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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO – UNESC HELENO MILANEZ AVALIACÃO DO DIMENSIONAMENTO DAS TURBINAS HIDRÁULICAS INSTALADAS NA PCH CACHOEIRA DA ONCA, RIO SÃO JOSÉ MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL DA PALHA-ES COLATINA 2015 HELENO MILANEZ AVALIACÃO DO DIMENSIONAMENTO DAS TURBINAS HIDRÁULICAS INSTALADAS NA PCH CACHOEIRA DA ONCA, RIO SÃO JOSÉ MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL DA PALHA-ES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC, sob orientação do Professor Alexsandre Leite Ferreira, do Curso de Engenharia Mecânica. COLATINA 2015 HELENO MILANEZ AVALIACÃO DO DIMENSIONAMENTO DAS TURBINAS HIDRÁULICAS INSTALADAS NA PCH CACHOEIRA DA ONCA, RIO SÃO JOSÉ MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL DA PALHA-ES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC, do Curso de Engenharia Mecânica. ORIENTADOR _________________________________________ _________ Alexsandre Leite Ferreira – Prof. Orientador. Nota Engenheiro Eletricista AVALIADOR _________________________________________ _________ Prof. Do UNESC Nota Colatina,____de________________2015. Dedico esse trabalho primeiramente a Deus por estar presente em minha vida, pelas bênçãos sempre concedidas, pela minha família e amigos que contribuíram, não medindo esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida. Agradeço ao meu orientador, o Professor Alexsandre Leite Ferreira, por todo apoio e dedicação por ter compartilhado seus conhecimentos durante os momentos de realização desta pesquisa. A todos os professores de Engenharia Mecânica do UNESC em especial ao professor Carlos Marcelo que acreditou e contribuiu para minha formação acadêmica. A empresa TERRAGRAN rendo agradecimentos, pois confiou na minha graduação fazendo por mim em momento de maior dificuldade que eu não desistisse do meu sonho. “Tudo que pedirdes na oração, crendo, o recebereis”. JESUS CRISTO LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Cachoeira da Onça. ................................................................................. 17 Figura 2 – Conjunto de Turbinas em Operação na PCH Cachoeira da Onça. .......... 18 Figura 3 - Usina Hidrelétrica. ..................................................................................... 21 Figura 4 - Matriz Elétrica Brasileira. .......................................................................... 21 Figura 5 - Custo por Quilowatt Instalado Para MiniCHs em Função da Queda......... 23 Figura 6 - Processo de Conversão de Energia.......................................................... 24 Figura 7 - PCH em Derivação. .................................................................................. 25 Figura 8 – Energia Hidráulica .................................................................................... 30 Figura 9 – Tubo de Aspiração. .................................................................................. 31 Figura 10 – Turbina Tipo Francis em Manutenção na PCH Cachoeira da Onça....... 33 Figura 11 – Turbina de Reação e de Ação. ............................................................... 34 Figura 12 – Turbina Tipo Pelton. ............................................................................... 37 Figura 13 – Turbina Pelton. ....................................................................................... 38 Figura 14 – Turbina Tipo Kaplan. .............................................................................. 39 Figura 15 – Turbina Hélice de Eixo Horizontal. ......................................................... 40 Figura 16 – Conjuntos Turbina Gerador com Turbinas Hélice. ................................. 41 Figura 17 – Turbina Francis de Eixo Horizontal. ....................................................... 42 Figura 18 – Turbina Francis – Radial – Axial............................................................. 44 Figura 19 – Disposição de um Conjunto Turbina-Gerador na PCH Cachoeira da Onça. ......................................................................................................................... 45 Figura 20 – Disposição de um Eixo de Um Conjunto Turbina-Gerador. .................... 46 Figura 21 - Tubo de Sucção. ..................................................................................... 49 Figura 22 – Tipos de Turbinas Hidráulicas. ............................................................... 51 Figura 23 – Variação de Tamanho do Rotor da Turbina em Função da Velocidade Específica e Faixa de Aplicação por Queda das Turbinas. ....................................... 54 Figura 24 – Eficiência em Diferentes Tipos de Turbinas Hidráulicas. ....................... 55 Figura 25 – Diagrama Para Seleção de Turbinas Hidráulicas Para PCHs. ............... 58 Figura 26 – Gráfico Com Aplicação de Turbinas. ...................................................... 60 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Dados da PCH Cachoeira da Onça. ........................................................ 19 Tabela 2 – Classificação Para Pequenos Aproveitamentos Hidroenergéticos de Acordo com a Queda. ............................................................................................... 26 Tabela 3 – Parâmetros de Velocidade Específica e Queda Para Diferentes Tipos de Turbina. ..................................................................................................................... 52 Tabela 4 – Faixa de Queda Para Diferentes Tipos de Turbinas................................ 57 Tabela 5 - Tipos de Turbinas e Suas Velocidades Específicas. ................................ 59 Tabela 6 - Média dos Cálculos .................................................................................. 64 Tabela 7 - Média das Potências ................................................................................ 65 LISTA DE SÍMBOLOS PCH Pequena Central Hidrelétrica RPM Rotações por minuto kW Quilowatt Energia Hidráulica Altura Estática Peso da água Massa específica da água Gravidade Volume Queda da turbina ou altura útil Vazão Variação de energia cinética Potência hidráulica ou potência mecânico-hidráulico Queda bruta Nível superior Nível inferior. Tempo Rendimento da turbina Eficiência volumétrica Eficiência hidráulica Eficiência mecânica Potência mecânico-motriz Perdas hidráulicas por extensão e acessórios noconduto forçado Perdas por potência decorrente da extensão e de acessórios Potência final entregue no eixo Potência entregue pelo eixo Perdas de altura presentes na turbina Vazão finalmente turbinada Queda da turbina em relação às perdas presente nas turbinas Nível na saída das águas turbinadas Energia específica na entrada Energia específica na saída da turbina Fator de correção da velocidade na entrada da tubulação Fator de correção da velocidade na entrada da tubulação Velocidade média do fluido na entrada do conduto Velocidade média do fluido na saída do conduto Pressão na entrada Pressão na saída Altura da tomada d’água Altura da turbina PI Coeficiente de perdas de carga Coeficiente de atrito Somatório das perdas de carga L Comprimento da tubulação D Diâmetro da tubulação RESUMO O surgimento de turbinas hidráulicas provavelmente veio da utilização da força das águas no auxílio do trabalho humano. Com o tempo, novas técnicas foram introduzidas até que se chegou ao que hoje é conhecido por turbinas hidráulicas. O grande potencial hidráulico brasileiro para a produção de energia elétrica impulsionou a utilização e o desenvolvimento de turbinas hidráulicas para a geração de energia elétrica em grande escala. Uma máquina hidráulica realiza a troca da energia do fluído pela energia mecânica, entregue por outra máquina, sendo que esta pode ser apresentada na forma de bomba ou turbina hidráulica. No elenco das turbinas hidráulicas, temos as turbinas de ação e de reação. Na primeira a energia hidráulica disponível é transformada em energia cinética para, depois de incidir nas pás do rotor, transformar-se em energia mecânica. Na segunda o rotor e completamente submergido na água, sendo que a principal característica dessa turbina é a presença de um tubo de sucção que permite a recuperação de parte da energia cinética da água que deixa o rotor. Dentre os diversos tipos de turbinas, cada uma se caracterizando pelo seu aproveitamento hidroenergético, as que mais se destacam são: turbina Francis, Turbina Pelton e Turbina Kaplan. A seleção das turbinas hidráulicas é feita através do conhecimento de suas características de queda, fluxo e de operação ótimas e das características do local de