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DIREITOS fUNDAMENTAIS

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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
DIREITO CONSTITUCIONAL I
PROFª. Ma.: REJANE VASCONCELOS
Conceito de direitos fundamentais:
Segundo José Afonso da Silva “os direitos fundamentais é expressão que designa em nível do direito constitucional positivo, àquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas. No qualificativo fundamental acha-se a indicação de que se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive, e às vezes nem sobrevive; fundamentais do homem, no sentido de que a todos, por igual devem ser, não apenas formalmente reconhecidos, concreta e materialmente efetivados”.
Conceito de direitos fundamentais:
Em síntese...
“Direitos fundamentais são os considerados indispensáveis à pessoa humana, necessários para assegurar a todos uma existência digna, livre e atual. Não basta ao Estado reconhecê-los formalmente; deve buscar concretizá-los, incorporá-los no dia-a-dia dos cidadãos e de seus agentes.”
DIFERENÇA ENTRE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS:
Já as garantias fundamentais são instrumentos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos. Exemplo: habeas corpus (que protege o direito à liberdade de locomoção). Obs.: garantias fundamentais x os remédios.
Os direitos fundamentais são os bens protegidos pela Constituição. Exemplos: vida, liberdade, propriedade.
O conceito de direitos individuais vincula-se à imposição de limites ao poder do governante, bem como de seus agentes, para resguardar direitos dos seres humanos isoladamente considerados.
As primeiras limitações ao poder do Estado surgiram no final da Idade Média. O antecedente mais importante apontado pelos autores é a Magna Carta, na Inglaterra, em 1215, reconhecendo direitos dos barões, com restrições ao poder absoluto do monarca.
Em seguida, surgiram diversas outras declarações limitando o poder do Estado. Contudo, só no século XVIII, com as Revoluções Francesa e Americana, foram editados os primeiros enunciados de direitos individuais.
HISTÓRICO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
A 1ª Declaração foi a da Virgínia, em 1776, estabelecendo, entre outros princípios fundamentais, igualdade de direitos, divisão de poderes, eleição de representantes, direito de defesa, liberdade de imprensa e liberdade religiosa.
Em seguida, merece destaque a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, após a Revolução Francesa. Possuía um caráter de universalidade, pois se considerava válida para toda a humanidade.
Após a 2ª Guerra Mundial, em 1948, foi editada, pela ONU, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, realçando a preocupação com o respeito aos direitos humanos em todos os países 
HISTÓRICO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
A PRIMEIRA DIMENSÃO corresponde aos direitos de liberdade, abrangendo direitos individuais e políticos (proteção ao indivíduo), São limites impostos à atuação do Estado, resguardando direitos considerados indispensáveis a cada pessoa humana. Significam uma prestação negativa, um não fazer do Estado, em prol do cidadão. 
DIMENSÃO OU GERAÇÃO DE DIREITOS
A PRIMEIRA DIMENSÃO
Esses direitos surgiram em decorrência das grandes revoluções burguesas do final do século XVIII, a Revolução Americana, em 1776, e a Revolução Francesa, em 1789. 
Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão (queda da Bastilha em 1789)
Exemplos de direitos individuais: liberdade de locomoção e inviolabilidade de domicílio e de correspondência. 
DIMENSÃO OU GERAÇÃO DE DIREITOS
A SEGUNDA DIMENSÃO corresponde aos direitos de igualdade (igualdade material), abrangendo os direitos sociais e econômicos (proteção de grupos de pessoas). 
São direitos de conteúdo econômico e social que visam melhorar as condições de vida e de trabalho da população. Significam uma prestação positiva, um fazer do Estado em prol dos menos favorecidos pela ordem social e econômica. 
Esses direitos nasceram em razão de lutas de uma nova classe social, os trabalhadores. Surgiram em um segundo momento do capitalismo, com o aprofundamento das relações entre capital e trabalho (liberalismo econômico). 
DIMENSÃO OU GERAÇÃO DE DIREITOS
A SEGUNDA DIMENSÃO 
As primeiras Constituições a estabelecer a proteção de direitos sociais foram a mexicana de 1917 e a alemã de Weimar, em 1919.
Criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho – 1919), como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. Fundou-se sobre a convicção primordial de que a paz universal e permanente somente pode estar baseada na justiça social.
Exemplos de direitos sociais: salário mínimo, aposentadoria, previdência social, décimo terceiro salário e férias remuneradas. 
DIMENSÃO OU GERAÇÃO DE DIREITOS
A TERCEIRA DIMENSÃO corresponde aos direitos de fraternidade ou de solidariedade (universalidade de pessoas). 
