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Língua Portuguesa / Aula 2 - Verbo Gramática Para entendermos o conceito de gramática, vamos analisar o diálogo a seguir: Como você percebeu, a personagem Júlia afirma que o namorado de Camila não conhece gramática, porque utiliza algumas estruturas consideradas inadequadas em termos de norma culta da língua. Mas a que noção de gramática Júlia se refere? Vejamos... Tipos de gramática Há várias formas de definirmos gramática, mas vamos apresentar aqui somente duas classificações. São elas: Gramática internalizada É o conjunto de regras que a criança internaliza durante o processo de aquisição da linguagem. Por que, por exemplo, uma criança fala “Eu já fazi” no lugar de “Eu já fiz”? Simples: porque ela ainda não conhece as exceções à regra de manutenção do radical do verbo nas conjugações. Se a criança diz “Eu já bebi” e “Eu já comi”, seguindo os radicais dos verbos BEBER e COMER, respectivamente, acrescidos de um [i] final, ela dirá “Eu já fazi” (FAZER). Isso significa que ela criou uma regra em que [i] seria uma forma de expressar o passado. Gramática normativa Muitos associam esta expressão à imagem de um livro – seja impresso, seja virtual. Mas será que devemos interpretar a gramática normativa somente dessa forma? A gramática normativa é um conjunto de regras gramaticais que estabelece um padrão de linguagem, cujo emprego deve se adequar aos contextos formais de uso da língua. Na verdade, essa gramática indica a formalidade de uso da língua. Agora, observe um exemplo de como a gramática normativa indica a formalidade de uso da língua... Frequentemente, ouvimos na fala do indivíduo considerado culto, a seguinte frase: No entanto, a gramática normativa prescreve uma construção diferente: Essa prescrição é baseada no fato de que, de acordo com a norma-padrão, a regência do verbo GOSTAR exige a preposição “de”. Exemplo: Eu gosto disso. O estudo da gramática de uma língua divide-se em quatro partes, quais sejam: Vamos entender melhor o que é a sintaxe. Sintaxe Fonte: Yuri Turkov / Shutterstock Você observou como o personagem fala? Ele não pronuncia as palavras em ordem direta: Mas inverte os termos da oração, o que dificulta seu entendimento. Para que possamos comunicar nossas ideias, os enunciados da língua devem aparecer em determinada ordem e estabelecer uma relação coerente entre si. Em outras palavras, nosso discurso precisa ser organizado com base em uma estrutura sintática que nos permita formar frases claras e objetivas. A seguir, vamos entender melhor os conceitos de frase e de verbo. Tipos de frase A FRASE é um enunciado que possui sentido completo. Há dois tipos de frase: Frase nominal Aquela que não apresenta verbo. Frase verbal Também chamada de oração, trata-se daquela que possui verbo. De agora em diante, vamos conversar um pouco mais sobre o verbo. Modo e tempos verbais Como vimos, o VERBO é a unidade que significa ação ou processo organizado para expressar o modo, o tempo, a pessoa e o número. Mas o que isso significa? Vamos descobrir a partir da análise do diálogo a seguir. O diálogo que acabamos de ver apresenta os tópicos mencionados que envolvem o verbo. São eles: Modo, Tempo, Número e Pessoas do discurso. Modo Tempo Número As formas verbais podem se apresentar no singular ou no plural. No caso do diálogo, elas aparecem somente no singular. Vejamos: “Acertei”, “estudei”, “soubesse”, “tinha estudado”, “podia”, “está”, “melhorará”, “aprovará”. Pessoas do Discurso Os pronomes de tratamento “você(s)”, “senhor(a)” e “senhores(as)”, que fazem referência à 2ª pessoa, mas que se manifestam, formalmente, na 3ª, conjugam-se nesta última. A tabela a seguir apresenta essa conjugação: Atividade 1 - Identifique o modo da forma verbal presente na propaganda a seguir: Corrigir Transitividade verbal A partir deste momento, vamos tratar de outra característica dos verbos: a transitividade. A transitividade indica se o verbo necessita ou não de complemento. O significado do verbo pode precisar ser completado por uma estrutura, ou seja, transitar até seu complemento. Quer ver um exemplo? Veja a seguir: Como você percebeu, João fica irritado com a ausência de informação por parte de Paulo, porque este não completa, de imediato, a frase que inicia com o verbo PRECISAR, o que a deixa momentaneamente sem