Buscar

Reumão de Direito Constitucional

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Constitucionalismo: Movimento jusfilosófico surgido no século XVIII com as revoluções liberais burguesas baseado na crença  de que o poder político deve estar submetido à supremacia da lei, de uma Lei Maior, a Constituição escrita.
 
Constituição:  A Constituição, segundo José Afonso da Silva, “consiste num sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regulam a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício do Poder, o estabelecimento de seus órgãos e os limites de sua atuação”.
Sendo assim, a Constituição é a norma jurídica suprema e basilar que estrutura juridicamente os limites de atuação e exercício de toda a nossa sociedade política.
Conceito Material: significa a reunião de todas as regras, estejam ou não estabelecidas em um único texto, que abordem a estrutura do Estado, a organização, as formas de atuação e limitação do Poder Político. Refere-se ao que nós chamamos de normas materialmente constitucionais.
 
Conceito Formal:  Constituição formal é a Constituição escrita, definindo-se como o conjunto de normas reunidas em um documento denominado Constituição e elaborado pelo Poder Constituinte Originário ou de Fato.
Para facilitar a sua compreensão, a Constituição formal é o conjunto de todas as normas que estão escritas na Constituição, sejam ou não de conteúdo tipicamente constitucional, como por exemplo, as normas previstas nos arts. 180 e 242, § 2o da CRFB/88. Por esta razão, temos normas materialmente constitucionais e formalmente constitucionais.
 
Pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras:
 
Quanto à Forma:  As Constituições podem ser classificadas de duas maneiras: Constituição escrita, ou seja, àquela codificada em um documento escrito; e a Constituição não escrita ou consuetudinária ou costumeira, que pode ser definida como o conjunto de leis, costumes e jurisprudências esparsos no tempo,  em um determinado ordenamento jurídico, que tratem de tudo aquilo que seja considerado constitucional (forma de governo, estrutura do estado, direitos fundamentais etc).
Os constitucionalistas apontam como um grande exemplo deste tipo de Constituição a chamada “Constituição Inglesa”. Na verdade, a Inglaterra não possui um documento denominado Constituição, como é o caso do Brasil, e sim, um conjunto de normas feitas em diversos momentos da história pelo Parlamento inglês que tratam do que chamamos de normas materialmente constitucionais, ou seja, àquelas que abordam a estrutura e organização do Estado.
 
Quanto ao modo de elaboração: Quanto ao modo de elaboração as constituições podem ser classificadas em duas espécies: dogmáticas e históricas.
A constituição dogmática é aquela que se origina de forma escrita e sistemática, baseada em dogmas, ou seja, princípios e ideias incontestáveis existentes no momento de sua elaboração.
Já a constituição histórica, também denominada costumeira, é a que se origina através de uma evolução de ideias no tempo, produto dos usos e costumes de determinada sociedade,  baseada na tradição de um povo. São constituições compostas de vários documentos e juridicamente não-escritas.
 
Quanto à origem: Há três formas de classificação:
Diz-se promulgada, popular ou democrática a Constituição que é elaborada através de uma Assembleia Nacional Constituinte, composta de representantes eleitos pelo povo para esta finalidade. Uma vez concluída a Constituição esta Assembleia se dissolve.
Quando a Constituição é outorgada, não há participação do povo em sua elaboração, posto ser ela imposta ao povo, sendo produto exclusivo do Governante que por si só, ou por terceira pessoa, impõe à sociedade um novo ordenamento jurídico e político.
No Brasil as Constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988 foram promulgadas e, as de 1824, 1937 e 1967  foram outorgadas.
Em relação a “Constituição de 1969” não a inserimos no rol das Constituições outorgadas, visto que formalmente ela foi uma emenda, Emenda Constitucional n. 1 à Constituição de 1967.
A terceira forma é a Constituição Bonapartista que se caracteriza por ser uma Constituição outorgada, na qual o ditador para dar-lhe uma feição legítima convoca um referendo popular para aprová-la.
 
