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INTRODIÇÃO À METALURGIA DA SOLDAGEM ASPECTOS TÉRMICOS ASPECTOS METALÚRGICOS ASPECTOS MECÂNICOS ASPECTOS TÉRMICOS DA SOLDAGEM Ligados a localização e rapidez com que o calor envolvido na operação é gerado e dissipado. Envolve o levantamento dos ciclos térmicos da soldagem, realizados experimentalmente. A simulação com softwares também tem grande importância. ENERGIA DE SOLDAGEM E – Energia de soldagem (Joule/milímetro) f – Eficiência de transmissão de calor T – Tensão (Volts) I – Intensidade de corrente elétrica (Amperes) V – Velocidade de deslocamento da poça de fusão (milímetro/segundo) P – Potência calorífica produzida pela fonte de calor na soldagem (Watts) EXEMPLOS DE RENDIMENTOS TÉRMICOS PROCESSO TIG ER MIG MAG AS AT PL RENDIMENTO 0,55 0,78 0,72 0,78 0,95 0,80 0,66 CICLO TÉRMICO Ciclo térmico no ponto A Informações do Ciclo Térmico Temperatura máxima atingida em cada ponto Tempo de permanência a altas temperaturas Velocidade de resfriamento REPARTIÇÃO TÉRMICA Curva de repartição térmica Micrografia de uma junta em aço extra doce, laminado a frio Ciclos térmicos em diversas distâncias da solda Tempo de Permanência a Altas Temperaturas O crescimento de grãos é um fenômeno que acontece quando o material é submetido a altas temperaturas. A Ferrita tem sensibilidade a tamanho de grão grande. Tempos prolongados de permanência a altas temperaturas favorecem o crescimento de grãos. Velocidade de Resfriamento de uma Junta Na soldagem dos aços carbono e dos aços de baixa liga, quantitativamente, a velocidade de resfriamento é melhor traduzida pelo ‘Tempo de Resfriamento’ entre as temperaturas de 800o e 500oC. Velocidade de resfriamento alta, corresponde a tempos de resfriamento curto (e vice-versa). FATORES DO CICLO TÉRMICO Condutividade térmica do material Espessura das peças Energia de soldagem Temperatura inicial CONDUTIVIDADE TÉRMICA Aumentando a condutividade, aumenta a velocidade de resfriamento e diminui o tempo de permanência a altas temperaturas Aços Carbono e Aços de Baixa Liga têm praticamente a mesma condutividade Aços Inoxidáveis têm condutividade menor que a do Aço Carbono Espessura das Peças Mais que a espessura, o importante no resfriamento é a geometria de dissipação do calor (ex, junta em ângulo e outras) Quanto maior a espessura, maior a velocidade de resfriamento e menor o tempo de permanência a altas temperaturas (maior massa para dissipar o calor) Mas, para uma dada energia de soldagem, a partir de determinada espessura, não há mais influência sobre o tempo de resfriamento (espessura limite) Noção de Espessura Limite Influência da Energia de Soldagem e da Temperatura Inicial Quanto maior a Energia de Soldagem, menor a velocidade de resfriamento da junta, e maior o tempo de permanência a altas temperaturas. Nos processos a arco elétrico, a Energia de Soldagem, também chamada de Aporte Térmico, é dependente principalmente da corrente de soldagem. Quanto maior a temperatura inicial das peças (pré aquecimento), menor será a velocidade de resfriamento. Fórmulas para determinar os fatores do ciclo térmico (pouco usadas) qm-temperatura máxima atingida a- coeficiente de troca térmica superficial Vq- velocidade de resfriamento l- condutibilidade térmica C - capacidade térmica volumétrica x - distância ao centro da solda e - base dos logaritmosneperianos qo- temperatura inicial da peça E - energia de soldagem q- temperatura na qual se calcula a velocidade de resfriamento t – espessura ÁBACOS Tempos de resfriamento para diversos Ciclos Térmicos ASPECTOS METALÚRGICOS DA SOLDAGEM Ligados às transformações microestruturais que acontecem às diversas ligas em operações de soldagem. Aspectos da solidificação da Zona Fundida tem particular importância. Mudanças de fases no estado sólido em condições de soldagem e suas consequências são alvo dos principais estudos. Estudo da SOLDABILIDADE dos diversos materiais (aços carbono, aços de baixa liga, aços inoxidáveis, ligas de alumínio etc). FORMAÇÃO DA ZONA FUNDIDA TRANSFORMAÇÕES ASSOCIADAS À FUSÃO Volatilização Reações químicas e formação de escória Absorção de gases Diluição Epitaxia