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DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO PROFISSIONAL EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO SALVADOR 2009 ALESSANDRA KEIKO NAKAGAWA CACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA EM PRÉDIOS UNIVERSITÁRIOS: O CASO DA UFBA Universidade Federal da Bahia Escola Politécnica Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo – Ênfase a Produção Limpa – MEPLIM ALESSANDRA KEIKO NAKAGAWA CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA EM PRÉDIOS UNIVERSITÁRIOS: O CASO DA UFBA Salvador 2009 i ALESSANDRA KEIKO NAKAGAWA CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA EM PRÉDIOS UNIVERSITÁRIOS: O CASO DA UFBA Dissertação apresentada ao Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo – Ênfase em Produção Limpa – MEPLIM, Escola Politécnica, Universidade Federal – UFBA, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre. Orientador: Profº Dr. Asher Kiperstok Co-orientadora: Profª Drª. Karla P. Oliveira- Esquerre. Salvador 2009 ii Nakagawa, Alessandra Keiko Caracterização do Consumo de Água em Prédios Universitários: o Caso da UFBA / Alessandra Keiko Nakagawa. – Salvador, 2008. 183p.: il.color Orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok Co-orientadora: Profª. Dra. Karla P. Oliveira-Esquerre Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2008. 1. Uso Racional da Água 2. Prédios universitários 3. Consumo per capita 4. Consumos especiais 5. Gerenciamento da demanda. 6. Descentralização da gestão. I.Universidade Federal da Bahia.Escola Politécnica II. Kiperstok, Asher. III.Titulo. “Ao imprimir este trabalho frente e verso estamos economizando 2,56 litros de água.” “ONG Instituto Akatu – pelo Consumo Consciente” iii TERMO DE APROVAÇÃO ALESSANDRA KEIKO NAKAGAWA CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA EM PRÉDIOS UNIVERSITÁRIOS: O CASO DA UFBA Dissertação de Mestrado submetida à banca examinadora designada pelo Colegiado do Mestrado em Tecnologias Limpas no Processo Produtivo, como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Mestre em Tecnologias Limpas no Processo Produtivo, pela seguinte banca examinadora: Prof. Asher Kiperstok – Orientador_________________________________________ Doutor em Engenharia Química e Meio Ambiente - UMIST, Inglaterra Universidade Federal da Bahia Prof.ª Karla Oliveira Esquerre – Co-orientadora_______________________________ Doutora em Engenharia Química - UNICAMP Universidade Federal da Bahia Prof. Ricardo Franci Gonçalves ___________________________________________ Doutor em Engenharia do Tratamento e Depuração de Águas – INSA de Toulouse, França Universidade Federal do Espírito Santo Prof.ª Vivien Luciane Viaro _____________________________________________ Doutora em Saneamento e Ambiente – UNICAMP Universidade Federal da Bahia Salvador, 27 de Janeiro de 2009 iv Aos meus pais Hiroshi e Tereza, por toda a dedicação para a minha formação, Ao meu querido esposo Afonso, E as minhas princesinhas Alice e Clarice, pela compreensão nos momentos de ausência e pelo carinho recebido. v AGRADECIMENTOS À Deus, causa maior de toda existência, grande fortaleza nos momentos difíceis, que sempre gera oportunidades de crescimento, sem o qual não seria possível a realização deste trabalho. Aos meus pais Hiroshi e Tereza pelo amor, carinho, paciência e dedicação de toda uma vida e principalmente por me darem a oportunidade de crescer pessoalmente e profissionalmente. Ao meu querido esposo Afonso, companheiro de todas as horas, que pacientemente com todo amor, incentivo e dedicação contribuiu bastante na realização deste trabalho. Às minhas filhas queridas Alice e Clarice, que na medida do possível puderam entender a ausência física de sua mamãe nas brincadeiras. Aos meus irmãos Verônica, Maria Tereza e Hiroshi pelos momentos de descontração, pelo amor e incentivo dedicados. Aos meus sogros Francisco e Salete pelo apoio sempre presente. Ao meu querido orientador Asher Kiperstok, pela paciência, dedicação, orientação e ensinamentos, que enriqueceram este trabalho e por ter me dado essa oportunidade de desenvolver esse estudo e a realização de um sonho. À minha tão meiga co-orientadora Karla Esquerre, por ter sido peça fundamental para o fechamento deste trabalho. Aos professores participantes da banca examinadora, pela gentileza da participação e contribuição para melhoria deste trabalho. Aos bolsistas do Programa ÁGUAPURA Hugo, Bruno, Élio, Jamile Keiko, Joacyr, Adriele, o pessoal do Grupo Permanecer, estagiários Israel, André, Janete, pela ajuda na realização das coletas de dados, arrumação e entrevistas. Aos colegas do Programa ÁGUAPURA profº Pedro Ornelas, Paulo, Alan, Beth, pela amizade, paciência, disposição e auxílio na aquisição de dados muito importantes para a dissertação. Aos mestres e amigos Areobaldo e Lívia Castello Branco pelo incentivo, apoio e companheirismo durante essa trajetória. Aos amigos Carlos Heleno, Augusto Sá, Ana Cláudia, que me deram oportunidade para essa jornada. A todos colegas e amigos da EMBASA, especialmente a Cantídio Duarte, Maurício Grossi, Ney, Daniel, Anísio, “Pássaro” e Ana pelo apoio e compreensão no trabalho e pelas horas de descontração. Aos docentes, colegas e funcionários da Rede de Tecnologias Limpas (TECLIM da UFBA), em especial a Suzete, Lígia, Jaqueline e Linda, pelo aprendizado, convívio e presteza. A todas as pessoas que de alguma forma ajudaram na realização desta pesquisa. Meus sinceros agradecimentos. Alessandra Keiko Nakagawa Costa vi “ Sem sonhos, as perdas se tornam insurpotáveis, as pedras do caminho se tornam montanhas, os fracassos se transformam em golpes fatais. Mas, se você tiver grandes sonhos ... seus erros produzirão crescimento, seus desafios produzirão oportunidades, seus medos produzirão coragem. .... Nunca desista dos seus sonhos.” Augusto Cury Este trabalho é a materialização de um sonho. Alessandra Keiko Nakagawa Costa vii RESUMO O Programa ÁGUAPURA – Programa de Uso Racional de Água da Universidade Federal da Bahia (UFBA) vem sendo desenvolvido desde 2001 visando reduzir o consumo de água através de minimização das perdas e desperdícios, implantando equipamentos e orientando o seu uso mais racional na UFBA e a implantação de Tecnologias Limpas. Esta dissertação tem como objetivo analisar e caracterizar o consumo de água nesta universidade. Para tanto procurou-se traçar um perfil de consumo de água considerando adequado para servir de referência às unidades da UFBA através de cinco linhas de estudo: 1 - estudo do consumo de água; 2 - levantamento dos consumidores (população equivalente); 3 - estudo do consumo especial (destiladores e equipos); 4 - perdas físicas; e por fim, 5 - a caracterização do consumo que abrange as linhas anteriores. Como resultados obtidos deste trabalho no objetivo 1, além do acervo gerado de informações, observou-se a redução do consumo da UFBA, fruto do trabalhodo Programa. O consumo mensal da UFBA no início da série histórica, 1998- 2000, era de aproximadamente 26.000 m 3 , reduzindo-se a 15.000 m 3 nos anos de 2006 e 2007. Essa redução de 45% no consumo demonstra a evolução da universidade quanto à racionalização do consumo de água, principalmente com as ações do Programa. Através dos resultados obtidos no objetivo 2, chegou-se a influência da população permanente (funcionários) sobre o consumo nas unidades pesquisadas, de onde se pôde observar que é maior do que o dos próprios estudantes; já o objetivo 3 foi identificado grande desperdício nos destiladores e equipos, e levantadas algumas alternativas como substituição de equipamento, regulagem, reuso da água de resfriamento; em perdas físicas, não teve um estudo mais aprofundado, porém sabe-se da sua importância para a obtenção do volume perdido de água; na construção de indicadores de consumo, com necessidade de separação de unidades por tipologia, e servir de parâmetro unidades de melhor desempenho para a gestão da unidade. Associado a esse trabalho com resultado econômico, ressalta-se a importância e eficiência no controle do consumo de água das unidades através da descentralização da gestão. Palavras – chave: Uso Racional de Água, Prédios universitários, consumo per capita, consumos especiais, gerenciamento da demanda, descentralização da gestão. viii ABSTRACT The Program ÁGUAPURA for a rational use of water at the Federal University of Bahia (UFBA) has been developed since 2001 seeking to reduce the consumption of water through minimizing the losses and wastes, implementing equipment and giving orientation to a more rational use of water at UFBA and the implementation of Clean Technologies. This dissertation proposes to analyze and to characterize of the consumption of water at this university. To do so, a profile of the ideal consumption of water was designed to serve as reference to the units at UFBA through five study lines: 1 – a study of consumption of water; 2 – the number of consumers (equivalent population); 3 – a study of special consumption (distillers and equipments);4 – physical losses; and finally, 5 – the characterization of the consumption which embraces the previous lines. As a result of this study in objective 1, besides the information obtained, it was also noticed the reduction in the consumption of water at UFBA .The monthly consumption at UFBA in