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DIREITO CONSTITUCIONAL II PODER LEGISLATIVO SEPARAÇÃO DE PODERES -Ideia central: descentralização de poder pulverização do poder oposição ao Estado absolutista base do poder pela vontade soberana do povo -Técnica criada para garantia dos direitos fundamentais -Pedra de toque da democracia liberal -Crítica: mecanismo criado com lastro nas ideias liberais, portanto para manutenção do poder da elite econômica do momento – Eros Grau -Hoje: necessidade de releitura da separação de poderes no Estado Contemporâneo – Bruce Ackerman -Teórico referencial: Montesquieu -Obra: O Espírito das Leis -Plano dogmático original: Declaração EUA 1776 Declaração francesa 1789 -Plano dogmático brasileiro: Artigo 2º CF/88 – separação dos poderes INDEPENDENTES e HARMÔNICOS -Não há exatamente uma separação de poderes, mas sim uma separação de funções -Como? Pois o poder é SOBERANO, assim, não aceita divisão -A separação não é rígida, ela é preponderante, ou seja, não há uma função exclusiva, pois do contrário se tem ditadura de cada poder -Montesquieu traça uma crítica às formas de governo postas até o momento, para dizer que não basta identificar a base do poder, é preciso impedir que ele se torne ilegítimo, pois a partir das revoluções liberais a fonte do poder é a vontade soberana do povo -Ao lado da separação dos poderes ele cria o sistema de freios e contrapesos, chamado pelos americanos de doutrina CHECKS AND BALANCES, com lastro no raciocínio de que somente o poder pode conter o próprio poder -A partir de então o princípio da separação dos poderes torna-se um dogma constitucional para os Estados da modernidade -Corolário da separação dos poderes é o princípio da legalidade -A separação dos poderes para nós é estudada primeiramente em uma dimensão vertical (federalismo), e agora em uma dimensão horizontal (Legislativo, Executivo e Judiciário), nesta ordem por uma questão de justificativa histórica, pois houve uma homenagem à atividade do Legislador, em razão do princípio da legalidade para equação de estabilidade, bem como proteção do PATRIMÔNIO INTRODUÇÃO AO PODER LEGISLATIVO PODER LEGISLATIVO DA UNIÃO É EXERCIDO PELO CONGRESSO NACIONAL CONGRESSO NACIONAL CÂMARA DOS DEPUTADOS SENADO FEDERAL ORGANIZAÇÃO DO PODER LEGISLATIVO -Essa estrutura decorre da característica da federação, BICAMERALISMO, onde o Poder Legislativo federal (Congresso Nacional) fica dividido em duas casas, uma para representação do povo (Câmara dos Deputados) e uma para representação dos estados-membros e do distrito federal (Senado Federal) -Inspiração no federalismo EUA, lembrando que o município passou a ser ente federativo a partir de 1988, portanto revela-se em peculiaridade do federalismo brasileiro, porém, não possui representatividade no Poder Legislativo federal ORGANIZAÇÃO DO PODER LEGISLATIVO -Plano dogmático para organização do Poder Legislativo: Congresso Nacional: artigo 44 CF/88 Câmara dos Deputados: artigo 45 CF/88 Senado Federal: artigo 46 CF/88 Regra de quórum: artigo 47 CF/88 CÂMARA DOS DEPUTADOS -Sistema proporcional em cada estado e DF -Limite: mínimo de 8 e máximo de 70 -Quociente eleitoral e quociente partidário -Territórios federais: 4 deputados federais -Mandato de 4 anos, correspondente o período da legislatura federal -Suplência dos Deputados Federais -A composição da Câmara dos Deputados é feita pelo sistema proporcional, isso significa que referida composição se dará proporcionalmente ao quantitativo da população de cada estado ou DF, porém, sempre deverá ser respeitado o número mínimo de 8 e máximo de 70 -Artigo 45, caput e §1º da CF/88 -Hoje o total é de 513 Deputados Federais -Lei Complementar estabelecerá, com base no censo (LC nº 78 de 1993) ACRE 8 PERNAMBUCO 25 