativas, uma vez que buscam limitar a a‹o estatal; elas imp›em a 
omiss‹o ou negativa de atua‹o do Estado, protegendo os indiv’duos 
contra a ingerncia abusiva dos Poderes Pœblicos. 
b) Constitui‹o-dirigente: Ž aquela que traa diretrizes que devem 
nortear a a‹o estatal, prevendo, para isso, as chamadas normas 
program‡ticas. Segundo Canotilho, as Constitui›es dirigentes 
voltam-se ˆ garantia do existente, aliada ˆ institui‹o de um programa 
ou linha de dire‹o para o futuro, sendo estas as suas duas principais 
finalidades. Assim, as Constitui›es-dirigentes, alŽm de assegurarem 
as liberdades negativas (j‡ alcanadas), passam a exigir uma 
atua‹o positiva do Estado em favor dos indiv’duos. A Constitui‹o 
Federal de 1988 Ž classificada como uma Constitui‹o-dirigente. 
Essas constitui›es surgem mais recentemente no constitucionalismo 
(in’cio do sŽculo XX), juntamente com os direitos fundamentais de 
segunda gera‹o (direitos econ™micos, sociais e culturais). Os direitos 
de segunda gera‹o, em regra, exigem do Estado presta›es sociais, 
como saœde, educa‹o, trabalho, previdncia social, entre outras. 
c) Constitui‹o-balano: Ž aquela que visa reger o ordenamento 
jur’dico do Estado durante um certo tempo, nela estabelecido. 
Transcorrido esse prazo, Ž elaborada uma nova Constitui‹o ou seu 
texto Ž adaptado. ƒ uma constitui‹o t’pica de regimes socialistas, 
podendo ser exemplificada pelas Constitui›es de 1924, 1936 e 1977, 
da Uni‹o SoviŽtica. TambŽm chamadas de Constitui›es-registro, 
essas constitui›es descrevem e registram o est‡gio da sociedade em 
um dado momento. 
 
 As Constitui›es-garantia, por se limitarem a 
estabelecer direitos de primeira gera‹o, 
relacionados ˆ prote‹o do indiv’duo contra o 
arb’trio estatal, s‹o sempre sintŽticas. J‡ as 
Constitui›es-dirigentes s‹o sempre anal’ticas, 
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devido ˆ marcante presena de normas 
program‡ticas em seu texto11. 
 
 
(ISS Ð SP Ð 2014) No que diz respeito ao seu modo de 
elabora‹o, a CF/88 Ž definida como constitui‹o-dirigente, 
pois examina e regulamenta todos os assuntos que entenda 
ser relevantes ˆ destina‹o e ao funcionamento do Estado. 
Coment‡rios: 
Quanto ao modo de elabora‹o, as Constitui›es podem ser 
classificadas como dogm‡ticas ou hist—ricas. A CF/88 Ž 
classificada como dogm‡tica. Quest‹o errada. 
(PGE-PR Ð 2015) A no‹o de Constitui‹o dirigente 
determina que, alŽm de organizar e limitar o poder, a 
Constitui‹o tambŽm preordena a atua‹o governamental por 
meio de planos e programas constitucionais vinculantes. 
Coment‡rios: 
AlŽm de assegurarem as liberdades negativas (limitando o 
poder estatal), as Constitui›es dirigentes traam diretrizes 
que devem nortear a a‹o estatal. Ela define planos e 
programas vinculantes para os poderes pœblicos. Quest‹o 
correta. 
 
10) Classifica‹o quanto ao conteœdo ideol—gico: 
Essa classifica‹o, proposta por AndrŽ Ramos Tavares, busca identificar qual Ž 
o conteœdo ideol—gico que inspirou a elabora‹o do texto constitucional. 
a) Liberais: s‹o constitui›es que buscam limitar a atua‹o do poder 
estatal, assegurando as liberdades negativas aos indiv’duos. Podem 
ser identificadas com as Constitui›es-garantia, sobre as quais j‡ 
estudamos. 
b) Sociais: s‹o constitui›es que atribuem ao Estado a tarefa de 
ofertar presta›es positivas aos indiv’duos, buscando a realiza‹o da 
                                                        
11 JosŽ Afonso da Silva conceitua as normas program‡ticas como aquelas "atravŽs das quais 
o constituinte, em vez de regular, direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-se 
a traar-lhes os princ’pios para serem cumpridos pelos —rg‹os (legislativos, executivos, 
jurisdicionais e administrativos), como programas das respectivas atividades, visando ˆ 
realiza‹o dos fins sociais do EstadoÓ. 
