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ALAN CESAR MENEGUETI 
GUSTAVO TAKESHI TANAHASHI
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
LONDRINA
2016
ALAN CESAR MENEGUETI
GUSTAVO TAKESHI TANAHASHI
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
 Trabalho apresentado à disciplina de Teoria Geral do Processo, ministrada pela Prof.ª M.ª Sandra Cristina Martins Nogueira Guilherme de Paula, como parte de requisito avaliativo do 4º bimestre do corrente ano letivo do curso de Direito, 2º ano noturno, turma 32-A. 
LONDRINA
2016
	
Ministério Público
Conceito
O acesso à justiça é considerado como um dos valores fundamentais da democracia. Por isso, pode-se considerar que esse acesso deve estar efetivamente ao alcance de todos os cidadãos, independentemente da diversificação sócio cultural que o Brasil se encontra.
Devido a essa diversidade, existe a necessidade de se assegurar um adequado equilíbrio tanto na fase pré-processual como dentro da própria relação processual. É dessa necessidade que surge o Ministério Público.
O Ministério Público é uma instituição estatal dotada de autonomia e independência funcional, que tem a finalidade de cooperar nas atividades governamentais e é considerado por muitos como o quarto Poder (além do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário) por não estar englobado em nenhum deles.
Destinado constitucionalmente à defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, o Ministério Público tanto tem a iniciativa de algumas ações, como a intervenção em outras.
O artigo 127 caput da Constituição Federal de 1988 nos traz: “O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais disponíveis.”.
Além da Constituição, alguns dispositivos legais também coordenam o Ministério Público. São eles: Lei nº 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público); Lei Complementar nº 75/93 (Lei Orgânica do Ministério Público da União); além das leis complementares estaduais, onde cada Estado elabora a sua.
História do Ministério Público
Ainda não se existe um consenso sobre o surgimento do Ministério Público. Alguns doutrinadores citam o Egito Antigo, na figura do magiaí, que era um funcionário real que tinha o dever de proteger os cidadãos do bem e reprimir, castigando os “rebeldes”.
Outros defendem o surgimento do Ministério Público na Antiguidade Clássica, na Idade Média ou no Direito Canônico.
Porém, a maioria da doutrina aceita que o Ministério Público surgiu no direito francês, na figura dos “Procuradores do Rei”, que prestavam o mesmo juramento dos juízes no sentido de estarem proibidos de exercer outras funções e patrocinar outras causas, senão as de interesse do Rei.
Também se pode citar a influencia do direito português, com grande influência da origem do Ministério Público brasileiro, através das ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas.
No Brasil, conforme a evolução das constituições, o Ministério Público também foi se desenvolvendo para então se fortalecer até a nossa atual Constituição, promulgada no ano de 1988.
A Constituição de 1824 não fez menção ao Ministério Público, mas, em seu artigo 48, citou o “Procurador da Coroa e Soberania Nacional”, que tinha a atribuição de acusação nos crimes que não pertencessem à Câmara dos Deputados.
Após a Proclamação da República, no Decreto nº 848 de 11/10/1890, o Ministério Público foi citado pela primeira vez como instituição, na organização da Justiça Federal. Já na Constituição de 1891, houve uma citação “tímida” tratando do Procurador Geral da República, cujas atribuições deveriam ser definidas em lei, havendo somente uma previsão na Constituição, qual seja a possibilidade de requerer, de ofício e a qualquer tempo, a revisão criminal.
O Ministério Público adquire verdadeiro status constitucional em 1934 como órgão de cooperação nas atividades governamentais, destacando-se por uma série de regras.
Com a Constituição de 1946, o Ministério Público ganhou um destaque especial, disciplinado em título especial.
As regras da Constituição foram mantidas e em 1967, houve a previsão de que a União seria representada em juízo pelos Procuradores da República, podendo a lei cometer esse encargo, nas Comarcas do interior, ao Ministério Público local.
A emenda constitucional nº 1/69 manteve o Ministério Público atrelado aos Poderes. Contudo, em vez de inseri-lo em seção dentro do capítulo Judiciário, fixou a carreira do MP no capítulo do Poder Executivo.