ALAGOAS 9 PIAUÍ 10 AMAZONAS 8 PARANÁ 30 AMAPÁ 8 RIO DE JANEIRO 46 BAHIA 39 RIO GRANDE DO NORTE 8 CEARÁ 22 RONDÔNIA 8 DISTRITO FEDERAL 8 RORAIMA 8 ESPÍRITO SANTO 10 RIO GRANDE DO SUL 31 GOIÁS 17 SANTA CATARINA 16 MARANHÃO 18 SERGIPE 8 MINAS GERAIS 53 SÃO PAULO 70 MATO GROSSO DO SUL 8 TOCANTINS 8 PARÁ 17 PARAÍBA 12 -Quanto mais populoso o estado, maior será o número de vagas para Deputado Federal do estado -Porém, só isso não explica o sistema proporcional, é preciso entender o que significa quociente eleitoral e quociente partidário (lei 9.504/97) -Quociente (resultado de uma divisão) eleitoral= identifico o número total dos votos válidos de todos os partidos (votos que não foram em branco e nem nulos/lembrar que computam os votos feitos de forma direta nos candidatos e os feitos só na legenda dos partidos ) em uma eleição e divido pelo número de vagas existente para Deputado Federal naquele estado -Exemplo: estado-membro A tem direito a 10 vagas e teve 1.000 votos válidos (lembrando que aqui se somam os votos diretos nos candidatos e ainda os votos feitos só na legenda), portanto divido os votos válidos (1.000) pelo número de vagas para DF naquele estado (10/número este que TSE determinou), assim, terei o resultado de 100, este é o QE. QE=100 -E daí? -Só terá direito a vaga de DF, o DF ou a legenda do partido que tenha alcançado o mínimo de 100 votos -É preciso ainda calcular o QP, para saber qual será o número de candidatos por partido que terá direito dentre as vagas existentes -QP= identifico o número total de votos válidos que determinado partido teve e divido esse número pelo QE, ou seja, por exemplo, vamos pensar que o PT tenha tido dentre os seus votos válidos o quantitativo de 700, divido 700 por 100 que é o QE, portanto terei o resultado de 7 -Assim, 7 será o número de vagas que o PT terá direito de colocar como Deputados Federais -Faço todas essas contas para saber quantos deputados federais serão eleitos por cada partido, esse sistema existe para priorizar a proteção, a voz das minorias dentro de uma democracia plural (regime de governo) com um presidencialismo de coalizão com vários partidos (sistema de governo) -Os territórios terão sempre o número de 4 deputados federais – artigo 45, §2º CF/88 -O mandato dos deputados federais é de 4 anos, que corresponde ao período de uma legislatura – artigo 44, parágrafo único CF/88 -Suplência dos Deputados Federais seguirá a ordem estabelecida para cada partido a partir do QP (quociente partidário) SENADO FEDERAL -Sistema majoritário -Mandato de 8 anos -Cada estado elege 3 Senadores -Renovação de 4 em 4 anos, alternadamente sempre por 1/3 e 2/3 -Suplência dos Senadores Federais -Sistema majoritário significa que quem fizer mais votos é eleito, conforme o artigo 46, caput CF/88 -O mandato será sempre de 8 anos e cada estado possui 3 vagas de Senadores (artigo 46, §1º CF/88), essa diferença com relação aos DF justifica-se em razão do federalismo como forma de Estado, pois como o Senado representa os estados, é necessário um equilíbrio entre os entes federativos -Senado possui a composição de 81 Senadores -PORÉM, mesmo o mandato sendo de 8 anos, a sua renovação se dará sempre de 4 em 4 anos, MAS, de forma alternada de 1/3 (1 senador) e 2/3 (2 senadores) – artigo 46, §2º CF/88 -A suplência dos Senadores se dá por chapa, poisquando o candidato se inscreve para o pleito ele indica o 1º e o 2º suplentes, portanto a suplência é por indicação do candidato ou do partido – artigo 46, §3º CF/88 QUADRO COMPARATIVO ENTRE CÂMARA DOS DEPUTADOS E SENADO FEDERAL Câmara dos Deputados Senado Federal -Representantes do povo -Representantes dos estados/DF -Sistema proporcional -Sistema majoritário -513 membros -81 membros -Mandato de 4 anos -Mandato de 8 anos -Renovação