e crescimento competitivo de grãos Microestrutura da ZF e Soldagem em Múltiplos Passes Segregação Porosidade Absorção de Gases Curvas de Sieverts. Variação da solubilidade do hidrogênio com a temperatura DILUIÇÃO D – diluição A – área da seção transversal da zona fundida. B – área de participação do metal de base na seção transversal da zona fundida. EPITAXIA Influência da orientação dos grãos do metal de base sobre a estrutura de solidificação da zona fundida CRESCIMENTO COMPETITIVO DE GRÃOS Microestrutura da ZF e Orientação dos Grãos Orientação da estrutura da zona fundida em função da velocidade de soldagem Microestrutura da ZF e Orientação dos Grãos Orientação da estrutura da zona fundida em função da velocidade de soldagem Soldagem em Múltiplos Passes SEGREGAÇÃO A – Segregação B – Propagação de uma segregação (ou defeito) pré-existente Aprisionamento de Gases (CO) Porosidades Porosidade Vermiforme FISSURAÇÃO PELO HIDROGÊNIO NOS AÇOS (OU FISSURAÇÃO A FRIO) Acontece sob a ação simultânea dos seguintes fatores: Presença do Hidrogênio Aparecimentos de microestruturas pouco dúcteis ou frágeis (martensita) Tensões residuais e/ou aplicadas elevadas Tipos de trincas provocadas pelo hidrogênio Trinca sob o cordão devido ao Hidrogênio Mecanismo da migração de hidrogênio para a zona afetada termicamente Evolução da concentração de hidrogênio nas soldas Ações para combater a Fissuração a Frio Limpeza das peças (isentas de óleo, graxa, sujeira, umidade) Usar eletrodo, ou processo, de baixo teor de hidrogênio (ex, secagem de eletrodos e fluxos) Usar Energia de Soldagem adequada (qualificar procedimento de soldagem) Aplicar pré-aquecimento (na soldagem de alguns tipos de aço) para diminuir a velocidade de resfriamento Aplicar pós-aquecimento para facilitar a difusão do hidrogênio Procurar minimizar o nível das tensões residuais Pré Aquecimento Objetivo principal Reduzir a velocidade de resfriamento Efeito Evita formação de uma microestrutura frágil Aumenta a difusão do hidrogênio Diminuem as tensões de contração Alto grau de restrição - aumenta as tensões se o pré aquecimento for localizado, aumentando a possibilidade de fissuração Desvantagem de aumentar a extensão da ZAT OBS: Pré-aquecimento excessivo, pode provocar crescimento exagerado dos grãos Pós Aquecimento Consiste na manutenção da junta soldada em temperatura acima da ambiente. Ex. 250 oC por 2 horas Objetivo principal Aumentar a difusão do H na solda Deve ser executado tão logo a solda termine, antes do resfriamento da junta. A eficiência do pós-aquecimento depende deste fato. Não pode ser considerado tratamento térmico SOLDABILIDADE É a aptidão que determinado material tem de ser trabalhado por soldagem, por determinado processo, e em determinadas condições. É definida em vários níveis: - soldabilidade operatória (possibilidade de obtenção da junta) - soldabilidade local (junta obtida com propriedades satisfatórias) - soldabilidade global (aptidão total a aplicação) Carbono Equivalente Fórmula empírica, com algumas limitações: Exemplo de Aplicação Avaliar a soldabilidade dos aços carbono e dos aços de baixa liga. Composição química – certificado de fabricação ou especificação do material CE < 0,40% – soldagem por qualquer processo a arco, sem pré aquecimento CE entre 0,40 e 0,45% - abaixo de 30 mm de espessura soldagem sem pré aquecimento com eletrodos de baixo hidrogênio ou processos com atmosfera gasosa CE > 0,45% - os parâmetros de soldagem passam a ter muita importância podendo ser necessário pré aquecimento e pós aquecimento. Atentar às questões de ordem metalúrgica. Dureza Máxima sob Cordão FISSURAÇÃO LAMELAR Ocorre próximo à ZAT, é um processo termomecânico, perpendicular à direção de laminação Presença de inclusões alinhadas na direção de laminação, tensões de contração Evitar S; Elementos como Mn e Si diminuem a possibilidade de fissuração lamelar Evitar soldagem excessiva, para diminuir efeitos da contração Amanteigamento (deposição de material ‘mole’ entre as chapas) FISSURAÇÃO LAMELAR Tipos de trincas ocasionadas por Fissuração Lamelar FISSURAÇÃO A QUENTE Acontece devido à segregação (sobretudos S e P), levando