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igualdade material e a efetiva‹o dos direitos sociais. Cabe destacar 
que a CF/88 pode ser classificada como social. 
11) Classifica‹o quanto ao local da decreta‹o: 
Quanto ao local da decreta‹o, as constitui›es podem ser classificadas em: 
a) Heteroconstitui›es: s‹o constitui›es elaboradas fora do Estado 
no qual elas produzir‹o seus efeitos. 
b) Autoconstitui›es: s‹o constitui›es elaboradas no interior do 
pr—prio Estado que por elas ser‡ regido. A Constitui‹o Federal de 1988 
Ž uma autoconstitui‹o. 
12) Classifica‹o quanto ao sistema: 
Quanto ao sistema, as Constitui›es podem ser classificadas em 
principiol—gicas e preceituais. 
a) Constitui‹o principiol—gica ou aberta: Ž aquela em que h‡ 
predomin‰ncia dos princ’pios, normas caracterizadas por elevado 
grau de abstra‹o, que demandam regulamenta‹o pela legisla‹o para 
adquirirem concretude. ƒ o caso da CF/88. 
b) Constitui‹o preceitual: Ž aquela em que prevalecem as regras, 
que se caracterizam por baixo grau de abstra‹o, sendo concretizadoras 
de princ’pios. 
13) Outras Classifica›es: 
A doutrina constitucionalista, ao estudar as Constitui›es, identifica ainda 
outras classifica›es poss’veis para estas: 
a) Pl‡stica: n‹o h‡ consenso doutrin‡rio sobre quais s‹o as 
caracter’sticas de uma constitui‹o pl‡stica. O Prof. Pinto Ferreira 
considera como sendo pl‡sticas as constitui›es flex’veis (alter‡veis 
por processo legislativo pr—prio das leis comuns); por outro lado, Raul 
Machado Horta denomina de pl‡sticas as constitui›es cujo conteœdo 
Ž de tal sorte male‡vel que est‹o aptas a captar as mudanas da 
realidade social sem necessidade de emenda constitucional. Nessa 
perspectiva, Òa Constitui‹o pl‡stica estar‡ em condi›es de 
acompanhar, atravŽs do legislador ordin‡rio, as oscila›es da opini‹o 
pœblica e do corpo eleitoralÓ. 12 
                                                        
12
 HORTA, Raul Machado. Direito Constitucional, 5» edi‹o. Ed. Del Rey, 2010.  
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b) Expansiva: na evolu‹o constitucional de um Estado, Ž comum que 
uma nova Constitui‹o, ao ser promulgada, traga novos temas e 
amplie o tratamento de outros, que j‡ estavam no texto 
constitucional anterior. Essas constitui›es s‹o consideradas 
expansivas, como Ž o caso da Constitui‹o Federal de 1988 que, 
alŽm de trazer ˆ luz v‡rios novos temas, ampliou substancialmente o 
tratamento dos direitos fundamentais. 
Quanta informa‹o, n‹o Ž mesmo? Vamos revisar? A Tabela a seguir sintetiza 
as principais classifica›es das Constitui›es que vimos nesta aula: 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES  
QUANTO À ORIGEM 
OUTORGADAS 
Impostas, surgem sem participação popular. Resultam 
de ato unilateral de vontade da classe ou pessoa 
dominante no sentido de limitar seu próprio poder. 
DEMOCRÁTICAS 
Nascem com participação popular, por processo 
democrático. 
CESARISTAS  Outorgadas, mas necessitam de referendo popular. 
DUALISTAS 
Resultam de um compromisso entre a monarquia e a 
burguesia, dando origem às monarquias 
constitucionais. 
QUANTO À FORMA 
ESCRITAS  Sistematizadas em documentos solenes. 
NÃO‑ESCRITAS 
Normas em leis esparsas, jurisprudência, costumes e 
convenções. 
QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO 
DOGMÁTICAS 
Elaboradas em um determinado momento, segundo os 
dogmas em voga. 
HISTÓRICAS 
Surgem lentamente, a partir das tradições. Resultam 
dos valores históricos consolidados pela sociedade. 
QUANTO À ESTABILIDADE 
IMUTÁVEIS  Não podem ser modificadas. 
RÍGIDAS 
Modificadas por procedimento mais dificultoso que 
aquele de alteração das leis. Sempre escritas. 
SEMIRRÍGIDAS 
Processo legislativo de alteração mais dificultoso que o 
ordinário para algumas de suas normas. 
