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Precoce deveria ser o meu nome do meio. Eu tinha apenas 11 anos quando tive meu primeiro namoradinho. Aos 12, fui pela primeira vez a casa noturna mais frequentada da cidade. Aos 13, experimentei bebidas alcoólicas e me tornei fumante. Aos 14, perdi a virgindade. Aos 15, fugi de casa e me declarei ateia. Aos 16, engravidei. Eu nunca fui convencional. Nunca quis ser. Nunca quis me casar. Nunca quis ter filhos. Nunca sequer gostei de crianças. E foi aí que o destino me surpreendeu, para variar. Meus planos eram simples: Me formar no ensino médio, passar no vestibular (meu sonho era cursar Direito,na USP) e curtir a minha juventude o máximo possível. Podemos dizer, que o último plano,foi concluído com “sucesso”. Eu fiz tudo o que um adolescente rebelde poderia fazer. Sai todos os finais de semana que pude, infernizei a vida dos meus pais, experimentei tudo o que tive vontade, tive romances a longo e a curto prazo, entrei em festas permitidas para maiores de 18 anos…E também tive depressão,episódios de auto-mutilação, bulimia,e todas essas porcarias que a gente se agarra quando não encontra sentido na vida. Era uma pessoa vazia. Por dentro, por fora. Fazia as coisas pelo impulso, pelo desafio. E achava que isso era viver. Para mim, não havia nada que eu não pudesse fazer e nada de mal poderia me acontecer. Eu, Caroline, era invencível, jovem, enérgica, esperta, malandra. E achava que o tal do amor não existia. E se existisse, não tinha sido feito pra mim. E então em janeiro de 2012, antes de completar 16 anos, reencontrei um garoto do qual eu me lembrava de uma dessas festas que eu frequentava anos atrás. A sintonia foi tão instantânea que saímos durante 3 dias e no final do terceiro dia começamos a namorar. Naquela altura, eu ainda bebia e fumava. Ele também…mas não estava muito de acordo com aquela situação e me propôs mudanças. E pela primeira vez na minha vida, eu senti vontade de mudar…por alguém. Pela primeira vez na minha vida, coloquei a vontade e o bem estar de outra pessoa, na frente dos meus caprichos. Já com 3 meses de namoro, não bebia, nem fumava, nem saía de casa com tanta frequência. Me tornei alguém caseira, tranquila. A mudança em mim era visível. E eu que vivia dizendo para quem quisesse ouvir que não iria me apaixonar, me vi sentindo borboletas no estômago. Com 5 meses de namoro, depois de um mês de atraso menstrual, veio a confirmação: Um teste de gravidez positivo. No fundo, eu sabia que estava grávida desde sempre. Adiei a realização do teste por puro medo, ansiedade…O que é que eu ia fazer com uma criança? Eu? Mãe? Será que eu serviria pra isso? Contei para os meus pais no mesmo dia e vendo a decepção nos olhos deles, pude quase ler seus pensamentos: “Era só isso que faltava pra acontecer”. Mas é aí que o amor de pai e mãe realmente se mostra sem limites: eles tinham tudo para me criticar de todas as maneiras, mas não. Me apoiaram, aconselharam. Jamais me deixaram sozinha nesse momento. Fizeram todas as minhas vontades. Compraram do bom e do melhor para o neto. Me defenderam de todas as críticas alheias (que foram muitas). E foi aí que eu comecei a entender, dentro de mim, o que significava esse tal de amor. O que significava ser mãe. Foi uma gravidez tranquila. Primeiramente, queria uma menina,para enfeitá-la com lacinhos e frú-frús….mas então com 16 semanas, descobri que estava esperando um menininho. Decidimos chamá-lo de Matteo. E então os preparativos começaram. Com a família toda envolvida e apoiando,me senti mais forte. Jamais pensei que os comentários alheios me atingiriam tanto. No colégio, antes, todo mundo me olhava torto, por ter medo de mim e me achar maluquinha demais, briguenta demais. Agora,todo mundo me olhava como a maior aberração. Alguns chegaram a dizer: “Bem feito”. Outros chegaram a inventar coisas horrorosas a meu respeito. E ainda outros sentiam pena e tentavam se aproximar de mim. Eu tinha uma página pessoal de perguntas,onde pessoas poderiam perguntar coisas anonimamente,e NUNCA recebi tantas críticas como naquele período da gravidez. Eu tinha constantes períodos de bipolaridade. Por vezes, me sentia feliz, por saber que teria um companheiro pra vida toda, que descobriria o tal do amor incondicional e blábláblá…e por vezes me sentia triste. Triste por todas as coisas das quais abri mão. Comecei a me questionar se deveria ter mesmo seguido adiante com a gravidez e no mesmo instante, me sentia culpada (diga-se um lixo) por ter tais pensamentos. Mas era inevitável. Enquanto eu aguardava Matteo vir ao mundo,comecei a partilhar minhas experiências em um blog e fui notando mudanças incríveis em mim. De dentro pra fora. O desabafo tornava tudo mais fácil. Conheci outras pessoas na mesma situação que eu e tudo isso me ajudou um tanto! Me vi uma pessoa mais tranquila, que valorizava a família e as pequenas coisas, mais centrada na escola,mais justa com as pessoas, mais carinhosa e mais MULHER. Matteo nasceu no dia 10 de Fevereiro de 2013,de cesárea, tão tranquilo que não só me surpreendi,como surpreendi a todos com a minha calma e recuperação rápida! E desde então, posso dizer que a Caroline, de anos atrás, não existe mais. Hoje, ela é um fantasma, bem enterrado dentro de mim, que me assusto e não gosto de me lembrar. Mal reconheço aquela pessoa. Sou completamente apaixonada pela função de ser mãe. Me redescobri de mil e uma formas diferentes e fui invadida por sentimentos que eu jamais imaginei serem possíveis. Aprendi a dar banho, trocar fraldas, fazer dormir, controlar choros…E não posso imaginar coisa melhor do que passar meu tempo com aquele pequeno pedaço de mim, meu filho. Hoje em dia, fico em casa o tempo todo. No máximo,saio aos finais de semana com meus pais e meu namorado. Nada mais. E nem por isso minha vida deixou de ser menos completa…pelo contrário. Faz 3 meses que estou vivendo esse amor que a cada dia mais me surpreende, me inunda, me sufoca…me transforma. E cada dia mais determinada a seguir meus sonhos e realizá-los…não só por mim,agora…mas por uma causa bem maior,e especial: Matteo Ferfoglia Marino. — Quer participar contando sua história? Mande um e-mail para mah@vidadegestanteemae.com.br Beijos Leia Mais Sobregestação — gravidez na adolescência — maternidade Experiências O que eu vou ser quando meus filhos crescerem Experiências Como anda sua memória de mãe? Desenvolvimento Carta do seu filho na barriga para você Experiências [leitor] Relato de Parto Normal Sou psicóloga das Mães e palestrante há mais de 5 anos. Depois que o Vítor e a Mariah nasceram, o mundo da maternidade passou a ser meu mundo! Leia Mais Sobre Mim Publicidade Inscreva-se no canal Curta minhas páginas! 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