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ECA E ESTATUTO DO IDOSO

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1 
 
MATÉRIA: ECA E ESTATUTO DO IDOSO 
PRINCÍPIOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
Introdução 
Vivemos um momento único no plano do direito das crianças e 
adolescentes. Tais pessoas ultrapassam a esfera de meros objetos de 
“proteção” e passam à condição de sujeitos de direito, beneficiários e 
destinatários imediatos da doutrina da proteção integral. 
A Constituição de 1988 trouxe e coroou significativas mudanças em nosso 
ordenamento jurídico estabelecendo novos paradigmas. No campo 
político, houve necessidade de reafirmar valores caros que nos foram 
aniquilados durante o regime militar. No campo das relações privadas se 
fazia imprescindível atender aos anseios de uma sociedade mais justa e 
fraterna, menos patrimonialista e liberal. Movimentos europeus pós-
guerra influenciaram o legislador constituinte na busca de um direito 
funcional, voltado mais para o social. Dentro desse contexto, o legislador 
constitucional não poderia deixar intocado o sistema jurídico da criança 
e do adolescente, restrito aos “menores” em abandono ou estado de 
delinqüência. E, de fato, não o fez. 
A imensa mobilização de toda a sociedade e de especialistas da área, 
acrescida da pressão de organismos internacionais, como o UNICEF, foi 
essencial para que o legislador constituinte se sensibilizasse a uma causa 
já reconhecida como primordial em diversos documentos internacional, 
como a Declaração de Genebra, de 1924, a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos das Nações Unidas (França, 1948); a Convenção 
Americana Sobre os direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica, 
1969) e Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da 
Justiça da Infância e da Juventude – Regras Mínimas de Beijing (Res. 
40/33 da Assembleia-Geral, de 29 de novembro de 1985). A nova ordem 
rompeu, assim com o já consolidado modelo da situação irregular e 
adotou a proteção integral. 
2 
 
A atuação do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua 
(MNMMR), resultado do 1º Encontro Nacional de Meninos e Meninas de 
Rua, realizado em 1984, foi um dos movimentos mais importantes de 
mobilização nacional na busca de uma participação ativa de diversos 
segmentos da sociedade atuantes na área da infância e juventude. O 
objetivo a ser alcançado era uma Constituinte que garantisse e 
ampliasse os direitos sociais e individuais de nossas crianças e 
adolescentes. 
Esse objetivo foi alcançado, com a aprovação da Constituição Federal 
de 1988, que assegurou nos artigos 227 e seguintes proteções à criança 
e adolescente. Objetivando regulamentar e implementar o novo sistema, 
foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal nº 
8.069/90 – de autoria do Senador Ronan e relatório da Deputada Rita 
Camata, suprindo uma lacuna infraconstitucional, pois a antigo Código 
de Menores, editado em 1979 e inspirado pela doutrina da situação 
irregular, havia sido praticamente sepultado pela nova ordem jurídica 
vigente e inúmeros dispositivos sequer foram recepcionados pela nova 
Carta. 
Em seu lugar, implanta-se a Doutrina da Proteção Integral, com caráter 
de política pública. Crianças e Adolescentes deixam de ser objeto de 
proteção assistencial e passam a titulares de direitos subjetivos. Para 
assegurá-los é estabelecido um sistema de garantias de direitos, que se 
materializa no Município, a quem cabe estabelecer a política de 
atendimento dos direitos da criança e do adolescente, por meio do 
Conselho Municipal de Direito da Criança e do Adolescente (CMDCA), 
bem como, numa co-participação com a sociedade civil, executá-la. 
Trata-se de um novo modelo, democrático e participativo, no qual 
família, sociedade e Estado são co-partícipes do sistema de garantias 
que não restringe à infância e juventudes pobres, protagonistas da 
doutrina da situação irregular, mas sim a todas as crianças e 
3 
 
adolescentes, pobres ou ricas, lesados em seus direitos fundamentais de 
pessoas em desenvolvimento. 
1. Âmbito de aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 
8.069/90 
O artigo 2º do ECA considera criança a pessoa com até doze anos de 
idade incompletos e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de 
idade. Por exceção e apenas nos casos expressos na lei especial, 
permite-se sua aplicação a pessoas entre 18 e 21 anos de idade. 
Percebe-se que o artigo 2.º levou em conta o critério biológico – objetivo, 
igualitário e mais seguro – para a fixação do âmbito de aplicação do 
Estatuto. (critério cronológico absoluto: a idade, não se indagando da 
eventual capacidade de discernimento para determinação da 
condição jurídica do pequeno) 
Criança → pessoa até 12 (doze) anos incompletos. 
Adolescente → pessoa dos 12 (doze) aos 18 (dezoito) anos incompletos 
Tal distinção é de suma importância com relação à aplicação das 
medidas sócio-educativas (que podem implicar privação de liberdade) 
e, também, nos casos em que se exige autorização para viagens. 
Assim, para a criança exige-se, em certos casos, a autorização para 
viagens internas, o que não ocorre com os adolescentes. Para estes, há 
a exigência somente quanto se tratar de viagem ao exterior. 
As medidas sócio-educativas aplicam-se apenas aos adolescentes. Às 
crianças, mesmo que cometam atos infracionais graves, só serão 
aplicadas as medidas de proteção elencadas no art. 101 do ECA. 
OBS.: Foi publicada mais uma novidade legislativa. Trata-se da Lei nº 
13.257/2016. 
Referida lei prevê a formulação e implementação de políticas públicas 
voltadas para as crianças que estão na "primeira infância". Além disso, a 
4 
 
Lei nº 13.257/2016 altera o ECA, a CLT, a Lei nº 11.770/2008 e o Código de 
Processo Penal . (VER ALTERAÇÕES DA LEI Nº 13.257/16) 
Assim, segundo a Lei nº 13.257/2016, considera-se primeira infância o 
período que abrange os primeiros 6 (seis) anos completos ou 72 (setenta 
e dois) meses de vida da criança.(artigo 2º) 
 Dispõe o ECA em seus artigos 5º e 6º o seguinte: 
 “Art. 5.º- Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer 
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou 
omissão, aos seus direitos fundamentais. 
Art. 6.º- Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a 
que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres 
individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do 
adolescente como pessoas em desenvolvimento.” 
A norma estabelece os critérios de interpretação (fins sociais, condição 
peculiar da criança ou adolescente, exigências do bem comum, direitos 
e deveres individuais e coletivos), e, com isso, consagra o Princípio da 
Prevalência dos Interesses do Menor. 
I- PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DA CRIANÇA E DO 
ADOLESCENTE 
O Estatuto da Criança e do Adolescente é um sistema aberto de regras 
e princípios. As regras nos fornecem a segurança necessária para 
delimitarmos a conduta. Os princípios expressam valores relevantes e 
fundamentais as regras, exercendo uma função de integração 
sistemática, são os valores fundantes da norma. 
Segundo Humberto Ávila, as regras e princípios são “sentidos construídos 
a partir da interpretação sistemática de textos normativos”. [1] 
São quatro os princípios informadores do Direito da Criança e do 
Adolescente que merecem especial destaque da doutrina 
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/94700#_ftn1
5 
 
especializada. Os princípios da proteção integral, da prioridade absoluta, 
do respeito à condição peculiar da criança e do adolescente de pessoa 
em desenvolvimento e da participação popular, inspiram cada norma 
do novo direito. 
1. Princípio da Proteção Integral 
Mais do que um princípio do direito brasileiro a Proteção Integral é uma 
doutrina difundida em todo o mundo e tem inspirado as nações a 
consorciarem-se em pactos e convenções internacionais, que acabam 
por refletirno direito interno. 
A doutrina da Proteção Integral preconiza o dever do Estado, da 
sociedade e da família de zelar pela inviolabilidade dos direitos 
fundamentais da criança e do adolescente, deixando-os a salvo de 
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão. 
Desse modo, a criança e o adolescente são sujeitos desses direitos, ditos 
fundamentais, a que se subordinam as pessoas adultas e, notadamente, 
o próprio Estado, como pessoa jurídica do direito público e a sociedade. 
No direito nacional, a Proteção Integral tem status de princípio, no qual 
busca validade toda a norma relativa ao tema da infância e da 
juventude, sendo a pedra fundamental deste ramo do direito e sua 
gênese foi a Constituição da República de 1988, precisamente 
no caput do artigo 227, que praticamente sintetiza a doutrina da 
proteção integral em uma só sentença. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal nº 8069/90, 
principal norma infraconstitucional que regula o Direito da Criança e do 
Adolescente, para que não ficasse qualquer dúvida, proclama logo no 
seu artigo 1º que: “Esta lei dispõe sobre a proteção integral à criança e 
ao adolescente”. Em seguida, após as disposições preliminares, cuida de 
regulamentar os direitos fundamentais de crianças e adolescentes e 
6 
 