a cada 4 anos -Renovação a cada 4 anos por 1/3 e 2/3 -Idade mínima 21 anos -Idade mínima 35 anos (artigo 14, §3º CF/88) (artigo 14, §3º CF/88) REGRA DO ARTIGO 47 CF/88 -O artigo 47 da CF/88 estabelece a REGRA para o procedimento ordinário do processo legislativo (comum, padrão) -Estabelece como se darão as deliberações das casas legislativas e de suas comissões -Quórum de instalação – maioria absoluta -Quórum de votação – maioria relativa (simples) -Maioria absoluta: 50% até o próximo número inteiro do total dos membros -Maioria relativa: 50% até o próximo número inteiro do total dos presentes -Antes de iniciada a sessão o Presidente da Mesa realiza a “chamada” (eletrônica) dos parlamentares para identificar se há quórum suficiente para instalação da sessão para votação FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR 1. Legislatura 2. Sessão legislativa -Sessão legislativa ordinária -Sessão legislativa preparatória -Sessão legislativa extraordinária -Sessão legislativa unicameral -Sessão legislativa bicameral -Sessão legislativa conjunta 3. Mesas: conceito e composição 4. Comissões 5. Função legislativa típica e atípica 1. LEGISLATURA -LEGISLATURA: -Conforme a regra do artigo 44, parágrafo único CF/88 – é o período de 4 anos que corresponde ao período do mandato dos deputados federais 2. SESSÃO LEGISLATIVA -SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA: -Conforme a regra do artigo 57, caput CF/88 é o período de trabalho do Congresso Nacional que compreendido entre: -02 de fevereiro até 17 de julho e -1º de agosto até 22 de dezembro ATENÇÃO: o período que não está compreendido neste prazo é RECESSO DO CONGRESSO NACIONAL 2. SESSÃO LEGISLATIVA -SESSÃO CONJUNTA: -Conforme o artigo 57, §3º CF/88, são situações nas quais as duas casas legislativas se reunirão para discussão, deliberação, mas sua votação será feita de forma separada -Inaugurar sessão legislativa, elaborar regimento comum, receber compromisso de posse do PR e VICE-PR, derrubar veto do PR -SESSÃO LEGISLATIVA PREPARATÓRIA: -Conforme a regra do artigo 57, §4º CF/88, de 4 em 4 anos, ou seja, no primeiro ano de cada legislatura, quando da posse dos membros do CN, as casas legislativas se reunirão no dia 1º de fevereiro. -A sessão legislativa preparatória se destina à posse dos membros do Congresso Nacional e eleição das Mesas -SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA: -Conforme o artigo 57, §6º CF/88, sessão legislativa extraordinária são as sessões legislativas que ocorrerem fora do período da sessão ordinária -Intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio, compromisso de posse do PR e do VICE-PR, urgência ou interesse público (ATENTAR AQUI SITUAÇÕES QUE SÃO CLÁUSULAS ABERTAS – CANAL PARA RAZÕES DE ESTADO) -É vedada a remuneração para o parlamentar que comparece à sessão extraordinária e nessa sessão somente se delibera acerca da matéria sobre a qual se deu a convocação – artigo 57, §7º CF/88 -Se existir Medida Provisória em vigência que pende de conversão em lei, e ocorrer a convocação de sessão extraordinária, a MP deverá ser votada na sessão convocada extraordinariamente – artigo 57, §8º CF/88 -Exemplo: PR edita MP em 20.12.14, em 23.12.14 o CN entra em recesso, mas em 15.01.15 houve convocação extraordinária, a MP que estava com prazo para conversão em lei suspenso, em razão do recesso, agora deverá ser votada -Medida Provisória é exercício de função atípica do PR, onde ocorre verdadeiro ato de legislar, porém, este tema será objeto de quando enfrentarmos a temática sobre processo legislativo -Disposição dogmática: artigo 62 CF/88 -SESSÃO UNICAMERAL: -Conforme o artigo 3º do ADCT, a sessão unicameral se destina para a revisão constitucional, onde a finalidade é atualização da Constituição -Poder