the beginning of the historic series, 1998-2000, was approximately 26.000 m3, reduced to 15.000 m3 in the years 2006 and 2007.This reduction of 45% in the consumption demonstrates the evolution of the university as to the rationalization of the consumption of water, mainly with the actions of the Program. Through the results obtained in objective 2, arrived at the influence of the permanent population (employees) about the consumption in the researched units, where we can observe that is bigger than the students themselves; in objective 3 it was observed a great waste in the distillers and equipments, and raised some alternatives such as substitution of equipment, adjustment, reutilization of cooling water;in physical losses, did not have a deeper study, although know its importance to obtain the wasted volume of water; the construction of indicators of consumption, with the need to separate units by typology, and to serve as parameter units of better performance for the administration of the unit. Associated with this work with economical result, it stands out the importance and efficiency in the control of the consumption of water in the units through the decentralization of the administration. Key words – rational use of water, university building, per capita consumption, special consumptions, administration of the demand, decentralization of the administration. ix LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURA ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental ABRH Associação Brasileira de Recursos Hídricos AD Água Destilada ÁGUAPURA Programa de Uso Racional de Água – UFBA AR Água de Resfriamento DTA Documento Técnico de Apoio do PNCDA EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A EPUFBA Escola Politécnica da UFBA EQUIPO Equipamento Odontológico (cadeira de dentista) ESTEC Escritório Técnico de Construção FEC Faculdade de Engenharia da Unicamp FOUFBA Faculdade de Odontologia da UFBA HOSPMEV Hospital de Medicina Veterinária IC Indicador de consumo de água ICe Indicador de consumo estimado de água ICh Indicador de consumo histórico de água IR Impacto de redução do consumo de água IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas PE População Equivalente PNCDA Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água – Ministério das Cidades PNUD Relatório de Desenvolvimento Humano PROSAB Programa de Pesquisas em Saneamento Básico x PURA Programa de Uso Racional da Água – USP QUIMIS QUIMIS Aparelhos Científicos RPU Responsável pela unidade SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SAD Superintendência Administrativa/UFBA SANASA Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A SUPAC Superintendência Acadêmica/UFBA TECLIM Rede de Tecnologias Limpas – Escola Politécnica/UFBA UFBA Universidade Federal da Bahia USP Universidade de São Paulo UNICAMP Universidade Estadual de Campinas VDR Válvula de descarga com volume reduzido xi LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 - Teste de detecção de vazamentos em bacias sanitárias.................................. 11 Figura 2.2 - Desempenho dos edifícios ao longo do tempo, sem manutenção periódica ... 12 Figura 2.3 - Desempenho dos edifícios ao longo do tempo, com manutenção periódica ... 12 Figura 2.4 – Fluxograma Metodologia de Gestão de Consumo de Água/Energia ............. 22 Figura 3.1 - Sistema de monitoramento do consumo de água das unidades ...................... 27 Figura 3.2 - Média diária das 30 últimas leituras em m 3 /dia de uma unidade de ensino .... .............................................................................................................................. 28 Figura 3.3 - Médias mensais dos 24 últimos meses em m³/dia de uma unidade de ensino .............................................................................................................................. 28 Figura 3.4 - Histograma de consumo do Centro de Convivência – Evento estudantil (acampamento) ........................................................................................................... 30 Figura 3.5 – Campus Ondina/Canela e Federação da UFBA ............................................ 33 Figura 4.1 - Série histórica do consumo mensal de água (m 3 ) na universidade ................. 35 Figura 4.2 - Histórico mensal do consumo de água da UFBA (m3) ................................. 35 Figura 4.3 - Estatística da população da UFBA ............................................................... 38 Figura 4.4 - Relatório de Planejamento – Unidade: Administração (exemplo) ................. 43 Figura 4.5 – Água de resfriamento do destilador ............................................................. 59 Figura 4.6 – Destilador de Odontologia ........................................................................... 59 Figura 4.7 – Sistema de destilação compacto ................................................................... 60 Figura 4.8 - Desenho esquemático do destilador .............................................................. 61 Figura 4.9 – Modelos de destiladores de água - Fabricantes Nova Técnica e Quimis ....... 62 Figura 4.10– Bidestilador de água em vidro – modelo Q341 V24B – QUIMIS ............... 64 Figura 4.11 – Desenho esquemático com registro fixador de vazão para o destilador ....... .............................................................................................................................. 69 Figura 4.12 – Laboratório 1º andar do Instituto de Geociências ....................................... 70 Figura 4.13 – Foto do destilador modelo 2002 da GFL do Laboratório Laviet – Instituto de Biologia/UFBA .......................................................................................................... 73 Figura 4.14 – Mono destilador com viso de vidro para demonstração – GFL ................... 73 Figura 4.15 - Destilador de água automático ................................................................... 75 Figura 4.16 – Modelo de Bidestilador de Água Q341B22 ................................................ 76 xii Figura 4.17 – Foto do equipo da sala de atendimento ao público – Unidade de Odontologia .............................................................................................................................. 78 Figura 4.18 – Cuspideira manchada pelo contínuo consumo de água ............................... 79 Figura 4.19 – Cortador de gesso ...................................................................................... 80 Figura 4.20 - Aspirador Odontológico de Alta Potência - Sug Up .................................... 82 Figura 4.21 - Gráfico do Instituto de Biologia – rompimento da tubulação externa do prédio – 2006 ............................................................................................................. 84 Figura 4.22 - Gráfico do Instituto de Biologia – rompimento da tubulação externa do prédio – 2008 ............................................................................................................. 85 Figura 4.23 - Pontos freqüentes de vazamentos em rede de distribuição (percentuais ilustrativos baseados em experiência da SANASA) .................................................... 86 Figura 4.24 - Pontos freqüentes de vazamentos em ramais (percentuais ilustrativos baseados em experiência da SANASA) ...................................................................... 86 Figura 4.25 – Consumo das unidades em relação à população equivalente dos alunos de graduação nos dias da semana das unidades de ensino sem laboratório ....................... 87 Figura 4.26 – Consumo das unidades em relação à população equivalente dos alunos de graduação nos dias da semana das unidades de ensino com laboratório....................... 89 Figura 4.27 - Médias mensais do consumo dos últimos 24 meses – Instituto de Biologia . 90 Figura 4.28 - Consumo per capita das unidades em relação à população equivalente dos alunos de graduação, 2007, nos dias da semana .......................................................... 91 Figura 4.29 - Consumo histórico diário da unidade de Administração (dados de 2005 a 2008) .......................................................................................................................... 92 Figura 4.30 - Consumo histórico diário da unidade de Filosofia (dados de 2006 a 2008) 93 Figura 4.31 - Consumo histórico diário da unidade de Politécnica (dados de 2005 a 2008) .............................................................................................................................. 93 Figura 4.32 - Consumo histórico diário da unidade de Biologia (dados de 2005 a 2008) .. 94 Figura 4.33 - Consumo histórico diário da unidade de Arquitetura (dados de 2005 a 2008) .............................................................................................................................. 94 Figura 4.34 - Localização em croqui do hidrômetro do Hospital de Medicina Veterinária .............................................................................................................................. 97 Figura 4.35 - Fotografias do hidrômetro do Hospital de Medicina Veterinária.................98 xiii LISTAS DE TABELAS Tabela 2.1 - Equações para o cálculo de consumo mensal de água de referência (m 3 /mês) .............................................................................................................................. 