definir os instrumentos de garantia com os quais a família, a sociedade e 
o Estado cumprirão sua missão constitucional. 
Pode-se resumir o Estatuto da Criança e do Adolescente como uma 
grande ampliação do artigo 227 da Constituição da República. A lei, 
advinda dois anos após a Carta Magna, regulamenta e dá concretude 
à implantação da doutrina da proteção integral no ordenamento 
jurídico nacional. 
2. Princípio da Prioridade Absoluta 
Corolário da Proteção Integral, que correria o risco de ser letra morta 
inserta na lei brasileira, surge com a Constituição Federal o Princípio da 
Prioridade Absoluta e, pela primeira vez o Texto Constitucional, o 
legislador expressamente proclama que criança e adolescente é 
prioridade absoluta. 
Trata-se de princípio estabelecido no caput artigo 227 da Constituição 
Federal, com previsão no art. 4º e no artigo 100, parágrafo único, II da Lei 
n. 8069/90 – ECA, estabelecendo primazia em favor das crianças e 
adolescentes em todas as esferas de interesse. Seja no campo judicial, 
extrajudicial, administrativo, social ou familiar, o interesse dessas pessoas 
devem prevalecer. Não cabe indagações ou ponderações sobre o 
interesse a tutelar em primeiro lugar, já que a escolha é norma 
constitucional. 
Esse princípio está inserido no 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
depois de repeti-la no caput, define no parágrafo único que a prioridade 
absoluta compreende: 
a. primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
b. procedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância 
pública; 
c. preferência na formulação e na execução das políticas sociais 
públicas; 
7 
 
d. destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas 
com a proteção à infância e à juventude. 
Tais hipóteses são meramente exemplificativas, o direito da criança e do 
adolescente terá sempre primazia frente aos outros interesses, podendo 
a própria lei estabelecer outras situações de prioridade ou, no caso 
concreto, o juiz decide pela priorização, seguindo o mandamento 
constitucional. 
E a prioridade deve ser assegurada por todos: família, comunidade, 
sociedade em geral e Poder Público. 
O Estatuto do Idoso – Lei Federal nº 10.741/2003, inspirado no ECA, 
também proclama que os direitos do idoso são prioritários. Com isso, ao 
lado da criança e do adolescente, o idoso também possui a garantia do 
atendimento prioritário aos seus direitos fundamentais, assentando-se tal 
prerrogativa, na condição peculiar de fragilidade que reclama a 
especial proteção do Estado e da sociedade. 
Forçoso reconhecer que a priorização da criança e do adolescente 
possui status constitucional, eis que insculpido na própria Carta da 
República, enquanto a garantia de prioridade do idoso está prevista tão 
somente em legislação infra-constitucional. 
Assim, se o administrador público precisar decidir entre a construção de 
uma creche e de um abrigo para idosos, pois ambos são necessários, 
obrigatoriamente terá de optar pela construção da creche. Isso porque 
o princípio da prioridade para os idosos é infraconstitucional, 
estabelecido no artigo 3º da Lei 10.741/2003, enquanto a prioridade em 
favor das crianças é constitucionalmente assegurada, integrante da 
doutrina da proteção integral. 
Todavia, o fato da prioridade do idoso verter de lei ordinária não lhe 
coloca em segundo plano frente as crianças e adolescentes, a todos 
devendo ser assegurada igualmente a prioridade, somente refletido a 
hierarquização na fixação da garantia no ordenamento jurídico. 
8 
 
3. Princípio do Respeito à condição Peculiar da Criança e do Adolescente 
como Pessoa em desenvolvimento. 
Por que será que o Estado, a Sociedade e a Família são juridicamente 
compelidos a assegurar, com absoluta prioridade, a proteção integral 
aos direitos fundamentais de crianças e adolescentes? 
Que ninguém se engane, ao assegurar a prioridade aos pequenos, 
claramente outros interesses serão qualificados como não prioritários. 
A necessidade de proteção especial e prioritária advém do fato de 
crianças e adolescentes devem ser tratadas como pessoas em condição 
peculiar de desenvolvimento e, portanto, que apresentam 
hipossuficiência frente a defesa dos seus próprios interesses, além de 
apresentarem interesses especiais; isso decorre da própria situação de 
imaturidade, revelada pela constante transformação física, moral, 
espiritual e social. 
 Assim, por exemplo, o respeito à condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento não autoriza a eternizar e alongar por muito tempo a 
disputa de guarda de uma criança. 
4. Princípio da Participação Popular 
A Constituição da República, no seu artigo 1º, parágrafo único, consagra 
a democracia participativa, proclamando que o poder será exercido 
não só através dos representantes, mas também pelo próprio povo, 
diretamente. 
Inspirado nesse dispositivo, que assegura a democracia participativa, o 
artigo 227 da Magna Carta convoca a Sociedade para, ao lado do 
Estado e da Família, zelarem pela inviolabilidade dos direitos 
fundamentais da criança e do adolescente. Vale dizer, a participação 
popular deve ser assegurada quando se tratar de defesa dos direitos das 
crianças e adolescentes. 
9 
 
Ao legislador infraconstitucional coube regulamentar e com isso 
possibilitar com efetividade, a participação da sociedade no cenário da 
luta pelos direitos das crianças e adolescentes, criando assim diversos 
instrumentos que concretizam a participação da sociedade, tais como o 
Conselho Tutelar, Conselhos dos Direitos, Entidades de Atendimento etc. 
Como se verá, tais entes constituem formas efetivas de participação 
popular na discussão das questões e definição de providências 
destinadas a resolução dos problemas afetos a criança e a adolescentes. 
II- DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS PREVISTOS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E 
DO ADOLESCENTE 
Direitos humanos fundamentais podem ser definidos, segundo Alexandre 
de Moraes, como o conjunto de direitos e garantias do ser humano que 
tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de 
proteção contra o arbítrio do poder estatal, e o estabelecimento de 
condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade 
humana.[2] 
São direitos inatos ao ser humano, mas variáveis ao longo da história. 
Estão atualmente previstos em documentos internacionais e presentes no 
Estado democrático de Direito. O importante é realçar que tais direitos 
relacionam-se diretamente com a garantia de não ingerência do Estado 
na esfera individual e a consagração da dignidade humana, tendo umuniversal reconhecimento por parte da maioria dos Estados, seja em nível 
constitucional, infraconstitucional, seja em nível de direito 
consuetudinário ou mesmo por tratados e convenções internacionais. 
O Brasil tem na proteção dos direitos humanos um dos fundamentos do 
Estado Democrático de Direito. Ao longo do texto constitucional, 
principalmente em seu artigo 5º, prevê e reconhece direitos e garantias 
fundamentais. 
No que diz respeito às crianças e adolescentes, o legislador constituinte 
particularizou dentre os diretos fundamentais aqueles que se mostram 
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/94700#_ftn2
10 
 
indispensáveis à formação do indivíduo ainda em 
desenvolvimento, elencado-os no caput do artigo 227. E no Estatuto da 
Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90, tais direitos estão 
disciplinados nos artigos 7º ao 69. 
OBS.: LEMBRANDO QUE A PARTIR DA LEI Nº 13.257/2016, TAIS DIREITOS SÃO 
APLICÁVEIS A "PRIMEIRA INFÂNCIA". 
Abaixo, relacionamos os mais importantes previstos no Estatuto da 
Criança e do Adolescente. São eles: direito à vida e à saúde, direito à 
liberdade, ao respeito e à dignidade, direito à convivência familiar e 
comunitária, direito à educação, cultura, esporte e lazer e, direito à 
profissionalização e proteção no trabalho. 
1- Direito à Vida e à Saúde. 
 O direito à vida é o mais fundamental de todos os direitos, pois, sem 
vida não há que se falar nos demais direitos fundamentais. 
 O artigo 5º caput da CF/88 garante “aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida....”. O 
artigo 227, por sua vez, preceitua que é “dever da família, sociedade e 
do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta 
prioridade, o direito à vida...”. Por seu turno, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, estatui em seu artigo 7º que “a criança e o adolescente 
têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de 
políticas públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio 
e harmonioso, em condições dignas de existência.” 
 O direito fundamental à vida deve ser entendido como o direito a um 
nível de vida adequado com a condição humana, ou seja, direito à 
alimentação, vestuário, educação, cultura, assistência médico-
odontológico e demais condições vitais. Dessa forma, o Estado deverá 
garantir esse direito em dupla obrigação: obrigação de cuidado a toda 
pessoa humana que não disponha de recursos suficientes e que seja 
incapaz de obtê-los por seus próprios meios; e na efetivação de órgãos 
11 
 
