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Personalidade Juridica do Nascituro

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Curso de Direito
PERSONALIDADE JURÍDICA DO NASCITURO E SEUS DIREITOS
NATHÁLIA MURY VIEIRA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
RIO DE JANEIRO
2017.02
NATHALIA MURY VIEIRA
PERSONALIDADE JURÍDIA DO NASCITURO E SEUS DIREITOS
Artigo Científico Jurídico apresentado à Universidade Estácio de Sá, Curso de Direito, como requisito parcial para conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso. 
Orientador (a): Prof. (a). Patrícia Esteves de Mendonça
 
 
Rio de Janeiro
Campus Tom Jobim
2017.2
RESUMO
VIEIRA, Nathália Mury. Personalidade jurídica do nascituro e seus direitos. 2017. 24 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Direito) – Direito Civil. Universidade Estácio de Sá. Rio de Janeiro, 2017. 
O presente estudo tem como objetivo analisar a personalidade jurídica do nascituro, bem como estudar seus direitos dentro do ordenamento jurídico brasileiro. Busca-se nessa análise entender o nascituro como ser humano, bem como avaliar se este é passível de ser titular de direitos sob o viés civil e constitucional vigente. A partir deste estudo foi possível entender os diversos posicionamentos divergentes com relação à matéria, contudo que o nascituro é visto pela doutrina e jurisprudência como um ser humano com potencialidade de pessoa, bem como foi verificado que este tem garantido, tanto pela constituição federal vigente, como pelo nosso código de Direito Civil, direitos que são a ele inerentes, com grande importância dada ao direito à vida, onde foi possível entender que ainda que seja um direito fundamental, em certos casos, este pode ser relativizado, conforme foi entendimento do Supremo Tribunal Federal. De acordo com todos os entendimentos doutrinais e jurisprudenciais aqui estudados, percebemos que a personalidade jurídica, bem como os direitos do nascituro estão resguardados por nosso ordenamento.
Palavras-chave: Nascituro. Direitos. Personalidade jurídica. Teoria Concepcionista.
SUMÁRIO
1.Introdução. 2.Teorias sobre o início da vida. 3. Os Direitos da Personalidade Jurídica e suas Características. 4.Personalidade Jurídica do Nascituro. 4.1. Teoria Natalista. 4.2. Teoria Concepcionista. 4.3 Teoria Condicional. 5.Conclusão. 6.Referências
1.Introdução
Este trabalho irá abordar sobre a personalidade jurídica e os direitos do nascituro sob a perspectiva civil vigente analisando em que momento a pessoa é protegida por essa personalidade jurídica, passando a ser titular de direitos e deveres no ordenamento jurídico brasileiro.
Em um primeiro momento será trazida a questão do início da vida, apontando as teorias adotadas pela doutrina e jurisprudência, quais sejam, a teoria genética, da fecundação e da gastrulação, bem como os pontos de vista doutrinais do embrião como pessoa.
Posteriormente, será abordado sobre o instante que se inicia a personalidade jurídica e a partir de quando a pessoa pode ser titular de direitos e deveres, sendo dissertado sobre as três correntes doutrinárias sobre o tema: a teoria natalista, a teoria concepcionista e a teoria condicional.
Dessa forma, o objetivo geral deste trabalho será analisar o momento em que se inicia a vida, o instante em que o indivíduo adquire personalidade jurídica e também o momento em que este se torna titular de direitos e deveres de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro vigente.
2.Teorias sobre o início da vida
Nascituro é aquele que há de nascer, cujos direitos a lei põe a salvo; aquele que, estando concebido, ainda não nasceu e que, na vida intrauterina, tem personalidade jurídica formal, no que atina aos direitos da personalidade, passando a ter personalidade jurídica material, alcançando os direitos patrimoniais, que permaneciam em estado potencial, somente com o nascimento com vida.[1: DINIZ, Maria Helena: 1998 p. 334.]
Nesse sentido, entendemos então que nascituro, é o ser humano concebido, que está no ventre materno com vida, contudo que ainda não nasceu. 
Nascituro, segundo Limongi Franca, conceitua-se como “pessoa que está por nascer, já concebida no ventre materno”. Silmara Chinelato considera nascituro como a pessoa, sendo reconhecida sua personalidade jurídica, desde a concepção. Para ela o nascituro é a pessoa que está por nascer, assim, importa em uma específica diferenciação em relação às pessoas já nascidas, no tocante à capacidade jurídica.[2: FRANÇA, Limongi. Manual de Direito Civil. Apud: CHINELATO E ALMEIDA. Silmara Juny Abreu. Tutela civil do nascituro, p. 7.]