Constituinte Derivado Revisor -Reunião para votação de uma casa só (ATENTAR A VOTAÇÃO É CONJUNTA, perfazendo o total de 594 congressistas) -Exceção ao BICAMERALISMO, característica do federalismo -SESSÃO BICAMERAL: -Regra do Poder Legislativo, característica do federalismo -É a situação em que uma casa aprecia um projeto de lei para depois ocorrer a revisão pela outra casa -Dinâmica própria do processo legislativo no federalismo -MESA DO CONGRESSO NACIONAL: -Conforme o artigo 57, §4º CF/88 no dia da sessão preparatória, que se destina à posse dos membros das casas do legislativo, se realizará a eleição de suas respectivas Mesas, cujo o mandato será de 2 anos, proibida a recondução no mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente 3. MESAS: conceito As Mesas são órgãos diretivos que organizam todo o trabalho executado nas casas legislativas COMPOSIÇÃO DAS MESAS -COMPOSIÇÃO DA MESA DE QUALQUER DAS CASAS LEGISLATIVAS: -Presidente -1º Vice-Presidente -2º Vice-Presidente -1º Secretário -2º Secretário -3º Secretário -4º Secretário -COMPOSIÇÃO DA MESA DO CONGRESSO NACIONAL: -Para a composição da Mesa do Congresso Nacional deverá ser seguida a ordem disposta no artigo 57, §5º CF/88 -O Presidente do Senado preside a Mesa do CN, e os demais cargos serão exercidos alternadamente , pelos ocupantes de cargos equivalentes na CD e no SF -COMPOSIÇÃO DA MESA DO CN: -Presidente (Presidente do Senado) -1º Vice-Presidente (1º Vice da CD) -2º Vice-Presidente (2º Vice do SF) -1º Secretário (1º Secretário da CD) -2º Secretário (2º Secretário do SF) -3º Secretário (3º Secretário da CD) -4º Secretário (4º Secretário do SF) -ATENÇÃO: o Presidente da Câmara dos Deputados nunca será Presidente do Congresso Nacional, conforme a regra do artigo 57, §5º CF/88, pois o Presidente do CN sempre será o Presidente do Senado Federal 4. COMISSÕES CONCEITO -As comissões são órgãos destinados ao auxílio da atividade parlamentar -São órgãos constituídos em cada casa legislativa, composto de número restrito de seus membros, encarregados de estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres -O artigo 58 da CF/88 permite que as comissões sejam PERMANENTES ou TEMPORÁRIAS -O artigo 58, §1º CF/88 determinada que as comissões sejam um espelho proporcional do que é a composição do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional COMISSÕES PERMANENTES -COMISSÕES PERMANENTES: -São aquelas integradas definitivamente na estrutura de funcionamento das casas legislativas -As comissões permanentes serão temáticas conforme o artigo 58, §2º CF/88 -Cada uma delas realizará todo o seu trabalho a partir da temática que compõe sua finalidade Exemplos de comissões permanentes temáticas no SF -Comissãode Assuntos Econômicos -Comissão de Assuntos Sociais -Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania -Comissão de Educação -Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle -Comissão de Direitos Humanos -Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional -Comissão de Serviços e Infraestrutura -Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo -Comissão de Agricultura e Reforma Agrária Exemplos de comissões permanentes na CD -Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural -Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional -Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática -Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania -Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio -Comissão de Desenvolvimento Urbano -Comissão de Direitos Humanos e Minorias -Comissão de Finanças e Tributação -Comissão de Fiscalização Financeira e Controle -Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável -Comissão de Minas e Energia -Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional -Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado -Comissão de Seguridade Social e Família -Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público -Comissão de Turismo e Desporto -Comissão de Viação e Transportes COMISSÕES TEMPORÁRIAS -São as comissões especiais que são criadas para que seja apreciada uma matéria específica em um determinado período -Essas comissões serão extintas após cumprida a finalidade de suas criações ou com o término da legislatura -Exemplos: Comissão Especial sobre Reforma Política COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO - CPI CONCEITO: -CPI é comissão temporária destinada a investigar fato certo e determinado -O Legislativo exerce por meio da CPI sua função típica de controle, de fiscalização da Administração, ou seja, sobre o Poder Público -Verdadeiro mecanismo do sistema de freios e contrapesos ARTIGO 58, §3º CF/88 -Poderes próprios de investigação das autoridades judiciais -Requerimento de 1/3 dos membros -Fato determinado -Prazo certo -Conclusões encaminhadas para o MP para responsabilidade civil ou criminal FATO DETERMINADO -Fato determinado para os regimentos internos das Casas legislativas significa um acontecimento de relevante interesse para a vida pública e para a ordem constitucional, legal, econômica e social do País (cláusulas abertas) -Portanto CPI não poderá analisar fato exclusivamente privado ou de caráter pessoal -O poder de investigar da CPI não pode ser aplicado como sendo um fim em si mesmo PRAZO CERTO -CONCEITO: CPI é comissão temporária, portanto deverá ocorrer em um prazo certo (determinado), entende-se por prazo certo: -PRAZO CERTO PARA A CÂMARA DOS DEPUTADOS: O regimento interno determina o prazo de 120, prorrogável por mais 60, se autorizado pelo plenário, e ainda poderá atuar durante o recesso parlamentar se for para se dar a conclusão dos trabalhos -PRAZO CERTO PARA O SENADO FEDERAL: O regimento interno do SF não determina um prazo certo como o da CD, mas impõe que cada CPI deve ter seus trabalhos concluídos ainda dentro do período da legislatura em que ela foi criada, ou seja, 4 anos (artigo 44, parágrafo único CF/88) PODERES DA CPI -Poderes próprios de investigação das autoridades judiciais -O Legislativo realiza por meio da CPI verdadeira investigação que se materializa em inquérito parlamentar -Para essa investigação possui poderes próprios das autoridades judiciais, portanto possuem juízo de instrução para determinar as diligências necessárias A CPI PODE FAZER -Conforme já decidiu o STF a CPI pode determinar, desde que por decisão fundamentada com a devida motivação -quebra de sigilo fiscal -quebra de sigilo bancário -quebra de sigilo de dados, inclusive telefônicos -intimar autoridades, testemunhas, indiciados para prestar depoimento, inclusive sob condução -prender em flagrante A CPI NÃO PODE FAZER -Existem algumas questões que compõem o que a doutrina chama de “reserva constitucional de jurisdição”, ou seja, mesmo a CPI tendo poder de investigação próprio das autoridades judiciais, algumas providências que tocam a determinados assuntos, por serem muito caros à proteção das liberdades dos cidadãos no Estado Democrático de Direito, apenas poderão ser realizados nas atividades que envolvem a CPI se autorizados pelo Judiciário ATOS PROTEGIDOS PELA RESERVA CONSTITUCIONAL DE JURISDIÇÃO -Busca e apreensão domiciliar – art. 5º, XI CF -Quebra de sigilo das comunicações telefônicas (interceptação telefônica) – art. 5º XII CF -Determinação de prisão que não seja em flagrante -Bloqueio de bens – poder geral de cautela do magistrado CPI NÃO PODERÁ FAZER NEM COM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL -Ajuizar ação penal e civil -Determinar condenação penal ou civil -Impedir assistência jurídica 