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TCC PRONTO CARLA MONIQUE

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FACULDADE DO AMAPÁ – ESTÁCIO FAMAP 
DIREITO 
 
 
 
GUARDA COMPARTILHADA: em busca do melhor interesse do menor 
 
 
 
 
 
 
 
CARLA MONIQUE MAGALHÃES REIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACAPÁ, 
2017 
 
CARLA MONIQUE MAGALHÃES REIS 
 
 
 
 
GUARDA COMPARTILHADA: em busca do melhor interesse do menor. 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado como requisito parcial a 
obtenção do grau de Bacharel em Direito, 
da Instituição de Ensino Faculdade do 
Amapá- Estácio Famap. 
Professor Orientador: Sandro Gaspar 
Amaral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACAPÁ, 
2017
 
Acadêmica de Direito na Faculdade FAMAP¹ 
 
GUARDA COMPARTILHADA: em busca do melhor interesse do menor 
 
 
Carla Monique Magalhães Reis¹ 
 
 
 
RESUMO 
 
Este artigo é resultado de uma pesquisa bibliográfica que aborda a Guarda 
Compartilhada, cujo objetivo é o melhor interesse do menor. No campo do Direito de 
família é necessário que se busque novos modelos com intuito de dar a devida 
proteção ao interesse do menor. Para alcançar tal objetivo, tornou-se essencial fazer 
um estudo, apoiando-se nos seguintes teóricos: Maria Helena Diniz, Maria Berenice 
Dias e Carlos Roberto Gonçalves, que possibilitará um melhor entendimento do 
instituto da Guarda Compartilhada que deve ser considerada um tipo de guarda 
aplicável e cabível em nosso direito. Nesse contexto, o estudo em questão é uma 
forma de proporcionar esse amparo. 
 
 
 
Palavras Chave: Guarda. Guarda Compartilhada. Poder Familiar. 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................4 
2 ORIGEM DA FAMÍLIA .............................................................................................5 
2.1 PRINCIPIOS ESPECIAIS.......................................................................................5 
2.2 DIGNIDADE DA PESSOA......................................................................................6 
2.3 LIBERDADE DA IGUALDADE...............................................................................6 
2.4 SOLIDARIEDADE FAMILIAR.................................................................................7 
2.5 AFETIVIDADE........................................................................................................7 
2.6 PODER FAMILIAR.................................................................................................8 
2.7 RESPONSABILIDADE ........................................................................................10 
3 CONCEITO DA GUARDA ......................................................................................11 
3.1 MODALIDADE DA GUARDA...............................................................................12 
3.1.1 Guarda Unilateral.............................................................................................12 
3.1.2 Guarda Alternada............................................................................................13 
3.1.3 Aninhamento ou Nidação ..............................................................................14 
3.1.4 Guarda Compartilhada ...................................................................................14 
4 PRINCIPIO DO MELHOR INTERESSE DO MENOR ............................................15 
4.1 BENEFÍCIOS DA GUARDA COMPARTILHADA.................................................16 
4.2 POSSÍVEIS DESVANTAGENS DA GUARDA COMPARTILHADA.....................17 
4.3 PREOCUPAÇÕES OBSERVADAS DIANTE DA APLICAÇÃO DA GUARDA 
COMPATILHADA.......................................................................................................18 
4.4 ALIMENTOS E VISITAS.......................................................................................19 
5 MEDIAÇÃO FAMILIAR: INSTRUMENTO PARA FACILITAR A ATRIBUIÇÃO DA 
GUARDA COMPARTILHADA...................................................................................20 
6 CONCLUSÃO.........................................................................................................21 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................24 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho tem como objetivo o estudo da guarda compartilhada em 
busca do melhor interesse do menor. 
A importância desse tema reside no intuito de fazer com que nossa 
sociedade, diante das evoluções e mudanças que o intuito da Família sofreu nos 
últimos anos, sendo a guarda sempre favorecendo os filhos, levando em 
consideração o que será melhor para a criança tornar-se um adulto sem complexos 
advindos de uma ruptura conjugal mal resolvida, ou de uma união que nunca existiu. 
A escolha do tema é fruto do interesse pessoal envolvendo o direito de 
Família, que, por, na maioria das vezes, envolve o lado psicológico da criança, que 
deve ser avaliado sempre com muita cautela. Apesar da Guarda Compartilhada ter 
tornando-se Lei desde 2008 e mesmo antes já vinha sendo aplicada pelos 
magistrados, ainda é um tema pouco entendido e até mesmo confundindo com 
outras modalidades de Guarda dos filhos e com próprio Poder Familiar. 
A Constituição Federal de 1988, com toda sua carga princípio lógica e 
normativa, trouxe importantes modificações no Direito Civil, sobretudo o Direito de 
Família foi aprimorado, passando a contar com institutos modernos, oriundos das 
modificações do conceito de família, e no conceito de Poder Familiar. 
Dentre as mudanças decorrentes do advento da Carta de 1988, destaca-se a 
inserção, no ordenamento jurídico pátrio, do instituto da guarda na forma 
compartilhada, que foi regulamentado pela Lei n.º 11.698/2008, considerando que a 
guarda é uma modalidade de exercício do poder familiar, que deve enfocar o melhor 
interesse da criança. 
Dessa forma, o presente artigo busca aferir a aplicabilidade do poder familiar 
diante do instituto da Guarda Compartilhada, tendo como fio condutor o melhor 
interesse dos filhos no momento da separação de seus pais. Após a regulamentação 
da guarda compartilhada, os efeitos de tal instituto não vêm sendo completamente 
favoráveis, pois, em alguns casos, os pais solicitam na Justiça a guarda conjunta 
dos filhos para favorecerem a si próprios e não aos verdadeiros interessados. 
De início, será abordada a origem da Família e o Poder Familiar, analisando 
os tipos de guarda, debruçando-se, especificamente, sobre a guarda no tipo 
compartilhada. Esta, como será demonstrada, visa garantir a guarda material, 
5 
 
educacional, social e o bem estar dos filhos que poderão contar com a participação 
de ambos os pais, simultaneamente, em sua vida. 
Com objetivo específico pretende-se abordar se ela atinge o melhor interesse 
da criança distinguindo-a o Poder Familiar e o demais conceito de Guarda para os 
filhos. 
Não é p proposito de este trabalho estudar a Guarda Compartilhada no Direito 
Comparado, ou seja, saber como a Guarda Compartilhada é tratada em outros 
países. Pretende-se aclarar o pensamento real do tema, circunscrevendo-se o 
Direito de Família no ordenamento Jurídico. 
 
