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1 Exercícios e orientações para o desenvolvimento de habilidades de raciocínio lógico e de leitura e interpretação de textos Material do Professor Disponível em <http://digitalspyuk.cdnds.net/16/08/980x490/landscape-1456483171-pokemon2.jpg>. Acesso em 7 out. 2016. 2017 2 APRESENTAÇÃO As questões apresentadas neste caderno têm como objetivo o desenvolvimento da prática reflexiva do estudante por meio do uso do raciocínio crítico, da articulação de conhecimentos e da leitura e interpretação de enunciados contextualizados. Nas questões, há comentários e explicações que ajudam o leitor a elucidar os problemas propostos e sanar suas dúvidas. As explicações presentes em cada questão guiam o leitor no sentido de desenvolver as competências e as habilidades que cada exercício demanda. Diversos são os assuntos e os temas abordados nas questões, como ética, cidadania, ciência, tecnologia, arte, cultura, meio ambiente, biodiversidade, geopolítica, relações de gênero e de trabalho, sociodiversidade e responsabilidade social. Esperamos, assim, que o uso deste material amplie a compreensão do leitor quanto às questões apresentadas em diversos exames de alcance nacional, com destaque para o Enade (Exame Nacional de Desempenho do Estudante), que avalia cursos de Ensino Superior do país, e quanto aos saberes que cada tipo de questão demanda do estudante. 3 ÍNDICE Questão Assunto/tema Questão 1 Meio ambiente: consumo sustentável e descarte de resíduos. Questão 2 Formação do Brasil: reflexos da colonização. Questão 3 Meio ambiente e saúde: poluição do ar. Questão 4 Arte urbana: expressões artísticas e grafite. Questão 5 Saúde: alimentação e obesidade. Questão 6 Tecnologia: realidade aumentada. Questão 7 Condição humana: opressão social e comportamento. Questão 8 Preconceito: estereótipos sociais e racismo. Questão 9 Violência: sistema socioeconômico. Questão 10 Preconceito: herança colonial e racismo. Questão 11 Mídia: influência dos meios de comunicação. Questão 12 Cidadania: protagonismo social. Questão 13 Formas alternativas de energia: energia solar. Questão 14 Sociedade contemporânea: mercantilização do indivíduo. Questão 15 Violência: inadequação e ineficiência dos presídios brasileiros. Questão 16 Comunicação de massas: sensacionalismo. Questão 17 Saúde: atividade física. Questão 18 Meio ambiente: emissões de gases e efeito estufa. Questão 19 Educação: formação do indivíduo. Questão 20 Sustentabilidade: energia eólica. Questão 21 Violência: repressão policial. Questão 22 Meio ambiente: resíduos sólidos. Questão 23 Violência: celulares e o registro do cotidiano. Questão 24 Preconceito: xenofobia. Questão 25 Educação: formas de ensinar. 4 Questão 26 Tecnologia: obtenção de água potável. Questão 27 Saúde pública: ebola. Questão 28 Alimentação: desperdício de alimentos. Questão 29 Tecnologia: mundo virtual. Questão 30 Educação: sistemas de ensino. Questão 31 Questão de gêneros: educação para a igualdade. Questão 32 Impostos: carga tributária no Brasil. Questão 33 Educação: relação entre pais e filhos. Questão 34 Arte: Leonardo da Vinci. Questão 35 Sociedade contemporânea: racionalidade técnica e problemas sociais. Questão 36 Saúde pública: medicina preventiva e desigualdade social. Questão 37 Tecnologia: redes sociais e trabalho. Questão 38 Sociedade contemporânea: internet, redes sociais e conhecimento. Questão 39 Economia: globalização e relações de trabalho. Questão 40 Economia: globalização e desigualdades. Questão 41 Educação: valorização do professor. Questão 42 Sociedade: civilização e progresso. Questão 43 Sociedade do controle: internet e redes sociais. Questão 44 Sociedade brasileira: política e corrupção. Questão 45 Sociedade brasileira: invisibilidade social. Questão 46 Educação: ensino e política. Questão 47 Movimentos migratórios: xenofobia. Questão 48 Direitos humanos: literatura e arte. Questão 49 Saúde: vida moderna e obesidade. Questão 50 Educação: papel do educador. 5 Exercícios para o desenvolvimento de habilidades de raciocínio lógico e de leitura e interpretação de textos. Questão 1. Meio ambiente: consumo sustentável e descarte de resíduos. (Enade 2016) Leia a charge a seguir. Disponível em <https://desenvolvimentoambiental.wordpress.com>. Acesso em 9 set. 2016. A partir das ideias sugeridas pela charge, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. A adoção de posturas de consumo sustentável, com descarte correto dos resíduos gerados, favorece a preservação da diversidade biológica. PORQUE II. Refletir sobre os problemas socioambientais resulta em melhoria da qualidade de vida. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. a) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. Comentários. I – Asserção correta. JUSTIFICATIVA. Práticas adequadas de consumo e de descarte de resíduos beneficiam a manutenção da diversidade biológica. B – Asserção incorreta. JUSTIFICATIVA. Apenas refletir sobre os problemas socioambientais não gera melhoria da qualidade de vida. Na charge, uma pessoa está em uma ilha coberta por resíduos de atividades humanas e ―sonha‖ com uma ilha paradisíaca. Alternativa correta: C. 6 Questão 2. Formação do Brasil: reflexos da colonização. Leia o texto a seguir. O que Portugal tem a ver com o Brasil Alexandra Lucas Coelho Os portugueses não parecem ter uma boa relação com os brasileiros, disse-me uma alemã, conhecedora profissional de Portugal e Brasil. Estávamos na Alemanha, o Brasil temia uma guerra civil, foi há dez dias. Agora, de volta a casa, continuo a pensar na observação desta veterana, que nada tinha de provocadora, era só vontade de entender. Mas é impossível ignorar o que se tem manifestado em Portugal de equívoco face ao Brasil ao longo destes dias. Segundo um desses equívocos, provável pai dos outros, o tema da colonização encerrou-se, chega de falar dele, é passado. Penso o contrário, que mal começamos, que é presente, e a atual crise brasileira acentua isso. Não só pelo que expõe das estruturas brasileiras, como pelo que revelou do olhar de Portugal sobre o Brasil, e sobre si mesmo. Com esse nome, o Brasil viveu 322 anos de ocupação portuguesa e 194 de independência. Se alguém acredita que o tempo da independência poderia já ter curado o tempo da ocupação, precisa de voltar à história luso-brasileira, porque o alcance da violência vai longe, e em muitas direções. Esses 322 anos atuam diariamente naquilo que é hoje o Brasil, na clivagem entre São Paulo e o Nordeste, nos milhões que ainda moram em favelas, na relação Casa-Grande & Senzala das elites com os empregados, na violência da polícia que continua a ser militar, no desmando oligárquico dos que controlam aparelhos e estados, no saque catastrófico da natureza, na traição aos grupos indígenas, na evangelização dos pobres, radicalizando o conservadorismo num país onde se morre de aborto. Não é elenco para uma crônica, tem sido e será para muitas, livros, bibliotecas. O lulismo fez coisas importantes contra parte dessa herança (nas desigualdadesmais urgentes, na cultura), não fez o suficiente contra boa parte disto (na educação, na saúde, na polícia), fez coisas que pioraram isto (um capitalismo com consequências devastadoras no ambiente e nas questões indígenas) e historicamente produziu uma geração que o critica e supera pela esquerda, num caldo inédito de periferias politicamente empoderadas e uma nova faixa politizada vinda da elite. A violência sistêmica brasileira tem raízes nas duas violências fundadoras da colonização portuguesa, extermínio indígena e escravatura africana. Os portugueses não inventaram a escravatura, mas inauguraram o tráfico em grande escala. Dos 12 milhões de indivíduos que as potências europeias deportaram de África até ao século XVIII, 5,8 milhões foram traficados por Portugal. Isto significa 47 por cento, ou seja, quase metade do tráfico foi assegurado por Portugal, e a maioria destinava-se a sustentar a colonização do Brasil. A escravatura é um horror antiquíssimo, sim, e entre os séculos XV e XVIII a forma portuguesa de a praticar foi secundada por ingleses, espanhóis, franceses, holandeses, sim. Mas a Portugal coube esta iniciativa: deportação em massa, para nela assentar a exploração brutal de um território gigante, à custa do qual um território minúsculo viveu, como toda uma bibliografia tem mostrado de forma cada vez mais desassombrada. Não aprendi isto na escola, e tenho sérias dúvidas de que a maior parte dos portugueses faça ideia de que Portugal, sozinho, deportou tantos africanos como os judeus mortos no Holocausto, com a ajuda teológica e logística da Igreja Católica, depois de ter levado ao extermínio de ninguém sabe quantos índios, provavelmente não menos de um milhão. Disponível em <https://www.publico.pt/mundo/noticia/o-que-portugal-tem-a-ver-com-o-brasil-1727252>. Acesso em 29 jun. 2016 (com adaptações). Com base no texto, assinale a alternativa correta. a) Para entender o que ocorre no Brasil atualmente, o tema da colonização portuguesa é passado, encerrou-se, é desnecessário falar dele. b) Os atuais problemas brasileiros, das mais diversas naturezas, tiveram origem no sistema português de colonização do Brasil, cujos reflexos são sentidos até hoje. c) Os atuais problemas brasileiros agravaram-se com o lulismo, que pôs fim à herança colonial portuguesa, deu poder às periferias e politizou as elites. 