Com a Constituição de 1988, consagrou-se a evolução do Ministério Público, separando-o dos Poderes e o alocando no capítulo que trata das funções essenciais à Justiça. O MP foi elevado à posição de instituição permanente e desatrelado, de vez, da representação judicial da União, ficando vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas, ficando essa atribuição nas mãos da advocacia pública.
Funções do Ministério Público
A Constituição Federal de 1988 ampliou sobremaneira as funções do Ministério Público, transformando-o em um verdadeiro defensor da sociedade, tanto no campo penal com a titularidade exclusiva da ação penal pública quanto no campo cível como fiscal dos demais Poderes Públicos e defensor da legalidade e moralidade administrativa, inclusive com a titularidade do inquérito civil e da ação civil pública.
Tais funções estão dispostas no artigo 129 da CF/88. É um rol meramente exemplificativo, que, em seu inciso IX estabelece que compete, ainda, ao MP exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade.
Ao MP cabe a titularidade e monopólio da ação penal pública, na forma da lei, com a única exceção prevista no artigo 5º, LIX, que admite ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for internada no prazo legal.
Também deve zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia.
É função do MP promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos na Constituição; defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva.
Além dessas, deve exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo 128; requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
As referidas funções institucionais só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do Chefe da Instituição.
A forma de ingresso para as funções do MP se dá por meio de concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica.
Outras funções podem ser previstas (norma de encerramento), tanto em nível federal, quanto em nível estadual, inclusive pelas Constituições estaduais e pelas diversas leis orgânicas dos Estados-membros, desde que adequadas à finalidade constitucional do Ministério Público, independentemente de previsão normativa complementar ou ordinária.
A total impossibilidade de legislação municipal estabelecer atribuições ao membro do Ministério Públicoem atuação no Município, inclusive no que disser respeito à participação obrigatória em Conselhos Municipais, uma vez que somente leis federais e estaduais poderão estabelecer essas atribuições, sempre compatíveis com sua finalidade constitucional.
Ademais, além de garantidor e fiscalizador da Separação dos Poderes, o legislador constituinte conferiu ao Ministério Público funções de resguardo ao status constitucional dos indivíduos, armando-o de garantias que possibilitassem o exercício daquelas e a defesa destes. 
Assim, não podemos nos esquecer de que a proteção ao status constitucional do indivíduo, em suas diversas posições, hoje, também é função do Ministério Público, que deve preservá-lo. Uma das posições do status constitucional corresponde à esfera de liberdade dos direitos individuais, permitindo a liberdade de ações, não ordenadas e também não proibidas, garantindo-se um espectro total de escolha, ou pela ação ou pela omissão. São os chamados status negativos. Outra posição coloca o indivíduo em situação oposta à da liberdade, em sujeição ao Estado, na chamada esfera de obrigações; é o status passivo. O status positivo, por sua vez, permite que o indivíduo exija do Estado a prestação de condutas positivas, ou seja, reclame para si algo que o Estado estará obrigado a realizar. Por fim, temos o status ativo, pelo qual o cidadão recebe competências para participar do Estado, com a finalidade de formação da vontade estatal, como é o caso do direito de sufrágio. Conclui-se, portanto, que a teoria dos status evidencia serem os direitos fundamentais um conjunto de normas jurídicas que atribuem ao indivíduo diferentes posições frente ao Estado, cujo zelo também é função do Ministério Público.
Portanto, garantir ao indivíduo a fruição total de todos os seus status constitucionais, por desejo do próprio legislador constituinte, que em determinado momento histórico entendeu fortalecer a Instituição, dando-lhe independência e autonomia, e a causa social para defender e proteger é também função do Ministério Público, juntamente com os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
Organização do Ministério Público
Na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 128, inciso I, trata do Ministério Público da União, enquanto o inciso II, do Ministério Público dos Estados.
Existe um Ministério Público que atua na “justiça comum”, no caso, tanto a Federal (Ministério Público Federal- artigo 109, CF/88) como a Estadual (Ministério Público Estadual), bem como aquele que atua perante os ramos especializados da Justiça Federal, quais sejam, o Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e também na Justiça Eleitoral.
Também há uma ampla aproximação entre os Estados e o DF, a previsão do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios como ramo do MP da União, que segundo o artigo 21, XIII, será organizado e mantido pela União.