QUANTO AO CONTEÚDO 
MATERIAIS 
Conjunto de normas que regulam os aspectos essenciais 
da vida estatal, ainda que fora do texto constitucional 
escrito. 
FORMAIS  Conjunto de normas que estão inseridas no texto de 
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uma Constituição rígida, independentemente de seu 
conteúdo. 
QUANTO À EXTENSÃO 
ANALÍTICAS 
Conteúdo extenso. Contêm normas apenas formalmente 
constitucionais. 
SINTÉTICAS 
Restringem‑se aos elementos materialmente 
constitucionais. 
QUANTO À CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE 
NORMATIVAS 
Limitam, de fato, o poder, por corresponderem à 
realidade 
NOMINATIVAS 
Não conseguem regular o processo político, embora 
esse seja seu objetivo, por não corresponderem à 
realidade social. 
SEMÂNTICAS 
Não têm por objeto regular a política estatal, mas 
apenas formalizar a situação da época. 
QUANTO À FINALIDADE 
CONSTITUIÇÕES‑
GARANTIA 
Objetivam proteger as liberdades públicas contra a 
arbitrariedade do Estado. 
CONSTITUIÇÕES‑
DIRIGENTES 
Traçam diretrizes para a ação estatal, prevendo normas 
programáticas. 
CONSTITUIÇÕES‑
BALANÇO 
Descrevem e registram o estágioda sociedade em um 
dado momento. 
QUANTO AO CONTEÚDO IDEOLÓGICO 
LIBERAIS  Buscam limitar o poder estatal. 
SOCIAIS 
Têm como objetivo realizar a igualdade material e a 
efetivação dos direitos sociais. 
QUANTO AO LOCAL DA DECRETAÇÃO 
HETEROCONSTITUIÇÕES 
Elaboradas fora do Estado em que produzem seus 
efeitos. 
AUTOCONSTITUIÇÕES  Elaboradas dentro do Estado que regem. 
QUANTO AO SISTEMA 
PRINCIPIOLÓGICAS  Nelas, predominam os princípios. 
PRECEITUAIS  Nelas, prevalecem as regras. 
Aplicabilidade das normas constitucionais 
O estudo da aplicabilidade das normas constitucionais Ž essencial ˆ correta 
interpreta‹o da Constitui‹o Federal. ƒ a compreens‹o da aplicabilidade das 
normas constitucionais que nos permitir‡ entender exatamente o alcance e a 
realizabilidade dos diversos dispositivos da Constitui‹o. 
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Todas as normas constitucionais apresentam juridicidade. Todas elas s‹o 
imperativas e cogentes ou, em outras palavras, todas as normas 
constitucionais surtem efeitos jur’dicos: o que varia entre elas Ž o grau 
de efic‡cia. 
A doutrina americana (cl‡ssica) distingue duas espŽcies de normas 
constitucionais quanto ˆ aplicabilidade: as normas autoexecut‡veis (Òself 
executingÓ) e as normas n‹o-autoexecut‡veis. 
As normas autoexecut‡veis s‹o normas que podem ser aplicadas sem a 
necessidade de qualquer complementa‹o. S‹o normas completas, bastantes 
em si mesmas. J‡ as normas n‹o-autoexecut‡veis dependem de 
complementa‹o legislativa antes de serem aplicadas: s‹o as normas 
incompletas, as normas program‡ticas (que definem diretrizes para as pol’ticas 
pœblicas) e as normas de estrutura‹o (instituem —rg‹os, mas deixam para a 
lei a tarefa de organizar o seu funcionamento). 13 
Embora a doutrina americana seja bastante did‡tica, a classifica‹o das 
normas quanto ˆ sua aplicabilidade mais aceita no Brasil foi a proposta pelo 
Prof. JosŽ Afonso da Silva. 
A partir da aplicabilidade das normas constitucionais, JosŽ Afonso da Silva 
classifica as normas constitucionais em trs grupos: i) normas de efic‡cia 
plena; ii) normas de efic‡cia contida e; iii) normas de efic‡cia limitada. 
1) Normas de efic‡cia plena:  
S‹o aquelas que, desde a entrada em vigor da Constitui‹o, produzem, ou tm 
possibilidade de produzir, todos os efeitos que o legislador constituinte quis 
regular. ƒ o caso do art. 2¼ da CF/88, que diz: Òs‹o Poderes da Uni‹o, 
independentes e harm™nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judici‡rioÓ. 