7 d) Os portugueses, que inventaram o sistema escravocrata, introduziram uma violência sistêmica no território brasileiro contra índios e africanos. e) O fato de os portugueses terem sido responsáveis por mais da metade do tráfico em grande escala de africanos escravizados deixou um peso na história brasileira equivalente ao Holocausto. Comentários. A – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Há muitos reflexos da colonização na atualidade brasileira, por isso o passado não pode ser ignorado. B – Alternativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o texto, ―a violência sistêmica brasileira tem raízes nas duas violências fundadoras da colonização portuguesa, extermínio indígena e escravatura africana‖. C – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O texto não afirma que os problemas se agravaram com o lulismo e nem que ele pôs fim à herança colonial. D – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A escravidão não foi inventada pelos portugueses. E – Alternativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o texto, a escravidão deportou da África aproximadamente tantas pessoas quantas foram mortas no Holocausto dos judeus na Segunda Guerra Mundial, mas não se afirma que as duas tragédias tenham tido pesos históricos equivalentes. Questão 3. Meio ambiente e saúde: poluição do ar. Leia o texto e a charge a seguir. Níveis de poluição do ar estão crescendo em muitas das cidades mais pobres do mundo. OPAS/OMS Brasil – Trecho (12 de maio de 2016) Mais de 80% das pessoas vivendo em áreas urbanas que monitoram a poluição do ar estão expostas a níveis de qualidade do ar que excedem os limites da Organização Mundial de Saúde (OMS). Embora todas as regiões do mundo sejam afetadas, populações de baixa renda são as que mais sofrem impacto. De acordo com o último banco de dados sobre a qualidade do ar em áreas urbanas, 98% das cidades em países de baixa e média renda com mais de 100 mil habitantes não atendem às diretrizes de qualidade do ar da OMS. Em países de alta renda, no entanto, esse percentual cai para 56%. Nos dois últimos anos, o banco de dados – que agora abrange 3 mil cidades em 103 países – quase dobrou, com mais cidades medindo os níveis de poluição de ar e reconhecendo os impactos associados à saúde. Enquanto a qualidade do ar em áreas urbanas cai, o risco de acidentes vasculares cerebrais, doenças cardíacas, câncer de pulmão e doenças respiratórias crônicas e agudas (incluindo asma) aumenta para as pessoas que vivem nesses locais. ―A poluição do ar é uma das principais causas de doenças e mortes. A notícia de que mais cidades estão intensificando o monitoramento da qualidade do ar é positiva, então quando tomam medidas para melhorá-lo passam a ter um ponto de referência‖, afirmou Flavia Bustreo, diretora-geral assistente do programa da OMS sobre Saúde das Crianças, Mulheres e Família. ―Quando o ar poluído toma nossas cidades, as populações urbanas mais vulneráveis – mais jovens, mais velhos e mais pobres – são as mais afetadas.‖ Disponível em <http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5096&Itemid=839>. Acesso em 28 jun. 2016 8 Disponível em <https://catracalivre.com.br.>. Acesso em 18 ago. 2016. Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. O objetivo da charge é criticar os problemas do sistema de saúde brasileiro, mostrando que ele salva alguns e prejudica outros. II. De acordo com o texto, 80% da população mundial sofrem os males provocados pela poluição. III. O texto e a charge abordam os problemas de saúde causados pela poluição do ar nas cidades e propõem o monitoramento do ar como a solução para reverter essa situação. IV. Nos países de alta renda, 56% das pessoas são afetadas pela poluição. a) Nenhuma afirmativa é correta. b) Somente as afirmativas II e III são corretas. c) Somente as afirmativas I e IV são corretas. d) Somente as afirmativas II e IV são corretas. e) Somente as afirmativas I e III são corretas. Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A charge enfatiza a poluição causada pela ambulância, não se trata de uma crítica ao sistema de saúde. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com texto, 80% das pessoas que vivem em áreas urbanas monitoradas estão expostas à má qualidade do ar. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Na charge e no texto, não há qualquer proposta de solução. Eles apenas apresentam o problema. IV – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o texto, 56% das cidades em países de alta renda não atendem às diretrizes de qualidade do ar da OMS. Alternativa correta: A. 9 Questão 4. Arte urbana: expressões artísticas e grafite. Leia o texto a seguir. São Paulo, a capital mundial do grafite A cidade mais populosa da América Latina concentra um dos mais grandiosos museus a céu aberto de arte urbana do mundo Quando estiver andando por São Paulo, olhe para cima. Ou para os lados. Não importa muito se está caminhando por um bairro de classe média ou pela periferia. Há uma característica comum às diferentes regiões da maior cidade mais populosa da América Latina: os grafites e pichações, que vêm tomando conta dos muros nos mais de 1.500 quilômetros quadrados da área de extensão, estão transformando São Paulo na capital mundial do grafite. De maneira geral, a arte urbana não agrada atodos os gostos. Mas é unânime a opinião de que São Paulo é uma cidade cinza, e o grafite insere cor a esse cenário. "O grafite é uma manifestação artística que faz parte do cotidiano de todos, quer você goste ou não. Ele se impõe", dizem os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, mais conhecidos como Os Gêmeos. A dupla de artistas é conhecida, ao redor do mundo, pelos trabalhos que misturam certo realismo fantástico com personagens bem característicos, sempre com cores e figuras geométricas parecidas. Os irmãos começaram a grafitar em 1987 no bairro onde cresceram, o Cambuci, na zona sul da capital paulista. "A arte não é para você gostar, é para você refletir e pensar", completa Thiago Mundano, 27 anos, que se autointitula ―artivista‖, por atrelar o grafite a ações sociais. Na Avenida Cruzeiro do Sul, na zona norte da capital, bem próximo a uma das duas rodoviárias da cidade, um grupo de 58 artistas fez 66 painéis, criando, em 2011, o primeiro Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo (MAAU). Eles levaram para as ruas uma das maiores características dessa arte: a acessibilidade. "O fato de a arte estar na rua já é muito mais democrático. A pessoa não precisa entrar numa galeria fechada para ver", diz a artista e grafiteira Prila Paiva, 35 anos. Organizado com autorização da Prefeitura, esse museu é uma exceção. Como o grande negócio do grafite é ocupar a cidade, os artistas nem sempre pintam em muros autorizados. Existe um aspecto de subversão, que envolve, entre outras coisas, "a adrenalina de pichar", segundo Mundano. Para ele, tudo é relativo. ―Um outdoor é tão agressivo quanto um grafite. Eu posso achar ruim, para a minha filha, por exemplo, abrir a janela de casa e dar de cara com uma mulher de calcinha e sutiã numa propaganda para vender lingerie.‖ São Paulo adotou, em janeiro de 2007, a Lei Cidade Limpa, durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), proibindo a propaganda em outdoors e em imóveis públicos e privados. Já em relação aos grafites, ainda não houve um acordo entre artistas e o poder público. Por isso, de um lado, a Prefeitura apaga, cobrindo com tinta cinza, muitos dos muros grafitados. De outro, grafiteiros e pichadores pintam os locais apagados novamente. "Nunca sentimos, por parte da prefeitura, interesse de entender e respeitar a cultura do grafite", contam Os Gêmeos. "Existem problemas sérios em São Paulo que precisam desse dinheiro do contribuinte, em vez de ser investido em tinta cinza para apagar trabalhos de arte". Mesmo assim, no final da gestão de Kassab, a Prefeitura publicou um guia bilíngue de lugares para ver os grafites na cidade, com uma pequena ficha de alguns artistas. Por tratar-se de uma arte muito efêmera, um dia a obra está lá e no outro pode já ter sido apagada, o consultor financeiro Ricardo Czapski e a produtora cultural Marina Gonzalez tiveram a ideia de eternizar algumas pinturas. Eles acabam de lançar o livro Graffiti em São Paulo, que nasceu de um acervo de mais de dez mil fotos que Czapski tirou, por cinco anos, de muros grafitados. "O grafite tem uma recepção muito boa em todos os níveis. Não tem mais aquela má impressão da arte marginal", diz Gonzalez. Com o passar dos anos, além do reconhecimento do público, o grafite foi se tornando um negócio mais rentável. Hoje, a arte urbana está presente em galerias e exposições pelo Brasil e pelo mundo. "Depois que fizemos a exposição dos Gêmeos , ganhamos outro público na galeria. Esses artistas têm um apelo que outros não têm", diz Alexandre Gabriel, diretor da galeria Fortes Vilaça, que representa Os Gêmeos. Neste momento, a cidade abriga a 14ª edição da Graffiti Fine Art, um projeto com curadoria do artista Binho Ribeiro, que expõe grafites no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE). A exibição é gratuita. O museu fica em um bairro nobre da capital, no Jardim Europa, uma prova de que essa arte marginal anda mais ao centro do que à margem da cidade. "Não existe preconceito do mercado, o que existe são pessoas preconceituosas", conclui Ribeiro. Pimp My Carroça Exemplo do cunho social que o grafite pode desenvolver, em 2007, Thiago Mundano começou a pintar as carroças dos mais de 20.000 catadores de lixo reciclável de São Paulo, que transportam, em um carrinho 10 improvisado, toneladas de papelão, vidro e alumínio para os centros de reciclagem. "Percebi que essas pessoas são invisíveis, ninguém olha para elas", diz Mundano. A meta, na época, era pintar 100 carroças, mas, com o tempo, Mundano viu que apenas pintar não bastava. As carroças precisavam de itens de segurança, como tintas refletoras para a noite, espelhos retrovisores, luvas e cordas para os catadores. Assim, nasceu o projeto Pimp My Carroça. Por meio do site de crowdfunding Catarse, Mundano arrecadou 64.000 reais (27,8 mil dólares), de 792 apoiadores. O projeto cresceu, se transformou em um evento no centro de São Paulo, onde as carroças foram pintadas e os catadores ganharam camisetas, alimentos e uma consulta com um clínico geral. De lá pra cá, o Rio de Janeiro e Curitiba, a capital do Paraná, no Sul do país, receberam uma edição do projeto, contabilizando mais de 120 voluntários e um número já incontável de carroças pintadas. O próximo passo é desenvolver um aplicativo para que qualquer um possa localizar os catadores que estiverem mais próximos e entregar a eles o lixo reciclável. Disponível em <http://brasil.elpais.com/brasil/2013/11/23/cultura/1385165447_940154.html>. Acesso em 05 jun. 2016 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas. I. Apesar de haver controvérsias quanto à aceitação do grafite e da pichação como formas de arte, há indícios de que o reconhecimento dessas expressões artísticas está aumentando, como a criação do Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo. II. O grafite agrava o preconceito social contra as pessoas mais pobres, uma vez que se trata de uma manifestação popular que não alcança o prestígio das artes oficialmente reconhecidas. III. De acordo com o texto, o grafite e a pichação são comparáveis aos outdoors e deveria haver uma legislação semelhante à Cidade Limpa para proibir essas manifestações. IV. A acessibilidade, a efemeridade e a relação com causas sociais são características da arte urbana. Está correto o que se afirma apenas em a) I e II. b) II e III. c) III e IV. d) I e IV. e) I, II e IV. Comentários. I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O texto menciona ações que mostram o reconhecimento do grafite como obra de arte, como a publicação do livro com figuras de arte urbana e a criação do Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O texto não afirma que o grafite agrava preconceitos e o aponta como uma forma de expressão de arte popular. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O texto não propõe uma lei semelhante à implantada pelo prefeito Kassab para proibir as manifestações de grafite. IV – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A arte urbana é efêmera, pois pode ser apagada ou coberta por outra, e acessível a todos que circulam pela cidade. Normalmente, essas expressões têm relação com causas sociais, pois são manifestações populares. Alternativa correta: D. 11 Questão 5. Saúde: alimentação e obesidade. Leia o texto a seguir. Obesidade, consumo e política: uma conversa sobre as mudanças mundiais na alimentação Por que estamos engordando? O que a política tem a ver com os alimentos? Por que não vemos publicidade de legumes na TV? Essas e outras questões relacionadas às transformações na alimentação e suas consequências no cenário internacional foram abordadas por Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável do Ministério da Saúde de Portugal e doutor em Nutrição Humana pela Universidade doPorto. Em visita ao Brasil, ele participou do Seminário Internacional: Escolhas Alimentares e seus Impactos, no Sesc Santos. Confira algumas questões levantadas. Estamos