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ANTROPOLOGIA CULTURAL
Professor: Vinicius
Aluno: Vanda Nicacio de Melo.
Matricula: 20170337708-7
FICHAMENTO: Texto 6
Biografia: Os Antropólogos – Clássicos das Ciências Sociais/ de Edward Tylo, Everaldo Rocha, Marina Frid (orgs.). - Petrópolis, RJ: Vozes; Rio de Janeiro; Editora PUC, 2015.
RUTH BENEDIC
Ruth Benedict (1887-1948) Alguns de seus trabalhos a consagraram no campo das ciências sociais e humanas, posto que se tornaram “clássicos” de literatura antropológica, ganharam notoriedade internacional sendo traduzidos para vários idiomas. São os casos, exemplares, de Padrões de cultura, originalmente publicado em 1934, e O Crisântemo e a espada – padrões da cultura Japonesa, de 1946.
A importância de Ruth Benedict para a historia de antropologia moderna pode ser avaliada ainda pelo fato de se afigurar como uma “fundadora de discursividade”. Na interpretação de Clifford Geertz (1902- 1973) e Claude Lévi- Strauss (1908-2009) (cf. ensaios neste livro), um desses “estudiosos que ao mesmo tempo tem estabelecido suas obras com certa determinação e construído teatros de linguagem a partir dos quais toda uma série de outros atuam, de maneira mais ou menos convincente, e sem dúvida seguirão atuando ainda por um longo período de tempo” (1997: 31). De fato, a contribuição de Benedict para a antropologia no período de entre guerras e para as ciências sociais e humanas, ainda hoje, é inegável. A verdade é que a leitura de Padrões de cultura e de O crisântemo e a espada – padrões da cultura japonesa continuam sendo indispensáveis à formação de qualquer aspirante á antropologia há mais de meio século.
Mas a conversão definitiva de Benedict a antropologia aconteceu somente a partir de suas viagens etnográficas, algumas supervisionadas por Albert Kroeber (1876- 1960), entre os índios serranos (1922), Cochiti (1925), Apache (1931) e Blackfoot (1939). Com os Zuñi (pueblos ocidentais) ela se realizou a sua principal etnografia de Colúmbia; cargo que ocupou até o abi de sua morte em 1948. Benedict participou ativamente da vida politica norte-americana durante a Segunda Guerra atuando junto ao Serviço de Informação de Guerra nos Estados Unidos. Um dos resultados dessa ação é o relatório de 1946; outro são os escritos relativos ao cenário politico pós-guerra, editados por Mead.
De fato, a narrativa de Benedict é, sem duvida alguma, um dos aspectos mais salientes de sua obra, talvez porque se confunda com sua historia pessoal. A verdade é que sua vida e obra perecem condensar, de certa forma, o espírito da tragédia que caracteriza o período entre guerras. Um tempo no qual os deuses (Marte, Juno, Apolo e Dionizio), na forma dos homens, mostram ora a face de guerra, ora a face da criação. É sabido que a tragédia, em Nietzsche (1844-1900), mais do que a denuncia pessimista de uma decadência cultural (grega ou contemporânea) é, do ponto de vista estético, a expressão de uma visão de mundo na qual a dor, o sofrimento e a morte tornam-se fontes de reivindicação da vida. Mediando essa operação simbólica, encontra-se a arte, cuja função precípua é a de reconciliar a natureza com a cultura, o indivíduo com a sociedade, os homens com seus deuses, promovendo um senso estético de totalidade da cultura – pressuposto, epistemológico da antropologia bossiana. Assim, a escrita antropológica de Benedict mais do que uma extensão do campo cientifico, imaginando como objetivo e imparcial, ao contrário adquire os contornos de uma performance artística.
O espirito do tempo
Algumas das principais obras de referencias serão publicadas entre os anos de 1920/1940; a antropologia invade a academia; uma nova geração de antropólogos, agora profissionais, faz da etnografia a sua principal estratégia metodológica e conferem a cultura o leitmotiv de suas reflexões teóricas. Nos termos de Stocking Jr., uma nova sensibilidade antropológica, etnográfica, moderna, apolínea, não menos romântica, era instituída nesse momento: "de um lado, como a manifestação de um momento particular, de outro lado com a expressão de um dos vários dualismo inerentes à tradição antropológica ocidental" (1996:269).
Pode-se começar lembrando oposição entre raça e cultura, tema discutido por Benedict no livro Raça: ciência e politica (1941), e que dividiu, por algum tempo, com as reflexões sobre cultura e civilização um lugar ao sol.
Sapir apresentava três sentidos de cultura: 1) enquanto tradição herdada; 2) como refinamento individual; e, 3) expressão do "espirito" ou "gênio" de um povo.
Sapir exerceu grande influencia sobre a antropologia de Ruth Benedict, sobre tudo, no livro Padrões de cultura. Na verdade, Sapir e Benedict estabeleceram estreita relação intelectual, e principalmente de amizade de confidencia. Além da antropologia, a poesia os unia. E mais além de poetas e humanistas, ambos são colocados juntos como teóricos dos padrões de cultura e fundadores da "escola de cultura e personalidade". Acrescente o nome de Margaret Mead (1901-1978) ao deles e o circulo dos principais boasianos está formado.