As normas de efic‡cia plena possuem as seguintes caracter’sticas: 
a) s‹o autoaplic‡veis, Ž dizer, elas independem de lei posterior 
regulamentadora que lhes complete o alcance e o sentido. Isso n‹o 
quer dizer que n‹o possa haver lei regulamentadora versando sobre 
uma norma de efic‡cia plena; a lei regulamentadora atŽ pode 
existir, mas a norma de efic‡cia plena j‡ produz todos os seus efeitos 
de imediato, independentemente de qualquer tipo de regulamenta‹o. 
b) s‹o n‹o-restring’veis, ou seja, caso exista uma lei tratando de 
uma norma de efic‡cia plena, esta n‹o poder‡ limitar sua aplica‹o. 
                                                        
13
 FERREIRA FILHO, Manoel Gonalves. Curso de Direito Constitucional, 38» edi‹o. Editora 
Saraiva, S‹o Paulo: 2012, pp. 417-418. 
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c) possuem aplicabilidade direta (n‹o dependem de norma 
regulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (est‹o aptas a 
produzir todos os seus efeitos desde o momento em que Ž promulgada 
a Constitui‹o) e integral (n‹o podem sofrer limita›es ou restri›es 
em sua aplica‹o). 
2) Normas constitucionais de efic‡cia contida ou prospectiva: 
S‹o normas que est‹o aptas a produzir todos os seus efeitos desde o 
momento da promulga‹o da Constitui‹o, mas que podem ser restringidas 
por parte do Poder Pœblico. Cabe destacar que a atua‹o do legislador, no caso 
das normas de efic‡cia contida, Ž discricion‡ria: ele n‹o precisa editar a lei, 
mas poder‡ faz-lo. 
Um exemplo cl‡ssico de norma de efic‡cia contida Ž o art.5¼, inciso XIII, da 
CF/88, segundo o qual Ҏ livre o exerc’cio de qualquer trabalho, of’cio ou 
profiss‹o, atendidas as qualifica›es profissionais que a lei estabelecerÓ. Em 
raz‹o desse dispositivo, Ž assegurada a liberdade profissional: desde a 
promulga‹o da Constitui‹o, todos j‡ podem exercer qualquer trabalho, of’cio 
ou profiss‹o. No entanto, a lei poder‡ estabelecer restri›es ao exerc’cio 
de algumas profiss›es. Citamos, por exemplo, a exigncia de aprova‹o no 
exame da OAB como prŽ-requisito para o exerc’cio da advocacia. 
As normas de efic‡cia contida possuem as seguintes caracter’sticas: 
a) s‹o autoaplic‡veis, ou seja, est‹o aptas a produzir todos os seus 
efeitos, independentemente de lei regulamentadora. Em outras 
palavras, n‹o precisam de lei regulamentadora que lhes complete o 
alcance ou sentido. Vale destacar que, antes da lei regulamentadora ser 
publicada, o direito previsto em uma norma de efic‡cia contida pode ser 
exercitado de maneira ampla (plena); s— depois da regulamenta‹o Ž 
que haver‡ restri›es ao exerc’cio do direito. 
b) s‹o restring’veis, isto Ž, est‹o sujeitas a limita›es ou restri›es, 
que podem ser impostas por: 
- uma lei: o direito de greve, na iniciativa privada, Ž norma de efic‡cia 
contida prevista no art. 9¼, da CF/88. Desde a promulga‹o da CF/88, o 
direito de greve j‡ pode exercido pelos trabalhadores do regime 
celetista; no entanto, a lei poder‡ restringi-lo, definindo os Òservios ou 
atividades essenciaisÓ e dispondo sobre Òo atendimento das 
necessidades inadi‡veis da comunidadeÓ. 
Art. 9¼ ƒ assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores 
decidir sobre a oportunidade de exerc-lo e sobre os interesses que 
devam por meio dele defender. 
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¤ 1¼ - A lei definir‡ os servios ou atividades essenciais e dispor‡ sobre 
o atendimento das necessidades inadi‡veis da comunidade. 
- outra norma constitucional: o art. 139, da CF/88 prev a 
possibilidade de que sejam impostas restri›es a certos direitos e 
garantias fundamentais durante o estado de s’tio. 
- conceitos Žtico-jur’dicos indeterminados: o art. 5¼, inciso XXV, 
da CF/88 estabelece que, no caso de Òiminente perigo pœblicoÓ, o 
Estado poder‡ requisitar propriedade particular. Esse Ž um conceito 
Žtico-jur’dico que poder‡, ent‹o, limitar o direito de propriedade. 
c) possuem aplicabilidade direta (n‹o dependem de norma 
regulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (est‹o aptas a 
produzir todos os seus efeitos desde o momento em que Ž promulgada 
a Constitui‹o) e possivelmente n‹o-integral (est‹o sujeitas a 
limita›es ou restri›es). 