5 Tabela 2.2 - Valores médios de perda diária de água em função de vazamentos em torneiras ..................................................................................................................... 16 Tabela 2.3 - Processos e produtos com possibilidades de aplicação – Edifícios Privados e Públicos .................................................................................................................... 21 Tabela 4.1 - Exemplo para obtenção da População Equivalente de uma unidade ............. 42 Tabela 4.2 – Exemplo da Distribuição Temporal do Instituto de Biologia ....................... 44 Tabela 4.3 – Exemplo da Obtenção da População Equivalente dos alunos de Graduação do Instituto de Biologia ................................................................................................... 44 Tabela 4.4 – Elementos identificados na universidade para a composição da população equivalente com os respectivos pesos ......................................................................... 46 Tabela 4.5 - Distribuição da população equivalente das unidades de ensino sem laboratório com equipamentos consumidores de água................................................................... 51 Tabela 4.6 – Distribuição da população equivalente das unidades de ensino com laboratório que contém equipamentos com maior consumo de água ........................... 52 Tabela 4.7 – Distribuição da população equivalente das unidades administrativas ........... 53 Tabela 4.8 – Obtenção do consumo per capita médio das unidades de ensino com laboratório que contém equipamentos com maior consumo de água ............................ 55 Tabela 4.9 – Obtenção do consumo per capita médio das unidades de ensino sem laboratório com equipamentos consumidores de água ................................................. 56 Tabela 4.10 – Obtenção do consumo per capita médio das unidades administrativas e per capita geral ................................................................................................................. 57 Tabela 4.11 – Resumo em quantidade dos laboratórios e destiladores nas unidades ......... 59 Tabela 4.12 – Unidades de ensino e destiladores ............................................................. 63 Tabela 4.13 - Comparativo AR/AD medido in loco e o recomendado pelo fabricante ...... 65 Tabela 4.14 – Tabela de tarifas sistema de abastecimento de água para prédios públicos . .............................................................................................................................. 68 Tabela 4.15 – Resumo da entrevista sobre o tempo de acionamento da cuspideira durante os procedimentos ........................................................................................................ 81 Tabela 4.16 – População de alunos nas unidades de ensino sem laboratório ................... 88 Tabela 4.17 - Intervenções do Projeto ÁGUAPURA no Hospital de Medicina Veterinária ............................................................................................................................ 102 xiv Tabela 4.18 - Gastos anuais da UFBA com as contas de água no HospMev ................... 104 Tabela 4.19 - Gastos semestrais da UFBA com as contas de água no HospMev ............ 105 xv LISTA DE QUADROS Quadro 4.1 – Unidades deEnsino com Laboratório que contém equipamentos com maior consumo de água ........................................................................................................ 39 Quadro 4.2 – Unidades de Ensino sem Laboratórios com equipamentos consumidores de água ........................................................................................................................... 39 Quadro 4.3 – Unidades Administrativas .......................................................................... 40 Quadro 4.4 – Unidades – Hospitalares............................................................................. 40 Quadro 4.5 – Unidades – Residências Universitárias ....................................................... 40 Quadro 4.6 – Unidades – Outros ..................................................................................... 40 xvi LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 4.1 – Relação de AR/AD das unidades da UFBA versus quantidade de destiladores .............................................................................................................................. 65 Gráfico 4.2 – Consumo médio mensal dos destiladores das unidades da UFBA ............... 66 Gráfico 4.3 - Volume necessário e desperdiçado da água de resfriamento durante o processo de destilação da água. .................................................................................. 67 Gráfico 4.4 – Consumo mensal da AR e custo por unidade de água consumida e geração de efluentes ..................................................................................................................... 68 Gráfico 4.5 - Distribuição da População Equivalente de Alunos por faixas de horário (Projeto do HospMev) .............................................................................................. 100 Gráfico 4.6 – Consumo Médio Mensal (m3) do Hospital de Medicina Veterinária – Leitura da Embasa ................................................................................................................ 103 Gráfico 4.7 – Consumo Médio Mensal (m3) do HospMeV – Comparativo Embasa x ÁGUAPURA .......................................................................................................... 104 xvii LISTA DE EQUAÇÕES Equação 2.1 – Impacto de redução do consumo de água .................................................. 8 Equação 4.1 – Consumo de água total da unidade ........................................................... 47 Equação 4.2 – Consumo total da população da unidade ................................................... 47 Equação 4.3 – População Equivalente – alunos de graduação .......................................... 47 Equação 4.4 – População Equivalente – alunos de pós-graduação ................................... 47 Equação 4.5 – População Equivalente - professores ........................................................ 47 Equação 4.6 – População Equivalente - funcionários ....................................................... 47 Equação 4.7 – População Equivalente – outros consumidores ......................................... 47 Equação 4.8 – População Equivalente - total ................................................................... 47 Equação 4.9 – População Equivalente – total (resumo).................................................... 48 xviii SUMÁRIO Pág RESUMO ............................................................................................................................ vii ABSTRACT........................................................................................................................ viii LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ........................................................................ ix LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ xi LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ xiv LISTA DE QUADROS ...................................................................................................... xvi LISTA DE GRÁFICOS ..................................................................................................... xvii LISTA DE EQUAÇÕES .................................................................................................... xviii Capítulo 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1 Capítulo 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 4 2.1 PROGRAMAS DE RACIONALIZAÇÃO DE ÁGUA EM PRÉDIOS PÚBLICOS ........ 4 2.1.1 Programa Nacional de Combate ao Desperdício da Água (PNCDA) .................... 4 2.1.2 Programa de Uso Racional de Água – PURA (USP-SABESP) .............................. 6 2.1.3 Programa de Conservação de Água - Pró-Água (Unicamp).................................. 9 2.1.4 Outros Trabalhos e Programas Nacionais ............................................................. 13 2.2 PROMOÇÃO DO USO RACIONAL DA ÁGUA .......................................................... 14 2.2.1 Tecnologias para a Promoção do Uso Racional da Água em Sistemas Prediais............................................................................................................................. 14 2.2.2 Avaliação dos Avanços das Tecnologias Disponíveis ............................................. 20 2.3 PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA A GESTÃO DO CONSUMO DE ÁGUA/ENERGIA EM EDIFICAÇÕES............................................................................... 22 xix Capítulo 3 - O PROGRAMA DE USO RACIONAL DE ÁGUA DA UFBA - ÁGUAPURA ...................................................................................................................... 25 3.1 OBJETIVOS .................................................................................................................. 25 3.2 HISTÓRICO .................................................................................................................. 