à formação de fases ‘pré-fusíveis’ entre os grãos (formação de filmes líquidos entre os grão no instante da solidificação). Formação das trincas de solidificação sob o efeito das tensões de contração, com forte influência da geometria da ZF e da velocidade de soldagem. Nas soldas, tendem a acontecer ao longo do eixo do cordão, e no final do cordão(trinca de cratera). FISSURAÇÃO A QUENTE Tipos de trincas a quente FISSURAÇÃO A QUENTE FISSURAÇÃO A QUENTE FISSURAÇÃO A QUENTE Soldagem dos Aços Carbono Classificação dos aços carbono Aços de baixo carbono Aços de médio carbono Aços para baixa temperatura Aços de qualidade estrutural Aços de alta resistência Aços de Baixo Carbono Composição química: C ≤ 0,20% Mn ≤ 0,10% Si < 0,10% (em alguns aços) Limite de resistência : 320 ≤ σr ≤ 380 MPa Limite de escoamento : 150≤ σe ≤ 220 MPa Características de fabricação: Aços não acalmados (não desoxidados) ou semi-acalmados Aplicação: Os aços de baixo carbono são materiais fáceis de serem trabalhados a frio e muito fáceis de serem soldados. Aços de Médio Carbono (para temperaturas elevadas) Composição química: 0,20% < C ≤ 0,30% Mn ≤ 1,00% Si < 0,1% ( em alguns aços) Limite de resistência : 420 ≤ σr ≤ 490 MPa Limite de escoamento : 230 ≤ σe ≤ 270 MPa Características de fabricação: Aços acalmados ou semi-acalmados, de grão grosso. Aplicação: Os aços de médio carbono são fáceis de serem soldados, mas não tão fáceis de serem trabalhados à frio. Esses aços são os materiais usados na grande maioria dos vasos de pressão e tubos de grande diâmetro, sendo preferidos sobre os aços de baixo carbono pelo fato de terem maior resistência mecânica. Aços para Baixa Temperatura Composição química: C ≤ 0,23% (geralmente) Mn ≤ 1,10% Limites de resistência e escoamento: Semelhantes aos aços de médio carbono Características de fabricação: Aços acalmados ao Si e algumas e algumas vezes acalmados ao Al. Aplicação: Serviços em baixa temperatura. A quantidade de Mn mais elevada é utilizada para compensar o decréscimo de C, mantendo os limites de resistência e escoamento do aço de médio carbono, mas melhorando a tenacidade. Para melhorar o comportamento a baixas temperaturas neste aço é usual a execução de tratamento térmico de normalização (grão fino). Aços de Qualidade estrutural Composição química: Não há definição quanto a composição química. Aplicação: Construção de estruturas metálicas, em geral. Os aços de qualidade estrutural às vezes têm alto carbono sendo por este motivo difíceis de serem soldados. Aços carbono de alta resistência Composição química: Semelhante as dos aços de baixo carbono, com quantidade de manganês mais alta. Limite de resistência: Valores bastante elevados de limite de resistência podendo chegar a 650 MPa. Características de fabricação: Os aços carbono de alta resistência são materiais submetidos a tratamento térmico de têmpera e revenido, depois da laminação, sendo esta a razão dos elevados valores de limite de resistência. Aplicação: Como a percentagem de carbono é baixa, a solda é muito fácil de ser executada. Entretanto, é bastante difícil manter as propriedades de alta resistência na região afetada termicamente, o que exige cuidados e tratamentos especiais. Os aços de alta resistência tem sido empregados para vasos de alta pressão ou de grandes dimensões A grande maioria de aços carbono empregados como elementos soldados tem percentagem de carbono inferior a 0,30%. Esses aços podem ser soldados pelos processos usuais de soldagem. Geralmente aços carbono contendo teores de C ≤ 0,20% e de Mn ≤ 1,0% podem ser soldados satisfatoriamente sem pré-aquecimento ou pós-aquecimento em espessuras inferiores a 25 mm. Entretanto, em aços carbono com teores de C> 0,20% e de Mn > 1,00%, deve-se especificar procedimentos de soldagem que resultem em baixos teores de hidrogênio dissolvido na solda. Quando a espessura da peça a ser soldada é maior que 25 mm, podem ser necessárias precauções adicionais na soldagem como, por exemplo, pré-aquecimento, controle da temperatura interpasse e tratamento de alívio de tensões. Tais precauções visam evitar a fissuração que pode ocorrer na zona fundida ou na afetada