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Resumo ECA

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1É muito comum nos referirmos à disciplina “Direito da Criança e do Adolescente” como  
ECA. Na verdade, isto é um erro, já que ECA se trata do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, a base normativa legal mais importante desta disciplina, mas não a única. 
Se tratássemos  somente do Estatuto, estaríamos limitando o estudo desta disciplina, 
já que estaríamos considerando apenas a lei 8069/90 e suas alterações trazidas pela lei 
12.010/09. Ao contrário, tratar a disciplina como Direito da Criança e do Adolescente nos permite estudar não só o Estatuto, mas todas as demais legislações que embasaram e embasam este direito, tais como a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, a Constituição Federal brasileira de 1988, o Código Civil brasileiro, o Código Penal brasileiro etc., além de legislações extravagantes. Enfim, podemos desta forma estudar um sistema jurídico amplo, de garantia de direitos às crianças e aos adolescentes, baseado nos metaprincípios da prioridade absoluta e da proteção integral.
Além da importância dos diplomas nacionais e internacionais, a jurisprudência, principalmente a dos Tribunais Superiores, também apresenta grande influência em nosso estudo. Destacamos os Enunciados Sumulados do STJ: 108, 265, 338, 342, 492 e 500, que se referem aos seguintes temas: Aplicação de medidas socioeducativas, oitiva do adolescente em conflito com a lei para regressão da medida, prescrição, nulidade da desistência de outras provas em caso de confissão, internação e corrupção de menores. 
Considerando a importância da atualização envolvendo a jurisprudência dos Tribunais Superiores, Clique aqui para ter acesso a uma compilação com os principais julgados do STJ e STF.
Como se vê, a disciplina “Direito da Criança e do Adolescente” é bastante ampla. Devido à sua relevância, este direito foi incluído, em caráter obrigatório, no currículo do ensino fundamental, pela lei 9.394/96, que acrescentou o parágrafo 5º ao artigo 32 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
	
	
	
	
	Ao longo da história, é possível observar que crianças e adolescentes não possuíam direitos, pois os pais eram detentores de poderes absolutos sobre seus filhos. A mudança deste cenário se deu a partir do triste caso da menina Mary Ellen ocorrido em 1874, que deu origem ao 1º Tribunal de Menores do mundo. Posteriormente, com a 1ª Guerra Mundial, que deixou muitos órfãos, intensificou-se uma maior necessidade de proteção em relação à infância.
	
	
	
	
O primeiro caso oficial de maus-tratos físicos contra criança ocorreu nos Estados Unidos da América (EUA), ainda em 1874. Uma menina, Mary Ellen, era espancada pela madrasta e foi encaminhada à Sociedade de Prevenção de Crueldade contra Animais, já que não havia qualquer instrumento específico de proteção à criança. No ano seguinte, instituiu-se, em Nova Iorque, a Sociedade de Prevenção de Crueldade contra Criança
Importante: Apesar do artigo 2 do ECA indicar como únicos beneficiários da norma as crianças e os adolescentes, ele admite a aplicação do ECA, de forma excepcional, às pessoas entre 18 e 21 anos de idade (ex.: Art. 40 e 121, parágrafo quinto, do ECA), e não há que se falar na revogação deste artigo pelo Código Civil, tendo em vista que a motivação de se fixar a idade de 21 anos em nada se relaciona com a antiga maioridade civil do Código de 1916, mas sim com o prazo máximo da medida de 
Conceito de criança e adolescente:
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
O artigo 2º define criança como a pessoa que tem até 12 anos incompletos e adolescente quem tem entre 12 e 18 anos de idade. Esses 18 anos de idade devem ser lidos como incompletos, pois, a partir do momento em que a pessoa completa 18 anos, ela é considerada adulta. Aquele que completa 18 anos passa a ter plena capacidade tanto na esfera cível quanto também na penal, podendo ser considerado imputável.
No entanto, há casos em que o ECA se aplica ao maior de 18 anos. O próprio parágrafo único do artigo 2º traz tal disposição. À época da entrada em vigor do ECA, poder-se-ia apontar três artigos em que a Lei 8.069/1990 se aplicava até os 21 anos de idade incompletos:
Art. 36 – tutela,
Art. 42 – adoção,
Art. 121, par. 5º - internação.
Com a entrada em vigor do novo Código Civil, a capacidade plena passou a ser adquirida aos 18 anos. Logo, não se poderia falar em tutela para alguém maior de 18 anos. Também não havia razão para impedir a adoção por aqueles que tivessem entre 18 e 21 anos. Ou seja, os limites antes previstos nos artigos 36 e 42 do ECA foram tacitamente alterados pelo Código Civil. Com o advento da Lei 12.010/2009, os artigos 36 e 42 foram expressamente alterados, passando a neles constar a idade de 18 anos:
Art. 36.  A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos.
Art. 42.  Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil.
Quanto ao limite máximo de idade para perdurar a internação, esse permanece sendo o de 21 anos. Como já vimos, tal limitação em nada se relaciona à antiga maioridade civil, mas sim ao limite máximo que um adolescente poderia permanecer internado: três anos. Dessa forma, se pensarmos em um adolescente que deixa para praticar o ato infracional no último momento de sua menoridade, calculando que seja possível uma internação por um prazo máximo de três anos, poderia ele ficar internado até praticamente os 21 anos, quando sua desinternação é compulsória
Introdução ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Interpretação do ECA:
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. (grifos nossos)
Uma determinada disposição do ECA não pode ser utilizada, no caso concreto, para prejudicar os interesses da criança ou adolescente. Levando em conta que o objetivo precípuo da lei é proteger de forma integral, assegurando com absoluta prioridade a efetivação de todos os direitos da pessoa humana e ainda os inerentes à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, todos os dispositivos devem ser interpretados em favor do superior interesse do menor, em apreço à doutrina da proteção integral.
Dessa forma, o legislador deixou claro no artigo 6º que a interpretação do ECA deve levar em conta os fins sociais aos quais ela se dirige, às exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos e à condição peculiar do menor de 18 anos de pessoa em desenvolvimento. Trata-se de interpretação dirigida aos objetivos traçados pelo legislador, que demonstram o compromisso firmado pelo Brasil de garantir a efetivação de todos os direitos previstos na Convenção Internacional dos Direitos da Criança.
CONTEXTUALIZAÇÃO – Clique aqui  para conhecer as alterações legislativas pelas quais passou o Estatuto da Criança e do Adolescente
Aula 2
Na aula anterior, você acompanhou a evolução do Direito da Criança e do Adolescente, e constatou que crianças e adolescentes finalmente passaram a ser considerados sujeitos de direitos. Nesta aula, e ainda em algumas outras, aprofundaremos o estudo dos seguintes direitos fundamentais: vida, saúde, liberdade, respeito e dignidade, que estão dispostos nos artigos 8º a 18 do ECA.
Como você vê no vídeo, as crianças muitas vezes são reflexo de nossas atitud
Direito à vida e à saúde
Tais direitos estão previstos de forma ampla no artigo 7º do ECA, que garante a proteção dos mesmos desde antes do nascimento. Um exemplo disto é a proteção indireta ao nascituro, garantindo à gestante o atendimento pré e perinatal, conforme consta do artigo 8º.
O ECA tutela até mesmo a mãe em casode manifestar a vontade de entregar seu filho à adoção, caso em que tal vontade deve ser comunicada à autoridade judiciária, sob pena de se consagrar a infração administrativa prevista no artigo 258 B do ECA (Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção). Este artigo foi incluído no ECA pela Lei 12010/09.
A Lei 12.010/09 concedeu ainda à gestante, a assistência psicológica nos períodos pré e pós-natal, como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal, bem como às gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção.
	
