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05 – SISTEMAS DE VETOR ATIVO 05.01. Definição • Sistemas estruturais formados por barras de pequena seção, comparadas ao comprimento, que não resistem a esforços de flexão, somente tração e compressão. • As forças são reorientadas por decomposição vetorial. 05.02. Características • Montagem triangular das barras: – Resultam em uma estrutura estável. • A decomposição das forças não precisa se dar unicamente em um plano: – Curvas planas: Arcos e Pórticos Treliçados. – Supefícies espaciais: Cascas Treliçadas (Richard B. Fuller) – Direções tri-dimensionais: Treliças Espaciais, Grelhas treliçadas. • Apresentam a vantagem com relação às estruturas de cabos e arcos de serem estruturas bastante rígidas que resistem favoravelmente a cargas assimétricas e a inversão de esforços. Características • O mecanismo de redirecionamento das forças pode ser aplicado a outros tipos de estruturas. Casos em que o peso se torna muito grande inviabilizando a execução. – Arcos e Pórticos Treliçados. – Cascas Treliçadas (Richard B. Fuller). – Grelhas treliçadas. • Podem ser adotados em sistemas verticais (edifícios altos) proporcionando uma estrutura com desempenho razoável quando solicitada tanto por cargas verticais quanto por cargas laterais (vento). Exemplos Exemplos Características • A forma esquelética desse tipo de estrutura expressa o domínio do homem sobre as forças, reorientando-as. • O tratamento que se dá aos sistemas de vetor ativo é, via de regra, puramente técnico, esquecendo-se do estético. O potencial estético deste tipo de estrutura geralmente não é explorado. Aeroporto de Natal Cristo Redentor Cristo Redentor 3 0 m e t r o s Museu Guggenheim – Bilbao Frank Gery Museu Guggenheim 05.03. Tipologia de treliças planas • Treliças de banzos paralelos: – Substituta natural da viga. – Viga de alma cheia X viga treliçada • Treliças usuais para telhados: – Treliça tipo Howe: Indicada para estruturas de madeira. – Treliça tipo Pratt: Indicada para estruturas de aço. – Treliça tipo Fink: Indicada para cobertura de grandes vãos. – Arco Treliçado. Exemplos 05.04. Analogia de Ritter • Em vigas de banzos paralelos: – O momento fletor na viga é resistido pelos esforços de compressão e tração nos banzos da treliça. – O esforço cortante na viga é resistido pelos esforços de compressão e tração nas diagonais e montantes. Treliça de banzos paralelos Treliça de banzos paralelos Treliça de banzos paralelos NBS NBI ND NM NBI NBS V M M V Alternando as diagonais NBI ND NBS NBS NM=0 NBI M VN D V M Treliça Plana BP01 20,0 metros 2 , 0 m Apoio Fixo Apoio Móvel Perfis tubulares em aço. E=2,1X108 kN/m2 φext = 100 mm; esp = 3,0 mm Deformada em mm Esforços Normais em kN Momentos Fletores, em kNm Efeito do peso próprio. Efeito das ligações rígidas. Sem pp, sem ligações rígidas Sem pp, sem ligações rígidas Com dois apoios fixos Com dois apoios fixos Com diagonais invertidas Com quadro aberto Quadro com ligações rígidas à flexão. Momentos Fletores Pórticos Treliçados Incluir efeito do Esforço Normal M V N Efeito do Esforço Normal H N D NBS NBI N V M 2 2 N H MN N H MN BI BS −+= −−= Arcos treliçados • Arcos treliçados com eixo coincidente com a linha de pressão do carregamento: Arcos treliçados • Não existe esforço cortante no arco de alma cheia conjugado. • As diagonais do arco treliçado não são solicitadas axialmente. • As diagonais são úteis apenas para contraventamento dos banzos, reduzindo comprimentos de flambagem. • Dois banzos paralelos resultam em uma inércia maior do que a obtida com um único banzo de seção equivalente. Pórticos e arcos treliçados Treliça Bowstring TiranteArco 00 Treliça Bowstring • O banzo inferior funciona como um tirante. • Não existem esforços nas diagonais e montantes. • Estes servem apenas para impedir a flambagem do banzo superior Treliças Bowstring • Para otimizar a treliça, mantendo a solicitação constante ao longo dos banzos, pode-se fazer a altura acompanhar o diagrama de momentos fletores. 