Ministério Público Federal
O Ministério Público Federal atua na Justiça Federal, em causas nas quais a Constituição considera haver interesse federal. A atuação pode ser judicial como fiscal da lei, cível e criminal, mas também pode ser extrajudicial, quando atua por meio de recomendações e promove acordos por meio dos Termos de Ajuste de Conduta.
O Ministério Público tem legitimidade para intervir no processo eleitoral, atuando em todas as fases: inscrição dos eleitores, convenções partidárias, registro de candidaturas, campanhas, propaganda eleitoral, votação, diplomação dos eleitos. A intervenção do MP também ocorre em todas as instâncias do judiciário, em qualquer época, e pode ser como parte ou fiscal da lei.
O Ministério Público eleitoral não tem estrutura própria: é composto por membros do Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual. O procurador-geral da República exerce a função de procurador-geral Eleitoral perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e indica membros para também atuares no TSE e nos Tribunais Regionais Eleitorais. Os promotores eleitorais são promotores de justiça que exercem as funções por delegação do MPF.
De acordo com a Lei Complementar nº 75 de1993, o Ministério Público Federal possui oito órgãos, responsáveis pelo desenvolvimento de atividades administrativas e execução das funções do MPF. São eles: Procurador-geral da República, Colégio de Procuradores da República, Conselho Superior do Ministério Público Federal, Conselho Institucional do MPF, Câmaras de Coordenação e Revisão do MPF, Corregedoria, Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos, Ouvidoria e Procuradores.
Ministério Público do Trabalho
O Ministério Público do Trabalho (MPT) é o ramo do MPU que tem como atribuição fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhista quando houver interesse público, procurando regularizar e mediar as relações entre empregados e empregadores. Cabe ao MPT promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados direitos sociais constitucionalmente garantidos aos trabalhadores. Também pode manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, quando entender existente interesse público que justifique. O MPT pode ser árbitro ou mediador em dissídios coletivos e pode fiscalizar o direito de greve nas atividades essenciais.
Compete, ainda, ao MPT propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes e índios, decorrentes de relações de trabalho, além de recorrer das decisões da Justiça do Trabalho tanto nos processos em que for parte como naqueles em que oficie como fiscal da lei.
Assim como os demais ramos do MP, o MPT exerce importante papel na resolução administrativa (extrajudicial) de conflitos. A partir do recebimento de denúncias, representações, ou por iniciativa própria, pode instaurar inquéritos civis e outros procedimentos administrativos, notificar as partes envolvidas para que compareçam a audiências, forneçam documentos e outras informações necessárias.
Para cumprir suas atribuições o MPT dispõe de uma estrutura, que inclui diversos órgãos responsáveis pelo desenvolvimento de atividades administrativas e pela eficaz execução das funções fins: Procurador-Geral; Procuradorias Regionais; Conselho Superior; Câmara de Coordenação e Revisão; Corregedoria Geral, Ouvidoria e o Colégio de Procuradores.
Ministério Público Militar
O MPM atua na apuração dos crimes militares, no controle externo da atividade policial judiciária militar e na instauração do inquérito civil objetivando: a proteção, a prevenção e a reparação de dano ao patrimônio público, ao meio ambiente e aos bens e direitos de valor histórico e cultural; a proteção dos interesses individuais indisponíveis, difusos e coletivos; a proteção dos direitos constitucionais no âmbito da administração militar.
Ao Ministério Público Militar, compete consoante o artigo 116 da LC 75/93, o exercício das seguintes atribuições perante os Órgãos da Justiça Militar: promover, privativamente, a ação penal pública; promover a declaração de indignidade ou de incompatibilidade para o oficialato; manifestar-se em qualquer fase do processo, acolhendo solicitação do juiz ou por si a iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção.
Incumbe-lhe, ainda: requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial-militar, podendo acompanhá-los e apresentar provas; exercer o controle externo da atividade da polícia judiciária militar.
São órgãos do Ministério Público Militar: Procurador-Geral de Justiça Militar; Colégio de Procuradores de Justiça Militar; Conselho Superior do Ministério Público Militar; Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Militar; Corregedoria do Ministério Público Militar; Subprocuradores-Gerais de Justiça Militar; Procuradores de Justiça Militar; Promotores de Justiça Militar.