sentido. Mas por que isso acontece? Vejamos a seguir... Você pode não conhecer o nome técnico do fenômeno linguístico que envolve o caso apresentado, mas, provavelmente, você sabe que “quem precisa” precisa DE ALGO. Essa noção já faz parte de nosso conhecimento enciclopédico sobre a Língua Portuguesa. Por isso, se tal verbo não for acrescido de uma sequência de ideias que torne seu significado completo, não o entenderemos por si só. Você observou que, na história, Paulo disse a João que comprou “um carro”? Assim como PRECISAR, o verbo COMPRAR também exige complemento. A diferença entre eles baseia-se no fato de que COMPRAR não exige complemento preposicionado, mas PRECISAR requer o uso da preposição. Por isso, esse verbo é transitivo indireto – classificação sobre a qual discutiremos adiante. Na verdade, usamos as preposições o tempo todo – como você pode observar nos diálogos abaixo –, mas não nos damos conta disso. A preposição é a palavra que tem a função de relacionar termos ou orações. O diálogo que lemos anteriormente nos mostra que alguns verbos precisam de complemento – os chamados transitivos – e outros não – os chamados intransitivos. Quanto à transitividade, os verbos podem ser: Regência verbal Em uma visão bem tradicional, a regência verbal é o estudo da relação de dependência entre os verbos e seus complementos. Lidamos o tempo todo com verbos que precisam ou não de complemento: é tão normal que não nos damos conta disso. Agora, parando para refletir, você já pensou que usar ou não uma preposição pode alterar o significado de um verbo? Por exemplo, considere que um juiz diga as frases a seguir: Eu assisto o jogo. Nesta frase, temos o sentido de “prestar assistência, ajudar, socorrer”: usa-se sem preposição. Eu assisto ao jogo. Já nesta, temos o sentido de “ver, presenciar” e, nesse caso, a preposição é obrigatória.'' Observe os significados do verbo assistir em relação a sua regência: Aqui, há o uso de: NA = preposição EM + artigo A Embora vejamos a preposição “em” regendo o verbo “pisar”, sob o olhar normativo, existe um problema na sentença. A prescrição indica que o adequado seria: Não pise a grama. Vamos pensar, agora, em uma música? Tim Maia canta: [...] Pensei até em me mudar, lugar qualquer que não exista o pensamento em você [...] Mas a norma prescreve “lugar qualquer em que não exista”. E nas campanhas publicitárias? Veja o que aconteceu na campanha da Mercedes Benz de 2011: A propaganda destaca: Mercedes-Benz: A marca que todo mundo confia. No entanto, o verbo “confiar” é regido pela preposição EM. Logo, a frase deveria ser escrita desta forma: Mercedes-Benz: A marca EM que todo mundo confia. O verbo “lembrar” possui duas regências. Sendo assim, ele pode ser: • Transitivo direto – lembrar algo; • Transitivo indireto – lembrar-se de algo. Nesta tirinha, há um problema quanto à colocação pronominal. Vejamos: • “Se lembra de” → linguagem coloquial; • “Lembra-se de” → norma-padrão prescrita pela gramática. Embora isso aconteça, a regência do verbo está correta, pois, em sua fala, a esposa usa a preposição “de” associada à partícula “se”. Assim como o verbo “lembrar”, o verbo “esquecer” possui duas regências. Sendo assim, ele pode ser: • Transitivo direto – esquecer algo; • Transitivo indireto – esquecer-se de algo. Nesta tirinha, a regência do verbo está incorreta, pois a menina usa a preposição “de” SEM a partícula “se”. A prescrição indica que o correto é: Minha mãe se esqueceu de comprar seu presente... O verbo “preferir” tem o sentido de “escolher” epossui dois objetos. São eles: Objeto direto, sem preposição – aquilo que escolhemos; Objeto indireto, com preposição “a” – aquilo que deixamos em segundo plano. Nesta tirinha, então, a sentença deveria ter sido redigida da seguinte forma: Eu prefiro pizza a cachorro quente. Regência nominal Assim como acontece com os verbos, os nomes também podem ser transitivos, ou seja, podem necessitar de complementos para que apresentem significação completa. Observe a transitividade dos nomes a seguir: Uso das preposições: casos especiais Em SILVA (2003), há diversos casos interessantes acerca do uso das preposições. Escolhemos apenas alguns para discutir nesta aula. Conheça alguns desses casos especiais do uso das preposições. A EXPRESSÃO
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