	Outra garantia importante é o direito ao aleitamento materno previsto pelo artigo 9º, que abrange, inclusive, os filhos de mães detentas, garantia esta também assegurada pelo artigo 5º, inciso L da CF. Esta proteção visa assegurar tanto a nutrição quanto os benefícios psicológicos e afetivos da amamentação.
	
O legislador estabeleceu no artigo 10 cinco obrigações aos hospitais públicos ou particulares visando a efetividade do direito à vida e à saúde do recém-nascido. A inobservância dos direitos previstos no artigo 10, incisos I a V caracteriza crime do artigo 228 ou 229 do ECA, punido na modalidade dolosa ou culposa.
Espaço para 
Do nascimento ao crescimento
A preocupação em relação à saúde de crianças e adolescente não se limita ao momento do seu nascimento. Pelo contrário, é voltada a assegurar o seu bom desenvolvimento em todas as etapas do seu crescimento.
 No art. 11 o legislador visa garantir às crianças e aos adolescentes tratamento médico universal e igualitário, inclusive aos portadores de deficiências. Nessa obrigação, inclui-se o fornecimento de medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação. Isso nos leva a concluir que, em se tratando de obrigação do Estado, o não cumprimento da obrigação ensejará a propositura de uma ação de obrigação de fazer. Não podemos esquecer que, para alguns tipos de medicamentos, a obrigação é do Estado e, para outros, é do Município. Devemos certificar-nos sobre de quem é a obrigação, para evitar a argüição de ilegitimidade de parte.
No art. 12 assegura-se o direito de permanência de um dos pais ou 
responsáveis. Se o pai ou responsável não tiver equilíbrio para acompanhar 
o menor enfermo, poderá ser substituído por outro em condições. Basta 
que o hospital, por meio de seu serviço social, comunique o juiz da 
Infância e Juventude, para que ele tome as medidas cabíveis.
O Art. 13, na linha de garantia ao direito à saúde, o legislador estatutário, de forma prudente, obrigou a todos os estabelecimentos hospitalares a comunicar os casos de suspeita ou confirmação de maus tratos contra crianças ou adolescentes. O descumprimento dessa norma caracteriza infração administrativa, prevista no art. 245 do ECA. A questão dos maus tratos, considerando a sua gravidade, suas implicações e, lamentavelmente, o seu alto índice de incidência, será ainda objeto de estudo no decorrer do curso.
O artigo 13 foi alterado pela Lei 13010/14. Clique aqui para saber mais sobre tal alteração. Cabe destacar ainda que a Lei 13046/2014 incluiu o artigo 70 B no ECA, dispondo que “As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos praticados contra crianças e adolescentes.  Parágrafo único.  São igualmente responsáveis pela comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, culposos ou dolosos.”
Lei Menino Bernardo A Lei 13010/14, intitulada Lei Menino Bernardo, proveniente do projeto de lei antes intitulado como Lei da Palmada, modificou, no capítulo referente ao Direito à saúde, o artigo 13, passando a dispor que “Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.” Considera-se: castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em sofrimento físico ou lesão. Define como tratamento cruel ou degradante a conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que humilhe, ameace gravemente ou ridicularize.
O art. 14, como medida de prevenção, determina ao SUS a promoção de programas de assistência médica e odontológica, para as enfermidades que afetem a população infantil, bem como de campanhas de educação sanitária, além das campanhas de vacinação obrigatórias.
O legislador estatutário, de forma elogiável, nos artigos 15 a 18 do ECA, tratou do direito à 
liberdade, à dignidade e ao respeito de forma acoplada, definindo-os num único capítulo, 
pelo fato de eles se complementarem, pois não podemos pensar em liberdade sem respeito 
e dignidade. Clique aqui para conhecer as recentes alterações realizadas no artigo 18.
Porém, esses direitos sofrem limitações pelo fato de crianças e adolescente serem pessoas 
em processo de desenvolvimento. Assim, uma criança ou um adolescente pode brincar, 
passear ou se divertir, desde que essa liberdade não o prejudique. Estas limitações estão 
presentes em cada inciso do artigo 16.
Lei Menino Bernardo1 A Lei 13010/14, intitulada Lei Menino Bernardo, proveniente do projeto de lei antes intitulado como Lei da Palmada, incluiu no capítulo referente à proteção do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade, os artigos 18 A e B, passando a prever que a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. Considera-se: castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em sofrimento físico ou lesão. Define como tratamento cruel ou degradante a conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que humilhe, ameace gravemente ou ridicularize. O ECA passa a prever medidas para os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto. Tais medidas devem ser aplicadas pelo Conselho Tutelar. São elas: encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; encaminhamento a cursos ou programas de orientação; obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado e advertênc
Art. 16, II - Compreende o direito de opinião e expressão.
Este dispositivo é de grande valia para as situações que deságuam na Vara de Família, principalmente quando o futuro da criança ou adolescente está em jogo, independentemente da idade. O fato de serem vulneráveis e, como tal passíveis de influências inadequadas, não impedem que sejam ouvidos na Vara de Família, até porque a fala deverá ser avaliada dentro do conjunto de provas e ainda sob a orientaçãode uma equipe especializada. 
Comentário: 
Logo, não cabe mais aquela velha indagação: "a partir de que idade, o meu filho poderá ser ouvido em juízo?". Porém, este direito de opinião e expressão sofre limitações para o próprio benefício da criança ou adolescente caso o juiz perceba que a escolha poderá ser prejudicial para o seu bom desenvolvimento.
Art. 16, III - Crença e culto religioso. 
Aqui o legislador seguiu a orientação constitucional (art. 5º incisos VI a VIII da CF). Contudo, essa liberdade tem como freio a própria criança ou adolescente, que não poderá praticar atos que afetem a sua integridade física e psíquica.
Art. 16, IV - Brincar, praticar esporte e divertir-se. 
São atividades permitidas, desde que sejam praticadas dentro das regras de segurança e das normas legais, permitindo a sua socialização
Art. 16, V – Participar da vida familiar sem discriminação.
Este dispositivo engloba o direito previsto pelo art. 19 do ECA, que será estudado na próxima aula, e se refere à convivência com a família natural ou substituta sem distinção.
Art. 16, VI - Participar da vida política. 
Este direito pode ser exercido somente a partir dos 16 anos de idade, segundo o disposto no art. 14, § 1º, II, c, da CF.
Art. 16, VII – Buscar refúgio, auxílio e orientação. 
Sempre que um menor procurar um adulto como fonte de apoio, inclusive no caso de violência e de maus tratos, deverá ser ouvido por quem quer que seja. Tal obrigação é então de todos, prevista nos artigos 4º e 18 do ECA. Isto porque muitas crianças e adolescentes são vítimas dos próprios pais ou responsáveis. Assim, todos devemos denunciar, e para isto existem, inclusive, diversos programas criados, como o “SOS Crianças Vítimas de Violência”, por exemplo.
Direito à dignidade e ao respeito
O artigo 17 do ECA trata da proteção a integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. Entretanto, nada impede que caso os pais ou responsável suspeitem de que algo está errado com o menor, venham a vasculhar seus pertences, por exemplo, visando protegê-lo.
Com o advento das novas tecnologias e da internet, é comum ver os pais usando programas para controlar o acesso dos filhos à internet, ou proibir games inapropriados.
	