25 3.3 METODOLOGIA UTILIZADA PELO PROGRAMA ÁGUAPURA ............................. 26 3.3.1 Levantamento do Sistema Hidráulico Predial ....................................................... 26 3.3.2 Monitoramento e Análise do Consumo de Água das Unidades ............................. 27 3.3.3 Detecção e Correção de Vazamentos Visíveis e Não Visíveis ................................ 29 3.3.4 Levantamento dos Hábitos dos Usuários ............................................................... 31 3.3.5 Utilização de Tecnologias de Processo e Produto para Racionalização do Consumo .......................................................................................................................... 31 3.4 PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS ....................................................... 32 Capítulo 4 - CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NA UFBA ................... 34 4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 34 4.2 ANÁLISE DO CONSUMO DE ÁGUA DA UFBA ....................................................... 34 4.3 LEVANTAMENTO DOS CONSUMIDORES - POPULAÇÃO EQUIVALENTE......... 41 4.3.1 Definição de População Equivalente ...................................................................... 41 4.3.1.1 Estudantes Graduação ....................................................................................... 42 4.3.1.2 Estudantes Pós-graduação ................................................................................. 45 4.3.1.3 Corpo Docente, TécnicosAdministrativos, Terceirizados, Cantina, Visitante e outros ...................................................................................................... 45 4.3.2 Modelo do consumo de água ............................................................................. 46 4.3.2.1 Exemplo - Biologia ............................................................................................ 48 4.3.3 Aplicação da População Equivalente ..................................................................... 50 4.3.4 Considerações Finais ............................................................................................... 57 4.4 ESTUDO DOS EQUIPAMENTOS DE CONSUMOS ESPECIAIS ............................... 58 4.4.1 Destiladores ............................................................................................................. 58 xx 4.4.1.1 Equipamentos de Destilação .............................................................................. 60 4.4.1.2 Materiais e Métodos .......................................................................................... 62 4.4.1.3 Diagnóstico dos Destiladores da UFBA ............................................................. 63 4.4.1.4 Proposições ....................................................................................................... 69 4.4.1.5 Considerações Finais......................................................................................... 76 4.4.2 Cadeiras Odontológicas (EQUIPOS) ..................................................................... 77 4.4.2.1 Cuspideiras dos equipamentos odontológicos .................................................... 78 4.4.2.2 Materiais e Métodos .......................................................................................... 79 4.4.2.3 Resultados e Discussões..................................................................................... 80 4.4.2.4 Proposições ....................................................................................................... 82 4.4.2.5 Considerações Finais......................................................................................... 83 4.5 ESTUDO DE PERDAS FÍSICAS .................................................................................. 83 4.6 CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DAS UNIDADES ACADÊMICAS ................. 87 4.6.1 Caracterização do Consumo ................................................................................... 87 4.6.2 Considerações Finais ............................................................................................... 95 4.7 REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA – ESTUDO DE CASO: HOSPITAL DE MEDICINA VETERINÁRIA......................................................................................... 97 4.7.1 Diagnóstico .............................................................................................................. 97 4.7.2 Indicador de Consumo – Metodologia e Cálculo da População Equivalente ....... 99 4.7.3 Intervenção e Avaliação dos Resultados ................................................................ 101 4.7.4 Avaliação Financeira após a Intervenção – Dados da Embasa ............................. 103 4.7.5 Considerações Finais ............................................................................................... 105 Capítulo 5 - CONCLUSÕES ............................................................................................. 107 Capítulo 6 - PROPOSIÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................... 111 Capítulo 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 112 xxi APÊNDICE APÊNDICE A – Quadro Geral de consumos especiais – destiladores ................................... 119 APÊNDICE B - Quadro Geral de consumo especial – equipos ............................................. 129 APÊNDICE C – Coleta de dados dos equipos – amostragens ............................................... 133 APÊNDICE D – Entrevista com estudantes de odontologia .................................................. 140 APÊNDICE E – Gráficos de consumo, per capita e série histórica das unidades de ensino com e sem laboratórios, e unidades administrativas ................................................... 142 ANEXO Anexo A - Avaliação dos Avanços das Tecnologias Disponíveis. ......................................... 165 Anexo B – Estudo de Perigo – Pimenta (2004) ..................................................................... 170 Anexo C – Sistema Operacional do destilador e detalhe esquemático do modelo 341 da QUIMIS .......................................................................................................................... 180 1 Capítulo 1 INTRODUÇÃO O Brasil possui grande disponibilidade hídrica, porém distribuída de forma desigual em relação à densidade populacional. Entre os estados brasileiros pode-se observar enormes discrepâncias em relação a esse aspecto. Enquanto que no ranking nacional Roraima apresenta a maior disponibilidade hídrica do país chegando a 1.506.488 m3/hab.ano, Pernambuco apresenta a menor disponibilidade, com 1.270 m3/hab.ano. (REBOUÇAS, 1994, apud TUNDISI, 2003). Enquanto um habitante de Moçambique usa, em média, menos de 10 litros de água por dia, um europeu consome entre 200 e 300 L, e um norte-americano, 575 L (em Phoenix, no Arizona, o volume ultrapassa a 1 mil). Um norte-americano usa mais água em um banho de cinco minutos do que um morador de favela de país em desenvolvimento usa num dia inteiro”, compara o Relatório de Desenvolvimento Humano (PNUD, 2006). No Brasil, em cidades acima de 250000 habitantes o consumo per capita varia de 150 a 300 litros/hab.dia (VON SPERLING, 1996). O desperdício e o uso irracional da água são problemas que afligem o mundo com relação ao seu futuro próximo. No Brasil a situação não é diferente, pois cada gota desperdiçada significa dinheiro jogado fora e mau uso das fontes de água doce, agravando problema do abastecimento da população com água potável. Além do desperdício, as fontes de água ainda sofrem agressões cometidas pelo ser humano por meio de disposição inadequada dos resíduos químicos, esgotos e matéria orgânica, influenciando no número de casos de doenças relacionadas à água, afetando sensivelmente a qualidade de vida dos seres vivos. A falta de informação da população quanto ao uso controlado de água nas residências, escritórios, escolas e demais prédios, associada à falta de incentivo aos consumidores para evitar o desperdício de água, são fatos que preocupam na perspectiva do desenvolvimento sanitário. A água com a sua escassez está se tornando, rapidamente, um recurso muito valioso. A cobrança pelo seu uso já é uma realidade em alguns estados do país, atribuindo-se valor a este bem, o que até alguns anos atrás parecia inconcebível, já que a idéia da água ser uma substância infinita encontra-se enraizada na cultura de parcela da população. 