Quanto à estabilidade:  Neste critério estamos preocupados em saber do processo legislativo para alteração das normas constitucionais. Sendo assim, a doutrina nos aponta que as constituições podem ser de cinco tipos:
1) Imutáveis – não contém a possibilidade de reforma de suas normas.
2) Superrígidas – esta é uma classificação que alguns doutrinadores dão à Constituição de 1988, visto que esta Constituição possui um núcleo duro em seu art. 60, parágrafo 4º, conhecido como cláusulas pétreas, que exigem um processo legislativo ainda mais rígido ou dificultoso para alteração destas normas estabelecidas como pétreas, pois não poderão ser abolidas ou restringidas, podendo somente sofrer alterações para serem ampliadas.
3) Rígidas – são as constituições que estabelecem que qualquer alteração de suas normas deverá passar por um processo legislativo mais dificultoso do que o processo legislativo ordinário. Em nossa Constituição esse processo encontra-se no art. 60.
4) Semi-rígidas ou Semi-flexíveis – são aquelas que estabelecem para alteração de um determinado grupo de suas normas um processo legislativo mais árduo e para reforma do outro grupo de suas normas um processo legislativo ordinário ou simples. Por exemplo: Constituição Imperial de 1824.
5) Flexíveis – são àquelas constituições que estabelecem para alteração de suas normas o mesmo processo legislativo previsto para as leis ordinárias.
 
Quanto à Extensão: Quanto a este critério estamos preocupados em analisar o tamanho da Constituição. Sendo assim, as constituições podem ser:
1) Analíticas – quando possuem uma grande quantidade de artigos, que descrevem diversos assuntos ou,
2) Sintéticas – quando possuem poucos artigos que estabelecem princípios e normas gerais da estrutura do Estado. Por exemplo: Constituição Norte-americana de 1787 e a Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1891.
 
Quanto à Ideologia: A doutrina leva em conta a que sistema de produção econômica está atrelada a Constituição. Elas podem ser de dois tipos:
1) Ortodoxas – são aquelas atreladas a um única ideologia, por exemplo a Constituição da República da antiga URSS de 1977, que estabelecia o modelo socialista;
2) Heterodoxas ou Ecléticas – são aquelas que estabelecem mais de uma ideologia, como a Constituição de 1988, que possui valores capitalistas como a livre iniciativa e, valores socialistas, como a valorização do trabalho (art. 170 da CRFB/88).
 
Quanto à Finalidade: Pode ser de três tipos:
1) De garantia – os grandes exemplos são as Constituições liberais burguesas que estabelecem liberdades públicas ou os chamados Direitos Fundamentais de 1ª geração como mecanismos de controle do poder estatal, como a Constituição Norte- americana de 1787.
2) De balanço – como grande exemplos podemos citar a Constituição do México de 1917 e a Constituição da República de Weimar de 1919, onde encontramos direitos sociais como também liberdade públicas, ou seja, direitos fundamentais individuais e direitos fundamentais sociais. Elas recebem esse nome porque procuram equilibrar os anseios burgueses e proletários;
3) Dirigente – são aquelas que além de estabelecer direitos individuais e sociais que o Estado deveria alcançar, preveem normas conhecidas como programáticas (tipo de normas de eficácia limitada) que procuram fixar metas, programas, políticas públicas, como valores a serem perseguidos pelo ente estatal. Por exemplo: saúde para todos, moradia para todos. Como exemplo deste tipo de constituição temos a Constituição Brasileira de 1988 e a Portuguesa de 1976.
Classificação da Constituição Brasileira de 1988
A Constituição de 1988 é classificada da seguinte forma: formal, escrita, dogmática, promulgada, super rígida, analítica, heterodoxa e dirigente.
 