competentes públicos ou privados, através de permissões, concessões ou 
convênios, para prestação de serviços públicos adequados que 
pretendam prevenir, diminuir ou extinguir deficiências existentes pra um 
nível mínimo de vida digna da pessoa humana. 
 Exemplificando de forma muito singela, se um adolescente estiver 
à beira da morte, deve-se buscar, minimamente, assegurar recursos para 
tentar mantê-lo vivo, ou se inevitável a morte precoce, que, ao menos, 
seja digna, com tratamento e apoio. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente conforme determina o artigo 
7º, protege a criança desde a vida intra-uterina, ainda como feto, a 
partir da fecundação e não apenas a partir do nascimento com vida. 
A Lei nº 8.069/90 – ECA, em defesa do direito à vida e à saúde, determina 
várias medidas de caráter preventivo, além de políticas sociais públicas 
que permitam o nascimento sadio. 
Assim, é assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às 
políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às 
gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao 
parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal 
integral no âmbito do Sistema Único de Saúde, (art. 8º). Cuida-se, 
ademais, sempre que necessário, do apoio alimentar à gestante é à 
nutriz (mulher que amamenta, ama-de-leite), fortalecem a existência da 
ampla proteção à vida e à saúde que o Estatuto da Criança e do 
Adolescente prescreve. 
A Consolidação das Leis do Trabalho, em seu artigo 396, protege o direito 
da mulher que trabalha e a Constituição Federal, em seu artigo 5.º, incisos 
XLIX e L, além disso, assegura as mães submetidas à medida privativa de 
liberdade o direito de amamentar seus filhos, visto que isso redundará no 
melhor desenvolvimento físico da criança, prevenindo, até mesmo, a 
mortalidade infantil (art. 9º do ECA). 
12 
 
Ainda, temos a proteção à maternidade de acordo com a Consolidação 
das Leis do Trabalho, artigo 392, que proíbe o trabalho da mulher grávida 
pelo prazo determinado de 120 dias (ver artigo 7.o, inciso XVIII, da 
Constituição Federal e artigo 71, da Lei n. 8.213/91 – Plano de Benefícios 
da Previdência Social). 
Toda criança e adolescente têm direito a atendimento médico e 
odontológico obrigatório pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 
A comunicação de maus tratos, tipificado como crime (artigo 136 do 
Código Penal), à criança e ao adolescente é obrigatória. Os casos de 
suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou 
degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão 
obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva 
localidade, sem prejuízo de outras providências legais. (art. 13, do ECA, 
segundo redação dada pela Lei n. 13.257/16.) 
Ainda para assegurar o cumprimento de medida socieducativa, a Lei n. 
12.594, de 18 de janeiro de 2012, que constitui o Sistema Nacional de 
Atendimento Socieducativo (Sinase), estabeleceu parâmetros mínimos 
para garantir o direito à saúde aos adolescentes em conflito com a lei, 
durante o cumprimento de medida. 
É direito fundamental receber assistência integral à saúde (art. 49, VII, do 
referido diploma legal), cujas diretrizes são enumeradas pelo artigo 60. 
Resta claro que a intenção do legislador, a par de atender o 
adolescente, foi também integrá-lo ao SUS, garantindo informação e 
acesso a todos os níveis de atenção à saúde. Seus dados serão incluídos 
no Sistema de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo, 
medida de todo profícua na análise e formulação de políticas 
infantojuvenis. 
Ver as alterações trazidas pela Lei n. 13.257/16. 
2- Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade 
13 
 
 O direito de liberdade pode ser encarado sob diversas formas. È 
normalmente traduzido como o direito de ir e vir. Mas não é só. A 
liberdade preconizada no art. 16 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente é mais ampla, compreendendo também a liberdade de 
opinião, expressão, crença e culto religioso, liberdade para brincar, 
praticar esportes, divertir-se, participar da vida em família, na sociedade 
e vida política, assim como buscar refúgio, auxilio e orientação. 
 A Lei n. 12.594/2012, no artigo 49, III, elenca a liberdade de 
pensamento e religião dentre os direitos individuais do adolescente em 
cumprimento de medida socioeducativa. 
 No tocante a liberdade de ir e vir, que envolve também a liberdade 
estar e permanecer (liberdade de locomoção), não se traduz na 
absoluta autodeterminação de crianças e adolescentes decidirem seu 
destino, pois a lei ressalva as restrições. Assim, caberá aos pais, família e 
comunidade fiscalizar o exercício desse direito concedido pró-criança e 
adolescente e não em seu desfavor. Não se pode permitir que uma 
criança ou jovem permaneça nas ruas, afastado das escolas, dormindo 
em calçadas, cheirando cola, sobrevivendo de caridade ou pequenos 
furtos, mesmo que afirmem que estão na rua porque assim desejam. 
 No tocante a liberdade de opinião e expressão a criança e 
adolescente têm assegurada a liberdade de pensar e formar sua opinião 
sobre os mais variados assuntos. Assim, por exemplo, o adolescente 
sempre deve manifestar-se em caso de adoção, assim, como, tanto ele 
como a criança, em casos referentes à guarda e ao direito de visitas. 
Devem serouvidos pelo juiz ou, então, por visitantes sociais e psicológicos, 
encarregados do estudo social de cada caso. 
Mas a participação não se restringe à orbita familiar. È ampla e 
compreende a participação na vida comunitária e política, na forma da 
lei. Reflexo desta última é o direito de voto assegurado aos adolescentes 
a partir dos 16 anos. Participar, opinar, discutir sobre a vida comunitária e 
14 
 
sobre a direção do país é mais uma etapa do desenvolvimento e 
crescimento pessoal dos adolescentes. 
 Crença e cultos religiosos livres, também estão compreendidos no 
direito à liberdade. Os pais, no cumprimento do dever de educar, devem 
oferecer aos filhos educação formal e moral, formação religiosa. De 
início, os filhos absorvem à religião dos pais, pois normalmente a única 
que lhes foi apresentada. Quando amadurecem, já na adolescência, 
questionam e aprendem que a religião se expressa de várias formas e a 
lei lhes assegura o direito de escolher uma dessas formas como a que 
melhor realiza seus objetivos de vida. 
 A liberdade de brincar, praticar esportes e se divertir, com respeito 
à sua peculiar condição de pessoa em desenvolvimento, é liberdade de 
ser criança e adolescente. Os esportes e atividades lúdicas devem-se 
concretizar no lar, na escola, bem como em ambientes sociais públicos 
adequados para isso, pois são importantes para o desenvolvimento 
motor, físico e integração social dessas pessoas. Integram e permitem 
experiências que se refletem no amadurecimento paulatino da criança 
e do adolescente. 
3- Direito ao Respeito e à Dignidade 
 Respeito é o tratamento atencioso à própria consideração que se 
deve manter nas relações com as pessoas respeitáveis, seja pela idade, 
por sua condição social, pela ascendência ou grau de hierarquia em que 
se acham colocadas.[3] 
 No artigo 17 do ECA, o legislador anota várias hipóteses em que 
consiste referido direito. O que se extrai da leitura desse dispositivo é que 
se exige de todos a ausência de ação que possa ferir, de alguma 
maneira, a integridade física, psíquica e moral da criança e do 
adolescente. 
 Uma das manifestações mais evidentes de ofensa ao direito ao 
respeito consiste na prática da violência doméstica, que se manifesta sob 
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/94700#_ftn3
15 
 
modalidades de agressão física, sexual, psicológica ou em razão da 
negligência, que como é sabido, está presente em todas as classes 
sociais, sem distinção, e ocorre de forma intensa como resultado do 
abuso do poder disciplinados dos adultos, sejam eles pais, padrastos, 
responsáveis, que transformam a criança e adolescente em meros 
objetos, com consequente violação de seus direitos fundamentais, em 
especial o direito ao respeito como ser humano em desenvolvimento.[4] 
 O direito à dignidade não é muito diferente do de 
respeito. Dignidade, segundo de Plácido e Silva, em Vocabulário 
Jurídico, editora Forense, 1987, p. 124, se traduz na qualidade moral, que 
possuída por uma pessoa, serve de base ao próprio respeito em que é 
tida. 
 No ECA, referido direito é tratado no artigo 18. Ressalta-se, no caso, 
que a incumbência de garanti-lo é de todos. Assim, todas as pessoas são 
convocadas para evitar que a criança e o adolescente sejam vítimas de 
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou 
constrangedor. 
 È evidente que, em primeiro lugar, tal atribuição é dos genitores, 
pais, conforme o artigo 229 da CF/88: “os pais têm o dever de assistir, criar 
e educar os filhos menores”, e, tratando-se de obrigações decorrentes 
do pátrio poder, não podem ser relegadas a segundo plano nem ser 
delegadas. O Estado por sua vez, não pode ficar inerte ante as investidas 
contra os direitos da personalidade do menor, devendo, em todas as 
áreas, atuar para que aqueles sejam assegurados. 
4- Direito à convivência familiar e comunitária 
A criança e o adolescente somente poderão desenvolver-se 
plenamente no seio de uma família. A família é o habitat natural do ser 
humano, que, como é notório, é um ser gregário. Nenhuma outra 
instituição, por melhor que seja, pode substituir a família na criação do 
ser humano. 
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/94700#_ftn4
16 
 