Princípios do Ministério Público
Estão previstos, na Constituição Federal, os princípios da unidade, a indivisibilidade, a independência funcional e o princípio do promotor natural.Princípio da Unidade
Sob a égide de um só Chefe, o MP deve ser vista como uma instituição única, sendo a divisão existente meramente funcional. Porém, a unidade se encontra dentro de cada órgão, não podendo entender como unidade entre MP da União e o dos Estados, nem entre seus ramos.
Princípio da Indivisibilidade
O Ministério Público é uno porque seus membros não se vinculam aos processos nos quais atuam, podendo ser substituídos uns pelos outros de acordo com as normas legais. Importante ressaltar que a indivisibilidade resulta em verdadeiro corolário do princípio da unidade, pois o Ministério Público não se pode subdividir em vários outros Ministérios Públicos autônomos e desvinculados uns dos outros.
Princípio da Independência Funcional
Trata-se de autonomia e convicção, na medida em que os membros do Ministério Público não se submetem a nenhum poder hierárquico no exercício de seu poder, podendo agir, no processo, da maneira que melhor entenderem. A hierarquia existente restringe-se às questões de caráter administrativo, materializada pelo Chefe da Instituição, mas nunca, de caráter funcional. Em seu artigo 85, II; a Constituição Federal considera crime de responsabilidade qualquer ato do Presidente da República que atentar contra o livre exercício do Ministério Público.
Princípio do Promotor Natural
O Plenário do Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência do presente princípio por maioria de votos, no sentido de proibirem-se designações casuísticas efetuadas pela chefia da Instituição, que criariam a figura do promotor de exceção, em incompatibilidade com a Constituição Federal, que determina que somente o promotor natural é que deve atuar no processo, pois ele intervém de acordo com seu entendimento pelo zelo do interesse público, garantia esta destinada a proteger, principalmente, a imparcialidade da atuação do órgão do Ministério Público, tanto em sua defesa quanto essencialmente em defesa da sociedade, que verá a Instituição atuando técnica e juridicamente.
É inadmissível, portanto, após o advento da Constituição Federal, regulamentada pela Lei na 8.625/93, que o Procurador-geral faça designações arbitrárias de Promotores de Justiça para uma Promotoria ou para as funções de outro Promotor, que seria afastado compulsoriamente de suas atribuições e prerrogativas legais, porque isto seria ferir a garantia da inamovibilidade prevista no texto constitucional. Esta inamovibilidade é ampla, protegendo o cargo e a função, pois seria um contrassenso ilógico subtrair as respectivas funções aos próprios cargos.
O próprio art. 10 da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público afasta qualquer possibilidade de designações arbitrárias, prevendo somente competir, excepcionalmente, ao Procurador-Geral a designação de membro do Ministério Público para acompanhar inquérito policial ou diligência investigatória, devendo, porém, recair a escolha sobre o membro do Ministério Público com atribuição para, em tese, oficiar no feito, segundo as regras ordinárias de distribuição de serviços, para assegurar a continuidade dos serviços, em caso de vacância, afastamento temporário, ausência, impedimento ou suspeição de titular de cargo, ou com consentimento deste, para, por ato excepcional e fundamentado, exercer as funções processuais afetas a outro membro da Instituição, submetendo sua decisão previamente ao Conselho Superior do Ministério Público.
Observe-se, ainda, a expressa proibição constitucional de nomeação de membro do Ministério Público ad hoc, pois, nos termos do art. 129, § 2a, da Constituição Federal, as funções de Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão, nos termos da EC na 45/04, residir na Comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição.
Garantias do Ministério Público
As garantias constitucionais do Ministério Público foram lhe conferidas pelo legislador constituinte objetivando o pleno e independente exercício de suas funções e podem ser divididas em garantias institucionais e garantias aos membros. Tão importante este objetivo, que a Constituição Federal considera crime de responsabilidade do Presidente da República a prática de atos atentatórios do livre exercício do Ministério Público.
As garantias e prerrogativas dos membros do Ministério Público, do mesmo modo que as imunidades parlamentares e os predicamentos da magistratura, não são privilégios nem quebram o princípio da isonomia. É essa a razão pela qual se pode falar da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos dos promotores e dos juízes como prerrogativas visando à defesa do Estado democrático de Direito e dos direitos fundamentais.
