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JATO DE BAIXOS NÍVEIS NA AMÉRICA DO SUL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Faculdade de Meteorologia
Graduação em Meteorologia
Trabalho de Conclusão de Curso
Verificação de Jato de Baixos Níveis em Sete Tornados 
nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil
 
Álvaro Vasconcellos de Ávila
Pelotas, 2016
Álvaro Vasconcellos de Ávila 
Verificação de Jato de Baixos Níveis em Sete Tornados 
nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil
Trabalho de conclusão de curso apresentado a
Faculdade de Meteorologia da Universidade
Federal de Pelotas, como requisito parcial a
obtenção do título de Bacharel em Meteorologia.
Orientador: Profª. Drª. Roseli Gueths Gomes 
Pelotas, 2016
Influência do Jato de Baixos Níveis na formação de tornados nas regiões sul e sudeste
do Brasil: Estudo de casos
Curso aprovado, como requisito parcial, para obtenção do grau de Bacharel em
Meteorologia, Faculdade de Meteorologia, Universidade Federal de Pelotas. 
Data da defesa: 14/12/2016 
Banca examinadora:
......………………………………………………………………………………………………….
Profª. Drª. Roseli Gueths Gomes…………………………………………...(Orientadora)
Doutora em Meteorologia pela Université Paul Sebastier ……………………………….
………………………………………......………………………………………………………….
Profº. Drº. André Becker Nunes..............…………………………………..…………...
Doutor em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais…………...
…………………………………......……………………………………………………………….
Profº. Drº. Leonardo Calvetti.………....………………………………………………...
Doutor em Meteorologia pela Universidade de São Paulo…...........................…………...
Dedico este trabalho ao meu avô João Pinto Vasconcellos
Agradecimento
A Deus, por ter me dado saúde e força para superar os momentos difíceis. 
Á minha avó, namorada e familiares por estarem comigo e nunca deixarem de
me apioar. 
Á minha orientadora Roseli, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas
suas correções e incentivo. 
Á todo o corpo docente da faculdade de Meteorologia, por me formarem capaz
de enfrentar o mercado de trabalho de cabeça erguida. 
Á todos os colegas e amigos criados ao longo da graduação. 
"Suba o primeiro degrau com fé. Não é
necessário que você veja toda a escada.
Apenas dê o primeiro passo"
(Martin Luther King)
Resumo
Ávila, Álvaro Vasconcellos. Verificação de Jato de Baixos Níveis em Sete Tornados
nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil. 2016. 57f. Graduação em Meteorologia,
Faculdade de Meteorologia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2016.
O Jato de Baixos Níveis da América do Sul (JBNAS), observado a leste da Cordilheira
dos Andes, é responsável pelo transporte de calor e umidade das regiões tropicais em
direção às regiões subtropicais. Por este motivo, é de extrema importância para as
regiões sul e sudeste do Brasil, pois favorece a formação de fenômenos
meteorológicos, como Complexos Convectivos de Mesoescala, tempestades
supercelulares, dentre outros. Estes fenômenos podem ser muito destrutivos, por terem
condições de produzir tempo severo em superfície como, por exemplo, os tornados.
Neste projeto pretende-se melhorar o entendimento das influências do JBNAS nas
condições de formação de tornados nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Para isto,
foram selecionados sete casos específicos de tornados nos quais serão utilizados os
critérios propostos por Bonner em 1968 para caracterizar a ocorrência de JBNAS, com
dados do modelo Modern-Era Retrospective Analysis Research and Applications
(MERRA), disponibilizado pela National Aeronaltics and Space Administration (NASA).
Os campos serão confeccionados e visualizados utilizando o pacote GrADS. Quatro
dos sete casos apresentaram com características de JBN, estando no critério 1
adotado neste trabalho. A importância deste estudo se reflete na possibilidade de
melhorar o entendimento do Jato de Baixos Níveis da América do Sul (JBNAS) na
formação de tempestades tornádicas.
Palavra-Chave: JBNAS, Tempestades, Formação
Abstract
Ávila, Álvaro Vasconcellos. Verification of the Low Level Jet in seven cases of
Tornado in South and Southeast to Brazil 2016. 57f. Graduation in Meteorology,
Faculdade de Meteorologia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2016.
The level low jet of the South America (SALLJ), observed east of the Andes, its the
responsible for heat and humidity transport of the tropical regions toward the subtrópics.
For this reason,its of the inportat extremely for the South and Southeast regions of the
Brazil, it favor the formation the meteorological phenomena, as Mesoescala convective
complexes, Supercell storm, among others. This phenomena can be much
destructive,by having condictions to production strong storms in surface with , for
example, the tornadoes. This project its intended get better the understanding of the
influences of (SALLJ) in the condictions of the formation of tornadoes in regions south
and southeastern of the Brazil. For this, its selectioned, seven specific cases of
tornadoes . Will be used the Bonner criteria proposed in 1968 to caracterize the SALLJ,
as data of the model Modern-Era Retrospective Analysis Research and Applications
(MERRA), available for National Aeronaltics and Space Administration (NASA). And the
fields will be made and displayed for the GrADS program.
Four of the seven cases presented with characteristics of JBN, being in criterion 1
adopted in this work. The importance this study is reflected in possibility of improving the
understanding of SALLJ in the formation of the tornadic storms. 
Key-words: SALLJ, Storm, Formation.