De suma importância é o direito à convivência familiar. Tanto é assim que 
ela consta do artigo 227 da CF. No ECA, é tratado nos arts. 19 a 24, sob 
vários aspectos. 
O novo Código Civil tratou de temas que são objeto de cuidado do 
Estatuto da Criança e do Adolescente. O ECA e o novo Código Civil 
seguirão convivendo, cabendo ao operador do direito harmonizar suas 
regras, notadamente no que diz respeito ao poder familiar e a colocação 
em família substituta. 
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no 
seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, 
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que 
garanta seu desenvolvimento integral. 
 A família natural, tal como conceituada no artigo 25 do ECA, é aquela 
compreendida pelos pais e seus filhos, mas também se apresenta como 
aquela formada por qualquer um deles e sua prole. Podemos observar 
que a lei estatutária não menciona em qualquer destes dispositivos a 
origem da relação jurídica dos pais, diante do princípio da isonomia filial 
consagrada constitucionalmente (art. 227, § 6º). Portanto, não importa 
se matrimonial ou não o vínculo que une ou uniu os pais, estes e a 
respectiva prole constituem uma família natural ou nuclear.[5] 
Com a entrada em vigor da Lei n. 12.010/2009, houve o alargamento da 
conceituação estatutária da expressão família natural. Reconheceu-se 
naquela lei a importância de uma vertente familiar, já estabelecida no 
Direito de Família no capítulo do parentesco (arts 1591 a 1595 do Código 
Civil), denominada família extensa ou ampliada. 
Dispõe o ECA, no artigo 25 que: “entende-se por família natural a 
comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes” 
E no seu parágrafo único: “ Entende-se por família extensa ou ampliada 
aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade 
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/94700#_ftn5
17 
 
do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou 
adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade”. 
O conceito de família natural se estende para além da unidade pais e 
filhos ou da unidade do casal; é formado por parentes próximos com os 
quais a criança e o adolescente conviva e mantenha vínculos de 
afinidade e de afetividade. 
 Assim, a regra a permanência da criança e do adolescente com a sua 
família natural/ extensa é a regra. Na falta dos pais ou quando estes não 
possam garantir o direito à convivência familiar, a busca pela família 
extensa deve estar pautada em dois aspectos da relação: a afinidade e 
o afeto. 
Retirar a criança ou o adolescente da família natural é medida de 
exceção, só podendo ser aplicada quando a lei determinar, casos em 
que os menores serão retirados da convivência familiar e colocados em 
família substituta e acolhedora, mas com finalidade provisória. 
O art. 19 do ECA expressa que é absolutamente excepcional a 
colocação em família substituta, preferindo-se a família natural: 
“ É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de 
sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a 
convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu 
desenvolvimento integral ”. 
A CF/88, no § 6, do artigo 227, proíbe quaisquer discriminações entre 
filhos. Isso significa que, depois de muito tempo, os direitos dos filhos, 
sejam havidos fora do casamento, sejam adotivos, foram igualados aos 
dos nascidos na constância do matrimônio. 
A norma constitucional, foi repetida no artigo 20 do ECA, produz vários 
efeitos. Dentre outros, o do reconhecimentoimediato e filho havido fora 
do casamento e o da legitimação para ingressar com ação de 
investigação de paternidade. 
18 
 
O ECA tratou do instituto do pátrio poder, hoje chamado pelo novo 
Código Civil ((Lei nº 12.010, de 2009) de Poder familiar. Vejamos o que 
dispõe os artigos no ECA: 
“Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, 
pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, 
assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, 
recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da 
divergência. 
 Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos 
filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de 
cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. 
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo 
suficiente para a perda ou a suspensão o poder familiar. 
Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a 
decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua 
família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em 
programas oficiais de auxílio. 
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas 
judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na 
legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado 
dos deveres e obrigações a que alude o art. 22.” 
 
5- Direito à Educação, cultura, esporte e lazer 
 A educação é um dos direitos fundamentais da criança e do 
adolescente, devendo ser assegurado pelo Poder Público, encarregado 
de fornecer as condições necessárias para sua efetivação. 
 No ECA, esse direito vem assegurado no artigo 53: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm#art3
19 
 
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao 
pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da 
cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes....” 
O artigo 54, § 1.º, do Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe que o 
acesso ao ensino obrigatório e gratuito é um direito público subjetivo da 
criança e do adolescente. É um direito que pode ser exigido 
judicialmente por ação civil pública ou por ação particular. 
Nesse contexto, do direito à educação, a criança e o adolescente têm 
direito a escola próxima à residência, ou seja, a escola deve ser acessível. 
O Estado tem o dever de assegurar o ensino fundamental (primeiro grau). 
O não oferecimento desse ensino acarreta a responsabilidade pessoal 
da autoridade competente (artigo 54, § 2.º). 
Segundo dispõe o artigo 55, “os pais ou responsável têm a obrigação de 
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”. É também 
um direito que pode ser exigido judicialmente. 
Os dirigentes dos estabelecimentos de ensino, além de comunicar maus-
tratos envolvendo seus alunos, têm obrigação de comunicar ao 
Conselho Tutelar evasão escolar (saída injustificada da criança e do 
adolescente da escola), reiteração de faltas injustificadas e elevados 
níveis de repetência, para que este possa tomar as medidas cabíveis. 
(art. 56 e incisos do ECA). 
No que se refere ao direito à cultura, ao esporte e ao lazer, o artigo 59 do 
ECA, determina que cabe aos municípios, com apoio dos estados e da 
União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para 
programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e 
a juventude. 
6- Direito à profissionalização e proteção no trabalho 
A profissionalização integra o processo de formação do adolescente e, 
por isso, lhe é assegurada. 
20 
 
A CF/88, mantendo a tradição brasileira, fixada a idade mínima de 
trabalho para o adolescente em 14 anos de idade, salvo a condição de 
aprendiz. A Emenda Constitucional n. 20/98, alterou o inciso XXXIII do 
artigo 7º restringindo o trabalho adolescente a partir dos 16 anos, salvo a 
condição de aprendiz a partir de 14 anos. 
Além de limitação etária, é também proibido o trabalho noturno (entre 
22 e 5 horas), perigoso, insalubre ou penoso, realizado em locais 
prejudiciais à sua formação e desenvolvimento físico, psíquico, moral e 
social. 
Os artigos 60 a 69 do Estatuto da Criança e do Adolescente dispõem 
sobre o direito à profissionalização e à proteção do trabalho. 
O artigo 67 do Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe sobre o 
trabalho de aprendiz, dizendo que o aprendiz não pode: 
 trabalhar durante a noite, estipulando ser trabalho noturno aquele 
realizado das 22 horas às 5 horas; 
 trabalhar em local insalubre ou penoso; 
 trabalhar em local impróprio para sua formação; 
 trabalhar em horários e locais que não permitam sua frequência 
na escola. 
O contrato de aprendizagem é definido no artigo 428 da CLT como : 
“contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo 
determinado, em que o empregador se compromete a assegurarão 
maior de quatorze e menor de dezoito anos, inscrito em programa de 
aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível 
com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz a 
executar com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação. 
Trata-se de um contrato especial de trabalho com duração máxima de 
2 anos sobre o qual incidirão direitos trabalhistas. Assim, é obrigatória sua 
anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social. 
21 
 