2 ORIGEM DA FAMÍLIA 
 
Manter vínculos afetivos não é uma prerrogativa da espécie humana. O 
acasalamento sempre existiu entre os seres vivos, seja em decorrência do instinto 
de perpetuação da espécie, seja pela verdadeira aversão que todos têm a solidão. 
Parece que as pessoas só são felizes quando tem alguém para amar. 
A família é um agrupamento informal, de formação espontânea no meio 
social, cuja estruturação se dá através do direito, não importa a posição que o 
indivíduoocupa na família, ou qual a espécie de grupamento familiar ele pertence, o 
que importa é pertencer ao seu amago, é estar naquele idealizado lugar onde é 
possível integrar sentimentos, esperanças, valores e se sentir, por isso, a caminho 
da realização de seu projeto de felicidade. A família é uma construção cultural. 
Dispõe de estruturação psíquica, na qual todos ocupam um lugar, possui uma 
função – lugar do pai, lugar da mãe, lugar dos filhos -, sem, entretanto, estarem 
necessariamente ligados biologicamente. É essa estrutura familiar que interessa 
investigar e preservar como um LAR no seu aspecto mais significativo: Lugar de 
Afeto e Respeito. 
 
2.1 PRINCÍPIOS ESPECIAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA 
 
A família, base da sociedade, recebeu proteção especial do Estado devido 
sua importância para o desenvolvimento integral de todos os membros do núcleo 
familiar, dessa forma, todo o aparato jurídico estatal, é formada por normas e 
princípios. 
6 
 
Os princípios no direito de família são inúmeros, e estão correlacionados ao 
relacionamento familiar, servindo como norte para orientar não só o legislador, mas 
o próprio juiz em suas decisões. 
 
2.2 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
 
Este princípio está plasmado no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal e 
demonstra uma nova ótica do Direito Constitucional e do Direito de Família em 
especial. 
É o princípio maior, fundante do Estado Democrático de Direito, sendo 
afirmado já no artigo citado acima. Sendo esse princípio o mais universal de todos 
os princípios. 
Maria Helena Diniz ministra: 
 
“Que referido princípio constitui base da comunidade familiar, garantido o 
pleno desenvolvimento e a realização de todos os seus membros, 
principalmente da criança e do adolescente, e critica jurista, que ante a nova 
concepção de família, falam em crise, desagregação e desprestígio, 
salientando que a família passa, sim, por profundas modificações, mas 
como organismo natural, ela não se acaba e como organismo jurídico está 
sofrendo uma nova organização.” 
 
O respeito à dignidade da pessoa humana pressupõe assegure-se 
concretamente os direitos sociais previstos no artigo 6º da Constituição Federal, que 
por sua vez está atrelado ao artigo 225, normas essas que garantem como direitos 
sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a 
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, assim como 
o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Acrescento a esta lista a 
proteção estatal à família como base da sociedade. 
 
2.3 LIBERDADE DE IGUALDADE 
 
A liberdade e a igualdade foram os primeiros princípios reconhecidos como 
direitos humanos fundamentais, de modo a garantir o respeito à dignidade da 
pessoa humana. O papel do direito é coordenar, organizar e limitar as liberdades, 
justamente para garantir a liberdade individual. Parece um paradoxo. 
7 
 
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227, § 6º, com redação 
idêntica no Código Civil de 2002, artigos 1.596 a 1.629, vislumbrando a igualdade e 
dignidade humana, preceituam que são iguais os filhos entre si, tornando a 
diferenciação dos filhos ou preterimentos impossíveis no aspecto jurídico, inclusive 
daqueles que surjam fora do contexto do casamento para os que estão inseridos 
neste contexto. Desta forma, adotados e naturais, legítimos e “bastardos”, inclusive 
vedando qualquer distinção depreciativa, passam a ter iguais direitos perante a lei. 
 
2.4 SOLIDARIEDADE FAMILIAR 
 
 Solidariedade Familiar é o que cada um deve ao outro. Esse princípio, que 
tem origem nos vínculos afetivos, dispõe de acentuado conteúdo ético, pois contem 
em suas entranhas o próprio significado da expressão solidariedade, que 
compreende a fraternidade e a reciprocidade. A pessoa só existe enquanto coexiste. 
 O Código Civil em seus arts. 1.511 e 1.694 rezam que a assistência à família 
é o dever de ambos os pais, pois compartilham de direitos e deveres que farão deles 
iguais. O princípio da Solidariedade social está previsto na Carta Magna em seu art. 
3º I com o fulcro de garantir a elaboração de uma sociedade livre, justa e solidária 
com objetivo fundamental garantido pela última reforma constitucional, os quais 
intervêm diretamente nas relações familiares e pessoais. 
 O próprio STJ utiliza de tal fundamento para aplicá-las em questões de 
matéria quanto à prestação alimentícia, fundamentando tal garantia para beneficiar 
aqueles advindos de união estável, retroagindo a Lei. 8.971/94 que garante os 
direitos da companheira, reconhecendo que a norma prevendo que os alimentos é 
fator de ordem pública. 
 
2.5 AFETIVIDADE 
 
 O princípio jurídico da afetividade faz despontar a igualdade entre irmãos 
biológicos e adotivos e o respeito a seus direitos fundamentais. Identificam-se na 
Constituição Federal quatro fundamentos essenciais do princípio da afetividade: (a) 
a igualdade de todos os filhos independente da origem (CF 227 § 6º); (b) a adoção, 
como escolha afetiva de igualdade de direitos (CF 277 §5º e 6º); (c) a comunidade 
formada por qualquer dos pais e seus descendentes, incluindo os adotivos, com a 
8 
 
mesma dignidade familiar (CF 226 § 4º); (d) o direito a convivência familiar como 
prioridade absoluta da criança, do adolescente e do jovem (CF 227). 
 