 
(Advogado FUNASG Ð 2015) As normas de efic‡cia 
contida tm efic‡cia plena atŽ que seja materializado o fator 
de restri‹o imposto pela lei infraconstitucional. 
Coment‡rios: 
As normas de efic‡cia contida s‹o restring’veis por lei 
infraconstitucional. AtŽ que essa lei seja publicada, a norma 
de efic‡cia contida ter‡ aplica‹o integral. Quest‹o correta 
 
3) Normas constitucionais de efic‡cia limitada:  
S‹o aquelas que dependem de regulamenta‹o futura para produziremtodos os seus efeitos. Um exemplo de norma de efic‡cia limitada Ž o art. 37, 
inciso VII, da CF/88, que trata do direito de greve dos servidores pœblicos 
(Òo direito de greve ser‡ exercido nos termos e nos limites definidos em lei 
espec’ficaÓ). 
Ao ler o dispositivo supracitado, Ž poss’vel perceber que a Constitui‹o Federal 
de 1988 outorga aos servidores pœblicos o direito de greve; no entanto, para 
que este possa ser exercido, faz-se necess‡ria a edi‹o de lei ordin‡ria que o 
regulamente. Assim, enquanto n‹o editada essa norma, o direito n‹o pode ser 
usufru’do. 
As normas constitucionais de efic‡cia limitada possuem as seguintes 
caracter’sticas: 
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a) s‹o n‹o-autoaplic‡veis, ou seja, dependem de complementa‹o 
legislativa para que possam produzir os seus efeitos. 
b) possuem aplicabilidade indireta (dependem de norma 
regulamentadora para produzir seus efeitos) mediata (a promulga‹o 
do texto constitucional n‹o Ž suficiente para que possam produzir todos 
os seus efeitos) e reduzida (possuem um grau de efic‡cia restrito 
quando da promulga‹o da Constitui‹o). 
 
Muito cuidado para n‹o confundir! 
As normas de efic‡cia contida est‹o aptas a 
produzir todos os seus efeitos desde o 
momento em que a Constitui‹o Ž promulgada. A 
lei posterior, caso editada, ir‡ restringir a sua 
aplica‹o. 
As normas de efic‡cia limitada n‹o est‹o 
aptas a produzirem todos os seus efeitos com 
a promulga‹o da Constitui‹o; elas dependem, 
para isso, de uma lei posterior, que ir‡ ampliar o 
seu alcance. 
JosŽ Afonso da Silva subdivide as normas de efic‡cia limitada em dois 
grupos: 
a) normas declarat—rias de princ’pios institutivos ou 
organizativos: s‹o aquelas que dependem de lei para estruturar e 
organizar as atribui›es de institui›es, pessoas e —rg‹os previstos na 
Constitui‹o. ƒ o caso, por exemplo, do art. 88, da CF/88, segundo o 
qual Òa lei dispor‡ sobre a cria‹o e extin‹o de MinistŽrios e —rg‹os da 
administra‹o pœblica.Ó 
As normas definidoras de princ’pios institutivos ou organizativos podem 
ser impositivas (quando imp›em ao legislador uma obriga‹o de 
elaborar a lei regulamentadora) ou facultativas (quando estabelecem 
mera faculdade ao legislador). O art. 88, da CF/88, Ž exemplo de norma 
impositiva; como exemplo de norma facultativa citamos o art. 125, ¤ 3¼, 
CF/88, que disp›e que a Òlei estadual poder‡ criar, mediante proposta do 
Tribunal de Justia, a Justia Militar estadualÓ. 
b) normas declarat—rias de princ’pios program‡ticos: s‹o aquelas 
que estabelecem programas a serem desenvolvidos pelo legislador 
infraconstitucional. Um exemplo Ž o art. 196 da Carta Magna (Òa saœde 
Ž direito de todos e dever do Estado, garantido mediante pol’ticas 
sociais e econ™micas que visem ˆ redu‹o do risco de doena e de 
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outros agravos e ao acesso universal e igualit‡rio ˆs a›es e servios 
para sua promo‹o, prote‹o e recupera‹oÓ). Cabe destacar que a 
presena de normas program‡ticas na Constitui‹o Federal Ž que nos 
permite classific‡-la como uma Constitui‹o-dirigente. 