sua instalação que, através de variáveis e equações, proporcionam sua correta escolha. Palavras chave: Turbinas hidráulicas, Pequenas Centrais Hidrelétricas, Aproveitamento Hidroenergéticos. ABSTRACT The appearance of hydraulic turbines probably came from the use of water force in assistance to human labor. Along time, new techniques have been introduced until becomes what it is today known for hydraulic turbines. The great brazilian hydraulic potential to the eletric energy production propeled the utilization and the development of hydraulic turbines to the production in large scale of eletric energy. A hydraulic machine executes the fluid trade of fluid energy for mechanic energy, delivered by other machine, which can be in form of a bomb or hydraulic turbine. In the hydraulic turbines category, we have the reaction and counter reaction turbines. In the first the hydraulic energy available is transformed em kinetic energy for, after hit the rotor blades, turn into mechanic energy. In the second one, the rotor is completely submerged in water, whereas the main characteristic of this turbine is the presence of a suction tube that allows the recuperation of the kinetic energy part that leaves the rotor. Among the kinds of turbines, being characterized for your hydropower utilization, the ones that have more highlight are: Francis turbine, Pelton turbine and Kaplan turbine. The selection of the hydraulic turbine is made through the knowledge of your characteristics of fall, flux and optimal operations and the installation place characteristics that, through variables and equations, provide your best choice. Keywords: hydraulic turbines, small hydroelectric plants, hydro utilization. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15 1 OBJETIVOS ........................................................................................................... 16 2 HISTÓRIA DA PCH CACHOEIRA DA ONÇA ....................................................... 17 3 USINA HIDRELÉTRICA ......................................................................................... 20 4 PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS (PCH) ............................................... 22 5 RELACÃO DAS PCHs NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE UMA REGIÃO ................................................................................................................ 23 6 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UMA PCH ............................................... 24 7 TIPOS DE PCHs .................................................................................................... 25 8 MÁQUINAS DE FLUIDO........................................................................................ 28 9 ENERGIA HIDRÁULICA ........................................................................................ 29 10 TURBINA HIDRÁULICA ...................................................................................... 33 11 PRINCIPAIS TIPOS DE TURBINAS HIDRÁULICAS PARA PCH ...................... 35 11.1 PARTES DE UMA TURBINA HIDRÁULICA ...................................................... 35 12 PRINCIPAIS TIPOS DE TURBINAS HIDRÁULICAS PARA PCH ...................... 36 12.1 TURBINA PELTON ........................................................................................... 36 12.2 TURBINA KAPLAN ........................................................................................... 38 12.3 TURBINA FRANCIS .......................................................................................... 41 13 DISPOSIÇÃO DO CONJUNTO TURBINA-GERADOR ....................................... 45 13.1 QUEDA BRUTA ................................................................................................ 46 13.2 POTÊNCIA DAS TURBINAS ............................................................................. 49 13.3 ROTAÇÃO ESPECÍFICA .................................................................................. 51 13.4 EFICIÊNCIA DAS TURBINAS ........................................................................... 54 14 SELEÇÃO DAS TURBINAS ................................................................................ 57 14.1 VELOCIDADE ESPECÍFICA DE TURBINAS GEOMETRICAMENTE SEMELHANTES ............................................................................................. 58 14.2 SIMILARIDADE DAS TURBINAS ...................................................................... 60 15 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 61 16 RESULTADOS E DISCUSSÕES DE DADOS ..................................................... 63 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 67 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 68 ANEXO A ..................................................................................................................69 15 INTRODUÇÃO Este estudo tem como objetivo apresentar os principais componentes de turbinas hidráulicas em uma Pequena Central Hidrelétrica (PHC), buscando realizar a avaliação das turbinas instaladas as quais utilizam a força da água para colocá-las em movimento. O propósito desta pesquisa foi estudar as máquinas hidráulicas, normalmente chamadas de turbinas hidráulicas que recebem energia de um fluxo hidráulico e convertem esta energia mecânico-hidráulica em mecânico-motriz disponível nas extremidades de um eixo. Desenvolver uma pesquisa sobre eficiência e desempenho das máquinas existentes destacando o uso e conservação dos recursos hídricos existentes, observando a vazão, altura e a velocidade da água. Descrever os principais elementos construtivos e as convenções utilizadas no estudo de máquinas de fluxo, representando os principais componentes e suas várias formas para operá-los com transformações de energia, identificando as variáveis envolvidas na formação e no funcionamento das turbinas. Este estudo busca, por fim, contribuir para a solução do problema energético pela análise apoiada em literatura técnica e especializada que permita aproveitar pequenas fontes energéticas e que precisam acompanhar o desenvolvimento de todos os campos da vida moderna. 16 1 OBJETIVOS O objetivo do presente trabalho é a avaliação do tipo de turbina instalada na PCH Cachoeira da Onça, determinada pelos cálculos pertinentes, considerando as características do aproveitamento hidrelétrico. Descrever os tipos de máquinas de fluxo e classificá-las às diferentes sistemas sobre as diferentes aplicações das turbinas hidráulicas. O projeto de turbinas envolve diversos conhecimentos técnicos de mecânica dos fluidos, materiais, vibrações, entre outros. Estes assuntos são abordados em diversos tópicos de livros especializados. A aplicação prática na engenharia mais comum é o projeto de máquinas. O propósito final deste trabalho é apresentar os detalhes suficientes para ilustrar a base de projeto de turbinas e discutir brevemente as limitações dos resultados obtidos a partir de modelos analíticos, correlacionando a seleção e a aplicação sob os aspectos mais significativos. A finalidade é estabelecer os princípios fundamentais dos cálculos básicos em relação à escolha ideal deste tipo de máquina, mas não de sua construção detalhada. 17 2 HISTÓRIA DA PCH CACHOEIRA DA ONÇA A Cachoeira da Onça está localizada no município de São Gabriel da Palha, norte do estado do Espírito Santo, no curso d’água denominado rio São José, principal formador da lagoa Juparanã, afluente do rio Doce. As coordenadas UTM (Datum WGS84) da seção do barramento são longitude: 338.115, latitude: 7.893.373 (Zona 24S). Figura 1 – Cachoeira da Onça. Fonte: (do autor). As máquinas instaladas na Pequena Central Hidrelétrica Cachoeira da Onça foram adquiridas, pela Empresa Luz e Força Santa Maria, da Companhia Paulista de Força e Luz – CPFL e faziam parte de uma PCH que estava sendo desativada na cidade de Lençóis Paulista/SP. A usina Cachoeira da Onça esta operando desde 1972, instalada no Rio São José, na cidade de São Gabriel da Palha - ES e é definida como uma minicentral hidrelétrica, a fio d’água, com potência total instalada de 900 kW, com duas turbinas Francis com queda bruta de 24,83 m, barragem de concreto de 4,10 m de altura máxima, comprimento total de crista 77,60 m, adução em conduto fechado com chaminé de equilíbrio para alívio de pressão, com vazão máxima turbinada de 5,5 m3.s-1. 