	Este dispositivo também é limitante do poder familiar ao impedir o excesso nos meios de correição, pois os excessos poderão caracterizar o crime de maus-tratos previsto pelo art. 136 do Código Penal  ou ainda o crime de tortura castigo, prevista no art. 1º, Inciso II da lei 9455/97.
	
E, finalmente, o artigo 18 do ECA, que assegura a dignidade da criança e do adolescente e que, além de prever o direito, estabelece também o dever de todos em zelar pelo mesmo. Como já visto anteriormente, a a lei Menino Bernardo incluiu os artigos 18A e B no ECA
Aula 3 - Direito à Convivência Familiar e Comunitária e os Procedimentos de Colocação em Família Substituta; de Perda e Suspensão do Poder Familiar; de Destituição da Tutela; e da Habilitação de Pretendentes à Adoção
Dentro da sistemática dos direitos fundamentais, o legislador tratou do direito à convivência familiar de forma abrangente, procurando estabelecer regras que norteiam o cuidado à criança e ao adolescente. Sendo assim, serão estudados direitos e deveres de todos os envolvidos com o propósito de assegurá-lo.
Clique aqui para ver o estudo dirigido desta aula
Direito à Convivência Familiar e Comunitária
O direito à convivência familiar foi objeto da Lei 12010/09, conhecida como lei da adoção, mas que na verdade dispõe sobre o aperfeiçoamento do direito À convivência familiar.
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que toda criança e adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
A família é o primeiro agente socializador do ser humano. E a convivência comunitária fortalece valores e reforça o reconhecimento dos interesses individuais e coletivos.
	A regra, pelo artigo 19 do ECA, é a família natural ou extensa/ampliada; e a exceção, a família substituta. E para garantir esta convivência, o ECA sofreu alteração recente pela Lei 12962/14, que passa a estabelecer no parágrafo 4o do artigo 19 que será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe e o pai privado da liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judicial. O artigo 23 também passou a ter nova redação. A criança ou adolescente deve ser mantido em sua família de origem, em regra. Desta forma, a condenação criminal do pai ou da mãe nao implicará na destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha. Um exemplo que podemos citar é o crime de estupro.
Assim, nos procedimentos da Justiça da Infância e da Juventude, a preferência é sempre a permanência da criança e do adolescente junto a seus genitores biológicos ou parentes próximos (ou pessoa com quem já conviva), e somente após a verificação técnico-jurídica de que estes não possuem condições de criá-los, é que se inicia a colocação em lar substituto. Clique aqui para saber sobre filiação.
O artigo 20 do ECA  restringiu qualquer discriminação relativa à filiação. Sendo assim, aboliu-se o termo filiação ilegítima,igualando-se os direitos de todos os filhos. O mesmo preceito está no artigo 1.596 do CC e na CF, no §6º do artigo 227.
Os artigos que dispõem acerca do direito à filiação não sofreram alteração, pois já se encontravam em total sintonia com as previsões constitucionais, que estabelecem igualdade na filiação, com proibição de discriminação entre filhos naturais e adotivos, proibindo também a nomenclatura “filhos ilegítimos”.
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da filiação. 
 Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observaobservado o segredo de Justiça.
Entendendo o cenário...
Como família natural entende-se a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes (artigo 25, ECA). Sendo a família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (artigo 25, parágrafo único, ECA), e 1.723 do Código Civil .
A plena equiparação das uniões estáveis homoafetivas, às uniões estáveis heteroafetivas, afirmada pelo STF (ADI 4277/DF, Rel. Min. Ayres Britto), trouxe como corolário, a extensão automática àquelas, das prerrogativas já outorgadas aos companheiros dentro de uma união estável tradicional, o que torna o pedido de adoção por casal homoafetivo, legalmente viável. No dia 14 de maio de 2013 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução ( Resolução n. 175) que obriga todos os cartórios do país a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
A Lei 12.010/09, que trouxe alterações ao Estatuto da Criança e do Adolescente, reconhece duas formas de acolhimento da criança e do adolescente, quando estes não puderem permanecer junto à sua família natural ou extensa/ampliada, que são o acolhimento institucional e o acolhimento familia
Acolhimento InstitucionalEsta forma se refere ao antigoabrigamento (artigo 90, IV, ECA) por instituições voltadas à proteção temporária da criança e do adolescente, e que não se confunde com privação de liberdade destes. A permanência da criança e do adolescente neste programa de acolhimento não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciári
Acolhimento Familiar - Esta forma se refere a um programa em que famílias dispostas a receber e proteger crianças e adolescentes que não possam permanecer junto a suas famílias. Elas são cadastradas para esta finalidade e, surgindo a necessidade, serão a família acolhedora destas crianças e adolescentes. Este programa prevalece sobre o acolhimento institucional, sempre que possível, e conta com o acompanhamento de profissionais como assistentes sociais e psicólogos.
Como família natural entende-se a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes (artigo 25, ECA). Sendo a família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (artigo 25, parágrafo único, ECA), e 1.723 do Código Civil .
A plena equiparação das uniões estáveis homoafetivas, às uniões estáveis heteroafetivas, afirmada pelo STF (ADI 4277/DF, Rel. Min. Ayres Britto), trouxe como corolário, a extensão automática àquelas, das prerrogativas já outorgadas aos companheiros dentro de uma união estável tradicional, o que torna o pedido de adoção por casal homoafetivo, legalmente viável. No dia 14 de maio de 2013 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução ( Resolução n. 175) que obriga todos os cartórios do país a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
A Lei 12.010/09, que trouxe alterações ao Estatuto da Criança e do Adolescente, reconhece duas formas de acolhimento da criança e do adolescente, quando estes não puderem permanecer junto à sua família natural ou extensa/ampliada, que são o acolhimento institucional e o acolhimento familiar.
	Acolhimento Institucional
	Acolhimento Familiar
	Informação Importante
Esta forma se refere a um programa em que famílias dispostas a receber e proteger crianças e adolescentes que não possam permanecer junto a suas famílias. Elas são cadastradas para esta finalidade e, surgindo a necessidade, serão a família acolhedora destas crianças e adolescentes. Este programa prevalece sobre o acolhimento institucional, sempre que possível, e conta com o acompanhamento de profissionais como assistentes sociais e psicólogos.
Estas duas formas de acolhimento possuem como características comuns:
- são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando em privação de liberdade;
- A criança ou adolescente terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar da entidade, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta. Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. Para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda, e o Ministério Público então ingressará com a ação (art. 136, XI e par. Único, ECA);
- A determinação de ambos os acolhimentos é de competência exclusiva da autoridade judiciária (exceto no caso de medidas emergenciais - artigos 101, § 2º e 93 do ECA), mediante lavratura de Guia de acolhimento, que deve conter os requisitos do § 3º e incisos do artigo 101 do ECA;
- A determinação de qualquer dos acolhimentos importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.
- Em ambos os acolhimentos elabora-se um plano individual de atendimento por uma equipe técnica (vide §§ 4º ao 6º do artigo 101 do ECA);
- O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local m
Pátrio Poder x Poder Familiar
Segundo o Código Civil, a expressão “pátrio poder” foi substituída por “poder familiar”. Esta alteração baseou-se no disposto pelo artigo 5º, inc. I da CF, que diz que ”homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”; e do §5º do artigo 226, da CF, que prevê a igualdade entre os cônjuges. Por isso este poder é exercido em igualdade de condições pelo pai e pela mãe, representando a obrigação destes na formação e proteção dos filhos, garantindo-lhes os direitos fundamentais assegurados pela CF. O que está contido também no art. 21 do ECA. Antes da reforma promovida pela Lei 12010/09, o ECA ainda se valia da expressão “pátrio poder”, mas com o advento da referida lei, todas as expressões foram alteradas para “Poder familiar”.
VER SLIDES DA PARTE 4 DESTA AULA
Procedimento de perda ou suspensão do poder familiar
A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a ele inerentes.
	
