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AULA DE CRIMINOLOGIA - ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL

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Aula 
CRIMINOLOGIA
ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO CRIME
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL. EDWIN H. SUTHERLAND - 1924
Teoria desenvolvida por Edwin Sutherland, por volta de 1924, baseado nas idéias de Gabriel Tarde. O autor foi influenciado, também, pela Escola de Chicago.
No final dos anos 30 adota a conhecida expressão “White-collar crime” (crime de colarinho branco) para designar uma categoria diferenciada de autores de crimes, que apresentam características bem diferentes dos rotulados criminosos comuns. Desenvolve a teoria em 1949.
Logo após a 1ª Guerra Mundial os EUA passam por período de crescimento econômico acentuado.
Com mercado interno aquecido e crescimento demográfico, expandem seu mercado externo. É um período de expansão da economia americana, com lucros consideráveis (o PIB cresceu de 103,6 para 152,7 bilhões de dólares – com o crescimento da renda per capita em 35 por cento).
Aumentam os casos de corrupção administrativa e escândalos financeiros. Membros do Governo (como o Promotor Daugherty) são demitidos por vinculação com a criminalidade.
A opção por investimentos na Bolsa de Valores passa a ter uma busca acentuada. A especulação cresce, embasada em títulos sem lastro, o que culmina com a quebra “o crack” da Bolsa de Valores de Nova York em 1929.
 
