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SISTEMA DE PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS AULA 1 Prof. Gil Fábio de Souza 2 CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo à disciplina de Sistema de Produção de Bens e Serviços! Esta é uma das mais importantes áreas no campo da gestão, e é a base para todo o processo de formalização de uma empresa. Antes de iniciarmos esta aula, vamos verificar os principais temas que nos acompanharão durante o desenvolvimento de nosso processo de ensino e aprendizagem. Os temas que abordaremos têm a seguinte organização: 1. Introdução e contexto; 2. Evolução histórica; 3. O modelo de transformação; 4. Bens e serviços; 5. Funções dos sistemas de produção de bens e serviços. Com base nestes tópicos, teremos uma visão geral dos sistemas de produção, de seus conceitos fundamentais e de sua evolução. Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: Ter uma visão geral dos sistemas de produção; Compreender a interdependência da tríade: marketing, produção e finanças; Entender a importância das atividades de planejamento e controle, com foco na produção; Ter uma visão da necessidade de unir a produção à demanda. Bom estudo! CONTEXTUALIZANDO Antes de iniciarmos nossas atividades, gostaríamos de sugerir um filme. A ideia é confrontarmos a visão tradicional de produção em massa – opressora – à visão filosófica da importância do ser humano como elemento final, e principal beneficiado desse sistema. O filme é Tempos Modernos, de Charles Chaplin. Um clássico lançado em 1936 que, apesar de sua antiguidade, nunca pareceu 3 tão atual. Preste atenção ao contexto social dos processos produtivos mostrados no filme, e à ironia de seu título. Embora tradicionalmente a gestão da produção tivesse como objeto de estudo os setores produtivos das empresas industriais, atualmente muitas de suas técnicas vêm sendo aplicadas a organizações do setor de serviços, como bancos, escolas, hospitais etc. Por natureza, a gestão da produção (e operações) é o estudo de técnicas e conceitos aplicáveis à tomada de decisões nas funções de produção (empresas industriais) e operações (empresas de serviços). Os conceitos e técnicas que fazem parte do objetivo da gestão da produção dizem respeito às funções administrativas clássicas (planejamento, programação e controle) aplicadas às atividades envolvidas com a produção física de um produto ou à prestação de um serviço. PESQUISE Antes de iniciar o próximo tema, leia, na página 14 da revista Controle e Instrumentação, o artigo “A Indústria 4.0 e a ISA”, sobre os impactos da tecnologia na indústria, um movimento que está sendo chamado de indústria 4.0. Para ler, acesse: <https://issuu.com/editora_valete/docs/ci217>. TEMA 1 – INTRODUÇÃO E CONTEXTO A Administração da Produção e Operações ou Administração da Produção de Bens e Serviços lida com processos que produzem bens materiais e serviços. Processos são atividades fundamentais que as organizações usam para realizar tarefas e atingir suas metas (Ritzman, 2004). A conceituação de sistemas produtivos abrange tanto a produção de bens como a de serviços. A eficiência de qualquer sistema produtivo depende da forma como os problemas são resolvidos, ou seja, do planejamento, programação e controle do sistema. Segundo o Dicionário Aurélio (1999, p. 1643), produção é o “ato ou efeito de criar, gerar, elaborar, realizar [...] aquilo que é produzido pelo homem, e, especialmente, por seu trabalho associado ao capital e à técnica [...]. O volume da produção de um indivíduo ou de um grupo, levando-se em consideração fatores circunstanciais, como tempo, qualidade, procura, etc.”. 4 Gestão da produção “É o termo usado pelas atividades, decisões e responsabilidades dos gerentes de produção que administram a produção e a entrega de produtos e serviços”. “É uma das funções centrais de qualquer negócio”. (Slack, Chambers e Johnston, 1997) As empresas de bens ou serviços que não adaptarem seus sistemas produtivos para a melhora contínua da produtividade não terão espaço no mundo competitivo atual. À semelhança dos seres vivos, pode-se dizer que as empresas são organismos com vida própria, em constante transformação, sujeitas às leis do mercado. Quanto mais livre e dinâmico este mercado for, mais forte e resistente essas empresas serão, pois terão de conviver diariamente com oportunidades e ameaças ao seu desempenho produtivo (Tubino, 2009). É importante lembrar e atentar para as questões sociais sempre, tal como confrontadas com os sistemas de produção – principalmente a manufatura de bens. O contexto social-humanístico nunca pode deixar de ser considerado em qualquer atividade do ser humano, seja este em seu nível mais fundamental, seja naqueles níveis de elevada necessidade de capacitação intelectual e/ou tecnológica. No entanto, essa afirmação parece não ser tão lembrada quando nos embrenhamos em nossas atividades profissionais diárias, principalmente em se tratando das relações no trabalho e suas derivações. Não são raros os estudos a respeito de distúrbios sociais causados pela constante chamada à necessidade de evolução, de aumento de produtividade ou de capacitação profissional, uma lista que parece não terminar, já que são tantas as urgências de nosso tempo. Enquanto isso, uma grande parcela da sociedade continua marginalizada, à mercê dos altos ganhos gerados por essa mesma evolução, que se mostra completamente desigual em suas várias direções: o acesso às riquezas produzidas pela “máxima da produtividade” mostra-se ainda incapaz de chegar a todos os setores da sociedade. Um grande exemplo deve ser lembrado: a maior potência industrial mundial, os Estados Unidos da América, que consegue consumir cerca de um quarto de todos os recursos naturais do planeta, deixando o restante para ser dividido pelo resto do mundo. Vamos trabalhar, então, para que o aumento da produtividade sirva para diminuir a desigualdade social. Faz-se necessário observar também se os ambientes envolvidos em todo o conjunto da produtividade têm possibilidades de oferecer as melhores 5 condições de produção para todos os envolvidos e, nesse contexto, estão envolvidos os ambientes interno e externo à organização. No ambiente interno, faz-se necessário analisar se há tecnologias, finanças, marketing, suprimentos e principalmente pessoas para gerar os melhores produtos e/ou serviços. No ambiente externo, é preciso analisar os fornecedores, o governo, a concorrência, os consumidores, a comunidade, a tecnologia, os sindicatos, a sociedade organizada etc., pois todos estes, direta ou indiretamente, influenciam na produtividade e na qualidade das empresas. Curiosidade Acesse os links a seguir para entender a importância da Revolução Industrial nos sistemas produtivos que conhecemos atualmente. Veja como os sistemas nasceram e o quanto evoluímos em termos de planejamento. Vídeo 1: Revolução Industrial na Inglaterra, vídeo educativo sobre a Revolução Industrial na Inglaterra. Encyclopedia Britannica. 25 min. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jt- o3EBQPMU>. Vídeo 2: Revolução Industrial nos Estados Unidos, vídeo educativo sobre a Revolução Industrial nos Estados Unidos. Encyclopedia Barsa. 22 min. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GTOzHrvYVQ4>. O período entre 1850 e 1920 é marcado pela ascensão dos Estados Unidos e da Inglaterra como maiores potências militares, políticas e econômicas do mundo. O início desse período caracteriza-sepela reconstrução de um país – os Estados Unidos – destruído pela Guerra Civil. O crescimento da industrialização norte-americana que se começara no início do século XIX aumentou drasticamente após a Guerra Civil, quando o país passou por uma Revolução industrial. Técnicas mais modernas, rápidas e eficientes de produção industrial aumentaram drasticamente a capacidade de produção das fábricas americanas, e a construção de uma grande malha ferroviária ao longo do país fez com o transporte de produtos de um ponto a outro do país se tornasse prático e rápido. Inventores desenvolveram diversos novos produtos. O comércio por atacado e varejo do país prosperou, e grandes empresas surgiram. Durante esse período, o crescimento industrial dos Estados Unidos teve grandes efeitos. As indústrias de manufatura e de finanças superaram a agricultura e a pecuária 6 como principais fontes de renda dos Estados Unidos. O processo de industrialização elevou drasticamente a migração rural. Além disso, tal período também foi marcado pela grande imigração sem precedentes de europeus ao país. Logo após a Guerra Civil, a política de reconstrução perdurou por mais de uma década. A maior parte da industrialização e do crescimento econômico americano, entre 1865 e 1918, ocorreu no Centro-Oeste e principalmente no Norte – enquanto que a economia do Sul, completamente destruída pela Guerra Civil, demoraria décadas para se recuperar, sendo que sua industrialização ocorreria somente após as primeiras décadas do século XX. TEMA 2 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Nos primórdios da