Nascituro para Chinelato é a pessoa já concebida o que põe a salvo qualquer confusão do nascituro com a prole eventual, categoria distinta que não pressupõe a verificação do ser já concebido. Em uma última concepção diz que é a pessoa no ventre materno, em que pese haver sido formulado há um tempo em que as técnicas da inseminação artificial e da fecundação in vitro não haviam se desenvolvido, a expressão recebe amparo no contexto atual, uma vez que corretamente exclui do conceito de nascituro aqueles óvulos fecundados e ainda não implantados no útero materno, restringindo à categoria de nascituro aqueles zigotos que se encontrem, de forma natural (por meio de relação sexual) ou artificialmente (inseminação artificial ou fecundação in vitro), implantada no útero, o que configura o estado de gestação.[3: CHINELATO E ALMEIDA. Silmara Juni Abreu. Bioética e os Direitos de personalidade do nascituro, p. 9-11.][4: CHINELATO E ALMEIDA. Silmara Juny Abreu. Idem, p. 9-11.]
Deste modo então, para este trabalho, temos como conceito de nascituro o ser humano já concebido (por meio da fecundação de um óvulo por um espermatozóide), e ainda não nascido, que se encontre em processo de gestação no ventre materno, contudo sempre se enquadrando como pessoa.
	A temática do início da vida é algo que se discute frequentemente em nos meios científico-filosóficos. Cada um, de acordo com suas crenças e ideais, buscando esclarecer o momento em que de fato o ser humano vivo, estaria concebido. 
Nos últimos anos diferentes vertentes e entendimentos se desencadearam, para esclarecer ao certo a partir de que momento o embrião de fato é reconhecido como ser humano, sendo criados inúmeros conceitos para o inicio da vida por grupos dos mais distintos ramos, como a comunidade médica, sociológica, antropológica, biológica, religiosa, dentre outras, que revolucionaram a concepção acerca da vida e as teorias sobre seu início.
Segundo Rogério Miranda de Almeida, essas pesquisas deram início no século XIX, onde se teve a percepção de que todo ser vivo é formado por células e que nelas estão contidas as características da vida. Posteriormente, em meados do século XX, descobriu-se o DNA, o que impulsionou ainda mais o estudo da biologia molecular em relação à formação do ser humano.[5: DNA ou ADN em português é a sigla para ácido desoxirribonucléico, que é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e de alguns vírus. ][6: ALMEIDA, R. M. e RUTHES, V. R.: A POLÊMICA DO INÍCIO DA VIDA: uma questão de perspectiva de interpretação, p.4.]
A partir destas descobertas, novas teorias sobre o início da vida em uma perspectiva científica, se desencadearam, sendo as principais, a genética, a embriológica, a neurológica e a ecológica.
Conforme ainda analisa Rogério Miranda de Almeida, sob a perspectiva da teoria genética, a vida de qualquer ser, inclusive o do ser humano, tem início com a fecundação, onde a união dos gametas gera um código genético, gerando assim, um novo ser em potência. Na ótica da teoria embriológica, entende-se que a vida tem início na terceira semana após a concepção, uma vez que o embrião já está formado. A visão da teoria neurológica defende que a vida tem início no momento em que o sistema nervoso está constituído,tendo em vista que é a partir de seu funcionamento que há possibilidade de vida. A teoria ecológica, por sua vez, tem sua tese pautada no entendimento de que a vida começa com o nascimento, ou seja, quando o feto deixa o útero e interage com o mundo.[7: ALMEIDA, Rogério Miranda de e RUTHES, Vanessa Roberta Massambani: ibidem ]
Nesse sentido foi proposta ADIn nº. 3510-0/600 pelo então Procurador Geral da República, Cláudio Fonteles, em face da Lei nº. 11/105/2005, Lei de Biossegurança, a qual permite a realização de pesquisas com embriões humanos, que se realizou, no dia 20 de abril de 2007, audiência pública para colher opiniões de estudiosos e pesquisadores a respeito do começo da vida, para fins de fixação de um parâmetro jurídico às pesquisas com os embriões, para ele a proposição da ação no Supremo tem o objetivo de garantir o direito à vida, que é inviolável, segundo a Constituição. [8: http://www.stf.jus.br/portal/geral/verPdfPaginado.asp?id=611723&tipo=AC&descricao=Inteiro%20Teor%20ADI%20/%203510]
Nessa ADI houve ampla discussão a respeito do momento em que se inicia a vida, pelos Amicus Curiae, pois, o que se estava buscando era a inconstitucionalidade da Lei de Biossegurança, que em tese se confrontaria com dispositivo constitucional que assegura o direito à vida, uma vez que se utilizava de embriões a fim de que fossem realizadas pesquisas em células tronco, desta forma, Claudio Fonteles, questionou se tais pesquisas não estariam violando o direito à vida, visto que a partir da fecundação, já haveria vida. [9: http://www.conectas.org/arquivos/editor/files/ADI%203510%20-%20Resumo%20do%20caso%20-%20 TF%20em%20Foco.pdf]
Acredita Fonteles que é não é suficiente dizer que apenas que o direito à vida é inviolável, sem levar em consideração a discussão da definição sobre o início da vida, a partir de que momento podemos dizer que a vida começa. Por esse motivo a propositura da audiência pública com participação de especialistas, para que se debata junto ao STF o tema, a fim de provar que “o direito não se basta em si”.
