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Analise jorge de lima 2015

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Analise 
Anda-me o amor tomando a própria vida, 
como se, amando, eu existisse mais. 
E leva-me o Destino em voz traída, 
como se houvera encontros desiguais. 
A multidão me cerca, e, renascida, 
já dela terei fome de sinais. 
E, mal a noite se demora ardida, 
o medo e a solidão me esfriam tais 
as cinzas desse amor que sacrifico. 
Não é futura a só miséria. A queixa 
também não é: e apenas acontece 
no vácuo imenso que este amor me deixa, 
quando maior, quando de si mais rico, 
se dá de mundo em mundo, e lá me esquece.
Este poema de amor não e lamento.
Este poema de amor não é lamento
nem tristeza distante, nem saudade,
nem queixume traído nem o lento
perpassar da paixão ou pranto que há-de
transformar-se em dorido pensamento,
em tortura querida ou em piedade
ou simplesmente em mito, doce invento,
e exaltada visão da adversidade.
É a memória ondulante da mais pura
e doce face (intérmina e tranquila)
da eterna bem-amada que eu procuro;
mas tão real, tão presente criatura
que é preciso não vê-la nem possuí-la
mas procurá-la nesse vale obscuro.

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