termicamente e a redução das prioridades mecânicas da junta soldada. Quando, além de grandes espessuras, o material possui teores elevados de C e Mn as precauções com a soldagem devem ser mais rigorosas. Devem-se incluir nos procedimentos de soldagem cuidados que resultem em baixos teores de hidrogênio. Nesses casos é desejável a utilização de processos com a alta energia de soldagem e/ou pré-aquecimento. Soldagem dos Aços de Baixa Liga CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS-LIGA Conforme a percentagem total de elementos de liga presentes, distinguem-se três classes de aços-liga: Aços de baixa liga: até 5% de elementos de liga Aços de média liga: de 5% a 10% de elementos de liga Aços de alta liga: mais de 10% de elementos de liga Nesses aços, além dos elementos sempre presentes nas ligas ferrosas (C, Mn, Si, S, P), aparecem outros elementos em sua composição (ex, Cr, Ni, Mo, V, Nb etc) Aços-liga Molibdênio e Cromo-Molibdênio Os aços-liga molibdênio e cromo-molibdênio são aços contendo até 1% de Mo e até 9% de Cr como elementos de liga. São todos materiais magnéticos de estrutura ferrítica. Do ponto de vista dos casos de emprego, pode-se subdividir esses materiais em dois grupos: os aços contendo até 2,5% de Cr, e os contendo mais de 2,5% de Cr. Aços contendo até 2,5% de Cr Esses aços foram desenvolvidos especificamente para serviços em altas temperaturas, onde os esforços mecânicos forem elevados e a corrosividade do meio moderada. A principal aplicação desses aços-liga é para tubulações de vapor, cuja temperatura esteja acima do limite de temperatura admitida para o aço carbono. Aços contendo mais de 2,5% de Cr Esses aços são específicos para serviços em temperaturas elevadas com esforços mecânicos moderados e alta corrosividade do meio. O principal caso de emprego desses materiais são tubulações, tubos de permutadores de calor, equipamentos de pequeno e médio porte em serviços com hidrocarbonetos em temperaturas acima de 250°C. SOLDAGEM DOS AÇOS Cr-Mo Os aços liga Cr-Mo são soldáveis pelos processos usuais de soldagem. A característica dos aços Cr-Mo de serem temperáveis ao ar requer que os procedimentos de soldagem sejam desenvolvidos com a precaução de evitar a fissuração pelo hidrogênio. No desenvolvimento destes procedimentos, devem ser considerados o controle do pré-aquecimento, o pós-aquecimento, a composição do metal de adição e os tratamentos térmicos após a soldagem. Recomenda-se que o metal de adição tenha a mesma composição química nominal que o metal de base, exceto no teor de carbono que deve ser menor no metal de adição. Quando aços Cr-Mo de diferentes composições tem que ser soldados pode-se utilizar a composição que contenha mais elementos de liga, ou metal de adição, cuja composição seja igual ou superior à média dos teores de cromo dos metais de base. Por exemplo, na soldagem de um aço com 1,25 % Cr – 0,5 %Mo com um aço contendo 0,5 % Cr – 0,5 % Mo, pode-se utilizar o metal de adição com 1,25 % Cr – 0,5 % Mo. Freqüentemente, na soldagem desses aços, costuma-se utilizar metais de adição de aço inoxidável austenítico, principalmente em casos de reparo em que a solda não pode sofrer tratamento térmico após soldagem. O metal de adição de aço inoxidável austenítico tem uma excelente ductilidade e absorve as tensões de contração além de reduzir a possibilidade de fissuração pelo hidrogênio, pois retém o hidrogênio, que tem alta solubilidade na austenita. Aços Níquel Os aços níquel mais usuais tem os seguintes teores de Ni (% nominal): 2,5 % , 3,5 % e 9 % (este, um aço de média liga) Os aços contendo níquel como elemento de liga são os materiais específicos para serviços em baixas temperaturas. Quanto maior a percentagem de níquel mais baixo também pode ser a temperatura de utilização do aço. Aços-liga de Alta Resistência Existe uma grande variedade de aços-liga desenvolvidos especialmente para apresentarem altos valores do limite de resistência, que pode atingir até 1000 MPa. Os elementos de liga são variáveis, podendo conter Mn, Cr, Mo, V entre outros, em uma quantidade total até 5%. Esses aços são submetidos a tratamento térmicos de têmpera e