humanidade, não havia produção, mas sim povos nômades que se alimentavam do que coletavam na natureza. A Pré-história é marcada pela utilização de ferramentas feitas de pedra. Com o desenvolvimento e a organização das produções artesanais, iniciou-se o ciclo de desenvolvimento dos processos da gestão de produção de uma maneira geral. Da mesma forma, antes disso, o comércio não era oficial, e funcionava com base na troca de produtos, o chamado escambo. Isso impulsionou a primeira forma de produção organizada pelos artesãos – pessoas com habilidade para produzir bens específicos – que, com maiores demandas, começaram a estabelecer prazos de entrega e a classificar prioridades. O trabalho de manufatura era feito em casa, e a técnica de produção era transmitida de pai para filho, mas em razão deste aumento de demanda, os artesãos começam a trabalhar com ajudantes que, depois de treinados, se tornariam novos artesãos. Isso levou ao início dos primeiros movimentos de pessoas que deixavam de trabalhar em casa para fazê-lo em associações. Com o surgimento da Revolução Industrial, a produção artesanal entra em decadência e, com a invenção da máquina a vapor, em 1764, por Watt, e da máquina de fiação (tear mecânico) por Hargreaves quase na mesma época, começa a substituição do trabalho artesanal (manual) pelo realizado por máquinas, quando surgem as primeiras fábricas. Nesse momento, nenhum produto era igual a outro. Só em 1801 Eli Whitney introduziu a padronização de 7 produtos por meio da montagem de armas que eram vendidas ao governo norte- americano. A Revolução Industrial (que atualmente é conhecida como a Primeira Revolução Industrial) preparou o caminho para a moderna Gestão da Produção e Operações, mas foi com os grandes avanços que se deram no século XX, particularmente na Inglaterra e nos Estados Unidos, que as técnicas e instrumentos de gestão da produção se difundiram por inúmeros países. À medida que o tempo passa muitos tipos de máquinas são desenvolvidos nas fábricas, dando início à gestão da produção, sendo esta área capaz de produzir bens e/ou serviços por meio dos melhores processos, decisões, atitudes e responsabilidades vindas de seus gestores. A administração científica de Taylor trouxe inovações: estudos para saber como fazer melhor as coisas, cálculos de tempo e planos de incentivos. Houve ainda o casal Gilbreth, que fez estudos dos movimentos dos trabalhadores e iniciou a psicologia industrial. Um grande impulso é dado com o advento da linha de montagem em movimento por Henry Ford, em 1913. A indústria têxtil cria a divisão do trabalho, com os objetivos de redução da fadiga, padronização dos produtos e melhoria da qualidade dos produtos. No século XIX ocorre a Segunda Revolução Industrial, marcada pela divisão do trabalho (matadouro de Cincinatti), produção em massa (Henry Ford) e a invenção da energia elétrica. Figura 1 – Primeira e Segunda Revolução Industrial Fonte: Portal da Indústria – CNI. 8 No entanto, as tecnologias, tanto práticas como teóricas, continuam evoluindo, e o foco da manufatura muda muito com o passar das últimas décadas, conforme vemos na Tabela 1. Tabela 1 – A evolução da manufatura Década Abordagem/foco 1960 Custos 1970 Marketing 1980 Qualidade 1990 Tempo 2000 Conhecimento A Terceira Revolução Industrial, ocorre no século XX, marcada principalmente pela invenção do computador, do consequente sistema de tecnologia da informação (TI), da internet e da automação industrial. As fábricas digitais, com altos níveis de comunicação e capacidade de monitoramento de processos, já dão seus primeiros passos, principalmente na Europa, Japão e Estados Unidos. Vivemos atualmente a Quarta Revolução Industrial, também chamada de Indústria 4.0, cujos principais pontos são: ferramentas e produtos se comunicando; sistemas ciberfísicos, marcados pela inteligência artificial; fábrica digital/nuvem – cloud computing; internet das Coisas – Internet of Things – IoT. No entanto, a realidade da manufatura avançada da Indústria 4.0 ainda está distante do cenário brasileiro. 9 Figura 2 – Terceira e Quarta Revoluções Industriais Fonte: Portal da Indústria – CNI. CURIOSIDADE: Assista ao vídeo “Fábrica da BMW Série 3 na Alemanha”. Você pode acessá-lo neste link: <http://www.noticiasautomotivas.com.br/video-fabrica-da-nova-bmw-serie-3-na-alemanha/>. TEMA 3 – O MODELO DE TRANSFORMAÇÃO Um processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades que com base em insumos, transforma-os e lhes agrega valor, criando um ou mais produtos/serviços para os clientes (Ritzman, 2004). Figura 3 – Processos e operações Fonte: Ritzman, 2004. 10 Entradas do processo de transformação – Inputs 1. Recursos transformados: são aqueles que são tratados, transformados ou convertidos de alguma forma. Exemplos: Materiais: os extratos bancários fornecidos pelo banco. Informações: processamento de informações sobre assuntos financeiros de interesse dos consumidores (predomina nos bancos). Consumidores: orientações sobre aplicações, pagamento de cheques. 2. Recursos de transformação: são aqueles que agem sobre os recursos transformados. Exemplos: Instalações: prédios, terrenos, equipamentos, tecnologia do processo de produção. Funcionários: os funcionários, ou seja, as pessoas que operam, mantêm, planejam e administram a produção. Processo de transformação 1. Processamento de materiais Transformação das propriedades físicas (manufatura). Mudança de localização (correio). Mudança na posse/propriedade (atacado-varejo). Estocagem ou armazenamento (centro de distribuição). 2. Processamento de informações Alteram a forma da informação (contadores). Alteram a posse da informação (empresas de pesquisa). Estocam ou acomodam (bibliotecas, arquivos). Transferem as informações (empresas de telecomunicação). 3. Processamentode consumidores Transformação das propriedades físicas (cabelereiros, cirurgiões plásticos). Estocam ou acomodam (hotéis). Localização (linhas aéreas, ônibus etc.). 11 Estado fisiológico (hospitais, clínicas). Estado psicológico (música, teatro, televisão). Exemplo: Função produção: transporte de pessoas. A função Produção transforma insumos em transporte de pessoas por meio do processo de conversão. Entradas/insumos Conversão Saídas Ônibus Mão de obra (motoristas e cobradores, manutenção) Combustível Transporte de pessoas Transporte de pessoas Figura 4 – O processo de transformação Fonte: Slack et al., 1997. Saídas do processo de transformação – Outputs A saída, claro, é o propósito do processo de transformação: são bens e serviços geralmente vistos como diferentes. É importante destacar a situação específica da agregação de valor: qual a necessidade de transformarmos insumos (entradas) em produtos ou serviços sem gerarmos mais valor? Isso significa que quanto mais criamos valor no processo de transformação, mais agregamos valor ao produto da empresa, seja este um bem material ou um serviço. A saída – o produto – deve ser muitas Recursos transformados Input Recursos de transformação Input Materiais Informações Consumidores Instalações Pessoal INPUT Processo de transformação Ambiente Ambiente OUTPUT Bens e serviços Slack et all , 1997. 12 vezes mais valioso que a soma dos itens de entrada. Quanto maior a agregação de valor, maior a competitividade de uma empresa. E o que as empresas buscam é a manutenção de uma alta capacidade de competição, pois somente assim conseguirão se manter vivas, vendendo e distribuindo seus produtos e serviços. Um ponto importante dessa discussão está ligado à gestão (ou não) dos preços dos produtos ofertados ao mercado: Preço = custo + lucro (economias fechadas ou monopólios) Lucro = preço - custo (globalização – ampla concorrência) Quanto mais livre e dinâmico esse mercado for, mais forte e resistente tais empresas serão, pois terão de conviver diariamente com oportunidades e ameaças ao seu desempenho produtivo. Segundo Tubino (2009), a perda do poder de competitividade das empresas nacionais se deve em grande parte à obsolescência das práticas gerenciais e tecnológicas aplicadas aos seus sistemas produtivos, em especial no processo de transformação e consequente agregação de valor, tendo sua origem atribuída a cinco pontos básicos, que são: Deficiência nas medidas de desempenho; Negligência com considerações tecnológicas; Especialização excessiva das funções de produção sem a devida integração; Perda de foco dos negócios; Resistência e demora em assumir novas posturas produtivas. TEMA 4 – BENS E SERVIÇOS Até 1950, a indústria de transformação era a que se destacava no cenário político e econômico mundial. As chaminés das fábricas eram símbolos de poder; as indústrias empregavam um grande número de pessoas e eram responsáveis por 90% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países industrializados. Os manuais acadêmicos sobre produção referiam-se ao chão de fábrica – termo usado para designar os trabalhadores ou os processos relativos à fase de produção propriamente dita – e abordavam temas relativos à fabricação de bens tangíveis: arranjo físico, processos de fabricação, planejamento e controle da produção, controle de qualidade, manutenção das instalações fabris, 13 manuseio e armazenamento de materiais. A gestão de todos esses elementos era denominada Administração da Produção. A indústria de transformação tinha total destaque (fábricas-chaminés) e a ênfase dos estudos está na fabricação de bens tangíveis. Na década de 1980, a administração da produção foi o campo fértil para a teoria da qualidade: tudo era uma questão de processo. Aumenta a produção de serviços e, assim, a produção deixa de ser exclusivamente da fábrica. Figura 5 – Bens e serviços Fonte: adaptado de Administração da Produção, Slack et alli, Atlas, 1997. Os serviços representam a maior parcela do PIB da maior parte das nações e empregam o maior número de pessoas. Dessa maneira, todas as técnicas utilizadas na administração industrial tradicional foram transportadas para a administração de serviços. Houve uma ampliação do conceito de produção, que passou a incorporar os serviços. Hoje o termo “operações” é considerado amplo e compõe o conjunto de todas as atividades da empresa relacionadas com a produção de bens e/ou serviços. No Brasil, os autores costumam abordar esse conjunto de técnicas como Administração da Produção e Operações ou Administração de Bens e Serviços. 