2) TEORIA DA CONSTITUIÇÃO: NORMAS CONSTITUCIONAIS e DIREITO CONSTITUCIONAL
I
 
Classificação das Normas Constitucionais: Quando a doutrina estabelece a classificação das normas constitucionais, ela está preocupada quanto ao instituto jurídico aplicado à generalidade das normas conhecido como eficácia jurídica, ou seja, os efeitos que essas normas produzirão no ordenamento jurídico e social. Sendo assim, estabeleceremos, dentre as diversas classificações existentes, a mais famosa entre nossos doutrinadores, visto que é a adotada pelo Supremo Tribunal Federal – STF, que é de autoria de José Afonso da Silva, onde as normas constitucionais são classificadas como  normas de eficácia plena, normas de eficácia contida e normas de eficácia limitada.
1) Normas de eficácia plena – são aquelas que estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde a entrada em vigor da Constituição. Desta forma, não necessitam de regulamentação infraconstitucional e possuem aplicabilidade imediata, direta e integral. Por exemplo: art. 5º, inciso II;
2) Normas de eficácia contida – são aquelas que, assim como as de eficácia plena, produzem todos os seus efeitos. Entretanto, admitem serem restringidas ou contidas em seus efeitos por legislação infraconstitucional. Portanto, têm aplicabilidade imediata e direta, mas não integral, visto que admitem contenção em seus efeitos, como por exemplo a norma do art. 5º, inciso XIII;
3) Normas de eficácia limitada – são aquelas que para a produção ampla de seus efeitos necessitam de norma infraconstitucional que as venham complementar. Assim sendo, enquanto não existir a legislação infraconstitucional elas não produzirão efeitos integrais, por isso, sua aplicabilidade é indireta, mediata e reduzida. Por exemplo: art. 37, inciso VII.
O Fenômeno da Superveniência de Nova Constituição
A doutrina aponta ainda como tópico importante para o estudo das normas constitucionais, o problema que é acarretado para o ordenamento jurídico em relação ao processo legislativo quando da superveniência de uma nova Constituição. Para tanto, ela aponta três possíveis fenômenos a fim de solucioná-lo. São eles: a recepção, a repristinação, e a desconstitucionalização:
Recepção – Norma jurídica infraconstitucional criada na vigência do ordenamento constitucional anterior que é interpretada como compatível com a nova constituição. Trata-se pois de um principio de segurança jurídica, mas que também é de economia  legislativa, porque não há razão alguma para a retirada das normas em perfeita congruência com o ordenamento constitucional vigente.
Repristinação – Ocorre uma espécie de ressurgimento ou restauração de vigência da norma jurídica anteriormente revogada, de maneira tácita, pela ordem constitucional pretérita, mas que agora foi substituída através de uma nova constituição escrita (art 2º § 3º Dec-lei 4657/42).
Desconstitucionalização – Fenômeno ainda não inteiramente admitido pela doutrina, no qual algumas normas da constituição anterior permaneceriam em sua vigência, desta feita sob uma nova forma de lei ordinária.
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO: HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
DIREITO CONSTITUCIONAL I
 
Princípios de Interpretação Constitucional
Importante ressaltar no aspecto das normas constitucionais os princípios de interpretação das normas apontados pelos teóricos dos Direito Constitucional.
1) Princípio da unidade – ao interpretar a Constituição devemos levar em conta que ela é um todo coerente e coeso, devendo o intérprete procurar harmonizar todas as suas normas de forma a não estabelecer contradições;
2) Princípio da supremacia constitucional –   o intérprete deve levar em conta que a Constituição está no topo do ordenamento jurídico e é o fundamento de validade de todas as outras normas, sendo assim nenhuma lei pode contrariá-la, formal ou materialmente, sob pena de ser considerada inconstitucional;
3) Princípio da máxima efetividade – a Constituição não estabelece normas supérfluas,  todo intérprete deve buscar o máximo dos efeitos da Constituição;
4) Princípio da harmonização – uma vez que todas as normas constitucionais estão no mesmo patamar hierárquico e devem ter máxima efetividade, ao interpretar a Constituição devemos buscar harmonizar antinomias aparentes de forma proporcional;
5) Princípio do efeito integrador – a Constituição deve ser interpretada de forma a estabelecer critérios e soluções que reforcem o seu papel de principal norma nas relações sociais;
6) Princípio da força normativa da Constituição – a Constituição deve ser interpretada da maneira mais efetiva e atual possível quando diante de um caso concreto, ou seja, a norma quando aplicada deve solucionar o problema real;
7) Princípio do conteúdo implícito – o interprete deve atentar que a Constituição estabelece comandos que não estão expressos explicitamente em seu texto, mas sim na coerência interna de seus objetivos e fundamentos;
8) Princípio da conformidade funcional – o intérprete não pode contrariar a distribuição explícita da repartição de funções estatais estabelecidas pelo Constituinte;
9) Princípio da imperatividade das normas constitucionais – uma vez que todas as normas constitucionais emanam da vontade popular e são normas cogentes ou imperativas, o intérprete deve sempre lhes dar a maior extensão possível;
10) Princípio da simetria – princípio de interpretação federativo que busca adequar entre os entes os institutos da Constituição Federal às Constituições e institutos jurídicos dos Estados-Membros. Por exemplo, cabe ao Presidente da República a iniciativa de leis para o aumento do efetivo das forças armadas, caberá por simetria ao Governador os projetos de lei para aumento do efetivo da Polícia Militar, por exemplo: art. 61 da CRFB/88;
11) Princípio da presunção de constitucionalidade das normas infraconstitucionais – o intérprete deve dar às normas hierarquicamente inferiores à Constituição uma interpretação que as coadune com a Lei Maior, visto que foram fruto de um processo legislativo que, em tese, procurou adequá-las aos comandos constitucionais.
 
