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Medo e violência na sociedade brasileira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
DOCENTE: EDUARDO HENRIQUE ARAÚJO DE GUSMÃO
DISCENTE: THAÍSLA BARBOSA MEDEIROS FRANCO
 “MEDO E VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE BRASILEIRA”
CAMPINA GRANDE – PB 
22 DE FEVEREIRO DE 2017
Sumário
INTRODUÇÃO
	O estudo do medo e da violência na sociedade brasileira teve grandes pesquisadores, mas entre eles podemos citar os autores José Martins e Alba Zaluar. Além deles vamos também usar referências de Jean Delumeau falou em uma de suas obras sobre o medo no ocidente.
Esse trabalho será baseado em obras de ambos os autores. Mas antes de começar a vê como o trabalho deles dialogam entre si, veremos um pouco sobre cada autor, assim fica mais fácil associar como eles tratam do mesmo tema de modo tão particular. Ou pegam temas diferentes, mas que podem se completar.
	Alba Maria Zaluar é uma antropóloga brasileira, que tem como principal base de estudo à antropologia urbana e a antropologia da violência. José Martins é um escritor, além disso, também é um sociólogo brasileiro. Graduado em Ciências sociais pela USP. Sua principal área de estudo é a sociedade e conflitos encontrados no cotidiano. 
Além dos autores citados anteriormente, tem Jean Delumeau que diferente dos outros dois autores não é brasileiro, ele é um historiador francês. Sua principal base de estudo é a história do cristianismo, mas na obra que vamos usar como fonte de pesquisa para o trabalho ele fez um estudo sobre o medo.
	O trabalho tem como objetivo mostrar como o medo e a violência interferem no cotidiano da sociedade brasileira. Isso será apresentado através da demonstração de como a violência está inserida no nosso dia a dia, nos mais diversos círculos sociais. E como essa violência gera medo, e até certo desconforto nosso cotidiano.
MEDO E VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE BRASILEIRA: DIÁLOGOS COM ALBA ZALUAR, JOSÉ MARTINS E JEAN DELUMEAU
	Antes de iniciar o trabalho, devemos ter noção de dois conceitos muito importantes, que são sobre medo e violência. Segundo o Aurélio medo é “Estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticas ou imaginárias. Preocupação com determinado fato ou com determinada possibilidade”.
	Ainda de acordo com o Aurélio, a violência é “Estado daquilo que é violento. Ato violento. Abuso da força. Tirania, opressão”. Tanto o medo, como a violência são palavras que estão cada vez mais inseridas no nosso cotidiano, pois a sociedade brasileira é extremamente violenta.
	Esse caráter violento da nossa sociedade vem desde a sua colonização, na qual ela era escravocrata. Esse período é bem representado no livro “Casa grande e senzala” do autor Gilberto Freire. Que retrata uma sociedade patriarcal, na qual o senhor da casa grande era o “Pater famílias”. E o sustento vinha de engenhos.
 	A mão de obra desses engenhos vinha dos africanos que eram trazidos como se fosse mercadoria do seu país, e ao chegar aqui eram tratados de forma desumana. E sofriam castigos físicos baseados em muita violência, no caso eram colocados amarrados em troncos e chicoteados até sua pele ficar aberta. Além desse existiam outras formas de castigo.
Violência e medo na concepção de Alba Zaluar
	Na obra “Para não dizer que não falei de samba: enigmas da violência no Brasil”, à autora trata sobre como a violência se tornou algo tão normal no nosso cotidiano. Segundo ela, isso ocorreu depois da transição para a democracia que ocorreu por volta da década de 80. De acordo, com a mesma a população ficou muito entusiasmada por essa mudança, pois não imaginava que existiam alguns problemas que estavam a ponto de ficar cada vez maiores.
	Como exemplo a mesma falou que antes dessa mudança só uma pequena parte das pessoas presas tinham chegado a esse ponto por ter cometido algum crime realmente relevante. Pois a maioria era presa por ser “vadias”, estarem bêbadas ou fazerem algum tipo de desorganização pública.
Além do que, com esse aumento da violência os meios de comunicação passaram a trata-la como um meio de comércio, pois a maior parte do público alvo dos jornais são pessoas que se interessam bastante por ligarem a televisão e vê a violência que ocorre no nosso país. Cada dia mais o brasileiro se interessam por ter acesso à violência através da televisão.
Um exemplo disso, é os telejornais como Cidade alerta, Fala Brasil, ambos da Record que passam horas e mais horas apenas com reportagens falando de roubos, mortes, estupros. E que alcança um grande índice no Ibope. Além desses, vemos o Brasil Urgente na Band, apresentado por Datena que é baseado em notícias de violência.