2.6 PODER FAMILIAR 
 
O novo Código Civil modificou o conhecido Poder Pátrio para Poder Familiar, 
onde a responsabilidade sobre os filhos cabe não somente ao pai, como defendia o 
Código Civil de 1916, mas igualitariamente para os pais (pai e mãe). No direito 
brasileiro, o Poder Familiar, retrata o direito subjetivo sobre a pessoa dos filhos, e 
um direito objetivo, sobre os bens desse filho; explana o complexo conjunto de 
responsabilidades e direitos que envolvem a relação entre pais e filhos, sendo 
mantidos até que os mesmos atinjam a maioridade. 
No que se refere ao Poder Familiar sofreu mudanças que ocorreram tanto na 
nomenclatura, que antigamente era Pátrio Poder e atualmente chama-se Poder 
Familiar, como também na forma de atuação dos pais perante os filhos menores, 
nesta relação familiar. Hoje a o poder familiar é um exemplo do princípio da 
igualdade entre homens e mulheres. 
Poder familiar para Carlos Roberto Gonçalves: 
 
É o conjunto de direitos e deveres, atribuídos aos pais, no tocante à pessoa e 
aos bens dos filhos menores. É irrenunciável, indelegável e imprescritível. Os 
pais não podem renunciar a ele, nem o transferir a outrem. A única exceção é 
a prevista no artigo 166 do Estatuto da Criança e do Adolescente, mas feita 
em juízo, sob forma de adesão ao pedido de colocação do menor em família 
substituta (geralmente em pedidos de adoção), cuja convivência será 
examinada pelo juiz. 
 
Preceitua o artigo 1.630 do Código Civil, enquanto menores os filhos estarão 
sujeitos ao poder familiar. O dispositivo abrange os filhos menores não 
emancipados, havidos ou não no casamento, resultantes de outra origem, desde 
que reconhecidos, bem como os adotivos. Durante o casamento e a união estável, 
compete a ambos os pais e deve ser exercido em igualdade de condições, podendo 
qualquer deles, em caso de divergência, recorrer ao juiz para buscar solução. A 
separação judicial ou extrajudicial, divórcio, da união estável, não altera o poder 
familiar. O filho não reconhecido pelo pai fica sob o poder exclusivo da mãe, 
9 
 
resguardando que todo filho menor tem de estar no poder familiar, quando este não 
estiver o juiz nomeará um tutor. 
O poder familiar possui como características intrínsecas a irrenunciabilidade, 
a intransmissibilidade e a imprescritibilidade. Sendo assim, nãose admite que os 
pais desistam de assumir as responsabilidades conferidas a eles, por meio do direito 
natural e positivado, só por vontade própria ou por circunstâncias banais. 
Segundo o STJ, “o pátrio poder é irrenunciável ou indelegável, por ser um 
conjunto de obrigações, a cargo dos pais, no tocante à pessoa e bens dos filhos 
menores (...). Em outras palavras, por se tratar de ônus, o pátrio poder não pode ser 
objeto de renúncia”. (Resp. 158920 – SP – 4º T – J. 23.03.1999 – DJU 24.05.1999 – 
RT. 768/188). 
É intransmissível, pois não se pode transferir a terceiros a outorga do poder 
familiar, uma vez que a condição de pais, sejam eles naturais ou adotivos, é de 
caráter personalíssimo. E é imprescritível, pois não se extingue com o desuso. Por 
mais que o titular não exerça o direito outorgado pelo poder familiar, ele não perde o 
seu direito de exercê-lo a qualquer tempo. Assim, por exemplo, ainda que os pais 
não exerçam por longos anos a prerrogativa de nomear tutor ao filho, poderão 
sempre fazê-lo, a qualquer tempo, desde que investidos na função. Da mesma 
forma poderão sempre reclamar o filho de quem ilegalmente o detenha, ou exercer 
qualquer função típica, sem qualquer prejuízo por não tê-la exercido antes e 
independentemente de qualquer prazo preestabelecido. 
Mas vale lembrar que se o titular causou prejuízo ao filho por não 
desempenhar o poder familiar a ele conferido, poderá ser punido conforme o artigo 
249 do ECA, o artigo 244 a 247 do CP e o artigo 1.638, II do CC. Dentre o conjunto 
de direitos e deveres que o ordenamento jurídico outorga aos pais, admitem-se dois 
tipos de relações, as quais se diferenciam quanto aos fins a que se destinam e 
quanto o bem jurídico que pretendem tutelar: uma está relacionada à pessoa dos 
filhos menores, enquanto que a outra está relacionada aos seus bens; sendo assim, 
pessoais e patrimoniais. As funções do poder familiar de conteúdo pessoal estão 
elencadas no artigo 229 da Constituição Federal, no artigo 1.634 do CC; e no artigo 
22 do ECA. 
Vale lembrar que o artigo 1.634 do CC foi alterado pela Lei 13.058/2014, 
portanto, além do dever de criar e educar, de exercer a guarda dos filhos e exigir 
que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios da sua idade e 
10 
 
condições, outros deveres foram determinados de forma conjunta aos pais e que 
condizem com o exercício do poder familiar (CC 1.634 III, IV, V, VII): conceder-lhes 
ou negar-lhes consentimento para casarem; conceder-lhes ou negar-lhes 
consentimento para viajar ao exterior; conceder-lhes ou negar-lhes consentimento 
para mudarem sua residência permanente para outro Município; representá-los 
judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, 
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o 
consentimento. 
Portanto, e considerando esses três textos legais, tem-se que as funções do 
poder familiar do conteúdo pessoal consistem nas seguintes: dever de criar, no qual 
se inclui o de sustento; dever de educar; dever de exercer a guarda unilateral ou 
compartilhada, nos termos do artigo 1.584 do CC, no qual se inclui o dever de 
reclamar de detenção ilegal; dever de representação e assistência, no qual se 
incluem o dever de conceder ou negar consentimento para casar, para viajar ao 
exterior, mudar sua residência permanente para outro Município e a faculdade de 
nomear tutor; dever de exigir obediência, respeito e colaboração, e, enfim, dever de 
cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. 
 