2 Com base em conceitos de desenvolvimento sustentável (KIPERSTOK, 2002) e Produção Limpa (UNEP, 2008), um programa de uso racional da água vem sendo desenvolvido na Universidade Federal da Bahia desde 2001 buscando atuar, efetivamente, na racionalização do seu consumo e no combate ao desperdício da água. Esta pesquisa visa caracterizar o consumo dos prédios da UFBA, além de descrever os resultados do Programa ÁGUAPURA. Buscou-se demonstrar avanços conseguidos e os limites identificados no combate às perdas e ao desperdício de água, de maneira a contribuir com proposições que possam ser agregadas. Espera-se que estes resultados, juntamente com uso deindicadores de consumo desenvolvidos, sirvam de base para novos planos de intervenção e implantação de novas tecnologias. A dissertação foi desenvolvida na linha de Pesquisa-Ação, tendo a pesquisadora participação ativa no andamento do Programa e colaborando para os resultados esperados. Essa linha pode ser definida em três principais momentos: a definição do problema, a aprendizagem conjunta e o plano de ação (SIQUEIRA, 2001). Os procedimentos de coleta de dados adotados para o desenvolvimento deste trabalho foram divididos em: pesquisa documental (fotografias e mapas de localização); pesquisa bibliográfica em revistas técnicas; documentos técnicos como os do Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água (PNCDA) e outros programas existentes sobre o tema; referências eletrônicas entre outras. O foco principal para o encaminhamento do trabalho foi o acompanhamento das atividades do Programa ÁGUAPURA, como membro da equipe de coordenação desse Programa. Foram levantadas informações sobre os alunos e funcionários, e entrevistadas pessoas que pudessem confirmar ocorrências de fatos marcantes desse trabalho, como professores, funcionários, estudantes, técnicos da concessionária responsável pelo abastecimento de água e esgotamento sanitário da cidade do Salvador – EMBASA, técnicos especialistas em equipamentos economizadores, entre outros. Através do calendário escolar, pode-se identificar a influência de eventos ocorridos durante o período da pesquisa na variação do consumo mensal dos edifícios em questão, tais como vestibular e congressos e encontros estudantis. A partir desse levantamento é que foram construídos indicadores que permitissem avaliar a redução do consumo de água nesta comunidade. 3 Para um melhor entendimento, este trabalho foi dividido em sete capítulos. O primeiro capítulo é este, de introdução. O segundo capítulo a seguir apresenta uma revisão da literatura existente, enfatizando programas, metodologias de implantação, avanços tecnológicos, e uma proposta para a gestão do consumo de água/energia. No terceiro capítulo é apresentada uma contextualização do Programa ÁGUAPURA, abrangendo desde a sua origem aos resultados alcançados; no quarto capítulo inicia-se a caracterização do consumo de água em prédios universitários, onde é apresentada uma análise do consumo de água da UFBA, o estudo para a obtenção da população equivalente consumidora de água, o estudo dos equipamentos de consumo especial – destiladores e equipos, um breve estudo sobre perdas físicas e a caracterização do consumo das unidades – fruto de todos os estudos anteriores citados; no quinto capítulo são apresentadas as conclusões, ilustrando os pontos de grande relevância da pesquisa; o sexto capítulo contempla as proposições para trabalhos e futuros; no capítulo sete são apresentadas as referências bibliográficas levantadas ao longo deste trabalho; e por fim, encontram-se os apêndices e anexos gerados. 4 Capítulo 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo são estudados alguns dos programas de racionalização da água de relevância obtidas no Brasil, juntamente com tecnologias para sistemas prediais e metodologias para gestão do consumo de água/energia em edificações. 2.1 PROGRAMAS DE RACIONALIZAÇÃO DA ÁGUA EM PRÉDIOS PÚBLICOS 2.1.1 Programa Nacional de Combate ao Desperdício da Água (PNCDA) Na esfera federal foi instituído um programa de conservação e uso racional da água de abastecimento público - PNCDA, pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, em abril de 1997, em articulação com o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal e com o Ministério das Minas e Energia. Hoje o Programa está vinculado ao Ministério das Cidades. Ainda que sua política seja no âmbito urbano a sua formulação contempla a possibilidade de uma futura integração com outros usos, como a irrigação, indústria, geração de energia. (PNCDA, 2004) Este programa tem por objetivos específicos definir e implementar um conjunto de ações e instrumentos tecnológicos, normativos, econômicos e institucionais, concorrentes para uma efetiva economia dos volumes de água demandados para consumo nas áreas urbanas. Trata-se, hoje, da busca da eficiência no uso da água “em todas as fases de seu ciclo de utilização, desde a captação até o consumo final”. (SILVA, TAMAKI, GONÇALVES, 2004). Na série de Documentos Técnicos de Apoio (DTA) do PNCDA, sugere-se a determinação do índice de consumo para algumas tipologias de edifício: restaurantes – número de refeições; escolas – número de alunos matriculados, hotéis – nº de hóspedes; lavanderia – kg de roupa seca e laboratório – nº de procedimentos. Para o cálculo dos consumos mensais de água utilizou as equações sugeridas por Berenhause e Pulici (1983) apud Rocha et al. (1998). (TABELA 2.1) 5 Tabela 2.1 - Equações para o cálculo de consumo mensal de água de referência (m3/mês) Clubes esportivos Cm = 26 NC Edifícios comerciais Cm = 0,08 AC Escolas de 1º e 2º graus Cm = 0,05 AC+ 0,1 V + 0,7 F + 20 Escolas de nível superior Cm = 0,03 AC + 0,7 F + 0,8 BS + 50 Creches Cm = 3,8 F + 10 Hospitais Cm = 2,9 F + 11,8 BS + 2,5 L + 280 Hotéis de 1ª categoria (5, 4 e 3 estrelas) Cm = 6,4 BH + 2,6 L + 400 Hotéis de 2ª categoria Cm = 3,1 BH+ 3,1 L . 40 Lavanderias industriais Cm = 0,02 x Kg de roupa /mês Restaurantes Cm = 7,5 F+ 8,4 BS Fonte: Adaptado DTA B3 – PNCDA, 1999. Onde: Cm = consumo mensal de água, m3; NC = número de chuveiros; AC = área construída, m2; V = número de vagas; F = número de funcionários; BH = número de banheiros; BS = número de bacias sanitárias; L = número de leitos. Fazendo a aplicação da equação sugerida para a obtenção do consumo de água em escola de nível superior, como referência para a Escola Politécnica da UFBA, que possui uma área total construída de 22.000 m2, com 183 funcionários, incluindo professores e técnicos administrativos, e 28 bacias sanitárias, obteve-se o consumo de 860,5 m3/mês ou 28,68 m3/dia. Atualmente, a Escola apresenta um consumo mensal de 464,64 m3/mês ou 15,49 m3/dia, pela média dos meses de junho a novembro de 2008. Diante dessa diferença observar- se a possibilidade do super-dimensionamento do sistema hidráulico do prédio. As seguintes atividades são consideradas no PNDCA: campanhas de conscientização; levantamento do sistema hidráulico do edifício e dos procedimentos dos usuários relacionados ao uso da água; diagnóstico do sistema, sobretudo vazamentos; plano de intervenção, considerando campanhas educativas, manutenção do sistema, alteração de procedimentos de uso da água, substituição de componentes convencionais por eficientes, reaproveitamento da água; avaliação econômica; avaliação do impacto da redução. 6 2.1.2 Programa de Uso Racional de Água – PURA (USP-SABESP) O “PURA” – Programa de Uso Racional da Água foi criado em 1995, com o convênio entre a SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, empresa de saneamento básico de São Paulo com a Escola Politécnica da USP (através do Laboratório de Sistemas Prediais) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Com o objetivo de reduzir o consumo de água no campus da USP em virtude dos altos valores de consumo observados a SABESP concedeu para o programa um desconto nas contas de água mensais da Cidade Universitária a fim de se criar um fundo destinado às intervenções do PURA. Em contrapartida, a USP ficou responsabilizada por uma economia de água efetiva a ser obtida com a implantação de todos os passos propostos, e pelo desenvolvimento de uma metodologia de aplicação doprograma em outras situações similares futuras. A metodologia aplicada para a implantação de Programa de Uso Racional da Água - PURA em edifícios, enfatiza a importância de ações tecnológicas que visam o controle e redução do consumo de água, tendo sido estruturada em quatro etapas descritas a seguir: Auditoria do consumo de água; Diagnóstico do consumo de água no edifício; Plano de Intervenção e Avaliação do impacto de redução do consumo de água (OLIVEIRA & GONÇALVES, 1999). A Auditoria do consumo de água considera o levantamento documental das características físicas e funcionais do edifício, especialmente, o sistema hidráulico. É proposto o levantamento do indicador de consumo – IC, relacionando o volume de água consumido em um determinado período com o número de agentes consumidores. Esses valores constituem-se em referência para a avaliação do impacto de redução do consumo de água, após cada uma das ações implementadas no decorrer do PURA. Ainda nesta etapa é proposto um diagnóstico preliminar que permita uma avaliação prévia do consumo de água e a previsão do impacto de redução de consumo, utilizando o indicador de consumo estimado – ICe e de sua comparação com o valor de indicador de consumo no período histórico – ICh. Informações das características físicas e funcionais do sistema hidráulico e das atividades desenvolvidas no edifício são também obtidas nessa etapa contribuindo para o entendimento do perfil do consumo de água no sistema. São levantados: 7 • Sistema hidráulico predial: tipo de sistema de abastecimento e número do medidor; localização e cadastro da quantidade e capacidade dos reservatórios; condições de operação da torneira de bóia e o local de deságüe do extravasor e da tubulação de limpeza do reservatório; pressão em pontos críticos do sistema; pontos de utilização do sistema, suas características e condições de operação. • Vazamentos visíveis e não visíveis: utilização de testes expeditos, como o teste do hidrômetro e teste especiais, como o correlacionador de