Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. Iris Saraiva Russowsky Prática Penal HABEAS CORPUS PREVENTIVO Parte teórica já analisada quando da análise do HC liberatório. 1 CASO CONCRETO O Delegado do Distrito Policial da Capital determinou, aos seus agentes, a prisão de todas as garotas de programa que atuam na região, pois pretende restabelecer os bons costumes na cidade, como afirmou em entrevista à rádio local. Algumas horas após a ordem, os agentes de polícia realizaram as primeiras prisões. Sarajane, que atua como acompanhante na localidade, passou a temer ser presa no horário em que realiza os seus encontros, razão pela qual deixou de fazê-los. Como advogado de Sarajane , elabore a peça cabível para resguardar o seu direito de locomoção 2 MODELO DE PEÇA EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL, Atento à competência. O HC é sempre endereçado para a autoridade mediatamente superior ao responsável pela coação. ____, advogado regularmente inscrito na OAB, Seccional de ____, sob o n. ____, com escritório no endereço, nesta Capital, vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal, e 647 e seguintes do Código de Processo Penal, impetrar ordem de HABEAS CORPUS em favor de Sarajane, nacionalidade, estado civil, Prof. Iris Saraiva Russowsky Prática Penal profissão, portadora da cédula de identidade n. ____, inscrita no CPF/MF n. ____, residente e domiciliada no endereço, nesta Cidade e Comarca, contra ato ilegal praticado pelo Delegado de Polícia Titular da Delegacia de Polícia da Capital, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: Note que o impetrante (que não é o defendido, mas o autor da peça) é o primeiro a ser qualificado. Na sequência, são qualificados o paciente (o defendido) e a autoridade coatora. I. DOS FATOS No último dia ____, o Sr. ____, Delegado de Polícia ora autoridade coatora , em entrevista à rádio local, determinou, aos seus agentes, a prisão de todas as meretrizes que circulam na Capital, pois os bons costumes deveriam ser restabelecidos. Após ouvir a notícia, a paciente, que garante o seu sustento por meio de encontros amorosos, suspendeu o exercício da prática, pois passou a temer a ação da polícia, que vem, de fato, cumprindo a determinação da autoridade policial. II. DO DIREITO No entanto, a ordem emanada do ilustre Delegado de Polícia constitui ato ilegal, pois impõe à paciente restrição indevida em sua liberdade de locomoção, haja vista que, como é sabido, a prostituição não constitui fato típico. Neste problema, seria necessário discorrer sobre a falta de justa causa para a realização das prisões, nos termos do artigo 648, I, do CPP, pois o fato é atípico. Caso a paciente já estivesse presa em flagrante pelo motivo proposto no enunciado, a discussão envolveria a ilegalidade da prisão em flagrante, nos termos do artigo 302 do CPP, e o Prof. Iris Saraiva Russowsky Prática Penal pedido seria o de relaxamento da prisão com o respectivo alvará de soltura, e não a expedição de salvo- conduto. Ex positis requer, após as informações prestadas pela autoridade apontada como coatora, seja concedida a ordem de habeas corpus, determinando- se a expedição de salvo-conduto em favor da paciente, como medida de justiça. Nesses termos, pede deferimento. Capital, data. Advogado, nº OAB
Compartilhar