	O procedimento de perda ou suspensão do poder familiar está previsto nos artigos 155 e seguintes do ECA.
Clique aqui  para visualizar as etapas deste procedimento.
	
Etapas do procedimento de perda ou suspensão do poder familiar O procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse. A petição inicial deverá conter os seguintes requisitos: I - a indicação da autoridade judiciária a que for dirigida; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público; III - a exposição sumária do fato e o pedido; IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos. Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 do Código Civil. Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. Também é obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem identificados e estiverem em local conhecido. Apresentada a resposta,a autorida autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento. Na audiência, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias. O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e a sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da criancriança ou do adolescente
Família substituta – Artigos 28 a 52, ECA.
A colocação em família substituta far-se-á mediante 3 modalidades: guarda, tutela ou adoção. Esta última modalidade sofreu recente alteração promovida pela Lei 12955/14, que incluiu o parágrafo 9o., que determina que terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica.
Estas 3 modalidades de colocação em família substituta possuem alguns aspectos em comum. São eles (clique nas imagens para ver a descrição
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Modalidades de família substituta
Clique nas modalidades de família substituta para conhecê-las:
1) GUARDA 
2) TUTELA 
3) ADOÇÃO 
4) ADOÇÃO INTERNACIONAL 
Procedimento de Colocação em Família Substituta
O procedimento de colocação em família substituta está previsto nos artigos 165 a 170 do ECA. Clique aqui para visualizar as etapas deste procedimento.
GUARDA A guarda não retira o poder familiar dos pais, diferentemente da tutela, que pressupõe a perda ou a suspensão desse Poder Familiar. Já a adoção rompe com todos os vínculos anteriores. Consoante o artigo 1.634 do Código Civil e artigo 22 do ECA, a guarda é dever inerente ao poder familiar, juntamente com o dever de sustento e educação, consoante os dois dispositivos em epígrafe. É inicialmente vinculada, portanto, ao Poder Familiar. No entanto, em determinadas situações, pode o dever de guarda se desprender do poder familiar, sem causar a perda deste. Em nosso ordenamento jurídico, temos vários dispositivos legais que tratam da guarda. Deve-se observar em que situação se encontra a criança ou adolescente, para que se saiba qual dispositivo legal deve ser aplicado. Em caso de guarda decorrente de disputa entre os pais, aplica-se o disposto nos artigos 9o a 16 da Lei 6.515/1977, que Regula os casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos e respectivos processos, e dá outras providências. Essa lei traz a possibilidade de os pais disporem, durante sua separação, acerca da guarda dos filhos menores. No entanto, o artigo 13 possibilita que, por motivos graves, o juiz decida em sentido diverso do que ficou acordado pelos pais. Nos casos de guarda como modalidade de colocação em família substituta, será aplicável o disposto nos artigos 33 a 35 do Estatuto. que não se preocupou com a guarda atribuída aos genitores, mas somente a atribuída a terceiros. Luiz Mônaco da Silva conceitua guarda como o “instituto pelo qual alguém, parente ou não, assume a responsabilidade sobre um menor, passando a dispensar-lhe cuidados próprios da idade, além de ministrar-lhe assistência espiritual, material, educacional e moral”. - Espécies de guarda 1) Guarda para regularizar a posse de fato É possível que a criança ou adolescente já esteja sendo criado por alguém, que não possui o termo de guarda. O objetivo, nesta modalidade de guarda, é tornar de direito uma situação meramente fática. 2) Guarda liminar ou incidental no processo de adoção Artigo 33, parágrafo primeiro – guarda liminar ou incidental nos procedimentos de tutela e adoção, exceto por estrangeiros. Com base nesse dispositivo, é possível que, durante o processo de adoção, os futuros pais adotivos tenham a guarda da criança ou adolescente. 3) Guarda para atender situação peculiar ou para suprir falta eventual São as hipóteses previstas no artigo 33, parágrafo 2o –situação peculiar. Pode até mesmo implicar em responsabilidade sobre o menor até os 18 anos de idade. Tal guarda pode por fim ao processo, decidindo com quem vai ficar o menor. No entanto, nada impede a revogação dessa guarda, consoante dispõe o artigo 35 do ECA. O que prepondera é o interesse do menor, e não a pretensão dos pais ou do guardião. A perda ou a modificação da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, consoante o disposto no artigo 169, parágrafo único. Quanto à guarda para suprir falta eventual dos pais, é possível que, durante uma viagem de estudos, por exemplo, o menor esteja em guarda com determinada pessoa, até que os pais voltem a exercer a guarda. - Efeitos da guarda - Prestação de assistência material, moral e educacional. - Passa o menor a figurar como dependente para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários. Alguns avós requerem a guarda dos netos, visando exclusivamente a fins previdenciários. Em muitos desses casos, o menor continua, inclusive, na companhia dos pais. Não existe a chamada guarda previdenciária, mas sim os efeitos previdenciários da guarda. Concordamos com a parte da doutrina que sustenta que os benefícios são consequência e não finalidade. Além disso, tendo-se exclusivamente a finalidade de se deixarem benefícios previdenciários, importaria em uma fraude permitida pelo Poder Judiciário aos cofres públicos. Outro argumento seria a falta de correspondência com a realidade dos fatos. A questão deve passar, ainda, pela análise da Lei 8.213/1993, em seu artigo 16, parágrafo 2 o , que sofreu uma alteração em 1997, pela Lei 9.528, passando a não considerar o menor sob guarda como equiparado a filho, mas apenas o enteado e o menor tutelado. Mesmo para aqueles que entendem como possível a guarda para fins exclusivamente previdenciários, posicionamento que praticamente não mais se encontra na jurisprudência, o recebimento de tais benefícios deve passar pela análise da modificação da lei. O fato gerador do benefício é a morte do segurado. Dessa forma, deve-se levar em conta a lei em vigor na data da morte do beneficiário. Se anterior à alteração legal, o menor sob guarda ainda poderia receber o beneficio. Se posterior, não mais seria permitido, em virtude da nova redação do parágrafo 2º. No entanto, recentemente, a Terceira Turma do STJ, em decisão publicada no Informativo 422, assim decidiu: Em questão de ordem suscitada pelo Ministério Público Federal sobre a exclusão de menor sob guarda da condição de dependente do segurado, amplamente refutada nos juizados especiais federais, como alegado pelo parquet, a Seção, por unanimidade, acolheu a preliminar de inconstitucionalidade do art. 16, § 2º, da Lei n. 8.213/1991, na redação da Lei n. 9.528/1997, conforme determina o art. 199 do RISTJ. QO nos EREsp 727.716- CE, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJSP), julgada em 10/2/1010. - Guarda especial destinada a crianças e adolescentes de difícil colocação O artigo 34 sofreu alteração pela Lei 12.010/2009. As antigas expressões “órfão ou abandonado” foram substituidas por “afastado do convívio familiar”. - Competência Territorial Domicílio do responsável pela criança – artigo 147, I, do Estatuto. - Competência em razão da matéria É prevista no art. 148, parágrafo único, Alinea a, sendo de competência da Justiça da Infância e Juventude apenas nos casos de existência de situação de risco para a criança ou adolescente. - Visitação e alimentos A Lei 12.010/2009 incluiu no artigo 33 o parágrafo 4º, passan passando a prever que a guarda não afasta o direito de visitação e o dever alimentar, exceto na guarda deferida durante o processo de adoção.