ruídos, geofone eletrônico e haste escuta. • Sistemas hidráulicos especiais: sistema de ar condicionado, sistema de ar comprimido, sistema de vácuo, sistema de vapor com caldeira, sistema de hemodiálise por osmose reversa, sistema de destilação e outros. • Procedimentos dos usuários: atividade realizada com a maior discrição possível para que os usuários não mudem de comportamento podendo mascarar as informações que deverão ser repassadas ao profissional responsável pela campanha educativa. Os principais ambientes observados são: cozinha, lavanderia, jardim e área externa, sanitário, laboratório e outros, conforme a tipologia do edifício. A segunda etapa consiste no Diagnóstico do consumo de água no edifício. Em síntese, contém as informações obtidas na auditoria do consumo de água, possibilitando a elaboração de um plano de intervenção com ações específicas para cada tipologia de edifício e a consideração das características próprias de cada sistema. Considera o consumo diário de água no período histórico; número de agentes consumidores; valor do indicador de consumo de água no período histórico; desperdício diário estimado; índice de desperdício estimado; perda por vazamento visível; índice de perda por vazamento visível; índice de vazamento visível; perda por vazamento não-visível; índice de perda por vazamento não-visível; índice de vazamento não-visível; perda diária total levantada no sistema; consumo diário de água em sistemas hidráulicos especiais; procedimentos inadequados dos usuários relacionados ao consumo de água. A elaboração de um Plano de Intervenção consiste na terceira etapa. Nesta são focados os pontos críticos do sistema, geralmente através da correção de vazamentos detectados. A implantação de medição setorizada do consumo de água é um dos sistemas de controle que permite a detecção de problemas. Além dessa intervenção realizada torna-se indispensável a 8 realização de uma avaliação dessas ações implementadas, tanto após a realização da implementação de cada uma delas, quanto ao final do plano de intervenção. Com o objetivo de obter resultados sem a influência da adaptação dos usuários ao novo sistema, propõe-se que o impacto de redução seja calculado após, no mínimo 15 dias da implementação de cada ação e por um período mínimo de 15 dias. Como etapas para a elaboração do plano de intervenção são necessários os seguintes componentes: campanha de conscientização; correção de vazamentos: de grande importância antes da substituição de componentes convencionais por economizadores de água, como forma de evitar resultados enganosos; substituição de componentes convencionais por economizadores de água; redução de perdas e reaproveitamento de água em sistemas hidráulicos especiais, obtida por meio da manutenção adequada; e por fim a campanha educativa, como forma de comunicação destinada aos usuários específicos, implementada através de palestras dirigidas. A substituição de componentes convencionais por economizadores de água ocasiona uma redução do consumo de água independentemente da ação do usuário ou da sua disposição em mudar de comportamento para reduzir o consumo de água. Deve ser implementada quando o sistema estiver totalmente estável, sem nenhuma perda de água por vazamento. É imprescindível o aperfeiçoamento da capacitação técnica de usuários responsáveis pela manutenção no edifício, tendo-se em vista os novos componentes a serem instalados. No entanto, segundo o PURA, o maior potencial para redução de consumo de água nesses sistemas encontra-se na implementação de ações que visem o reaproveitamento de água. A quarta e última etapa do programa consiste na Avaliação do impacto de redução do consumo de água. O impacto de redução do consumo é calculado conforme a Equação 2.1: ( )%100×−= CAP CDPCAP I IIIR Eq. 2.1 onde, o IR é o impacto de redução do consumo de água por agente consumidor; ICAP é o indicador de consumo antes do PURA e ICDP é o indicador de consumo depois do PURA. 9 Essa informação de redução do consumo deve ser sempre repassada aos usuários do sistema, através da campanha de conscientização, que tem a função de informar e incentivar o usuário a economizar água. 2.1.3 Programa de Conservação de Água - Pró-Água (Unicamp) O Pró-água/Unicamp teve início em maio de 1999, sendo desenvolvido pela Faculdade de Engenharia Civil – FEC, e tem como objetivo geral a implantação de medidas que induza ao uso racional da água nos edifícios localizados na Cidade Universitária Professor Zeferino Vaz, Campinas, inclusive com o trabalho de conscientização dos usuários sobre a importância da conservação desse insumo. O Programa contempla duas fases. A Fase I considera o levantamento cadastral, a detecção e conserto de vazamentos, a implantação de telemedição, a instalação de componentes economizadores e a avaliação do desempenho pelos usuários. Já a Fase II contempla a análise de tecnologias economizadoras para usos específicos e implantação de sistema de gestão dos sistemas prediais no campus. (em andamento). Antes do início do PRÓ-ÁGUA/UNICAMP existiam apenas seis hidrômetros no campus, cuja única fonte de leitura era realizada pela concessionária local (SANASA). Após o andamento do Programa ainda como meta está a instalação de hidrômetros eletrônicos, interligados a uma central de medição através de cabos telefônicos. Foram necessárias obras civis para a instalação hidráulica, e para a interligação com a rede telefônica (abertura de valas, passagem dos condutores e depois dos cabos telefônicos, e fechamento das valas nos locais ondeainda não existe rede telefônica ou a rede hidráulica encontra-se distante da rede telefônica). O Sistema de Telemedição constitui-se na principal ferramenta para a avaliação dos resultados das ações deste Programa, já que propicia a leitura e armazenamento dos dados de vazão instantânea e de totalização do volume de água consumido. Foram instalados componentes de acionamento hidromecânico nos lavatórios e mictórios, baseados nos seguintes aspectos: dispensa fonte energética para o seu funcionamento; custo relativamente baixo, se comparado, por exemplo, com os componentes eletrônicos; e são necessárias pequenas intervenções para a sua instalação. Foram utilizados, 10 em ambos os casos, os valores de vazão e de tempo de acionamento recomendados pela normalização brasileira. Após as etapas de 1 a 4 da Fase I, foi aplicado um questionário para a avaliação do desempenho das torneiras economizadoras pela população fixa dos edifícios do campus, sendo delineado pelos seguintes tópicos: Caracterização dos usuários; Descrição das atividades, freqüência de uso e tempo de acionamento das torneiras de lavatório; Opinião sobre o desempenho das válvulas de mictórios e das torneiras de lavatório economizadoras com relação às convencionais. A Fase II encontra-se em andamento e consiste em duas etapas: análise de tecnologias economizadoras para usos específicos e implantação de sistema de gestão dos sistemas prediais no campus. Na segunda etapa, ainda não está sendo atualizado o banco de dados eletrônico com os serviços de manutenção realizados pelo Escritório Técnico de Construção (ESTEC). Em paralelo, o processo de tramitação das solicitações de serviços ao ESTEC, o qual envolve a solicitação propriamente dita, a execução do serviço e o arquivamento do pedido são lentos. De acordo com a experiência do programa para atendimento de uma solicitação de troca de reparo de válvula de descarga, pode levar até dois meses entre a solicitação e o arquivamento do ofício. Um procedimento adotado pela equipe do PRÓ-ÁGUA UNICAMP durante as varreduras e que poderia ser tomado como referência pelo ÁGUAPURA, é a utilização da caneta hidrossolúvel nos vasos sanitários para a detecção de vazamentos conforme Figura 2.1. 11 1o passo: Secar o interior da bacia sanitária com papel higiênico 2o passo: Passar a caneta hidrográfica solúvel em água no interior da bacia 3o passo: Fazer a detecção visual dos vazamentos Cabe ressaltar que o teste deve ser realizado pelo menos meia hora após a utilização da bacia sanitária devido a reposição do fecho hídrico. Figura 2.1 - Teste de detecção de vazamentos em bacias sanitárias A universidade conta com o apoio de 58,8% das Unidades com a equipe de manutenção própria; 38,8% das Unidades contam com a manutenção do ESTEC e 7,5% das Unidades terceirizam a manutenção. A somatória das porcentagens ultrapassa 100% porque algumas Unidades, além de contarem com o ESTEC, também terceirizam determinadas atividades. O Programa pretende designar um "Gestor dos Sistemas Prediais" por Unidade ou por prédio, cuja função será a detecção dos vazamentos nos pontos de consumo e encaminhamento da ordem de serviço (O.S.) via internet. Uma forma de reduzir os vazamentos consiste na realização de manutenção preventiva. A importância desta manutenção pode ser justificada no comportamento do desempenho dos componentes dos edifícios sem manutenção (FIGURA 2.2), onde a primeira curva decai rapidamente e a segunda situação onde a deterioração do edifício é mais lenta, indicando o limite mínimo de desempenho (D’HAVE apud LICHTENSTEIN, 1985, apud PEDROSO, 2002). pode perm interv Figura Entretanto e ser prolong Figura Observa-s manecendo u venções. É 2.2 – Desem Fon o, caso ocor gada, altera 2.3 – Desem Fon se na Figu uma perda inevitável mpenho dos e nte: LISCHTE rram as man ando a curva mpenho dos e nte: LISCHTE ura 2.3 qu residual, en que o edifí edifícios ao lo ENSTEIN (19 nutenções p a de deterior edifícios ao lo ENSTEIN (19 ue não é ntretanto há cio apresen ongo do tem 985) apud PED eriódicas no ração do me ongo do tem 985) apud PED possível v á uma eleva nte um dia u mpo, sem man DROSO (2002 os edifícios esmo. (FIGU mpo, com man DROSO (2002 voltar ao ação no des um desemp nutenção per 2) s, a vida útil URA 2.3). nutenção per 2) desempenh sempenho a enho insati 12 riódica l do mesmo riódica o original, a partir das sfatório em 2 o , s m 13 conseqüência da deterioração natural dos materiais e componentes, no entanto, com a implementação de manutenção periódica, essa data será postergada (PEDROSO, 2002). 