5. FUNÇÕES LEGISLATIVAS -Funções típicas e atípicas: -Funções típicas: -fazer leis -fiscalização político-administrativa (CPI – artigo 58, §3º CF/88) -fiscalização das contas públicas (contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial) (artigos 70 e 71 CF/88) -Função atípica: -julgar chefe do executivo em crime de responsabilidade -conforme artigos 51, I; 52, I; 52, parágrafo único; 85 (lei nº. 1.079/50) e 86 da CF/88 ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS -São regras instituidoras de prerrogativas dos parlamentares -Destinam-se a garantir independência funcional e liberdade de atuação no exercício de suas funções -A necessidade de se garantir a atividade parlamentar a partir do estabelecimento das prerrogativas existe para garantir a instituição do Poder Legislativo IMUNIDADES PARLAMENTARES -1)Imunidade material (real/substantiva/inviolabilidade) – esta possui natureza civil e penal -2) Imunidade formal (adjetiva) – esta possui natureza penal -A) Prerrogativa de foro -B) Prisão -C) Processual IMUNIDADE MATERIAL -A imunidade material está disposta no artigo 53, caput CF/88 -Esta imunidade refere-se à uma excludente de ilicitude, de modo a alcançar o âmbito penal e civil de responsabilização -Imunidade por opiniões, palavras e votos proferidos no exercício da função parlamentar ou decorrência dela -Alcança atos praticados dentro e fora do recinto da Casa legislativa -Vigora da posse até o término do mandato IMUNIDADE FORMAL -PRERROGATIVA DE FORO (FORO PRIVILEGIADO) -Artigo 53, §1º CF/88 -Vigência: da diplomação até o término do mandato -Inclui-se a prática de qualquer crime para conhecimento, processamento e julgamento pelo STF -Aplica-se a regra da atualidade do mandato PONTO DE ATENÇÃO -Súmula 394 do STF: “Cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a competência especial por prerrogativa de função (STF), ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cassação daquele exercício.” -Ou seja, mesmo após o término do mandato do parlamentar prevalecia ainda o STF como o foro competente para julgamento da ação penal -Súmula 394 STF – 03.04.64 -Cancelamento da súmula – 25.08.99 -Lei nº. 10.628/2002 – resgatou a súmula 394 -ADI 2797 – inconstitucionalidade da lei 10.628/2002 – julgamento 15.09.2005 -Hoje: após encerrado o mandato, remetem- se os autos ao 1º grau de jurisdição -PRISÃO -Artigo 53, §2º CF/88 -Vigência: da diplomação até o término do mandato -Diplomação é atestado emitido pela Justiça Eleitoral que garante a regular eleição do candidato -Regra: parlamentar não será preso -Exceção: prisão em flagrante por crime inafiançável -No caso da prisão em flagrante do parlamentar por crime inafiançável os autos do flagrante serão remetidos em 24h à sua Casa legislativa respectiva, que por maioria absoluta resolverá pela prisão, ou seja, pela sua manutenção ou pelo relaxamento -Ou seja, é a Casa do parlamentar que decide se ele fica preso ou não PONTO DE ATENÇÃO -PRISÃO POR SENTENÇA JUDICIAL CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO - O STF tem admitido a prisão para efeito de execução da decisão judicial condenatória transitada em julgado, mesmo que ainda não tenha ocorrido a perda do mandato -A perda do mandato por sentença judicial condenatória transitada em julgado está disposta no artigo 55, §2º CF/88 (combinar com art. 55, VI CF) -PROCESSUAL (trâmite do processo penal) -Artigo 53, §3º ao §5º CF/88 -Vigência: da diplomação até o término do mandato -Esta imunidade refere-se a crime cometido após a diplomação -Recebida a denúncia o STF dá ciência à Casa legislativa -A imunidade não se refere à autorização prévia da Casa para iniciar o processo judicial – EC 35/2001 A imunidade refere-se à sustação do processo -Após a ciência, por iniciativa do