Fonteneles defendeu, a partir desta concepção que a vida humana começa com a fecundação, tendo isto como fundamental. Em suas palavras concluiu: “Eu defendo a vida humana e ela começa com a fecundação, isto é fundamental. Minha luta é pela vida humana. Vamos prosseguir com o que já é certo e não com o que ainda está no escuro”[10: SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Notícias STF: Autor da ADI contra a Lei da Biossegurança, Fonteles fala sobre direito à vida. Acesso em 16/10/2007.]
Tais teorias sobre o início da vida tiveram influência direta no ordenamento jurídico brasileiro atual. Vejamos então, em linhas gerais, o posicionamento adotado pela doutrina e jurisprudência, bem como de alguns especialistas sobre a matéria.
	Na Teoria da Fecundação, sustentada pela jurista Stella Maris Martínez, o inicio da vida se dá a partir da fertilização do óvulo maduro com o espermatozoide, ou seja, a fecundação, formando-se então o zigoto, sendo este constituído por uma única célula produz imediatamente proteínas e enzimas humanas e não de outra espécie. É biologicamente um indivíduo único e irrepetível, um organismo vivo pertencente à espécie humana.[11: MARTÍNEZ, Stella Maris. Manipulação genética e direito penal. SP: IBCCrim, 1998. p. 77.]
Conforme acrescenta Genival Veloso De França, a vida tem início no momento da fecundação, sendo a nidação um passo subsequente do processo de desenvolvimento da vida em progressão. O professor aduz que “mesmo que não haja aninhamento do ovo no útero, seu poder vital é tanto, que pode evoluir nas trompas, no peritônio, ou onde possa se desenvolver.”[12: VELOSO DE FRANÇA, Genival. O direito médico. p. 117.][13: É pela implantação que o ovo adquire viabilidade; caso contrário, perecerá na cavidade uterina e será eliminado imperceptivelmente à época da menstruação.]
Botella Llusia sustenta, de forma incisiva, a autonomia do feto em relação aos pais, mencionando que, apesar de o concebido portar herança genética oriunda dos gametas de cada, sua estruturação cromossômica é própria, distinta da de seus pais, o que lhe permite denominar pessoa, enquanto dotado de personalidade. [14: LLUSIA, José Botella. Prólogo de: ESTAL, Gabriel del. Derecho a la vida y institución familiar. p. 119-120.]
Em contraposição à Teoria da fecundação, temos a teoria da gastrulação, que se funda na possibilidade de o embrião dar origem a dois ou mais embriões em até duas semanas após a fertilização, é também nesta fase que se forma a placa neural, a qual dará origem ao tubo neural e por intermédio deste se desenvolve o sistema nervoso central.[15: MARTÍNEZ, Stella Maris. Manipulación genética y derecho penal. Buenos Aires: Editorial Universidad, 1994. p. 86.]
A teoria da Gastrulação, defendida também por Luiz Eugênio, sustenta que o início da vida é durante período em que se inicia a formação da estrutura corpórea, e também o início da formação do cérebro que começa entre a terceira e quarta semana de gestação e ainda que o início da vida se dá nessa fase, pois é quando se inicia a atividade cerebral, por analogia do entendimento de que a morte cerebral é quando se encerra a vida, o inicio da vida então, se daria com o início da atividade cerebral. [16: SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Notícias STF: Professor de Fisiologia crê que doenças complexas exigem soluções também complexas. Disponível em http://www.stf.gov.br/noticias/imprensa/ultimas/ler.asp?CODIGO=229850&tip=UN&param= >]
Como visto acima, as teorias a respeito do inicio da vida, são muito divergentes, dividindo-se em inúmeras correntes, sobre o momento em que estaria se formando um ser humano verdadeiro. Daí desenvolveu-se pluralidades de doutrinas relativas ao estudo do embrião como pessoa, dotado de personalidade e individualidade, sendo três as posições mais relevantes para a pesquisa em comento. 
	 Duas, das três correntes, são mais radicais e a terceira, busca pelo equilíbrio e harmonia entre as outras duas correntes. Conforme sintetiza, Eduardo de Oliveira Leite, a primeira corrente, defende o embrião como pessoa humana, assim o embrião é considerado pessoa humana desde o momento de sua concepção, de modo que o embrião é, desde então, pessoa humana inteira, distinta da mãe, dotada de autonomia genético-biológica essencialmente imutável até a idade avançada, o que permite sua inserção na categoria de “pessoa”, tal como qualquer outra.[17: LEITE, Eduardo de Oliveira. ”O direito do embrião humano: mito ou realidade?”, Revista da Faculdade de Direito da UFPR, Curitiba, a. 29, n. 29, 1996, p. 121-146, p. 4,5, 6 e 7.]
 Em contrapartida, para uma segunda corrente adota-se a “teoria genético-desenvolvimentista”, onde o nascituro é apenas um amontoado de células, entendendo que a evolução do ser humano, enquanto nascituro, se processa mediante a passagem por três fases, quais sejam: pré-embrião, embrião e feto, de modo que na primeira, o ser não pode ser considerado pessoa, mas apenas mero amontoado de células humanas como qualquer outra, mas insuficientes à existência como pessoa.
