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Vigilancia em Saude doTrabalhador

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VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 
Introdução
Em seu conceito, vigilância é um espaço estratégico do Estado que recolhe evidências e desencadeia ou recomenda ações. Compreende necessariamente uma pré-concepção ou um modelo (implícito ou explícito) de ações de saúde que, por sua vez, está carregada de teoria (ou de uma visão do mundo) que se consubstancia em um método para apreensão da realidade, que então é decodificada em evidências capazes de serem implementadas no modelo. No Estado autoritário, a vigilância é exercida para restringir ou eliminar direitos dos cidadãos. No Estado democrático, a vigilância é exercida para garantir os direitos dos cidadãos. Nesse contexto, a vigilância em saúde é a expressão máxima de intervenção do Estado democrático e de direito no sentido de garantir a saúde dos cidadãos.
A Vigilância em Saúde é, na atualidade, um dos grandes desafios para o SUS e para a APS em particular. A Vigilância em Saúde envolve ações de promoção, proteção, prevenção e controle das doenças e agravos à saúde e abrange os seguintes componentes: Vigilância Epidemiológica, Sanitária, Vigilância em Saúde Ambiental, Vigilância em Saúde do Trabalhador (Visat), Vigilância da Situação de Saúde e Promoção da Saúde 
Diferente das demais vigilâncias em saúde, a Vigilância em Saúde do Trabalhador tem como seu objeto de investigação e intervenção a relação entre o processo de trabalho e saúde. Suas ações buscam a articulação sanitária no sentido da promoção, da proteção e da atenção à saúde dos trabalhadores, direcionadas aos fatores de risco e às condições de trabalho, a vigilância sobre danos ou efeitos desse e seus determinantes tecnológicos e sociais.
Panorama histórico da Saúde do Trabalhador
A Saúde do Trabalhador (ST), ganhou evidência durante o movimento da Reforma Sanitária brasileira. A VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, já apontava que o trabalho em condições dignas, o conhecimento e o controle dos trabalhadores sobre processos e ambientes de trabalho é um pré-requisito central para o pleno exercício do acesso à saúde. Assim, houve um crescente avanço legal na área, que teve seu início com a incorporação da ST e da proteção ao ambiente de trabalho pela Constituição Federal. Em 1990, a Lei nº 8.080 reconheceu o trabalho como um dos fatores determinantes e condicionantes da saúde e atribuiu ao SUS a responsabilidade de coordenar as ações de ST no país. (1)
“como um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho”. (BRASIL, 1990, capítulo I, artº 6º, parágrafo 3º)
Visando implementar ações assistenciais, de vigilância e de promoção da saúde no SUS, é criada em 2002 a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast). Esta possui, como eixo principal para articulação das ações, os Centros de Referência em ST, que prevêem a organização da rede sentinela de notificação, a organização dos fluxos de informações e os atendimentos aos trabalhadores em todos os níveis de atenção do SUS. A Renast não visa criar outro modelo de atenção, mas sim o qualificar, orientar para que o sistema funcione na perspectiva da ST .
Em 2012, foi instituída a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNST) que tem como objetivos: fortalecer a vigilância em ST e a integração com os demais componentes da vigilância em saúde; promover saúde, ambientes e processos de trabalhos saudáveis; garantir a integralidade na atenção à ST; ampliar o entendimento e conceber a ST como uma ação transversal; incorporar a categoria trabalho como determinante do processo saúde-doença; assegurar que a identificação da situação do trabalho dos usuários seja considerada nas ações e nos serviços de saúde do SUS; e assegurar a qualidade da atenção aos trabalhadores usuários do SUS. (P)
De acordo com o documento, as estratégias definidas para a implantação da atenção integral à saúde do trabalhador compreendem: a) a integração da Vigilância em Saúde do Trabalhador (Visat) com os demais componentes da Vigilância em Saúde e com a APS; b) a análise do perfil produtivo e da situação de saúde dos trabalhadores; c) a estruturação da Rede de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador; d) o fortalecimento e a ampliação da articulação intersetorial; e) o estímulo à participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social; f) o desenvolvimento e a capacitação de recursos humanos; g) o apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas. (2)
Vigilância em Saúde do trabalhador VISAT
"A vigilância em saúde do trabalhador, enquanto campo de atuação, distingue-se da vigilância em saúde em geral e de outras disciplinas no campo das relações entre saúde e trabalho por delimitar como seu objeto específico a investigação e intervenção na relação do processo de trabalho com a saúde" (Machado, 1997)
A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) é um dos componentes do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. Visa à promoção da saúde e a redução da morbimortalidade da população trabalhadora, por meio da integração de ações que intervenham nos agravos e seus determinantes decorrentes dos modelos de desenvolvimento e processos produtivos (Portaria GM/MS Nº 3.252/09) (W). 
 Vigilância em Saúde do Trabalhador compreende uma atuação contínua e sistemática, ao longo do tempo, no sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos tecnológico, social, organizacional e epidemiológico, com a finalidade de planejar, executar e avaliar intervenções sobre esses aspectos, de forma a eliminá-los ou controlá-los (Portaria GM/MS Nº 3.120/98). (W)
Sintetizando, as ações de Visat na APS são: a) suporte técnico para a investigação dos agravos de saúde do trabalhador de notificação compulsória; b) apoio à construção, mapeamento e análise do perfil produtivo e do perfil de morbimortalidade da população trabalhadora; c) vigilância de ambientes de trabalho de forma integrada com a Vigilância em Saúde e outros setores.
Objetivos da VISAT (em RENAST, 2014):
Identificar o perfil de saúde da população trabalhadora, considerando a análise da situação de saúde:
a) A caracterização do território, perfil social, econômico e ambiental da população trabalhadora.
b) Intervir nos fatores determinantes dos riscos e agravos à saúde da população trabalhadora, visando eliminá-los ou, na sua impossibilidade, atenuá-los e controlá-los.
c) Avaliar o impacto das medidas adotadas para a eliminação, controle e atenuação dos fatores determinantes dos riscos e agravos à saúde, para subsidiar a tomada de decisões das instâncias do SUS e dos órgãos competentes, nas três esferas de governo.
d) Utilizar os diversos sistemas de informação para a VISAT. (Diretrizes de implantação da Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS).
Outra forma de construir o cenário de intervenção da vigilância deve basear-se em um novo conjunto de indicadores capazes de evidenciar os efeitos sobre o corpo e o ambiente dos novos modelos de organização pós-fordistas. Nesta dimensão, a Visat se depara com a dificuldade do SUS em adotar uma concepção sistêmica e prover o Estado de mecanismos capazes de gerar informações, intervenções sobre os processos produtivos e outras capacidades transetoriais com vistas a interferir no modelo de desenvolvimento.
Entretanto, é justamente nessa contradição que o campo da Saúde do Trabalhador precisa subsidiar e impulsionar o SUS. Em conjunto com o campo do Ambiente, cada vez mais é propício o debate acerca das consequências para a vida no planeta do atual modelo de desenvolvimento. Emerge a necessidade da Saúde do Trabalhador instrumentalizar o aparelho estatal através de sua estrutura e mecanismos de intervenção/coerção, de modelos e estratégias de atuação voltadapara novos modelos em rede e motivada pela relação mais próxima com as necessidades socioambientais.
As ações de vigilância no âmbito da APS, em especial a vigilância dos ambientes de trabalho, deve contar com o apoio de outros dispositivos do SUS, como a Vigilância Sanitária, a Visat, a Vigilância Ambiental e os Cerest. Muitos municípios, principalmente nos de menor porte, possuem apenas os setores de Vigilância Epidemiológica e Vigilância Sanitária. Nesses casos, recomenda-se a ampliação do objeto de intervenção dessas vigilâncias, incluindo as condições de trabalho e de saúde dos trabalhadores.
Mesmo com esses avanços, um dos desafios da ST é conseguir com que o conjunto de trabalhadores e gestores do SUS incorpore, na sua prática cotidiana, a compreensão do trabalho enquanto um dos determinantes do processo saúde-doença e da necessidade do envolvimento de todo o sistema de saúde para garantir o cuidado integral aos trabalhadores
Referências bibliográficas
(P) Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, instituída por meio do Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011.
(W) http://renastonline.ensp.fiocruz.br/temas/vigilancia-saude-trabalhador
(1) Souza Thiago Santos de, Virgens Liliam Silva das. Saúde do trabalhador na Atenção Básica: interfaces e desafios. Rev. bras. saúde ocup.  [Internet]. 2013  Dec [cited  2017  June  30] ;  38( 128 ): 292-301. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0303-76572013000200016&lng=en.  http://dx.doi.org/10.1590/S0303-76572013000200016.
(2) Dias Elizabeth Costa, Silva Thais Lacerda e. Contribuições da Atenção Primária em Saúde para a implementação da Política Nacional de Saúde e Segurança no Trabalho (PNSST). Rev. bras. saúde ocup.  [Internet]. 2013  June [cited  2017  June  30] ;  38( 127 ): 31-43. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0303-76572013000100007&lng=en.  http://dx.doi.org/10.1590/S0303-76572013000100007
(3) Electronic Document Format(Vancouver)
Ribeiro Fátima Sueli Neto. Vigilância em Saúde do Trabalhador: a tentação de engendrar respostas às perguntas caladas. Rev. bras. saúde ocup.  [Internet]. 2013  Dec [cited  2017  June  30] ;  38( 128 ): 268-279. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0303-76572013000200014&lng=en.  http://dx.doi.org/10.1590/S0303-76572013000200014.

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