partido político com representação na Casa, esta decidirá, por maioria absoluta, se sustará ou não o andamento da ação penal -Artigo 53, §4º CF/88 – apreciação pela Casa no prazo improrrogável de 45 dias -Artigo 53, § 5º CF/88 - a sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato OUTRAS GARANTIAS PARLAMENTARES -Artigo 53, §6º CF/88 – sigilo de fonte -Artigo 53, §7º CF/88 – incorporação às Forças Armadas -Artigo 53, §8º CF/88 – suspensão das imunidades durante a vigência do estado de sítio ÚLTIMAS QUESTÕES SOBRE IMUNIDADES -As imunidades são irrenunciáveis (não podem ser renunciadas pelo parlamentar) em razão de que elas existem não para a proteção da pessoa do parlamentar, mas para a proteção do exercício da função parlamentar, pois é uma forma de proteção da Instituição do Legislativo -As imunidades não são estendidas aos suplentes, ou seja, não são enquanto suplentes, mas estes gozarão das imunidades no caso de tomar posse do cargo PERDA DO MANDATO -O artigo 55 CF/88 dispõe das situações em que os parlamentares perderão o mandato -Em regra elas são dividas em duas situações: -CASSAÇÃO: artigo 55, §2º CF/88 (deliberação por maioria absoluta da Casa) -Artigo 55, I CF/88 -Artigo 55, II CF/88 -Artigo 55, VI CF/88 -EXTINÇÃO: artigo 55, §3º CF/88 (mero ato declaratório da Mesa) -Artigo 55, III CF/88 -Artigo 55, IV CF/88 -Artigo 55, V CF/88 CASSAÇÃO DO MANDATO -A cassação se dará pelo artigo 55, §2º CF/88 -Ocorrerá por provocação da Mesa ou partido político representado no CN -Ocorrerá por deliberação da maioria absoluta dos membros da Casa -Será assegurada a ampla defesa ao parlamentar -Antes da EC nº. 76/2013 a deliberação era por voto secreto -Após a EC nº. 76/2013 a deliberação é por voto aberto (público) -Ocorrerá nos seguintes casos: -Artigo 55, I CF/88 – por inobservância de qualquer regra do artigo 54 CF/88 -Artigo 55, II CF/88 – por procedimento incompatível com o decoro parlamentar -Artigo 55, VI CF/88 – por condenação criminal em sentença com trânsito em julgado EXTINÇÃO DO MANDATO -A extinção se dará pelo artigo 55, §3º CF/88 -Ocorrerá a extinção por ato declaratório da Mesa da Casa, que poderá ser de ofício ou por provocação de qualquer um dos membros ou de partido com representação no CN -Será assegurada a ampla defesa ao parlamentar -Ocorrerá nos seguintes casos: Artigo 55, III CF/88 – deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, exceto se for caso de licença ou missão pela Casa autorizada Artigo 55, IV CF/88 – perder ou tiver suspensos os direitos políticos Artigo 55, V CF/88 – por decisão da Justiça Eleitoral HIPÓTESES EM QUE NÃO HAVERÁ PERDA DO MANDATO DO PARLAMENTAR -Os casos em que não haverá a perda do mandato do parlamentar estão consignados no artigo 56 CF/88: - I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária; II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa. § 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e vinte dias. § 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término do mandato § 3º - Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato. PODER LEGISLATIVO ESTADUAL -Unicameralismo -Artigo 27, caput CF/88 – número de deputados estaduais -Estatuto do Congressista – 27, §1º CF/88 PODER LEGISLATIVO DISTRITAL -Unicameralismo -Número de deputados e Estatuto dos Congressistas: Artigo 32, §3º CF/88 determina que seja aplicado aos deputados distritais e à Câmara Legislativa o disposto no artigo 27 da CF/88 PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL -Unicameralismo - Número de vereadores: O artigo 29, IV CF/88 determina o número de vereadores que as Câmaras Municipais terão (9 até 55) -Estatuto dos Congressistas: artigo VIII CF/88, ou seja, somente imunidade material
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