14 As empresas mundiais necessitam cada vez mais de esquemas de distribuição rápidos e eficazes. A logística empresarial, parte integrante da Administração de Operações, constitui um conjunto de técnicas de distribuição e transporte de produtos. Um bom exemplo disso são os automóveis fabricados por multinacionais, que são idênticos a despeito de produzidos em países diferentes. Tabela 2 – Fluxos Fluxo de serviços: o volume tende a ser ainda maior que o de materiais, devido à melhoria dos meios de comunicação. Fluxo de capitais: os fluxos de dinheiro, como uma “nuvem”, vagam sobre o mundo, à procura de locais onde possam “descer” e obter o máximo de rendimento possível. A saída é o propósito do processo de transformação: são bens e serviços geralmente vistos como diferentes. Tabela 3 – Elementos relacionados à saída de bens Tangibilidade (bens tangíveis; serviços intangíveis) Estocabilidade (bens estocáveis; serviços não estocáveis) Transportabilidade (bens transportáveis; serviços não transportáveis) Simultaneidade (bens produzidos antes do consumo; serviços produzidos simultaneamente ao consumo) Contato com o consumidor (bens baixo nível de contato na produção; serviços alto nível de contato na produção do serviço) Qualidade (bens julgarão qualidade com base nos próprios bens; serviços julgarão qualidade pela percepção) A saída da maioria dos tipos de operações é um composto de bens e serviços. Gianesi (1994) destaca sete fatores que propiciam o aumento da demanda por serviços: 1. Desejo de melhor qualidade de vida; 2. Mais tempo de lazer; 3. A urbanização, tornando necessários alguns serviços (a segurança, por exemplo); 15 4. Mudanças demográficas que aumentam a quantidade de crianças e/ ou idosos, os quais consomem maior variedade de serviços; 5. Mudanças socioeconômicas, como o aumento da participação da mulher no trabalho remunerado e pressões sobre o tempo pessoal; 6. Aumento da sofisticação dos consumidores, levando a necessidades mais amplas de serviços; 7. Mudanças tecnológicas (como o avanço dos computadores e das telecomunicações), que têm aumentado a qualidade dos serviços, ou ainda criado serviços completamente novos (Gianesi, 1994, p. 17). Os serviços possuem uma interatividade maior com os clientes. Por sua proximidade com o público, os serviços atualmente são considerados os maiores responsáveis pela conquista e fidelização daqueles. Gianesi (1994) destaca três papéis dos serviços na indústria: Diferencial competitivo; Suporte às atividades de manufatura; Geradores de lucro. O serviço agregado ao produto adiciona valor à oferta final, o que significa diferencial competitivo para as empresas e seus produtos.As atividades de produção existem dentro de um sistema composto por subsistemas, e vários desses subsistemas são compostos por serviços que dão suporte à atividade de manufatura da empresa (administração financeira, administração de recursos humanos etc.). Algumas empresas descobriram que seu verdadeiro foco está nos serviços, e para vendê-los os atrelam a produtos que geram maior rentabilidade, como é o caso das operadoras de telefonia móvel. A gestão de serviços poder ser caracterizada pela presença e participação intensa dos clientes, produção e consumo simultâneos (impossibilidade de estocar serviços) e intangibilidade. TEMA 5 – FUNÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Para atingir seus objetivos, os sistemas produtivos devem exercer uma série de funções operacionais, desempenhadas por pessoas, que vão desde o projeto dos produtos até o controle dos estoques, passando por recrutamento e 16 treinamento de funcionários, aplicação dos recursos financeiros, distribuição dos produtos etc. De maneira geral, essas funções podem ser agrupadas em três áreas básicas: Finanças; Produção; Marketing. O sucesso de um sistema de produção depende da forma como essas três funções se relacionam. Convencionalmente, as funções desempenhadas dentro de um sistema produtivo se limitam à esfera imediata de sua autoridade. Tende a ser bilateral e fechado, com as funções exercendo suas atividades até o limite de sua delegação. Atualmente, as empresas sabem que essas barreiras funcionais devem ser quebradas, e o compartilhamento de informações nas tomadas de decisões é fundamental para o eficiente desempenho do sistema como um todo. A estrutura funcional deve ceder espaço a uma estrutura operacional multilateral e aberta, em que as responsabilidades pelas ações vão até o ponto em que o efeito dessa ação se fizer sentir. Figura 6 – Administração de operações como uma função Fonte: Ritzman, 2004. 17 A função de produção consiste em todas as atividades que estão diretamente relacionadas com a produção de bens ou serviços. Ela é o centro dos sistemas produtivos, sendo responsável por gerar os bens ou serviços comercializados pelas empresas pela transformação dos insumos utilizando-se de um ou mais processos organizados de conversão. A essência da função de produção consiste em adicionar valor aos bens ou serviços durante o processo de transformação. De acordo com esse conceito, todas as atividades produtivas que não adicionarem valor aos bens ou serviços devem ser consideradas perdas e eliminadas. A função de marketing é vender e promover os bens materiais e serviços produzidos, tomando decisões sobre estratégias de publicidade e estimativas de preços destes. Ela está encarregada de contatar os clientes e cuidar do mercado, visando a, por um lado (médio e curto prazos), abastecer a produção com informações sobre a demanda pelos produtos atuais, permitindo o planejamento e a programação da produção, e, por outro (longo prazo), buscar informações sobre potenciais necessidades dos clientes buscando projetos de novos bens ou serviços a serem desenvolvidos. Figura 7 – O Fluxo de Informações do PCP Fonte: Adaptado de Tubino, 2002. A função de finanças está encarregada de administrar os recursos financeiros da empresa e alocá-los onde forem necessários. Esta função deve providenciar o orçamento, acompanhar receitas e despesas, e fazer a provisão Engenharia de Produto •lista de materiais •desenhos Engenharia de Processo •roteiros de fabricação •leadtimes Marketing •plano de vendas •pedidos firmes Manutenção •plano de manutenção Compras •entradas e saídas de materiais Planejamento Estratégico da Produção Planejamento Mestre da produção Programação da Produção •ordens de compra •ordens de fabricação •ordens de montagem Acompanhamento da Produção Recursos Humanos •programa de treinamento Finanças •plano de investimentos •Fluxo de caixa 18 de fundos para atender que atenda a esse orçamento, além da análise econômica dos investimentos produtivos. Outras funções de apoio são: engenharia, compras, suprimentos, manutenção, recursos humanos etc. Pesquise Leia o primeiro e o segundo capítulos do nosso livro-texto, que se encontra na biblioteca virtual. Saiba mais Acesse este link e leia o artigo sobre os sistemas de produção: <http://planejamentoecontroledeproducao.blogspot.com.br/2010/02/visao-geral- dos-sistemas-de-producao.html>. TROCANDO IDEIAS O Brasil conseguirá dar uma guinada de produtividade – elemento fundamental para o crescimento econômico – sem se basear na tecnologia e na inovação? (Responda antes de ver a sugestão de resposta.) Sugestão de resposta: A manufatura avançada começa a aparecer, no Brasil, principalmente, na modernização de plantas de grandes multinacionais, sobretudo na indústria automotiva tradicional. Entretanto, isso não ocorre em todos os segmentos industriais. Com exceção de algumas ilhas de excelência no setor produtivo, como a Embraer, progressos tecnológicos são isolados e são implementados lentamente, em função das dificuldades enfrentadas pela indústria nos últimos dez anos. Por aqui, tanto na academia quanto no governo, as discussões