18 Figura 2 – Conjunto de Turbinas em Operação na PCH Cachoeira da Onça. Fonte: (do autor). A matéria-prima utilizada para a geração de energia elétrica é a água do Rio São José, que aciona as turbinas hidráulicas que estão acopladas aos geradores de energia. Após passar pelas turbinas a água retorna ao leito do rio. A barragem é do tipo gravidade, de concreto ciclópico, de perfil trapezoidal, com comporta de 6,95 m de largura. O vertedouro descarrega as vazões excedentes decorrentes das cheias dos rios depois que a capacidade de armazenamento do reservatório foi completada, e tem comprimento de 35 m, com capacidade de escoamento de 175 m3.s-1. O conduto de baixa pressão tem extensão de 183 m, em concreto, diâmetro 2,40 m, interliga a tomada d’água com a chaminé de equilíbrio, apoiada sobre blocos de ancoragem em concreto. A chaminé de equilíbrio faz a transição entre o conduto da baixa pressão e a tubulação forçada, construído em concreto é responsável pelo alívio de pressão e tem altura 13 metros. A tubulação forçada tem extensão de 60 m, diâmetro de 1,50 m, construído em chapa de ferro espessura 5/16, apoiada sobre blocos de ancoragem em concreto. A casa de máquinas está locada na margem esquerda do rio e abriga duas turbinas tipo Francis de eixo horizontal, com engolimentos de 4,55 m3/s e 0,95 m3/s. A PCH Cachoeira da Onça transforma a maior parte do trabalho mecânico a ele entregue pela turbina em energia elétrica, possui dois geradores trifásicos, 19 sendo um com potência de 660 kW, tensão de 6.600 V e um com potência de 240 kW e tensão de 500 V, interligados à subestação que integra a usina ao sistema de distribuição de energia elétrica (Fonte: do autor). Tabela 1 – Dados da PCH Cachoeira da Onça. Localização Latitude 19o 03’ Longitude 40o 32’ Curso d’água Rio São José Área Inundada 232.800 m2 Área de drenagem 824.450.000 m2 Potência total 900 kW No de unidades Geradoras 2 Barragem Tipo: Concreto Altura: 4,10m Comprimento Total da crista: 77,60m Condutos de baixa pressão Tipo: Tubulação de concreto Comprimento: 185,00m Diâmetro/Seção: 2,20m Tubulação forçada Extensão: 60,00m Diâmetro: 1,45m Material: Ferro espessura 5/16” Vertedouro Comprimento: 35,00m Turbina Francis1 Tipo: Francis Potencia: 660 kW Queda liquida: 24,0 m Engolimento: 4,55 m3.s-1 Turbina Francis 2 Tipo: Francis Potencia: 274 kW Queda liquida: 24,0 m Engolimento: 0,95 m3.s-1 Gerador 1 Tensão: 6.600 V Potência: 825 kVA Fator de Potência: 0,8 Rotação: 600 rpm Gerador 2 Tensão: 500 V Potência: 300 kVA Fator de Potência: 0,8 Rotação: 900 rpm Fonte: (do autor). 20 3 USINA HIDRELÉTRICA Para produzir a energia hidrelétrica é necessário integrar a vazão do rio, a quantidade de água disponível em determinado período de tempo e os desníveis do relevo, sejam eles naturais, como as quedas d’água, ou criados artificialmente (http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par2_cap3.pdf). A infraestrutura da usina é composta, por barragem, sistema de captação e adução de água, casa de força e vertedouro, que funcionam simultaneamente e de maneira integrada. A barragem tem por objetivo interromper o curso normal do rio e permitir a formação do reservatório. Além de armazenar a água, esses reservatórios têm outras aplicações: permitem a formação do desnível necessário para a configuração da energia hidráulica, a captação da água em volume adequado e a regularização da vazão dos rios em períodos de chuva ou estiagem. Algumas usinas hidroelétricas são conhecidas como “a fio d’água”, ou seja, próximas à superfície e utilizam turbinas que aproveitam a velocidade do rio para gerar energia. Usinas a fio d’água reduzem as áreas de alagamento e não formam reservatórios para armazenar aágua, ou seja, a ausência de reservatório diminui a capacidade de armazenamento de água, única maneira de poupar energia elétrica para os períodos de seca. Os sistemas de captação e adução são formados por túneis, canais ou condutos metálicos que têm a função de levar a água até a casa de força. É nesta instalação que estão às turbinas, formadas por uma série de pás ligadas a um eixo conectado ao gerador. Durante o seu movimento giratório, as turbinas convertem a energia cinética (do movimento da água) em energia elétrica por meio dos geradores que irá produzir a eletricidade. Depois de passar pela turbina, a água é devolvida ao leito natural do rio pelo canal de saída. Os principais tipos de turbinas hidráulicas são: Pelton, Kaplan, Francis. Cada turbina é adaptada para funcionar em usinas com determinada faixa de altura de queda e vazão. O vertedouro permite a saída da água sempre que os níveis do reservatório ultrapassam os limites recomendados. Uma das razões para a sua abertura é o excesso de vazão ou de chuva. Outra é a existência de água em quantidade maior que a necessária para o armazenamento ou a geração de energia (http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par2_cap3.pdf). 21 Figura 3 - Usina Hidrelétrica. Fonte: Disponível em <http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par2_cap3.pdf>. Acesso em: 16 Ago. 2015. Figura 4- Matriz Elétrica Brasileira. Fonte: Disponível em: <https://ben.epe.gov.br/downloads/S%C3%ADntese%20do%20Relat%C3%B3rio%20Final_2015 _Web.pdf>. Acesso em: 16 Ago. 2015. 22 4 PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS (PCH) De acordo como CARNEIRO: “O setor de Pequenas Centrais Hidrelétricas vem se desenvolvendo rapidamente desde 1998. De lá até hoje saímos de cerca de 850 MW de PCHs em operação para 2998 MW em 31 de agosto de 2009” (2010, p. 1). Segundo o que estabelece a resolução Aneel 652, de 09/12/2013, será considerado com características de PCH o aproveitamento hidrelétrico com potência superior a 1000 kW e igual ou inferior a 30000 kW, destinado a produção independente autônoma, com área do reservatório inferior a 3 km² (CARNEIRO, 2010). Para enquadramento das características de PCH, a referida resolução utiliza os seguintes conceitos (CARNEIRO, 2010): A área do reservatório delimitada pelo nível d’água máximo normal de montante. Nível d’água máximo normal de montante correspondendo ao nível que limita a parte superior do volume útil. Nível d’água mínimo normal de montante que limita a parte inferior do volume útil. Nível d’água normal de jusante da casa de força, para vazão correspondente ao somatório dos engolimentos máximos de todas as turbinas, sem considerar a influência da vazão vertida. Segundo ANEEL: “O aproveitamento hidrelétrico que não atender a condição para área do reservatório inferior a 3 km², respeitados os limites de potência e modalidade de exploração, será considerado com característica de PCH, caso se verifique pelo menos uma das seguintes condições e atenda a seguinte inequação”: (1) Em que: P = potência elétrica instalada em (MW); A = área do reservatório em (km²); Hb = queda bruta em (m), definida pela diferença entre os níveis d’água máximos normal de montante e normal de jusante. 23 5 RELACÃO DAS PCHs NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE UMA REGIÃO A eletricidade se estabeleceu como um fator decisivo para a melhoria da qualidade de vida, e o fortalecimento da produtividade econômica. É fundamental para a educação, alimentação, saúde, agricultura e indústria, por ser consequência de um sistema de conversão de energia e acaba causando impactos ao meio ambiente. Isso forma uma sinergia básica para o desenvolvimento humano, constituída por energia, desenvolvimento e meio ambiente. Embora possa parecer que cada uma dessas atividades é independe, a insuficiência de energia limita as oportunidades de desenvolvimento, e, portanto, reduz a qualidade de vida. Assim, é fundamental compreender a importância do acesso à energia elétrica gerada por fontes de pequeno impacto ambiental (FLÓREZ, 2014). Figura 5 - Custo por Quilowatt Instalado Para MiniCHs em Função da Queda. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 17). 24 6 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UMA PCH A estrutura de uma instalação para geração de energia elétrica diz respeito a um processo de transformação de energia. A energia hidráulica é transformada pela turbina em energia mecânica, e esta por sua vez, é transformada em energia elétrica por um gerador para ser fornecida à demanda através de linhas de interligação. Esse procedimento de conversão de energia é realizado mantendo-se constantes dois fatores: tensão elétrica e frequência. Isso é possível quando a instalação tem um regulador de tensão e um regulador de velocidade trabalhando em harmonia, visto que em qualquer variação na demanda de energia afeta esses dois parâmetros. O primeiro é um parâmetro elétrico, que se regula em função dos reagentes da máquina elétrica, e o segundo parâmetro é mecânico, o que indica que sua regulação é função do fluxo de água, ou seja, da vazão d’água, portanto a turbina deve ter um mecanismo para tal fim (FLÓREZ, 2014). Figura 6 - Processo de Conversão de Energia. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 19). 25 7 TIPOS DE PCHs A utilização de aproveitamentos hidroenergéticos em pequena escala pode estar dentro do Sistema Interligado ou completamente isolado em zonas não interligadas. Quando estão interligados, a demanda por potência e por energia pode ser atendida pelo sistema que o respalda por meio da linha de interligação, além do mais, seus excedentes de potência e energia poderão ser transmitidos ao sistema. A pesar disso não ocorre quando devem atender a uma demanda isolada, nessa conjuntura, a usina de geração deve cumprir a demanda por potência e energia, mantendo constantes a frequência e a voltagem. Uma escolha que reduziria essas exigências para a PCH seria dispor de um reservatório que lhe permitisse atender, a todo instante, as oscilações da demanda. Isso necessitaria da construção de uma barragem, que, por sua vez, criaria um reservatório, aproveitável também para irrigação agrícola e controle de cheias. Toda via, se as análises técnico-econômicas demonstrarem ser inviável a construção de um reservatório de água para esse fim, a única alternativa é o desenvolvimento de um projeto para captação de vazão d’água diretamente do rio, mediante a construção de derivação, o que fará com que a PCH trabalhe a fio d’água (FLÓREZ, 2014). Figura 7 - PCH em Derivação. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 23). 26 As PCHs se adaptam facilmente a diversas condições de queda impostas pelas características topográficas e cartográficas da área do projeto. Por isso elas podem ser classificadas como de baixa, média e alta queda (FLÓREZ, 2014). Tabela 2 – Classificação Para Pequenos Aproveitamentos Hidroenergéticos de Acordo com a Queda. Tipo Queda (m) Baixa Média Alta MicroCHs H < 15 15 < H < 50 H > 50 MiniCHs H < 20 20 < H < 100 H > 100 PCHs H < 25 25 < H < 130 H > 130 Fonte: (FLÓREZ, 2014, p.23). Perante tais observações em zonas não interligadas, os aproveitamentos hidroenergéticos em pequena escala devem atender a uma demanda por potência e energia mantendo constantes a frequência e a voltagem comuma PCH em derivação. Essa PCH se caracteriza por não dispor de um reservatório que lhe permita reservar água para uso nas épocas de menor vazão. Nesse sentido, a vazão é tomada diretamente do recurso hídrico por meio de uma abertura que se comunica com um canal, o qual se encarrega de conduzir o caudal, com uma pequena inclinação, até o lugar onde se obtém a queda necessária para se conduzir a potência requerida (FLÓREZ, 2014). Algumas das características mais relevantes dos elementos que compõe a PCH são (FLÓREZ, 2014). Tomada d’água: é a obra por meio da qual capta a vazão requerida para obter a potência de projeto. Sua construção é sólida, vista que deve suportar as cheias do rio. Obra de adução: responsável pela condução da vazão da tomada d’água até a câmara de carga. Possui uma pequena inclinação, na maioria dos casos, costuma ser um canal, mas também pode ser um túnel e/ou uma tubulação. Desarenador: é necessário que as partículas em suspenção na água sejam decantadas, por isso, no fim da obra de adução se constrói um tanque de maiores dimensões que o canal, para que as partículas percam velocidade e sejam decantadas. 27 Câmara de carga: nessa obra a velocidade da água é praticamente zero. Acoplam-se a condutos forçados, suas dimensões devem garantir que não entre bolhas de ar nos condutos forçados, permitir fácil arranque do conjunto turbina gerador e amortecer o golpe de aríete. Extravasor ou vertedouro: essa obra permite verter a vazão excedente que ocorre na tomada d’água e na câmara de carga e conduzi-la ao leito de aproveitamento. Condutos forçados: por eles se conduz a vazão de projeto até a turbina. Estão apoiados em ancoragens que ajudam a suportar a pressão gerada pela água e sua dilatação, que ocorre por conta da variação de temperatura. Casa de máquinas: nela encontram-se o conjunto turbina-gerador, encarregado de transformar a energia potencial em energia mecânica, e esta, em energia elétrica. Outros elementos: válvulas, reguladores, volante, painel de medição, proteção, subestação, barragem etc. 28 8 MÁQUINAS DE FLUIDO De acordo com HENN: “Máquina de fluido é o equipamento que promove a troca de energia entre um sistema mecânico e um fluido, transformando energia mecânica em energia de fluido ou energia de fluido em energia mecânica” (2012, p. 28). Máquina de fluido pode ser definida como um transformador de energia (sendo necessariamente o trabalho mecânico uma das formas de energia) no qual o meio operante é um fluido que, em sua passagem pela máquina, interage com um elemento rotativo, não se encontrando, em qualquer instante, confinado (HENN, 2012, p. 43). Ainda segundo HENN: “O campo de aplicação dos diferentes tipos de máquinas de fluido é tão amplo e sujeito a regiões de superposição que, muitas vezes, torna-se difícil definir qual a melhor máquina para determinada aplicação” (2012, p. 29). 29 9 ENERGIA HIDRÁULICA A energia hidráulica corresponde a um processo de conversão de energia gravitacional, originada no fluxo da água por meio de condutos forçados. A energia hidráulica fornecida á turbina equivale ao peso de água G deslocado no trecho compreendido entre a seção de entrada e a saída dos condutos forçados (RAMIRO, 2014). (2) Em que é a altura estática, que corresponde à diferença entre o nível superior NS e o inferior NI, isto é: . O peso da água G corresponde a: . Nessa equação, o volume V equivale ao produto da vazão Q em uma magnitude de tempo Dessa forma, a energia hidráulica fornecida à turbina equivale a: (3) E a potência hidráulica total obtida nesse trecho corresponde a: (4) Ao substituir os valores da densidade da água e da aceleração da gravidade, temos que a potência hidráulica total, dada em quilowatts, é igual a: (5) 30 Figura 8 – Energia Hidráulica Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 20). Na equação anterior, a altura estática não inclui as perdas por extensão e acessórios nos condutos forçados e não considera o efeito da variação da energia cinética nos condutos forçados e ao restabelecimento de parte da energia cinética da água na saída do tubo de sucção. E para oferecer mais detalhes e considerar as perdas por extensão e acessórios nos condutos forçados, ∆h, a potência hidráulica total é determinada conforme (FLÓREZ, 2014). ( ) (6) O efeito da variação da energia cinética nos condutos forçados refere-se à diferença de velocidade entre a tomada da água e o final dos condutos forçados. Para essa condição, a queda da turbina H corresponde à diferença entre a queda bruta da turbina e as perdas hidráulicas por extensão e acessórios nos condutos forçados (FLÓREZ, 2014). (7) 31 De acordo com FLÓREZ: ”Ao considerar as perdas hidráulicas ∆h e o efeito do gradiente cinético nos condutos forçados, a potência hidráulica total é determinada por” (2014, p.21). ( ) (8) Figura 9 – Tubo de Aspiração. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 21). Conforme FLÓREZ: “É necessário considerar a recuperação de parte da energia cinética da água à saída do tubo de sucção, que faz aumentar à queda em uma magnitude equivalente a” (2014, p.22). (9) Ainda segundo FLÓREZ: “Ao considerar a recuperação energética no tubo de sucção, as perdas hidráulicas e o efeito do gradiente cinético nos condutos forçados, tem-se que a potência hidráulica total equivale a” (2014, p.22). 32 ( ) (10) A energia aplicada pelo tubo de sucção é relevante em aproveitamentos hidroenergéticos de baixa queda, quando de baixa queda, quando pode equivaler de 50% a 90% da energia total. Em PCHs de médias e altas quedas, a recuperação de parte da energia cinética da água na saída do tubo de sucção não é relevante. Podemos considerar então que a queda bruta da turbina equivale a (FLÓREZ, 2014). (11) 33 10 TURBINA HIDRÁULICA Turbina hidráulica é uma máquina com objetivo de converter a energia de fluxo da água que atravessa em trabalho mecânico. É um sistema fixo hidráulico e um sistema rotativo hidromecânico destinados à orientação da água em escoamento e a transformação em trabalho mecânico (FLÓREZ, 2014). É uma máquina hidráulica que, recebendo em sua porta de entrada energia mecânico-hidráulica de um fluido, converte essa energia em energia mecânica-motriz e a disponibiliza na ponta mecânica da referida. Como as turbinas são máquinas hidráulicas reais, a energia disponibilizada em seu eixo mecânicoé menor do que aquela que o fluido forneceu a ela (SIMONE, 2010). A turbina é o mecanismo que a energia hidráulica se transforma em energia mecânica. Esta acoplada ao gerador, e em conjunto produzem energia elétrica. Nela constata-se que a vazão captada pela tomada d’água é levada pelo conduto forçado até a turbina. A água é conduzida ao rotor da turbina para realizar o processo de conversão de energia hidráulica em mecânica, que pode ser feito de duas formas: a vazão muda somente de direção, mas não de aceleração (turbinas de ação), e a vazão entra sob pressão, e nos condutos móveis do rotor da turbina muda de direção e aceleração (turbina de reação), etc (FLÓREZ, 2014). Figura 10 – Turbina Tipo Francis em Manutenção na PCH Cachoeira da Onça. Fonte: (do autor). 