 PODER CONSTITUINTE
 
Teoria do Poder Constituinte: A ideia de poder constituinte surge no século XVIII com o teórico Emmanuel Sieyés, contemporânea a ideia de constituição escrita. O poder constituinte incorpora a vontade política, sendo o fundamento de legitimidade manifestado no documento Constituição para a configuração e finalidades do Estado, e como tal, da estrutura de seu ordenamento jurídico. Em poucas palavras, ele é o poder que elabora, em ocasiões excepcionais, as normas jurídicas de valor constitucional.
Titularidade do Poder Constituinte (a questão da legitimidade).
O que se pretende com o estudo da titularidade do poder constituinte é conhecer quem é o detentor do poder soberano no Estado. Quem é legítimo para fazer a constituição?
Mas o que é legitimidade?  Legitimidade refere-se a todo comando que se reconhece como não arbitrário. Por exemplo: se você vive em uma democracia e acredita que o povo é o detentor do poder soberano, você cumpre as ordens daquele que foi eleito para representá-lo porque este poder foi deferido ao representante por seu livre arbítrio, ou seja, esse comando é válido porque teria emanado de um poder que você reconhece como legítimo e não como um poder imposto a força.
Sendo assim, se vivemos em uma democracia o titular do poder soberano será o povo, enquanto o agente desse poder constituinte será a Assembleia Nacional Constituinte eleita para os fins de fazer a Constituição em nome do povo. Caso vivêssemos em uma Monarquia, o detentor do poder soberano seria o Rei e como tal, o legitimado do poder constituinte.
Espécies de Poder Constituinte (art 25 CF88)
Ainda que teoricamente só exista um poder constituinte, esta afirmação encontra dificuldade de se sustentar, visto que encontramos no exercício deste poder duas manifestações distintas. Uma caracterizada por ser um poder inicial (não se funda em outro poder), ilimitado (não encontra limites do direito positivo), incondicionada (sua manifestação não é pré-fixada), conhecida como poder constituinte originário ou de fato.
A outra caracterizada por ser fruto da rigidez constitucional, ou seja, submetida a um processo legislativo mais dificultoso para alteração das normas constitucionais.
Em nossa Constituição esse processo e manifestação desse poder encontra-se no art. 60, subordinada as limitações circunstanciais, formais e materiais (art. 60, §1º,2º e 3º, CRFB/88), impostas pelo poder constituinte originário e condicionada a sua manifestação. Este poder é conhecido como poder constituinte derivado ou reformador ou de direito.
Se o poder constituinte originário optar ainda por criar um Estado Federal vislumbra-se o surgimento do poder constituinte derivado decorrente. Este poder por ser derivado do originário possui as características de ser secundário, subordinado e condicionado, podendo ser definido como a autorização de autonomia aos Estados-Membros para se auto-organizarem através de suas Constituições Estaduais, como também para reformá-las.
Quanto aos Municípios, a uma discussão doutrinária se eles seriam ou não auto-organizados por um poder constituinte derivado decorrente municipal. Prevalece o posição de que não. Eles se organizariam por Leis Orgânicas submetidas às Constituições Estaduais e à Constituição Federal.
TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E DOS DIREITOS HUMANOS
 
Conceito de Direitos Fundamentais: Segundo José Afonso da Silva “os direitos fundamentais é expressão que designa em nível do direito constitucional positivo, àquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas. No qualificativo fundamental acha-se a indicação de que se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive, e às vezes nem sobrevive; fundamentais do homem, no sentido de que a todos, por igual devem ser, não apenas formalmente reconhecidos, concreta e materialmente efetivados”.
 