2.1.4 Outros Trabalhos e Programas Nacionais Outros trabalhos e campanhas foram desenvolvidos no país nos âmbitos estadual e municipal, nos setores públicos e privados, com vistas ao combate ao desperdício de água. • No Estado do Tocantins o tema foi tratado pelo Centro de Referência do Movimento de Cidadania pelas Águas; • Em maio de 2001, o Governo do Estado de São Paulo lançou o Programa Estadual de Uso Racional da Água, cujo objetivo é reduzir em 20% o consumo de água em órgãos públicos, como secretarias, escolas, hospitais, etc. • Na Bahia, a concessionária EMBASA (Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A) responsável pelo fornecimento de água para o Estado, não possui um programa específico de combate ao desperdício da água, porém orienta os consumidores quanto ao seu uso racional através da mídia, mesmo que de forma tímida. • No município de Benevides no Estado do Pará foi desenvolvido o projeto “Preservação de Água” por meio da Universidade do Estado do Pará, através do Programa “UEPA na Praça”, com o objetivo de disseminar na população local a restauração dos hábitos ambientais vinculados à qualidade e quantidade de água, tendo-se como abordagem o dueto problemático desperdício-poluição (BEZERRA ET AL, 2001). O Programa de Uso Racional da Água na Universidade da Bahia será detalhado no Capítulo 3. 14 2.2 PROMOÇÃO DO USO RACIONAL DA ÁGUA 2.2.1 Tecnologias para a Promoção do Uso Racional da Água em Sistemas Prediais Atualmente, vem crescendo no Brasil a adoção de aparelhos economizadores de água. É visível a sua utilização em shopping centers, hotéis, aeroportos, teatros, cinemas, escolas, e outros. (PROSAB, 2006). De acordo com os conceitos utilizados pelos autores Gonçalves, Ioshimoto e Oliveira (1999), serão abordados a seguir três tipos de tecnologias poupadoras de água nos sistemas prediais disponíveis no momento mundialmente: de processo (produz alterações nos sistemas prediais hidráulicos); de produto (aplicável a qualquer ponto do sistema predial hidráulico, sem que seja obrigatória modificação) e de instrumentação (tecnologia de medição, monitoramento e gerenciamento do uso da água). Com relação à tecnologia de processo, órgãos governamentais, institutos de pesquisas e indústrias da construção civil, têm-se obtido novos processos, produtos e componentes de sistemas hidráulicos prediais, destinados à racionalização do uso da água. Nos EUA existe um sistema bastante utilizado desde 1973, o de descargas a vácuo, cujos benefícios proporcionam redução de água/volume de esgoto, redução de água/cargas mensais de esgoto e redução dos custos das tubulações de água (menores diâmetros). (GONÇALVES et al., 1999). No Brasil, esse sistema está crescendo e está sendo observado principalmente em edifícioscomerciais, shopping centers, hotéis e outros. O seu consumo de água gira em torno de 1,5 litros por descarga, cuja função é apenas a lavagem da superfície interna e do poço da bacia. (PROSAB, 2006). Já existem diversos outros sistemas e dispositivos nesse sentido, como a bacia sanitária com membrana reticulada e sistema de sifão central para rede de esgotos. Esta bacia tem como finalidade produzir um fluxo mais intenso, aumentando a velocidade do esgoto na tubulação, evitando-se a sedimentação de sólidos. Quanto ao tipo de sifão central possui a capacidade para aproximadamente 20 litros de esgoto sanitário. Quando são ejetados volumes extras, ocorre o efeito de sifonamento, expurgando o esgoto armazenado para a rede pública, realizando uma auto-limpeza na tubulação de esgoto predial. Quanto a falhas que podem ocorrer relacionadas às tecnologias de processo, têm-se os vazamentos no sistema hidráulico predial. Normalmente as causas dos vazamentos estão 15 relacionadas a problemas ocorridos nos equipamentos hidráulicos, peças, aparelhos, etc., dentre esses, os mais comuns são: • Vazamentos em caixas ou válvulas de descarga: a depender da magnitude do vazamento nos dispositivos que alimentam as bacias sanitárias, o mesmo pode ser considerado invisível pelo usuário; • Vazamentos nas válvulas de admissão de caixa de descarga e reservatório: pode em determinado momento atingir o extravasor. No caso da caixa de descarga, geralmente, está conectado à bacia e, em reservatório domiciliares, junto ao piso do box ou mesmo sobre o telhado. Desse modo, o vazamento pode ocorrer durante um grande período antes que seja detectado, proporcionando um aumento no consumo de água. Os vazamentos visíveis em reservatórios podem ocorrer devido a torneira de bóia desregulada ou danificada – a água é perdida pelo extravasor; conexões danificadas - provocando vazamento junto às paredes fundo dos reservatórios; registro com fechamento inadequado – geralmente utilizam–se registro de gaveta para as saídas de águas e estes podem estar com problemas de vedação e permitir a passagem da água, por exemplo, em uma tubulação de limpeza, que por sua vez pode escoar através do sistema de águas pluviais, retardando a detecção do vazamento. • Vazamento em tubulação de sistemas hidráulicos: ocorrem em junção, ou até mesmo em fissuras ao longo das próprias tubulações. Recomenda-se que, nas construções em geral, realize-se o teste de estanqueidade através da pressurização da rede; • Vazamento em torneiras: podem variar em função do tipo de vazamento como o gotejamento ou escoamento em filete, tipo da bica da torneira, rugosidade de suas paredes e também da pressão hidráulica. Para facilitar a estimativa da perda de água provocada a esse tipo de vazamento, utilizam-se os valores médios de perda diária de água como apresentado na Tabela 2.2. 16 Tabela 2.2 – Valores médios de perda diária de água em função de vazamentos em torneiras Vazamento Freqüência (gotas/min) Perda diária (l) Gotejamento lento Até 40 gotas / min 8 Gotejamento médio 40 < nº gotas/min ≤ 80 8 a 15 Gotejamento rápido 80 < nº gotas/ min ≤ 120 15 a 24 Gotejamento muito rápido Impossível de contar >44 Filete φ ≈ 2 m m Escoamento contínuo >137 Filete φ ≈ 4 m m Escoamento contínuo >441 Fonte: DTA nº B3 – PNCDA, 1999. Com o objetivo de detectar vazamentos Gonçalves & Oliveira (1998) desenvolveram metodologia para a detecção de vazamentos não visíveis: teste do hidrômetro - utilizado em alimentador predial; teste da sucção – utilizado em alimentador predial, quando da dificuldade de acesso ao reservatório; teste de reservatório – utilizado para a verificação de infiltração no reservatório; teste de corante – utilizado em bacias sanitárias e geofonia eletrônica, haste de escuta e correlação de ruídos para a detecção de vazamento em sistema hidráulico. Com relação à tecnologia de produtos, hoje são produzidos bacias VDR (bacias de descarga de valor reduzido) para serem utilizadas em conjunto com caixas de descarga com volume reduzido (6 litros), fixada na parede. Nos EUA, os valores estão em torno de 6 a 9 litros e na Europa, em torno de 3 a 9 litros. Flushmate, microflush, bacia acoplada com alimentação lateral e com caixa acoplada dual são outros exemplos dessa tecnologia de produto. O flushmate trata-se de uma bacia com caixa acoplada e cujo reservatório possui uma câmara que utiliza a própria pressão da água para controlar seu volume de água da descarga. O microflush foi desenvolvido, principalmente, para instalações comerciais e públicas possuindo a capacidade de reduzir, segundo o catálogo da fabricante em até 90% do consumo de água se comparado aos sistemas convencionais. Em uso doméstico, este índice fica em torno de 40 %. A bacia com caixa acoplada e alimentação lateral é largamente usada no Japão, em banheiros públicos. Na caixa de descarga é aplicado um sistema de reutilização da água, para a lavagem das mãos. A bacia com caixa acoplada dual foi projetada de modo a permitir ao usuário a possibilidade de escolha entre dois volumes de água de descarga, um 17 maior, igual ao volume útil da caixa, e outro menor, igual a 50% deste volume, que pode ser utilizado quando houver na bacia somente dejetos líquidos. Na Austrália diante da grande preocupação com o consumo de água, principalmente, nos banheiros, foram projetados sanitários com duas descargas como alternativa de redução do consumo de água, ou seja, 6 e 3 litros a depender do tipo do uso do aparelho. Para a descarga cheia removem-se os sólidos e papel, e a vazão reduzida remove-se a urina (CAROMA, 2000). O ciclo de vida desse design, segundo o fabricante, foi estudado e estima- se aproximadamente em 30 anos. Os sistemas com dupla descarga têm sido projetados com materiais de baixo impacto ambiental de plásticos inertes ou porcelana vítrea. Os