 A Terceira corrente, é um equilíbrio entre as duas primeiras, considera o nascituro como uma categoria própria, diferente de pessoa e de amontoado de células. Sem considerá-lo propriamente como “pessoa”, tampouco se lhe negando a natureza de “humano”, esta corrente sustenta o que considera como “potencialidade de pessoa” ou “ser humano em estado potencial”, e defende seu tratamento por meio de um estatuto próprio.
3. Os Direitos da Personalidade Jurídica e suas Características
Para o Direito, quando se trata da vida humana, se fala em direitos e deveres que são adquiridos naturalmente e são intrínsecos à própria pessoa, daí 
surge ideia da personalidade jurídica.
Os direitos da personalidade em geral, estão associados teoria jusnaturalista, a qual classifica esses direitos como naturais, inatos, invulneráveis e excluídos de qualquer intervenção do Poder Público ou de particulares. [18: PICCININI, F. K.e CHEMIN, B. F. Os Direitos Civis do Nascituro, p. 104]
Podemos entender que nos direitos à personalidade compreendem-se direitos considerados essenciais à pessoa humana, que a doutrina moderna preconiza e disciplina, a fim de resguardar a sua dignidade.[19: GOMES, Orlando. apud GUERRA, Sidney César Silva. A liberdade de imprensa e o direito à imagem. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. p. 11.]
Segundo a doutrina, os diretos da personalidade jurídicas possuem algumas características, sendo eles, absolutos, indisponíveis relativamente, imprescritíveis, extrapatrimoniais e vitalícios. São absolutos, pois são oponíveis erga omnes, salienta-se que são direitos que podem ser defendidos e exercidos perante todos.[20: FARIAS, Cristiano Chaves de. Direito Civil: Teoria geral, 2005, p.105]
São estes direitos indisponíveis, pois seus titulares não podem deles dispor para cedê-los a terceiros, não sendo possível nem mesmo renunciá-los ou abandoná-los. São direitos que nascem e se extinguem com o desaparecimento da pessoa. Entretanto, esta indisponibilidade é dita relativa, porque, em algumas situações, admite-se a cessão de uso temporário desse direito.
Por esses direitos serem inerentes à pessoa humana e estarem sempre com esta, são imprescritíveis, o que significa dizer que independentemente de seus atos ou dela fazer valer esses direitos. Em que pese os direitos da personalidade não prescreverem, a pretensão indenizatória quando um desses direitos é violado, pode prescrever. 
Não há possibilidade de valorar os direitos da personalidade jurídica de forma objetiva, sendo estes extrapatrimoniais, contudo, em situações em que esses direitos são lesionados, podem ser mensurados economicamente para fins de indenização.
Por fim, os direitos da personalidade são vitalícios, pois são pertinentes à pessoa durante toda sua existência. Importa ressaltar que, ainda que sejam direitos personalíssimos, após a morte, a pretensão de buscar uma reparação à eventual ofensa, pode ser postulada por seus sucessores.	[21: http://profpatriciadonzele.blogspot.com.br/2011/09/direitos-da-personalidade.html]
4.Personalidade Jurídica do Nascituro
Conforme explicitam Fernanda Konrad Piccinini e Beatris Francisca Chemin, é importante em um primeiro momento o entendimento do conceito de personalidade natural, pois o exato momento em que o nascituro adquire personalidade, tornando-se sujeito de direitos e obrigações, que é objeto de divergência entre a doutrina e jurisprudência.[22: PICCININI, Fernanda Konrad e CHEMIN, Beatris Francisca – ibidem. ]
Dessa forma, aqui será estudado o conceito de personalidade natural no âmbito jurídico brasileiro e em que momento se tem a conquista dessa personalidade. 
Para conceituar personalidade natural temos como base o art 1º do CC que dispõe: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.” Temos aqui que pessoa é todo ser humano, sem qualquer distinção de sexo, credo, raça ou cor, conforme conceitua Beatris Francisca Chemin, bem como são sujeitos de direitos, podendo figurar nas relações jurídicas como sujeitos passivos ou ativos.[23: PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. – ibidem, p.107]
Maria Helena Diniz conceitua pessoa como:[24: DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. V.1, 18 ed, Saraiva: São Paulo, 2002. p.116]
o ente físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito de direito. Sujeito de direito é aquele que é sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou titularidade jurídica, que é o poder de fazer valer, através de uma ação, o não cumprimento do dever jurídico, ou melhor, o poder de intervir na produção da decisão judicial. [25: RODRIGUEZ, Victor Gabriel de Oliveira. Manual de redação forense. Campinas: Mizuno, 2000, p. 226]
Para Silvio de Salvo Venosa, a personalidade consiste em um conjunto de poderes conferidos ao ser humano para que faça parte das relações jurídicas. Nesse sentido, acrescenta Chemin que a esse conceito se integra a capacidade, conferindo limite á personalidade. Dessa forma, ocorrendo a capacidade plena, o indivíduo passa a ter capacidade de direito e de fato. Contudo essa capacidade pode ser limitada, sendo atribuída ao individuo apenas a capacidade de direito, assim, sua capacidade fica restrita, neste caso se faz necessária a presença de outra pessoa, ou melhor, de uma manifestação de vontade, que seja responsável por substituir ou completar sua própria vontade na esfera jurídica.[26: VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil, Parte Geral, volume 1.]