Isso não se restringe apenas a grandes jornais de emissoras famosas, podemos presenciar na própria televisão local o excesso de jornais com notícias violentas. Como é o caso de jornais da TV Paraíba e da TV Borborema. Não tem se quer um dia no qual esses jornais não passem horas falando dos crimes de roubo, morte e demais que ocorrem tanto em Campina Grande, como nas cidades em sua volta.
Segundo a autora o conceito de violência tem sido usado de maneira excessiva para conceituar qualquer acontecimento ou fato considerado ruim para sociedade, resultando assim numa confusão com a desigualdade social, a miséria e outros fenômenos. Isso é explicado pelo fato das pessoas acharem que o maior nível de violência sempre vai ocorrer em lugares como a favela, onde as pessoas tem um menor poder aquisitivo.
Além disso, a violência se tornou parte de processos globais econômicos e socioculturais. Mas isso ocorreu de modo errado, pois junto com esse processo devia ter ocorrido mudanças em políticas públicas de segurança e de prevenção de tratamento nas práticas sociais. A polícia devia está mais estruturada e capacitada para conviver com a violência, mas isso não está ocorrendo e gera muita insegurança na população.
Vale salientar, que o aumento da violência está totalmente ligado com a fragilização dos controles morais da sociedade que já não dão mais conta de fazer o seu trabalho de modo correto. Atualmente, vemos até casos de pessoas que estão dentro de instituições que serem para manter a ordem social, e que ao invés de a fazerem. Acabam optando por fazer o errado.
Indústria da droga e a violência
No livro Alba Zaluar também fala que novos processos mundiais de difusão cultural foram sendo criados, e com isso as pessoas adquiriram novos padrões de consumo e de comportamento. Também começou um maior uso de drogas ilegais, o que ocasionou numa maior rede de tráfico. 
Muitos indivíduos da favela que se envolvem com o tráfico, são pelo fato de tentar conseguir adquirir dinheiro para poder comprar produtos e assim tentar se encaixar nesse novo modelo de consumo. Assim se padronizando, e se sentindo parte da sociedade. Além do que outras pessoas se envolvem com o mundo do tráfico para se sentirem seguras, pois ao está perto do comandante da favela elas sentem menos medo.
A indústria da droga gera cada vez mais lucro para as pessoas que estão no seu topo. Para se notar uma ideia a cocaína chega a ser mais cara que o ouro, dependendo da região onde é comercializado. Já para os usuários, são colocados para baixo e sofrem preconceito da sociedade. Sem falar, que não existem regras claras para distinção do traficante e do usuário.
A maioria das pessoas acredita que todos os indivíduos que residem numa favela são marginais, e que sobrevivem de roubos e do tráfico. Boa parte das pessoas residentes naquele local procuram outras formas de geração de renda, pois não se sentem bem fazendo algo tido como errado. Isso vai da subjetividade de cada um, que é tratado também pela autora ao longo do livro.
Essa subjetividade tratada no livro pode ser comparada com o filme “Cidade de Deus”, no qual dois amigos que residem numa favela seguem caminhos totalmente opostos. Ambos são influenciados desde pequenos a se tornarem criminosos, através do meio que estão inseridos. Sendo que um realmenteentra para o mundo do tráfico, enquanto o outro opta por seguir o lado tido como certo, seguindo assim uma carreira de fotografo.
Esse menino que ao invés de entrar no mundo das drogas e do crime, seguiu uma carreira de fotografo teve que lutar muito para fazer essa escolha. Já que seria mais fácil entrar no mundo do crime, por ele viver em um local onde o tráfico de drogas e máfias estão presentes no seu cotidiano. E controlam a vida social dos indivíduos daquele local. 
Uma figura atuante na indústria das drogas é o “Etos Guerreiro”, que pode está localizado em diferentes comandos como o Vermelho e o Negro. Esses comandos são uma espécie de autoridade maior nas favelas, o poder está localizado de modo centralizado em suas mãos. O “Etos Guerreiro” são figuras que competem para vencer seu adversário, e essa competição ocorre através da destruição física do outro.
Onde o samba se encaixa nessa violência?
E a dúvida que fica, onde o samba se encaixa nesse contexto de violência? De acordo com a autora o samba se apresenta de dois modos, primeiro como força societária e cultural no Brasil, e segundo como encontro entre o erudito e o popular.
 “É nelas que se pode constatar como se daria a segregação e a construção de barreiras entre segmentos da população, e onde se ergueriam as pontes e os caminhos dos fluxos constantes entre seus pedaços” (ZALUAR, Alba, pág. 277). Essa afirmação está relacionada aos dois modos da apresentação do samba na sociedade.
De início o samba era tido como algo muito bom, inclusive ostentava o título de orgulho nacional. Mas com o tempo foi notado que ele era usado como uma espécie de maquiagem para esconder determinados problemas sociais que ocorriam nas favelas.