sobre manufatura avançada são incipientes (Fonte: CNI). No entanto, temos uma indústria de alimentos e bebidas altamente competitiva, conforme poderá ser visto no infográfico a seguir, que demonstra este grande poder de competitividade, alcançando a liderança mundial tanto para alimentos quanto para bebidas. Observe: 19 Figura 8 - Infográficos do faturamento da indústria alimentícia em 2014 Fonte: Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) e CNI – Portal da Indústria. Com o crescimento excessivo das funções de apoio, o compartilhamento de informações na tomada de decisões fica mais difícil, comprometendo a eficiência do sistema, além de criar uma burocratização pela subdivisão de tarefas. Por exemplo, havendo uma divisão responsável pela manutenção das máquinas, se ocorre um problema simples com uma delas, quem é responsável 20 pelo seu conserto? Seria o operador ou ele tem de esperar o pessoal da manutenção? Cria-se então um conflito, retardando a resposta para o problema. Discuta o crescimento excessivo das funções de apoio aos sistemas produtivos e sua relação com a burocratização e a morosidade de resposta aos problemas. NA PRÁTICA Analise as questões propostas a seguir e tente respondê-las sem olhar as respostas sugeridas. Nos sistemas de produção abaixo, diferencie quais dos sistemas são predominantemente de produção de bens materiais (B) e quais são de serviços (S): 1. Processo contínuo: ( ) Petróleo e derivados ( ) Fornecimento de aquecimento e ar condicionado ( ) Geração de energia elétrica 2. Processo repetitivo em massa: ( ) Transporte aéreo ( ) Automóveis ( ) Restaurante industrial ( ) Eletrodomésticos linha branca 3. Processo repetitivo em lotes: ( ) Restaurantes ( ) Fabricação de calçados 4. Processo por projeto: ( ) Clínica médica ( ) Estaleiros (navios) ( ) Escritórios de arquitetura ( ) Aluguel de automóveis 21 Respostas esperadas: 1) B – S – S. 2) S – B – S- B. 3) S – B. 4) S – B – S – S. Sustentabilidade na Atualidade Vejamos agora uma abordagem interessante em um artigo que traz umavisão bem moderna do importante papel da gestão da produção sob o ponto de vista da sustentabilidade. Leia o artigo no link <http://www.sustentabilidadecorporativa.com/2013/05/a-importancia-da- engenharia-de-producao.html>, e entenda porque a gestão da produção pode contribuir – e muito – para o “correto” modo de desenvolvimento das empresas, sejam elas de serviços ou de bens materiais! SÍNTESE As empresas, desde os tempos mais remotos, têm sido desafiadas a encontrar soluções para reduzir custos, melhorar processos, evitar desperdícios e aumentar a produtividade. Algumas figuras chave na história da gestão das operações: Eli Whitney (fim do século XVIII): intercambiabilidade de partes; James Hargreaves (1.764): máquina de tear; James Watt (1.764): máquina a vapor; Frederick Winslow Taylor (início do século XX): administração científica; Henry Ford (início do século XX): produção em massa; Alfred P. Sloan, Jr. (década de 1920): planejamento centralizado e controle descentralizado. A história da evolução dos meios de produção mostra o quanto já evoluímos e o quanto ainda temos para evoluir. A preocupação com energia, por exemplo, está impondo ao setor novas rotinas e a introdução de outras tecnologias, com máquinas e equipamentos mais eficientes, novas fontes alternativas e a adoção de uma gestão eficaz de recursos. Portanto, esses desafios, que vêm surgindo desde a Primeira Revolução Industrial, vão continuar. 22 O modelo de transformação precisa evoluir ainda mais, ficar mais competitivo e mais eficiente em termos da utilização de recursos naturais, especialmente na América Latina e no Brasil. A produção, como função básica de transformação, está cada vez mais dependente das tecnologias, sob as mais diferentes formas: técnicas de produção para o chão de fábrica, tecnologias massivas da informação para gestão de serviços – como ocorre com os bancos, ou tecnologias de informação para os sistemas de gestão, que vão desde o nível das máquinas, com controle de produção e estoque, até os sistemas corporativos que dão suporte às decisões tomadas na alta administração das empresas. A tecnologia surgida na nova Revolução Industrial abre as barreiras da produtividade: nas montadoras de automóveis Toyota, Fiat e Nissan, o tempo de desenvolvimento de um novo modelo caiu até 50% a partir do momento que designers e engenheiros passaram a usar informações digitalizadas e testes virtuais de peças. Na fabricante de aviões Embraer, os operários responsáveis pela produção do jato Legacy 500, em São José dos Campos, no interior paulista, começaram a treinar, de forma virtual e em 3D, o que fariam no chão de fábrica um ano antes do início da produção dos aviões. O projeto teve 12 mil horas de testes antes de a aeronave fazer a primeira decolagem. Porém, enquanto o mundo se prepara para essa nova Revolução Industrial, o Brasil parece não ter se dado conta dos imensos desafios que o cercam. Em 2013, o país comprou menos de 1.300 robôs industriais — a Coreia do Sul adquiriu 21 mil, e a China, 37 mil. No Brasil, a idade média de máquinas e equipamentos é de 17 anos – enquanto que são sete anos nos Estados Unidos e cinco anos na Alemanha. Em uma era de imensos ganhos tecnológicos, as empresas brasileiras estão presas a tecnologias ultrapassadas, o que afeta diretamente a produtividade do país. Essa defasagem tecnológica tem várias explicações. Uma delas é que o Brasil ainda tem uma economia fechada. Com o mercado doméstico garantido, as indústrias instaladas aqui têm menos incentivos para investir em aumento de produtividade (Costa e Stefano, 2014). Até a próxima aula! 23 REFERÊNCIAS ARAUJO, C. D. Administração da produção e sua evolução histórica. Portal educação. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/administracao/artigos/21585/administracao- da-producao-e-sua-evolucao-historica#ixzz4FSQGnu6X>. Acesso em: 13 dez. 2016. GIANESI, I. G. N.; CORRÊA, H. L. Administração estratégica de serviços. São Paulo: Atlas, 1994. COSTA, M; STEFANO, F. A era das fábricas inteligentes está começando. Revista Exame. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/revista- exame/edicoes/1068/noticias/a-fabrica-do-futuro>. Acesso em: 13 dez. 2016. RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J. Administração da produção e operações. São Paulo: Prentice Hall, 2004. SLACK, N. et al. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. DISCIPLINA: SISTEMA DE PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS AULA 2 Prof. Gil Fábio de Souza 2 CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo à nossa segunda aula da disciplina de Sistema de Produção de Bens e Serviços! Nesta aula, teremos uma visão geral do planejamento da produção. Em todo sistema produtivo, ao serem definidas suas estratégias, e com base nestas, suas metas, faz-se necessário formular planos para atingi-las, administrar os recursos humanos e físicos a partir de tais planos, direcionar a ação dos recursos humanos sobre os físicos e acompanhar essas ações, permitindo a correção de prováveis desvios. Ao final dessa aula você deverá ser capaz de: Conhecer como planejar as operações nas empresas (bens e serviços); Saber como reduzir custos e melhorar a lucratividade a partir da qualidade; Desenvolver maneiras de melhorar a produtividade a partir do planejamento; Saber utilizar a produtividade como estratégia de negócios; Desenvolver maneiras de melhorar a competitividade com base nos sistemas de produção e da cadeia de suprimentos. Vamos à nossa aula! CONTEXTUALIZANDO Determinar o nível ótimo de produção para atender à demanda é fundamental para a eficiência e a eficácia do Planejamento, Programação e Controle da Produção (PPCP). A falta de equilíbrio entre a capacidade e a demanda pode ter consequências desastrosas para a organização, tanto econômicas quanto em termos de qualidade. Nosso desafio, portanto, é harmonizar, em todos os níveis, o grau de capacidade produtiva com o nível da demanda a ser atendida com o menor custo possível. Para isso, são fundamentais o planejamento e o controle da capacidade produtiva. A efetiva utilização da capacidade produtiva depende de esforços constantes para redução do tempo improdutivo e aumento de disponibilidade, e 3 a gestão da demanda depende de um processo consistente de previsão de vendas. Erros nesta área podem comprometer as operações e até mesmo inviabilizar alguns negócios, pois criam desequilíbrio. Em nosso encontro de hoje, vamos abordar os seguintes temas fundamentais, tratando de: 1. Papel estratégico e objetivos da produção: estratégia de produção; 2. Natureza do planejamento; 3. Plano de produção e o plano-mestre; 4. Planejamento de capacidade e estoque; 5. Planejamento da cadeia de suprimentos. PESQUISE Vamos verificar o cenário atual das indústrias sobre os impactos da economia brasileira. Acesse a revista Indústria no link a seguir e leia a matéria que está na página 13, “A Indústria em Números, no link <https://issuu.com/jtcomunicacao/docs/industria-29>. Veremos como é importante atualizarmos o cenário em que vivemos! TEMA 1 – PAPEL ESTRATÉGICO E OBJETIVOS DA PRODUÇÃO “A maioria das pessoas não planeja fracassar, fracassa por não planejar.” John L. Beckley O departamento de Planejamento e Controleda Produção, como apoio, é responsável pela coordenação e pela aplicação dos recursos produtivos de forma a atender da melhor maneira possível os planos estabelecidos nos níveis estratégico, tático e operacional. Para Tubino (2009), o planejamento estratégico busca maximizar os resultados das operações e minimizar os riscos nas tomadas de decisão das empresas. O impacto dessas decisões são de longo prazo e afetam a natureza e as características das organizações no sentido de garantir o atendimento de sua missão. Para efetuar um planejamento estratégico, a empresa deve entender os limites de suas forças e habilidades no relacionamento com o meio ambiente, de maneira a criar vantagens competitivas em relação à concorrência, aproveitando-se de todas as situações que lhe trouxerem ganhos. 