O início dessa personalidade natural, de acordo com o disposto no art. 2º do Código Civil, começa com o nascimento com vida, contudo põe a salvo os direitos do nascituro. Conforme preceitua Chemin, em nosso ordenamento jurídico, é de suma relevância o momento em que se inicia a personalidade, pois a partir daí, pode-se estabelecer quando a pessoa se torna sujeito de direitos e obrigações. [27: Art. 2º, CC/2002 “a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”][28: PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. – ibidem, p.108]
Sob esse viés, podemos conceituar a personalidade como o conjunto de poderes conferidos à “pessoa” para figurar nas relações jurídicas.
Nessa acepção o art.2º, CC parte do entendimento de que a personalidade se dá a partir do nascimento com vida, mesmo que logo após o recém-nascido venha a falecer. Assim, mesmo que ocorra o falecimento da criança logo após o nascimento com vida, esta já será considerada sujeito de direitos.
Portanto para o nosso ordenamento jurídico atual, para que haja personalidade, importa tão somente o nascimento com vida, contudo a lei põe a salvo os direitos do nascituro desde sua concepção, adentrando em outro tema de divergência na doutrina e jurisprudência, para se estabelecer a partir de que momento o nascituro adquire personalidade, sendo três correntes objeto de estudo para se entender essa temática, adotando-se para este trabalho a Teoria Concepcionista.[29: PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. – ibidem, p.107, 108 e 109. ]
4.1. Teoria Natalista
	Segundo Silmara Chinelato, esta é a teoria com maior número de adeptos, pois é a teoria adotada pelo código civil em seu art. 2º, que dispõe: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”[30: CHINELATO, Silmara Juny - Bioética e direitos de personalidade do nascituro, p. 92]
Caio Mario, aponta que esta teoria tem origem no Direito Romano, no qual a aquisição da personalidade jurídica ocorria com o nascimento, sendo o feto, até então, uma parte da mãe, e não um autônomo titular de direitos. Contudo, em que pese seus direitos apenas se consolidarem ao nascer, seus interesses recebiam proteção, por meio da regra da “antecipação presumida de seu nascimento” através da qual se lhe equiparava ao concebido, não para lhe declarar pessoa, mas apenas para lhe resguardar os interesses.[31: PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, v.1. p.144]
De acordo com Chamin, essa é a teoria adotada pelo Código Civil vigente em nosso ordenamento jurídico, em seu artigo 2º e os adeptos desta corrente, entendem que só existe personalidade a partir do momento em que a pessoa nasce com vida, não existindo quaisquer expectativas de direito antes deste.
Dentre os autores civilistas, os adeptos a esta teoria estão, Paulo Carneiro Maia, Vicente Ráo, Sílvio Rodrigues e João Luiz Alves, estes defendem que antes do nascimento o feto considera-se uma speshominis (esperança de vir a ser homem), sendo o embrião humano considerado apenas como um amontoado de células, ainda que o individuo perpasse por três fases distintas, quais sejam, pré-embrião, embrião e feto, inexistindo assim a pessoa e por consequência a personalidade jurídica.[32: PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. ibidem, p. 109.]
4.2. Teoria Concepcionista
		Opondo-se à teoria natalista, Chamin afirma queesta teoria configura a personalidade jurídica do nascituro mesmo antes do nascimento, sendo certo que desde a concepção já existem interesses do nascituro que devem ser resguardados de imediato. Assim, para os adeptos a esta corrente, o nascituro não é apenas uma pessoa com mera expectativa de direitos, mas sim, um sujeito de direitos e obrigações.[33: PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. ibidem, ibidem, p. 110]
	Nesse contexto, André Riolo Tedesco afirma que para essa vertente, o nascituro tem personalidade jurídica desde a concepção, ou seja, ostenta direitos próprios protegidos pela lei, já com o seu surgimento.[34: TEDESCO, André Riolo - Da teoria concepcionista do nascituro e a figura do natimorto. Artigo.]
	A teoria concepcionista reconhece a personalidade jurídica ao nascituro desde o momento de sua concepção, o que implica dizer que, no decorrer do período de vida intrauterina, a pessoa concebida já goza das prerrogativas da personalidade jurídica concreta, especialmente no que tange ao seu principal efeito, qual seja, a titularidade potencial, como a aptidão ou possibilidade, juridicamente reconhecida, de ser titular de direitos subjetivos e interesses existenciais.[35: CHINELATO, Silmara Juny. Tutela Civil do Nascituro, p. 158.]