O constituinte organizou os direitos fundamentais da seguinte forma:
1) Direitos individuais, também conhecidos como liberdades públicas, direitos negativos, liberais ou de 1a geração (art. 5o da CRFB/88) –  são direitos que apresentam como principais características terem os indivíduos como titulares e controlar os abusos de poder estatais;
2) Direitos sociais – são direitos sociais ou de 2a geração, se caracterizam por terem como titulares grupos específicos de pessoas como por exemplo crianças, mulheres, trabalhadores etc. Exigem do Estado um fazer, um animus de proteção efetiva na persecução desses direitos a fim de amenizarem as desigualdades sociais.
Importante ressaltar que como já entendeu o STF o rol dos direitos fundamentais (que são cláusulas pétreas – art. 60, §4o ,inciso IV da CRFB/88) é meramente exemplificativo, visto que podemos depreender novos direitos implicitamente como também pela incorporação de tratados internacionais de direitos humanos (art. 5o §§ 2o e 3o da CRFB/88).
3) Direitos coletivos e difusos (ou de 3a geração) – os primeiros caracterizam-se por serem direitos de um grupamento humano com interesses homogêneos, por exemplo o pleito dos sindicatos. Já os difusos são direitos que pertencem a todos, ou seja, não somos capazes de identificar quem são o seus titulares, como por exemplo o meio ambiente;
4) Direitos da nacionalidade – caracteriza-se como vínculo jurídico-político de uma pessoa com o Estado que nos permite dizer que esta pessoa faz parte do povo deste Estado. Ela pode ser de dois tipos: originária, que chamamos de natos, que no Brasil pode ser adquirida pelo critério misto, ou seja, pelo nascimento em nosso território (ius soli) ou pela consanguinidade (ius sangunis) de pai ou mãe brasileiros ou; derivada, que se adquire com um pedido ao governo brasileiro atendendo aos requisitos de se for originário de país de língua portuguesa: ter visto (autorização de permanência regular no Estado Brasileiro) de permanência, residência ininterrupta por um ano e idoneidade moral e, se originário de outro país: visto de permanência, quinze anos de residência ininterrupta e nenhuma condenação penal. (art. 12 da CRFB/88);
5) Direitos políticos – segundo Pedro Lenza “direitos políticos nada mais são do que instrumentos através dos quais a Constituição Federal garante o exercício da soberania popular atribuindo poderes aos cidadãos para interferirem na condução da coisa pública, seja direta ou indiretamente”. Esses direitos são basicamente exercidos pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto. O sufrágio (capacidade eleitoral ativa) determina o direito de eleger e ser eleito (capacidade eleitoral passiva). O voto é um direito público subjetivo que tem como características ser personalíssimo, sigiloso, obrigatório, livre, periódico e igual. Apenas para não confundir, vale lembrar que escrutínio significa a maneira pela qual se vota e que a legislação infraconstitucional referente aos direitos políticos é a Lei 4737/65;
 