Este fato gera desequilíbrio interno na economia, índices crescentes de pobreza e CRIMINALIDADE.
A criminalidade também é elevada, neste período, em razão da “Lei Seca” instituída no país (também conhecida como “The Noble Experiment”, caracteriza o período de 1920 a 1933, durante o qual a venda, fabricação e transporte de bebidas alcoólicas para consumo foram banidas nacionalmente como estipulou o 18°. Aditamento da Constituição dos EUA).
Surgem os “Gangsters”, como “Al Capone” (Alphonsus Gabriel Capone, de descendência italiana, foi considerado o maior gângster americano) em Chicago.
Em 1932 vence a eleição presidencial Franklin Delano Roosevelt. Em 1933 apresenta o plano “New Deal” para combater a depressão econômica, o qual tem como pilares: a intervenção ativa do Estado na economia. Considerando que uma das razões para a crise é a falta de investimentos, passa o Estado a regular a economia, investindo principalmente em construções de grande porte – estradas, usinas, pontes - (nas quais assimila a massa de desempregados). Aumentaria com isso a distribuição de renda e poder de compra do trabalhador. Havia, também, o controle da produção agrícola, para evitar a superprodução. Foram usados os estoques de ouro para regular o mercado financeiro. Foi criado o seguro-desemprego, tendente a garantir o mínimo para a população mais miserável. 
Os empregados poderiam se reunir em sindicatos, sem serem perseguidos pelos empregadores, que também teriam que concordar com um salário mínimo estabelecido pelo governo. Nesse período é revogada a Lei Seca, o que diminui a criminalidade. 
Esse período de transição para uma economia regrada, com a permissão para os sindicatos atuarem na defesa dos interesses dos empregados. A delimitação da atividade empresarial (com a diminuição dos lucros) gerou interesses (destes empresários) justamente voltados à quebra das “regras do jogo”. O controle da atividade empresarial serviu, portanto, para fomentar a prática de crimes por categorias diferenciadas.
A TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL 
Prega que o crime não pode ser definido como uma disfunção exclusiva de pessoas de classes menos favorecidas. Ao contrário do Positivismo (centrado no perfil biológico do criminoso), a teoria suscita discussão no plano social. 
O HOMEM APRENDE A CONDUTA DESVIADA E ASSOCIA-SE COM REFERÊNCIA NELA.
Nas lições de Sutherland (inspirado pelo francês Gabriel Tarde), o delinqüente era um profissional que precisava de aprendizado.
Para ele “sociedade é imitação.” E a imitação depende do grau de intimidade dos contatos interpessoais.
Assim, NINGUÉM NASCE CRIMINOSO, MAS O DELITO É RESULTADO DE UMA SOCIALIZAÇÃO INCORRETA. NÃO HÁ HERANÇA BIOLÓGICA MAS UM APRENDIZADO QUE LEVA À PRÁTICA DE CRIMES.
Para a associação diferencial o PROCESSO DE COMUNICAÇÃO é determinante. Os valores dominantes no grupo servem de matriz para a prática de crimes.
O comportamento criminal é um comportamento APRENDIDO.
O comportamento criminoso é aprendido mediante INTERAÇÃO COM OUTRAS PESSOAS, resultante do processo de comunicação. E este processo se inicia no seio familiar e progride para pessoas do seu meio (bairro, trabalho, escola).
O aprendizado envolve a assimilação das TÉCNICAS DE EXECUÇÃO DO DELITO e DIREÇÃO ESPECÍFICA DOS MOTIVOS (para justificação interna, ou seja, quando as definições favoráveis para a violação da norma superam as definições desfavoráveis).
A associação, a que a teoria se refere, é a associação com pessoas que se empenham no comportamento criminoso sistemático. 
A cultura criminosa é tão real quanto a cultura legal. E a desorganização social (com a perda de raízes pessoais e ausência de controles sociais informais) fazem com que elas fiquem inclinadas à prática delitiva.
Sutherland passa, então, a analisar a nova categoria de criminosos (de colarinho branco – expressão que nasceu com os empresários do setor de equipamentos elétricos nos EUA, que para definirem ilegalmente os preços a serem exercidos, se reuniam às escondidas em hotéis insuspeitos).
O crime de colarinho branco é aquele praticado no âmbito da profissão, por uma pessoa de respeitabilidade e elevado status social e econômico. Ocorre, em regra, por uma violação de confiança. Mas continua sendo um CRIME, tão danoso (ou até mais) do que o crime convencional.
Este crime não pode ser explicado pela POBREZA (falta de condições materiais, falta de habitação ou educação).
Nestes crimes a cifra negra (delitos ocorridos fora das estatísticas oficiais) é alta, inclusive contando com a conivência de autoridades governamentais.
Em conseqüência existe enorme dificuldade na descoberta de tais crimes (coleta de provas de materialidade e autoria) e correspondente sancionamento penal.
Existe, inclusive, uma dificuldade da opinião pública em rotular como criminosas muitas das condutas praticadas por esta categoria. (Isto não se mostra atual?)
Sutherland estudou as 70 principais corporações norte-americanas, e demonstrou que elas infringiram inúmeras leis aprovadas pós quebra da bolsa em 29. Mas havia uma apreciação diferencial dos empresários, que possuíam um status diferenciado daqueles que praticavam crimes comuns. O juízo inclui um misto de medo e admiração (em relação aos mega empresários e industriais). AQUELES QUE SÃO RESPONSÁVEIS PELO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL PODEM SOFRER AS CONSEQUÊNCIAS DE UM ENFRENTAMENTO COM OS HOMENS QUE DETÊM O PODER ECONÔMICO. (E em nosso país, não é exatamente o que ocorre?)
Tais constatações levariam a um TRATAMENTO DIFERENCIADO (com a adoção de penas mais baixas e substituições de penas privativas de liberdade, penas pecuniárias em substituição às penas privativas de liberdade, pautadas na idéia de DESNECESSIDADE DE RESSOCIALIZAÇÃO). Outro aspecto que justificaria tal idéia, seria que os reflexos negativos das condutas não seriam sentidos diretamente pela comunidade. Os efeitos das violações das leis pelos poderosos são difusos (atingem várias vítimas indefinidas).
Esta modalidade de crime desconstrói a idéia de que apenas os desfavorecidos, com base na pobreza e na falta de inserção social, praticam crimes. Existe a superação da vinculação da criminalidade com parâmetros de anormalidade, ou até mesmo com a noção de que o delito seria conseqüência de fatores biológicos.
É importante destacar o papel da mídia na “sociedade da informação” propagando modelos comportamentais(experiências vividas pelos outros). Os meios de comunicação de massa formam e deformam o comportamento social.
MÍDIA E VIOLÊNCIA
A mídia não se contenta apenas em ser um espelho da realidade. Intervém ativamente nela. A mescla entre o real e o imaginário influencia decisivamente no padrão de conduta. A notícia não é um simples espelho da realidade mas um objeto construído. 
 
LEIS NO BRASIL INSPIRADAS NESTE IDEAL
LEI DOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL – 7492/86
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários.
Exemplo de crime:
Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira: 
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. 
Parágrafo único . Se a gestão é temerária: 
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa
CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA – 8.137/90
Exemplo de crime:
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) 
 I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
 II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
 III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável;
 IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;
 V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
 Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
 Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.
NOVIDADE: LEI ANTICORRUPÇÃO: LEI 12.846/13
Valmor Antonio Padilha Filho
valmor_padilha@hotmail.com

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