4 A missão corporativa é a base de uma empresa, e a razão de sua existência Fazem parte da ideia de missão corporativa a definição clara de qual é o seu negócio atual e de como ele deverá ser no futuro, bem como a filosofia gerencial da empresa para administrá-lo. Normalmente, ao se definir a missão, algumas questões devem ser levantadas, entre elas: Qual o escopo do negócio: industrial, comercial ou de prestação de serviços? Qual a essência do negócio? Qual o sentido e a intensidade do crescimento que está se buscando? Como nos propomos a atender às necessidades dos clientes? A estratégia corporativa define as áreas de negócios em que a empresa deverá atuar, e como esta deverá adquirir e priorizar os recursos no sentido de atender às reivindicações de cada unidade de negócios. É a estratégia corporativa que faz com que os diversos negócios da empresa tenham um sentido comum e obtenham resultados superiores à mera soma dos resultados individuais. A estratégia deverá ainda especificar em que condições a diversificação de negócios contribuirá para o crescimento sustentável da corporação como um todo. Figura 1 – Visão geral dos sistemas de produção Missão Estratégia corporativa Estratégia competitiva Estratégia funcional Finanças Marketing Produção Plano financeiro Plano de marketing Plano de produção Táticas Operações financeiras Operações de marketing Operações de produção Fonte: Tubino, 2009. 5 A estratégia competitiva (ou estratégia da unidade de negócios), propõe a base na qual os diferentes negócios da empresa irão competir no mercado, suas metas de desempenho, e as estratégias que serão formuladas para as várias áreas funcionais do negócio, a fim de suportar a competição e buscar tais metas. Pode-se dizer que uma estratégia competitiva, em dado instante, é a escolha por uma determinada posição competitiva. Figura 2 – Direcionamento da estratégia corporativa Fonte: Tubino, 2009. A escolha por uma determinada estratégia competitiva define a alocação de recursos e as habilidades organizacionais necessárias para a produção dos bens e/ou serviços oferecidos ao mercado. Figura 3 – Dinâmica da estratégia competitiva Fonte: Tubino, 2009. Há três estratégias genéricas de margem/volume que podem ser empregadas pelas empresas na competição pelo mercado. Observe: A Missão Estratégia Corporativa Estratégia Competitiva A Estratégia Competitiva B Estratégia Competitiva C Estratégia Competitiva Benefícios para Clientes Custos para Empresa Margem de Lucro Volume de Vendas 6 1. Na liderança de custos, a empresa deverá buscar a produção ao menor custo possível, podendo com isso praticar os menores preços do mercado e aumentar o volume de vendas. 2. Na diferenciação, busca-se a exclusividade em alguma característica do produto que seja mais valorizada pelos clientes. 3. A estratégia de focalização é aquela que a empresa deverá buscar caso não consiga liderança de custos ou diferenciação da concorrência. O equacionamento dessas estratégias de competição deve ser feito à luz do posicionamento dos concorrentes diretos e indiretos que atuam no mercado, conhecidos como as cinco forças competitivas de Porter: 1. a rivalidade entre as empresas concorrentes; 2. o poder de barganha dos clientes; 3. o poder de barganha dos fornecedores; 4. a ameaça de novos entrantes potenciais; 5. a ameaça de produtos substitutos. A escolha da melhor estratégia competitiva inclui a avaliação dessas forças e seu impacto sobre o desempenho das alternativas de custo/volume disponíveis para a empresa. Definida a posição competitiva da empresa, pode- se então passar ao detalhamento das estratégias funcionais adequadas ao atendimento dessa questão. “Planejar é entender como a consideração conjunta da situação presente e da visão de futuro influencia as decisões tomadas no presente para que se atinjam determinados objetivos no futuro.” (Corrêa, Gianesi e Caon, 2007) TEMA 2 – NATUREZA DO PLANEJAMENTO Um bom planejamento da produção deve se preocupar em balancear os recursos produtivos de forma a atender a demanda com uma carga adequada para os recursos da empresa. Uma operação deve funcionar continuamente a partir da aplicação das quatro funções gerenciais: após o planejamento e a organização vem a execução e, em seguida, o controle (verificação/monitoramento dos resultados, para que se saiba se estão de acordo com o planejado). Com base nisso, observa-se: 7 Caso não haja desvios, segue-se executando e controlando; Mesmo sem a ocorrência de desvios, pode-se analisar os processos buscando melhorias contínuas por meio da implementação de ações preventivas; Caso ocorram desvios, deve-se buscar identificar as possíveis causas e implementar ações corretivas, para que tais desvios não mais voltem a ocorrer. Qualquer operação produtiva requer planos e controle: Algumas são mais difíceis de planejar, especialmente as que têm um alto nível de imprevisibilidade; Outras são mais difíceis de controlar, como é o caso das que têm um alto grau de contato com os consumidores (pela natureza de suas operações e pela variabilidade que os consumidores possam impor a estas). O planejamento é a formalização do que se pretende que aconteça em determinado momento do futuro. Um plano não garante que um evento vá realmente acontecer. É apenas uma declaração de intenção de que aconteça. O planejamento estratégico da produção consiste em estabelecer um plano de produção para determinado período de longo prazo, segundo as estimativas de vendas e a disponibilidade de recursos financeiros e produtivos. Classificação dos Sistemas de Produção Na teoria de administração da produção, há diferentes formas de classificar os sistemas produtivos. Por exemplo, segundo o grau de padronização dos produtos: produtos padronizados ou produtos sob medida, e segundo a natureza do produto (bens ou serviços). De acordo com o tipo de operações que o produto sofre, pode-se classificar os sistemas produtivos em dois grandes grupos: processos contínuos e processos discretos (Tubino, 2009, p. 30). Essa classificação está associada ao grau de padronização dos produtos e ao volume de produção demandada. Esses dois fatores são fundamentais para definir a estrutura básica de um sistema de produção. Os processos contínuos envolvem a produção de bens ou serviços que não podem ser identificados individualmente, e os processos conhecidos como discretos envolvem a produção de bens ou serviços que podem ser isolados em lotes ou unidades, 8 particularizando-os uns dos outros. Os processos discretos, em funçãoda demanda para os quais se destinam, podem ser subdivididos em processos repetitivos em massa para grandes demandas, processos repetitivos em lotes para demandas médias e processos por projeto ou sob encomenda para demandas unitárias ou muito pequenas. A Tabela 1 resume as principais características desses sistemas. Tabela 1 – Classificação dos Sistema de Produção Contínuo Repetitivo em massa Repetitivo em lotes Por projeto Volume de produção Alto Alto Médio Baixo Variedade de produtos Pequena Média Grande Pequena Flexibilidade Baixa Média Alta Alta Qualificação da mão de obra Baixa Média Alta Alta Layout Por produto Por produto Por processo Por processo Capacidade ociosa Baixa Baixa Média Alta Lead times Baixo Baixo Médio Alto Fluxo de informações Baixo Médio Alto Alto Produtos Contínuos Lotes grandes Lotes médios Lotes unitários Fonte: Tubino, 2009. A qualificação da mão de obra nos processos contínuos e repetitivos em massa (que convencionalmente é baixa), com a introdução da gestão participativa e da polivalência das funções produtivas, passou a ser alta em todas as situações produtivas. Como exemplos padrão dessa classificação, temos que uma refinaria de petróleo ou uma geradora de energia elétrica possuem processos contínuos de fabricação; por sua vez, uma montadora de automóveis ou um fabricante de pisos cerâmicos possuem processos de produção em massa; uma fábrica de sapatos ou uma de componentes metal-mecânicos possuem processos repetitivos em lotes; e um estaleiro ou uma ferramentaria possuem processos por projeto ou sob