05.05. Formas estruturais para treliças planas Variação da altura com a solicitação Variação da altura com a solicitação 05.06. Treliças usuais para telhados • Treliças tipo Howe: Indicadas para estruturas de madeira: – Barras tracionadas e barras comprimidas. • Treliças tipo Pratt: Indicadas para estruturas de aço: – Barras tracionadas e barras comprimidas. Treliça Tipo Howe Treliça Tipo Pratt Treliça Tipo Howe d 1 N B S NBI ND d2 d 3 M1 M2 M3 3 3 2 2 1 1 ;; d MN d MN d MN BIBSD −=−=−= Esforço no montante M1 NM NBI N B S d 1 TTH X TBP NBI ND N B S M1,P M1,R O que deve acontecer para que os esforços nas diagonais e montantes sejam nulos? Treliça Tipo Bowstring Treliça Tipo Howe 20,0 metros 2 , 5 m Deformada Esforços Invertendo diagonais Altura inicial diferente de zero 20,0 metros 2 , 5 m 0 , 5 m Deformada Esforços Normais Diagonais tracionadas Diagonais comprimidas Treliça tipo Fink Telhado em Shed • Vantagem: – Iluminação e ventilação naturais. • Desvantagem: – Calhas internas Fiat – Sete Lagoas (MG) Face Norte Colégio Marista Colégio Marista Quadra de esportes - UEL Estabilização lateral dos banzos • Normalmente, para cargas no sentido de gravidade, o banzo superior trabalha comprimido e o banzo inferior tracionado. • Quando há inversão de cargas ocorre o contrário. • O banzo comprimido, seja superior ou inferior, precisa ser estabilizado lateralmente. Balanço de cargas • Peso próprio da estrutura: g1 = 20 Kgf/m2. • Peso próprio de telhas: g2 = 10 Kgf/m2. • Sobrecarga: q1 = 30 Kgf/m2. • Vento: q2 = -80 Kgf/m2. • Máxima carga descendente: – (g+q)max = 20+10+30 = 60 Kgf/m2. • Máxima carga ascendente: – (g+q)min = 20+10-80 = -50 Kgf/m2. Contraventamento dos banzos • Superior – Diagonais formando treliças no plano superior do telhado. • Inferior – Diagonais formando treliças no plano do banzo inferior. – Mãos francesas nas terças Flexão lateral de terças • Carga de vento: Paralela ao eixo de maior inércia da terça. • Peso próprio: Direção da gravidade. • Terças de cobertura com eixo vertical não coincidente com o eixo z: – Flexão lateral devido à componente de pp na direção de menor inércia da terça. • Terças de fechamento lateral. – Todo o peso próprio cai na direção de menor inércia. Estabilização lateral de terças • Correntes flexíveis: – Barras redondas. – Só absorvem esforços de tração. • Correntes rígidas: – Barras com inércia: cantoneiras. – Absorvem tração e compressão. Exemplo Galpão Industrial 05.07. Pórticos e vigas treliçados • Redução de peso. • Em estruturas de pequeno porte o custo da fabricação pode não compensar a economia de material. • Exemplos: – Viga de alma cheia...viga treliçada. – Pórtico de alma cheia...pórtico treliçado. – Laje maciça...estrutura espacial. Exemplos 05.08. Ligações em treliças planas • Ligações diretas – Todas as barras se conectam entre si no nó. • Ligações indiretas – As barras se conectam a um elemento de ligação (nó). Ligações indiretasX diretas Forma de execução da ligação • Treliças de madeira – Ligações de entalhe (compressão). – Ligações pregadas (tração). – Ligações com elementos metálicos • Treliças metálicas – Ligações soldadas. – Ligações parafusadas. – Ligações com chapas (Gusset): eliminam as dificuldades de ligação com elementos de geometrias diferentes. Ligações em treliças de madeira Ligações em estruturas metálicas Ligações em estruturas metálicas Corte Boca de Lobo Ligações em estruturas metálicas 05.09. Treliças espaciais- Conceitos: • Treliças planas: Reorientação vetorial de forças no plano. • Treliças espaciais: Reorientação vetorial de forças no espaço. • Qualquer sistema de superfícies ativa (cascas) ou de massa ativa (placas, grelhas), de comportamento espacial, pode ser transformado em um sistema de vetor ativo > Redução do peso. – Viga e pórticos de alma cheia...viga e pórticos treliçados. – Placa (laje) ou grelha de alma cheia...Placa (laje) ou grelha treliçadas. – Cascas...Superfícies treliçadas. Tipologia • Superfícies treliçadas • Placas treliçadas • Vigas espaciais. Vigas Delta. Viga Toblerone. 