Lista de figuras
Figura 1 Regiões onde há ocorrência de Jato de Baixos Níveis (JBN) ao redor
do planeta (áreas sombreadas)............................................................ 14
Figura 2 Escoamento do ar no nível de 850hPa (vetores) e convergência de
umidade integrada na vertical (sombreado), para os meses de NDJF
(figuras da esquerda) e MJJA (figuras da direita). Em (a) e (b)
campos médios para os quatro meses e (c) e (d) composição dos
campos para os dias em que foram identificados JBN (critério 1 de
Bonner, 1968)....................................................................................... 17
Figura 3 Modelo conceitual do jato de baixos níveis ao leste dos Andes,
transportando umidade da Amazônia (fluxo azul) e do oceano
Atlântico Subtropical (fluxo verde) para a Bacia do
Prata. ................................................................................................... 18
Figura 4 Porcentagem de eventos extremos no sul e sudeste da América do
Sul associados
a (a) JBNAS intensos e (b) JBNAS
fracos...................................................................................... 19
Figura 5 Esquema de dimensões de fenômenos meteorológicos..................... 20
Figura 6 localização dos municípios onde ocorreram os tornados analisados
neste estudo......................................................................................... 24
Figura 7 (A) Campo de pressão ao nível médio do mar e (B) imagem de
satélite geoestacionário, realçada no canal infravermelho, à 00UTC
de 22/07/2010, perto do horário do tornado ocorrido em
Canela/RS............................................................................................ 25
Figura 8 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes e (C), (D)
12 horasantes do tornado na cidade de Canela/RS..... ...................... 26
Figura 9 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 06 horas antes do tornado
e (C), (D) no horário (aproximado) de ocorrência do tornado na
cidade de Canela/RS........................................................... 27
Figura 10 (A) Campo de pressão ao nívelmédio do mar e (B) imagem de
satélite geoestacionário, realçada no canal infravermelho, às 21UTC
de 16/02/2008, pertodo horário do tornado ocorrido em
Tubarão/SC........................................................................................... 28
Figura 11 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes, (C), (D)
12 horas antes (E), (F) 6 horas antes e (G), (H) próximo do horário
do tornado na cidade de Tubarão/SC,em16/02/2008........................... 29
Figura 12 A) Campo de pressão ao nível médio do mar e (B) imagem de
satélite geoestacionário, realçada no canal infravermelho, às 18UTC
de 21/04/2013, perto do horário do tornado ocorrido em
Xanxerê/SC.......................................................................... 31
Figura 13 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes e (C), (D)
12 horas antes do tornado na cidade de Xanxerê/SC, em
21/04/2013............................................................................ 32
Figura 14 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 6 horas antes e (C), (D)
próximo do horário do tornado na cidade de Xanxerê/SC, em
21/04/2013............................................................................ 33
Figura 15 A) Campo de pressão ao nível médio do mar e (B) imagem de
satélite geoestacionário, realçada no canal infravermelho, às 20UTC
de 22/09/2013, perto do horário do tornado ocorrido em
Taquarituba/SP...................................................................... 34
Figura 16 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes e (C), (D)
12 horas antes do horário do tornado na cidade de Taquarituba/SP,
em 22/09/2013................................................................................... 35
Figura 17 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 6 horas antes e (C), (D)
próximo do horário do tornado na cidade de Taquarituba/SP, em
22/09/2013............................................................................................ 36
Figura 18 (A) Campo de pressão ao nível médio do mar às 20UTC de
24/05/2005, perto do horário do tornado ocorrido em Indaiatuba/SP
e (B) imagem de satélite geoestacionário, realçada no canal
infravermelho, às 20:54UTC................................................................. 37
Figura 19 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes e (C), (D)
12 horas antes do horário do tornado na cidade de Indaiatuba/SP,
em 24/05/2005,.................................................................................... 38
Figura 20 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 6 horas antes e (C), (D)
próximo do horário do tornado na cidade de Indaiatuba/SP, em
24/05/2005. ......................................................................................... 39
Figura 21 (A) Campo de pressão ao nível médio do mar às 15UTC de
29/03/2006 e (B) imagem de satélite geoestacionário, realçada no
canal infravermelho, às 15:10UTC, perto do horário do tornado
ocorrido em Piracicaba/SP.................................................................... 40
Figura 22 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes e (C), (D)
12 horas antes do horário do tornado na cidade de Piracicaba/SP,
em 29/03/2006.................................................................................... 41
Figura 23 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 6 horas antes e (C), (D)
próximo do horário do tornado na cidade de Piracicaba/SP, em
29/03/2006........................................................................................... 42
 
Figura 24 (A) Campo de pressão ao nível médio do mar e (B) imagem de
satélite geoestacionário, realçada no canal infravermelho, às 21UTC,
perto do horário do tornado ocorrido em Lins/SP, em 25/12/2008 às
21UTC................................................................................................. 43
Figura 25 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes e (C), (D)
12 horas antes do tornado na cidade de Lins/SP, em
25/12/2008........................................................................................... 44
Figura 26 Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 06 horas antes do tornado
e (C), (D) no horário (aproximado) de ocorrência do tornado na
cidade de Lins/SP, em 25/12/2008....................................................... 45
Lista de Tabelas
Tabela 1 Escala F-Fujita...................................................................... 22
Tabela 2 Relação dos locais, com as respectivas datas e horários
(UTC), onde ocorreram os eventos tornádicos em estudo.
Nas últimas 3 colunas à direita estão indicados os horários
correspondentes aos períodos anteriores à ocorrência dos
tornados em 6, 12 e 18 horas, respectivamente.................. 25
Sumário
1 Introdução 12
2 Revisão de Literatura 14
 2.1 Jato de Baixos Níveis no Mundo 14
 2.2 Jato de Baixos Níveis na América do Sul 16
 2.3 O tornado 21
3 Metodologia 22
 3.1 Modelagem Atmosférica 22
 3.2 Imagem de Satélite Geoestacionário 24
4 Resultados e Discussões 25
 4.1 Caso 1: Canela-RS 23
 4.1.1 Breve análise Sinótica 24
 4.1.2 Escoamento em Baixos níveis 25
 4.2 Caso 2: Tubarão-SC 26
 4.2.1 Breve análise Sinótica 27
 4.2.2 Escoamento em Baixos níveis 27
 4.3 Caso 3: Xanxerê-SC 28
 4.3.1 Breve análise Sinótica 28
 4.3.2 Escoamento em Baixos níveis 29
 4.4 Caso 4: Taquarituba-SP 30
 4.4.1 Breve análise Sinótica 31
 4.4.2 Escoamento em Baixos níveis 31
 4.5 Caso 5: Indaiatuba-SP 33
 4.5.1 Breve análise Sinótica 34
 4.5.2 Escoamento em Baixos níveis 34
 4.6 Caso 6: Piracicaba-SP 39
 4.6.1 Breve análise Sinótica 40
 4.6.2 Escoamento em Baixos níveis 46
 4.7 Caso 7: Lins-SP 42
 4.7.1 Breve análise Sinótica 43
 4.7.2 Escoamento em Baixos níveis 43
 5 Conclusões 45
Reviisão Bibliográfica 47
1 Introdução
Na região Sul da América do Sul é muito comum a formação de fenômenos
meteorológicos intensos com grande potencial para causar tempo severo em
superfície. Dentre estes fenômenos, podem ser citadas as tempestades convectivas
individuais (unicelulares, multicelulares e supercelulares), complexos convectivos de
mesoescala, sistemas frontais, vórtices ciclônicos de altos níveis e ciclones
extratropicais (REBOITA et al., 2012). Para a sociedade como um todo, a ocorrência de
tempo severo é extremamente impactante, pois está associada ao elevado grau de
destruição observado, na medida em que ocorrem prejuízos tanto econômicos quanto
sociais, inclusive com perdas de vidas em sua região ocorrente (DAVIES-JONES et al.
2001). 
Geralmente, as tempestades supercelulares são as que possuem maior
potencial de destruição, sobretudo se apresentarem transição tornádica (formação de
tornado). As supercélulas, além de ventos fortes, geram grandes quantidades de
granizo e chuvas torrenciais (BLUESTEIN, 2013). Desta forma, quanto maior a
compreensão destes fenômenos destrutivos e dos fatores meteorológicos que podem
favorecer a formação dos mesmos, melhor será a sua previsão. Previsões mais
precisas conduzem a um tempo maior para que (eventuais) medidas de segurança e
proteção à população sejam colocadas em operação. 
Um dos fatores meteorológicos de muita importância na formação dos sistemas
meteorológicos que podem gerar estes fenômenos destrutivos, é o Jato de Baixos
Níveis (JBN). Na América do Sul, o JBN consiste em um escoamento que transporta
umidade e calor da Amazônia para as regiões Sul e Sudeste do Brasil (MARENGO et
al., 2004). 
Uma das definições de JBN mais citadas na literatura é aquela estabelecida por
Bonner (1968). Com base em dados de radiossondagens realizadas perto das
Montanhas Rochosas (a oeste dos Estados Unidos da América), os eventos de JBNocorrem no lado leste de uma topografia elevada, cobrindo extensas áreas e
apresentando ventos com altas velocidades próximo de 2.000 m de altitude. Neste
sentido, as Montanhas Rochosas e a Cordilheira dos Andes apresentam similaridades,
dado que ambas estendem-se desde as regiões tropicais até regiões subtropicais nas
Américas do Norte e Sul, respectivamente, influenciando na ocorrência do JBN
(MARENGO; SOARES, 2002).