TUTELA A tutela está prevista nos artigos 36 a 38 do ECA, e 1.728 e seguintes, do Código Civil.Consiste em um encargo de caráter assistencial, que tem por objetivo suprir a falta de representação legal, substituindo assim o poder familiar, em se tratando de menor de 18 anos. Cabe destacar que a administração dos bens do tutelado não pode prevalecer à criação e à educação deste. Esta administração é uma importante atribuição da tutela, mas não é única. A tutela, apesar de englobar a guarda, não se confunde com ela. A tutela confere ao tutor plenos poderes de representação, em virtude da destituição ou suspensão do poder familiar ou ausência dos pais, o que não ocorre na guarda, que pode coexistir com o poder familiar. As hipóteses que ensejam a tutela são: - pais falecidos ou ausentes (com declaração de ausência, senão a medida correta é a guarda); - pais suspensos ou destituídos do poder familiar. Cessa a condição de tutelado: - com a maioridade ou a emancipação; - caso a criança ou adolescente volte a estar sob o poder familiar, no caso de reconhecimento da filiação ou adoção. Cessam as funções do tutor: - ao expirar o termo de tutela; - ao sobrevir escusa legítima (vide artigo 1.736 do Código Civil); - ao ser removido. Apesar de não coexistir com o poder familiar, a tutela não defere direito sucessório ao tutelado em caso de falecimento do tutor. Este direito permanece em relação aos pais, pois a suspensão ou a destituição do poder familiar não extingue o vínculo sucessória. O tutor possui os deveres previstos nos artigos 1.740, 1.747, 1.748 e 1.755, todos do Código Civil. As espécies de tutela são: - tutela testamentária - art. 1.729 e § único, Código Civil: quando os pais nomeiam tutor, conjuntamente, através de testamento. Porém, na apreciação do pedido, serão observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 do ECA, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumí-la; - tutela legítima – art. 1.731, Código Civil: na falta de nomeação pelos pais, a nomeação pode ser feita judicialmente, dentre os parentes consangüíneos; - tutela dativa – art. 1.732, Código Civil: tem caráter subsidiário, e será cabível na falta do exercício das possibilidades anteriores. Trata-se da nomeação judicial de tutor estranho, idôneo e residente no domicílio do tutelado. A lei 12010/09 realizou duas alterações nos dispositivos relacionados à tutela. Uma das alterações foi apenas para adequar o ECA ao Novo Código Civil estabelecendo o limite etário no art. 36, estabelecendo que o tutelado deverá ter até 18 anos incompletos. A segunda alteração diz respeito à extinção da antiga especialização de hipoteca, prevista antigamente no art. 37, que atualmente prevê um novo prazo para que o tutor testamentário ingresse em juízo com pedido de controle judicial do ato.
ADOÇÃO A adoção de criança e de adolescente reger-se-á sempre de acordo com o disposto no ECA (artigos 39 a 52, do ECA), e trata-se de medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa. A adoção depende sempre de sentença judicial, que possui natureza constitutiva. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. Quem pode adotar? a) pessoas maiores de 18 anos, individualmente, e que tenham 16 anos a mais que o adotando, exceto os ascendentes e os irmãos do adotando; b) casal, em que 1 dos cônjuges seja maior de 18 anos e comprove estabilidade familiar; c) divorciados ou separados judicialmente, desde que a criança ou o adolescente já estivesse sob o convívio do casal durante a sociedade conjugal, e desde que se estabeleça guarda e visitação; d) tutor/curador em relação ao tutelado/curatelado, desde que preste contas de sua administração. Requisitos da adoção: deve oferecer reais vantagens para o adotando, por tratar-se de medida excepcional; deve haver o consentimento dos pais ou do representante legal do adotando, ou destituição do poder familiar. Se os pais dão o seu consentimento, é feita no Cartório, diretamente, sem advogado, através de petição dos interessados, pois não há lide. Caso contrário, há o contraditório. Sendo impossível o consentimento, como no caso de pais desconhecidos/desaparecidos e de menores órfãos sem representante legal, o Juiz o supre; consentimento do adotando maior de 12 anos; estágio de convivência: a adoção é precedida de estágio de convivência para fins de adaptação, pelo prazo que o Juiz fixar, dependendo das peculiaridades de cada caso. Isto é para verificar a adaptação da criança ou adolescente naquela família, e não dos adotantes. NÃO HÁ O ESTÁGIO NOS SEGUINTES CASOS: crianças com menos de 01 ano de idade (exceto se deficientes sensoriais ou mentais); ou se o menor já estiver em companhia do adotante tempo suficiente para supor a adaptação do adotando. Para os adotantes estrangeiros residentes ou domiciliados fora do Brasil, o estágio de convivência é obrigatório, e é cumprido em território nacional, pelo prazo de 30 dias. Cabe ressaltar que o estágio de convivência deve ser acompanhado pela equipe interprofissional que apresentará relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida. Adoção Póstuma e Adoção Unilateral: Existem duas espécies de adoção previstas pelo ECA que possuem características peculiares que as afastam um pouco das regras gerais referentes a adoção. A primeira espécie consiste na chamada Adoção Póstuma, que se refere a possibilidade de deferimento da adoção ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. E a segunda denomina-se Adoção Unilateral na qual um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantendo-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes. Sentença de deferimento da Adoção: A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese de Adoção Póstuma, caso em que terá força retroativa à data do óbito. Isto é assim para possibilitar a transmissão de direitos sucessórios ao adotando. A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, a possibilidade de determinar a modificação do prenome. Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, isto não poderá configurar uma imposição ao adotado. Será obrigatória a sua oitiva, observado o disposto nos §§ 1o e 2o, do art. 28 do ECA. A sentença que defere a Adoção é irrevogável e nem mesmo a morte dos adotantes restabelece o poder familiar dos pais naturais. Conhecimento sobre a origem biológica: O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. Tal acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. Cadastro para fins de adoção: Caberá a autoridade judiciária manter, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. Considerando a relevância da Adoção, a inscrição de postulantes à mesma deverá será precedida de um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e, sempre que possível e recomendável, esta preparação deverá propiciar o contato com crianças eadolescentes em acolhimento familiar ou institucional, em condições de serem adotados, sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica. O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público e somente será deferida a inscrição se o interessado satisfazer os requisitos legais. A lei prevê ainda a criação e a implementação de cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção, e também cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros anteriormente mencionados. Atuação das autoridades: Para que se assegure a efetividade das normas previstas pelo ECA sobre a Adoção, a atuação das autoridades envolvidas no processo é fundamental. As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional, sob pena de responsabilidade. A Autoridade Central Estadual deverá zelar pela manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público Adotante domiciliado fora do Brasil: A adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente somente poderá ser deferida: - se tratar de pedido de adoção unilateral; - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 do ECA