34 As máquinas que extraem energia de um fluido na forma de potência ou trabalho são chamadas de turbinas. O conjunto de pás, lâminas ou conchas fixadas ao eixo da turbina é chamado de rotor e o fluido de trabalho é a água de modo que o escoamento é incompreensível (FOX, 2011). Figura 11 – Turbina de Reação e de Ação. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 319). 35 11 PRINCIPAIS TIPOS DE TURBINAS HIDRÁULICAS PARA PCH 11.1 PARTES DE UMA TURBINA HIDRÁULICA De acordo com FLÓREZ: “Os elementos fundamentais de uma turbina hidráulica são os seguintes” (2014, p. 328). Distribuidor: é um elemento estático que não possui velocidade angular e no qual não ocorre trabalho mecânico. Suas funções são: acelerar o fluxo ao transformar total (turbinas de ação) ou parcialmente (turbinas de reação) a energia potencial da água em energia cinética e dirigir a água para o rotor da turbina, seguindo uma direção adequada (FLÓREZ, 2014). Ainda segundo FLÓREZ: “Nas turbinas de reação o distribuidor tem as seguintes formas: radial, semiaxial e axial; e nas turbinas de ação é um injetor” (2014, p. 329). Rotor: é um elemento fundamental que consta de um disco provido de um sistema de pás fixas ou móveis. A transformação da energia hidráulica da queda d’água em energia mecânica ocorre no rotor da turbina mediante aceleração e desvio, ou pelo simples desvio do fluxo de água em sua passagem pelas pás (FLÓREZ, 2014). Tubo de sucção: é um componente comum nas turbinas de reação, eventualmente é usado nas turbinas de ação, como do tipo Michaell-Banki, em que adota a forma cilíndrica. É instalado depois do rotor da turbina e de modo geral, tem a forma de um tubo divergente. Pode ser reto ou acotovelado, e cumpre as seguintes funções: recuperar altura entre a saída do rotor da turbina e o nível do canal de fuga, e recuperar uma parte da energia cinética correspondente à velocidade residual da água na saída do rotor, a partir de um projeto do tipo difusor (FLÓREZ, 2014). Carcaça: a carcaça tema função geral de cobrir e suportar as partes da turbina. Nas turbinas Francis e Kaplan, por exemplo, tem a forma de um espiral (FLÓREZ, 2014). 36 12 PRINCIPAIS TIPOS DE TURBINAS HIDRÁULICAS PARA PCH 12.1 TURBINA PELTON Esta turbina pode ser definida como uma turbina de ação de fluxo tangencial e admissão parcial que trabalha a pressão atmosférica e foi desenvolvida para condições de grandes alturas, 400 m a 600 m, e baixas vazões. Além de tudo opera eficientemente com cargas parciais (FLÓREZ, 2014). Conforme FLÓREZ: [...] “o modo como transforma a energia hidráulica em mecânica, a turbina Pelton pode ser definida como uma turbina de ação e de fluxo tangencial” (2014, p. 349). É uma turbina de impulsão que consiste em três componentes básicos: os bocais estacionários, o rotor e uma carcaça. A carga de pressão do bocal é convertida em energia cinética contida no jato de água. Conforme o jato impacta as palhetas giratórias a energia cinética é convertida em rotação. (POTTER, 2011). Os componentes importantes que formam a turbina Pelton são o distribuidor e o rotor da turbina. Esse tipo de turbina não tem tubo de sucção, por ser uma turbina de ação, seu rotor funciona a pressão atmosférica. O distribuidor de turbina e constituído por um ou vários injetores, que podem pode chegar a seis, cada um deles apresenta, de modo geral, um bocal de seção circular provido de uma agulha de regulação que se move axialmente variando, assim, a seção do fluxo. Adiciona- se um defletor, necessário para uma operação rápida, que deixa o rotor sem ação do jato. Desse modo, a agulha se fecha em um tempo maior, reduzindo assim, os efeitos do golpe de aríete (FLÓREZ, 2014). Ainda segundo FLÓREZ: “Nas turbinas pequenas utilizadas em microcentrais é possível prescindir da agulha e operar com um ou mais bocais, com vazão constante, em alguns casos mantendo a placa defletora” (2014, p. 350). 37 Figura 12 – Turbina Tipo Pelton. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 349). A figura 10 mostra o corte transversal equivalente à posição da agulha em um injetor para uma vazão máxima, média e totalmente fechada. Com tal característica mostra o instante em que o defletor começa a desviar o jato até o instante em que o moveu totalmente e que já não atinge as pás do rotor (FLÓREZ, 2014). O rotor é de admissão parcial e consta de um disco provido de uma série de pás montadas na periferia, em um número que oscila entre 12 e 40. Cada pá é formada por duas pás unidas cujos cortes transversais correspondem a dois semicírculos unidos em uma superfície de corte que divide o jato do ejetor entre duas pás, fazendo com que a velocidade mude de direção e magnitude e, com isso, gerando um impulso que faz girar o rotor. Adicionalmente, na parte superior das pás encontra-se uma janela que evita que o jato impacte na parte posterior das pás. No rotor, as pás podem estar aparafusadas ao disco, unidas por soldagem ou fundidas em uma só peça com o disco, as turbinas Pelton podem ser de eixo vertical, com 3 a 6 injetores, e de eixo horizontal, com 1 ou 2 injetores (FLÓREZ, 2014). 38 Figura 13 – Turbina Pelton. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 350). 12.2 TURBINA KAPLAN A turbina Kaplan pode ser definida como uma turbina de fluxo axial de reação e admissão total. A principal característica da turbina Kaplan é o rotor, que tem pás com perfil de asa de avião, orientáveis (móveis) mediante a um mecanismo situado no interior do rotor. O distribuidor é do tipo Fink, similar ao das turbinas Francis. Consta ainda, de uma caixa espiral de seção circular ou retangular e de um tubo de sucção do tipo reto ou acotovelado, segundo a exigência da altura de sucção. Devido as pás do rotor serem orientáveis (móveis), o conjunto opera com muito boa eficiência dentro de uma ampla faixa de vazão. A turbina Kaplan é uma turbina de reação, os elementos que a configuram são similares aos da turbina Francis, em particular os seguintes: caixa espiral, pré-distribuidor, distribuidor e tubo de sucção. O rotor da turbina Kaplan é formado por 4 a 8 pás móveis, e seu número aumenta em função da altura. No rotor, as pás estão apoiadas em um cone hidrodinâmico denominado cubo do rotor, e em cada um dos eixos denominados munhão de pá há 39 uma alavanca fixada. Adicionalmente, dentro do rotor há um pistão em cuja extremidade há um elemento com alavancas móveis. O elemento das pás do rotor é feito da seguinte forma: o movimento longitudinal do pistão desloca a alavanca e esta transmite esse movimento à alavanca fixada na pá, e a pá muda o ângulo de inclinação, o resultado do deslocamento do pistão é o movimento de todas as pás do rotor daturbina. Essa característica permite à turbina, em seu conjunto, ajustar-se às condições de queda e vazão e, com isso, trabalhar com sua máxima eficiência em um amplo intervalo de potência (FLÓREZ, 2014). Figura 14 – Turbina Tipo Kaplan. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 359). As turbinas Kaplan podem ser de eixo vertical, horizontal ou inclinado. A turbina Bulbo é um tipo de turbina Kaplan de eixo horizontal e sua característica é mais notável é que seu gerador esta confinado em um bulbo e a vazão flui por suas paredes. A turbina hélice é uma variante da turbina Kaplan que possui um rotor com pás fixas. Com isso, barateia-se o custo do rotor, mas decresce a eficiência para cargas parciais por causa da impossibilidade de contar com dupla regulação. Esse tipo de turbina costuma ser instalado em pequenas centrais hidrelétricas e pode ser de eixo horizontal ou vertical. A turbina hélice tubular, ou S, é um tipo de turbina hélice de eixo horizontal. Esse tipo de turbina se caracteriza por uma transmissão de potência ao gerador feita mediante uma extensão do eixo ate a casa de máquinas, o 40 que constitui uma dificuldade devido ao alto custo da obra civil. No entanto, esse modelo é utilizado com sucesso em pequenas turbinas, nas quais a extensão do eixo é mais curta (FLÓREZ, 2014). Figura 15 – Turbina Hélice de Eixo Horizontal. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 360). A figura 16 ilustra um conjunto turbina-gerador de eixo vertical formado por um gerador assíncrono confinado em um bulbo e uma turbina hélice e um conjunto turbina gerador formado por um gerador de eixo vertical acoplado por uma engrenagem, a uma turbina hélice de eixo horizontal. Pelas dimensões e configuração desses equipamentos, ajusta-se a pequenas centrais hidrelétricas. (FLÓREZ, 2010). 41 Figura 16 – Conjuntos Turbina Gerador com Turbinas Hélice. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 361). 12.3 TURBINA FRANCIS As turbinas Francis são turbinas hidráulicas e podem ser projetadas para uma ampla faixa de salto e vazões, sendo capazes de operar em intervalos que vão de 40-60 metros até 500-700 metros. Isso junto com sua alta eficiência fez elétrica. Segundo o modo como transforma a energia hidráulica em mecânica, esse tipo de turina ser a mais amplamente usada para geração de energia à turbina Francis pode ser definida como uma turbina de reação de fluxo misto centrípeto e de admissão total, cujo fluxo interno é radial e axial (FLÓREZ, 2014). Segundo WHITE: “As turbinas de reação são máquinas de baixa altura de queda e alta vazão” (2011, p. 797). Numa turbina de reação, o fluido de trabalho preenche completamente as passagens (ao contrário da turbina de ação, que apresentam um ou mais jatos não-confinados de fluido). O momento da quantidade de movimento, a pressão e a velocidade do fluido diminuem conforme o fluido escoa pelo rotor da turbina e, deste modo, o rotor da turbina extrai energia do fluido (MUNSON, 2004, p 744). 42 Figura 17 – Turbina Francis de Eixo Horizontal. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 356). A turbina Francis é uma turbina de reação, o que significa que o fluido muda de pressão à medida que se desloca pela turbina, entregando sua energia. Isso implica na instalação, na turbina, de uma caixa espiral, um pré- distribuidor e um distribuidor (FLÓREZ, 2014, p. 355). A caixa espiral é que inicialmente dirige a vazão para o pré-distribuidor da turbina, e, segundo as características de admissão e forma da câmara, pode ser classificada da seguinte forma (FLÓREZ, 2014). Pelo modo de admissão: Admissão total: quando a água entra por todo o contorno do rotor. Admissão parcial: quando a água entra por parte do rotor. Admissão interior: quando a água entra pelo contorno interior do rotor (turbinas centrífugas). Admissão exterior: quando o distribuidor esta colocado no contorno exterior (turbina centrípeta). 43 Pela disposição da câmara: Câmara aberta. Câmara fechada. Câmara cilíndrica. Câmara em espiral. Câmara cônica. Câmara esférica. Em turbinas pequenas que operam com baixa queda é possível prescindir da caixa espiral, com a turbina trabalhando na modalidade de câmara aberta ou do tipo poço. O pré-distribuidor situa-se na saída da vazão da caixa espiral. É formado por 10-16 palhetas fixas, situadas entre dois anéis superior e inferior. A função principal do pré-distribuidor é orientar a vazão para o distribuidor da turbina. No entanto, em grupos de eixo vertical, deve suportar uma elevada carga estática por causa dos pesos e dos esforços gerados pelos rotores da turbina e do gerador, entre outros elementos. Dentro do pré-distribuidor da turbina, com um diâmetro menor situa-se o distribuidor, que consta de uma série de palhetas de posição variável e de perfil hidrodinâmico que configuram condutos convergentes de tipo bocal. Desse modo, o fluxo da água é acelerado e orientado para o rotor sob diferentes ângulos de inclinação, permitindo uma regulação da vazão, que, por sua vez, permite regular a potência mecânica na turbina, a partida e a parada. No distribuidor da turbina há entre 20 e 32 palhetas móveis que em seu eixo superior dispõe de uma alavanca fixa e que estão situadas e suportadas por dois anéis estáticos: tampa inferior e tampa superior ou externa. Sobre a tampa superior há um anel móvel chamado de anel de regulação, no qual há alavancas mecanicamente unidas as alavancas das palhetas móveis. A regulação de vazão no distribuidor é feita da seguinte forma: o movimento longitudinal de um pistão que esta acoplada no ponto ao anel de regulação faz este girar deslocando as alavancas e por sua vez fazendo girar sobre seus eixos as alavancas fixas das palhetas móveis. Isso implica a regulação da vazão que entra no rotor e que possível regular de forma automática ou manual (FLÓREZ, 2014). O rotor da turbina é formado por 14 a 19 pás fixas colocadas entre um cubo e uma cinta que, de modo geral, possuem dupla curvatura. Neles, a vazão entra 44 radialmente pele periferia externa e abandona o rotor em direção axial, para se dirigir ao tubo de sucção. A característica que permite esse tipo de turbina se ajuste a uma faixa elevada de alturas é a relação entre diâmetros do cubo D1 e da cinta D2. Nesse caso, turbinas com diâmetro D1 maior que D2 correspondem a turbinas para quedas baixas; se a relação próxima da unidade corresponde a turbinas para quedas medias, e caso contrário, correspondem a turbinas para quedas altas (FLÓREZ, 2014). Tubo de sucção, em sua forma básica, corresponde a um difusor que pode ser do tipo reto ou acotovelado. A adoção de um ou outro tipo dependera da chamada altura de sucção, cujo valor com base na teoria da cavitação. Adicionalmente as características técnicas anteriores, as turbinas Francis, além de se ajustarem a uma faixa elevada de alturas, podem ser de eixo vertical ou horizontal, em uma configuração de turbinas duplas ou com duplo rotor (FLÓREZ, 2014). Figura 18 – Turbina Francis – Radial – Axial. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 358). 45 13 DISPOSIÇÃO DO CONJUNTO TURBINA-GERADOR De acordo com a potência a ser gerada, com limitações de espaço e com a altura da queda d’água disponível, é a posição do eixo gerador-turbina. Assim, podem-se encontrar, na atualidade, conjuntos turbina-gerador que operam com seu eixo motriz nas posições (SIMONE, 2010). I) Horizontal; II) Vertical; III) Inclinado em relação à vertical. Figura 19 – Disposição de um Conjunto Turbina-Gerador na PCH Cachoeira da Onça. Fonte: (do autor).No passado, havia outras combinações em face das limitações mecânicas dos mancais dos geradores. Assim existiam conjuntos geradores cujas turbinas operavam a eixo vertical e seus respectivos geradores, a eixo horizontal. É possível concluir que o conjunto turbina-gerador que trabalha com eixo motriz vertical tem solicitações mecânicas mais complexas que aqueles conjuntos que operam a eixo horizontal. Na montagem vertical, o gerador e a turbina devem descarregar seus esforços verticais sobre um mancal de impuxo que opera sob esforço axial. Referido mancal pode ficar acima do rotor do gerador (umbrela) ou acima do rotor da turbina. 46 A lubrificação desse referido mancal é bem mais complexa quando comparada com a lubrificação dos mancais que sustentam eixos horizontais (SIMONE, 2010). Figura 20 – Disposição de um Eixo de Um Conjunto Turbina-Gerador. Fonte: (SIMONE, 2010, p. 34). 1: Gerador. 2: Apoios do Gerador. 3: Flange. 4: Caracol da Turbina. 5: Tubo de Aspiração. 6: Canal de Fuga. 7: Piso da casa de Máquina. 13.1 QUEDA BRUTA De acordo com FLÓREZ: “A altura útil da turbina ou queda corresponde à energia específica aproveitada, que equivale à diferença entre as energias específicas na entrada e na saída da turbina” (2014, p. 319). 