ƒ importante destacar que as normas de efic‡cia limitada, embora tenham 
aplicabilidade reduzida e n‹o produzam todos os seus efeitos desde a 
promulga‹o da Constitui‹o, possuem efic‡cia jur’dica. Guarde bem isso: a 
efic‡cia dessas normas Ž limitada, porŽm existente! Diz-se que as normas de 
efic‡cia limitada possuem efic‡cia m’nima. 
Diante dessa afirma‹o, cabe-nos fazer a seguinte pergunta: quais s‹o os 
efeitos jur’dicos produzidos pelas normas de efic‡cia limitada? 
As normas de efic‡cia limitada produzem imediatamente, desde a promulga‹o 
da Constitui‹o, dois tipos de efeitos: i) efeito negativo; e ii) efeito 
vinculativo. 
O efeito negativo consiste na revoga‹o de disposi›es anteriores em 
sentido contr‡rio e na proibi‹o de leis posteriores que se oponham a 
seus comandos. Sobre esse œltimo ponto, vale destacar que as normas de 
efic‡cia limitada servem de par‰metro para o controle de constitucionalidade 
das leis. 
O efeito vinculativo, por sua vez, se manifesta na obriga‹o de que o 
legislador ordin‡rio edite leis regulamentadoras, sob pena de haver 
omiss‹o inconstitucional, que pode ser combatida por meio de mandado de 
injun‹o ou A‹o Direta de Inconstitucionalidade por Omiss‹o. Ressalte-se que 
o efeito vinculativo tambŽm se manifesta na obriga‹o de que o Poder Pœblico 
concretize as normas program‡ticas previstas no texto constitucional. A 
Constitui‹o n‹o pode ser uma mera Òfolha de papelÓ; as normas 
constitucionais devem refletir a realidade pol’tico-social do Estado e as pol’ticas 
pœblicas devem seguir as diretrizes traadas pelo Poder Constituinte Origin‡rio. 
 
(Advogado FUNASG Ð 2015) As normas constitucionais de 
efic‡cia limitada s‹o aquelas que, no momento em que a 
Constitui‹o Ž promulgada, n‹o tm o cond‹o de produzir 
todos os seus efeitos, necessitando de lei integrativa 
infraconstitucional. 
Coment‡rios: 
ƒ isso mesmo! As normas de efic‡cia limitada n‹o produzem 
todos os seus efeitos no momento em que a Constitui‹o Ž 
promulgada. Para produzirem todos os seus efeitos, elas 
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dependem da edi‹o de lei regulamentadora. Quest‹o correta. 
(CNMP Ð 2015) As normas constitucionais de aplicabilidade 
diferida e mediata, que n‹o s‹o dotadas de efic‡cia jur’dica e 
n‹o vinculam o legislador infraconstitucional aos seus vetores, 
s‹o de efic‡cia contida. 
Coment‡rios: 
As normas de efic‡cia limitada Ž que tm aplicabilidade 
diferida e mediata. Cabe destacar que as normas de efic‡cia 
limitada possuem efic‡cia jur’dica e vinculam o legislador 
infraconstitucional. Quest‹o errada. 
Outra classifica‹o das normas constitucionais bastante cobrada em concursos 
pœblicos Ž aquela proposta por Maria Helena Diniz, explanada a seguir. 
 1) Normas com efic‡cia absoluta:  
S‹o aquelas que n‹o podem ser suprimidas por meio de emenda 
constitucional. Na CF/88, s‹o exemplos aquelas enumeradas no art. 60, 
¤4¼, que determina que Òn‹o ser‡ objeto de delibera‹o a proposta de 
emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado; o voto direto, 
secreto, universal e peri—dico; a separa‹o dos Poderes e, finalmente, 
os direitos e garantias individuais.Ó S‹o as denominadas cl‡usulas 
pŽtreas expressas. 
2) Normas com efic‡cia plena: 
O conceito utilizado pela autora Ž o mesmo aplicado por JosŽ Afonso 
da Silva para as normas de efic‡cia plena. Destaque-se que essas 
normas se assemelham ˆs de efic‡cia absoluta por possu’rem, como 
estas, aplicabilidade imediata, independendo de regulamenta‹o para 
produzirem todos os seus efeitos. A distin‹o entre elas se d‡ pelo fato 
de as normas com efic‡cia plena poderem sofrer emendas tendentes a 
suprimi-las. 