ADOÇÃO INTERNACIONAL Conceito e noções gerais: É aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999. Vale lembrar que a colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção. Seguindo as orientações da convenção internacional dos direitos da criança, o legislador estatutário excepcionou, ainda mais, a colocação em família substituta estrangeira. Partindo da interpretação sistemática, conclui-se que a colocação em família substituta já é exceção e a colocação em família substituta estrangeira é a exceção da exceção, ou seja, a criança somente irá para um lar estrangeiro quando não houver nenhuma família brasileira disposta a adotá-la. E os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nesta modalidade de adoção. Esta regra deve ter por pressuposto o melhor interesse da criança e não o das famílias, conforme art. 6º do ECA. Importante: As regras gerais da adoção são aplicadas à adoção internacional, como exemplo dar-se-á da mesma forma a adoção de adolescente com a peculiaridade de ser indispensável o seu consentimento (art.45, § 2º, do ECA) bem como quanto ao grupo de irmãos (art.28, § 4º, do ECA). Requisitos para o deferimento da Adoção Internacional: Será admitida a adoção internacional de crianças e/ou adolescentes brasileiros ou domiciliados no Brasil, quando esta modalidade de família substituta for adequada ao caso concreto, e quando forem esgotadas todas as possibilidades de colocação em família brasileira. Em se tratando de adoção de adolescente, este deverá ser consultado e estar preparado para a medida, através de parecer elaborado minuciosamente por equipe interprofissional. Adoção Internacional: Procedimentos A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional, e observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 do ECA, com as seguintes adaptações: - A postulação da adoção internacional, de criança ou adolescente brasileiro, por pessoa ou casal estrangeiro, deverá ser precedida de pedido de habilitação à medida perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual; - A Autoridade Central do país de acolhida, considerando que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contemple informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos em que se fundamentam o pedido, e a aptidão para assumir uma adoção internacional; - Será encaminhado relatório, instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial, elaborado por equipe interprofissional, e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência da Autoridade Central do país de acolhida, à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira; - Os documentos encaminhados pela Autoridade Central do país de acolhida à Autoridade Central Estadual, em língua estrangeira, serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado; - Pelo princípio da soberania dos países, a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; - A Autoridade Central Estadual, após estudo realizado pela a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe o ECA, como da legislação do país de acolhida, poderá expedir laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; - O interessado à adoção será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, após estar de posse do laudo de habilitação, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual; - A saída do adotando do território nacional, antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida. Depois de transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado; - A qualquer tempo Autoridade Central Federal Brasileira poderá solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados. Será admitido que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados, se a legislação do país de acolhida assim o autorizar. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificanteda Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil. O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório. A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o do artigo 52-C, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacionAL
A alienação parental ofende o direito à convivência familiar. O psiquiatra americano Richard Gardner denominou "alienação parental" a síndrome constatada em um dos pais Conceito: Um dos cônjuges tenta, a qualquer preço, afastar a criança ou adolescente do convívio do outro genitor. Casos específicos: a síndrome geralmente se manifesta na ocorrência de separações traumáticas, em que uma das partes não consegue rejeitar o sentimento de rejeição, raiva, abandono e acaba por buscar, até de forma inconsciente, o alívio de tais sentimentos pela vingança, qual seja, a de afastar o outro genitor da presença e convívio do filho consequências: além da nefasta criação sem a presença de um dos genitores, com os consequentes traumas que podem ser gerados psicologicamente. A menina, por exemplo, na ausência do pai, podendo ser proveniente de um lar desajustado pode manifestar futuramente o que psicologicamente se conceitua como a doença de amar demais, que poderá envolvê-la em relacionamentos destrutivos. Podem ser plantadas falsas memórias em casos extremos, como abuso sexual praticado pelo genitor afastado.
Em casos extremos, o genitor afastado pode ser vítima de denunciação caluniosa, vindo a responder a inquérito e processo por supostos abusos sexuais, o que demandará uma análise psicológica criteriosa e necessariamente demorada, gerando sofrimento extremo a todos os envolvidos.
Clique aqui para conhecer a Lei 12.318/2010, que dispõe sobre alienação parentaL
	Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 12.318, DE 26 DE AGOSTO DE 2010.
	Mensagem de veto
	Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o  Esta Lei dispõe sobre a alienação parental. 
Art. 2o  Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
Parágrafo único.  São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros:  
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; 
II - dificultar o exercício da autoridade parental; 
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; 
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; 
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; 
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; 
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. 
Art. 3o  A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda. 
Art. 4o  Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso. 
Parágrafo único.  Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao genitor garantia mínima de visitação assistida, ressalvados os casos em que há iminente risco de prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou do adolescente, atestado por profissional eventualmente designado pelo juiz para acompanhamento das visitas. 
Art. 5o  Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial. 
§ 1o  O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor. 
§ 2o  A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental.  
§ 3o  O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada. 
Art. 6o  Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: 
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertiro alienador; 
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
III - estipular multa ao alienador; 
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; 
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; 
VII - declarar a suspensão da autoridade parental. 
Parágrafo único.  Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar. 
Art. 7o  A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao genitor que viabiliza a efetiva convivência da criança ou adolescente com o outro genitor nas hipóteses em que seja inviável a guarda compartilhada. 
Art. 8o  A alteração de domicílio da criança ou adolescente é irrelevante para a determinação da competência relacionada às ações fundadas em direito de convivência familiar, salvo se decorrente de consenso entre os genitores ou de decisão judicial. 
         