2.7 DA RESPONSABILIDADE 
 
Todas as atividades civis, que os menores de 18 anos venham a praticar, 
necessitam da autorização dos pais. Aos pais cabem os deveres de sustentar e 
assistir moral e emocionalmente os filhos menores; enquanto aos filhos cabe o dever 
de obedecer e respeitar os pais. 
Os pais, casados ou unidos estavelmente, possuem responsabilidade 
igualitária sob os filhos, no caso de um deles falecer ou ser impedido de exercer o 
poder, então o poder transfere-se ao outro. Se a criança for registrada apenas em 
nome da mãe, ela exercerá o poder familiar e somente com seu falecimento ou 
perda de poder é que se nomeará judicialmente um tutor. 
Mesmo com a separação judicial ou divórcio dos pais, o poder familiar não 
será alterado, ambos continuam responsáveis pelo menor, o que será estabelecido 
nesse processo é a guarda da criança, visitas e valor da pensão alimentícia. 
Ainda que se defira uma guarda unilateral o poder familiar é de ambos os 
cônjuges. O poder familiar não se extingue com a separação, o divórcio ou a 
11 
 
dissolução da união estável; se extingue com a morte de um dos pais, pela 
emancipação, pela maioridade, pela adoção e por decisão judicial. 
 
3 CONCEITO DA GUARDA 
 
A separação dos pais não configura a extinção do poder familiar, não extingue 
os deveres e direitos em relação aos filhos menores, ainda permanece o direito de 
convivência e de exercer a guarda dos menores. Não se comunica o fim do 
casamento ou dissolução da união estável, o direito dos pais em exercer o poder 
familiar, como prevê o artigo 1.636 do Código Civil: 
 
Art 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou estabelece união 
estável, não perde, quanto aos filhos do relacionamento anterior, os direitos 
ao poder familiar, exercendo-os sem qualquer interferência do novo cônjuge 
ou companheiro. 
Parágrafo único. Igual preceito ao estabelecido neste artigo aplica-se ao pai 
ou à mãe solteiros que casarem ou estabelecerem união estável. 
(BRASIL, 2002). 
 
Maria Berenice Dias diz: 
 
A guarda dos filhos é, implicitamente, conjunta, apenas se individualizando 
quando ocorrera a separação de fato ou de direito dos pais. Também 
quando o filho for reconhecido por ambos os pais, não residindo eles sob o 
mesmo teto e não havendo acordo sobre a guarda, o juiz decide atendendo 
ao melhor interesse do menor (CC1.612). 
O critério norteador na definição da guarda é a vontade dos genitores. No 
entanto, não fica exclusivamente na esfera familiar a definição de quem 
permanecerá com os filhos em sua companhia. Pode a guarda ser deferida 
a outra pessoa, havendo preferência por membro da família extensa que 
revele compatibilidade com a natureza da medida e com quem tenham 
afinidade e afetividade (CC 1.584 parágrafo 5º). No que diz com a visitação 
dos filhos pelo genitor que não detém a guarda, prevalece o que for 
acordado entre os pais (CC 1.589). (DIAS, 2015, p.523). 
 
A guarda dos filhos menores vem conquistando, cada vez mais, o seu espaço 
de destaque na sociedade, em que há uma maior inclusão dos pais nas decisões 
rotineiras na vida dos seus filhos, através da Guarda Compartilhada, que é o 
principal instrumento inovador no Direito de Família, no que tange na inclusão dos 
pais em decisões de suma importância quanto a vida dos filhos, a guarda 
compartilhada e outras espécies de guarda serão explanadas a seguir. 
 
12 
 
3.1 MODALIDADES DA GUARDA DENTRO DO ORDENAMENTO JURÍDICO 
 
3.1.1 Guarda unilateral 
 
A Guarda unilateral se encontra elencada no artigo 1.583 do Código Civil, que 
é a espécie de guarda atribuída a um só dos genitores ou alguém que o substitua, 
como consta no referido dispositivo legal: 
 
Art. 1.583. CC - A guarda será unilateral ou compartilhada. 
§ 1º: Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos 
genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda 
compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e 
deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao 
poder familiar dos filhos comuns. (BRASIL, 2002). 
 
 Ela conferea guarda apenas a um dos pais, enquanto ao outro, é conferida 
apenas a regulamentação de visitas, mesmo nesse contexto, aquele que não detêm 
a guarda, não se isenta de exercer o poder familiar, como foi abordado 
anteriormente, apenas não reside mais com o filho menor, como leciona o professor 
Roberto Carlos Gonçalves, a respeito da previsão legal e a definição da guarda 
unilateral: 
 
Compreende-se por guarda unilateral, segundo dispõe o parágrafo 1º do art. 
1583 do Código Civil, com a redação dada pela Lei n. 11698, de 13 de 
junho de 2008, “a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o 
substitua”. 
Essa tem sido a forma mais comum: um dos cônjuges, ou alguém que o 
substitua, tem a guarda, enquanto o outro tem, a seu favor, a 
regulamentação de visitas. Tal modalidade apresenta o inconveniente de 
privar o menor da convivência diária e contínua de um dos genitores. Por 
essa razão, a supramencionada Lei n. 11.698/2008 procura incentivar a 
guarda compartilhada, que pode ser requerida por qualquer dos genitores, 
ou por ambos, mediante consenso, bem como ser decretada de ofício pelo 
juiz, em atenção a necessidades específicas do filho. 
No tocante à guarda unilateral, a referida lei apresenta critérios para a 
definição do genitor que oferece “melhores condições” para o seu exercício, 
assim considerando o que revelar aptidão para propiciar aos filhos os 
seguintes fatores: “ I - afeto nas relações co o genitor e com o grupo 
familiar, II – saúde e segurança; III – educação” ( CC, art. 1583, parágrafo 
2º). Fica afastada, assim, qualquer interpretação no sentido de que teria 
melhor condição o genitor com mais recursos financeiros. (GONÇALVES, p. 
266, 267). 
 
13 
 
Com o objetivo, de reforçar ainda mais o conceito de guarda unilateral e a sua 
disposição legal, vale ressaltar o que define a autora Maria Berenice Dias: 
 
A lei define guarda unilateral (CC 1.583 parágrafo 1º): é atribuída a um só 
dos genitores ou a alguém que o substituta.(...) 
A guarda unilateral será atribuída a um dos genitores somente quando o 
outro declarar, em juízo, que não deseja a guarda do filho (CC 1.584 
parágrafo 2º). Caso somente um dos pais não concorde com a guarda 
compartida, pode o juiz determiná-la de ofício ou a requerimento do 
Ministério Público. A guarda unilateral obriga o não guardião a supervisionar 
os interesses dos filhos. Para isso, tem legitimidade para solicitar 
informações e até prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em 
assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e 
psicológica e a educação de seus filhos (CC 1.583 parágrafo 5º). 
Do mesmo modo, poderá ter os filhos em sua companhia, em períodos 
estabelecidos por consenso ou fixados pelo juiz, bem como fiscalizar sua 
manutenção e educação (CC 1.589). Tanto isso é verdade que a escola tem 
o dever de informar, mesmo ao genitor que não convive com o filho, sobre a 
frequência e o rendimento do aluno, bem como sobre a execução da 
proposta pedagógica da escola. (DIAS, 2011,p.523,524). 
 