encomenda. Por que é importante identificar e entender as características dos diferentes tipos de sistemas produtivos? Sem dúvida, porque cada tipo de sistema produtivo se destina a atender determinadas características exigidas pelo mercado consumidor. Por exemplo, os clientes de eletrodomésticos esperam encontrar prontos para a venda em lojas especializadas uma geladeira ou um fogão com características de desempenho padronizadas, o que facilita a 9 comparação entre as diferentes marcas disponíveis e faz do produto uma commodity. Já uma cozinha industrial que necessite de um fogão de grande porte, não o encontrará à sua disposição no mercado com tanta facilidade, por isso terá de negociar preço, prazo e características técnicas do produto com alguns poucos fabricantes de fogões sob encomenda. Planejar as atividades de uma empresa que fabrica produtos padronizados para estoque é bastante diferente de planejar e controlar o processo de produtos sob encomenda. No primeiro caso, pode-se iniciar a produção com base em uma previsão de vendas e seguir equilibrando as vendas realizadas com o nível de estoque, enquanto que no processo sob encomenda, o Planejamento e Controle da Produção (PCP) espera a manifestação dos clientes para agir. Além disso, os produtos padronizados, por se repetirem, são mais passíveis de controle e acompanhamento, podendo o PCP prever e acompanhar seu desempenho de forma mais eficiente do que com aqueles produtos que serão produzidos apenas uma vez. O planejamento busca conciliar suprimento e demanda, ou seja, diz respeito ao gerenciamento das atividades da produção para satisfazer de forma contínua à demanda dos consumidores. Todo processo de planejamento requer a conciliação do suprimento e da demanda em termos de volume, tempo e qualidade. TEMA 3 – O PLANO DE PRODUÇÃO E PLANO-MESTRE DA PRODUÇÃO A essência do planejamento da capacidade produtiva, portanto, é conciliar a capacidade com o nível de demanda que deverá ser satisfeito, conforme a previsão da demanda para o período em planejamento (Figura 4). Figura 4 – Planejamento da capacidade Fonte: Slack, 1997. 10 Pensando assim, a previsão de demanda (vendas) tem uma influência muito grande sobre desde o planejamento de longo prazo (planejamento estratégico da produção), que gera o plano de produção, passando pelo planejamento de médio prazo (PMP) e chegando à programação da produção, no dia a dia (curto prazo), conforme se pode observar na Figura 5. Figura 5 – Gestão da demanda Fonte: Ritzman, 2004. O objetivo é descobrir todas as necessidades de recursos para que se possa cumprir os planos de produção. Chamamos essa tarefa de estratégia de capacidade de longo prazo. O planejamento da capacidade servirá de base para equacionar os níveis de produção, estoques, recursos humanos, máquinas e instalações necessários para atender à demanda prevista de bens materiais e/ou serviços. O planejamento estratégico da produção consiste em estabelecer um plano de produção para determinado período (longo prazo) segundo as estimativas de vendas (gestão da demanda) e a disponibilidade de recursos financeiros e produtivos. Já o planejamento-mestre da produção consiste em estabelecer um plano-mestre de produção (PMP) de produtos finais, detalhado no médio prazo, período a período, a partir do plano de produção, com base nas previsões de vendas de médio prazo ou dos pedidos firmes já confirmados. 11 Figura 6 – Visão geral do planejamento Fonte: Tubino, 2009. Com base no PMP e nos registros de controle de estoques, a programação da produção estabelece no curto prazo quanto e quando comprar, fabricar ou montar de cada item necessário à composição dos produtos finais. O planejamento-mestre é um plano operacional, parte de um plano amplo e abrangente (plano de produção) que é o plano de vendas e operações. Programa-mestre é uma declaração de quantidades planejadas que dirigem os sistemas de gestão detalhada de materiais e capacidade. O PMP diferencia-se do plano de produção sob dois aspectos: o nível de agregação dos produtos e a unidade de tempo analisada. 12 Figura 7 – Validação do PMP Fonte: Tubino, 2009. Onde o plano de produção estratégico tratava de famílias de produtos, o PMP, já voltado para a operacionalização da produção, tratará de produtos individuais. Da mesma maneira, onde o plano de produção empregava meses, trimestres e anos, o PMP empregará uma unidade de planejamento mais curta, normalmente semanas ou no máximo meses, para produtos com ciclos produtivos longos. Na elaboração do PMP estão envolvidas todas as áreas que têm contato mais direto com a manufatura. Vamos verificar um exemplo com a empresa Unilever. Na biblioteca virtual do ÚNICO, acesse o seguinte livro: RITZMAN, L. P.; KRAJEWSKI, L. J., MALHOTRA, M. Administração da produção e operações. 8. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall: 2009. Na página 434, leia o interessante texto sobre a multinacional Unilever. TEMA 4 – PLANEJAMENTO DA CAPACIDADE E ESTOQUES Planejar é a essência da gestão: seja ela de produção, ou de qualquer outra função, como vendas e finanças. Isso é basicamente com um GPS (aquele aparelho que usamos em nosso carro que planeja uma rota para ser seguida). Traçamos uma rota (planejamento) e depois, quando estamos guiando para direção indicada (execução), ele fica verificando (controle) se estamos seguindo a rota planejada. Caso não esteja acontecendo, ele recalcula a rota para nos colocar no caminho correto: Planejamento-Mestre da Produção Programação da Produção Longo Prazo Médio Prazo Curto Prazo PMP inicial viável PMP final Plano de Produção não sim 13 Caso não haja desvios, segue-se executando e controlando; Mesmo sem a ocorrência de desvios, pode-se analisar os processos buscando melhorias contínuas por meio da implementação de ações preventivas; Em caso de desvios, deve-se buscar identificar as possíveis causas e implementar ações corretivas, para que tais desvios não voltem mais a ocorrer. Como visto no tema anterior, as atividades de planejamento e controle buscam conciliar suprimento e demanda. O planejamento requer a conciliação do suprimento e da demanda em termos de volume, tempo e qualidade. Para conciliar o volume e o tempo, quatro atividades justapostas são necessárias: 1. Alocação de carga (carregamento): é a quantidade de trabalho alocado; 2. Sequenciamento de tarefas: quando uma tarefa chega ao centro de trabalho, que poderá executar diversas outras atividades, torna-se necessário tomar decisões quanto à ordem em que cada um será executado; 3. Programação: ao se determinar a sequência em que o trabalho será desenvolvido, algumas operações requerem um cronograma detalhado, mostrando em que momento os trabalhos devem começar e quando devem terminar; 4. Programas: são declarações de volume (quanto) e tempo (horários/datas) familiares a muitos ambientes; 5. Monitoramento e controle da operação: ao criarmos um plano para a operação por meio do carregamento, sequenciamento e programação, cada parte da operação precisa ser monitorada para assegurar que as atividades planejadas estão de fato ocorrendo (como vimos no exemplo do GPS). A palavra capacidade é comumente associada à ideia de volume, espaço ou quantidade máxima de alguma coisa (capacidade estática). Dizemos que um reservatório de água tem capacidade para 1.000 litros (ou 1 m³); um estacionamento tem capacidade para 150 automóveis; a capacidade de um teatro é de 2.500 espectadores, e assim por diante. 14 Entretanto, a dimensão tempo deve ser adequadamente incorporada à utilização dos ativos. Dessa maneira, se uma estação de tratamento de água (ETA) tem capacidade de produzir 100 litros por segundo, sua capacidade será de 216.000 litros/horas e a capacidade diária será de 12.960.000 litros/dia (ou 12.960 m³/dia); se um teatro tem capacidade para 500 pessoas para cada apresentação de 2 horas, logo sua capacidade diária será de até 6.000 pessoas por dia. Portanto, a capacidade de uma operação pode ser definida como a quantidade máxima de operações realizadas em um espaço de tempo em condições normais de trabalho. Segundo Moreira (1993), capacidade refere-se à quantidade máxima de produtos e serviços que podem ser realizados em uma unidade produtiva em dado intervalo de tempo. Por exemplo, automóveis/dia, clientes/mês, calçados/hora etc. Assim, a capacidade produtiva é função das variáveis: Volume ou quantidade (sapatos, cadeiras, peças, roupas etc.) – expresso em unidade referente ao produto: litros, kg, peças, toneladas, caixas etc.; Tempo (hora, dia, semana, quinzena, mês, ano etc.). Atingir o nível ideal da capacidade de produção para satisfazer a demanda (atual e futura) é uma condição fundamental da atividade de administração e controle da produção. O bom equilíbrio entre capacidade e demanda gera melhores resultados financeiros e clientes mais satisfeitos. Porém, atingir o equilíbrio envolve decisões que afetam toda a organização empresarial: Decisões sobre a capacidade impactam todos os outros processos da empresa; Todas as funções da organização fornecem entradas vitais para o processo de planejamento; Cada função do negócio deve planejar e controlar a capacidade de suas próprias microoperações para atender à função produção principal. Pensando assim, a previsão de demanda (ou vendas) tem uma influência muito grande conforme se observamos na Figura 5. 