47 (12) A energia específica na entrada equivale a: (13) Na equação anterior é a velocidade média na seção correspondente à saída do conduto forçado. Para determinar o valor de utiliza-se a equação de Bernoulli, aplicada às seções correspondentes na entrada e na saída do conduto forçado, conforme indicado (FLÓREZ, 2014). + + (14) Ainda segundo o mesmo autor: “Ainda o mesmo diz que em que e corresponde às perdas hidráulicas por extensão e acessórios no conduto forçado. Considerando que , é possível determinar a altura piezométrica ” (2014, p. 320). (15) Da mesma forma, a energia específica corresponde à seção da saída da vazão turbinada como indicado na figura: (16) Dessa forma, a queda da turbina , que é a diferença entre a queda bruta da turbina e as perdas hidráulicas por extensão e acessórios no conduto forçado, corresponde a: (17) 48 Costuma-se chamar essa altura de queda bruta da turbina, em que equivale a: (18) É importante mencionar que nessa equação a diferença estre as velocidades é mínima, e por essa razão podem não ser consideradas. Como resultado, tem-se que a queda bruta da turbina equivale á diferença entre a queda estática e as perdas por extensão e acessórios: (19) Sendo as perdas por extensão e acessórios, que correspondem a: ( ) ( ) (20) Em termos gerais, a queda bruta de uma turbina de ação e reação corresponde à diferença entre a queda estática e as perdas por extensão e acessórios. No entanto, em particular para a turbina de reação, cujo tubo de aspiração permite criar uma sucção na saída da turbina, é importante determinar a eficiência e a potência da turbina. Por isso, é importante considerar o total das perdas. Nesse caso, toma- se energia de saída a correspondente seção, que é a seção final do tubo de sucção. A medida de pressão é tomada por meio da indicação de tubos piezométricos, cujo nível normalmente é menor que o nível na saída das águas turbinadas NI, em uma magnitude equivalente a . Essa magnitude correspondente à recuperação de parte da energia cinética da água na saída do tubo de sucção. Assim a energia de saída da vazão turbinada corresponde a (FLÓREZ, 2014). (21) É de se destacar que, quando o nível indicado no tubo piezométrico é maior que o nível de saída das aguas turbinadas NI, não se apresenta uma recuperação 49 da energia cinética, também ocorrem perdas adicionais, que implicam que a queda bruta seja ainda menor. Dessa forma, ao considerar todas as perdas, a queda bruta da turbina equivale a (FLÓREZ, 2014). Figura 21 - Tubo de Sucção. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 321). (22) E considera-se uma condição ideal no instante que: (23) 13.2 POTÊNCIA DAS TURBINAS Segundo FLÓREZ ”A energia hidráulica fornecida à turbina por um peso determinado de água que se desloca no trecho compreendido entre a seção de entrada e a saída do conduto forçado corresponde a” (2014, p.326). (24) 50 Em que o peso da água corresponde a e o volume equivale ao produto da vazão pela magnitude de tempo, . Dessa forma, a energia hidráulica total fornecida à turbina corresponde a: (25) A potência hidráulica total obtida nesse trecho equivale a: (26) Dessa forma, a potência hidráulica total em uma turbina em watt, para uma queda dada em metros e uma vazão em m3.s-1, equivale a: ( ) (27) Em que a densidade da água é: e a aceleração da gravidade é . Não obstante, apresentam-se perdas de potência decorrentes da extensão e de acessórios que não foram consideradas, dado que a altura estática não inclui essas perdas de queda . Assim, a potência hidráulica bruta fornecida à turbina equivale a (FLÓREZ, 2014). ( ) ( ) (28) A vazão tem uma grande influência nas perdas por potência, para maior vazão, maiores perdas. Elas podem ser substancialmente reduzidas com o aumento do diâmetro. Embora tenham sido consideradas as perdas de potência por extensão e acessórios, não se considerou a recuperação de parte da energia cinética da água na saída do tubo de sucção das turbinas de reação. Por esse motivo, para ser mais rigoroso em cada um dos casos mencionados, a potência hidráulica bruta fornecida á turbina equivale a (FLÓREZ, 2014). ( ) (29) 51 ( ) (30) 13.3 ROTAÇÃO ESPECÍFICA A rotação específica é uma característica que fornece o tipo da turbina tendo por base elementos tais como vazão, altura de queda, grandezas obtidas por estudos hidráulicos, hidrológicos, topográficos entre outros (SOUSA, 1983). Figura 22 – Tipos de Turbinas Hidráulicas. Fonte: (SOUSA, 1983, p. 153). 52 Com base na velocidade específicapodem-se comparar tipos de turbinas diferentes e inferir que dispor de uma velocidade específica elevada implica ter turbinas de dimensões pequenas. Isso pareceria ser uma vantagem, à medida que aumenta a queda aumenta a velocidade da vazão e, consequentemente os riscos de cavitação. Isto significa que existe um limitador por queda para aplicação de turbinas com uma elevada velocidade específica. As turbinas são classificadas da seguinte forma de acordo com a velocidade: rápidas, normais e lentas. Essa classificação coincide com o tipo de turbina, visto que as turbinas axiais são as que têm uma maior velocidade específica, são seguidas pelas diagonais, as radiais- axiais, e as mais lentas são as tangenciais, ou turbinas Pelton. O limitador por queda faz a faixa de aplicação das turbinas hidráulicas ao mesmo tempo coincidir com o tipo de turbina a velocidade específica (FLÓREZ, 2014). Tabela 3 – Parâmetros de Velocidade Específica e Queda Para Diferentes Tipos de Turbina. Tipo de turbina Velocidade específica ns Faixa de aplicação por queda H(m) Turbina Kaplan e Hélice (Axiais) Rápidas 1.200-750 2-12 Normais 750-550 12-22 Lentas 550-350 22-80 Dériaz (Diagonais) 500-300 40-220 Francis (Radial-Axial) Rápidas 400-250 20-50 Normais 250-150 50-120 Lentas 150-70 120-600 Pelton (Tangenciais) 50-10 800-2.000 Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 343). Ainda segundo FLÓREZ: “O processo de conversão de energia hidráulica em mecânica para diferentes categorias de vazões e quedas implica a necessidade de diferentes tipos de turbinas divididas da seguinte forma” (2014, p. 346). Segundo o modo como a turbina transforma a energia hidráulica em mecânica. Segundo a direção da vazão. 53 Segundo a velocidade específica da turbina. Segundo o mesmo autor: “A classificação das turbinas segundo o modo como transformam a energia hidráulica em mecânica baseia-se na equação de Bernoulli indicando a potência específica entregue à turbina de” (2014, p. 346). (31) A classificação das turbinas de ação e de reação em função da direção da vazão no rotor da turbina são classificados em. Turbinas de ação: Tangenciais: o fluxo é tangente ao rotor da turbina. Turbinas de reação: Axiais: quando o sentido da vazão é paralelo ao eixo. Radiais: quando tem seu movimento na direção do raio. Mistas: quando a agua entra radialmente e sai axialmente. De acordo com a velocidade específica, as turbinas se subdividem em: Turbinas lentas. Turbinas normais. Turbinas rápidas. Em função do sentido em que a água se move dentro das turbinas, elas se classificam em: Axiais: quando a água vai paralela ao eixo. Radiais: quando a água tem seu movimento na direção do raio. Centrífugas: quando a água tem seu movimento para fora. Centrípeta: quando a água vai de fora para dentro. Mistas: quando a água entra radialmente e sai axialmente. 54 Figura 23 – Variação de Tamanho do Rotor da Turbina em Função da Velocidade Específica e Faixa de Aplicação por Queda das Turbinas. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 344). 13.4 EFICIÊNCIA DAS TURBINAS A forma habitual de funcionamento das turbinas é fornecer, em cada instante, a potência que o alternador exige, mantendo constante a frequência e o número de revoluções. Esse é o motivo de interesse em estudar as variações do rendimento ao variar a potência ou a vazão. O processo de transformação de energia hidráulica em mecânica em uma turbina deve ser realizado mantendo a velocidade constante para que a frequência do gerador não mude. Geralmente esse processo é realizado com uma eficiência elevada, que aumenta em proporção, a potência, as perdas mecânicas, hidráulicas e volumétricas reduzem a potencia final do eixo da turbina. A eficiência é a relação entre a potência final entregue no eixo e a potência entregue pelo fluxo (FLÓREZ, 2014). (32) 55 A potência final entregue no eixo equivale a e a potência entregue pela vazão equivale a O termo corresponde à vazão total, e deduzindo-se dele a vazão correspondente às fugas na turbina tem-se a vazão finalmente turbinada: . No mesmo sentido, o termo corresponde à queda total, e deduzindo-se dela as perdas de altura presentes na turbina tem- se a queda bruta: A eficiência equivale a (FLÓREZ, 2014). = (33) Em que ⁄ é a eficiência volumétrica, ⁄ é a eficiência hidráulica e é a eficiência mecânica. A forma como a eficiência da turbina muda para diferentes potências esta diretamente relacionada com o tipo de turbina (FLÓREZ, 2014). Figura 24 – Eficiência em Diferentes Tipos de Turbinas Hidráulicas. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 345). 56 (34) Em que é o rendimento da turbina, é a potência mecânico-motriz desenvolvida pela turbina e é a potência mecânico-hidráulica entregue pelo fluido a turbina. É importante ressaltar que um fluido porta energia nas formas em que ele é capaz de receber, isto é, energia de posição ou potencial, energia de pressão e energia cinética portada pelo fluido tão somente (energia de velocidade do fluido). Essas turbinas necessitam de acessórios que convertam as outras formas de energia portada pelo fluido em energia cinética e direcionem o jato dele às pás do rotor da turbina (SIMONE, 2010). 