Segundo Silmara Chinelato, o argumento principal o qual se utiliza para defender esta teoria é que tendo o nascituro direito, o mesmo deverá ser considerado pessoa, já que somente pessoa pode ser sujeito de direitos, de modo que só a pessoa tem personalidade jurídica para tanto. Assim não haveria como se ter um direito sem sujeitos, já que o direito em si sempre deverá ter um titular.[36: CHINELATO E ALMEIDA, Silmara Juny Abreu. Tutela Civil do Nascituro, p. 158]
Ainda conforme explica Chamin, esta teoria deu ensejo inclusive para que efeitos patrimoniais e outros efeitos civis fossem admitidos, conforme será exemplificado. Desse modo, uma vez que o nascituro é titular de direitos, podemos afirmar que o mesmo é dotado de personalidade jurídica, sob o viés concepcionista.
Podemos aqui elencar alguns dos direitos aos quais o nascituro pode ser titular, como o direito à vida, que é uma garantia constitucional dada ao nascituro no art, 5º, caput da Constituição Federal de 1988 e também um dos direitos mais importantes assegurados ao nascituro. [37: PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. – ibidem, p. 112]
Nessa perspectiva, José Afonso da Silva, considera a vida não apenas em seu sentido biológico ou orgânico, mas sim em uma acepção biográfica, sendo algo dinâmico, que constantemente se transforma, contudo nunca perde sua identidade. [38: SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Civil Constitucional Positivo, p.197.]
Aduz José Afonso da Silva, que “(...) Ninguém poderá dispor da própria vida, a fortiori da de outrem e, até o presente, o feto é considerado como um ser humano.” [39: SILVA, José Afonso da. ibidem, apud Jacques Robert, p. 198.]
A questão do direito à vida, é aprofundada por Silva, trazendo a ideia do direito à existência, que consiste no direito de estar vivo, lutar pelo viver, de defender a própria vida, de permanecer vivo. Sendo este o direito de não ter interrompido o processo vital, senão pela morte espontânea e inevitável. [40: SILVA, José Afonso da. ibidem, p.198]
Sobre a questão, Tania Pereira da Silva, mais profundamente, aduz que não basta garantir ao feto o direito à vida, sem conceder ao mesmo o direito de sobreviver em condições de plena dignidade, pois a este devem ser proporcionados todos meios idôneos e necessários para seu desenvolvimento com todas as suas potencialidades, incidindo sobre o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana.[41: PEREIRA, Tânia da Silva. Obra dos alimentos: do nascituro e os alimentos no estatuto da criança e do adolescente. ]
Em contrapartida, Luís Roberto Barroso traz a ideia que o direito à vida não é um direito absoluto, uma vez que os direitos fundamentais não têm hierarquia entre si, em que pese a constituição também tratar de temas como privação de liberdade no caso de prisão, bem como a pena de morte nos casos de guerra, por exemplo. [42: BARROSO, Luis Roberto. Curso de Direito Constiucional: Os Coneitos Fundamentais e a Construção do Novo Modelo. 2 edição, p. 342]
Quando se fala em direito à vida no que diz respeito ao nascituro é inevitável se discutir a questão do aborto, tema este que a Constituição não enfrentou diretamente, nem vedando, nem admitindo o aborto, uma vez que ainda não é pacífico o entendimento de que momento começa a vida, deixando assim, a cargo da legislação ordinária, especialmente em matéria penal a possibilidade ou não da prática de aborto. [43: SILVA, José Afonso da. ibidem, p.198]
Nessa perspectiva foi proposta ADPF-54, que autorizou a interrupção da gestação com feto anencefálico, entendendo que nesses casos não há uma expectativa de vida após seu nascimento, o que rendeu ampla discussão do direito à vida.[44: www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticianoticiastf/anexo/adpf54.pdf]
O ministro Marco Aurélio em seu relatório, relativizou o direito à vida, uma vez que que não há uma hierarquia entre os direitos fundamentais e nesse caso o direito à vida do feto anencefálico estaria se contrapondo a outros direitos a ele também inerente como o direito à saúde, uma vez que esta é entendida pela OMS como o estado de completo bem estar físico, mental e social e não simplesmente a ausência de enfermidade e a continuidade desta gestação e o posterior nascimento deste feto estaria, segundo Marco Aurélio, violando o este direito.[45: Organização Mundial de Saúde.][46: STF - ADPF: 54 DF, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 12/04/2012, Tribunal Pleno, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-080 DIVULG 29-04-2013 PUBLIC 30-04-2013, p.58 apud SARMENTO, Daniel (2006, p.103)]
Marco Aurélio traz ainda a ideia de que, além dos direitos do feto estarem sendo violados, os direitos da gestante à dignidade da pessoa humana, à liberdade, à autodeterminação, à saúde, ao direito de privacidade, ao reconhecimento pleno dos direitos sexuais e reprodutivos, também estariam sendo contrariados, pois ele comparou o fato de obrigar a mulher a manter uma gestação, que seria muito sofrida em razão de o feto ter mínima sobrevida , à tortura, pois ela estaria sendo colocada em uma espécie de cárcere privado em seu próprio corpo, sendo esse um sacrifício que não pode ser pedido ou exigido de qualquer pessoa. [47: STF - ADPF: 54 DF, ibidem.]
