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PORTARIA Nº 504/GABS/SSP de 01 de Agosto de 2006 FIXA NORMAS PROCEDIMENTAIS E TÉCNICAS PARA 0 FUNCIONAMENTO DO SERVIÇO DE GENÉTICA FORENSE NO INSTITUTO DE ANÁLISES LABORATORIAIS DO IGP. O SECRETÁRIO DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA DO CIDADÃO, no uso de suas atribuições e de acordo com o disposto no art. 74, inciso III, da Constituição do Estado de Santa Catarina, combinado com o art. 7o, I, da Lei Complementar no 284/2005 e, CONSIDERANDO a necessidade de normatizar os serviços periciais relativos à coleta, transporte e conservação de evidências biológicas, para exames de identificação humana, tanto nos locais de crime quanto na pessoa humana viva ou morta; CONSIDERANDO que os procedimentos a serem seguidos pelos órgãos policiais e perícias oficiais devem estar em consonância com os ditames da legislação em vigor e normas técnicas-periciais; CONSIDERANDO que é imprescindível a correta coleta e preservação das evidências e amostras de referência para não haver contaminação e outros prejuízos, RESOLVE: Art. 1° A coleta de material biológico, o seu acondicionamento e a sua preservação, além dos procedimentos preliminares para exame de identificação humana ou equivalente seguirão as normas e procedimentos dispostos nesta Portaria e em seus Anexos. § 1° Por exame de identificação humana entende-se todo e qualquer procedimento experimental biológico ou bioquímico que tem por objetivo estabelecer a identidade da pessoa humana, bem como a sua inclusão ou exclusão em análise de confronto entre material coletado e aquele por ela, ou seus parentes, fornecidos. § 2° Somente serão recebidas, pelo Instituto de Análises Laboratoriais (IAL), para análises biológicas de identificação humana, as evidências ou amostras de referência, contendo material biológico, colhidas de acordo com as normas estabelecidas na presente Portaria, salvo as coletadas em data anterior a publicação desta. Art. 2° As análises comparativas do material genético humano (Ácido Desoxirribonucleicos/ADN ou DNA) serão realizadas exclusivamente em materiais relacionados, direta ou indiretamente a ilícitos penais, salvo determinação expressa em contrário de autoridade superior. § 1° A unidade do Órgão Oficial responsável pelos exames descritos no caput do presente artigo será o IAL. § 2° Ao IAL, em razão da matéria de sua competência, cabe: I a realização dos exames de identificação humana através de análise comparativa do DNA e de procedimentos laboratoriais ou não correlatos a esta atividade; II - às atividades de Pesquisa, Ensino e Formação de Pessoal, relacionadas às técnicas acima descritas. § 3º O desenvolvimento de Metodologias análogas para identificação de outros seres vivos, será uma atividade fim, que terá sua realização à medida que forem sendo requisitadas e estiverem disponíveis as tecnologias necessárias. Art. 3° O IAL realizará apenas análise de DNA quando formalmente requisitados pela Autoridade Policial, por membros do Ministério Público e do Poder Judiciário, nos casos considerados fechados, ou seja, nas situações onde são dìsponibilizadas ao laboratório todas as amostras necessárias para estabelecer a relação biológica entre a(s) amostra(s) questionada(s) e a(s) de referência(s) e, havendo disponibilidade de material e pessoal habilitado, as amostras criminais de casos considerados abertos poderão ser analisadas, sendo os seus resultados registrados em meio eletrônico não regravável, ou banco de dados próprios, para futuro confronto, salvo se houver prejuízo das atividades do IAL. § 1º Toda solicitação de exame da análise de DNA encaminhado ao IGP deverá vir acompanhada de cópia do Procedimento (Registro de Ocorrência Policial, Inquérito Policial ou Processo), para dirimir eventuais dúvidas e facilitar o agendamento da coleta dos envolvidos. § 2º Nos casos em que for possível ao IGP obter esta cópia via sistema de informática, o envio dela pode ser dispensado. § 3º Caso, ainda persistam dúvidas, os exames não serão realizados até que estas sejam