Ao lado dos tradicionais interesses individuais e sociais, o Estado passou a proteger outras modalidades de direito. São novos direitos, decorrentes de uma sociedade de massas, surgida em razão dos processos de industrialização e urbanização. 
Marco: fim da 2ª guerra mundial, criação da ONU (1945) e aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
A atual Constituição brasileira, ao tratar da proteção de interesses difusos e coletivos, foi a primeira a inserir em seu texto a tutela desses novos direitos.
DIMENSÃO OU GERAÇÃO DE DIREITOS
O Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 81, inciso I, define os interesses ou direitos difusos como os “transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato”; e, no inciso II, os interesses ou direitos coletivos como os “transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base”. 
Exemplos de direitos de fraternidade: ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, sobre o patrimônio comum da humanidade, proteção ao consumidor, à infância e à juventude, ao idoso e ao deficiente físico. 
OBS: Noberto Bobbio divide os direitos somente até a terceira dimensão (Era dos direitos).
DIMENSÃO OU GERAÇÃO DE DIREITOS
A QUARTA DIMENSÃO
Noberto Bobbio orienta que essa geração de direitos decorreria dos avanços no campo da engenharia genética e avanço da cibernética, ao colocarem em risco a própria existência humana, em razão da manipulação do patrimônio genético (proteção ao futuro).
DIMENSÃO OU GERAÇÃO DE DIREITOS
A QUINTA DIMENSÃO
O direito à paz foi classificado como direito de 3ª dimensão ou geração, mas Bonavides, entende que o direito à paz deva ser tratado em geração autônoma, chegando a afirmar que a paz é fundamento da democracia participativa, ou ainda, supremo direito da humanidade.
DIMENSÃO OU GERAÇÃO DE DIREITOS
GERAÇÃO DOS DIREITOS:
Conforme o Título II da Carta Magna, os direitos e garantias fundamentais são classificados em: 
Direitos Individuais e Coletivos: estão presentes em extensa lista no rol do art. 5º, ressaltando-se que o STF já firmou entendimento de que os direitos e garantias individuais podem ser encontrados em outros dispositivos constitucionais espalhados na CF/88; 
Direitos Sociais: estão previstos entre os artigos 6º a 11 da CF/88; 
Direitos de Nacionalidade: previstos no art. 12 e 13 da CF/88; 
Direitos Políticos: previstos na forma dos arts. 14 a 16 da CF/88.
Dos Partidos Políticos: previstos no art. 17 da CF/88. 
O constituinte organizou os direitos fundamentais da seguinte forma:
1) Direitos individuais: também conhecidos como liberdades públicas, direitos negativos, liberais ou de 1ª geração (art. 5º da CRFB/88) -  são direitos que apresentam como principais características terem os indivíduos como titulares e controlar os abusos de poder estatais.
O constituinte organizou os direitos fundamentais da seguinte forma:
O constituinte organizou os direitos fundamentais da seguinte forma:
2) Direitos sociais – sãodireitos sociais ou de 2ª geração, se caracterizam por terem como titulares grupos específicos de pessoas como por exemplo crianças, mulheres, trabalhadores etc. Exigem do Estado um fazer, um animus de proteção efetiva na persecução desses direitos a fim de amenizarem as desigualdades sociais.
O constituinte organizou os direitos fundamentais da seguinte forma:
3) Direitos coletivos e difusos (ou de 3a geração) – os primeiros caracterizam-se por serem direitos de um grupamento humano com interesses homogêneos, por exemplo o pleito dos sindicatos. Já os difusos são direitos que pertencem a todos, ou seja, não somos capazes de identificar quem são o seus titulares, como por exemplo o meio ambiente.
O constituinte organizou os direitos fundamentais da seguinte forma:
4) Direitos da nacionalidade – caracteriza-se como vínculo jurídico-político de uma pessoa com o Estado que nos permite dizer que esta pessoa faz parte do povo deste Estado.