Essa ponderação também foi arguida pelo Ministro Cesar Peluso em seu voto, onde analisou os valores entre a vida do feto anencefálico e a dignidade, integridade e a saúde da gestante, concluindo que ainda que o direito à vida deva ser protegido, não importando quanto tempo esta vida dure, concordou com o relator que os direitos da gestante não podem ser suprimidos em razão de uma vida precária, devendo este prevalecer, relativizando assim o direito à vida do nascituro. 
A relativização do direito à vida foi abordada da mesma forma no voto do Ministro Joaquim Barbosa que foi muito enfático nesse sentido, entendendo que deve prevalecer o direito da gestante, uma vez que nesses casos a vida extrauterina estaria fadada ao fracasso, a tutela da vida humana deve estar submetida a diversas fases de ciclo vital, desde a concepção, com a gestação, o nascimento, desenvolvimento e a morte.[48: STF - ADPF: 54 DF, idem, p.150.]
Além do direito à vida, existem no nosso ordenamento jurídico, outros direitos em que o nascituro pode ser titular, como o direito de ser titular em ação de alimentos, que é um direito subjetivos do nascituro, a jurisprudência entende que a obrigação decorrente deste direito pode começar antes mesmo do nascimento, uma vez que os pais, ainda que se trate de direito personalíssimo, tem legitimidade para pleiteá-los pelo nascituro, para que este seja beneficiado, sendo assim o nascituro sujeito de direito. [49: TAMG – AGI. Acórdão 0321247-9, 20-12-2000, 3ª Câmara Cível – Rel. Juiz Duarte de Paula.]
Aindanesse sentido, o nascituro tem o direito de ser representado, conforme se observa nos arts. 1.634 c/c 1779, CC/02, bem como pode ser outorgada a curatela no caso da falta do poder familiar. [50: Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)][51: Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar.]
Piccinini aborda ainda, sobre o direito do nascituro de receber doação, conforme estabelecido no art. 538 do Código Civil de 2002, a doação é o “contrato em que uma pessoa, por liberdade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra”, podendo ser feita ao nascituro, conforme elucida o artigo 542 do Código Civil expõe que: “A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal”. Verificando-se aqui o nascituro como sujeito de direito em eventuais doações em favor deste.[52: PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. – ibidem, p. 115][53: PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. – ibidem, p. 115]
	Conforme explicita Piccinini, o direito de sucessão também resguarda o nascituro no Código Civil, em seu artigo 1.798 dispõe: “Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão.” Sendo este, um direito eventual, que se torna um direito pleno, a partir do seu nascimento com vida. Podemos observar aqui que o nascituro é titular do direito da aquisição de imóvel por testamento, desta forma, morto o testador antes de seu nascimento, a titularidade da herança ou legado fica, provisoriamente, em suspenso. Se o nascituro nascer com vida, adquire naquele instante o domínio de tais bens.[54: PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. – ibidem.]
Importante destacar ainda que o entendimento do Superior Tribunal de Justiça confronta a ideia do art. 2º, CC, na literalidade, uma vez que condiciona a aquisição de personalidade jurídica ao nascimento, sendo certo que não há vinculação entre o nascimento com vida e o conceito de pessoa, de personalidade jurídica e de titularização de direitos, conferindo assim ao nascituro a condição de pessoa e titular de direitos. Desta forma, nos casos referidos a cima, a titularidade dos direitos é sim do nascituro e não de quem o representa no polo ativo ou passivo da ação. Em suma, o STJ reconhece a titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, tanto os patrimoniais, quanto aos não patrimoniais, inclusive o direito do nascituro de receber eventual indenização. [55: RECURSO ESPECIAL Nº 1.415.727 - SC (2013/0360491-3) RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO]
	Portanto, a partir do momento que o nascituro tem capacidade para ser sujeito de direito, este é dotado de personalidade jurídica, ainda que estes direitos dependam do nascimento com vida, uma vez que este não seja dotado de capacidade civil, contudo pode ser representado. 
4.3 Teoria Condicional 
	Esta teoria é uma vertente entre as teorias natalistas e concpcionistas, ficando entre os dois polos. Em termos gerais, segundo explica Chamin, esta corrente reconhece a existência de personalidade jurídica desde a concepção, contudo, seus adeptos afirmam que há uma condição ao nascimento com vida, daí o seu caráter condicional. Verificado o implemento da condição, considera-se a existência da personalidade desde o momento da concepção, o que denota certa retroatividade desta verificação.[56: PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. – ibidem, p. 109]
	Os doutrinadores William Artur Pussi, Clóvis Bevilácqua, J.M. de Carvalho Santo bem como Miguel Maria da Serpa Lopes, sendo adeptos desta teoria, da personalidade condicional lecionam o seguinte:[57: PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. – ibidem apud: Clóvis Bevilácqua, J.M. de Carvalho Santos bem como Miguel Maria da Serpa Lopes. Lopes, p.94]
De fato, a aquisição de tais direitos, segundo o nosso Código Civil, fica subordinado à condição de que o feto venha a ter existência; se tal o sucede, dá-se a aquisição; mas, ao contrário, se não houver o nascimento com vida, ou por ter ocorrido um aborto ou por ter o feto nascido morto, não há uma perda ou transmissão de direitos, como deverá se suceder, se ao nascituro fosse reconhecida uma ficta personalidade. Em casos tais, não se dá a aquisição de direitos. 