A doutrina aponta sete características para os direitos fundamentais, são elas:
a) Universalidade – eles se destinam a todos os seres humanos;
b) Imprescritibilidade – esses direitos não se perdem pelo decurso do tempo;
c) Inalienabilidade – esses direitos não podem ser transferidos;
d) Irrenunciabilidade – esses direitos não podem ser renunciados;
e) Concorrência – possibilidade de acumular os direitos fundamentais;
f) Relatividade – estes direitos não são absolutos, pois podem entrar em conflito com outros direitos fundamentais e;
g) Historicidade – eles são direitos conquistados por revoluções políticas e tecnológicas no decorrer da história no mundo ocidental.
Os remédios são instrumentos processuais que visam assegurar o exercício dos direitos fundamentais quando violados. São eles:
Habeas Corpus  – significa tomes o corpo do delito. É uma ação gratuita que visa proteger a liberdade de locomoção, e dispensa a necessidade de advogado. Ela pode ser proposta a seu favor ou de terceiro, preventiva (quando se há ameaça à liberdade) ou repressivamente – art. 5o , inciso LXVIII da CRFB/88;
Mandado de Segurança – ação que pode ser individual ou coletiva que visa proteger direito líquido e certo, ou seja, aquele que pode ser provado de plano, ou seja, só pode ser provado por provas documentais irrefutáveis e apto a ser exercido no momento da impetração, que não seja protegido por habeas corpus ou habeas data quando se sofre um ilegalidade de poder por uma autoridade pública. (art. 5o, incisos LXIX e LXX da CRFB/88 e Lei 12016/09);
Habeas Data – significa tomes a informação. Segundo José Afonso da Silva “tem por objeto proteger a  esfera intima dos indivíduos contra: a) usos abusivos de registro de dados pessoais coletados por meios fraudulentos, desleais ou ilícitos; b) introdução nesse registro de dados sensíveis; c) conservação de dados falsos ou com fins diversos autorizados em lei”. É uma ação gratuita. (art. 5o , inciso LXXII da CRFB/88, Lei 9507/97 e súmula 2 do STJ);
Mandado de Injunção –  remédio que objetiva garantir a toda pessoa a eficácia plena de direitos fundamentais assegurados pela Constituição de forma que busque obrigar o Poder Público a estabelecer norma regulamentadora – art. 5o, inciso LXXI da CRFB/88 e art. 24 da Lei 8038/90;
Ação Popular – ação gratuita  própria de cidadão em sentido estrito que visa proteger atos lesivos ao patrimônio público ou de entidades que o Estado participe, a moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico – art. 5o , inciso LXXIII da CRFB/88 e lei 4717/65 e súmula 35 do STF;
Ação Civil Pública – remédio cabível para defesa do patrimônio público e social, do meio ambiente e de interesses difusos e coletivos e tem a sua única previsão constitucional no art. 129, inciso III. (Lei 7347/85).
Direitos políticos e regime democrático:
        A cidadania
        Liberdade dos antigos x liberdade dos modernos
        A classificação de Platão e Aristóteles
        O regime democrático como princípio:
        Fundamentador de direitos fundamentais implícitos (art. 5o, §2o, CF)
        Limitador
da liberdade partidária (art. 17, caput, CF)
        Constitucional Sensível (art. 34, VII, a, CF)
        O regime democrático (art. 1o, §único, CF):
        Democracia direta e participativa
        Democracia indireta representativa
Resumo de Direito Constitucional – Garantias Fundamentais 
Teoria da Constituição – Teoria Geral do Direito Constitucional 
Direitos Fundamentais: (gênero) 
→ Direitos e garantias fundamentais (veremos nesse semestre) 
→ Direitos Coletivos (Processual Civil) 
→ Direitos Sociais (Direito do Trabalho e Direito Previdenciário) 
→ Direitos de Nacionalidade (Constitucional II) 
→ Direitos Políticos 
Diferente de Direitos Humanos → Direitos Humanos Fundamentais 
Tanto os direitos fundamentais quanto os direitos humanos tratam de temas atinentes aos valores 
liberdade, vida, dignidade da pessoa humana e igualdade. 
Os direitos fundamentais são normas positivadas constitucionais e não são meros conselhos, 
meras diretrizes ou exortações morais
Direitos Fundamentais: (gênero) 
→ Direitos e garantias fundamentais (veremos nesse semestre) 
→ Direitos Coletivos (Processual Civil) 
→ Direitos Sociais (Direito do Trabalho e Direito Previdenciário) 
→ Direitos de Nacionalidade (Constitucional II) 
→ Direitos Políticos 
Diferente de Direitos Humanos → Direitos Humanos Fundamentais 
Tanto os direitos fundamentais quanto os direitos humanos tratam de temas atinentes aos valores 
liberdade, vida, dignidade da pessoa humana e igualdade. 
Os direitos fundamentais são normas positivadas constitucionais e não são meros conselhos, 
meras diretrizes ou exortações morais. 
O direito privado é composto também por normas de ordem pública? Sim, como por exemplo o 
registro em cartório. 
Os quatro primeiros artigos da constituição federal de 1988 são também vetores interpretativos: 
Tudo o que se lê no direito tem que ser interpretado de acordo com esses quatro primeiros artigos. 
→ Fundamentos da República 
→ Objetivos da República 
→ Pacto Republicano indivisível 
A constituição de 1988, a vigente, é inconstante. 