revenido. AÇOS INOXIDÁVEIS Classificação Aços inoxidáveis austeníticos Aços inoxidáveis ferríticos Aços inoxidáveis martensíticos Aços inoxidáveis duplex Aços inoxidáveis endurecidos por precipitação (PH) GRUPO %C %Cr %Ni OUTROS FERRÍTICOS < 0,2 12 a 25 MARTENSÍTICOS 0,1 a 1 12 a 18 AUSTENÍTICOS < 0,15 12 a 25 7 a 20 Mn ENDURECÍVEIS POR PORECIPITAÇÃO < 0,1 12 a 18 4 a 8 Mo Cu Al TiNb DUPLEX < 0,1 18 a 30 3 a 9 Mo N Cu Faixas de Composição Aços Inoxidáveis Austeníticos São aços com 14 a 26% de Cr 8 a 22% de Ni Aços Inoxidáveis Ferríticos e Martensíticos 12 a 30% de Cr Pode conter pequenas quantidades de Ni Martensítico Ferrítico . DUPLEX EFEITO DO CROMO Embora pequenas adições de cromo, da ordem dos 5%p, sejam já responsáveis por uma melhoria da resistência à corrosão do ferro, para que um aço seja considerado inoxidável deve apresentar uma matriz metálica com um teor mínimo de 12%p em cromo dissolvido. O cromo passiva a superfície do aço formando uma camada de óxido de pequena espessura, invisível a olho nu, muito aderente, que protege o metal subjacente. Para que se forme esse óxido o ambiente em que o aço é solicitado deve ser oxidante. A danificação mecânica ou química da camada de óxido é seguida da sua regeneração, mantendo-se a resistência à corrosão assegurada. Efeito do Cromo no Ferro NÍQUEL E MOLIBDÊNIO A presença do níquel nos aços inoxidáveis visa aumentar a resistência à corrosão em meios neutros ou pouco oxidantes. O níquel apresenta no entanto a desvantagem de aumentar o custo do aço, dado o seu elevado preço. Também melhora a ductilidade e aptidão à deformação do aço, em consequência de estabilizar o domínio austenítico à temperatura ambiente, para teores a partir de cerca de 8%p. O molibdênio melhora a resistência à corrosão na presença de cloretos. INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DO CROMO E DO NÍQUEL ELEMENTOS ALFÁGENOS E GAMÁGENOS Os elementos de liga podem alterar o diagrama Fe-C de duas formas principais: 1 - expandindo o campo γ e favorecendo a presença da austenita num intervalo maior de temperaturas e numa faixa ampla de composição 2 - contraindo o campo γ e favorecendo a formação de ferrita em uma ampla faixa de composição e em um maior intervalo de temperaturas Os elementos que agem da primeira forma são conhecidos como estabilizadores da austenita, ou gamágenos, enquanto os últimos são os estabilizadores de ferrita ou alfágenos. Os diagramas de equilíbrio destes elementos com o ferro podem ser divididos em quatro classes principais: campo γ aberto (Ni, Mn, Co) , campo γ expandido (C, Zn, Cu), campo γ fechado (Cr, Ti, Mo, V, Si, Al, P) , e campo γ contraído (B, Nb, Zr, Ta). ELEMENTOS ALFÁGENOS E GAMÁGENOS Ni Mn Co Cr Mo V Ti Si C N Cu Zn B Nb Zr DIAGRAMA DE SCHAEFFLER a) Cromo Equivalente - É definido como a soma do teor de Cromo e dos elementos alfágenos, multiplicados pelo fator que expressa a influência de cada elemento relativamente ao Cromo. É calculado pela seguinte fórmula: Creq = % Cr + Mo + 1,5 x % Si + 0,5 x % Nb b) Níquel Equivalente - É definido como a soma do teor de Níquel e dos elementos gamágenos, multiplicados pelo fator que expressa a influência de cada elemento relativamente ao Níquel. É calculado pela seguinte fórmula: Nieq = % Ni + 30 x % C + 0,5 x % Mn DIAGRAMA DE SCHAEFFLER DIAGRAMA DE SCHAEFFLER REGIÕES QUE APRESENTAM PROBLEMAS NA SOLDAGEM PROBLEMAS NA SOLDAGEM Na região 1 (ferríticos): crescimento de grãos Na região 2: aparecimento da fase sigma Na região 3 (austeníticos): fissuração à quente Na região 4 (martensíticos): fissuração à frio Localização aproximada dos tipos INOX ENDURECÍVEIS POR PRECIPITAÇÃO Os aços inoxidáveis endurecíveis por precipitação têm baixos teores em carbono (inferior a 0,1%p), apresentando adições de cromo entre 12 e 18%p e de níquel entre 4 e 8%p. A matriz metálica pode ser martensítica ou semi-austenítica (composta por austenita e martensita). Apresentam valores de Limite de Escoamento (limite 0,2) e de Limite de Resistência muito elevados após processamento térmico, na faixa de ultra alta resistência. INOXIDÁVEIS DUPLEX Os aços inoxidáveis duplex, com teores em cromo entre 18 e 30%p