O malandro que antes tinha sua imagem associada ao boêmio da zona urbana, que era aquele indivíduo de vida boa e que trabalhava pouco. Passa a ter sua imagem associada a bandidos, a violência e ao crime.
Os traficantes de drogas passam a serem patrocinadores dos espetáculos promovidos pelo samba. Assim associando o mesmo a algo negativo. E deixando ao seu redor um grupo de bandidos que manchavam ainda mais a sua imagem. Além disso, nesse período ocorre a explosão do tráfico de cocaína.
José Martins e sua visão da violência
	Esse autor tratou da questão da violência e o medo causado por ela, através da sua explicação sobre os linchamentos que é uma forma de fazer justiça com as próprias mãos. Logo ao iniciar seu texto ele fala que os linchamentos são uma forma de expressar o caráter da sociedade.
	No caso, o fato do Brasil ter um número tão elevado de linchamentos é ocasionado pela índole violenta do país e pela ineficiência dos controles morais da nossa sociedade. A maioria dos linchamentos ocorre pelo fato da sociedade tentar se colocar no lugar da polícia, e desejar realizar o trabalho que é de critério dos policiais.
	Um caso de linchamento que foi noticia em todo o Brasil, foi o de Cledenilson Pereira da Silva, de 29 anos. Ele era um acusado de tentar fazer um assalto em um bar no Maranhão, junto com outro homem. A população se revoltou, por achar que aquele seria mais um crime que ficaria impune. Dessa forma, decidiu fazer justiça com as próprias mãos. Pegaram o homem e o agrediram até a morte. Em seguida, o deixaram sem roupa e o amarraram em um poste.
“Os linchamentos expressam uma crise de desagregação social. São nesse sentido, muito mais do que um ato a mais de violência dentre tantos e cada vez mais frequente episódios de violência entre nós” (MARTINS, José, pág. 11). A afirmação anterior demonstra como o brasileiro tenta consertar um erro, mas cometendo outro. Já que praticar a violência não é e nunca será, o melhor modo de se combater um crime.
	O autor ainda cita que existem dois tipos de linchamento, o primeiro que é o da vingança do crime de sangue por parte daqueles ao qual o sangue pertence. Um exemplo dele é quando um indivíduo mata uma pessoa da família x, e a população captura essa pessoa e o leva até a família da vítima para que eles cometam o linchamento do indivíduo.
	No segundo tipo, vemos o caso onde a sociedade toma as dores da vítima para si, e se acha no direito de cometer o linchamento. Um exemplo desse tipo de linchamento, e que foi noticiado na televisão. Foi o da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33 anos. Ela foi espancada até a morte por algumas pessoas, no Guarujá. Isso ocorreu, pois a confundiram com uma mulher que sequestrava crianças. Vale salientar que não se tinha provas se ela era realmente essa sequestradora, mas isso em momento algum impediu que a justiça com a própria ocorresse.
De acordo com José Martins “Muitos defensores dos direitos humanos entendem que é preciso punir exemplarmente os participantes de linchamentos para que prevaleça a justiça formal e institucional, a justiça normal”. O que é a maneira correta, embora a sociedade tenha medo e se sinta insegura por achar que a polícia não está realizando seu trabalho de maneira correta. Linchar uma pessoa não é solução.
O principal item que um grupo que participa do linchamento esquece é que a partir do momento que eles usam da força física e de agressão contra uma pessoa que na maioria das vezes está em minoria. Elas estão violando as regras do direito, assim como a pessoa a qual elas julgam errada e estão linchando.
Combater a violência, usando de violência. É o mesmo que tentar limpar uma mancha de café no chão, usando mais café. O certo é lutar para que a polícia se organize, crie métodos eficazes para trabalhar. Assim gerando uma maior segurança para sociedade brasileira. Mas de forma alguma deve se usar a violência, pois a partir desse momento se gera mais problemas para nossa sociedade, ao invés de diminuí-los.
Jean Delumeau e sua noção de medo
Na sua obra, Delumeau trata sobre o medo no ocidente. Ele fala que o medo não é apenas intrínseco ao indivíduo, mas também extrínseco, já que faz parte da sociedade como um todo. Ele começa a tratar sobre o assunto mostrando a relação de medo que se existia antigamente com o mar. Pois como não se conhecia o mesmo profundamente, existiam lendas que nele habituavam criaturas fantásticas. E quem tinha coragem de se aventurar nele, eram considerados heróis.
O autor ainda fala sobre os medos impostos através dos ensinamentos da igreja, no quais existiam histórias sobre as trevas e as quais pessoas que iam para a mesma. E até hoje, a igreja ainda usa essa questão de céu e trevas. E impõem determinadas regras para que o indivíduo consiga alcançar a graça de ir ao céu, e escapar das trevas.