Na América do Sul, sabe-se que quando JBN são observados, existe um
favorecimento ao desenvolvimento e manutenção de intensos sistemas convectivos
(SALIO et al., 2007), incluindo as regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde há vários
registros de tornados (SILVA DIAS, 2011). Neste contexto, o objetivo principal deste
estudo é o de verificar se houve ocorrência do Jato de Baixos Níveis (JBN) em
situações de tornados nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Os casos específicos a
serem analisados são os eventos tornádicos ocorridos nas cidades de Canela,
localizada no Rio Grande do Sul, Tubarão e Xanxerê, localizadas em Santa Catarina,
Taquarituba, Indaiatuba, Piracicaba e Lins, localizadas no estado de São Paulo.
Como objetivos específicos, podem ser citados:
a) Identificar a ocorrência de JBN;
b) Verificar a localização e extensão espacial do JBN, se houver, em relação à
ocorrência das tempestades tornádicas;
c) Verificar o período, anterior à ocorrência tornádica, no qual o JBN, se houver,
já esteve atuante sobre a região.
2 Revisão de Literatura
2.1 Jato de Baixos Níveis no Mundo
O Jato de Baixos Níveis (JBN) é um fenômeno meteorológico estudado por
diversos cientistas ao redor do globo. Pesquisas frequentes sobre este evento tem sido
realizadas e consideradas de extrema importância para diversas áreas da
meteorologia. Stensrud (1996) estudou possíveis causas da ocorrência do JBN em
diferentes locais no planeta. Na figura 1 são mostrados os locais de ocorrência do JBN
(regiões sombreadas), avaliados por Stensrud. Na América do Sul (AS) o JBN ocorre a
leste da Cordilheira dos Andes e pode se estender deste a região tropical até regiões
de latitudes médias. Ainda, nesta figura estão demarcadas regiões onde pode haver
atividade convectiva intensa (regiões retangulares). Nas Américas do Norte e do Sul, é
remarcável a sobreposição das áreas onde o JBN pode ocorrer com aquelas onde há
intensa formação de nuvens convectivas.
Figura 1 - Regiões onde há ocorrência de Jato de Baixos Níveis (JBN) ao redor do planeta (áreas
sombreadas).
Fonte: STENSRUD, 1996.
Dentre as diferentes causas de ocorrência de JBN, Stensrud (1996) destaca: a
oscilação inercial (ação da força de Coriolis desviando os ventos alísios), efeitos de
terreno (essencialmente associados à topografia), forçante isalobárica (um JBN pode
se desenvolver em associação à circulação ageostrófica, transversal ao eixo do jato de
altos níveis) e baroclinidade (importante em locais onde há contraste nas
características da superfície). Naquele artigo o autor envolveu importantes fatores,
também investigados por outros pesquisadores anteriormente. Bonner (1968) havia
comentado sobre o importante papel do relevo na formação do JBN. Berry e Izunza
(1993) avaliaram, além dos efeitos topográficos, mecanismos adicionais, como o ciclo
diurno de aquecimento e flutuabilidade na ativação do JBN. Wu e Raman (1997)
acrescentaram a forçante sinótica como causas de formação de JBN, àquelas já
destacadas por Stensrud (1996). 
Para identificar um escoamento como sendo um JBN, é preciso estabelecer
critérios. Neste sentido, Bonner (1968) fez um trabalho pioneiro, baseado em dois anos
de dados de 47 estações de radiossondagens localizadas a leste das Montanhas
Rochosas. As radiossondas foram lançadas nos dois horários sinóticos (12UTC e
00UTC, Tempo médio do Meridiano de Greenwich). Os critérios propostos pelo autor,
mundialmente aceitos e utilizados, são baseados na intensidade dos ventos em baixos
níveis e no cisalhamento vertical, também em baixos níveis. Bonner destacou que o
JBN possui muitas oscilações, sendo que a máxima ocorrência foi observada nos
meses de agosto e setembro (verão boreal). Assimilando estes critérios nos seus
estudos, diversos autores destacaram a importância do JBN e suas influências em
diferentes partes do globo como, por exemplo, na África (FINDLATER, 1969), Europa
(BROWNING, 1973), América do Norte (BONNER, 1968) e América do Sul (VIRJI,
1981; BERRI; IZUNZA , 1993; PEAGLE, 1997; VERA et al., 2006).
A ocorrência do JBN nas Grandes Planícies dos Estados Unidos da América é
de extrema relevância para se analisar o transporte de umidade e calor trazido do Golfo
do México para dentro do continente Norte-Americano, gerando contraste de
temperatura e áreas de convecção e, consequentemente, podendo produzir intensas
tempestades (MEANS, 1952; BONNER, 1968; WHITEMAN, 1997) Esta condição
também é observada no continente Sul-Americano, na medida em que o JBN
transporta calor e umidade da região Amazônica em direção ao Sul da América do Sul,
como será visto a seguir. 
2.2 Jato de Baixos Níveis Na América do Sul
Analogamente ao Jato de Baixos Níveis das Grandes Planícies dos Estados
Unidos da América, tem-se na América do Sul, o Jato de Baixos Níveis da América do
Sul (JBNAS), assim denominado por Zipser et al. (2004). Este escoamento causa
impactos nos fluxos horizontais e verticais de temperatura e umidade, favorecendo o
desenvolvimento de tempestades ao norte da Argentina, centro-sul do Paraguai e nas
regiões Sul e Sudeste do Brasil (SALIO et al., 2002 ; MARENGO et al., 2004; SILVA
DIAS, 2002; NICOLINI; SAULO, 2000). Pode ser observado como uma corrente de
vento que aparece em qualquer época do ano a leste da Cordilheira dos Andes (MEJIA,
2004; MARENGO et al., 2004; DOUGLAS et al., 1998). 
O número de estações de ar superior, com lançamento de radiossondagens,
localizadas na América do Sul não é suficiente para uma descrição completa do ciclo
temporal e estrutura tridimensional do Jato de Baixos Níveis da América do Sul. Assim,
para uma melhor análise deste fenômeno, a maioria dos estudos utiliza dados oriundos
de modelos atmosféricos, inclusive com assimilação de dados (WANG; PEAGLE,
1996). Com dados de duas estações da Argentina e utilizando um modelo de
mesoescala para a simulação dos campos de vento, Berri e Inzunza (1993) mostraram
que o evento de JBN da América do Sul é um mecanismo eficiente para o transporte de
umidade. Cerca de 44% do fluxo de vapor d'água que adentra na Bacia Amazônica
pelos ventos alísios se propaga em outras direções, condicionando o clima em outras
regiões da América do Sul, dentre as quais podem ser citadas as regiões Sul e Sudeste
do Brasil. A quantidade de vapor d'água transportado também dependente da Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT), pois sua posição varia ao longo do ano (SALATI et
al., 1979).