O artigo 68 permite o chamado “trabalho educativo”, que é aquele 
realizado em programas sociais. É uma atividade de trabalho 
pedagógico. A finalidade desse trabalho educativo é preparar o 
adolescente para o mercado de trabalho. 
O menor tem direito à profissionalização, desde que observados sempre 
o respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento e a sua 
capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. 
DA FAMÍLIA SUBSTITUTA: GUARDA, TUTELA E ADOÇÃO 
FAMILIA SUBSTITUTA 
Conforme vimos anteriormente no Módulo 1 – Dos Princípios e dos Direitos 
Fundamentais da Criança e do Adolescente, constitui direito 
fundamental dessas pessoas a convivência familiar, devendo o Estado e 
a Sociedade zelarem para que tal direito seja plenamente assegurado, 
prioritariamente no âmbito da família natural (art. 19, ECA). 
A regra, na disciplina da infância e da juventude é a de que os filhos 
permaneçam no seio da família natural (ou extensa). Apenas em caso 
de impossibilidade manifesta – “absoluta impossibilidade”, como diz Lei 
nº 12.010/90 -, demonstrada por decisão judicial fundamentada, crianças 
e adolescentes poderão ser colocados em família substituta, sob as 
formas de adoção, tutela ou guarda (art. 1º, §§ 1º e 2º, da Lei 12.010/09 – 
Lei Nacional da Adoção). 
Quando a criança ou adolescentes são afastados de sua família de 
origem, a família substituta é “a família que substitui a família natural” – 
aquela que faz as vezes de. Aquela que assume o lugar da família 
natural, de origem ou biológica. Para tanto, não importa o número de 
pessoas que componham a família substituta, pois a Constituição Federal 
reconhece a existência de famílias com até um membro. Não se pode 
olvidar a família homoafetiva – entidade familiar formada por duas 
pessoas do mesmo sexo – também pode ser considerada família 
substituta. 
22 
 
Portanto, são três (3) as formas de colocação em família substituta, 
segundo artigo 33 do ECA: 
1. Guarda, 
2. Tutela e, 
3. Adoção. 
Todavia, encontrados na situação descrita no artigo 98 e incisos do ECA, 
podem seguir aos programas de acolhimento familiar ou de acolhimento 
institucional, que, na forma disciplinada no ECA (pela Lei n. 12.010/90), 
vieram para substituir os “abrigos” e a “colocação familiar”, sempre de 
forma temporária e excepcional. 
Primeiro, deve-se tentar, a manutenção ou reintegração familiar, em 
família natural ou extensa; depois, o acolhimentoem programas familiar; 
após o acolhimento institucional e, por fim, a família substituta (guarda, 
tutela ou adoção). Evidente, a orientação é a de que não se passe da 
primeira fase, sendo que o acolhimento em programas familiar é 
recomendado para a guarda de criança ou adolescente, enquanto não 
localizada a pessoa ou casal interessado em sua adoção (art. 50, § 11, 
ECA). 
Cabe esclarecer que há diferença em acolhimento familiar e família 
substituta. Aquele ocorre em ambiente familiar de pessoa ou de casal 
previamente cadastrado, sendo um dos programas de colocação de 
crianças e adolescentes, forma temporária e excepcional, provisório e 
coordenado por instituição que adote dito programa (art. 19, caput, 34, 
§ 1º ECA); e família substituta é uma família (ampliada ou composta por 
terceiros), que assume o lugar da família natural, ocorrendo de três 
formas ou maneiras: pela guarda, tutela ou adoção. Cabe reprisar que: 
apenas na impossibilidade de permanência da criança ou adolescente 
na família natural ou ampliada (art. 1º, § 2º, Lei nº 12.010/90) é que devem 
ser utilizados os caminhos para a família substituta (guarda tutela ou 
adoção). 
23 
 
 
No § 1º do artigo 28, o ECA assegura que, sempre que possível, a criança 
ou o adolescente deverá ser ouvido e sua opinião considerada. No caso 
do adolescente, que pode expressar-se, sempre é bom que seja ouvido. 
No que se refere à criança, deve ao menos ser ouvida por psicólogos e 
assistentes sociais, a não ser quando seja de tenra idade. 
No parágrafo terceiro desse mesmo artigo, o Estatuto assegura que: 
“...§ 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de 
parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou 
minorar as consequências decorrentes da medida....” 
Na apreciação do pedido de guarda e tutela, que são medidas 
precárias, é adequado que o juiz se dê preferência aos parentes. No que 
tange à afetividade, é um aspecto relevante, especialmente quanto ao 
equilíbrio emocional da criança e do adolescente, e deve ser 
considerado de modo especial no caso em que há vários interessados. 
Embora a lei mencione o grau de parentesco e a relação de afinidade 
ou de afetividade, tais indicações não são as únicas e taxativas, pois 
outros aspectos podem ser aferidos pelo juiz por ocasião da colocação 
em família substituta (art. 28, § 3º). Basta vermos que o artigo 29, veda a 
colocação de criança ou adolescente com pessoas que não ofereçam 
um ambiente familiar adequado, sendo que o artigo 19, caput, ECA, 
assegura ambiente livre da presença de pessoas dependentes de 
substâncias entorpecentes. 
“Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que 
revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da 
medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.” 
Já vimos que a criança e adolescente pode ser colocado em família 
brasileira sob três modalidades – guarda, tutela ou adoção -, desde que 
atendidos os demais pressupostos legais. Entretanto a colocação de 
24 
 
crianças ou adolescentes em família substituta estrangeira é excepcional 
e somente pode ocorrer sob a modalidade de adoção. Em outras 
palavras, implicitamente, o legislador considerou prioritária a colocação 
em família substituta nacional. Assim dispõe a lei: 
“Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida 
excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.” 
O fecho formal dos processos de guarda ou tutela, independente de a 
criança ou adolescente encontrar-se com a família substituta, é um 
documento judicial pelo qual a família ou o responsável assume o 
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo a que se 
incumbiu. É o compromisso ou Termo de Guarda ou Tutela. Nesse sentido 
determina a Lei: 
“Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará 
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante 
termo nos autos.” 
DA GUARDA 
 Está regulada nos artigos 33 a 35 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
1. Conceito 
É a mais simples das espécies de colocação em família substituta. É o 
primeiro passo que se dá para colocar o menor sob a proteção de uma 
família. 
O exemplo comum de concessão da guarda é o caso da mãe solteira 
que mora, com sua filha, na casa de seus pais, dos quais é dependente. 
Os avós poderão obter a guarda da neta e até se oporem a terceiros, 
inclusive à mãe, para defendê-la. 
A guarda só poderá ser concedida por decisão judicial. É medida de 
proteção, ou seja, pode ser concedida tanto para a criança como para 
o adolescente (artigo 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente). 
25 
 
Podemos encontrar duas modalidades dessa concessão: 
A guarda pode ser provisória, quando determinada precariamente para 
resolver a situação emergencial, como, por exemplo, de alguma criança 
abandonada, e nos casos de separações de casais com filhos menores 
até que seja solucionada a situação - com decisão final; ressaltamos que 
nesses casos o julgamento estará afeto aos juízes das varas de família, e 
não de menores. É uma medida cautelar, preparatória ou incidental, 
para regularizar a guarda de fato ou atender casos urgentes. Em virtude 
de seu caráter transitório, a medida terá prazo de duração e, findo o 
lapso, deverá ser requerido sua prorrogação ou, então, outra forma de 
colocação em lar substituto. 
A guarda pode ser definitiva quando for resultante de uma decisão que 
põe fim ao processo, determinando com quem deverá ficar o menor. Na 
maioria dos casos, a guarda é concedida como medida preparatória 
para futura adoção, ou, então tutela. Contudo, apesar de batizada de 
“definitiva”, a guarda sempre poderá, ou mesmo, deverá ser revista a 
qualquer tempo, segundo o interesse do menor. Em qualquer caso, 
somente por decisão judicial será possível a modificação da guarda já 
estabelecida. “A concessão da guarda, provisória ou definitiva, não faz 
coisa julgada podendo ser modificada no interesse exclusivo do menor e 
desde que não tenham sido cumpridas as obrigações pelo seu 
guardião.” [1] 
2. Características 
A guarda conserva as seguintes características: 
Autônoma: poderá ser concedida como pedido final, ou 
independentemente de eventual pedido de adoção. Apesar de 
autônoma, a guarda pode ser utilizada num processo de adoção sendo 
uma medida incidental. 
Precária: o juiz poderá decidir retirar a guarda do detentor a qualquer 
momento, fundamentando sua decisão. 
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/94701#_ftn1
26 
 