engordando Ao comparar gráficos da presença da obesidade nas populações dos Estados Unidos e da área rural de Bangladesh, por exemplo, o professor Pedro Graça conclui: essa é uma epidemia global. A obesidade cresceu nos últimos 20 anos não só em países industrializados, com ampla oferta de alimentos, mas chegou até áreas rurais da Ásia. Os mais pobres engordam mais Até recentemente, acreditava-se que essa era uma epidemia que atingia principalmente as populações que estavam melhorando economicamente, associada ao acesso à alimentação, ao acesso à caloria, à gordura, à proteína. Mas não é bem assim: ―O que nós estamos a viver é não só o aumento da doença no mundo inteiro, mas, ao contrário do que se esperava, quem é mais afetada é a população mais carente, mais vulnerável. Pobreza e obesidade se aproximam de tal maneira que a pessoa pode ter fome e ser obesa ao mesmo tempo. Coisa que para nós da biologia é um paradoxo.‖, afirma. Somos treinados para engordar ―Nós somos uma máquina de engordar‖. Isso porque a capacidade de acumular reservas de energia na forma de gordura foi essencial para a sobrevivência do ser humano, diante da escassez de alimentos. ―O ser humano está preparado para lidar com a fome há dois milhões de anos. E começou a lidar com excesso de calorias há 50 anos. Não estamos preparados biologicamente para isso‖, afirma Pedro. O que mudou? Diversas alterações demográficas causaram mudanças na alimentação: a entrada da mulher no mercado de trabalho e na vida acadêmica, o envelhecimento da população e a necessidade de se trabalhar mais horas são alguns exemplos. E, se aumenta o tempo do trabalho, o que fica para trás é o tempo de cozinhar e de ficar com os filhos. Os alimentos que já vêm prontos têm, portanto, muito mais apelo do que aqueles que exigem tempo e conhecimentos culinários para o preparo. Além disso, em muitos lugares é mais fácil e barato encontrar produtos ultraprocessados e calóricos - ricos em açúcar, sal e gordura - em vez de alimentos frescos. Você já viu propaganda de alface na TV? Provavelmente não. Mas vemos diariamente publicidade de produtos ultraprocessados e super calóricos, não é mesmo? Pedro Graça chama atenção para o fato de que grandes indústrias alimentícias lucram muito, enquanto quem trabalha no campo com frutas e legumes, em geral, tem ganhos pequenos e são os que mais sofrem com as oscilações na economia e nos preços dos alimentos. Assim fica fácil entender como um lado tem muito mais capacidade de investir e produzir comunicação (publicidade, marketing etc) do que o outro. É preciso reconhecer o ambiente De acordo com o pesquisador W. Philip James, durante décadas pensou-se que a atenção e o esforço individual fossem suficientes para prevenir a obesidade, porém depois de décadas desse esforço, as taxas de ganho de peso continuaram a subir. Essa epidemia reflete a presença de um ambiente tóxico ou obesogênico. Isso significa que não adianta ensinar as pessoas sobre alimentação saudável, se não há um ambiente favorável a isso, ou seja, se não há oferta de alimentos saudáveis em local próximo, a preços acessíveis. ―Eu tenho primeiro que me preocupar com as condições que existem ou que eu posso criar para que o suco de laranja apareça, para em seguida dizer como é importante consumir suco de laranja‖, exemplifica Pedro Graça. Disponível em <http://www.sescsp.org.br/online/artigo/9501_OBESIDADE+CONSUMO+E+POLITICA+UMA+CONVERSA+SOBRE+AS+MUDANCAS+MUNDIAIS+NA+ALIMENTACAO#/tagcl oud=lista>. Acesso em 08 jun 2016 (com adaptações). 12 Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. De acordo com o texto, o cuidado com o peso é uma questão de educação individual e a obesidade aumenta entre os mais pobres por falta de instrução. II. As alterações no modo de vida têm responsabilidade pelo aumento da obesidade, uma vez que há incentivo ao consumo de produtos ultraprocessados, mais práticos do que os alimentos frescos. III. A melhora econômica facilita o acesso da população aos alimentos e, consequentemente, aumenta a prevalência de obesidade. IV. A propaganda e o marketing têm influência sobre a venda de produtos industrializados e atingem apenas as regiões urbanas. a) Nenhuma afirmativa está correta. b) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. c) Apenas a afirmativa II está correta. d) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O texto afirma que a obesidade não é um problema individual, pois é favorecida pelo ambiente da vida moderna. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O texto afirma que ―em muitos lugares é mais fácil e barato encontrar produtos ultraprocessados e calóricos - ricos em açúcar, sal e gordura - em vez de alimentos frescos‖. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O texto afirma que a obesidade cresce mais entre os menos privilegiados economicamente. IV – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A propaganda e o marketing não atingem apenas as áreas urbanas. Alternativa correta: C. Questão 6. Tecnologia: realidade aumentada. Leia o texto e a charge e analise as afirmativas a seguir. Pokémon GO no Brasil: Como foi o primeiro dia do jogo no país Jogo dos monstrinhos leva pessoas à rua e faz estranhos se socializarem 04/08/2016 – Bruno Silva A febre de Pokémon GO no Brasil já era mais do que esperada. Desde os pedidos desesperados nas redes sociais, os protestos que levaram à invasão da conta do criador do game no Twitter ao lançamento oficial do jogo no país, na última quarta-feira (3), alcançando o topo da AppStore em menos de um dia, era de se imaginar que o jogo teria, aqui, o mesmo sucesso encontrado lá fora. Mas e nas ruas do país? Como seria a recepção? Para responder a essa pergunta, aguardamos, como muitos, o raiar do sol (o jogo chegou aqui às 18h da quarta) para embarcar na nossa própria jornada Pokémon. Andei pelas ruas de São Paulo e a resposta é: sim, Pokémon GO é uma febre. Em toda a capital paulista, vários grupos se juntaram espontaneamente para jogar. Foi muito fácil encontrar pessoas de todos os gêneros, idades e estilos nas ruas, com um comportamento aparentemente duvidoso frente à tela do celular, procurando seus monstros. 13 Nossa jornada começou por volta das 9h30. Como a Niantic já afirmou que os monstros têm mais possibilidade de serem encontrados em parques e em pontos turísticos, fui ao local que junta as duas características: o Parque do Ibirapuera. No caminho, dentro de um Uber (nunca jogue ao volante!) liguei o aplicativo na esperança de achar mais monstros, aproveitando o movimento do carro, mas só encontrei Pidgeys e Zubats - os tipos mais comuns na rua. A aposta no Ibirapuera deu certo: logo na entrada do portão 9 do parque encontrei um Eevee, um Goldeen e um Paras. A janelinha de monstros próximos acusava a presença de mais monstros que ainda não havia encontrado até então: Geodude, Staryu e um Bulbasaur. Procurei um bocado, mas o inicial de grama não deu as caras. Observando o parque, era fácil observar que algo estava diferente. Além dos habituais corredores e ciclistas, um terceiro tipo de pessoa era bem comum nas pistas e gramados do parque: pessoas andando com a cabeça baixa, olhando para a tela do celular. Olhei de relance para a tela quando pude; em quase todos os casos, era Pokémon GO. Na maioria das vezes, nem era necessário bisbilhotar: quando duas pessoas ou mais estava com o celular na mão, a conversa invariavelmente era algo como ―capturei um Zubat com 150 CP‖ ou ―tô quase evoluindo meu Pidgey‖.O mais surpreendente, entretanto, veio quando me aproximei do Planetário do Ibirapuera, que no game, é um ponto com quatro pokéstops adjacentes. Nas quatro, foram colocados Lure Modules - itens que servem para atrair monstros para a pokéstop - e, com isso, cerca de 15 pessoas estavam por ali, sentadas ou andando em círculos, olho fixo no smartphone, o polegar se arrastando de baixo para cima da tela. O problema de Pokémon GO No meio do caminho, deparei com o principal problema que aflige o jogador de Pokémon GO: a bateria do celular. O uso do jogo no carro a caminho do parque e no local fez a energia do smartphone despencar de 100% a 10% em pouco menos de uma hora e meia de uso. Depois que o celular apagou, perambulei pelo parque até achar uma tomada em uma lanchonete, e passei 40 minutos esperando o aparelho voltar a um nível seguro de bateria. Lá, tive um encontro inusitado: o entregador da lanchonete estava jogando Pokémon GO e imediatamente começamos a bater papo. ―Peguei uns três ‗Bulbassauro‘ já. Estou aproveitando as minhas entregas e o caminho de ônibus pra capturar mais‖, me contou o entregador, também reclamando que o celular gasta muita bateria. ―Vou voltar aqui no fim de semana com meu amigo pra capturar mais‖, finalizou. Disponível em <https://omelete.uol.com.br/games/artigo/pokemon-go-no-brasil-como-foi-o-primeiro-dia-do-jogo-no-pais/>. Acesso em 10 ago. 2016. Disponível em <https://www.facebook.com/autonomialiteraria/photos/a.586556438148148.1073741827.584876088316183/823842474419542/?type=3&theater>. Acesso em 10 ago. 2016. I. O texto e a charge mostram que o Pokémon Go encontrou grande aceitação entre os brasileiros e enaltecem o poder de engajamento do jogo. II. A charge critica a alienação de pessoas que aderem ao jogo e se desconectam da realidade em que vivem. 