e em níquel entre 3 e 9%p; têm em geral adições de molibdênio. A sua matriz é composta por ferrita δ e austenita. Estes aços são mais resistentes à corrosão sob tensão que os aços inoxidáveis austeníticos mas menos que os aços inoxidáveis ferríticos. Por outro lado apresentam uma tenacidade superior à dos aços inoxidáveis ferríticos mas inferior à dos aços inoxidáveis austeníticos. Estas propriedades representam uma situação de compromisso útil em algumas aplicações. DUPLEX Microestrutura típica de um aço inoxidável austenitico(1)AISI 316L X 400 e microestrutura típica de um aço inoxidável duplex (2) SAF2205 X 400 FISSURAÇÃO A QUENTE Na Zona Fundida dos cordões de solda em aços inoxidáveis austeníticos, há tendência ao fenômeno da Fissuração à Quente, caso a microestrutura dessa região fique totalmente austenítica. Uma solução para este problema é escolher o metal de adição de modo a ZF conter um certo percentual de ferrita proeutetóide (5 a 10%). FISSURAÇÃO A QUENTE PRECIPITAÇÃO DE CARBONETOS A precipitação do carboneto de cromo (Cr23C6) se dá na faixa de 600o a 800oC, e em tempos relativamente curtos. CORROSAÕ INTERGRANULAR EM TUBO AISI 304 (linha de ácido nítrico diluído quente) PARA EVITAR A PRECIPITAÇÃO Usar aço de extra baixo carbono (ex: 304L) -inconveniente: custo mais alto Usar aço estabilizado (ex: 321 e 347) -cuidados na soldagem: perda por volatilização Usar AISI 316 com tratamento adequado -a precipitação acontece nos contornos das ilhas de ferrita CORROSÃO SOB TENSÃO Ocorre quando o material se encontra sob a ação simultânea de um meio corrosivo específico (ex: cloretos no caso do inox) e de uma tensão mecânica de tração (devido à cargas aplicadas, ou oriundas de tensões residuais de processamento, inclusive soldagem). As trincas são ramificadas e são tanto inter quanto transgranulares. ASPECTOS MECÂNICOS DA SOLDAGEM Estudo das tensões e das deformações devido à soldagem. Origem das tensões térmicas. Previsão, prevenção e correção das deformações. Utilização de softwares para essas análises e otimizações. Aparecimento das Tensões Térmicas Analogia da Barra aquecida Variação da tensão na barra B provocada pelo aquecimento e resfriamento Aparecimento das Tensões Térmicas Se durante o aquecimento a barra estiver livre, ela dilata sem aparecimento de tensões, e não haverá deformações plásticas. Ao esfriar, volta às dimensões iniciais. Se houver algum tipo de contenção, aparecem tensões, que eventualmente atingem o limite de escoamento do material, e, nesse caso, após o resfriamento a barra ficará com dimensões diferentes das iniciais. Havendo algum tipo de contenção se opondo a essas novas dimensões, aparecem então as tensões residuais. Tensões Residuais As tensões residuais são da ordem de grandeza do limite de escoamento do material. Quanto maior o grau de restrição menores as deformações, mas as tensões serão mais elevadas. Em materiais pouco dúcteis isso deve ser levado em conta. Em todos os casos, deve-se buscar um bom compromisso entre as tensões e as deformações resultantes das operações de soldagem. RUPTURA FRÁGIL DE VASO DURANTE TESTE HIDROSTÁTICO REPARTIÇÃO TÉRMICA E PLASTIFICAÇÃO Distribuição de tensões residuais em uma solda DEFORMAÇÕES Deformação é um dos problemas na fabricação de estruturas e equipamentos soldados. Grande número de variáveis na soldagem fazem com que a previsão exata da deformação seja difícil. Equipamentos são projetados para serviços, dimensões e tolerâncias específicas. Se a deformação não for prevista e controlada as dimensões requeridas podem não ser obtidas, as premissas do projeto invalidadas e a aparência do produto afetada. As tensões provocadas pelas contensões nos ciclos de aquecimento e resfriamento da soldagem, provocam o aparecimento das deformações. Principais Causas das Deformações Nas juntas soldadas as mesmas forças de dilatação e contração atuam no metal base e zona fundida. Quando o metal de adição é depositado e se funde com o metal de base, ele está no seu estado de expansão máximo. No resfriamento o metal de solda tende a se contrair para o volume que normalmente ocuparia em temperatura mais baixas, mas como ele está