Os códigos Civil, CTB, CP são infra-constitucionais, ou seja, estão em posição de inferioridade em 
relação à CF de 88. 
Objetivo da República (Art 3º) → valores de liberdade, vida, dignidade da pessoa humana e 
igualdade. São os verbos desse artigo: protejer, faz er valer, promover. 
Art 3º – Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I- construir uma sociedade livre, justa e solidária. 
II- garantir o desenvolvimento nacional. 
III- erradicar a pobreza e a marginalização e red uzir as desigualdades sociais e regionais. 
IV- pro mover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
→ Os direitos humanos não estão consagrados apenas no âmbito interno, pois são também revistos 
no âmbito externo (internacional)
Revogação: → derrogação (revogação) Abolir ou alterar (lei, regulamento ou sentença) apenas 
numa de suas partes ou em certas disposições. 
→ ab-derrogação (revogou todas as leis ou normas ou cláusulas) 
Todo direito público é composto por cláusulas de ordem pública. 
“Inaudita altera pars” → sem ouvir a outra parte. 
O direito constitucional faz parte de Direito Público Fundamental: refere-se dire tamente à 
organização e funcionamento do Estado, à articulação dos elementos primários e estabelecimento 
das bases da estrutura política. 
Porque a constituição é norma de validade de todo o sistema jurídico? 
Konrad Hesse: Princípio da unidade do ordenamento e da supremacia da constituição. 
Força Normativa. 
1.1 C onstitucionalismo: o constitucionalismo moderno representa uma técnica específica 
de limitação do poder com fins garantidos. (Senão os presidentes poderiam mudar a 
constituição da forma que quisessem e bem entendessem e poderíamos correr o risco de 
voltar ao sistema absolutista.) 
A base é a limitação do poder e supremacia da lei através do Estado de Direito. 
Estado de Direito: 
→ Todos estão submetidos à lei confeccionada por representantes do povo, inclusive o próprio 
Estado. 
→ Os poderes do Estado estão repartidos, e exercem mútuo controle entre si. 
→ Os direitos e garantias individuais estão solenemente enunciados. 
O Estado de Direito, se basta em um tipo de ordem legal que estabeleça e siga algum tipo de 
legalidade. O Estado de Direito pode ser tanto autoritário como totalitário. 
Autoritarismo descreve uma forma de governo caracterizada pela ênfase na autoridade do Estado 
em uma república ou união. 
Totalitarismo (ou regime totalitário) é um sistema político no qual o Estado, 
normalmente sob o controle de uma única pessoa, político, facção ou classe, não 
reconhece limites à sua autoridade e se esforça para regulamentar todos os 
aspectos da vida pública e privada, sempre que possível.
1.2 Teoria da Constituição 
1.2.1. Fundamentos da Constituição: 
Concepções: 
→ Sociológica (Ferdnand Lassalf): Busca o fundamento da constituição na sociologia, existindo 
uma constituição escrita (jurídica) e uma real (efetiva). 
A constituição real é a soma de fatores reais de poder que regem uma det erminada nação; quando a 
escrita não corresponder à realidade, não passa essa constituição de apenas uma folha de papel sem 
valor algum. 
→ Jurídica (Kelsen/Hesse): Defende que a constituição é um conjunto de normas (leis) e seu 
fundamento está no próprio direito. Divide a constituição em norma fundamental hipotética e texto 
concreto, onde a norma fundamental hipotética é uma norma pressuposta que todos devem obedecer 
e o texto concreto é o texto da constituição em si portanto a constituição é lei superior. 
Para Hesse o que vale é a força normativa da constituição (teoria contrária à sociológica). A 
constituição possui uma força normativa capaz de mudar a realidade, logo a constit uição é 
mandamento obrigatório. 
→ Política (Carl Schmitt): Diferencia a constituição das leis constitucionais, sendo que a 
constituição é apenas aquilo que decorre de uma decisão política fundamental. Isto significa que só 
é constituição aquilo que trate de direitos fundamentais, estrutura dos Estados e organização dos 
poderes. Sendo todo o restante apenas leis constitucionais. 
→ Culturalista (Canotilho): É um apanhado das três outras concepções de fundamento da 
constituição. Defende que a constituição tem fundamento na cultura de uma sociedade. E ao mesmo 
tempo em que ela é condicionada pela cultura de uma sociedade, também passa a ser condicionante 
dessa mesma cultura
Quanto à estabilidade (JAS, AM) ou a al terabilidade (PL): 
Lembrete: Sempre comparar a dificuldade de alteração da Constituição com a alteração das normas 
infra-constitucionais. 
→ Rígida: São aquelas Constituições que exigem, para sua alteração (daí preferimos a terminologia 
alterabilidade), um processo legislativo mais árduo, mais solene, mais dificultoso do que o processo 
de alteração das normas não constitucionais. 
Com exceção da Constituição de 1824 (do Brasil) todas as Constituições brasileiras, inclusive a de 
1988, foram rígidas. 
O artigo que estabelece essa rigidez na Constituição é o 60, §2º. 
→ Semi-rígida: É aquela Constituição que é tanto rígida como flexível, ou seja, algumas matérias 
exigem um processo de alteração mais dificultoso do que o exigido para a alteração das leis i nfra-