57 14 SELEÇÃO DAS TURBINAS Em vez de estabelecer parâmetros definitivos para a seleção da turbina hidráulica, indicam-se critérios para sua seleção, entre os quais se encontram: queda bruta, vazão, velocidade específica, cavitação e custo por unidade. A queda bruta esta relacionada à altura do salto depois de deduzidas às perdas hidráulicas. Esse parâmetro praticamente determina o tipo de turbina, sendo, por excelência, as turbinas de ação relacionadas com altas quedas, e as da ação, com baixas e médias quedas. Mas, como se observa algumas turbinas se sobrepõe, e sua seleção fica condicionada por outros parâmetros (FLÓREZ, 2014). Tabela 4 – Faixa de Queda Para Diferentes Tipos de Turbinas. Tipo de turbina Queda (m) Pelton 50 < H < 1.300 Ação Turgo 50 < H < 250 Michell-Banki 3 < H < 250 Reação Francis 10 < H < 350 Kaplan e Hélice 2 < H < 40 Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 362). A seleção é mais exigente em PCHs de baixa queda (2-5 m), visto que esse esquema maneja valores de vazão consideráveis (10-100 m³/s-1) em rotores de 1,6- 3,2 metros de diâmetro. Esses parâmetros da casa de máquinas são mais volumosos, devido às dimensões da tomada d’água e da adução forçada. Adicionalmente, a baixa velocidade mecânica da turbina exige um multiplicador para levar a potência ao gerador. Isso implica que as obras hidráulicas terão um valor representativamente superior aos equipamentos eletromecânicos e que, em seu conjunto, esse tipo de PCH é mais caro (FLÓREZ, 2014). A vazão é outro parâmetro relevante na seleção da turbina hidráulica, que, em conjunto com a queda bruta, permite a seleção adequada da turbina o que é possível fazer de forma aproximada seguindo gráficos de seleção similares ao indicado. Obtendo uma seleção mais precisa com critério davelocidade específica que relaciona a vazão e a queda (FLÓREZ, 2014). 58 Figura 25 – Diagrama Para Seleção de Turbinas Hidráulicas Para PCHs. Fonte: (FLÓREZ, 2014, p. 362). 14.1 VELOCIDADE ESPECÍFICA DE TURBINAS GEOMETRICAMENTE SEMELHANTES As turbinas sejam elas de ação ou reação, possuem certa especificidade e certo tradicionalismo em sua aplicação. Para grandes alturas topográficas é tradicional o emprego de turbinas de ação Pelton. Para pequenas alturas topográficas encontram-se, normalmente as turbinas Francis, porém pode-se observar que as turbinas Francis podem trabalhar em aproveitamentos com alturas topográficas até superiores a 400 metros. Como no Brasil as alturas topográficas, não são muito pronunciadas, principalmente na região central, a turbina Francis é uma solução interessante para a maioria dos aproveitamentos convencionais. Assim a tabela abaixo tem por objetivo situar o projetista, com relação ao tipo de turbina 59 que, em primeira análise, ira adotar. Logicamente, não é somente a altura topográfica que será o elemento de definição de uma turbina, porém e um dos fatores preponderantes na escolha (SIMONE, 2010). Tabela 5 - Tipos de Turbinas e Suas Velocidades Específicas. MODO DE OPERAÇÃO VELOCIDADE ESPECÍFICA (RPM) TIPO DE TURBINA ALTURA DISPONIVEL DO APROVEITAMENTO A Até 18 rpm PELTON Até 800 m A 18 a 25 rpm PELTON 400 a 800 m A 26 a 35 rpm PELTON 100 a 400 m A 26 a 35 rpm PELTON 400 a 800 m A 36 a 50 rpm PELTON 100 a 400 m A 51 a 72 rpm PELTON 100 a 400 m R 55 a 70 rpm FRANCIS LENTISSÍA 200 a 400 m R 70 a 120 rpm FRANCIS LENTA 100 a 200 m R 120 a 200 rpm FRANCIS MÉDIA 50 a 100 m R 200 a 300 rpm FRANCIS VELOZ 25 a 50 m R 300 a 450 rpm FRANCIS ULTRAVELOZ 15 a 25 m R 400 a 500 rpm HÉLICE VELOZ Até 15 m R 270 a 500 rpm KAPLAN LENTA 15 a 50 m R 500 a 800 rpm KAPLAN VELOZ 5 a 15 m R 800 a 1000 rpm KAPLAN VELOCÍSSIMA Até 05 m A → TURBINA DE AÇÃO R →TURBINA DE REAÇÃO Fonte: (SIMONE, 2010. p. 48). 60 Figura 26 – Gráfico Com Aplicação de Turbinas. Fonte: Disponível em < http://www.hacker.ind.br/produtos_turbinas_hidraulicas.php >. Acesso em: 31 Ago. 2015. 14.2 SIMILARIDADE DAS TURBINAS Nas máquinas hidráulicas existe muitos problemas que não se consegue resolver por meios matemáticos, sua solução esta no laboratório, com ajuda de protótipos experimentais, que são modelos em escalas das máquinas hidráulicas. Neles se realizam testes com elevado nível de precisão. É importante apontar que, no modelo, é possível observar funcionamento da máquina real e fazer os ajustes de uma forma direta e rápida, de modo que permita melhorar a eficiência da máquina real. Para fazer uma equivalência entre as duas máquinas aplicam-se os princípios se similaridade geométrica, cinética e dinâmica, que estabelecem as relações fundamentais entre os modelos e as máquinas reais (FLÓREZ, 2014). 61 15 MATERIAIS E MÉTODOS Foram obtidos dados fluviométricos do Rio São José junto à Empresa Luz e Força Santa Maria, referentes à estação fluviométrica Barra de São Gabriel (56997000) localizada no mesmo rio, operada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), com série histórica do mês de janeiro de 1968 a junho de 1999 (ANEXO I). Esses dados foram coletados na própria estação e os dados consistiram em vazões médias mensais. De posse desses valores foram realizados cálculos para determinação das médias para cada mês, obtendo-se o ano médio. A estimativa do potencial hidráulico foi realizada por meio de equações apresentadas por FLÓREZ (2014), como apresentado abaixo: H estP =9,81.H .Q (35) Em que: - PH: é o potencial hidráulico total do curso d’água, kW; - Hest: altura estática, m; - Q: vazão, m3.s-1; A potência hidráulica bruta fornecida à turbina, de acordo com FLÓREZ (2014), é determinada pela seguinte equação: 2 2 0 0 1 1 H est f α v α v P =9,81 H -h + - Q 2g 2g (36) Em que: - PH: é o potencial hidráulico, kW; - Hest: altura estática, m; - hf: perda de carga total na tubulação forçada, m; - α: coeficiente de velocidade, adimensional; - v: velocidade de escoamento, m.s-1; - Q = vazão, m3.s-1; 62 Para determinação da perda de carga distribuída foi utilizada a equação de Hazen-Willians: 1,852 f 1,852 4,87 10,646.Q .L h = C .D (37) Em que: - hf = perda de carga distribuída, m; - Q = vazão, m3.s-1; - L = comprimento da tubulação; - C = coeficiente de rugosidade para o ferro fundido, C = 100; - D = diâmetro da tubulação, m; Assim, foi determinado para cada mês da série histórica avaliada, o potencial hidráulico total do curso d’água. Esses resultados permitiram realizar comparações entre a capacidade energética do curso d’água e a capacidade máxima das turbinas. 63 16 RESULTADOS E DISCUSSÕES DE DADOS Para a determinação da perda de carga foram considerados dois trechos das tubulações do conduto forçado, sendo esta constituída de ferro fundido (coeficiente de perda de carga C = 100). O primeiro trecho apresenta 60,0 m de comprimento, com diâmetro de 1,50m, e o segundo trecho é definido pela derivação para atender cada uma das turbinas, ambos apresentando 16,0 m de comprimento. A turbina 1 apresenta tubulação com diâmetro de 1,50m, enquanto que a Turbina 2 tem diâmetro de 0,90m. De acordo com as especificações de cada turbina, as vazões de engolimento são iguais a 4,55 e 0,95 m3.s-1, para as turbinas 1 e 2 respectivamente. Aplicando-se a equação de Hazen-Willians, determinaram-se as perdas de carga totais em cada trecho que abastece as turbinas, que foram de 0,49 e 0,46 m, para as turbinas 1 e 2, respectivamente. Considerando as perdas de cargas calculadas e as vazões turbinadas para cada turbina, foi determinada a potência hidráulica bruta fornecida, sendo de 1.086,46 kW para a turbina 1, e de 227,09 kW para a turbina 2, totalizando 1313,55 kW. As vazões médias mensais da série histórica analisada são apresentadas na Tabela 6. Considerando-se que a vazão turbinada é bem inferior a vazão média mensal calculada para período, observa-se que grande parte da vazão não é aproveitada. Considerando o potencial total do manancial, ou seja, realizando-se os cálculos com a vazão total num determinado período foi possível calcular o potencial hidráulico total. 64 Tabela 6 - Média dos Cálculos MÊS Vazão média (m3.s-1) Vazão não aproveitada (m3.s-1) Potencial Hidráulico Não Aproveitado (kW) Potencial Hidráulico Total (kW) JAN 26,96 21,46 5226,25 6565,96 FEV 20,15 14,65 3568,48 4908,18 MAR 18,61 13,11 3192,37 4532,08 ABR 13,38 7,88 1920,34 3260,04 MAI 9,54 4,04 985,05 2324,75 JUN 7,71 2,21 538,48 1878,19 JUL 7,60 2,10 512,04 1851,75 AGO 6,75 1,25 304,39 1644,09 SET 5,92 0,42 101,13 1440,83 OUT 8,54 3,04 741,25 2080,95 NOV 18,60 13,10 3190,60 4530,31 DEZ 25,33 19,83 4831,24 6170,95 TOTAL 169,09 103,09 25111,65 41188,08 Fonte: (do autor). A energia assegurada ou garantia física de uma PCH é aquela energia que, na média, é capaz de gerar em um determinado período, adotado como 12 meses de forma a abranger um ciclo hidrológico completo, incluindo
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