Procedimento de Destituição da Tutela
A destituição da tutela será decretada judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações inerentes ao instituto.
O procedimento de destituição da tutela está previsto nos artigos 164 do ECA e 1.194 a 1.198 (O novo CPC - Lei 13105/15 - foi sancionado no dia 16 de março e entrará em vigor um ano após a data de sua publicação) do Código de Processo Civil (No novo CPC, o procedimento será tratado pelos artigos 759 a 763). Clique aqui para visualizar as etapas deste procedimento.
Cabe ao órgão do Ministério Público, ou a quem tenha legítimo interesse, requerer, a remoção do tutor.
Este será citado para contestar a argüição no prazo de 5 (cinco) dias, e findo este prazo, observar-se-á o disposto no art. 803 do CPC.
Em caso de extrema gravidade, o juiz poderá suspender o tutor do exercício de suas funções, nomeando-lhe interinamente um substituto.
Cessando as funções do tutor pelo decurso do prazo em que era obrigado a servir, o mesmo poderá requerer a exoneração do encargo. Não o fazendo dentro dos 10 (dez) dias seguintes à expiração do termo, entender-se-á reconduzido, salvo se o juiz o dispensar.
Procedimento de Habilitação de Pretendentes à Adoção
Para a colocação de crianças e adolescentes em família substituta na modalidade de adoção, é necessário que os pretendentes a adotantes se habilitem em um procedimento próprio.
Este procedimento está regulado nos artigos 197-A a 197-E do ECA. Clique aqui para visualizar as etapas do mesmo.
COs postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, apresentarão petição inicial junto ao Juizado da Infância e da Juventude, e a autoridade judiciária terá o prazo de 48 para receber a petição e dar vista dos autos ao Ministério Público, que em 5 (cinco) dias poderá:
- apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico para aferir a capacidade e o preparo dos postulantes;
- requerer a designação de audiência para oitiva dos postulantes em juízo e das testemunhas;
- requerer a juntada de documentos complementares e a realização de outras diligências que entender necessárias.
Os postulantes deverão participar de programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, voltado à preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial,de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.
Além disso, sempre que possível, se incentivará o contato com crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou institucional, em condições de serem adotados.
Após a participação no referido programa, a autoridade judiciária  decidirá, em 48 horas, acerca das diligências requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de instrução e julgamento. Caso não sejam requeridas diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo, a seguir, vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos cadastros referidos no art. 50 do ECA, sendo a sua convocação para a adoção feita de acordo com a ordem cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis.  A recusa sistemática na adoção das crianças ou adolescentes indicados importará na reavaliação da habilitação concedidaer essa a melhor solução no interesse do adotando.Esta ordem cronológica das habilitações somente poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 do ECA, quando comprovado 
AULA 4
Dando continuidade ao estudo dos direitos fundamentais previstos pelo ECA, passamos agora à análise dos direitos à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, à profissionalização e à proteção no trabalho.
Você verá que esses direitos são importantes para o bom desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, razão pela qual não só o ECA, mas também outras normas pertinentes, dedicam-se a regulamentá-los, como será visto mais adiante nesta aula.
Além desses direitos, o ECA prevê regras referentes à prevenção, aos produtos e aos serviços, reafirmando a intenção do legislador no sentido de propiciar condições favoráveis ao desenvolvimento sadio de crianças e adolescente nos aspectos físico, psíquico e moral.
Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
Objetivando a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o legislador constitucional utilizou-se da educação como instrumento de transformação social e, deste modo, destinou um capítulo para regulamentá-la (arts. 205 a 214, CRFB).
O art. 205 da CRFB demonstra a preocupação do legislador em esclarecer que a educação não se constitui apenas numa obrigação do Estado, e sim numa obrigação conjunta do Estado e da família.
	