Sendo assim, guarda unilateral, com o advento da força social, que cada vez, 
a guarda compartilhada está agregando, ficará como o instrumento acessório. Isso 
se deve a guarda compartilhada, que atende melhor aos requisitos de inclusão e 
comunicabilidade entre os pais da criança e do adolescente. Essa se torna, de forma 
natural, o principal e a primeira solução ao se tratar dos assuntos relacionados à 
guarda dos filhos, a guarda unilateral só poderia se ressaltar, quando essa atender 
ao melhor interesse do filho menor. 
3.1.2 Guarda Alternada 
A guarda alternada, essa que não se encontra disciplinada na legislação 
brasileira, tem sido bastante utilizada no mundo prático, em que nessa modalidade, 
os pais se alternam na guarda dos filhos, em que cada um, na sua alternância 
exerce com exclusividade a sua guarda, por isso não se confunde com a modalidade 
compartilhada, vale ressaltar o disposto pela Autora Maria Berenice Dias: 
 
(...) guarda alternada: modalidade de guarda unilateral ou monoparental, 
caracterizada pelo desempenho exclusivo da guarda,segundo um período 
predeterminado, que pode ser anual, semestral, mensal ou outros. Essa 
modalidade de guarda não se encontra disciplinada na legislação Brasiléia e 
nada tem a ver com a guarda compartilhada, que se caracteriza pela 
constituição de famílias multinucleares, nas quais os filhos desfrutam de 
dois lares, em harmonia, estimulando a manutenção de vínculos afetivos e 
14 
 
de responsabilidades, primordiais à saúde biopsíquica das crianças e dos 
jovens.(DIAS, 2011, p.528). 
 
Entre as modalidades de guarda, a guarda alternada é a que mais se 
aproxima da guarda compartilhada, porque, na verdade existe certo consenso, entre 
os pais, em sua alternância na guarda, um acordo estipulado entre os pais, algo 
inexistente na guarda unilateral, que devido à falta de acordo, é o que caracteriza a 
guarda unilateral. 
 
3.1.3 Aninhamento ou nidação 
 
Essa modalidade de guarda é pouco utilizada no Brasil, é onde há um 
revezamento por parte dos pais. A doutrina criou uma espécie denominada 
de guarda compartilhada por nidação ou aninhamento, mas que é pouco conhecida 
pela inviabilidade prática de sua aplicação. Trata-se de uma solução alternativa em 
que seria fixada a residência em determinado local, mas haveria uma alternância 
dos genitores dentro desse mesmo „lar‟, ou seja, a criança permaneceria morando 
sempre no mesmo local, sendo que quem mudaria seriam os pais, que reversariam 
os períodos de residência no mesmo endereço. Dessa forma, a criança seria 
mantida no „ninho‟, por isso o nome, aninhamento. 
 
3.1.4 Guarda Compartilhada 
 
Os artigos 1.583 e 1.584 do Código Civil Brasileiro, vindo a consolidar 
expressamente a guarda compartilhada dos filhos de pais separados. Embora já 
fosse um instituto acolhido pela doutrina e jurisprudência, amparado pelos princípios 
do melhor interesse da criança e da igualdade de direitos e deveres entre homens e 
mulheres, por vezes era indeferida por alguns magistrados, alegando que não havia 
legislação expressão. 
A guarda compartilhada proporciona o bem estar do filho, buscando o melhor 
para ele, sem nunca esquecer que a criança para crescer saudável e ter um bom 
desenvolvimento, necessitam da figura tanto paterna quanto materna, sempre 
presente e dispostos a participar ativamente da sua vida. 
Maria Helena Diniz a define: 
 
15 
 
A guarda é um conjunto de relações jurídicas existentes entre o genitor e o 
filho menor, decorrente do fato de estar sob o poder e companhia e de 
responsabilidade daquele relativamente a este, quanto à sua criação, 
educação e vigilância. A guarda é o poder- dever exercido no interesse do 
filho menor de obter boa formação moral, social e psicológica, saúde mental e 
preservação de sua estrutura emocional. (DINIZ, 2008, p. 287). 
 
Para atender melhor aos interesses e necessidades dos filhos de pais 
separados, visando o equilíbrio dos papéis paternos, surgiu no ordenamento jurídico 
a guarda compartilhada, aquela em que ambos os pais possuem a guarda, em 
conjunto. Os dois, de forma coordenada, harmônica e efetiva participam do 
desenvolvimento da criança, dividindo as responsabilidades e possuindo direitos e 
deveres relacionados aos filhos, decidindo juntos os assuntos relacionados a eles, o 
que possibilita uma relação mais próxima entre pais e filhos, da forma como era, 
antes da separação. 
 
4 PRINCIPIO DO MELHOR INTERESSE DO MENOR 
 
O princípio do melhor interesse estende-se a todas as relações jurídicas 
envolvendo os direitos das crianças e adolescentes, perdendo sentido a limitação 
própria do Código de Menores, que se aplicava somente às hipótesesde situação 
irregular. 
De fato, o art. 1º, do ECA, estabelece a proteção integral à criança e ao 
adolescente, a quem são assegurados todos os direitos fundamentais da pessoa 
humana (art. 3º), independentemente da situação familiar. 
O art. 227, caput, da Constituição Federal de 1988 diz que “é dever da família, 
da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta 
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência 
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Proteção essa 
regulamentada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), que 
considera criança a pessoa com idade entre zero e doze anos incompletos, e 
adolescentes, aquele que tem entre 12 e 18 anos de idade. 
Para Araujo (2008): 
 
16 
 
Acerca do tema a melhor doutrina preceitua que o princípio do melhor 
interesse da criança atinge todo o sistema jurídico nacional, tornando-se o 
vetor axiológico a ser seguido quando postos em causa os interesses da 
criança. Sua penetração no ordenamento jurídico tem o efeito de 
condicionar a interpretação das normas legais. Por isso, na aplicação da 
Convenção, o magistrado precisa ter em mente a aplicação do princípio de 
forma ampla, como, aliás ocorre em diversos setores da normativa jurídica. 
 