Na nossa sociedade atualmente o medo está muito presente, sendo que com a mudança de época ocorreu à variação dos medos. Hoje, já temos consciência que no mar não existe esses seres fantásticos. Em compensação, alguns medos que não existiam no passado, agora existem. E, além disso, esses medos são agravados pela influência da mídia no nosso cotidiano, já que é através dela que temos notícias do que ocorre fora das nossas casas.
Certas sociedades tem medo de fatos ou objetos, que outra sociedade pode não ter. Isso pode ser facilmente associado à questão da realidade que é construída através do convívio social, que foi tratada por Peter Berger e Thomas Luckmann no livro “A construção social da realidade”. Um exemplo disso é o medo da morte que existe na nossa cultura, pois a tratamos como algo que interrompe nossa vida. Já numa sociedade indiana a morte é vista como um fim de um ciclo, e o inicio de outro. Pelo fato deles acreditarem na reencarnação.
Também podemos exemplificar essa mudança do medo de acordo com a sociedade que se vive. Vendo o caso de uma população europeia que possui certo nível de segurança, onde a polícia realiza seu trabalho de modo concreto e eficaz. Não se tem tanto medo de sair na rua e ser assaltado, ou até mesmo morto por um bandido. Como uma pessoa que reside na cidade de Campina Grande tem. Já que a violência que ocorre aqui tem um nível muito elevado, diferente de certas cidades europeias.
Esse excesso de medo gerado pela violênciaestar criando uma indústria muito forte ao seu redor. Já que como as pessoas estão cada vez mais inseguras e buscando se sentir um pouco mais seguras, elas investem caro com aparelhos de segurança. Sejam eles câmeras, cercas elétricas ou até mesmo o fato de deixar de morar em casas e ir morar em condomínios que ofereçam segurança 24 horas por dia.
Essa questão do medo na sociedade contemporânea, estar criando ao seu redor uma forte tendência à geração de lucros através dela. Pois ao longo do trabalho podemos perceber que a televisão se lucra do medo ao usar a violência como meio de alcançar números altos no Ibope mostrando casos de roubos e mortes. Também notamos que através do medo um comando consegue controlar a favela, já que ninguém se arrisca a ir contra o que um grande chefe do traficante fala. Fora a questão da venda de meios de segurança para proteção de uma casa, na qual as pessoas não se sentem tão seguras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do trabalho escrito apresentado podemos perceber como a violência influencia diretamente no cotidiano da sociedade brasileira. E que ela gera o medo e a insegurança para os indivíduos dessa sociedade. Atualmente muitas pessoas deixam de fazer determinadas atividades fora de casa, pois não se sentem encorajados a deixar a segurança passada pela sua moradia.
Os espaços públicos de cidades grandes estão cada vez mais abandonados, porque as pessoas preferem está num local onde se sentem seguros. Ao sair, para locais nos quais a qualquer momento pode passar um “mau elemento” e levar seu celular, dinheiro. E em casos mais graves, tirar sua vida ou de algum ente querido.
Diferente dessas pessoas que moram em cidades maiores, as pessoas que moram em cidades pequenas ainda não passam por esse problema do medo da violência. Um exemplo é a cidade de Ipueira, localizada no Rio Grande do Norte que possui pouco mais de dois mil habitantes. Lá ainda pode se andar com celular na mão, ir para praça conversar com os amigos e andar sem medo. Pois a violência ainda não conseguiu ocupar um espaço lá.
Além disso, podemos perceber que diferente do que alguns pensam a violência não está só inserida na favela onde a maioria das pessoas tem um menor poder aquisitivo. Ela também faz parte da vida de pessoas de classe média, e até mesmo pessoas consideradas de classe média alta. Nas metrópoles brasileiras a violência é como se fosse uma característica delas.
Por fim, podemos chegar à conclusão que a violência estar cada vez mais tomando seu lugar na sociedade. E que através dela a população estar cada vez mais com medo e anseio de sair e conviver com os outros. Do modo como ocorria em décadas passadas. E isso ocorreu junto com as mudanças no estilo social.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente (1300-1800), trad. Maria Lúcia Machado e Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
DE SOUZA MARTINS, José. Linchamentos: a justiça popular no Brasil. Editora Contexto, 2015.
Revista Fórum, Linchamentos no Brasil e a naturalização da barbárie Disponível em: <http://www.revistaforum.com.br/2015/07/20/semanal-linchamentos-no-brasil-e-a-naturalizacao-da-barbarie/> Acesso em 17 de Fevereiro de 2017
Revista Isto é, A morte de Fabiane e o Brasil bárbaro. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/a-morte-de-fabiane-e-o-brasil-barbaro/> Acesso em 17 de Fevereiro de 2017
ZALUAR, Alba. Para dizer que não falei de samba: os enigmas da violência no Brasil. Historia da vida Privada no Brasil: contrastes da intimidade contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras (1998).

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