3. Obrigações do Guardião 
A partir do momento em que o guardião inicia o exercício de suas 
funções, passa a ter obrigações para com a criança e o adolescente, 
sendo responsabilizado, se for o caso, por sua desídia, o que poderá 
acarretar, em última instância, a destituição do cargo. 
“Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e 
educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o 
direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. “ 
Como vimos anteriormente, o artigo 205 da CF/88 preceitua que a 
educação é direito de todos e dever do Estado e família. Esta tem o 
dever de matricular os seus membros menores e aquele o de garantir 
vagas para todos. E o artigo 208, também da CF, afirma que o dever do 
Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de ensino 
fundamental obrigatório e gratuito. O § 1º deste último artigo, além disso, 
qualifica o acesso ao ensino obrigatório e gratuito como um direito 
público subjetivo. 
Como já anotado anteriormente, a finalidade do ECA é fornecer à 
criança e ao adolescente a proteção integral, e esta se concretiza, de 
forma plena, no seio de uma família, se possível a de sangue. Assim, no 
caso de família substituta, exige-se dela, com todo o rigor, a assistência 
que é devida aos menores. 
4. Direitos do Guardião 
O artigo 33 do ECA, como vimos, preceitua que a guarda confere aoseu 
detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. 
Portanto, se porventura os genitores, ou um deles, pretenderem recobrar 
a guarda, conquanto esteja no exercício do pátrio poder, necessitarão 
de um provimento jurisdicional para tanto. Devem requerê-lo perante a 
mesma Vara da Infância e da Juventude que, anteriormente, colocou o 
menor na família substituta. 
27 
 
Os pais não podem, sem autorização judicial, apoderar-se do filho. Se 
assim, agirem, estarão sujeitos a sanções civis e penais. O artigo 237 do 
ECA prevê a pena de 2 a 6 anos de reclusão para aquele que subtrair 
criança ou adolescente do poder de quem o tem sob sua guarda em 
virtude de ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto. Na 
esfera civil, os pais podem ser suspensos ou até destituídos do poder 
familiar. 
5. Finalidade da Guarda 
Preceitua o § 1º do artigo 33 do ECA: 
“§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser 
deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e 
adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.” 
Seja quem for que estiver com a criança ou adolescente, desde que não 
seja um dos pais, deve providenciar junto à Vara da Infância e da 
Juventude a regularização de tal situação. 
Acrescenta o mesmo parágrafo que a guarda pode ser deferida nos 
procedimentos de tutela e adoção. Em tais acasos, se for conveniente, o 
juiz deverá deferi-la de plano, enquanto tramita o processo principal. 
E o § 2 º desse mesmo artigo do ECA, dispõe que: 
“§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela 
e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual 
dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação 
para a prática de atos determinados.” 
Quando se refere a “situações peculiares”, o ECA, naturalmente, abre 
ampla possibilidade de concessão de guarda. As várias hipóteses 
devem, é claro, ser analisadas pelo magistrado e, ressalta-se, não se 
deve deixar uma criança ou adolescente desamparado. 
6. Perda da Guarda 
28 
 
A guarda é a forma mais precária de colocação em família substituta. 
Assim sendo, ela cessa quando o menor tutelado ou adotado, ou, então, 
quando os genitores recobram a guarda do filho. Todas essas formas 
ocorrem no âmbito do Poder Judiciário, por decisão do Juiz da Infância 
e da Juventude. 
“Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato 
judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.” 
DA TUTELA 
A tutela está disposta nos artigos 36 a 38 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
1. Conceito 
É a forma de colocação em família substituta, tendo por finalidade a 
administração da pessoa e dos bens do incapaz. É mais complexa que a 
guarda, tendo em vista envolver administração de pessoa e bens. 
A tutela dá uma proteção mais ampla, pois substitui o poder familiar. 
Assim, quando suspenso, perdido ou extinto o poder familiar é que surge 
o instituto da Tutela, cuja disciplina é a da lei civil, do Código Civil. 
A diferença entre a tutela prevista no ECA (estatutária) e a do Código 
Civil é a de que esta “é mais ampla, com finalidade própria de proteção 
do menor, independentemente de sua inserção em família substituta”. A 
tutela do Estatuto é tutela destinada à criança ou adolescente nas 
condições do art. 98, incisos, do ECA, apenas. 
A suspensão do poder familiar é temporária e reversível; a extinção e a 
perda são definitivas: suspende-se e perde-se o poder familiar por ordem 
judicial (via ação de suspensão ou de destituição do poder familiar); 
extingue-se o poder familiar pela letra da lei: a) por morte dos pais; b) 
quando o adolescente completa 18 anos de idade (maioridade civil); ou 
pela c) emancipação. 
 
29 
 
2. Da Tutela estatutária 
O instituto da tutela pertence ao direito assistencial, ao direito protetivo, 
mas veio previsto no ECA como uma das “espécies de colocação” de 
criança ou adolescente em família substituta (art. 28, ECA). É a chamada 
tutela estatutária ou tutela extraordinária, sendo disciplinada pela lei civil 
(art. 36, ECA c/c 1728 a 1766 do Código Civil/2002). 
A finalidade dessa tutela é proteção do incapaz e administração de seu 
patrimônio, quando houver. A tutela visa propiciar ao menor de idade as 
condições necessárias à educação, assistência e administração de seu 
eventual patrimônio. 
Dispõe o ECA: 
“Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 
(dezoito) anos incompletos. 
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação 
da perda ou suspensão do familiar e implica necessariamente o dever de 
guarda. “ 
Assim, só pode ser tutelado o menor até completar 18 anos de idade. No 
dia seguinte à maioridade, cessará a tutela, independentemente de 
pedido ou autorização judicial. 
A tutela estatutária ou extraordinária pode surgir em procedimento de 
jurisdição voluntária ou contenciosa, conforme a hipótese esteja 
adequada a algum dispositivo da lei civil, bem como da situação fática 
em que se encontra a criança ou adolescente. Vejamos, que, para o 
deferimento de tutela estatutária ou extraordinária, de crianças e 
adolescentes na situação do artigo 98 do ECA, a competência é do 
Juizado da Infância e da Juventude, devendo ser atendidos os requisitos 
do artigo 156 do ECA para a suspensão ou perda do poder familiar. São 
processados, no mais das vezes, em jurisdição contenciosa, pois a Lei 
estatutária exige para a tutela a prévia decretação da perda ou 
30 
 
suspensão do poder familiar, sendo está uma verdadeira sanção civil 
imposta a pais desidiosos ou que abandonam seus filhos. A imposição de 
sanção civil exige o contraditório e ampla defesa. Todavia, nada impede 
que a tutela seja aferida pelo Juizado da Infância e da Juventude em 
jurisdição voluntária, como no caso de crianças e adolescentes na 
orfandade total. 
No Código Civil, temos a tutela ordinária que pode ser: tutela 
testamentária ou voluntária (art. 1729, CC), tutela legítima (art. 1731, CC) 
e a tutela dativa (art. 1732, CC), as quais decorrem da interveniência do 
juiz da família. 
4. Tutor, protutor, pupilo ou tutelado 
Tutor é a pessoa nomeada para exercer a tutela, podendo ser homem 
ou mulher, ou ambos, desde que tenha idoneidade (pessoa maior de 
idade e de bons antecedentes) e boa saúde. Em princípio, são 
nomeados como tutor os parentes, os ascendentes, e em falta deles, os 
colaterais até o terceiro grau. Na falta comprovada de parentes, seja 
porque inexistentes ou por escusa justificada, o juiz pode nomear terceira 
pessoa. È necessário o aval judicial mesmo no caso de haver sido 
indicado o tutor em testamento ou documento público. 
Isso se justifica, porquanto há o superior interesse e a proteção integral da 
criança ou adolescente que devem ser protegidos. Ademais, a 
nomeação tem característica da pessoalidade, ou seja, é um encargo 
pessoal. 
O Código Civil de 2002 criou a figura do protutor, é também nomeado 
pelo juiz devendo deter as mesmas condições morais do tutor, sendo 
quem fiscaliza os atos do tutor (art. 1742, CC/02). A rigor, a lei criou “mais 
uma instância verificatória para a comprovação da prestação de contas 
do tutor”. Embora a raridade, é cabível a figura do protutor nos feitos dos 
Juizados da Infância e da Juventude, porque se trata de disciplina tutelar 
(civil). No entanto, dita figura, fatalmente, pouco surgirá na tutela 
31 
 