O JBNAS possui variações ao longo do ano, destacando-se mais em
determinadas estações. Durante o verão austral (meses de dezembro, janeiro e
fevereiro), este jato possui maior frequência de aparição, enquanto que no inverno
austral (meses de junho, julho e agosto) aparece com menor frequência (SALIO et al.,
2002; MARENGO et al., 2004). Marengo et al. (2004) notaram que eventos JBN são
mais intensos no verão e transportam grandes quantidades de umidade para as regiões
localizadas no sul da América do Sul, favorecendo a ocorrência de eventos extremos
de precipitação. Isto se deve pelo fato de que no verão austral, a Bacia Amazônica émais aquecida pela radiação solar e, por conseguinte, dada a maior evaporação, atua
como fornecedor adicional de umidade e de calor para o escoamento associado a este
jato. Além disto, os autores ainda mostraram que o JBN da América do Sul mantém sua
configuração durante todo o ano, como mostra a figura 2, sendo influenciado pela Alta
Subtropical do Atlântico Sul (ASAS). É possível ver que durante o período do verão
(Figuras 2A, 2C), ocorre um notável desvio dos ventos alísios que adentram pelo
interior do continente Sul-Americano e escoam em direção às latitudes mais altas a
leste dos Andes. Além disto, a ASAS encontra-se com menor intensidade e mais
afastada do continente. Ao contrário, no inverno (Figuras 2B, 2D) a ASAS se encontra
intensificada e posicionada mais ao norte da América do Sul e próxima do continente.
Os alísios, enfraquecidos, se dirigem para o Sul e Sudeste do Brasil. No inverno, o
JBNAS tende a estar localizado mais ao sul de sua posição no verão e concentra o
transporte de calor e umidade para sul do Brasil.
Figura 2 – Escoamento do ar no nível de 850hPa (vetores) e convergência de umidade integrada na
vertical (sombreado), para os meses de NDJF (figuras da esquerda) e MJJA (figuras da
direita). Em (a) e (b) campos médios para os quatro meses e (c) e (d) composição dos
campos para os dias em que foram identificados JBN (critério 1 de Bonner, 1968).
Fonte: MARENGO et al., 2004.
Vera et al. (2006) reforçaram os diversos mecanismos que podem ativar o
JBNAS, como o desvio dos ventos alísios que passam sobre a Bacia Amazônica,
circulações locais, topografia e incluíram as variações no campo de pressão ao norte
da Argentina, associadas a perturbações dos sistemas transientes, por proporcionar a
propagação das rajadas de ventos em baixos níveis em direção à Bacia do Prata,
desde a Bacia Amazônica. O modelo conceitual desenvolvido por estes autores para o
JBNAS é mostrado na figura 3. Observa-se o escoamento dos ventos alísios
adentrando no continente Sul-Americano que, ao passar pela região Amazônica,
recebe uma quantidade adicional de umidade, devido à evapotranspiração das florestas
tropicais. As velocidades deste escoamento aumentam nas proximidades do Altiplano
boliviano, formando o JBN. Também, observa-se a interação entre este escoamento de
norte com a circulação associada à ASAS. Na saída do JBN existem condições
favoráveis para a ocorrência de aglomerados convectivos (SALIO et al., 2007) que, por
sua vez, podem causar tempo severo em superfície. Ambrizzi e Weykamp (2006)
destacaram que ao norte da Argentina, Uruguai, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
Paraná, a ocorrência de eventos extremos de precipitação está relacionado com o JBN
em 70% dos casos. 
Figura 3 - Modelo conceitual do jato de baixos níveis ao leste dos Andes, transportando umidade da
Amazônia (fluxo azul) e do oceano Atlântico Subtropical (fluxo verde) para a Bacia do Prata. 
Fonte: VERA et. al., 2006.
Uma maneira frequentemente utilizada para avaliar a variabilidade do JBN é
analisar a concentração de extremos de chuva com eventos de jatos, como fizeram
Liebmann et al. (2004). Os autores estudaram eventos extremos de precipitação em
situações de condições fracas e fortes de JBN e constatam, como mostra a figura 4,
que as áreas de saída do JBN coincidem com as regiões de maior precipitação. Tais
regiões ocorreram no Sul e Sudeste da América do Sul, evidenciando o impacto de
eventos JBN no transporte de umidade da Amazônia.
Figura 4 - Porcentagem de eventos extremos no sul e sudeste da América do Sul associados a (a)
JBNAS intensos e (b) JBNAS fracos.
Fonte: LIEBMANN et al., 2004.
Ainda não é possível afirmar que em eventos El Niño Oscilação Sul (ENOS), a
intensidade e frequência do JBNAS são mais fortes ou mais fracas (MARENGO et al,
2004), por não haver evidências estatísticas suficientes. Segundo Silva et al., (2009), a
variabilidade da ENOS pode afetar o número de eventos. Os autores realizaram um
estudo climatológico de eventos JBNAS, analisando os meses de dezembro, janeiro e
fevereiro do período compreendido entre os anos 1950 e 2003. Os autores perceberam
que, em média, o mês de janeiro foi o que mais apresentou eventos JBNAS, com cerca
de 7 ocorrências por mês. Também, nos anos considerados neutros (quando não há
ocorrência da ENOS), os eventos JBNAS apresentaram variabilidade marcante,
mostrando que, embora ainda sem comprovação estatística, estes eventos podem
apresentar dependência com a ENOS.
2.4 O tornado
Tempestades unicelulares (ou nuvens Cumulonimbus, Cb) podem causar
tornados mas, na maioria dos casos, menos intensos do que os provocados pelas
demais tempestades (multicelulares e supercelulares). As tempestades unicelulares se
formam em ambientes com fraco cisalhamento vertical do vento (BYERS; BRAHAM,
1949). O fenômeno conhecido como tornado tem ocorrência de minutos até horas,
podendo possuir diferentes tamanhos e formas rotacionais. Diferentes mecanismos que
aceleram uma condição instável na atmosfera podem ser forçantes para a gênese
deste evento extremo (AGUADO; BURT, 1999). Fujita (1981) ainda define um tornado
como sendo um vento rodopiante altamente convergente, atuando em uma parte
relativamente estreita do solo e que causa um rastro de destruição, podendo
apresentar diferentes intensidades de vento. A formação de um tornado está fortemente
associada com o cisalhamento vertical do vento na atmosfera no qual se formam as
tempestades que favorecem o início do processo tornádico (WEISMAN; KLEMP, 1986).
Fujita (1981) e Orlanski (1975) classificaram tornados como eventos de pequena
escala, com extensão horizontal típica da ordem de 20m a 2km e escala temporal da
ordem do minuto até uma hora, conforme mostra o esquema ilustrativo da figura 5.
Figura 5 - Esquema de dimensões de fenômenos meteorológicos. 
Fonte: MARKOWSKI; RICHARDSON, 2010, pág. 4.
Tornados podem ocorrer em qualquer época do ano, porém são mais comuns na
primavera, sendo o período ideal para a convecção devido à diferença de temperatura
entre a superfície e os níveis superiores (NECHET, 2002). Fujita (1971) apud Fujita
(1981) apresentou uma escala de classificação dos tornados de acordo com a
velocidade do vento e a destruição do mesmo, associando a velocidade do vento do
fenômeno (em m/s) com os danos provocados por onde passou. Esta escala foi
nomeada como escala-F, apresentada na tabela 1. 
Tabela 1 - F -Escala Fujita para a classificação de tornados. 
Fonte: Adaptado de Fujita, (1983)
CLASSIFICAÇÃO VENTO (KM/H) ESPECIFICAÇÕES
F0 64,8 – 115,2 Danos leves: Chaminés, quebra de galhos de arvores, placas de sináis
F1 118,8 – 176,4 Danos moderados: danos em telhados, automoveis empurrados. 
F2 180 – 248,4 Danos Consideráveis: Telhados arrancados, vagões empurrados.