3) Normas com efic‡cia relativa restring’vel: 
Correspondem ˆs normas de efic‡cia contida de JosŽ Afonso da 
Silva, referidas anteriormente. Essas normas possuem cl‡usula de 
redutibilidade (podem ser restringidas), possibilitando que atos 
infraconstitucionais lhes componham o significado. AlŽm disso, sua 
efic‡cia poder‡ ser restringida ou suspensa pela pr—pria Constitui‹o. 
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4) Normas com efic‡cia relativa complement‡vel ou 
dependentes de complementa‹o: 
S‹o equivalentes ˆs normas de efic‡cia limitada de JosŽ Afonso da 
Silva, ou seja, dependem de legisla‹o infraconstitucional para 
produzirem todos os seus efeitos. 
Alguns autores consideram, ainda, a existncia de normas constitucionais 
de efic‡cia exaurida e aplicabilidade esgotada. S‹o normas cujos efeitos 
cessaram, n‹o mais apresentando efic‡cia jur’dica. ƒ o caso de v‡rios 
dispositivos do ADCT da CF/88. Por terem a efic‡cia exaurida, essas normas 
n‹o poder‹o ser objeto de controle de constitucionalidade. 
Aplica‹o das normas constitucionais no tempo 
A pergunta que precisamos responder agora Ž a seguinte: quais os efeitos da 
entrada em vigor de uma nova Constitui‹o? 
O Poder Constituinte Origin‡rio, ao se manifestar, elaborando uma nova 
Constitui‹o, est‡, na verdade, inaugurando um novo Estado, rompendo 
com a ordem jur’dica anterior e estabelecendo uma nova. Como 
consequncia disso, s‹o trs os efeitos da entrada em vigor de uma nova 
Constitui‹o: 
a) A Constitui‹o anterior Ž integralmente revogada; ela Ž 
inteiramente retirada do mundo jur’dico, deixando de ter vigncia e, 
consequentemente, validade. 
No Brasil, n‹o se aceita a tese da desconstitucionaliza‹o (que, apesar 
disso, j‡ foi cobrada em prova!) que, entretanto, Ž adotada em v‡rios outros 
pa’ses mundo afora. Por essa teoria, a nova Constitui‹o recepciona as 
normas da Constitui‹o pretŽrita, conferindo-lhes ÒstatusÓ legal, 
infraconstitucional. 
Embora n‹o houvesse —bice para que a CF/88 adotasse a 
desconstitucionaliza‹o, ela n‹o o fez, nem de forma genŽrica, nem quanto a 
algum dispositivo espec’fico. Cabe destacar, nesse sentido, que a 
desconstitucionaliza‹o Ž fen™meno que somente ocorrer‡ quando houver 
determina‹o expressa do Poder Constituinte Origin‡rio. No Brasil, 
enfatizamos mais uma vez, n‹o se adotou a tese da desconstitucionaliza‹o. 
b) As normas infraconstitucionais editadas na vigncia da 
Constitui‹o pretŽrita que forem materialmente compat’veis com a 
nova Constitui‹o s‹o por ela recepcionadas. 
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Com o advento de uma nova Constitui‹o, continuam v‡lidas todas as normas 
infraconstitucionais com ela materialmente compat’veis, sendo estas 
recepcionadas pela nova ordem jur’dica. Enfatizamos que a recep‹o depende 
somente de que exista uma compatibilidade material (compatibilidade 
quanto ao conteœdo) entre as normas infraconstitucionais anteriores e a nova 
Constitui‹o; a compatibilidade formal n‹o Ž necess‡ria. ƒ importante 
ressaltar que o ÒstatusÓ da norma recepcionada Ž definido pela nova 
Constitui‹o. 
Vamos a um exemplo que nos permitir‡ entender tudo de forma bem clara! 
Exemplo: O C—digo Tribut‡rio Nacional (Lei n¼ 5.172/66) foi editado sob a 
Žgide da Constitui‹o de 1946. Com a entrada em vigor da Constitui‹o de 
1967, ele foi por ela recepcionado; havia compatibilidade material entre 
o CTN e a nova Constitui‹o. 
No entanto, cabe destacar o seguinte: n‹o havia compatibilidade formal 
entre eles. O CTN foi editado como lei ordin‡ria, ao passo que a Constitui‹o 
de 1967 exigia lei complementar para tratar de normas gerais de direito 
tribut‡rio. Como se sabe, todavia, a compatibilidade formal Ž irrelevante para 
se dizer se um diploma normativo foi ou n‹o recepcionado pela nova ordem 
constitucional; para que a recep‹o ocorra, basta a compatibilidade material. 