Vê-se, portanto, que o princípio do melhor interesse do menor vem, senão, 
para garantir os direitos inerentes ao menor, assegurando-lhe o pleno 
desenvolvimento e sua formação cidadã, impedindo os abusos de poder pelas 
partes mais fortes da relação jurídica que envolve a criança, já que o menor a partir 
do entendimento de tal princípio ganha status de parte hipossuficiente, que por esse 
motivo, deve ter sua proteção jurídica maximizada. 
O melhor interesse da criança, como princípio geral, não se encontra 
expresso na CF ou no ECA, sustentando a doutrina especializada ser ele inerente à 
doutrina da proteção integral (CF, art. 227,caput, e ECA, art. 1º), da qual decorre o 
princípio do melhor interesse como critério hermenêutico e como cláusula genérica 
que inspira os direitos fundamentais assegurados pela Constituição às crianças. 
 
4.1 BENEFÍCIOS DA GUARDA COMPARTILHADA 
 
Compartilhar a guarda de um filho se refere muito mais a garantia de que ele 
terá pais igualmente engajados no atendimento aos deveres inerentes ao poder 
familiar. 
Inúmeras são os benefícios para a criança diante da guarda compartilhada, 
sendo assim ambos os genitores podem ser detentores da guarda, devendo dividi-la 
isonomicamente em relação aos deveres e obrigações com seus filhos, ocorrendo o 
compartilhamento dos gastos e manutenção. A guarda significa que a criança possui 
dois lares onde pode conviver com a família de ambos. Fica o filho livre de transitar 
de uma residência para outra. Porém não há qualquer impedimento em relação a 
isso, pois é admitido por lei (CC 71). 
A guarda compartilhada não impõe aos filhos menores a escolha por um dos 
pais para ser seu guardião, desta forma evita maior sofrimento aos filhos. Também 
reduz o sentimento de culpa e frustração do genitor não guardião pela ausência de 
cuidados em relação a seus filhos, aumentando o respeito mútuo entre os genitores, 
17 
 
apesar de ter ocorrido à separação, os pais devem conviver em harmonia para 
tomar as decisões referentes à vida de seus filhos. 
A guarda compartilhada visa o bem estar da criança porque ela poderá 
desfrutar das duas famílias e conviver com os pais igualmente, quem tem o direito é 
a criança e até há poucos anos quem desfrutava da maior parte do direito de visitas 
sempre foi a mulher e o homem não tinha muito acesso aos filhos, porque ela vai 
desfrutar também do carinho do pai. 
A guarda protege a criança de ser privada e de ter a sensação de que perdeu 
um dos pais, se ela se acostumou a ter dois cuidadores, ela precisa ter contato com 
as duas pessoas. 
 
4.2 POSSÍVEIS DESVANTAGENS DA GUARDA COMPARTILHADA 
 
Realmente é inegável ter que admitir que na maioria dos casos os pais 
dissolvam a união de forma conflituosa, restando impossível à celebração de um 
acordo entre ambos. Neste contexto, muito raro e dificilmente o juiz poderá impor na 
relação esse novo instituto legal, eis que o simples fato do problemático 
relacionamento dos pais normalmente interferira na integridade dos filhos. 
Entende-se que, não havendo respeito entre os genitores, esta guarda não é 
a solução mais adequada, visto ser a convivência pacifica entre os genitores, 
inexistente, o que prejudicaria consubstancialmente os interesses do menor, e seria 
contrário aos objetivos desta modalidade. 
Outro problema encontrado pela guarda compartilhada é a falta de 
estabilidade que este regime cria na vida das crianças, a perda de algumas 
referências; pois, ao se compartilhar a guarda, o menor acaba passando por 
rotinas diferentes, pelo fato de, em alguns dias estarem na casa do pai, e em 
outros, na casa da mãe; em contrapartida, pode-se criticar essa falta de 
estabilidade, pois, na sociedade moderna em que vivemos, os menores começam 
a frequentar creches e escolas cedo, independente de quem é a guarda, e se aqui, 
as crianças são capazes de se adaptarem a esse novo ambiente, passando nele, 
em alguns casos, todo o dia quanto pai ou mãe trabalham, então por que elas não 
seriam capazes de se acostumar com a segunda residência? É perfeitamente 
possível que a criança assimile duas casas. Porém, para que isso aconteça é 
18 
 
necessário que a criança não se sinta um mero visitante na casa do próprio pai ou 
da própria mãe. 
 
4.3 PREOCUPAÇÕES OBSERVADAS DIANTE DA APLICAÇÃO DA GUARDA 
COMPARTILHADA 
 
Quando os genitores assumirem de forma conjunta suas modalidades, terão 
que definir alguns critérios a respeito da vida de seus filhos, quais sejam a 
residência da criança ou do adolescente, a educação, a responsabilidade civil dos 
pais, bem como a fixação dos alimentos e regulamentações de visitas. 
A problemática que se encontra na aplicação da guarda compartilha estão na 
necessidade ou não de os genitores, após a ruptura da convivência conjugal, 
manterem um relacionamento harmonioso e sadio, garantindo o respeito e o desejo 
de ambos em proporcionar o melhor atendimento as necessidades dos filhos. 
Devendo ser somente adotada quando comprovado que ex-cônjuges 
possuem e apresentam condições de equilíbrio psíquico para a convivência 
conjunta, mesmo após a separação, garantindo que a criança não sirva de 
mecanismo de afronta entre os pais, o que acarretaria prejuízo maior na conivência 
com a criança não sendo possível mais garantir o seu interesse e suas 
necessidades, uma vez que ela não seria mais o objeto a se tomar maior cautela. 
Sendo assim, é o instituto jurídico através do qual se atribui a uma das partes um 
complexo de direitos e deveres a serem exercidos com o objetivo de proteger e 
prover as necessidades de desenvolvimento do filho menor. No que concerne à 
ruptura da união estável ou do casamento, não se indaga quem deu causa à ruptura 
desta união e sim qual dos pais possui melhores condições para exercer a guarda 
dos filhos menores. 
Logo, se não houver dialogo e cooperação entre os pais não há como atender 
o real interesse do menor, não podendo assim, estabelecer essa espécie de guarda, 
esse é o entendimento predominante entre todos os Tribunais e doutrinadores. 
 