F3 252 – 331,2 Danos Severos: Paredes arrancadas de casas bem construidas.
F4 334,6 – 417,6 Danos Devastadores: Estrutura com base fraca arrancada, carros lançados.
F5 421,2 – 511,2 Danos Incríveis: Fortes casa de madeira levadas a distâncias consideraveis.
3 Metodologia
3.1 Modelagem Atmosférica
Para obter as características do escoamento do ar em baixos níveis, foram utilizados
dados do modelo Modern-Era Retrospective Analysis For Research And Applications
(MERRA), que trata-se de dados de reanalises, disponibilizado pela National
Aeronautics and Space Administration (NASA), no site
http://gmao.gsfc.nasa.gov/research/merra/. A resolução espacial do conjunto de dados
utilizado é de 0,5º em latitude e de 0,625º em longitude, com resolução temporal de 1
hora.
Paraidentificar o JBN, foi utilizado o critério 1 de Bonner (1968), no qual a
magnitude do vento deve ser de, pelo menos, 12m/s no nível de máxima intensidade
(1km de altitude) com diminuição de, pelo menos, 6m/s acima deste nível e abaixo de
aproximadamente 3km. No entanto, uma vez que os dados disponíveis estão em níveis
de pressão, foram utilizados os dados de ventos nos níveis mais próximos das alturas
1km e 3km, considerando uma atmosfera padrão. Assim, o nível de 850hPa foi utilizado
para analisar o escoamento ao nível do JBN e o nível de 700hPa para avaliar a
variação vertical do vento.
A tabela 2 mostra o dia e horário (aproximado) de ocorrência cada evento
tornádico em análise neste estudo e os horários correspondentes a intervalos
anteriores ao evento. Assim, os campos de ventos foram analisados em quatro
momentos: 
a) dezoito horas antes da formação tornádica;
b) doze horas antes;
c) seis horas antes e
d) no horário (aproximado) de ocorrência do tornado.
Tabela 2 – Relação dos locais, com as respectivas datas e horários (UTC), onde ocorreram os eventos
tornádicos em estudo. Nas últimas 3 colunas à direita estão indicados os horários
correspondentes aos períodos anteriores à ocorrência dos tornados em 6, 12 e 18 horas,
respectivamente.
No âmbito deste estudo, como o foco principal é analisar a formação ou não do
JBN nos dias da formação das tempestades, as condições atmosféricas presentes
foram avaliadas superficialmente. Sendo assim, foi feito o campo de pressão ao nível
médio do mar no horário mais próximo daquele em que o tornado aconteceu nos sete
casos selecionados. Para a plotagem dos campos foi utilizado o pacote de visualização
GrADS. O GrADS é uma ferramenta gráfica que executa um arquivo de dados de 4
dimensões, relativas à latitude, longitude, nível vertical e tempo. 
Cabe acrescentar que a análise das destruições provocadas pelos tornados
foram analisadas por imagens (fotos e vídeos) disponibilizadas na internet, nos meios
de comunicação e redes sociais. 
3.2 Imagens de Satélite Geoestacionário
Foram utilizadas imagens do satélite geostacionário, da série GOES
(Geostationary Operational Environmental), realçadas no canal infravermelho, para
avaliar a nebulosidade associada aos eventos tornádicos em estudo. Estas imagens
são disponibilizadas pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC),
vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Canela/RS 22/07/10 6 (21/07) 12 (21/07) 18 (21/07) 0
Tubarão/SC 16/02/08 3 9 15 21
Xanxerê/SC 20/04/15 0 6 12 18
Taquarituba/SP 22/09/13 2 8 14 20
Indaiatuba/SP 24/05/05 3 9 15 21
Piracicaba/SP 29/03/06 21 (28/03) 3 9 15
Lins/SP 25/12/08 4 10 16 22
Local do evento 
(Cidade/estado)
Data do evento Hora do evento 
T-18 (UTC)
Hora do evento – 6h 
T-12 (UTC)
Hora do evento – 12h
T-06 (UTC)
Hora do evento – 18h
T-00 (UTC)
4 Resultados e Discussões
Na figura 6 são mostradas as localizações geográficas das cidades nas
quais ocorreram os tornados analisados neste trabalho. Trata-se dos tornados
ocorridos nas cidades de Canela, localizada no estado do RS, Xanxerê e Tubarão,
localizadas em SC e Taquarituba, Indaiatuba, Piracicaba e Lins, localizadas em SP.
Figura 6 – Localização dos municípios onde ocorreram os tornados analisados neste estudo.
Cada um destes casos de estudo será analisado individualmente, como mostrado a
seguir.
4.1 Caso 1: Canela/RS
A cidade de Canela está localizada na serra do Rio Grande do Sul, com coordenadas
geográficas de latitude 29º 21' 56" S e longitude 50º 48' 56" W. Foi atingida, na noite do
dia 21 de julho de 2010, por um tornado classificado como F2 na escala Fujita.
Segundo fontes divulgadas na mídia, houve relatos da passagem tornádica perto de
21HL (hora local) correspondente a 00UTC do dia 22. O evento produziu estragos
devastadores durante a noite. Não existem imagens do tornado. Segundo a Defesa
Civil do estado do RS (DEFESA CIVIL, 2016), cerca de 488 casas do município foram
danificadas, 250 árvores foram derrubadas, dentre outros estragos. A estação
automática do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) registrou rajadas de vento de
124km/h. Dada a magnitude das destruições, este caso foi classificado como um
tornado F2 na escala F (FUJITA, 1973).
4.1.1 Breve análise sinótica
Na noite da ocorrência do tornado no município de Canela-RS, a atmosfera
apresentava-se instável sobre o estado, devido a um sistema de baixa pressão,
localizado a sudeste do Rio Grande do Sul, sobre o Oceano Atlântico , associado a um
sistema frontal (Figura 7A). De acordo com a imagem de satélite (Figura 7B), percebe-
se uma faixa de nebulosidade orientada no sentido Noroeste-Sudeste, associada ao
ramo frio do sistema frontal. Neste horário, 00UTC de 22/07/2010, o ciclone associado
ao sistema frontal atuante sobre o RS foi perdendo de intensidade. Coelho (2016)
apresentou uma descrição detalhada das condições de grande escala deste caso de
estudo, mostrando que o cavado orientado no sentido Noroeste-Sudeste, deu origem à
ciclogênese próxima da costa do RS, responsável pela instabilidade observada sobre o
estado. A região da serra gaúcha foi a mais afetada pela nebulosidade,
aproximadamente 6 horas após a frontogênese.
Figura 7 – (A) Campo de pressão ao nível médio do mar e (B) imagem de satélite geoestacionário,
realçada no canal infravermelho, à 00UTC de 22/07/2010, perto do horário do tornado ocorrido em
Canela/RS.
Fonte: DSA/INPE
4.1.2 Escoamento em baixos níveis
O escoamento em baixos níveis, 18 horas antes do evento, às 6UTC do dia 21
de julho de 2010 (Figuras 8A, 8B), mostra que o JBN se estendeu a Bolívia até o
Oceano Atlântico Sul. Em grande parte do Rio Grande do Sul, as magnitudes dos
ventos estavam acima de 12m/s. A intensidade deste escoamento aumentou com o
passar do tempo, apresentando predominância de valores superiores a 24m/s desde o
leste da Bolívia até o Noroeste do RS, onde se encontra a Serra gaúcha (Figuras 8C,
8D), 12 horas antes da ocorrência do evento tornádico em Canela.