Garantias Institucionais
Autonomia Funcional
A autonomia funcional, inerente à instituição como um todo e abrangendo todos os órgãos do Ministério Público, está prevista no artigo 127, §2º da CF/88, no sentido de que, ao cumprir os seus deveres institucionais, o membro do MP não se submeterá a nenhum outro “poder”, órgão ou autoridade pública. Deve obediência somente à Constituição Federal, às leis e à sua própria consciência.
Autonomia Administrativa
Diz que cada órgão possui capacidade própria para a direção, autogestão e autoadministração. Observando o disposto no artigo 169 da CF/88, o MP poderá propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira.
Autonomia Financeira
A autonomia financeira do MP dá-se dentro dos limites constitucionais, sem prejuízo da submissão da instituição a um sistema de controle externo para fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação de dotações e recursos próprios e renúncia de receitas, a ser exercida pelo poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas. 
Garantias dos membros do Ministério Público
Irredutibilidade de subsídios
A garantia de irredutibilidade de subsídios visa a assegurar o padrão remuneratório condigno para os integrantes do MP. A finalidade é múltipla: busca-se não só recrutar bons promotores e mantê-los na carreira, como assegurar condições adequadas para que os membros e a própria instituição não comprometam seu ofício em barganhas remuneratórias com as autoridades governamentais; além disso, a precária remuneração pode levar ao endividamento de seus agentes, ao exercício absorvente de atividades paralelas, afora outros riscos indesejáveis de toda a natureza.
As garantias remuneratórias precisam ser efetivas, principalmente para evitar que, sob forte inflação, a instituição e seus agentes sejam tentados a trocar aumentos remuneratórios por uma atuação politicamente comprometida com os governantes.
Vitaliciedade
A vitaliciedade de alguns agentes públicos foi concebida como garantia contra o Poder Executivo: a demissão do servidor vitalício supõe sentença judicial.
Como regra geral, a vitaliciedade é garantia em face dos governantes; no MP, passou também a ser garantia em face da própria instituição, que não mais pode demitir seus membros vitalícios a não ser mediante o devido processo judicial. Assim, o membro vitalício do MP somente perderá o cargo por sentença judicial transitada em julgado, proferida em ação civil própria, nos seguintes casos: prática de crime incompatível com o exercício do cargo, após decisão judicial transitada em julgado; exercício da advocacia e abandono do cargo por prazo superior a trinta dias corridos.
A ação civil pública para a decretação da perda do cargo será proposta pelo procurador-geral de Justiça perante o Tribunal de Justiça local, após a autorização do Colégio de Procuradores, na forma da lei orgânica local.
Inamovibilidade
É considerada como a impossibilidade de remover o agente público de seu cargo, a não ser em casos específicos e assegurada ampla defesa (garantia contra a chamada remoção compulsória).
Overdadeiro fundamento da inamovibilidade não repousa apenas na impossibilidade de afastar o membro do MP do seu cargo, mas também e principalmente visa a proteger suas funções. Não se admite, sob pena de burla ao preceito constitucional, subsistam as designações discricionárias e ilimitadas do procurador-geral, inclusive para que promotores e procuradores de justiça oficiem em feitos escolhidos caso a caso, pois que na verdade tais designações subtraem as atribuições legais do promotor do feito, para, em seu lugar, oficiar outro da escolha e da confiança do procurador-geral.
Vedações constitucionais
É vedado ao membro do Ministério Público:
Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
Exercer a advocacia: o Conselho Nacional do Ministério Público editou a Resolução nº 8, de 8 de maio de 2006, dispondo sobre os impedimentos e vedações ao exercício de advocacia por membros do Ministério Público, nos termos do § 3º, do art.29 do ADCT. Em regra, é absolutamente vedado aos membros do Ministério Público exercer a advocacia, excepcionando-se, somente, aqueles que integravam a carreira na data da promulgação da Constituição Federal de 1988 e que, desde então, permanecem regularmente inscritos na OAB (art.1º). A resolução nº 8/2006 determinou, ainda, em seu art.2º, que, além dos impedimentos e vedações previstos na legislação que regula o exercício da advocacia pelos membros do Ministério Público, estes não poderão fazê-lo nas causas em que, por força de lei ou em face do interesse público, esteja prevista a atuação do Ministério Público, por qualquer dos seus órgãos e ramos (Ministérios Públicos dos Estados e da União).