ligado ao metal base a contração fica restringida. As deformações produzidas na zona plastificada junto a ZF se somam à contração devido ao resfriamento do cordão de solda. Se o esforço de contração for suficiente para “puxar” todo o metal base ocorrerá uma grande deformação. A restrição à contração tem influência direta na deformação. DEFORMAÇÃO O cálculo da deformação promovida pela soldagem torna-se difícil tendo em vista a influência da temperatura nas propriedades dos materiais. Variação das propriedades mecânicas com a temperatura – aço carbono Variação das Propriedades com a Temperatura Com o aumento da temperatura Decresce: Limite de escoamento Módulo de elasticidade Condutividade térmica Aumenta Coeficiente de dilatação térmica As variações afetam o escoamento e a uniformidade de distribuição de calor, tornando difícil o cálculo preciso da deformação. Fatores que influenciam a deformação Energia de soldagem . Quanto maior a energia de soldagem maior a quantidade de metal de base adjacente aquecido e maior a deformação Grau de restrição Quanto maior o grau de restrição maior será o nível de tensões internas e menor será a deformação. Importante: Maior a possibilidade de trinca Tensões internas Componentes geralmente tem tensões internas por laminação, dobramento, corte, conformação, etc. Estas tensões são de difícil previsão. Propriedades dos materiais 98 Influência das Propriedades dos Materiais Coeficiente de dilatação Quanto maior o coeficiente de dilatação maior a tendência a deformação na soldagem. Condutividade térmica Materiais com alta condutividade térmica dissipam o calor rapidamente (alumínio, e cobre). Soldagem com metais com baixa condutividade térmica (aço inoxidável, ligas de níquel) resulta em maior zona plastificada, o que aumenta os efeitos de contração na solda e áreas adjacentes. Limite de escoamento Quanto maior for o limite de escoamento do material, na região soldada, maior será o nível de tensões residuais que poderá atuar deformando a estrutura soldada. Inversamente, a deformação em metais de menor limite de escoamento é menos provável e menos severa. Módulo de elasticidade Materiais com altos módulos de elasticidade resistem mais às deformações Propriedades dos materiais Uma estrutura de aço inoxidável tende a deformar mais que uma de aço carbono, considerando-se as mesmas dimensões e mesma energia de soldagem. (ver condutividade térmica e coeficiente de dilatação) Formas elementares da contração Contração transversal Contração longitudinal Deformação angular Empenamento (principalmente em materiais finos) CONTRAÇÃO TRANSVERSAL Redução de dimensão perpendicular ao eixo do cordão de solda. Quanto maior a seção transversal da zona fundida maior a contração. Contração transversal Previsão para espessura maior que 25 mm, soldada sem restrição O coeficiente 0,2 pode ser reduzido para 0,18 para chapas < 25 mm Não se aplica para espessuras < 6mm Arco submerso – deformação 50% menor (menor energia por unidade de comprimento de solda) CONTRAÇÃO LONGITUDINAL Redução do comprimento da solda Área da seção transversal da chapa (pol2) Contração longitudinal Quando em seção transversal a área das peças não excede em 20X a área da zona fundida é válida a relação da figura. A contração longitudinal está sujeita aos mesmos fatores de influência que a contração longitudinal Deformação Angular A disposição irregular da zona plastificada em relação à linha neutra da peça é a principal razão da deformação angular. A – Durante a soldagem B – Durante o resfriamento C – Após o resfriamento Prevenção e controle da deformação Evitar soldagem excessiva Usar chanfros duplos Usar soldas intermitentes Usar menor número possível de passes Posicionar as soldas próximas à linha neutra Balancear as soldas próximas à linha neutra Utilizar a soldagem com passe a ré Utilizar pré-deformação Utilizar disposição dorso a dorso Gabaritos e dispositivos auxiliares de fixação e montagem Planejar a seqüência de soldagem Martelamento Minimizar o tempo de soldagem Evitar soldagem excessiva Reduzir ao mínimo a quantidade de metal depositado Chanfros devem ter abertura e espaçamento pequenos