15 A rotina sugerida para a análise da capacidade produtiva pode ser entendida em quatro passos principais: 1. Identificar os grupos de recursos a serem incluídos na análise; 2. Obter o padrão de consumo: (horas/unidade) de cada família incluída no plano para cada grupo de recursos; 3. Multiplicar o padrão de consumo de cada família para cada grupo de recursos pela quantidade de produção própria prevista no plano para cada família; 4. Consolidar as necessidades de capacidade para cada grupo de recursos. TEMA 5 – PLANEJAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Quando mencionamos armazenagem industrial, não podemos deixar de relacioná-la com o conceito de cadeia de suprimentos, que, segundo o autor Paulo Roberto Bertaglia (2006) corresponde ao conjunto de processos requeridos para obter materiais, agregar- lhes valor de acordo com a concepção dos clientes e consumidores e disponibilizar os produtos para o lugar (onde) e para a data (quando) que os clientes e consumidores os desejarem. Além de ser um processo bastante extenso, a cadeia apresenta modelos que variam de acordo com as características do negócio, do produto e das estratégias utilizadas pelas empresas para fazer com que o bem chegue às mãos dos clientes e consumidores. Por meio da cadeia de suprimentos, as empresas se ligam a seus fornecedores e ao seu canal de distribuição, formando um conjunto de organizações que participam de um processo: o de atender às demandas de diferentes mercados. A gestão da cadeia de suprimentos é o planejamento, implementação e controle eficiente e eficaz do fluxo e armazenagem de mercadorias, serviços e informações, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de satisfazer as necessidades do cliente. A Figura 8 elucida este tema, bem resumido, e amplia o conceito de comprar (ou obter), produzir e distribuir, do fornecedor ao consumidor, como sendo a conceituação fundamental da logística. 16 Figura 8 – Modelo base da cadeia logística de Suprimentos Fonte: Bertaglia, 2011. A Figura 9 amplia o conceito, conforme os tipos de operações produtivas. Figura 9 – Conceito da cadeia logística de suprimentos – Resumo Fonte: Bertaglia, 2011. Matéria-Prima Entrada de Matéria Prima Saida Entrega Clientes 17 O correto planejamento da cadeia de suprimentos inclui processos de negócios que planejam e gerenciam a demanda. A solução de métodos e ferramentas facilita o planejamento e a gestão operacional dessa cadeia, na qual estão as chaves para o crescimento e a melhoria do desempenho da empresa, como redução de custos de estoques e otimização de recursos e níveis de serviço do cliente para maior lucratividade. O planejamento foca na otimização da cadeia, por meio de uma avaliação para ajudar a identificar a maturidade da demanda, e o desempenho dos objetivos do negócio, além de oferecer estratégias de longo prazo que abrangem infraestrutura, ativos, organização, processos e tecnologia. O conceito de obter/produzir/distribuir está alinhado com a base do Supply Chain Council (“Conselho da Cadeia de Suprimentos”, em tradução livre), que é uma entidade que desde 1996 vem desenvolvendo a gestão da cadeia de suprimentos no mundo. Os componentes estratégicos da cadeia de suprimentos são: Integração: a integração está diretamente ligada à habilidade para integrar processos, que pode ser crítica para o bom desempenho da logística global. A busca da integração abrange a cadeia de suprimentos, a tecnologia de informação, a padronização, a simplificação dos processos etc., e é uma das maiores tendências nas transações de empresas com operações internacionais. Velocidade: para ter um gerenciamento efetivo, a organização deve considerar a coordenação de todas as diferentes partes da cadeia o mais rápido possível sem perder a qualidade ou a satisfação do cliente. A velocidade em cada uma dessas atividadesé a chave para o sucesso da cadeia de suprimentos. Flexibilidade: em um cenário cada vez mais dinâmico, torna-se fundamental que a arquitetura da cadeia seja capaz de responder de maneira rápida e eficiente às mudanças do mercado. A flexibilidade proporciona o atingimento de um alto grau de coordenação para mudança, sendo a resposta competitiva da rede que a compõe para a dinâmica de fornecimento e demanda. Qualidade do serviço: a boa gestão da cadeia de suprimentos está associada à qualidade na entrega dos produtos aos clientes, aos serviços 18 agregados oferecidos, ao atendimento nos momentos de venda e de pós- venda e à boa relação custo-benefício, todos fatores que fortalecem o principal valor de uma organização da área de varejo, ou seja, sua confiabilidade. Custo: para se manterem competitivas, as companhias precisam sempre continuar aprimorando sua eficiência por intermédio de menores gastos com estoques. Os componentes operacionais da cadeia de suprimentos são definidos como: compras/obtenção, programação da produção, processamento de pedidos, gerenciamento de estoque, transportes e armazenagem. Estes serão analisados com mais detalhes na etapa de controle. SAIBA MAIS Para saber mais sobre o Supply Chain Council (Conselho da Cadeia de Suprimentos), acesse: <http://www.apics.org/sites/apics-supply-chain-council/about-apics-scc>. TROCANDO IDEIAS No link a seguir você poderá ver a evolução da logística: <http://www.portaldalogistica.com.br/2012/04/evolucao-da- logistica.html>. Acesse o link <https://issuu.com/jurandir_peinado/docs/capitulo5> e leia as páginas 3 a 5 do Capítulo 5 – Planejamento da Capacidade de Produção. NA PRÁTICA Programa-Mestre de Produção Os estoques projetados são dados por: ESTOQUE PROJ. = (ESTOQUE INICIAL PMP + RECEBIMENTOS PROG.) - DEMANDA CONFIRMADA Complete os dados do programa-mestre de produção para o produto apresentado na tabela abaixo, segundo duas políticas, 1 e 2. Obs.: procure fazer a atividade sem verificar a resposta. 19 Opção 1 – Lotes de 100 unidades e estoque mínimo de 10 unidades Setembro Outubro Novembro 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 Demanda prevista 30 30 35 35 40 40 50 50 45 45 40 40 Demanda confirmada 35 35 20 10 0 0 0 0 0 0 0 0 Recebimentos programados 0 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Estoques projetados 10 PMP Semana Estoque Inicial Recebimentos Programados Demanda Estoque antes do PMP PMP Estoque Final 1 10 0 35 -25 2 75 100 35 140 3 140 0 35 105 4 105 0 35 70 1 70 0 40 30 2 30 0 40 -10 3 90 0 50 40 4 40 0 50 -10 1 90 0 45 45 2 45 0 45 0 3 100 0 40 60 4 60 0 40 20 20 Respostas esperadas: Setembro Outubro Novembro 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 Demanda prevista 30 30 35 35 40 40 50 50 45 45 40 40 Demanda confirmada 35 35 20 10 0 0 0 0 0 0 0 0 Recebimentos programados 0 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Estoques projetados 10 75 140 105 70 30 90 40 90 45 100 60 20 PMP 100 100 100 100 Semana Estoque Inicial Recebimentos Programados Demanda Estoque antes do PMP PMP Estoque Final 1 10 0 35 -25 100 75 2 75 100 35 140 0 140 3 140 0 35 105 0 105 4 105 0 35 70 0 70 1 70 0 40 30 0 30 2 30 0 40 -10 100 90 3 90 0 50 40 0 40 4 40 0 50 -10 100 90 1 90 0 45 45 0 45 2 45 0 45 0 100 100 3 100 0 40 60 0 60 4 60 0 40 20 0 20 21 Opção 2 – Lotes variáveis de acordo com a demanda e estoque podendo ir a zero Setembro Outubro Novembro 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 Demanda prevista 30 30 35 35 40 40 50 50 45 45 40 40 Demanda confirmada 35 35 20 10 0 0 0 0 0 0 0 0 Recebimentos programados 0 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Estoques projetados PMP Semana Estoque Inicial Recebimentos Programados Demanda Estoque antes do PMP PMP Estoque Final 1 10 0 35 -25 2 0 100 35 65 3 65 0 35 30 4 30 0 35 -5 1 0 0 40 -40 2 0 0 40 -40 3 0 0 50 -50 4 0 0 50 -50 1 0 0 45 -45 2 0 0 45 -45 3 0 0 40 -40 4 0 0 40 -40 22 Respostas esperadas: Setembro Outubro Novembro 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 Demanda prevista 30 30 35 35 40 40 50 50 45 45 40 40 Demanda confirmada 35 35 20 10 0 0 0 0 0 0 0 0 Recebimentos programados 0 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Estoques projetados 10 0 65 30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 PMP 25 5 40 40 50 50 45 45 40 40 Semana Estoque Inicial Recebimentos Programados Demanda Estoque antes do PMP PMP Estoque Final 1 10 0 35 -25 25 0 2 0 100 35 65 0 65 3 65 0 35 30 0 30 4 30 0 35 -5 5 0 1 0 0 40 -40 40 0 2 0 0 40 -40 40 0 3 0 0 50 -50 50 0 4 0 0 50 -50 50 0 1 0 0 45 -45 45 0 2 0 0 45 -45 45 0 3 0 0 40 -40 40 0 4 0 0 40 -40 40 0 Planejamento de capacidade A rotina sugerida para a análise da capacidade produtiva pode ser entendida nestes passos principais: 1. Identificar os grupos de recursos a serem incluídos na análise; 2. Obter o padrão de consumo: horas/unidade de cada família incluída no plano para cada grupo de recursos; 3. Multiplicar o padrão de consumo de cada família para cada grupo de recursos pela quantidade de produção própria prevista no plano para cada família; 4. Consolidar as necessidades de capacidade para cada grupo de recursos. 