Participar de sociedade comercial, na forma da lei;
Exercer, ainda que em indisponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
Exercer atividade político-partidária
Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
Exercer a advocacia ou juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
Vedação ao exercício da política partidária
A EC nº45/04 alterou a relação dos membros do Ministério Público com a atividade político partidária, passando a proibi-la de forma absoluta, sem qualquer exceção, como anteriormente possível.
Essa nova vedação passou a constituir causa absoluta de inelegibilidade – assim como já existente aos magistrados, pois os membros do Ministério Público não poderão filiar-se a partidos políticos, nem tampouco disputar qualquer cargo eletivo, salvo se estiverem aposentados ou exonerados, independentemente do ingresso ter sido após a EC nº 45/04 ou entre essa e a promulgação do texto constitucional.
Antes da EC nº 45/04, entendia o TSE que a legislação havia excluído ‘ a filiação partidária da vedação de exercício de atividade político-partidária imposta aos membros do Ministério Público”, concluindo que, “a fortiori, não há qualquer razão para dispensá-los do prazo peremptório a todos imposto para a satisfação, nos termos da lei, da correspondente condição de elegibilidade.
Vedação ao exercício de qualquer outra função pública, salvo uma de magistério
	Ao membro do Ministério Público é vedado exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério, pois conforme destacado pelo Supremo Tribunal Federal,”o afastamento de membro do Parquet para exercer outra função pública viabiliza-se apenas nas hipóteses de ocupação de cargos na administração superior do próprio Ministério Público. Os cargos de Ministro, Secretário de Estado ou do Distrito Federal, Secretário de Município da Capital ou Chefe de Missão Diplomática não dizem respeito a administração do Ministério Público, ensejando, inclusive, se efetivamente exercidos, indesejável vínculo de subordinação de seus ocupantes com o executivo.
O Conselho Nacional do Ministério Público determinou que todos os membros da Instituição que se encontrem afastados irregularmente se ajustem até dezembro de 2006.
O exercício da docência, em qualquer hipótese, somente será possível se houver compatibilidade de horário com o do exercício das funções ministeriais.
Da impossibilidade de supressão ou alteração das funções, garantias e prerrogativas constitucionais do Ministério Público
Assim, se é verdade que no regime democrático da República Federativa do Brasil os Poderes do Estado são o Executivo, o Legislativo e o Judiciário (art.2º, CF), todos autônomos entre si; não menos verdade que “o mínimo irredutível de uma autêntica Constituição deve conter regras de separação de poderes: um mecanismo de cooperação e controle desses poderes ‘checks and balances ‘; um mecanismo para evitar bloqueios respectivos entre os diferentes detentores de funções do poder...”.
Desta forma o legislador constituinte criou, dentro do respeito a teoria dos ‘freios e contrapesos” (checks and balances), um órgão autônomo e independente deslocado da estrutura de qualquer dos Poderes do Estado, um verdadeiro fiscal da perpetuidade da federação, da Separação de Poderes, da legalidade e moralidade pública, do regime democrático e dos direitos e garantias individuais: o Ministério Público.
EC nº 45/04 e Conselho Nacional do Ministério público
O Conselho será composto por 14 membros, cuja maioria (8) é composta por membros do próprio Ministério Público, e pode ser dividido da seguinte forma: membros do Ministério Público, membros do Judiciário, membros da advocacia e membros da sociedade escolhidos pelo Legislativo:
Membros do Ministério Público:
- o Procurador-Geral da República.
- quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas carreiras. A Lei nº 11.372, de 28 de novembro de 2006, fixou que a escolha dos membros do CNMP oriundos do Ministério Público da União será realizada pelo Procurador-Geral de cada um dos ramos, a partir de lista tríplice composta por membros com mais de 35 anos de idade que já tenham completados mais de 10 anos na respectiva carreira.
Membros do Poder Judiciário:
- dois juízes, indicados pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça.