sanadas junto à Autoridade solicitante. Art. 4° Serão considerados profissionais habilitados para proceder a exames de tipagem e confronto de DNA no IAL, os Peritos Químicos-Legistas que tenham recebido treinamento adequado no próprio IAL, em laboratório similar de outra Secretaria de Segurança, bem como em instituições de ensino superior, próprias para esse fim. Parágrafo único. Ficam impedidos de proceder as análises de laboratório os Peritos que não estejam habilitados e, previamente, lotados no IAL. Art. 5° As coletas de evidências biológicas em locais de crimes e nos veículos, os quais serão efetuados os exames definidos no artigo 1º desta Portaria, serão procedidas por profissionais habilitados toda vez que houver constatação da relevância que o exame possa ter para elucidação da ocorrência criminosa. § 1º A definição desta relevância caberá à Autoridade Policial em conjunto com o Perito Criminal que realizar o exame de local. § 2º Serão considerados profissionais habilitados para estas coletas os Peritos Criminais com curso de treinamento próprio para este fim, previsto no artigo 13 desta Portaria. § 3° As normas de Preservação de Locais de Crime (artigo 6º do Código de Processo Penal) deverão ser seguidas, a fim de não prejudicar os resultados obtidos nos exames de análise e comparação de DNA. § 4° Cada vestígio biológico eleito para coleta deverá ter sua origem descrita no corpo do Laudo de Exame de Local ou Veículo e, sempre que possível, fotografado. § 5° Os Policiais Civis, Militares e os integrantes do Corpo de Bombeiros Militar que, no cumprimento de suas obrigações legais, adentrarem em locais de crime (edificações, automóveis, embarcações, aeronaves, etc.), deverão ter seus nomes e matrículas/RG's registrados em documentos de relevância policial, para, posteriormente, caso seja identificada a necessidade pelos Peritos do IAL em conjunto com a Autoridade Policial responsável pela investigação, sejam convocados para doar material genético para exclusão dos seus perfis genéticos no caso de eventuais contaminações. § 6° Para evitar a degradação e a contaminação por microrganismos, o material coletado em locais de crime, deverá ser levado para a base de operações da Perícia, onde o Perito responsável providenciará sua secagem e acondicionamento adequado. § 7º Toda e qualquer evidência biológica, depois de embalada pelos Peritos ou Autoridades Policiais, não poderá ser retirada de sua embalagem antes da chegada ao local de realização dos exames. § 8º Após os procedimentos descritos acima, o Perito ou Autoridade Policial irá providenciar sua remessa para o IAL, devendo este envio ser efetuado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, a partir da coleta do material. Art. 6° A coleta de evidências biológicas para análise de DNA em cadáveres e despojos no IML (ou em suas unidades) e/ou em vítimas vivas é da competência dos Peritos Médicos-Legistas habilitados. § 1º Serão considerados Peritos Médicos-Legistas habilitados para estas coletas, os profissionais com curso de treinamento próprio para este fim, previsto no artigo 13 da presente Portaria. § 2º Com o intuito de garantir a coleta das evidências em melhor estado de preservação, será permitido aos Peritos Criminais habilitados que, nos locais de crime, coletem evidências oriundas da superfície da pele, do tecido sub- ungueal e também as vestes que apresentem relevância. § 3º O procedimento descrito no parágrafo anterior não exime os Peritos Médicos-Legistas, nas dependências do IML e de suas unidades, de repetirem a coleta. § 4º Os Peritos Criminais que realizarem esta coleta deverão consigná-la no corpo do Laudo de Exame em Local. § 5º As vestes dos cadáveres e das vítimas vivas só poderãoser removidas no interior do IML ou de suas unidades, na presença do Perito Médico-Legista responsável pela necrópsia, que avaliará a necessidade do envio destas para o laboratório competente, visando à pesquisa de novas evidências biológicas. § 6º Cada vestígio biológico eleito para coleta deverá ter sua origem descrita no corpo