constitucionais, enquanto outras não requerem tal formalidade. 
Ou seja, é aquela que, em alguns conteúdos, o processo de alteração da Constituição não será tão 
dificultoso quanto o processo de alteração das normas infra-constitucionais, e em outros conteúdos 
o processo de alteração da Constituição será mais fácil. 
→ Flexíveis: É aquela Constituição que não possui um processo legislativo de alteração tão 
dificultoso quanto o processo legislativo de alteração das normas infra -constitucionais. 
1.3.4. Quanto à extensão (AM, PL): 
→ Clássicas: Seriam aquelas enxutas, veiculadas apenas
dos princípios fundamentais e estruturais 
do Estado. 
→ Prolixas: Por outro lado, são aquelas que abordam todos os assuntos que os representantes do 
povo entendem como fundamentais. 
1.3.5. Quanto à identificação das normas constitucionais (Novelino) ou Quanto ao Conteúdo (PL): 
→ Em sentido material: Será aquele texto que contiver as normas fundamentais e estruturais do 
Estado, a organiz ação de seus órgãos, os direitos e garantias fundamentais. 
→ Em sentido formal: Por sua vez, será aquela Constituição que elege como critério o processo de 
sua formação, e não o conteúdo de suas normas. Assim, qualquer regra nela contida terá o caráter de 
constitucional. A b rasileira é formal!!! 
E a CF/88? Como se classifica? 
→ Em formal, promulgada, rígida, dogmática e prolixa. 
Pode ser também reduzida, eclética e normativa. 
. Quanto à origem: (AM, JAS, PL) 
→ Outorgadas: São as constituições impostas, de maneira unilateral, pelo agente revolucionário 
(grupo, ou governante), que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar. São as 
impostas por um superior. 
Temos como exemplo as constituições no Brasil de 1924 (Império), a de 1937 (inspirada no modelo 
facista) e a de 1967 (ditadura militar). 
→ Promulgadas: Também chamadas de democráticas, votada ou popular, é aquela constituição 
fruto do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituin te, eleita diretamente pelo povo, para, em 
nome dele, atuar, nascendo, portanto, da deliberação da representação legítima popular. 
Temos como exemplo no Brasil a de 1891 (primeira República), 1934 (inspirada na constituição de 
Weimar) a de 1946 e a atual de 1988, alterada por 6 emendas de revisão e 71 emendas, fruto do 
poder constituinte derivado reformador, podendo, ainda, com a regra do art 5º §3º, ter os seus 
direitos e garantias fundamentais ampliados por tratados e convenções internacionais de direitos 
humanos, os quais, observadas as formalidades, terão equivalência às emendas constitucionais. 
→ Pactuadas: Surgem através de pacto, são aquelas em que o poder constituinte originário se 
concentra nas mãos de mais de um titular. Foram bastante difundidas no seio da monarquia 
estamental da Idade Média. 
1.3.2 Quanto ao modo de elaboração: (AM, JAS, PL) 
→ Dogmáticas: Também denominadas “sistemáti cas” são aquelas sempre escritas, unificam os 
dogmas estruturais e fundamentais do Estado ou, “partem de teorias preconcebidas, de planos e 
sistemas prévios, de ideologias bem declaradas, de dogmas políticos... São elaboradas de uma vez 
só, reflexivamente, racionalmente, por uma Assembléia Constituint e”. Como exemplo temos a 
Constituição brasileira de 1988. 
→ Históricas: Constituem-se através de um lento e contínuo processo de formação, ao longo do 
tempo, reunindo a história e as tradições de um povo. Aproximam-se assim das costumeiras e temos 
como exemplo a Constituição inglesa
. Fundamentos da Constituição: 
Concepções: 
→ Sociológica (Ferdnand Lassalf): Busca o fundamento da constituição na sociologia, existindo 
uma constituição escrita (jurídica) e uma real (efetiva). 
A constituição real é a soma de fatores reais de poder que regem uma det erminada nação; quando a 
escrita não corresponder à realidade, não passa essa constituição de apenas uma folha de papel sem 
valor algum. 
→ Jurídica (Kelsen/Hesse): Defende que a constituição é um conjunto de normas (leis) e seu 
fundamento está no próprio direito. Divide a constituição em norma fundamental hipotética e texto 
concreto, onde a norma fundamental hipotética é uma norma pressuposta que todos devem obedecer 
e o texto concreto é o texto da constituição em si portanto a constituição é lei superior. 
Para Hesse o que vale é a força normativa da constituição (teoria contrária à sociológica). A 
constituição possui uma força normativa capaz de mudar a realidade, logo a constit uição é 
mandamento obrigatório. 
→ Política (Carl Schmitt): Diferencia a constituição das leis constitucionais, sendo que a 
constituição é apenas aquilo que decorre de uma decisão política fundamental. Isto significa que só 
é constituição aquilo que trate de direitos fundamentais, estrutura dos Estados e organização dos 
poderes. Sendo todo o restante apenas leis constitucionais. 
→ Culturalista (Canotilho): É um apanhado das três outras concepções de fundamento da 
constituição. Defende que a constituição tem fundamento na cultura de uma sociedade. E ao mesmo 
tempo em que ela é condicionada pela cultura de uma sociedade, também passa a ser condicionante 
dessa mesma cultura

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais