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Correção dos exercícios de psicopatologia segundo bimestre

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Correção dos exercícios de psicopatologia
Segundo bimestre
1 – Descreva brevemente as seguintes alterações na vivência do tempo e do ritmo psíquico: bradipsiquismo, taquipsiquismo, ilusão sobre a duração do tempo, atomização do tempo e inibição da sensação do fluir temporal.
Bradipsiquismo: lentificação de todas as atividades mentais.
Taquipsiquismo: aceleração de todas as funções psíquicas (pensamento, psicomotricidade, linguagem, etc.)
Ilusão sobre a duração do tempo: Trata-se da deformação acentuada da percepção da duração temporal. O tempo pode parecer transcorrer de modo extremamente veloz ou comprimido, ou de forma muito lenta e dilatada.
Atomização do tempo: é a alteração ou a falta da experiência subjetiva natural de fluir temporal, que produz uma redução quase puntiforme ou atomizada do tempo, fazendo-o parecer uma sucessão de pontos presentes que não se articulam entre si. 
Inibição da sensação do fluir temporal: A anormalidade da sensação do fluir do tempo corresponde à falta da sensação do avançar subjetivo do tempo, na qual o sujeito perde o sincronismo entre o passar do tempo objetivo, cronológico, e o fluir de seu tempo interno. 
2 – Como são as alterações da vivência do espaço no estado maníaco e em um quadro depressivo?
No estado maníaco a vivência do espaço no é a de um espaço extremamente dilatado e amplo, que invade o das outras pessoas. O maníaco desconhece as fronteiras espaciais e vive como se todo o espaço exterior fosse seu. Esse espaço não oferece resistências ao seu eu. 
Nos quadros depressivos, o espaço exterior pode ser vivenciado como muito encolhido, contraído, escuro e pouco penetrável pelo indivíduo e pelos outros.
3 – Descreva as alterações quantitativas da sensopercepção: hiperestesia, hiperpatia, hipoestesia, anestesias táteis e analgesias, parestesias e disestesias.
Hiperestesia: condição na qual as percepções encontram-se anormalmente aumentadas em sua intensidade ou duração. Os sons são ouvidos de forma muito amplificadas, as cores tornam-se mais intensas. 
Hiperpatia: No sentido neurológico, sensação desagradável e geralmente dolorosa causada por leve estímulo da pele. 
Hipoestesia: é observada em alguns pacientes depressivos, nos quais o mundo circundante é percebido como mais escuro, as cores mais pálidas, os alimentos com menos sabor.
Anestesias táteis: perda da sensação tátil em determinada área da pele. Usa-se o termo anestesia para indicar também analgesias (perda das sensações dolorosas) de áreas da pele e partes do corpo. 
Parestesias e disestesias: alterações do sentido tátil e doloroso. Parestesias são sensações táteis desagradáveis como formigamentos, adormecimentos, picadas, agulhadas ou queimação. Já as disestesias táteis são sensações anômalas e dolorosas desencadeadas por estímulos externos, como sentir frio quando estimulado por calor, ou um leve roçar na pele causa dor (assemelhando-se à hiperpatia).
4 – Quais as diferenças entre ilusão, alucinação e alucinose?
Ilusão: percepção deformada, alterada, de um objeto real e presente. Na ilusão há sempre um objeto externo real.
Alucinações: percepção de um objeto sem que este esteja presente, sem o estímulos sensorial respectivo. É a percepção clara de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante real.
Alucinose é o fenômeno pelo qual o paciente percebe tal alucinação como estranha à sua pessoa. Na alucinose, embora o doente veja a imagem ou ouça a voz ou o ruído, falta a crença que comumente o alucinado tem em sua alucinação.
5 – Qual o valor diagnóstico das alucinações auditivas simples e complexas e das alucinações visuais?
As alucinações auditivas simples são geralmente decorrentes de doenças ou alterações do sistema auditivo (ouvido externo ou médio, cóclea, nervo acústico) ou de conexões auditivas centrais.
Já as alucinações auditivas complexas ocorrem com mais frequência na esquizofrenia. Ocorrem também nos transtornos de humor, com vozes com conteúdo de ruína ou culpa na depressão e com conteúdo de grandeza ou místico-religioso na mania. Podem ocorrer ainda no alcoolismo crônico e transtornos de personalidade (histriônica, borderline e esquizotípica). 
As alucinações visuais, embora possam se manifestar em condições normais e em transtornos mentais como a esquizofrenia, são mais frequentes em quadros neurológicos e neuropsicológicos. Portanto, sempre que um paciente (sobretudo se for idoso ou apresentar estado físico geral ruim, intoxicação/abstinência de álcool ou drogas ou alterações motoras) relatar uma alucinação visual, deve-se aventar a possibilidade de causa orgânica. 
6 – Explique como funciona a “lei da regressão mnêmica” ou Lei de Ribot.
A lei de Ribot estabelece que o indivíduo que sofre uma lesão ou doença cerebral, sempre que esse processo patológico atinge seus mecanismos mnêmicos de registro e recordação, tende a perder os conteúdos da memória (esquecimento) seguindo algumas regularidades:
1 - O sujeito perde as lembranças e seus conteúdos na ordem e no sentido inverso que os adquiriu.
2 - Consequência do item anterior, ele perde primeiro elementos recentemente adquiridos e, depois, os elementos mais antigos.
3 - Perde primeiro elementos mais complexos e, depois, os mais simples. 
4 - Perde primeiro os elementos mais estranhos, menos habituais e, só posteriormente, os mais familiares.
5 - Primeiramente, perde os conteúdos mais neutros; depois, perde os elementos afetivos e, apenas no fim, os hábitos e os comportamentos costumeiros mais profundamente enraizados no repertório comportamental e mental.
7 – Explique brevemente os quatro tipos de memória: de trabalho, episódica, semântica e de procedimentos.
A memória de trabalho é a combinação de habilidades de atenção e da memória imediata. Um exemplo de memória de trabalho o ouvir um número telefônico, retê-lo na mente, para, em seguida, discar. Esse tipo de memória diz respeito a um amplo conjunto de habilidades que permite manter e manipular informações novas que são mantidas ativas por curto período a fim de serem manipuladas, com o objetivo de selecionar um plano de ação e realizar determinada tarefa. O conteúdo mnêmico deve ser utilizado imediatamente sob alguma forma de resposta. Não serve para formar arquivos, mas selecionar novas informações e comparar com outros tipos de memória.
Memória episódica: é uma forma de memória explícita e declarativa relacionada a eventos específicos da experiência pessoal do indivíduo, ocorridos em determinado contexto. Relatar o que foi feito na noite anterior é um exemplo de memória episódica. Esta corresponde a eventos concretos, autobiográficos, bem-circunscritos em determinado momento e local. Refere-se à recordação consciente de fatos reais. 
Memória semântica: Esse tipo de memória se refere a aprendizado, conservação e utilização de algo que pode ser designado como o arquivo geral de conceitos e conhecimentos factuais do indivíduo. Assim, conhecimentos como a cor de um papagaio (verde), ou quem foi o maior jogador de futebol do Brasil (Pelé) são de caráter geral e se cristalizam por meio da linguagem, ou seja, também são de caráter semântico.
Memória de procedimentos: é um tipo de memória automática, geralmente não-consciente. Exemplos desse tipo de memória são habilidades motoras e perceptuais mais ou menos complexas (andar de bicicleta, digitar no computador) habilidades visuoespaciais (como a capacidade de aprender soluções de labirintos e quebra-cabeças) e habilidades automáticas relacionadas ao aprendizado de línguas (regras gramaticais incorporadas na fala automaticamente, decorar a conjugação de verbos de uma língua estrangeira, etc.). Manifesta-se tipicamente por ações motoras e desempenho de atividades e não pode ser expressa por palavras (tornando-se consciente apenas com esforço). Aqui a memorização ocorre de forma lenta, por meio de repetições e múltiplas tentativas.
8 – Descreva as seguintes alterações quantitativas da memória: hipermnésia, amnésia psicogênica, amnésia orgânica,
amnésia anterógrada e amnésia retrógrada.
Hipermnésias: as representações (elementos mnêmicos) afluem rapidamente, em tropel, ganhando em número, perdendo, porém, em clareza e precisão. A hipermnésia traduz mais a aceleração geral do ritmo psíquico que uma alteração propriamente da memória.
Amnésia psicogênica: há perda de elementos mnêmicos focais, os quais têm valor psicológico específico (simbólico, afetivo). O indivíduo esquece, por exemplo, um evento de sua vida (que teve um significado especial para ele), mas consegue lembrar de tudo que ocorreu ao seu “redor”. Tal amnésia pode ser superada por um estado hipnótico (na hipnose, o indivíduo consegue lembrar do que, em estado de consciência, não recorda). 
Amnésia orgânica: é uma amnésia menos seletiva (em relação ao conteúdo do material esquecido) que a psicogênica. Em geral, perde-se primeiramente a capacidade de fixação (memórias imediatas e recentes); em estados avançados da doença, o indivíduo começa a perder conteúdos antigos. A amnésia orgânica segue, de modo geral, a lei de Ribot.
Amnésia anterógrada: o indivíduo não consegue mais fixar elementos mnêmicos a partir do evento que lhe causou o dano cerebral. Por exemplo, o indivíduo não lembra do que ocorreu nas semanas (ou meses) depois de um trauma cranioencefálico. A amnésia anterógrada é um distúrbio-chave e bastante frequente na maior parte dos distúrbios neurocognitivos. 
Amnésia retrógrada: o indivíduo perde a memória para fatos ocorridos antes do início da doença (ou trauma). Sua ocorrência sem amnésia anterógrada pode ser observada em quadros dissociativos (psicogênicos), como a amnésia dissociativa e a fuga dissociativa. De modo geral, é comum, após trauma cranioencefálico, a ocorrência de amnésias retroanterógradas, ou seja, déficits de fixação para o que ocorreu dias, semanas ou meses antes e depois do evento patógeno.
9 - Descreva as seguintes alterações qualitativas da memória ou paramnésias: ilusões mnêmicas, alucinações mnêmicas, fabulações, criptomnésia, ecmnésia e lembrança obsessiva
Ilusões mnêmicas: há o acréscimo de elementos falsos a um núcleo verdadeiro de memória. Por isso, a lembrança adquire caráter fictício. Muitos pacientes informam sobre o seu passado indicando claramente deformação de lembranças reais: “Tive uma centena de filhos com minha mulher” (teve de fato alguns filhos com a mulher, mas não uma centena).
Alucinações mnêmicas: são verdadeiras criações imaginativas com a aparência de lembranças que não correspondem a qualquer elemento mnêmico, a qualquer lembrança verdadeira. Podem surgir de modo repentino, sem corresponder a qualquer acontecimento.
Fabulações (ou confabulações): neste caso, elementos da imaginação do doente ou mesmo lembranças isoladas completam artificialmente as lacunas de memória, produzidas, em geral, por déficit da memória de fixação. Além do déficit de fixação, o doente não é capaz de reconhecer como falsas as imagens produzidas pela fantasia. 
Criptomnésia: Trata-se de um falseamento da memória, em que as lembranças aparecem como fatos novos ao paciente, que não as reconhece como lembranças, vivendo-as como uma descoberta. 
Ecmnésia: Trata-se da recapitulação e da revivescência intensa, abreviada e panorâmica, da existência, uma recordação condensada de muitos eventos passados, que ocorre em breve período.
Lembrança obsessiva: também denominada ideia fixa ou representação prevalente, manifesta-se como o surgimento espontâneo de imagens mnêmicas ou conteúdos ideativos do passado que, uma vez instalados na consciência, não podem ser repelidos voluntariamente pelo indivíduo. 
10 – De modo geral, como podem ser descritas as alterações de reconhecimento associadas a transtornos psiquiátricos? E qual valor diagnóstico elas possuem?
Os falsos desconhecimentos associadas a transtornos psiquiátricos são produzidos por processos delirantes, síndromes delirantes muito peculiares do reconhecimento e de falsas identificações.
Ocorrem com mais frequência associados a esquizofrenia, depressões graves e síndromes psico-orgânicas agudas ou crônicas.
1 – Descreva as seguintes alterações de humor: distimia hipotímica, distimia hipertímica, disforia, euforia e puerilidade.
Hipotimia refere-se à base afetiva de todo transtorno depressivo.
Hipertimia (ou distimia hipertímica) refere-se a humor patologicamente alterado no sentido da exaltação e da alegria.
Disforia diz respeito à distimia acompanhada de uma tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada. Quando se fala em depressão disfórica ou mania disfórica, está sendo designado um quadro de depressão ou de mania acompanhado de forte componente de irritação, amargura, desgosto ou agressividade.
Euforia, ou alegria patológica, define o humor morbidamente exagerado, no qual predomina um estado de alegria intensa e desproporcional às circunstâncias.
A puerilidade é uma alteração do humor que se caracteriza pelo aspecto infantil, simplório, regredido. O indivíduo ri ou chora por motivos banais; sua vida afetiva é superficial, sem afetos profundos, consistentes e duradouros.
2 – Explique as seguintes alterações das emoções e dos sentimentos: apatia, paratimia, embotamento afetivo, anedonia e labilidade afetiva.