A B
Figura 8 - Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes e (C), (D) 12 horas antes do tornado
na cidade de Canela/RS, demarcado com o ponto em azul.
À medida que se aproxima o horário do evento tornádico em Canela, a extensão
do escoamento JBN é mantida, com valores máximos limitados ao leste da Bolívia e
norte do Paraguai (Figuras 9A, 9B), 6 horas antes. Próximo ao horário do evento
tornádico, observa-se confluência dos ventos e aumento nas velocidades, próximo ao
horário de ocorrência do tornado sobre a região da Serra gaúcha (Figuras 9C, 9D).
Neste horário, os máximos superiores a 24m/s associados ao JBN estão localizados
exclusivamente sobre o Noroeste do RS, se estendendo até o Atlântico Sul.
Figura 9 – Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 06 horas antes do tornado e (C), (D) no horário
(aproximado) de ocorrência do tornado na cidade de Canela/RS demarcado com ponto azul.
4.2 Caso 2: Tubarão/SC
A cidade de Tubarão, localiza-se no Estado de Santa Catarina na latitude 28º 28'
00"S e longitude 49º 00' 25" W, a 9m de altitude, foi atingida por um tornado no dia 16
de fevereiro de 2008, classificado como F1, na escala Fujita, por meteorologistas da
EPAGRI/CIRAM. De acordo com a Defesa Civil (2016), cerca de 10 árvores foram
arrancadas e 2 casas tiveram seus telhados arrancados e algumas casas danificadas.
Este tornado ocorreu entre 20UTC e 21UTC do dia 16 de fevereiro de 2008, tendo
também provocado estragos em lavouras de fumo e milho, derrubou eucaliptos, semvítimas fatais.
4.2.1 Breve análise sinótica
Ao analisar o campo de pressão em superfície (Figura 10A) é possível notar que,
sobre o litoral de Santa Catarina, a isóbara de 1010hPa apresenta uma curvatura,
formando um cavado sobre o litoral sul de SC. Este cavado é favorável a instabilidades
sobre a região, com o desenvolvimento de movimentos ascendentes e a possível
formação de tempestades. No Oceano Atlântico Sul, nota-se o centro do sistema de
alta pressão. Olhando a imagem de satélite (Figura 10B), nota-se um núcleo convectivo
na região do cavado mencionado.
Figura 10 – (A) Campo de pressão ao nível médio do mar e (B) imagem de satélite geoestacionário,
realçada no canal infravermelho, às 21UTC de 16/02/2008, perto do horário do tornado
ocorrido em Tubarão/SC.
Fonte: DSA/INPE
4.2.2 Escoamento em baixos níveis
No caso do tornado em Tubarão/SC, não há escoamento característico de JBN,
nem em magnitude nem em direção. A circulação da Alta Subtropical do Atlântico Sul
está associada ao escoamento de nordeste visto no litoral de Santa Catarina, 18 horas
antes (Figuras 11A, 11B), 12 horas antes (Figuras 11C, 11D), 6 horas antes (Figuras
11E, 11F) e próximo do horário (Figuras 11G, 11H) do evento. 
Figura 11 - Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes, (C), (D) 12 horas antes, (E), (F) 6
horas antes e (G), (H) próximo do horário do tornado na cidade de Tubarão/SC, em
16/02/2008, demarcada com o ponto em azul.
4.3 Caso 3: Xanxerê/SC
O município de Xanxerê localiza-se no oeste do estado de Santa Catarina, nas
coordenadas geográficas de 26º52'37" S em latitude e 52º24'15" W em longitude.
Encontra-se a 800m de altitude e foi atingido na tarde do dia 21 de abril de 2013 por um
evento que provocou um tornado, perto de 18UTC. Segundo a mídia, Corpo de
Bombeiros e Polícia Militar da cidade, mais de 2600 casas foram danificadas por este
tornado, duas torres de energia elétrica foram arrancadas (torres estas que devem
suportar ventos de até 200km/h), além de outros danos. Devido à extensão dos
estragos provocados por este tornado, foi classificado como de categoria F2-F3 pelos
meteorologistas do INMET, embora na estação meteorológica do INMET tenha havido o
registro de ventos de 80km/h. Estima-se que as velocidades foram bem superiores,
dado que aquela estação está localizada distante em cerca de 50km ,
aproximadamente, do local onde o tornado tocou o solo. 
4.3.1 Breve análise sinótica
Próximo do horário de um tornado atingir a cidade de Xanxerê-SC, um intenso
sistema de alta pressão (com centro de 1022hPa) estava localizado sobre o extremo
sul do RS, metade sul do Uruguai e Oceano Atlântico adjacente. Sobre o estado de
Santa Catarina é possível notar uma crista seguida de um cavado, desestabilizando a
região de estudo (Figura 12A). A instabilidade prevista pelo modelo MERRA é vista na
imagem de satélite (Figura 12B), com a formação de aglomerados convectivos, com
temperaturas de brilho de topo das nuvens da ordem de -70ºC sobre o estado de SC,
devido a aproximação de um sistema frontal. 
Figura 12 – (A) Campo de pressão ao nível médio do mar e (B) imagem de satélite geoestacionário,
realçada no canal infravermelho, às 18UTC de 21/04/2013, perto do horário do tornado
ocorrido em Xanxerê/SC.
Fonte: DSA/INPE
4.3.2 Escoamento em baixos níveis
Contrariamente ao visto no item anterior, relativo ao tornado ocorrido em
Tubarão/SC, o escoamento de baixos níveis, associado ao JBN deste caso, esteve
presente durante todo o período de tempo analisado (desde 18 horas antes até o
horário de ocorrência do tornado de Xanxerê), sendo que as regiões de velocidades
máximas estiveram presentes perto da região onde ocorreu o tornado até cerca de 6
horas antes de sua ocorrência.
Em baixos níveis e 18 horas antes do evento de Tubarão (Figuras 13A, 13B), a
presença de um escoamento de noroeste sobre a região central da América do Sul já é
notável. Percebe-se um núcleo com velocidade dos ventos de 12m/s envolvendo o
extremo norte do RS, oeste de SC, sudoeste do PR e leste do Paraguai. No oeste de
SC, onde está localizada a cidade de Xanxerê (ver Figura 7), estes ventos aumentam
de intensidade 12 horas antes da ocorrência tornádica (Figuras 13C, 13D). Este
aumento também é observado desde o leste da Bolívia (com máximo de 20-24m/s no
sul) e Paraguai. 
Figura 13 - Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes e (C), (D) 12 horas antes do
tornado na cidade de Xanxerê/SC, em 21/04/2013, demarcado com o ponto em azul.
No período compreendido entre 6 horas antes (Figuras 14A, 14B) e próximo do
tornado atingir o município de Xanxerê-SC (Figuras 14C, 14D), é possível perceber que
o jato adquire uma configuração mais meridional, em relação ao visto nos horários
anteriores. 
Figura 15 - Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 6 horas antes e (C), (D) próximo do horário do
tornado na cidade de Xanxerê/SC, em 21/04/2013, demarcado com o ponto em azul.