 
 
 
19 
 
4.4 ALIMENTOS E VISITAS 
 
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 229 diz que a obrigação dos 
paisé de assistir, criar e educar os filhos menores. Pela ordem constitucional foram 
garantidos os direitos sociais, que segundo o artigo 6º da Constituição Federal de 
1988 são a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o 
lazer,segurança,proteção à maternidade e à infância, e a assistência aos desampara
dos. 
Dessa forma, percebesse que o instituto dos alimentos deve abranger, além 
daquelas necessidades básicas como alimentação, moradia, educação e saúde, 
também necessidades como cultura, lazer. O fato é que os alimentos devem ser 
fixados de forma justa para ambos os participantes, abrangendo ao máximo as 
necessidades do alimentado, sem onerar por demasia o alimentante. 
Quanto à fixação dos alimentos, ambos os genitores devem empenhar 
esforços para a criação, educação e manutenção da prole, assistindo de forma 
ampla. Então, a legislação como posta faz entender que a ambos os genitores 
deverá ser resguardado períodos idênticos de contato com o filho. Partindo desta 
lógica, muitos passaram a acreditar que com a repartição igualitária de tempo a 
consequência seria de que no período em que cada genitor passa com o menor 
aquele fica responsável pelas despesas deste e, portanto, haveria a desobrigação 
quanto aos alimentos. 
Em relação à questão de visitas diante a guarda compartilhada antes da 
vigência da Lei nº 11.698/08, a regulação das visitas ficava a cargo do Judiciário, na 
hipótese de não existir acordo entre os pais sobre o modo como elas devessem 
ocorrer. Para o estabelecimento das visitas, o juiz deve atentar aos interesses da 
criança, porquanto o “direito de visita” existe para assegurar a convivência do genitor 
não guardião com o filho, “mas não é um direito pessoal do genitor.” 
A nova lei estabelece que o tempo de visita seja “dividido de forma equilibrada 
com a mãe e com o pai” e que o juiz poderá basear-se em orientação técnico-
profissional para dividir o tempo. Na prática, para um regime 50% com um e 50% 
com outro dar certo, os pais precisam ter um relacionamento afinado e maduro. A 
que hora a criança vai para a cama? Quantas horas de TV ela pode assistir por dia? 
20 
 
Pode beber refrigerante de segunda a sexta? Se as regras não forem as mesmas 
nas duas casas, a divisão vira motivo de brigas. 
O juiz sabe disso e, em um primeiro momento, não deve estabelecer tempos 
iguais. “Provavelmente continuará como está: a criança vivendo numa casa só”. O 
que deve aumentar é a frequência dos encontros com o outro genitor. Além de pegar 
nos fins de semana, o pai vai buscar a criança na escola um dia e levar para jantar 
em outro, segue como exemplo. 
 
5 MEDIAÇÃO FAMILIAR: INSTRUMENTO PARA FACILITAR A ATRIBUIÇÃO DA 
GUARDA COMPARTILHADA 
 
A família é a base da sociedade e está sob proteção do Estado, conforme 
prevê a Constituição Federal em seu artigo 226. Há muitos sentimentos presentes 
na relação familiar: fidelidade, respeito, compreensão, atenção entre outros. Ao 
longo da convivência podem surgir conflitos que alteram profundamente o 
relacionamento familiar, em muitos casos, dificultando a comunicação entre as 
pessoas. Maria Helena Diniz afirma que os conflitos familiares são frutos de uma 
comunicação inadequada, e que a mediação familiar tem por finalidade estabelecer 
a comunicação e a compreensão entre os envolvidos. 
No processo de mediação não há intenção de definir quem tem o direito ou a 
razão, mas sim conscientizar os envolvidos das suas responsabilidades e da 
indissolubilidade da família constituída de pai, mãe e filhos. Destaca-se, por isso, a 
importância da mediação familiar como uma forma das pessoas envolvidas no 
conflito assumirem as responsabilidades pelas decisões compartilhadas, que 
costumam ser mais duradouras que as decisões judiciais, uma vez que o conflito 
não se encerra através destas. 
Maria Berenice Dias afirma que a mediação familiar é um meio que possibilita 
a identificação das necessidades de cada integrante da família, suas funções e 
atribuições. Define a mediação como um acompanhamento das partes envolvidas no 
conflito para que sua decisão seja rápida, ponderada, eficaz e satisfatória aos seus 
interesses. A mediação familiar, como modo eficaz da solução de conflitos, facilita o 
diálogo das partes, possibilitando que os pais identifiquem as prioridades, 
principalmente no que se refere aos filhos, e assumam a sua responsabilidade. 
21 
 
O papel do mediador familiar é extremamente importante, pois ele deve 
intervir no processo sem controlar, esclarecer as partes, mas não julgá-la ou 
aconselha- lá, nem tampouco demonstrar maior afinidade com uma das partes 
envolvidas no conflito, buscando promover o diálogo para que as partes se afastem 
das posturas conjugais e possam redefinir os limites da intimidade e poder. Assim, a 
mediação familiar proporciona aos ex-cônjuges uma oportunidade para que possam 
redescobrir seus papéis parentais, reorganizando suas funções e obrigações na 
família, bem como auxilia as partes a criarem novas regras de convivência, além de 
aprenderem a evitar conflitos futuros. 
Através da mediação, há a possibilidade de facilitar a comunicação entre os 
pais, propiciando analisar os motivos do conflito a fim de que possam exercer a 
coparentalidade após a ruptura da união, visando afastar as mágoas e 
desentendimentos em busca do interesse dos filhos. 
A guarda compartilhada prioriza a relação entre pais e filhos, protegendo seu 
desenvolvimento. A mediação familiar ajuda os genitores a entenderem que é 
importante a cooperação, desestimulando atitudes egoístas. Com essa postura os 
filhos sentem que continuam sendo amados pelos pais e que a separação não 
enfraqueceu a relação afetiva. 
A mediação não é o afastamento do juiz, mas sim uma forma de exercer sua 
função ao conscientizar os pais de suas responsabilidades. O juiz não é 
desautorizado pela mediação, porquanto pode a qualquer momento retomar o 
processo e determinar as medidas que entender necessárias. 
Assim, a utilização da mediação não significa que o juiz perdeu suas funções, 
mas sim a busca da paz social fazendo uso de um método de composição de 
litígios. Dessa forma, a mediação familiar é um importante instrumento à disposição 
do Poder Judiciário. Ao se utilizar a mediação familiar para auxiliar na concessão da 
guarda compartilhada, o juiz possibilita que os pais, com a ajuda de terceiro 
imparcial, busquem novas alternativas para seus conflitos, estabelecendo por meio 
do diálogo as reais necessidades de cada integrante da família. 
 