23 Vamos fazer um exercício. Considere que uma linha de produtos passa por quatro departamentos (ou unidades fabris), consumindo: 0,3 horas por unidade no departamento 1; 0,2 horas por unidade no departamento 2; 0,6 horas por unidade no departamento 3; e 0,4 horas no departamento 4. Vamos, então, determinar a capacidade produtiva necessária para o atendimento de cada uma das três alternativas de plano de produção, sendo estas apresentadas abaixo. Obs.: procure fazer a atividade sem verificar a resposta. Padrões de consumo em horas por unidade (h/unid.) Departamento 1 Departamento 2 Departamento 3 Departamento 4 Família 0,3 0,2 0,6 0,4 1. Plano de produção da 1a alternativa: demanda em quantidade de itens: 1 trim. 2 trim. 3 trim. 4 trim. Família 400 400 400 400 Total das cargas de trabalho em horas: 1 trim. 2 trim. 3 trim. 4 trim. Total Departamento 1 Departamento 2 Departamento 3 Departamento 4 Total Resposta esperada (total das cargas de trabalho em horas) 1 trim. 2 trim. 3 trim. 4 trim. Total Departamento 1 120 120 120 120 480 Departamento 2 80 80 80 80 320 Departamento 3 240 240 240 240 960 Departamento 4 160 160 160 160 640 Total 600 600 600 600 2400 24 2. Plano de produção da 2a alternativa: demanda em quantidade de itens 1 trim. 2 trim. 3 trim. 4 trim. Família 400 400 400 500 Total das cargas de trabalho em horas 1 trim. 2 trim. 3 trim. 4 trim. Total Departamento 1 Departamento 2 Departamento 3 Departamento 4 Total Resposta esperada (total das cargas de trabalho em horas) 1 trim. 2 trim. 3 trim. 4 trim. Total Departamento 1 120 120 120 150 510 Departamento 2 80 80 80 100 340 Departamento 3 240 240 240 300 1020 Departamento 4 160 160 160 200 680 Total 600 600 600 750 2550 3. Plano de produção da 3a alternativa: demanda emquantidade de itens 1 trim. 2 trim. 3 trim. 4 trim. Família 500 400 400 450 Total das cargas de trabalho em horas 1 trim. 2 trim. 3 trim. 4 trim. Total Departamento 1 Departamento 2 Departamento 3 Departamento 4 Total 25 Resposta esperada (total das cargas de trabalho em horas) 1 trim. 2 trim. 3 trim. 4 trim. Total Departamento 1 150 120 120 135 525 Departamento 2 100 80 80 90 350 Departamento 3 300 240 240 270 1050 Departamento 4 200 160 160 180 700 Total 750 600 600 675 2625 FINALIZANDO Podemos, assim, analisar alguns pontos importantes com base no que foi apresentado nesta aula, indicando que dentre os fatores que podem tornar mais complexos os sistemas de planejamento da produção, estão as diversas formas de classificação dos sistemas produtivos, o grau de padronização dos produtos, o tipo de operações necessárias e a natureza dos produtos. O tipo de processo também define a complexidade dos sistemas de planejamento e controle da produção: os processos contínuos e os processos intermitentes em massa são mais facilmente administrados que os processos repetitivos em lote e sob encomenda, pois a variedade de produtos é pequena e o fluxo produtivo, uniforme. O fato de um produto ser um bem ou um serviço também influi na complexidade do sistema de planejamento e controle da produção. Bens são tangíveis, em grande parte fabricados por máquinas que recebem matérias- primas e as transformam dentro de padrões previsíveis; consequentemente seu planejamento é mais consistente. A operação de serviços, por sua vez, envolve a participação de pessoas, por natureza mais difíceis de serem padronizadas. O correto gerenciamento da cadeia de suprimentos não consiste apenas na entrega do produto a tempo, mas também na redução do custo, na possibilidade de planejamento e avaliação da demanda em relação ao estoque da empresa, bem como expor os meios de transportes mais conhecidos e quais seriam viáveis. Até a próxima aula! 26 REFERÊNCIAS BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2006. GIANESI, I. G. N.; CORRÊA, H. L. Administração estratégica de serviços. São Paulo: Atlas, 1994. SLACK, N. et al. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 1 SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS AULA 3 Prof. Gil Fábio de Souza 2 CONVERSA INICIAL Alegria! Aqui estamos de volta à disciplina de Sistema de Produção! Nesta aula, trabalharemos com conceitos importantíssimos de operacionalização! “Se você pensa que pode ou se pensa que não pode, de qualquer forma você está certo.” (Henry Ford). Então vamos escolher o certo! Nós podemos! Nesta aula abordaremos conceitos importantes dos sistemas de produção enxuta (Lean Manufacturing), focando na filosofia Just in Time! Vamos à aula de hoje. Bons ventos! Vamos nessa! CONTEXTUALIZANDO Henry Ford colocou muitas ideias juntas quando projetou primeiramente sua linha de produção para o seu automóvel Ford Modelo T. Contudo não inventou muito dele mesmo. As ideias de ter partes intercambiáveis e coisas do gênero não eram novas para a Ford, elas já estavam ali por muito tempo, os princípios tinham sido utilizados por Eli Whitney para fabricar mosquetes (armas – espingardas) no final do século XVIII. As Linhas de Produção estavam longe de ser novas, o Rei Henrique III assistiu à produção horária de navios Galley, em 1574, por meio do processamento contínuo de fluxo l e Marc Brunel (pai de Isambard) criou linhas de produção para a Royal Navy em 1810. O trabalho de Fredrick Taylor sobre Gestão Científica investigou a eficiência no local de trabalho, e Frank Gilbreth analisou os estudos de movimento. Ambos os trabalhos influenciaram o design e o funcionamento das linhas de produção da Ford. 3 Nada surge do zero, tudo acaba sendo um compêndio de experiência e teorias anteriores disponíveis, e vai se multiplicando no tempo, aperfeiçoando-se. No entanto, as linhas de produção de Fordistas não foram flexíveis o suficiente, e eles fomentaram muito um "eles e nós", que significava a lacuna, ou a diferença entre a gestão e a atitude dos trabalhadores nas linhas: foi a gestão que criou o método e os trabalhadores fizeram como eles foram informados. No entanto, os métodos Fordistas eram para a produção em massa e foram altamente eficazes durante a Segunda Guerra Mundial, em que a Ford ajudou a construir Bombardeiros na fábrica Willow Run da Ford e na Boeing. Sakichi Toyoda inventou um tear de tecelagem que era capaz de parar quando detectava um fio quebrado. Isso permitiu que um único trabalhador pudesse monitorar várias máquinas, pois o operador só precisava intervir com exceção. Este foi o início da Automação ou Jidoka: Automação com um toque humano, uma das partes importantes do Sistema de Produção Toyota e, portanto, da Produção Enxuta (livre tradução do inglês Lean Manufacturing). A venda das patentes dessa invenção permitiu à família Toyoda sair do negócio de têxteis e financiar o início de sua empresa automotiva: a TOYOTA. O Just In Time é o principal pilar do Sistema Toyota de Produção (STP) ou produção enxuta. Pesquise Leia o artigo “Programação da produção no setor de serviços de manutenção: um estudo de casos múltiplos”, que está disponível no Site da Abepro: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_TN_STO_113_746_159 07.pdf 4 TEMA 1: CONCILIAÇÃO ENTRE SUPRIMENTO E DEMANDA Como visto na aula anterior, o planejamento parte do princípio de conciliar suprimento e demanda. Lembrem-se do exemplo do sistema de GPS do Waze®, de que falamos anteriormente. A operacionalização busca conciliar SUPRIMENTO e DEMANDA, ou seja, diz respeito ao gerenciamento das atividades da produção para satisfazer de forma contínua à demanda dos consumidores. O conceito de Suprimento (ou oferta) e Demanda é talvez um dos conceitos mais fundamentais da economia e é a espinha dorsal de uma economia de mercado. A demanda refere-se a quanto (quantidade) de um produto ou serviço é desejado pelos compradores. A quantidade exigida é a quantidade de um produto que as pessoas estão dispostas a comprar a um determinado preço. A relação entre preço e quantidade demandada é conhecida como relação de demanda. A oferta (ou suprimento) representa o quanto o mercado pode oferecer. A quantidade fornecida refere-se à quantidade que certos bons produtores estão dispostos a fornecer ao receber um determinado preço. A correlação entre preço e quanto de um bem ou serviço é fornecido ao mercado é conhecida como a relação de fornecimento. O preço, portanto, é um reflexo da oferta e demanda. Conforme Russomano (2000), as funções do PCP podem ser destacadas como: a) Definição das quantidades a produzir (em função da demanda); b) Gestão de estoques: responsável pela disponibilidade dos materiais necessários à produção; c) Emissão de ordens de produção: toma providências para ter a tempo todas as peças componentes e produtos necessários ao programa de produção; d) Programação das ordens de fabricação: verifica a viabilidade de atendimento das ordens de fabricação; 5 e) Movimentação das ordens de fabricação: Responsável pelo fluxo das informações do que
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