Ela pode ser de dois tipos:
Originária: que chamamos de natos, que no Brasil pode ser adquirida pelo critério misto, ou seja, pelo nascimento em nosso território (ius soli) ou pela consanguinidade (ius sangunis) de pai ou mãe brasileiros ou;
derivada: que se adquire com um pedido ao governo brasileiro atendendo aos requisitos de se for originário de país de língua portuguesa: ter visto (autorização de permanência regular no Estado Brasileiro), residência ininterrupta por um ano e idoneidade moral e, se originário de outro país: visto de permanência, quinze anos de residência ininterrupta e nenhuma condenação penal. (art. 12 da CRFB/88);
O constituinte organizou os direitos fundamentais da seguinte forma:
5) Direitos políticos – segundo Pedro Lenza “direitos políticos nada mais são do que instrumentos através dos quais a Constituição Federal garante o exercício da soberania popular atribuindo poderes aos cidadãos para interferirem na condução da coisa pública, seja direta ou indiretamente”. Esses direitos são basicamente exercidos pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto. O sufrágio determina o direito de eleger (capacidade eleitoral ativa) e ser eleito (capacidade eleitoral passiva). O voto é um direito público subjetivo que tem como características ser personalíssimo, sigiloso, obrigatório, livre, periódico e igual. Apenas para não confundir, vale lembrar que escrutínio significa a maneira pela qual se vota e que a legislação infraconstitucional referente aos direitos políticos é a Lei 4737/65.
OBS: Incluem-se nos direitos de primeira geração.
A Doutrina aponta sete características dos direitos fundamentais:
Universalidade – eles se destinam a todos os seres humanos;
Imprescritibilidade – esses direitos não se perdem pelo decurso do tempo;
Inalienabilidade – esses direitos não podem ser transferidos, negociados (não possuem conteúdo patrimonial);
Irrenunciabilidade – esses direitos não podem ser renunciados (limitação voluntária deve ser considerada – ex.: não participar de uma manifestação);
A Doutrina aponta sete características dos direitos fundamentais:
Concorrência – possibilidade de acumular os direitos fundamentais. Ex.: o jornalista transmite uma notícia (direito de informação) e, ao mesmo tempo, emite uma opinião (direito de opinião);
Limitabilidade (relatividade) – estes direitos não são absolutos, pois podem entrar em conflito com outros direitos fundamentais. Ex.: direito de propriedade (art. 5º, XXII) versus desapropriação (art. 5º, XXIV) e;
Historicidade – eles são direitos conquistados por revoluções políticas e tecnológicas no decorrer da história no mundo ocidental.
Eficácia dos Direitos Fundamentais:
Quando se fala nas EFICÁCIAS VERTICAL E HORIZONTAL, pretende-se aludir à distinção entre a eficácia dos direitos fundamentais sobre o Poder Público e a eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre os particulares.
Segundo Luiz Guilherme Marinoni “as normas que estabelecem direitos fundamentais, se podem ser subjetivadas, não pertinem somente ao sujeito, mas sim a todos aqueles que fazem parte da sociedade”.
Partindo de tais premissas, podemos afirmar que o ESTADO, além de obrigado a não agredir os direitos fundamentais tem ainda a missão de fazê-los respeitar pelos particulares (EFICÁCIA VERTICAL).
Essa proteção poderá se dar, por exemplo, por meio de normas de proibição ou de imposição de condutas, como o caso da proibição da venda de medicamento reputado nocivo à saúde.
Eficácia dos Direitos Fundamentais:
A EFICÁCIA HORIZONTAL dos direitos fundamentais significa a aplicação destes direitos também nas relações entre particulares.
Os direitos fundamentais foram estabelecidos para proteger os indivíduos de abusos cometidos pelo Estado, mas, por estabelecerem os fundamentos da vida em sociedade, aplicam-se também nas relações privadas.
O exercício do direito civil de uma pessoa, física ou jurídica, não raras vezes encontra limite no direito de outras, todos com previsão constitucional (ex.: demissão de um funcionário em razão da cor fere o princípio da dignidade da pessoa humana – art. 1º, III, da CF/88).
Eficácia dos Direitos Fundamentais:
Em uma situação de conflito, há necessidade de compatibilizá-los, devendo prevalecer as garantias de ordem constitucional também nas relações entre particulares.
A autonomia da vida privada não é absoluta.
O Supremo Tribunal Federal entendeu inconstitucional, por exemplo, a exclusão de um associado de uma entidade privada, sem que lhe fossem assegurados os direitos de ampla defesa e contraditório (RE 201.819, Rel. Min. Gilmar Mendes, Informativo STF, n. 405). 
Eficácia Horizontal X Eficácia Vertical (eficácia privada ou externa)
“A diferenciação entre a eficácia horizontal e a eficácia vertical está em seus respectivos destinatários. Enquanto as normas de direito fundamental de eficácia horizontal protegem o indivíduo em face do próprio indivíduo, as normas de direito fundamental de eficácia vertical protegem o indivíduo em face do Estado.” 
EFICÁCIA HORIZONTAL
EFICÁCIA VERTICAL
PARTICULAR X PARTICULAR
PARTICULAR X ESTADO

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