4.4 Caso 4: Taquarituba/SP
O município de Taquarituba está localizado no estado de São Paulo, com latitude
de 23º 31' 59" S e longitude de 49º 14' 40" W, a 618m de altitude, de acordo com a
regionalização do IBGE. O tornado que atingiu esta cidade ocorreu no dia 22 de
setembro de 2013, em torno de 20UTC e foi classificado como F1 pelo meteorologista
Fabio Rocha, do CPTEC/INPE. Este tornado derrubou árvores e causou diversos
acidentes de trânsito, além de danificar silos de armazenamento de grãos e deixar
parte da cidade sem energia elétrica, após arrancar os cabos da rede elétrica.
4.4.1 Breve análise sinótica
O campo de pressão ao nível médio do mar mostra um sistema de baixa
pressão no leste da América do Sul, com centro de 999hPa no sul da Bolívia (Figura
15A). No leste do estado do PR e sul do estado de SP, observam-se aglomerados
convectivos que formam-se devido ao avanço do sistema frotnal sobre a região (Figura
15B), associados às regiões de baixas pressões, com temperaturas de brilho do topo
das nuvens a partir de -60ºC. 
Figura 15 – (A) Campo de pressão ao nível médio do mar e (B) imagem de satélite geoestacionário,
realçada no canal infravermelho, às 20UTC de 22/09/2013, perto do horário do tornado
ocorrido em Taquarituba/SP.
4.4.2 Escoamento em baixos níveis
Em baixos níveis o escoamento em 850hPa a 18 horas antes do tornado na
cidade de Taquarituba (Figuras 16A, 16B) há um fluxo na corrente de vento desviado
pela Cordilheira dos Andes, para a região sudeste do Brasil. O escoamento JBN
apresenta núcleos com velocidades entre 20m/s e 24 m/s sobre o leste da Bolívia, que
se estende sobre o Paraguai, Mato Grosso do Sul, Paraná (Figuras 16C, 16D) 12 horas
antes do tornado. Sobre a região onde Taquarituba está localizada (ver Figura 7), as
velocidades dos ventos eram de 12m/s. Neste período começa a ficar configurada uma
estrutura de confluência de ventos associada a um campo de deformação, cujo eixo de
dilatação acompanhando os maiores valores do JBN.
Figura 16 - Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes e (C), (D) 12 horas antes do
horário do tornado na cidade de Taquarituba/SP, em 22/09/2013 demarcada em azul nas
figuras (B) e (D).
Com a proximidade da ocorrência do tornado, dede 6 horas antes do evento até
o horário (aproximado) do tornado, as velocidades máximas, acima de 20m/s
observadas anteriormente, aparecem reduzidas (Figuras 17A, 17B). Ainda, o campo de
deformação, cuja configuração foi iniciada 12 horas antes do tornado, encontra-se bem
estruturado. Ao longo do eixo de contração observa-se a convergência de ar quente,
das regiões tropicais, com ar frio,proveniente das regiões de latitudes mais elevadas.
Regiões com contrastes de temperaturas em baixos níveis propiciam a formação de
vórtices horizontais que, na presença de movimento vertical, transformam-se em tubos
de rotação vertical. Esta condição favorece o desenvolvimento de tempestades
supercelulares com pontencial de produzir tornados.
Figura 17 - Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 6 horas antes e (C), (D) próximo do horário do
tornado na cidade de Taquarituba/SP, em 22/09/2013, demarcado em azul nas figuras (B) e
(D).
4.5 Caso 5: Indaiatuba/SP
O município de Indaiatuba fica no estado São Paulo, localizado na latitude 23º
05' 25" S e longitude 47º 13' 05" W, a 624m de altitude. O tornado que atingiu
Indaiatuba ocorreu entre 20UTC e 21UTC do dia 24 de maio de 2005, com ventos que
atingiram velocidades de até 250km/h. Foi decretado estado de calamidade pública no
município, com danos estimados em mais de 90 milhões. Foi classificado como um
tornado que atingiu a categoria F3 na escala Fujita (NASCIMENTO ET AL, 2014).
4.5.1 Breve análise sinótica
No campo de pressão ao nível médio do mar, no horário 20UTC de 24/05/2005
(Figura 18A), nota-se um sistema de baixa pressão sobre o sul do Brasil, com um
centro de 1002hPa no litoral sul de SC e outro no PR, que se estendeu desde a região
central até a região costeira deste estado. Este ciclone estava associado a um sistema
frontal (Figura 18B) que apresentou forte atividade convectiva, como mostram as
temperaturas de brilho de topo das nuvens a partir de -70ºC. Esta condição foi
extremamente favorável ao desenvolvimento de áreas de instabilidade na região.
Figura 18 – (A) Campo de pressão ao nível médio do mar às 20UTC de 24/05/2005, perto do horário do
tornado ocorrido em Indaiatuba/SP e (B) imagem de satélite geoestacionário, realçada no
canal infravermelho, às 20:54UTC.
Fonte: DSA/INPE
4.5.2 Análise do escoamento em baixos níveis
Em Indaiatuba-SP, 18 horas antes do evento tornádico, nota-se que o
escoamento em 850hPa é desviado pela Cordilheira dos Andes, formando uma
corrente de jato que estendeu-se desde o sul do Peru até o norte do RS. A
configuração atmosférica de grande escala associado ao ciclone do sistema frontal,
localizado no sul da América do Sul, requer a existência da esteira transportadora
quente, de origem em latitudes baixas (LYNCH; CASSANO, 2006) observada desde 18
A B
horas até o horário de ocorrência deste tornado (Figura 19A, 19C, 20A, 20C). Ainda,
observa-se o campo de deformação associado à frontogênese deste caso de estudo,
promovendo regiões de descontinuidade nos gradientes horizontais de temperatura. A
baroclinia, associada com a inclinação do vórtice horizontal em vertical atuaram no
sentido de promover condições propícias ao desenvolvimento do tornado supercelular
(HELD ET AL., 2006) que atingiu Indaiatuba.
Figura 19 - Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes e (C), (D) 12 horas antes do horário
do tornado na cidade de Indaiatuba/SP, em 24/05/2005, demarcado em azul (B) e (D) .
As 15UTC, seis horas antes do tornado, o escoamento que é desviado pela
Cordilheira dos Andes ainda permanece sobre o sudeste do Brasil (Figura 20A). neste
horário a magnitude do vento apresenta-se com sua maior intensidade, com ventos de
mais de 24m/s, sobre o estado do Paraná. Na imagem ampliada do estado de São
Paulo, nota-se que quase todo o estado está coberto de ventos que ultrapassam os
12m/s. Fator importante se concretizar o JBN (Figura 21B).
No horário do tornado ser registrado sobre a cidade de Indaiatuba, a corrente de
jato vinda de noroeste ainda permanece ativa (Figura 20C). O escoamento é desviado
por uma corrente vinda de sul, o que inibe que o jato se posicione meridionalmente,
favorecendo o transporte de umidade, se houver. para sudeste.
A região de maior magnitude do vento, que antes posicionava-se sobre o estado
do Paraná, com ventos que ultrapassavam os 24m/s agora fica entre os 16m/s e 20m/s
sobra grande parte do estado de São Paulo, com uma pequena área de ventos que
ultrapassam os 20m/s sobre o sudesde do estado de São Paulo (Figura 20D)
Figura 20 - Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 6 horas antes e (C), (D) próximo do horário do
tornado na cidade de Indaiatuba/SP, em 24/05/2005, demarcado em azul(B) e (D). 