estatutária, uma vez que já existe dificuldade para conseguir-se um tutor 
para a criança ou adolescente, imagine-se um protutor. Diante do 
Código Civil, tutor e protutor recebem uma gratificação pelo seu 
cuidado com o menor de idade (art. 1752, § 1º, CC/02), o que também 
dificilmente ocorrerá na tutela estatutária, porque esta se aplica a 
criança ou adolescente muitas vezes em desamparo. 
E, pupilo ou tutelado é a pessoa menor de idade, criança ou 
adolescente,sobre a qual recai a tutela. 
5. Nomeação e destituição do tutor 
A nomeação do tutor é tratada no artigo 1734 do CC/02, com redação 
da Lei n. 12.010/09, “que as crianças e os adolescentes cujos pais forem 
desconhecidos, falecidos ou que tiverem suspensos ou destituídos do 
poder familiar terão tutores nomeados pelo juiz ou serão incluídos em 
programa de colocação familiar, na forma prevista pela Lei 8069/90, de 
13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente”. 
A nova redação do artigo 1734 do CC/02 demonstra o esforço do 
legislador para modificar a situação de crianças e adolescentes, cujos 
pais forem desconhecidos (ditos expostos), filhos de pais falecidos 
(órfãos), ou aqueles pais que tiveram contra si ação de destitução ou 
suspensão do poder familiar julgada procedente (art. 36, parágrafo 
único, ECA, c/c 1728, II, CC/02). A intenção foi dificultar a colocação de 
criança ou adolescente – que estiver em alguma situação prevista no 
artigo 98, ECA, nos antigos abrigos, agora em acolhimento institucional 
(art. 90, IV ECA), nos quais ficavam praticamente esquecidos por longo 
tempo de suas vidas. 
 Dispõe ainda, o artigo 37 do ECA 
que: 
 Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento 
autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art. 1.729 da Lei 
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no prazo de 30 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art1729
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art1729
32 
 
(trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido 
destinado ao controle judicial do ato, observando o procedimento 
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, 
de 2009) 
 Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados os 
requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo deferida a 
tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar 
comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe 
outra pessoa em melhores condições de assumi-la. (Redação dada pela 
Lei nº 12.010, de 2009) 
 No sistema do Estatuto, ao assumir a tutela, o tutor necessariamente 
assinava um termo no qual eram especificados os bens e valores que 
eram passados à sua administração, sendo que os bens particulares do 
tutor, em valor dos bens do menor, ficavam sob hipoteca legal. Isso para 
garantir eventual prejuízo ou dilapidação ao patrimônio do menor. Como 
se sabe, a hipoteca é um direito real de garantia, que grava coisa imóvel 
ou outro bem que a lei entende hipotecável. Diz-se hipoteca legal 
porque prevista em lei e a anterior norma estatutária estava de acordo 
com o Código Civil de 1916, que também determinava que o tutor, antes 
de assumir a administração dos bens do pupilo, era obrigado a 
especializar, em hipoteca legal, os imóveis necessários para acautelar os 
bens do menor (art. 418, c/c 840, I CC/16). A hipoteca legal, portanto, 
era uma garantia para o menor proprietário de bens que seriam 
administrador pelo tutor. 
 Com a redação da Lei n. 12.010/09, foi modificado o artigo 37 do 
ECA, dispondo o seguinte: 
 ‘”O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento 
autêntico, conforme previsto no parágrafo único do artigo 1729 da Lei nº 
10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, deverá, no prazo de 30 
(trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm#art2
33 
 
destinado ao controle judicial do ato, observando o procedimento 
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. 
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados os 
requisitos previstos nos arts. 28 a 29 desta Lei, sendo deferida a tutela à 
pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar comprovado 
que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa 
em melhores condições para assumi-a”. 
 Como se percebe, a situação agora é diferente, porque o artigo 
1489 do CC/2002, que arrola as hipóteses legais de hipoteca, não repetiu 
o inciso IV do art. 827 do CC/16. Isso foi diretamente confirmado pelo 
artigo 2040 do CC/02, quando determina que: 
 “A hipoteca legal dos vens do tutor ou do curador, inscrita em 
conformidade com o inciso IV do art. 827 do Código Civil anterior, Lei 
3.071, de 1º de janeiro de 1916, poderá ser cancelada, obedecido o 
disposto no parágrafo único do artigo 1745 deste Código”. 
 O artigo 1745 do CC/02 referido dispõe que: “os bens do menor 
serão entregues ao tutor mediante termo especificado deles e seus 
valores, ainda que os pais o tenham dispensado”. Assim, não há mais 
obrigatoriedade de hipoteca legal nos casos da tutela do Estatuto, mas 
apenas um termo de entrega dos bens ao tutor, especificando os bens e 
valores. [2] 
E, no artigo 38 do ECA, expressa que, à destituição da tutela, aplica-se o 
art. 24. 
Dispõe o artigo 24 do ECA: “A perda e a suspensão do poder familiar 
serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos 
casos previstos na legislação civil, bem como na hipóteses de 
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude 
o artigo 22”, o qual refere: “Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda 
e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesses 
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/94701#_ftn2
34 
 
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações 
judiciais.” 
DA ADOÇÃO 
Prevista nos artigos 39 a 52 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
1. Conceito 
Eduardo Oliveira Leite conceitua a adoção como uma forma de filiação 
puramente jurídica, calcada na presunção de uma realidade afetiva, e 
não biológica.[3] 
A adoção, no ECA, é forma definitiva de colocação de família substituta, 
e, em regra, deve ser precedida de estágio de convivência do adotando 
com os adotantes. 
Com a adoção, os adotantes passam a ter o poder familiar e, caso não 
cumpram os deveres inerentes à condição de pais, podem dele ser 
destituídos. 
Na verdade, com a adoção inicia-se uma relação entre pais (adotantes) 
e filhos (adotados), que é semelhante à existente entre genitores 
biológicos e seus filhos. Os direitos e obrigações são os mesmos e, 
conforme dispõe a Constituição Federal no § 6º do artigo 227, repetido 
no artigo 20 do ECA, não pode haver quaisquer discriminações relativas 
à filiação. 
2. Natureza jurídica 
A adoção é instituição jurídica de ordem pública, constituída por 
sentença judicial, de natureza constitutiva, porque cria uma nova 
situação jurídica, devendo ser inscrita no registro civil. 
3. Adoção na Constituição 
No artigo 227, § 5, da CF/88, verifica-se que: “a adoção será assistida pelo 
Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de 
sua efetivação por parte de estrangeiros”. 
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/94701#_ftn3
35 
 
Quando à presença do Estado, em se tratando de criança e 
adolescentes (art. 227 da Constituição trata de seus direitos), a adoção 
se concretiza por meio de um processo judicial próprio, com a sentença 
que a estabelece. Não há outra forma válida/lícita para sua 
concretização. 
A outra preocupação do constituinte foi com a adoção por estrangeiros. 
Não se proíbe a adoção por estrangeiros residentes no exterior, mas há 
exigências para se evitarem os problemas como “venda” de crianças e 
outros em que, por meios ilícitos, os menores poderão vir a ser 
arrebatados de seus pais sem a devida anuência. 
4. Adoção no Código Civil 
O novo Código Civil(Lei n. 10.406/2002) trata da adoção nos arts. 1618 a 
1929. 
Há duas inovações importantes. A primeira é a que cuida da adoção de 
crianças e adolescentes, a qual, anteriormente, só era tratada pelo ECA. 
A segunda é que também os casos de adoção de pessoas maiores de 
idade (com mais de dezoito anos) serão realizados perante o Poder 
Judiciário, por meio de sentença constitutiva (art. 1623, parágrafo único 
do CC). NO regime anterior, as adoções de maiores eram realizadas por 
meio de escritura pública em Tabelião de Notas, de acordo com o artigo 
375 do Código Civil de 1916. 
Como mencionado, tratando da adoção de menores, o Código Civil, a 
rigor, repete os mesmos dispositivos do ECA em seus artigos 39 a 52. 
 5. Requisitos quanto ao Adotante 
 O primeiro requisito é que não se admite adoção por procuração. 
Dispõe o artigo 39, § 2º do ECA: “é vedada a adoção por procuração”. 
Assim é imprescindível a presença daquela que vai adotar, mesmo 
porque, é necessário um estágio de convivência. 
36 
 