do Laudo Cadavérico ou no Laudo resultante do exame realizado na vítima viva. Art. 7° Durante os procedimentos de remoção, os cadáveres e despojos deverão ser acondicionados em sacos confeccionados em material impermeável resistente, dotados de zíper que permita fechamento por lacre. Parágrafo único. Este procedimento visa evitar a contaminação por materiais biológicos diversos e, ainda preservar as evidências que porventura existam. Art. 8° As bandejas próprias para acondicionamento de cadáveres dos veículos oficiais de remoção e das geladeiras de conservação (IML), mesas de necrópsias e macas de transporte, deverão sofrer processo de sanitização a cada nova utilização por cadáveres distintos. Parágrafo único. Define-se, neste caso, como sendo processo de sanitização, a lavagem dos referidos equipamentos com água corrente e solução de hipoclorito de sódio a 10% que, deverá ser realizado mesmo quando o cadáver vier acondicionado em embalagens plásticas, visando evitar contaminação exógena. Art. 9º A coleta de material biológico de referência (sangue, pêlos, saliva, etc.) de pessoas vivas que será confrontado com evidências biológicas, deverá ser realizada em local apropriado por Perito e/ou técnico habilitado lotado ou prestando serviço no IML ou por Peritos do IAL, que tenham sido previamente treinados para realização desta atividade. § 1º Na falta dos profissionais referenciados no caput deste artigo, ou ainda, por motivo de imperiosa força maior, principalmente, em se tratando de postos e delegacias do interior, a coleta poderá ser realizada por pessoa idônea, com um mínimo de conhecimento técnico para tal função, nomeado pela Autoridade Policial e, realizada, quando possível, em postos do lML local ou em hospitais públicos/ privados, na presença da Autoridade Policial e também de 02 (duas) testemunhas devidamente qualificadas. § 2º As referidas amostras ficarão sob a responsabilidade da Autoridade Policial mencionada até seu efetivo recebimento no local de armazenagem de evidências biológicas ou nos laboratórios responsáveis pela realização dos exames solicitados. Art. 10 Em toda coleta de material biológico de pessoas vivas será lavrado um Termo de Consentimento (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido- Modelo Anexo II). § 1° O Termo de Consentimento, mencionado no caput do referido artigo, deverá conter, no mínimo, as seguintes informações: I - nome, idade, sexo, impressão digital e a fotografia do doador; II nome do responsável legal ou representante legalmente autorizado, quando for o caso (no caso do doador analfabeto, menor ou incapacitado); III - número da Cédula de identidade (RG) e respectivo órgão expedidor do doador e de seu responsável/representante legal, exetuando-se o doador que não tenha Cédula de Identidade, outro documento oficial poderá ser utilizado; IV - declaração do doador (ou de seu responsável legal ou representante legalmente autorizado) de que está fornecendo o material de livre e espontânea vontade; V - número do Procedimento a que se refere o caso (Registro de Ocorrência Policial, Inquérito Policial ou Processo); VI - local e data da coleta; VII - assinatura do doador (ou seu responsável legal ou representante legalmente autorizado), do responsável pela coleta (Perito Médico-Legista, Perito Criminal e/ou Técnico Habilitado) e de 02 (duas) testemunhas; VIII - esclarecimento ao doador (ou seu responsável legal ou representante legalmente autorizado) de que a amostra cedida será utilizada exclusivamente para os exames forenses relacionadas com a ocorrência que originou esta solicitação e, caso o doador autorize, poderá, também, ser utilizada em trabalhos científicos; IX - declaração do doador (ou seu responsável legal ou representante legalmente autorizado) de que possui ou não irmão gêmeo univitelínico (gêmeo idêntico); X - declaração do doador (ou seu responsável legal ou representante legalmente autorizado) de não ter sido submetido à transfusão de sangue nos últimos 90 (noventa) dias e/ou de não ter sido submetido a transplante de medula