Ângulo do chanfro pode ser diminuído se o espaçamento for aumentado ou utilizado chanfro em “J” ou “U” Usar chanfros duplos Junta em “X” requer cerca da metade da quantidade de metal depositado que junta em “V” numa mesma espessura. Possibilita equilíbrio dos esforços de contração Usar soldas intermitentes Usar menor número possível de passes É preferível usar poucos eletrodos de grande diâmetro (figuras da esquerda) A contração causada por cada passe tende a ser cumulativa quando não se aguarda o resfriamento necessário entre os passes, aumentando a contração total. Quando for possível aguardar o resfriamento entre passes o ideal é fazer passes mais finos (figuras da direita) Posicionar as soldas próximas à linha neutra A deformação é menor quando se tem o menor braço da alavanca possível para as forças de contração puxarem o perfil fora do seu alinhamento. Seqüência de soldagem pode evitar a deformação Balancear as soldas próximas à linha neutra Utilizar a soldagem com passe a ré Seqüência da soldagem aumenta a restrição Utilizar pré-deformação Pré-deformação pode ser determinada experimentalmente Utilizar disposição dorso a dorso Soldagem de peças idênticas Forma conjuntos simétricos Separar as peças após tratamento térmico ou utilizar pré-encurvamento Gabaritos e dispositivos auxiliares de fixação e montagem Em estruturas e equipamentos pesados, quando o balanceamento natural de forças de contração não está presente, realiza-se o balanceamento pela criação de forças opostas ou de restrição através de gabaritos e dispositivos. O número de dispositivos que impedem a contração transversal deve ser minimizado. Preferível dispositivos que limitam a deformação angular (embicamento) da junta soldada e que permitem a contração transversal livre. Gabaritos e dispositivos auxiliares de fixação e montagem Planejar a seqüência de soldagem Seqüência de soldagem bem planejada envolve a deposição de material em diferentes pontos de um conjunto que está sendo soldado, assim à medida que o conjunto contrai num ponto, ele irá interagir com forças de contração de soldas já executadas. Planejar a seqüência de soldagem Martelamento e tratamento de alívio Martelamento Interação com as forças de contração Deforma o cordão de solda aliviando, por deformação plástica, as tensões. Não pode martelar o passe de raiz e o passe de acabamento (pode encobrir trincas e efeito indesejável do encruamento) Tratamento de alívio Aquecimento controlado a uma temperatura elevada seguido de resfriamento controlado. O tratamento de alívio é feito antes de retirar os dispositivos que impediam a deformação. Minimizar o tempo de soldagem Geralmente é desejável terminar rapidamente a soldagem, antes que um grande volume de metal adjacente à solda se aqueça e se expanda. Grau de contração e deformação são afetados por: Tipo de processo de soldagem Tipo e diâmetro dos eletrodos (com pó de ferro: (-) deformação) Intensidade da corrente de soldagem Velocidade de soldagem Exemplo de Seqüência de Soldagem Correção de deformações Nem sempre é possível controlar as deformações principalmente em produtos novos. Deformações podem ocorrer de forma inesperada. É possível corrigir deformações se não forem muito grandes para atender às tolerâncias dimensionais requeridas para a peça. ALGUMAS PRÁTICAS SÃO: Ressoldar Uso de prensas e martelos Uso de aquecimento localizado Ressoldar Ex.: Junta de topo embicada Solução: Abrir chanfro sobre a região convexa do embicamento e ressoldar. As forças de contração da nova solda serão utilizadas para a correção. O tamanho do chanfro dependerá das dimensões da junta e do ângulo de embicamento (experimental). Uso de Prensas e Martelos -Deformação (geralmente) a frio -Proteger o metal de base das marcas da prensa e/ou martelo Aquecimento localizado O local aquecido tende a expandir e é contido pelo metal mais frio adjacente, deformando plasticamente. No resfriamento o ponto aquecido se contrai principalmente no sentido da espessura da chapa. Aquecimento localizado Aquecimento localizado Aquecimento deve ser em forma de cunha Aquecimento localizado
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