 Dispõe ainda o artigo 42 do ECA e seus parágrafos que, para adotar 
é necessário ser maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do 
estado civil. Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do 
adotando. E, para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes 
sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a 
estabilidade da família. E ainda, que o adotante há de ser, pelo menos, 
dezesseis anos mais velho do que o adotando. 
E no artigo 46 do ECA determina que, a adoção será precedida de 
estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que 
a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso. E no 
§ 1º desse mesmo artigo, assegura que, § 1o o estágio de convivência 
poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda 
legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível 
avaliar a conveniência da constituição do vínculo. 
Em caso de adoção por estrangeiros residentes fora do País, para facilitar 
a convivência, o prazo de estágio é reduzido, ou seja, de quinze dias para 
crianças até dois anos e de trinta dias nos outros casos. Ao estrangeiro 
residente no exterior seria inadequado exigir um estágio maior. 
5. Requisitos quanto ao Adotando 
O artigo 40 do ECA, determina que o adotando deve contar com, no 
máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda 
ou tutela dos adotantes. 
Outro requisito, é o previsto no artigo 43 do ECA a, que assegura que a 
adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o 
adotando e fundar-se em motivos legítimos. 
 Não se pode esquecer que se a criança ou o adolescente estiver 
sob o poder familiar (pátrio poder), é necessária a destituição, para que 
com a adoção uma nova relação familiar seja constituída. Aliás, o artigo 
45 do ECA estabelece que adoção depende dos pais ou do 
representante legal do adotando. Assim, se os genitores concordarem, 
37 
 
perderão o poder familiar. No caso do tutor ou do curador, a falta de 
consentimento não impedirá a adoção se ela for conveniente a menor. 
6. Procedimento da adoção 
Para haver adoção, nacional ou internacional, há necessidade de 
intervenção do Poder Judiciário, pois se exige uma sentença judicial (art. 
47, caput do ECA). Logo, há de existir um processo que tramitará em 
segredo de justiça, iniciado por petição assinada pela parte, 
pessoalmente ou por seu advogado, com toda a documentação 
necessária à identificação das partes sendo observados os artigos 282 do 
CPC e incisos e art. 165 do ECA. O processo de adoção depois de findo 
é mantido em arquivo, admitindo-se seu armazenamento em microfilme 
ou por outros meios, garantida sua conservação para consulta a 
qualquer tempo (art. 47, § 8º do ECA). 
O art. 165 e incisos do ECA apresenta os requisitos para os pedidos de 
colocação em família substituta, sendo que, para a adoção, nacional ou 
internacional, dependendo do caso, devem ser também observados 
requisitos específicos (art. 165, parágrafo único, ECA). A petição é 
apresentada diretamente no Cartório da Infância e da Juventude da 
comarca na qual se pretende adotar. 
O Estatuto disciplinou a questão da necessidade de advogado na 
adoção, determinando que o pedido, quando os pais forem falecidos, 
já tiverem sido destituídos ou suspenso do poder familiar ou houverem 
aderido de forma expressa ao pedido de adoção, possa ser formulado 
diretamente em cartório em petição assinada pelos próprios requerentes, 
dispensando a assistência de advogado. Embora haja quem entenda 
inconstitucional essa norma (art. 166, caput do ECA), parece-nos que isso 
facilita a adoção e vem em benefício da criança e do adolescente 
adotandos.[4] 
Havendo consentimento dos pais com a adoção, eles serão ouvidos pela 
autoridade judiciária e pelo membro do Ministério Público, tomando-se 
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/94701#_ftn4
38 
 
por termo as declarações, segundo determina o artigo 166, § 1º do ECA, 
mas desde que previamente tenham sido orientandos , por atuação da 
equipe interprofissional, esclarecidos e advertidos acerca desse 
importante ato e da irrevogabilidade da adoção. (art. 166, § 2º). 
À vista do pedido e da prévia ciência do Ministério Público, a autoridade 
judiciária determina a realização de estudo social ou perícia por equipe 
interprofissional, decidindo sobre eventual guarda provisória. Sendo caso 
de adoção, deve o julgador deliberar acerca do estágio de convivência, 
em havendo assentimento dos pais. Em qualquer caso, deve a 
autoridade determinar a citação dos pais ou responsável (art. 158 do 
ECA), seja para resposta (contestação ou reconvenção, em dez dias), 
seja para os pais serem ouvidos em audiência fins consentimento (art. 166 
§ 3º, ECA). 
Após eventual contestação, estudo social, réplica, o escrivão certifica o 
ocorrido e o juiz dá vista dos autos ao Ministério Público, o qual manifesta-
se no prazo de cinco dias pela realização de audiência (necessário e 
imprescindível nos casos de revelia) ou emite parecer final. A audiência 
segue as regras da lei processual civil, com a ouvida das partes, das 
testemunhas e peritos, quando for necessário. 
A sentença que acolhe ou não o pedido deve sobrevir em audiência, ou 
no prazo máximo de cinco dias. O procedimento de colocação em 
família substituta não pode exceder o prazo de 120 dias (art. 163 do ECA), 
sob pena de sérios prejuízos à criança ou ao adolescente, podendo ser 
apurada a responsabilidade administrativa do juiz em face da demora 
no procedimento. 
Segundo dispõe o artigo 47 e parágrafos do ECA: 
“Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será 
inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá 
certidão. 
39 
 
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como 
o nome de seus ascendentes. 
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original 
do adotado. 
 § 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no 
Cartório do Registro Civil do Município de sua residência 
 § 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas 
certidões do registro. 
 § 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a 
pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do 
prenome. 
 § 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, 
é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do 
art. 28 desta Lei. 
 § 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da 
sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do art. 42 desta 
Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito. 
 § 8o O processo relativo à adoção assim como outros a ele 
relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu 
armazenamento em microfilme ou por outros meios,garantida a sua 
conservação para consulta a qualquer tempo.” 
7. Adoção Internacional 
Se a colocação de uma criança sob adoção é uma medida 
excepcional (art. 31, ECA), pois só pode ocorrer na provada 
impossibilidade de a criança ficar com sua família natural ou extensa, a 
adoção internacional “materializa a exceção da exceção”[5], pois 
também exige a impossibilidade de a criança adotada ficar no 
Brasil. Portanto, devem-se esgotar as possibilidades de colocação em 
família substituta brasileira, observando-se os cadastros existentes. 
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/94701#_ftn5
40 
 
Como mencionamos anteriormente, a adoção por estrangeiros está 
assegurada na Constituição Federal no artigo 227, § 5º, que determina 
que a mesma será efetivada nos termos da lei específica. Essa lei, é o 
Estatuto da Criança e do Adolescente. As modificações trazidas ao 
Estatuto pela Lei n. 12.010/09, em matéria de adoção internacional, 
incorporam a Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à 
Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção 
Internacional, como se vê do artigo 51 caput , do ECA : “Considera-se 
adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é 
residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da 
Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das 
Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, 
aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e 
promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999”. 
Dispõe ainda, parágrafo 1º e incisos, e §§ do 51, do ECA que: 
“... § 1o A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou 
domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado: 
 I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao 
caso concreto; 
 II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da 
criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta aos 
cadastros mencionados no art. 50 desta Lei; 
 III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi 
consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e 
que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado 
por equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 
desta Lei. 
 § 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos 
estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou 
adolescente brasileiro. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3087.htm
41 
 
 § 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das 
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção 
internacional. “ 
 E ainda os artigos seguintes do ECA sobre a adoção internacional. 
Vejamos: 
 Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto 
nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: 
 I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou 
adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção 
perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no 
país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua 
residência habitual; 
 II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os 
solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório 
que contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e 
adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e 
médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para 
assumir uma adoção internacional; 
 III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à 
Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central 
Federal Brasileira; 
 IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária, 
incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional 
habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada 
da respectiva prova de vigência; 
 V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente 
autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e 
convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, 
por tradutor público juramentado; 
42 
 
 VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar 
complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro 
à adoção, já realizado no país de acolhida; 
 VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central 
Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, 
além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos 
requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à 
luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida, será 
expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá 
validade por, no máximo, 1 (um) ano; 
 VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado 
a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da 
Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, 
conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. 
 § 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, admite-se 
que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam 
intermediados por organismos credenciados. 
 § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o 
credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados 
de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com 
posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publicação 
nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet. 
 § 3o Somente será admissível o credenciamento de organismos que: 
 I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e 
estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do país 
onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar 
em adoção internacional no Brasil; 
43 
 
 II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência 
profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países 
respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; 
 III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e 
experiência para atuar na área de adoção internacional; 
 IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico 
brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal 
Brasileira. 
 § 4o Os organismos credenciados deverão ainda: 
 I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro 
dos limites fixados pelas autoridades competentes do país onde 
estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central 
Federal Brasileira; 
 II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de 
reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou 
experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas 
pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade 
Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão 
federal competente; 
 III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do 
país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à 
sua composição, funcionamento e situação financeira; 
 IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, 
relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório de 
acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no período, 
cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia Federal; 
 V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central 
Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo 
período mínimo de 2 (dois) anos.

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