Apatia: é a diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva. Os pacientes queixam-se de não poderem sentir nem alegria, nem tristeza, nem raiva, nem nada... Na apatia, o indivíduo, apesar de saber da importância afetiva que determinada experiência deveria ter para ele, não consegue sentir nada. 
Inadequação do afeto ou paratimia: é uma reação completamente incongruente a situações existenciais ou a determinados conteúdos ideativos, revelando desarmonia profunda da vida psíquica (ataxia intrapsíquica), contradição profunda entre a esfera ideativa e a afetiva.
Embotamento afetivo: perda profunda de todo tipo de vivência afetiva. Ao contrário da apatia, que é basicamente subjetiva, o embotamento afetivo é observável, constatável por meio da mímica, da postura e da atitude do paciente. 
Anedonia: é a incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer com determinadas atividades e experiências da vida. O paciente relata que, diferentemente do que ocorria antes de adoecer, agora não consegue mais sentir prazer sexual, não consegue desfrutar de um bom papo com os amigos, etc
Labilidade afetiva: são os estados nos quais ocorrem mudanças súbitas e imotivadas de humor, sentimentos ou emoções. O indivíduo oscila de forma abrupta, rápida e inesperada de um estado afetivo para outro.
3 – Quais são as quatro fases do processo volitivo?
1 – A fase de intenção ou propósito, na qual se esboçam as tendências básicas do indivíduo, suas inclinações e interesses. Nesse momento, impulsos, desejos e temores inconscientes exercem influência decisiva sobre o ato volitivo, muitas vezes imperceptíveis para o próprio indivíduo.
2 – A fase de deliberação, que diz respeito à ponderação consciente, levando-se em conta tanto os motivos como os móveis implicados no ato volitivo. O indivíduo faz uma análise básica do que seria positivo ou negativo, favorável ou desfavorável, benéfico ou maléfico em sua decisão. É um momento de apreciação, consideração dos vários aspectos e das implicações de determinada decisão. 
3 – A fase de decisão propriamente dita é o momento culminante do processo volitivo, instante que demarca o começo da ação, no qual os móveis e os motivos vencidos dão lugar aos vencedores. 
4 – A fase de execução constitui a etapa final do processo volitivo, na qual os atos psicomotores simples e complexos decorrentes da decisão são postos em funcionamento, a fim de realizar e consumar aquilo que mentalmente foi decidido e aprovado pelo indivíduo.
4 – Quais são as diferenças entre ato impulsivo e ato compulsivo? Descreva as características de cada um.
Características do ato impulsivo: 
1. É realizado sem fase prévia de intenção, deliberação e decisão. 
2. É realizado, de modo geral, de forma egossintônica. O indivíduo não percebe tal ato como inadequado, não
tenta evitá-lo ou adiá-lo. O ato impulsivo frequentemente não é contrário aos valores morais e desejos de quem o pratica.
3. É geralmente associado a impulsos patológicos, de natureza inconsciente, ou à incapacidade de tolerância à frustração e necessária adaptação à realidade objetiva. Da mesma forma, o indivíduo dominado pelo ato impulsivo tende a desconsiderar os desejos e as necessidades das outras pessoas.
Características do ato compulsivo:
1. Há a vivência frequente de desconforto subjetivo por parte do indivíduo que realiza o ato compulsivo. 
2. São egodistônicos, isto é, experienciados como indesejáveis, contrários aos valores morais de quem os sofre. 
3. Há a tentativa de resistir (ou pelo menos adiar) à realização do ato compulsivo. 
4. Há a sensação de alívio ao realizar o ato compulsivo, mas logo retorna o desconforto subjetivo e a urgência em realizar novamente o ato compulsivo.
5. Ocorrem frequentemente associados a ideias obsessivas muito desagradáveis, representando, muitas vezes, tentativas de neutralizar tais pensamentos. 
5 – Descreva as seguintes alterações da psicomotricidade: aceleração psicomotora, lentificação psicomotora, estupor, maneirismo e conversão.
A agitação psicomotora comumente se associa à hostilidade e à heteroagressividade. É um sinal psicopatológico muito frequente e relativamente inespecífico, sendo vista todos os dias nos serviços de emergência e internação.
A lentificação psicomotora reflete a lentificação de toda a atividade psíquica (bradipsiquismo). Toda a movimentação voluntária torna-se lenta, difícil, “pesada”, podendo haver período de latência entre uma solicitação ambiental e a resposta motora do paciente.
O estupor é a perda de toda a atividade espontânea, que atinge o indivíduo globalmente, na vigência de um nível de consciência aparentemente preservado e de capacidade sensório-motora para reagir ao ambiente. Envolve toda a atividade voluntária, incluindo a comunicação verbal (mutismo), não-verbal, mímica, olhar, gesticulação e marcha.