4.6 Caso 6: Piracicaba/SP
A cidade de Piracicaba está localizada no estado de São Paulo, na latitude 22º
43' 31" S e longitude 47º 38' 57" W, a 547m de altitude. O tornado que atingiu este
município foi classificado como F1 na escala Fujita, com ventos de até 158km/h, como
os registrados na estação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Além da
cidade de Piracicaba outros municípios vizinhos foram atingidos, dentre os quais Santa
Bárbara do Oeste (em especial), onde foram arrancadas árvores e casas foram
danificadas. Este tornado atingiu Piracicaba no dia 29 de março de 2006, perto de
15UTC.
4.6.1 Breve análise sinótica
Segundo Bini et al. (2006), o desenvolvimento de células convectivas sobre a
região de Piracicaba esteve associado a formação de um ciclone extratropical sobre o
oceano, o que influenciou na atuação de um sistema frontal sobre o Rio Grande do Sul
na madrugada do dia 28 de março de 2006. Analisando o campo de pressão ao nível
médio do mar próximo do horário deste tornado, nota-se um sistema de baixa pressão
sobre o estado de SP, com valores mínimos de 1006hPa ao longo do litoral paulista
(Figura 21A). Essa condição favoreceu o desenvolvimento de áreas de instabilidade na
região litorânea (Figura 21B). Um sistema de alta pressão, com centro de 1016hPa,
estava localizado no leste da Argentina.
Figura 21 – (A) Campo de pressão ao nível médio do mar às 15UTC de 29/03/2006 e (B) imagem de
satélite geoestacionário, realçada no canal infravermelho, às 15:10UTC, perto do horário do
tornado ocorrido em Piracicaba/SP.
Fonte: DSA/INPE
A B
4.6.2 Escoamento em baixos níveis
No caso do tornado que atingiu Piracicaba-SP, o escoamento em 850hPa não
apresentou características de jato, no período entre 18 e 12 horas antes do tornado
(Figuras 22A, 22C), na medida em que os ventos não atingiram 12m/s. Sobre o estado
de São Paulo há uma inversão na direção do escoamento (Figuras 22B, 22D). Doze
horas antes do tornado, o sistema de alta pressão presente no centro-oeste perde
intensidade e o escoamento vindo da Amazônia passa a ter sua saída no norte da
Argentina, mas sem afetar o Brasil. Sobre a maior parte do estado de São Paulo, os
ventos são de nordeste, influenciados pela circulação da ASAS (Figura 22C, 22D).
 
Figura 22 - Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes e (C), (D) 12 horas antes do horário
do tornado na cidade de Piracicaba/SP, em 29/03/2006, demarcado em azul (B) e (D).
No campo de vento em 850hPa 6 horas antes do tornado (Figura 23A) nota-se
um escoamento de noroeste na América do sul, que se estende até sul do Brasil. Sobre
o estado de São Paulo, observa-se confluência dos ventos nas proximidades de
Piracicaba, 6 horas antes (Figuras 23A, 23B). No horário do tornado em Piracicaba/SP
(Figuras 23C, 23D), a confluência dos ventos sobre o estado de SP permanece
significativa, associada ao ciclone localizado no Oceano Atlântico Sul. 
Figura 23 - Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 6 horas antes e (C), (D) próximo do horário do
tornado na cidade de Piracicaba/SP, em 29/03/2006, Demarcado em azul (B) e (D).
4.7 Caso 7: Lins/SP
A cidade de Lins está localizada no estado de São Paulo, na latitude 21º 40' 43"
S e longitude 49º 44' 33" W, a 437m de altitude. Na noite do dia 25 de dezembro de
2008, a cidadede Lins foi surpreendida por um tornado que a atingiu por volta das
21UTC. Segundo a defesa civil do município o tornado tocou o chão em uma fazenda
próxima a cidade, com duração de cerca de 5 minutos.
4.7.1 Breve análise sinótica
Perto do horário em que o tornado ocorreu em Lins/SP, observa-se um sistema
de baixa pressão continental, atuando sobre o centro da América do sul, conhecida
como a Baixa do Chaco (Figura 24A). Este sistema constitui uma importante forçante
de convecção na região sobre a qual atua, favorecendo os movimentos ascendentes e,
consequentemente, uma possível formação tornádica. O ciclone formado no sul do
Atlântico Sul estende suas linhas de pressão para o continente, formando um leve
cavado e possivelmente favorecendo com a nebulosidade sobre a região. Na imagem
de satélite é possível ver uma grande região com nebulosidade sobre o Mato Grosso
do Sul, onde está localizado o centro da Baixa do Chaco (Figura 24B).
Figura 24 – (A) Campo de pressão ao nível médio do mar e (B) imagem de satélite geoestacionário,
realçada no canal infravermelho, às 21UTC, perto do horário do tornado ocorrido em Lins/SP,
em 25/12/2008 às 21UTC.
Fonte: DSA/INPE
4.7.2 Escoamento em baixos níveis
Faltando 18 horas para o início do tornado na cidade de Lins/SP, o campo de
vento em 850hPa mostra o escoamento de noroeste cruzando boa parte da América do
sul (Figura 25A). Sobre o Paraguai o escoamento é proveniente de latitudes mais
elevadas, donde o encontro do escoamento de ar frio com escoamento de ar de
latitudes baixas. Esta configuração permanece até 12 horas antes do tornado (Figura
25C). A confluência dos ventos associada ao sistema frontal é observada perto do
litoral paulista (Figuras 25B, 25D). Ainda, no oeste do estado de São Paulo, é notável
uma circulação ciclônica perto do horário do tornado (Figura 25D). 
Figura 25 - Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 18 horas antes e (C), (D) 12 horas antes do
tornado na cidade de Lins/SP, em 25/12/2008, demarcado em azul (B) e (D).
Seis horas antes do evento tornádico na cidade de Lins/SP o escoamento de
noroeste é desviado pela presença do cavado sobre sul e parte do sudeste Brasileiro.
(Figura 26A). Sobre o estado de São Paulo (Figura 26B) observa-se um pronunciado
cavado, favorecendo a atividade convectiva. O escoamento em 850hPa não apresenta
configurações de JBN 6 horas antes e perto do horário do tornado em Lins (Figuras
26A, 26C).
Figura 26 – Escoamento do vento em 850hPa (A), (B) 06 horas antes do tornado e (C), (D) no horário
(aproximado) de ocorrência do tornado na cidade de Lins/SP, em 25/12/2008, demarcado em
azul (B) e (D).
5 Conclusões
Neste trabalho foram analisados os ventos em baixos níveis a fim de ser
avaliada a presença ou não de escoamentos do tipo Jato de Baixos Niveis quando da
ocorrência de tornados nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. 
Com os dados utilizados, foi possível colocar em evidência as configurações de
baixos níveis. Dos 7 casos analisados, em 4 foram observadas características de JBN
sendo eles: Canela/RS, Xanxerê/SC, Taquarituba/SP e Indaiatuba/SP. Todos estes
casos ocorreram em condição de forçante sinótica intensa, na medida em que
ocorreram quando da passagem de sistemas frontais nas regiões em que estes
eventos tornádicos ocorreram, com extensões espaciais, máximos valores de
velocidades dos ventos foram diferentes e desde 18 horas antes da ocorrência do
evento tornádico. 
Sugere-se como trabalho futuro uma pesquisa climatológica correlacionando os
tornados ocorridos nas regiões sul e sudeste do Brasil com o escoamento em medios
níveis afim de obter similaridades entre ambos fenômenos. 
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