05.10. Superfícies espaciais (Cascas) Treliçadas • Os esforços distribuídos por toda a superfície em um sistema contínuo são canalizados pelas barras das treliças no sistema treliçado. • Tipologia. – Superfícies de curvatura simples (desenvolvidas): Abóbodas cilíndricas. – Superfícies de dupla curvatura: • Duas curvaturas de mesmo sentido (sinclásticas): Cúpulas. • Duas curvaturas de sentidos opostos (anticlásticas): parabolóide hiperbólico. Exemplos (Cascas) Treliçadas • Cúpula Geodésica. – Técnicas de modulação para barras de comprimentos constantes. – Richard Buckminster Füller: • Projeto para a Ford em 1953: Cúpula em concreto armado com 160 toneladas foi substituída por uma geodésica de 8,5 toneladas. • Sistema patenteado em 1.954 • Projetou domo para a feira de Montreal no Canadá em 1968. Geodésicas Richard Buckminster Fuller 05.11. Placas treliçadas • Treliças espaciais de banzos paralelos. • Analogia entre uma viga de alma cheia e uma viga treliçada = Analogia entre uma placa contínua (laje) e uma treliça espacial de banzos paralelos. • A treliça espacial de banzos paralelos apresenta a vantagem adicional de permitir a distribuição bi- direcional de esforços: – Direções mais curtas, na placa e na treliça espacial, apresentam maiores esforços. – Denominando de V1 a viga mais curta, de V2 a viga mais longa, de L1 o vão da viga V1 e de L2 o vão da viga V2: 2 1 2 2 21 L L MM VV = Exemplos Exemplos 05.12. Distribuição de esforços • Analogia de Ritter: – Os banzos equilibram os momentos fletores da placa. – Os banzos são mais solicitados na treliça onde os esforços de flexão na placa são maiores. – As diagonais equilibram os esforços cortantes na placa. – As diagonais mais solicitadas estão junto aos apoios. • Para cargas gravitacionais: – Onde o momento fletor é positivo na placa: comprime o banzo superior da treliça e traciona o banzo inferior. – Onde o momento fletor é negativo na placa: traciona o banzo superior da treliça e comprime o banzo inferior. – As diagonais descendentes no sentido do apoio são comprimidas. As ascendentes são tracionadas. 05.13. Modulação • Vantagens: – Facilidade de execução. – Simplificação de projeto. – Aspecto arquitetônico. – Simplificam ligações. • Desvantagem: – O “engessamento” a uma modulação pode tornar a estrutura mais pesada. Tipos de modulação: • Tipo grelha: Série de vigas paralelas, de banzos paralelos. • Módulos piramidais: – Pirâmides de base quadrada: são as mais usadas. – Pirâmides de base triangular: • São mais rígidas. • Se adaptam melhor a contornos irregulares. • Possuem mais barras: mais pesadas. • Ligações mais complexas. – Pirâmides de base hexagonal: Comprimentos das barras • Solução ideal: Todas as barras de mesmo comprimento. – Em pirâmides de base quadrada: 2 2aH = aH 816,0=– Em pirâmides de base triangular: 05.14. Parâmetros de projeto • Vãos de 20~30 metros a 100 metros. • Altura da treliça: 30 ~ 40 LLH = • Modulação: – Módulo igual nas duas direções: – Quanto maior o módulo mais leve a estrutura. • Barras comprimidas muito longas > Menor carga crítica. • Altura muito grande > Diagonais muito inclinadas. – Tamanho ideal do módulo: 2 ~ 4 metros. – Comprimento de barras encontradas no mercado = Número inteiro de módulos. – Módulo igual ao vão da telha, ou igual a dois vãos de telhas, apoiando nos nós inferiores. Tipos de apoio • Apoios contínuos: – Todos os nós de um bordo apóiam-se sobre viga. – Resultam em menores esforços. • Apoio pontual: – Apoios discretos em pilares. – Maiores esforços nas diagonais junto aos apoios. – Esforços nas diagonais caem rapidamente quando se afasta dos apoios. Suavização das reações • Pirâmide de transição inferior. • Estrutura estaiada. 