plásticos são recicláveis e a porcelana vítrea possui várias aplicações de uso. O processo de manufatura é continuamente avaliado quanto a eficiência de energia e consumo de água e geração de resíduos (Sólido, Liquido e Gás). Esta avaliação tem sido aumentada através da introdução da ISO 14001, implantada como sistema de gestão ambiental em setores de plástico da companhia. As torneiras de lavatórios e cozinhas permitem a utilização de pequenos artefatos adaptados às torneiras, tendo como finalidade uma melhor distribuição do jato de água, regulando a vazão e reduzindo a pressão, principalmente em locais destinados a lavagens com manuseio das peças, a exemplo de cozinhas e lavabos. Desse modo, permitem um melhor controle de vazão e uma melhor distribuição de água. Para controlar a dispersão do jato e reduzir a vazão, existem dispositivos desenvolvidos com essa finalidade, como a seguir: • Arejador: dispositivo fixado na saída da torneira, que reduz a seção da passagem da água, reduzindo a vazão. Os arejadores diminuem cerca de 50% o jato das torneiras. Segundo a NBR 10.281/01 a vazão mínima recomendada é de 0,05 l/s para torneiras com arejador (PROSAB, 2006); • Pulverizador: dispositivo fixado na saída da torneira, transformando o jato de água em um feixe de pequenos jatos semelhante a um chuveirinho. Os pulverizadores reduzem a vazão para valores entre 0,06 l/s a 0,12 l/s, podendo chegar até a 0,03 l/s; • Atomizador: geralmente utilizado em edifícios públicos e comerciais, o atomizador fornece uma vazão da ordem de 0,01 l/s com pressão de alimentação de 350 kPa; 18 • Prolongador: aproxima e direciona o jato ao objeto a ser lavado; • Torneiras acionadas por sensor infravermelho: funciona com um conjunto de emissore receptor. Segundo o PROSAB (2006), não existe norma brasileira para esse tipo de aparelho; • Torneiras com tempo de fluxo determinado: dotado de um dispositivo mecânico que, uma vez acionado, libera o fluxo de água, fechando-se automaticamente após um tempo determinado. De acordo com a NBR 13.713/96, em revisão, a vazão mínima de funcionamento poderá variar entre 0,04 a 0,10 l/s para torneiras de lavatórios, e tempo de fechamento entre 5 a 10 s (PROSAB, 2006); • Mictórios: mesmo sendo utilizados em usos restritos (áreas de lazer, edifícios comerciais, de escritórios, públicos, etc.) podem ser responsáveis por uma significativa parcela de água desperdiçada. Os mictórios podem ser divididos em dois grupos: individuais e coletivos, um fabricado em louça sanitária, com pedestal ou suspenso, e o segundo feito em chapa. Os sensores infravermelhos são também utilizados para o acionamento automático da descarga, que é acionada quando o usuário deixa seu campo de ação. Foi lançado (BATIMAT-95) um mictório que aciona a descarga automaticamente de 15 a 20 segundos após a sua utilização, através de um sensor que capta a acidez da urina no sifão. Há ainda a tecnologia dos mictórios sem água que está em franca expansão na Europa e América do Norte e ainda não disponível comercialmente no Brasil, funcionando utilizando um selo hídrico, como uma barreira, composto por uma substância oleosa (PROSAB, 2006). Segundo Schmidt (2004), em um estudo de caso aplicando-o em sanitários de alunos e professores, conclui-se que “a eliminação da água do processo não afetou negativamente o desempenho do ambiente sanitário”; • Chuveiros: dispositivo limitador de vazão, instalado a montante do chuveiro, que, a partir de certa pressão, estrangula progressivamente a seção da passagem de água, de modo a limitar a vazão a valores de 0,13 a 0,23 litros por segundos (PROSAB, 2006). Com relação à tecnologia de instrumentação, a utilização dos recursos oferecidos pela instrumentação pode ser muito útil para definir com maior precisão o impacto obtido pelo uso 19 de aparelhos de reduzido consumo de água. Com a instrumentação é possível a avaliação tanto do comportamento do usuário com relação ao ambiente sanitário, quanto do desempenho cotidiano das louças e metais sanitários desenvolvidos para operarem com volumes reduzidos de água (GONÇALVES et al., 1999). Podem ser empregados medidores de nível aplicados no interior da caixa de descarga ou mesmo um microswitch instalado no sistema de acionamento da descarga, como, por exemplo, um equipamento utilizado em larga escala, o datalogger, capaz de registrar o tempo de ocorrência de determinado evento, bem como os valores de variáveis associadas a esse evento, no mesmo instante. Os dados recebidos pelo datalogger podem ser transferidos para um microcomputador para posterior processamento. Nesse sentido, a instrumentação dos sistemas prediais de água fria possibilita a obtenção de diversos dados relativos à pressão, vazão, temperatura, velocidade, dentre outros, do escoamento. A aquisição efetiva de tais dados pode ser concretizada através do gerenciamento de sistemas de instrumentação e automação. Estes são compostos por unidades gerenciadoras, diversas delas remotas, e sensores, condicionadores de sinais, placas de aquisição de dados e de interface, um programa (software) de monitoramento, microcomputador, dentre outros equipamentos. A tipologia de sensores disponíveis no mercado é extensa, como os transdutores de pressão, hidrômetros, termopares, etc. PNCDA (2001) monitorou o consumo diário de água de vinte apartamentos, através da instalação de sensores de fluxo, de pressão e de temperatura e, ainda, de hidrômetros instrumentados nos pontos de utilização. Os sensores foram conectados a um equipamento de aquisição de dados, o qual registrava os eventos em um disquete para posterior análise. PNCDA (2001) monitorou também o consumo de água em dois edifícios de apartamentos instalando sensores de presença nos aparelhos sanitários, sensores de fluxo com a função de medir a vazão, e hidrômetros instrumentados, conectados a um registrador – armazenador de dados. (ALMEIDA, 2007) aplicou um questionário em 379 residências para compreender o comportamento das pessoas, usos e costumes relativo ao consumo residencial água. Verificou-se que o consumo está diretamente relacionado com a renda familiar e com o número de moradores. Na etapa seguinte, cinco das 379 famílias inquiridas participaram na identificação da metodologia para caracterização qualitativa e quantitativa dos efluentes nos equipamentos hidrosanitários investigados: pia, lavatório, chuveiro, tanque ou máquina de 20 lavar e descarga. Seu objetivo foi subsidiar proposições de alternativas de instalações sanitárias que possibilitem a minimização do uso, tratamento e reúso das águas servidas na edificação. O comportamento do usuário pode ser avaliado através da definição dos intervalos de tempo entre descarga e duração das mesmas, para cada aparelho sanitário. A averiguação da taxa de chegada do usuário no ambiente sanitário também é possível de ser estabelecida. Esse conjunto de dados, uma vez coletados, torna aplicáveis os métodos probabilísticos e a teoria das filas para a obtenção da vazão de projeto. 2.2.2 Avaliação dos Avanços das Tecnologias Disponíveis Para o PNCDA (1999) a incorporação de avanços tecnológicos de processo deve considerar: a procedência dos mesmos - país com domínio tecnológico efetivo do processo; o nível tecnológico - complexidade e inovação tecnológica do processo; o impacto cultural - influência nos hábitos dos usuários; a dificuldade de implantação - referente ao grau de dificuldade de elaboração do projeto e da instalação do sistema; a dificuldade de operação - dificuldade na operação pelos usuários; a dificuldade de manutenção - necessidade de manutenção periódica com mão-de-obra especializada; a atuação - parâmetros atuantes, como medidas de redução do volume consumido (vazão, tempo de utilização e reuso da água); o grau de influência sobre o sistema predial hidráulico - necessidade de alterações do sistema hidráulico para adequação ao processo aplicado; o grau de influência sobre os demais sistemas prediais: necessidade de acréscimo e utilização de outros sistemas prediais; e o consumo médio - valores obtidos em pesquisas. A avaliação das tecnologias de processo, feito pelo documento técnico – DTA F1 do PNCDA, não contempla o Brasil por não possuir nenhuma contribuição em sistemas à vácuo, como no caso dos EUA e Europa, ou ao sistema Gustavsberg, da Suécia. O Brasil entra na avaliação das tecnologias de produto com a utilização de bacias sanitárias, torneiras e mictórios, já inseridos comercialmente no mercado brasileiro, mesmo de forma ainda tímida. No Anexo A, mostram os resultados dessa pesquisa realizada pelo PNCDA. O PNCDA elaborou um documento que avalia as tecnologias de processos e propôs linhas de ação, a curto e médio prazo, para alguns desses processos e produtos, conforme mostra a Tabela 2.3, a seguir. 21 Tabela 2.3 - Processos e produtos com possibilidades de aplicação – Edifícios Privados e Públicos Processo Produto Edifícios a construir Edifícios existentes Bacia VDR de 3 a 3,5 l/descarga (sistema Gustavberg) Recomendável Não recomendável no momento Bacia VDR (6 l/descarga) Recomendável Recomendável Bacia VDR com lavabo * Recomendável Não recomendável s/ estudo prévio Torneiras com dispositivos controladores de jato Recomendável Recomendável Torneiras de fluxo determinado * Recomendável Recomendável Mictórios
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