Considerando-se que a Constitui‹o de 1967 estabelece que normas gerais de 
direito tribut‡rio devem ser objeto de lei complementar, o C—digo 
Tribut‡rio Nacional foi recepcionado justamente com esse ÒstatusÓ 
(como se sabe, o status da norma recepcionada Ž definido pela nova 
Constitui‹o). Com o advento da CF/88, o CTN manteve seu ÒstatusÓ de lei 
complementar (a CF/88 tambŽm exige essa espŽcie normativa para tratar de 
normas gerais de direito tribut‡rio). 
Outra possibilidade de recep‹o se d‡ quando a nova Constitui‹o determina, 
expressamente, a continuidade de dispositivos daquela que lhe precedeu. 
Como exemplo, a CF/88 estabeleceu que o sistema tribut‡rio nacional vigoraria 
a partir do primeiro dia do quinto ms seguinte ao da sua promulga‹o, 
mantendo-se, atŽ essa data, a vigncia dos dispositivos da Constitui‹o de 
1967. 
ƒ plenamente poss’vel que uma lei anterior ˆ nova Constitui‹o seja 
parcialmente recepcionada. Alguns de seus dispositivos, por serem 
materialmente compat’veis com a nova ordem constitucional, s‹o 
recepcionados; outros, por serem incompat’veis, s‹o revogados. A an‡lise de 
compatibilidade deve ser individualizada, artigo por artigo, inciso por inciso, 
par‡grafo por par‡grafo. 
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c) As normas infraconstitucionais editadas na vigncia da 
Constitui‹o pretŽrita que forem materialmente incompat’veis com a 
nova Constitui‹o s‹o por ela revogadas. 
Com a entrada em vigor de uma nova Constitui‹o, as normas 
infraconstitucionais com ela materialmente incompat’veis s‹o revogadas 
(retiradas do mundo jur’dico), deixando de ter vigncia e, consequentemente, 
validade. Essa revoga‹o (assim como tambŽm a recep‹o das normas 
materialmente compat’veis) Ž t‡cita e autom‡tica: a nova Constitui‹o n‹o 
precisa dispor que os dispositivos incompat’veis ser‹o expurgados do 
ordenamento jur’dico. 
Alguns autores entendem que, no caso de entrada em vigor de uma nova 
Constitui‹o, as normas legais com ela incompat’veis se tornam 
inconstitucionais, pelo fen™meno da inconstitucionalidade superveniente. 
Essa n‹o Ž a posi‹o do STF, que considera que o controle de 
constitucionalidade somente Ž cab’vel quando uma norma Ž 
contempor‰nea ˆ Constitui‹o, isto Ž, editada sob a sua vigncia. Assim, 
uma lei editada em 1982, sob a Žgide da Constitui‹o de 1967, n‹o poder‡ ter 
sua constitucionalidade examinada face ˆ Constitui‹o de 1988; a 
constitucionalidade dessa lei somente poder‡ ser aferida frente ˆ Constitui‹o 
de 1967, que lhe Ž contempor‰nea. 
Enfatizamos, ent‹o, mais uma vez, que no Brasil n‹o se reconhece a 
inconstitucionalidade superveniente. A entrada em vigor de uma nova 
Constitui‹o n‹o torna inconstitucionais as normas infraconstitucionais com ela 
materialmente incompat’veis; o direito prŽ-constitucional incompat’vel 
ser‡, ao contr‡rio, revogado. Para o STF, trata-se de simples conflito de 
normas no tempo, em que a norma posterior revoga a anterior. 
Vamos a um exemplo, para que tudo fique mais claro! 
A CF/88 estabelece, em seu art. 5¼, inciso LXIII, que o preso ser‡ informado 
de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistncia da fam’lia e de advogado. Est‡ claro, ao analisarmos 
esse dispositivo, que Ž vedada a incomunicabilidade do preso. Todavia, o art. 
33, ¤ 2¼, da Lei n¼ 66.620/78 (editada sob a Žgide da Constitui‹o de 1967) 
disp›e que ser‡ permitida a incomunicabilidade do indiciado no per’odo inicial 
das investiga›es pelo prazo m‡ximo de 5 dias. 
Ora, est‡ claro que o dispositivo acima, por ser materialmente 
incompat’vel com a Constitui‹o Federal de 1988, n‹o foi por ela 
recepcionado. Foi, ent‹o, revogado pela nova Constitui‹o. 
Feitas essas considera›es

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