Membros da Advocacia:
- dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
Membros da sociedade escolhidos pelo Legislativo:
- dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
Ministério Público junto aos Tribunais de Contas
O art.73, § 2º, 1, da Constituição Federal prêve a existência de um Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, sendo que em seu art.130, a Carta Maior determina que aos membros desse Ministério Público devem ser aplicados os direitos, vedações e forma de investidura previstas aos demais membros do Ministério Público.
Defensoria Pública
A Constituição Federal de 1988 trouxe em seu artigo 134, a criação, instalação e funcionamento da Defensoria Pública, como instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo- -lhe a orientação jurídica e a defesa em todos os graus e gratuitamente dos necessitados.
O Defensor é um agente político de transformação social. Não integra a advocacia, pública ou privada, e tem independência funcional no exercício de sua função. A Defensoria Pública não integra formalmente o executivo, embora dele dependa financeiramente.
O Congresso Nacional, através de Lei Complementar (LC nº 80, de 12/1/1994 e 132, de 7/10/2009), organiza a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreve normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.
Nos termos do art. 22 doADCT, o texto constitucional assegurou, de forma excepcional e taxativa, aos defensores públicos investidos na função até a data de instalação da Assembleia Nacional Constituinte o direito de opção pela carreira, com a observância das garantias e vedações previstas no art. 134, parágrafo único, da Constituição.
A EC na 45/04 fortaleceu as Defensorias Públicas Estaduais, assegurando-lhes autonomia funcional e administrativa, não sendo, portanto, possível sua subordinação administrativa aos Governadores estaduais ou quaisquer de seus órgãos e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias.Essas garantias, inclusive quanto à autonomia em relação ao chefe do Poder Executivo, foi estendida às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal pela EC ne 74, de 6 de agosto de 2013.
A autonomia da Defensoria Pública impossibilita a determinação de convênio obrigatório com a OAB. Como destacou o STF, a Constituição Federal veda a ideia de monopólio da OAB, da mesma forma que incentiva a ideia de convênios, se forem necessários para o cumprimento de sua função constitucional, porém com a coordenação da própria Defensoria Pública.
Funções da Defensoria Pública
No exercício da função típica, a Defensoria Pública, antes de prestar assistência ao requerente, averigua, dentro da independência funcional de cada defensor e das normas internas da instituição, a presença do requisito da necessidade econômica. Uma vez deferida a assistência ao hipossuficiente, o órgão irá tomar todas as providências cabíveis para a efetiva proteção do direito em questão. Nestes casos, quando houver atuação no processo judicial, será requerida ao juízo a concessão do benefício da Justiça Gratuita. Ou seja, além de não pagar para contratar um advogado (será representado pela Defensoria Pública), a parte estará dispensada de arcar com as despesas processuais (gratuidade judiciária).
Por outro lado, apesar de a assistência aos necessitados ser a função primordial e mais corriqueira da atuação da Defensoria Pública, ela também possui atribuições que extrapolam a defesa dos hipossuficientes econômicos, o que configura a função atípica do órgão. A atuação nas funções atípicas prescinde da análise da condição financeira da pessoa e se justifica pela necessidade de defesa daqueles que se encontram em estado de vulnerabilidade – necessitados organizacionais e/ou processuais.
Entende-se que a previsão do artigo 134 da Constituição Federal não é taxativa, mas, pelo contrário, institui uma atribuição mínima compulsória à Defensoria Pública, o que não impede que outras funções de interesse social possam lhe ser conferidas.  Além disso, fazendo-se uma interpretação sistemática e ampliativa dos termos “insuficiência de recursos” e “necessitados” previstos na Constituição Federal, pode-se entender que todos aqueles que estejam em situação de vulnerabilidade processual precisam da atuação da Defensoria Pública.
Exemplos clássicos da função atípica são a defesa do réu revel no processo penal e a atuação na qualidade de curador especial no processo civil. Em ambos os casos, o órgão é investido na função de garantir o contraditório e a ampla defesa efetivamente, em socorro aos vulneráveis processuais, independentemente da renda da parte assistida.
	
Referências Bibliográficas
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
MAZZILLI, Hugo Nigro. O acesso à justiça e o ministério público. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 1998. 
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 26 ed. São Paulo: Atlas,2010.

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