Conforme analisa a professora Chamin, tais doutrinadores, entendem que a lei assegura direitos ao nascituro durante o período da gestação, tutelando-lhes alguns direitos personalíssimos e patrimoniais, entretanto estariam eles sujeitos a uma condição suspensiva, qual seja, o nascimento.[58: PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. – ibidem]
Verificamos, entretanto, que ainda que o código civil tenha adotado a teoria natalista, pode-se ter uma interpretação de que o nascituro é titular de direitos subjetivos, que podem ser por ele pleiteados, contudo necessita ser representando, uma vez que este não possui capacidade civil para tanto.	
 5.Conclusão
	Neste trabalho foi analisada a temática da personalidade jurídica do nascituro, bem como os seus direitos, dentro do ordenamento jurídico brasileiro, sendo apresentadas as principais teorias adotadas pela doutrina e jurisprudência acerca da controvérsia.
A primeira questão debatida, foi sobre o início da vida, a partir de que momento é considerado que o ser humano de fato é uma vida, tema este que ainda não foi pacificado pela jurisprudência, sendo uma temática de grande controvérsia no meio científico, filosófico, antropológico e religioso, contudo nota-se que é pacífico o entendimento da doutrina e jurisprudência do embrião como um ser humano e assim são resguardados direitos a ele.
Também foi verificado o conceito de personalidade jurídica e como esta se aplica ao nascituro, analisadas as teorias natalista, conepcionista, onde foi elencado alguns direitos inerentes ao nascituro, principalmente com relação ao direito à vida, onde foi possível verificar que a jurisprudência de forma pacífica relativizou esse direito, quando se entender que a vida extrauterina será sofrida e com mínimo de sobrevida, se contrapondo à direitos da gestante como o da dignidade, e a teoria condicional.
	Podemos então entender, diante da análise do problema proposto para este artigo, qual seja, a existência da personalidade jurídica e demais direitos do nascituro, dentro da teoria concepcionista da personalidade jurídica, que essa se enquadra de melhor maneira aos direitos do nascituro, sendo certo que este é titular próprio de direitos reais e não fictos, contudo somente não possui capacidade para postulá-los, devendo assim ser representado.
Assim, diante das considerações apresentadas, podemos concluir que o nascituro é dotado de personalidade jurídica e pode ser titular de direitos a ele inerente.	 
6.Referências
ALMEIDA, R. M e RUTHES, V. R, M. A Polemica do Inicio da Vida: uma questão de perspectiva de interpretação. Curitiba: Revista Pistis Prax., Teol. Pastor, v. 2, jan/jun. 2010, p.113-124.
	ALMEIDA, Silmara J. A. Chinelato. Tutela Civil do Nascituro. São Paulo: Saraiva, 2000.
	______. Bioética e direitos de Personalidade. São Paulo: Scientia Iuris. 2003. Disponível em <www.uel.br/revistas/uel/index.php/iuris/article/download/11105/9819>. Acesso em 15 out 2017.
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: Os conceitos fundamentais e a construção de novo modelo. 2. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010.
	BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade: ADI - 3510. Brasilia, DF, 29 de maio de 2008.
	BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental: ADPF 54. Brasilia, DF, 20 de Agosto de 2008
	CASTRO, Taynara Cristina Braga. Bioética e suas repercussões no ordenamento jurídico. [s.l]: Jus.com.br, 2014. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/33465/adi-n-3-510-bioetica-e-suas-repercussoes-no-ordenamento-juridico>. Acesso em 10 out 2017.FILHO, R. P.	e ARAÚJO, A. T. M. Tutela do nascituro à luz da Constituição Federal. Salvador: [s.n].
	OLIVEIRA, Eduardo Leite. O direito do embrião humano: Mito ou Realidade?. Curitiba: Revista da Faculdade de Direito da UFPR, a.29, n. 29, p. 121-146, 1996.
	PAGANINI, Juliano Marcondes. Nascituro: da personalidade jurídica à reparação de danos. 2008. 103 f. Monografia (Graduação em Direito) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, 05 novembro de 2008.	PICCININI, F. K. e CHEMIN, B. F. Direitos Civis do Nascituro. Revista Destaques Acadêmicos, Vol. 6, N. 2, 2014.
	SILVA, Jose Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 25. ed. [s.l]: Malheiros Editores, 2005.

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