O maneirismo é um tipo de estereotipia motora caracterizada por movimentos bizarros e repetitivos, geralmente complexos, que buscam certo objetivo, mesmo que esdrúxulo.
Na conversão, há o surgimento abrupto de sintomas físicos (paralisias, anestesias, parestesias, cegueira, etc.), de origem psicogênica. A conversão motora (paralisias, contraturas conversivas, etc.) ocorre geralmente em situação estressante, de ameaça ou conflito intrapsíquico ou interpessoal significativos para o indivíduo.
6 – Descreva brevemente os seguintes tipos alterados de pensamento: pensamento mágico, concreto, deficitário, demencial e desagregado.
Pensamento mágico: É o tipo de pensamento que fere frontalmente os princípios da lógica formal, bem como os indicativos e imperativos da realidade. O pensamento mágico segue os desígnios dos desejos, das fantasias e dos temores, conscientes ou inconscientes, do sujeito, adequando a realidade ao pensamento, e não o contrário. O pensamento mágico pressupõe que a uma relação puramente subjetiva de ideias corresponda uma associação objetiva de fatos.
Pensamento concreto: Trata-se de um tipo de pensamento no qual não ocorre a distinção entre dimensão abstrata e simbólica e dimensão concreta e imediata dos fatos. O indivíduo não consegue entender ou utilizar metáforas, o pensamento é muito aderido ao nível sensorial da experiência. 
Pensamento deficitário: É um pensamento de estrutura pobre e rudimentar. O indivíduo tende ao raciocínio concreto; os conceitos são escassos e utilizados em sentido mais literal que abstrato ou metafórico. A abstração apenas ocorre com dificuldade, sem consistência ou grande alcance. Não há falta, porém, da generalização e da utilização da memória, sempre vinculadas às necessidades mais imediatas do sujeito. Há pouca flexibilidade na aplicação de regras e conceitos aprendidos. 
Pensamento demencial: Trata-se também de pensamento pobre, porém tal empobrecimento é desigual, ao contrário do que ocorre no pensamento deficitário, no qual o empobrecimento é mais homogêneo. Em certos pontos, o pensamento demencial pode revelar elaborações mais ou menos sofisticadas, embora de forma geral seja imperfeito, irregular, sem unidade ou congruência. 
Pensamento desagregado: Trata-se de pensamento radicalmente incoerente, no qual os conceitos e os juízos não se articulam minimamente de forma lógica. O paciente produz um pensamento que se manifesta como uma mistura aleatória de palavras, que nada comunica ao interlocutor. A linguagem correspondente é o que se denomina “salada de palavras”. 
7 – Descreva as seguintes alterações do curso do pensamento: aceleração do pensamento e lentificação do pensamento.
Aceleração do pensamento: O pensamento flui de forma muito acelerada, uma ideia se sucedendo à outra rapidamente. 
Lentificação do pensamento: O pensamento progride lentamente, de forma dificultosa. Há certa latência entre as perguntas formuladas e as respostas. 
8 – Descreva as seguintes alterações da forma ou estrutura do pensamento: fuga de ideias e desagregação do pensamento.
Fuga de ideias: É uma alteração da estrutura do pensamento secundária à acentuada aceleração do pensamento, na qual uma ideia se segue a outra de forma extremamente rápida, perturbando-se as associações lógicas entre os juízos e os conceitos. Na fuga de ideias, as associações entre as palavras deixam de seguir uma lógica ou finalidade do pensamento e passam a ocorrer por assonância(p. ex., amor, flor, cor... ou cidade, idade, realidade...), e as ideias se associam muito mais pela presença de estímulos externos contingentes (as pessoas que estão presentes na entrevista, os móveis e os quadros da sala de entrevista).
Desagregação do pensamento: Neste caso, há profunda e radical perda dos enlaces associativos, total perda da coerência do pensamento. Sobram apenas “pedaços” de pensamentos, conceitos e ideias fragmentadas, muitas vezes irreconhecíveis, sem qualquer articulação racional, sem que sejam detectadas uma linha diretriz e uma finalidade no ato de pensar. Trata-se de alteração típica de formas avançadas de esquizofrenia e de quadros demenciais. Na esquizofrenia, de modo geral, o progredir da desestruturação do pensamento segue esta sequência (em ordem de gravidade): afrouxamento das associações, descarrilhamento do pensamento e, finalmente, desagregação do pensamento.

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