Benedict é uma das principais antropólogas que forma o circulo dos "boadianos", compostos por nomes como Rurth Bunzel (1998-1990), Roberto Redfield (1897-1958), Geofrey Gorer (1905-1985), Ralph Linton (1893-1953), Rhoda Metraux (1914-2003), entre outros. Mas serão Edward Sapir e Margaret Mead os seus principais interlocutores intelectuais e amigos confidentes.
Assim, apesar das diferenças de métodos, dos pressupostos teóricos e da abordagem dos objetos entre os antropólogos, destaca-se nessa cultura antropológica:
Os conceitos de cultura e de civilização expressam mais do que uma disputa teórica, se não modelos de organização social.
A cultura é vista como totalidade, relativamente, coerentemente, coerente e integrada, mais não necessariamente funcional.
No estudo da "cultura viva" o trabalho de campo é considerado o laboratório natural do antropólogo.
A comparação constitui a principal estratégia metodológica no estudo de sistemas culturais diferentes ou de uma determinada área cultural.
Dá-se ênfase a interdisciplinaridade, sobretudo com a psicologia social, o que levou alguns a chamarem essa abordagem de Psicologia Cultural; mas não se despreza as contribuições da Historia, da Sociologia etc.
A relação individuo/sociedade, pensada nos termos da cultura e da personalidade, resulta na caracterização de configurações culturais e tipos psicológicos singulares.
A infância e a educação emergem como focos privilegiados na compreensão dos processos de socialização e de formação dos padrões culturais.
Ênfase nos estudos de caráter nacional no contexto da Segunda Guerra Mundial.
Antropologia aplicada vista como antropologia a serviço da nação da democracia americana.
A cultura como gente
Por exemplo, Handler (1900) chama a atenção para a visão trágica dos Serranos, apresentada por Benedict, estar em sintonia com a sua tragédia pessoal, o que confere á sua etnografia um tom autorreferencial. Barnnes comenta que a adoção das categorias apolíneo e dionisíaco, de Nifetzche, descrevem também o seu "eu” (self) na medida em que o seu mundo de fantasia era o mundo de seu pai, e foi apolíneo – ordenado e racional. “O mundo de sua mãe, ‘o mundo de confunção e choro explosivo’, era dionisíaco” (2004: 56).
Com o fim da guerra o Japão um processo de reconstrução nacional, o que sugere, por sua vez, a reconstrução do caráter nacional japonês, agora, provavelmente, em novas bases. Retornando a imagens que dão titulo ao livro, Benedict conclui:
[...] os japoneses do Japão podem, igualmente, numa nova era, organizar uma nova maneira de viver que não exija os antigos requisitos das restrições individuais. Os crisântemos podem ser belos sem as armações de arame e a drástica poda.
Do ponto de vista epistemológico, o primeiro capitulo de O crisântemo e a espada apresenta de maneira exemplar as principais motivações para o estudo dos padrões da cultura japonesa, bem como os pressupostos metodológicos utilizado nesse empreendimento.
Ressonâncias
Lévi-Strauss tomaemprestadas algumas ideias essenciais que, segundo Cuche, encontram-se condensadas na seguinte passagem extraída de Tristes trópicos:
O conjunto dos costumes de um povo é sempre marcado por um estilo; eles formam sistemas. Estou convencido de que estes sistemas não são ilimitados e que as sociedades humanas, como os indivíduos- em seus jogos, seus sonhos ou seus delírios- não criam jamais de maneira absoluta, mas se limitam a escolher certas combinações em um repertorio ideal que seria possível reconstituir.
Fazendo o inventário de todos os costumes observados, de todos os imaginados nos mitos, dos evocados nos jogos infantis e adultos, os sonhos dos indivíduos são ou doentes e as condutas patológicas, seria possível chegar a construir uma espécie de tabela periódica como a dos elementos químicos, em que todos os costumes reais ou simplesmente possíveis apareceriam agrupados em famílias, e onde nós precisaríamos apenas conhecer os costumes que as sociedades efetivamente adotaram (Lévi-Strauss, apud Cuche, 1999:96-97).
No Brasil, quase nada foi produzido sobre Ruth Benedict em especifico e, salvo engano, sobre nenhum outro antropólogo "bosniano", exceto o próprio Boas. No entanto a tese de doutorado em Psicologia Social, de Dante Moreira Leite, O caráter nacional brasileiro (1984), constitui uma valiosa contribuição por duas razões: a primeira, o livro fornece um amplo quadro de perspectivas e teorias sobre o "caráter nacional", dentre os quais os estudos da antropologia da "escola de cultura e personalidade" são partes; segundo uma sintonia com esse quadro, pela primeira vez era realizado no Brasil dos anos de 1950 um balanço das principais interpretações em torno da cultura brasileira e da identidade nacional no país até aquele momento.

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