óssea; § 2° No caso de doador analfabeto, menor ou incapacitado, além de sua impressão digital, será colhida cópia de um documento de identificação e assinatura de pessoa a seu rogo, autorizando a coleta nos termos do parágrafo anterior. § 3º No caso de portadores de documentos de identificação de outros Estados da Federação ou Estrangeiros, também será colhida cópia do referido documento e, em caso de documento em mau estado de conservação, será exigido outro que comprove a sua qualificação ou, não o possuindo, será feita nova identificação pelo Instituto de Identificação. § 4º Visando o melhor andamento das atividades do IAL, a segurança e a minimização de possíveis constrangimentos junto ao público em geral, e, ainda, considerando as reduzidas instalações do laboratório, o encaminhamento de presos para fornecerem amostras biológicas deverá ser feito no setor do IML mais próximo da unidade que o acautela. Art. 11 Todas as evidências ou materiais biológicos coletados devem ser embalados devidamente e de forma individualizada, antes de serem encaminhados para o IAL. § 1º Cada uma das embalagens deverá possuir ficha de identificação (Fichas de Coleta de Material - Pesquisa de DNA - Anexo III), sendo afixada em sua face externa, por meio de fita gomada ou cola (nunca utilizar grampo metálico do tipo próprio para grampeadores) e, além desta, duas outras fichas de identificação deverão acompanhar o material, sendo que: I - a primeira será encaminhada junto a Correspondência Interna ou Ofício de solicitação do exame e encaminhamento do material e, que, posteriormente, será anexada ao prontuário do exame, e; II - a segunda será utilizada como recibo de entrega do material. § 2º A Ficha de Coleta de Material - Pesquisa de DNA, mencionado no caput deste artigo, deverá conter, no mínimo, as informações abaixo: I - data e hora da coleta; II - órgão solicitante do exame; III - número do Procedimento: Registro de Ocorrência Policial, Inquérito Policial ou Processo; IV - nome e matrícula do responsável pela coleta; V - número da guia de remoção do cadáver; VI - número do Laudo (ou número da Ocorrência) do exame que gerou a coleta do material; VII - número da Correspondência ou Ofício que solicitou o exame ou a coleta; VIII - origem do material coletado (objeto, local (endereço), veículo, pessoa, cadáver); IX - descrição do material coletado; X - forma de coleta; XI - forma de acondicionamento; XII - campo de histórico e observações (para informações complementares); XIII - assinatura da autoridade que acompanhou o exame (no caso de exames em locais) e do Perito responsável pela coleta; XIV - cadeia de Custódia. Art. 12 O IGP, em ato próprio, e em conjunto com seus Institutos, será responsável pela especificação e fornecimento de um conjunto de instrumentos (kit s de coleta de material biológico), visando padronizar as condições técnicas a serem utilizadas pelos Peritos Criminais em locais de crime e pelos Peritos Médicos-Legistas durante a realização de necrópsias e exames em vítimas vivas. Art. 13 O IGP planejará e providenciará o necessário treinamento para que as equipes periciais designadas (Peritos Criminais, Peritos Médicos-legistas e, pessoal de apoio técnico operacional), estejam aptas à coleta de amostras a iniciar-se no prazo máximo de 90 (noventa) dias, a contar da data da publicaçãodesta Portaria. Parágrafo único. O IGP providenciará, oportunamente, a realização de palestras sobre a tecnologia do DNA para: Autoridades Policiais, Policiais Civis, Policiais Militares, Policiais Federais, Bombeiros Militares, Agentes Penitenciários e Guardas Municipais. Art. 14 A parte técnica das normas constantes nesta Portaria deverá ser revista por uma Comissão, designada pelo Diretor do Órgão Oficial competente, após 2 (dois) anos de sua publicação. Art. 15 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Cel Dejair Vicente Pinto Secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com. The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.
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