	
	
	
	Ao elencar a educação como um direito fundamental da criança e do adolescente, visa-se assegurar o pleno desenvolvimento da pessoa humana, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Sendo assim, reconheceu-se uma nova concepção constitucional da Educação na formação do ser em desenvolvimento. Esta concepção foi recepcionada também pelo ECA, em seus arts. 53 a 59.
	
Ainda sobre a educação, a cultura, o esporte e o lazer...
É importante destacar que as regras sobre a Educação encontram-se previstas na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação - Lei 9.394/96) e que o ECA, ao tratar deste tema, apenas enfatiza alguns aspectos lá contidos. Cabe destacar que a Lei 13010/14 incluiu o parágrafo 9º no artigo 26 da LDB, dispondo que "Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produção e distribuição de material didático adequado."
VER SLIDE 4
Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho
 
O legislador, ao abordar o direito ao trabalho no ECA (arts. 60 a 69), procurou regulamentá-lo de forma a garantir o seu efetivo exercício, em concomitância com os demais direitos, sem pretender alterar as regras já existentes.Deste modo, questões referentes ao contrato de trabalho do adolescente são reguladas pela CLT (arts.402 a 441).
	
	O ECA não foi adequado à Emenda Constitucional nº 20 de 1998, que fixou a idade de trabalho do menor para 16 anos, exceto na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Assim, a leituradeste assunto no ECA deve ser adaptada de acordo com o previsto no art. 7º, XXXIII da CF. Ou seja, não vale mais o que está previsto no art. 60 do ECA. Desta forma, quanto ao trabalho do menor, podemos afirmar que ao menor de 18 anos é vedado o trabalho noturno, insalubre e perigoso e que ao menor de 16 anos é vedado qualquer trabalho, salvo a partir dos 14 anos na condição de aprendiz.
A lei que dispõe sobre o estágio de estudantes é a Lei 11.788/08.
Outra observação relevante sobre este direito é a vedação ao trabalho em certas atividades de diversas áreas, inclusive o trabalho doméstico, para menores de 18 anos.  Esta proibição e suas implicações estão contidas no Decreto 6.481, de 12.09.08 .VER DECRETO
	Ainda sobre trabalho...
Segundo o ECA, o exercício do direito à profissionalização e à proteção no trabalho deve necessariamente respeitar a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento do adolescente, e promover a sua capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
	
	
	
	
	- a formação técnico-profissional do adolescente deverá: garantir o acesso e a frequência obrigatória ao ensino regular; ser compatível com a etapa do desenvolvimento na qual se encontre o adolescente; e possuir horário especial para o exercício das atividades;
- assegurar condições adequadas para o desenvolvimento do adolescente. Desta forma, é vedado o trabalho noturno (realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte); perigoso, insalubre ou penoso; realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; e/ou realizado em horários e locais que inviabilizem a frequência à escola.
	
	
	
	
 Prevenção
Os artigos 70 a 80 do ECA visam prevenir  a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente. Evitar tais situações consiste em um dever de todos. Deste modo, o legislador estatutário colocou a sociedade na função de garantidora. Considerando que tais disposições objetivam impedir que se prejudique o bom desenvolvimento de crianças e adolescentes, o descumprimento das normas de prevenção sempre importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica.
Vale lembrar que o rol de obrigações referentes à prevenção previstas pelo ECA não excluem da prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
	
	
	
	
	Prevenção Especial: Informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos
As regras referentes à prevenção especial visam tutelar o acesso adequado de crianças e adolescentes à informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos, e encontram-se previstas nos artigos 74 a 80 do ECA. Clique aqui  para visualizar o texto sobre este assunto.
Além destes artigos, a prevenção especial é regulada também através de leis e Portarias, como, por exemplo:
- Portaria 1.220 de 2007;
- Portaria 1.100 de 2006;
- Lei 10.359 de 2001.
	
 Prevenção Especial: da informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos A função de regulamentar os programas, produtos, diversões e espetáculos públicos é do Poder Público conforme estabelece o artigo 74 do ECA e os artigos 220, § 3º, I e 21, XVI, ambos da CRFB, cabendo aos pais o poder de escolha dos programas televisivos que entendam ser adequados. O legislador determinou que se fixasse informação destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária no certificado de classificação, sob pena de infringirem o disposto no art. 252 do ECA. A própria Constituição instituiu regras e princípios, nos artigos 220 e 21, XVI, que restringem os abusos dessa natureza. O art. 75 do ECA garante o acesso de qualquer criança ou adolescente às diversões e espetáculos públicos considerados adequados, desde que acompanhados de seus pais ou responsáveis. O art. 76 do ECA, na esteira da CRFB, preceitua que as emissoras de rádio e TV somente exibirão ao público infanto-juvenil programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. E prevê também, instrumentos jurídicos capazes de coibir violações a esta prevenção, como a Ação Civil Pública, Mandado de Segurança e imposição de penalidade pecuniária, por exemplo. Quanto à venda ou locação de fitas de programação em vídeo, o legislador, preocupado com o risco de sua utilização indevida, determinou no art. 77 que esses produtos exibam em seus invólucros informações sobre a natureza da obra e a faixa etária a qual se destinam, sob pena de responsabilidade, nos temos do art. 256 do ECA. Por conta dessa determinação, muitas locadoras de fitas e vídeos se adequaram criando um espaço privativo para as obras consideradas eróticas ou obscenas. No que diz respeito às revistas e outras publicações, o ECA criou no art. 78 restrições à sua comercialização quando consideradas impróprias ou inadequadas ao público infanto-juvenil. Essa impropriedade pode se apresentar tanto na forma escrita quanto através de imagens, caso transmitam um conteúdo falso ou contrário à lei e aos bons costumes, podendo seu descumprimento acarretar a aplicação da sanção contida no art. 257 do ECA. A preocupação do legislador é tamanha que no parágrafo único desse artigo determina que a revista seja vendida em embalagem opaca, quando na capa da obra houver mensagem obscena ou pornográfica, ou seja, material com conteúdo impróprio para a criança ou adolescente. O art. 79 veda a inserção de fotografias, legendas, crônicas, anúncios de bebidas alcoólicas, cigarros, armas e munições nas publicações destinadas ao público infanto-juvenil, ressaltando que essas obras não poderão se afastar dos valores éticos e sociais da pessoa e da família. Por fim, o legislador, no art. 80, proíbe a entrada e permanência de criança ou adolescente em locais onde haja exploração comercial como bilhares, sinuca ou congênere, e etc. (Vide art. 247 do Código Penal). É importante lembrar que o Estatuto não faz qualquer proibição quanto aos fliperamas, jogos eletrônicos e similares em face do caráter lúdico, ausente a idéia de jogo de azar.
 Produtos e Serviços
Ao tratar dos produtos e serviços nos artigos 81 e 82 do ECA, o legislador visou preservar a integridade física e moral de crianças e adolescentes. Para isto, criou algumas restrições com o objetivo de evitar que certos produtos considerados perigosos e inadequados possam ser por eles adquiridos.
	
	
	
	Clique aqui para ver as vedações relacionadas aos produtos.
Clique aqui para ver as vedações relacionadas aos serviços.
 
Assim, o ECA veda expressamente a venda à criança ou ao adolescente de:
- armas, munições e explosivos;
- bebidas alcoólicas (Existe controvérsia quanto ao fato de se a desobediência a este artigo caracterizaria crime previsto no art. 243 do ECA, tendo em vista que no referido artigo o legislador não especificou expressamente bebida alcóolica. O STJ entende que servir bebida alcóolica a menor de 18 anos caracteriza contravenção penal prevista no art. 63, I da LCP. No entanto, na doutrina, há quem sustente a existência de crime previsto no art. 243 do ECA, pois bebida alcóolica seria substância que causa dependência. Neste sentido, Profa. Cristiane Dupret, em Curso de Direito da Criança e do Adolescente, 2ª. Edição, 2012);
- produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida. (Esta proibição possui caráter complementar. A lei 11.343 de 23 de agosto de 2006 que regula as condutas envolvendo as drogas é uma norma penal em branco que depende de portaria do Ministério da Saúde para estabelecer a lista de substâncias que são consideradas entorpecentes e assim permitir a aplicação da referida lei. Deste modo, serão consideradas drogas somente aquelas elencadas como tal por portaria do Ministério da Saúde. Esta lista, entretanto, não abrange todos os produtos nocivos à saúde não mencionando, por exemplo, a cola de sapateiro, o tinner, etc. Por essa razão, esta vedação contida no ECA é de suma importância, tendo em vista que abrange substâncias tóxicas não-entorpecentes,

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