05.15. Materiais utilizados • Alumínio: Comparativo com o aço: – Mais leve, cerca de 3 vezes. – Mesma resistência à tração. – Menor módulo de elasticidade. • Maiores deslocamentos. • Menor carga crítica de compressão: 2 2 L EIPcr π= – Maior resistência à corrosão atmosférica. – Custo superior ao do aço 05.15. Materiais utilizados • Aço. – As desvantagens em relação ao alumínio foram reduzidas com: • Desenvolvimento de aços com maior resistência mecânica. • Desenvolvimento de aços com maior resistência à corrosão. • Melhoria das técnicas e dos produtos de pintura. – O custo inferior, aliado à redução das desvantagens técnicas, torna-o o material mais utilizado. 05.16. Tipos de perfis • Tubulares – Tubos redondos: Constituem-se na melhor solução pois: • Não apresentam direção com raio de giração mínimo (maximizam o raio de giração mínimo). • Permitem melhor acabamento estético. • Ligações mais simples. – Tubos quadrados: • Apresentam direção com raio de giração mínimo. • Pouca disponibilidade no mercado. • Ligações mais complexas. 05.16. Tipos de perfis 05.16. Tipos de perfis • Cantoneiras simples ou associadas: – Apresentam direções de raio de giração mínima que reduzem a carga crítica de compressão. – Geram estruturas mais pesadas. – Quando associadas entre si tendem a minimizar o problema da assimetria de inércia. – Podem apresentar soluções simples de ligações com chapas. – Processo de fabricação automatizado pode compensar o peso adicional de aço. 05.17. Ligações em treliças espaciais – Tubos redondos • Ligações soldadas: – Dificuldade de corte das extremidades. – Mão de obra onerosa. • Ligações parafusadas: – Nó com pontas amassadas e dobradas (diagonais): – Utilizam um parafuso único, por nó. – Redução da inércia nas pontas das barras, reduzindo a carga crítica. – Excentricidade entre o eixo da barra com o nó nas diagonais, gerando flexão na extremidade amassada. Nó “Tabajara” Nó metálico Fabricação Pavilhão Anhembi 05.17. Ligações em treliças espaciais – Tubos redondos • Nó de aço: – Utilização de chapa de base com duas chapas em diagonal soldadas de topo. – Eliminam o problema da excentricidade. – Continua o problema da redução da inércia na extremidade. Isso pode ser quantificado. – Possibilitam melhor acabamento. – Utilizam grande quantidade de parafusos. No mínimo um por barra. – Sistema Mero (Manessmann). Exemplos 05.17. Ligações em treliças espaciais – Perfis cantoneira • Nó de aço. • Como nos perfis tubulares circulares. É a solução mais simples. Exemplo: Moringão. • Outros sistemasProjeto • Monte um modelo de uma treliça espacial de malha dupla, tipo placa treliçada, que se adapte à seguinte condição de contorno: – Área coberta = 80 X 120 m, aproximadamente. – 6 apoios. – Diagonais com mesmo comprimento dos banzos. – Comprimento da barra = 12,00/N (N inteiro). Exemplos Terminal Rodoviário de Londrina Terminal Rodoviário de Londrina Associação Brasileira Metalurgia Edifício em São Carlos Posto de Gasolina PW Brasil Tesoura para galpão Como é resultado do problema do contraventamento do banzo superior que fica comprimido sob cargas ascendentes? Vila Bela (MT) Vila Bela (MT) Observar detalhes das emendas Ginásio Cuiabá Aeroporto Uberlândia Detalhe do nó! Big Eye Big Eye Aeroporto Ezeiza Ginásio de Esportes Moringão • Dimensões em planta: 76,0X76,0 m. • 20 módulos de 3,80X3,80 no plano superior. • 19 módulos de 3,80X3,80 no plano inferior. • Altura de 2,68 m. Esforços no plano inferior Faixas mais solicitadas. Faixas de apoio. Esforços no plano superior Esforços nas diagonais Vigas espaciais
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