6 CONCLUSÃO 
 
O Presente trabalho apontou um estudo sobre a Guarda Compartilhada e o 
melhor interesse do menor, assinalando esta modalidade de guarda como sendo a 
22 
 
melhor opção para atender aos interesses da Prole e esclarecer alguns pontos 
relacionados ao tema. 
Com o objetivo de preservar, sob qualquer hipótese, o interesse da criança, 
bem como sua integridade como pessoa humana, achou-se por bem regular, 
expressamente, um modelo alternativo de guarda que já vinha sendo utilizado há 
certo tempo pelo ordenamento jurídico pátrio, a guarda conjunta ou compartilhada. 
Acredita-se, todavia, que ainda há alguns pontos a serem discutidos, 
principalmente no que tange à possibilidade de imposição da guarda conjunta pelo 
magistrado. Salienta-se, dessa forma, que não basta o advento de uma lei para 
legitimar um juiz a optar por esta ou por aquela modalidade de guarda. 
É necessária uma mudança cultural da sociedade brasileira, principalmente 
no sentido de conscientizar os pais da necessidade de participar ativamente do dia-
a-dia de seus filhos. Sabe-se que há muitos pais que, embora tenham o direito de 
visitaçãopreservado, não o exercem. 
Deve-se procurar mudar a mentalidade de que basta um auxílio financeiro 
para suprir a carência afetiva na vida do filho, valorizando o carinho, a atenção e a 
participação ativa que são fundamentais. Os genitores devem ter em mente que, 
com o fim do casamento ou da união estável, os laços parentais existentes entre 
estes e seus filhos não devem se enfraquecer, tampouco se desfazer. 
Para que a relação familiar seja preservada, a guarda compartilhada mostra-
se, oportunamente, a melhor solução para dar condições, a fim de que a nova 
estrutura familiar seja construída com o espírito de preservação de relações éticas e 
solidárias, e que os filhos tenham contato com seus referencias materno e paterno, 
com o intuito de diminuir os impactos da ruptura ocasionada pela separação. 
Como a guarda não é definida apenas pelos pais, ou seja, quando entram em 
conflito acabam se socorrendo do judiciário, o juiz também assume um papel muito 
importante: ele é quem vai atribuir a Guarda a um dos genitores. Deve este, sempre 
que possível, optar pela aplicabilidade da Guarda Compartilhada, conforme dispõe 
os arts. 1.593 e 1.594 do CC. Porém, sempre que achar necessário, para poder 
decidir pelo melhor interesse do Menor, deve o juiz recorrer à ajuda de profissionais 
como psicólogos, assistentes sociais, para que se confirme se a estrutura familiar 
admite a aplicabilidade daquela modalidade de guarda. 
Quando os genitores começam uma disputa judicial pela guarda dos filhos, 
esquecem a Prole e seus interesses pessoais prevalecem, podendo trazer sérios 
23 
 
riscos, principalmente psicólogos, para as crianças, que podem gerar sequelas por 
toda a vida. Alguns pais chegam ao ponto de usar o filho, ou seja, usar do direito de 
visita, de alimentos para chantagear o ex companheiro, usando dos direitos do filho 
para alcançar sua “vingança” particular. 
Uma Criança que, acostumada a conviver com os pais dia-a-dia, de repente é 
afastada de um deles, geralmente do pai, não poderá desenvolver-se, 
principalmente psicologicamente, e preparar-se para enfrentar a sociedade. 
Afastando-se do genitor não guardião, e apenas visitando-se na maioria das vezes, 
quinzenalmente, não se tornara um filho feliz, podendo haver danos como baixo 
rendimento escolar, sentimento de abandono pela falta do pai. 
Outra opção para os genitores que querem evitar conflitos e através de acordos 
diante da Mediação Familiar onde o mediador define o melhor para a sua Prole e 
que vem ganhando espaço com resultados positivos para a Guarda Compartilhada. 
O melhor interesse do menor deve ser considerado em primeiro lugar no 
momento de aplicar o instituto da guarda. Quando os pais são conscientes e 
estabelecem os interesses d filho com prioridade e se preocupam com a melhor 
formação psicológica do mesmo, o mais licito será optar pela atribuição da Guarda 
Compartilhada. 
 
7 REFERÊNCIAS 
 
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< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 
abril 2017 
 
 
BRASIL. Lei 8.069 de 1 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
Adolescente. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L5869.htm>. Acesso em: 05 de abril 
2017 
 
 
BRASIL. Lei 11.698 de 13 de junho de 2008. Código Civil, para instituir e disciplinar 
a guarda compartilhada. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Lei11698.htm>. Acesso em 05 abril 2017 
 
 
BRASIL. Lei 13.058/2014. Disponível em: <http://www.goo.gl/aFILST.htm>. Acesso 
em 13 abril 2017 
 
24 
 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: 
<http/ll:www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição.htm> Acesso em 11 Abril 2017 
 
 
 
BRASIL. Código Civil. Rio de Janeiro. DPA, 2ª edição. 2003 
 
 
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5ª edição. São Paulo, RT, 
2008 
 
 
DIAS, Maria Berenice Dias. Manual de direito das famílias. 6ª edição. São Paulo: 
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DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Direito de Família. São 
Paulo: Saraiva, 2010 
 
 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Direito de Família. 16ª 
edição. São Paulo: Saraiva 2002. Vol.5 
 
 
Do Poder Familiar. JUS Navegandi, Teresina, Ano 2010, nº 1057, 24 de Maio 2006. 
Disponível em : <<http:lljus2.vol.com.br/doutrina/texto/asp?id8371.>>. Acesso 05 
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GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito Civil: direito de família. São Paulo: Saraiva, 
2002. 
─ Direito Civil Brasileiro : direito de família, 6ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009.

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