14 III. O texto e a charge apontam os problemas do Pokémon Go no comportamento das pessoas, pois o jogo leva o usuário para uma realidade paralela, promovendo a falta de sociabilidade. IV. O objetivo da charge é mostrar os aspectos positivos do jogo, que torna felizes seus usuários, poupando-os dos problemas do mundo em que vivemos. Está correto o que se afirma somente em a) I e II. b) II e III. c) I e IV. d) II, III e IV. e) II. Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A charge mostra uma crítica ao jogo, pois enfatiza a alienação provocada por ele. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A charge mostra um jovem que não percebe o mundo à sua volta pelo fato de estar entretido com o jogo. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A crítica da charge não se refere à falta de sociabilidade, mas, sim, à alienação. IV – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A charge é crítica em relação ao jogo, não há referências a aspectos positivos dele. Alternativa correta: E. Questão 7. Condição humana: opressão social e comportamento. Leia a charge a seguir. Disponível em <http://sorisomail.com/img/1304789819776.jpg>. Acesso em 18 jun. 2016. Assinale a alternativa que indica um ditado popular que tenha relação com a charge. a) ―O maior cego é aquele que se recusa a ver‖. b) ―Mais vale um pássaro na mão do que dois voando‖. c) ―Tão grande é o erro como o que erra‖. d) ―A grama do vizinho é sempre mais verde‖. e) ―As melhores essências estão nos menores frascos‖. 15 Comentários. Na charge, o pássaro maior não percebe que, consideradas as proporções, ele está oprimido em um espaço menor do que o outro. Assim, a crítica da charge é em relação às pessoas que não enxergam a própria realidade. Alternativa correta: A. Questão 8. Preconceito: estereótipos sociais e racismo. Leia os quadrinhos e as afirmativas a seguir. Disponível em <http://www.quadrinhosacidos.com.br/2015/05/86-racismo-sem-querer.html>. Acesso em 14 jun. 2016. I. O objetivo dos quadrinhos é mostrar que os preconceitos estão enraizados no nosso cotidiano e não incomodam ninguém. II. Os quadrinhos denunciam estereótipos sociais que se baseiam em uma visão racista. III. Os quadrinhos mostram que há pessoas que, no cotidiano, não percebem o teor racista de seus discursos. Está correto o que se afirma em a) I, II e III. b) II e III, apenas. c) I e II, apenas. d) I e III, apenas. e) III, apenas. 16 Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. As personagens do desenho mostram-se incomodadas com o discurso racista. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. Os quadrinhos mostram visões pré-concebidas de pessoas, com base na cor da pele. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. Os quadrinhos denunciam o discurso racista, que, muitas vezes, é proferido sem que o enunciador admita ser preconceituoso. Alternativa correta: B. Questão 9. Violência: sistema socioeconômico. Leia o texto a seguir. Criminologia Eduardo Galeano A cada ano, os pesticidas químicos matam pelo menos três milhões de camponeses. A cada dia, os acidentes de trabalho matam pelo menos dez mil trabalhadores. A cada minuto, a miséria mata pelo menos dez crianças. Esses crimes não aparecem nos noticiários. São, como as guerras, atos normais de canibalismo. Os criminosos andam soltos. As prisões não foram feitas para os que estripam multidões. A construção de prisões é o plano de habitação que os pobres merecem. Disponível em <https://dissencialistas.wordpress.com/2012/10/11/eduardo-galeano-criminologia/>. Acesso em 24 ago. 2016. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. I. Do texto, apreende-se que práticas econômicas e sociais vigentes causam a morte de milhões de cidadãos. II. Quando o autor afirma que ―os criminosos estão soltos‖, quer dizer que o sistema prisional tem vagas insuficientes para abrigar aqueles que são responsáveis por estripar multidões. III. Os pesticidas, os acidentes de trabalho e a miséria, por não serem indivíduos, não podem ser presos. Portanto, quando alguém morre por uma dessas causas, não há culpados. IV. O autor considera que a justiça poupa grandes corporações e instituições e defende a ideia de que as prisões sejam habitações destinadas aos mais pobres. Está correto o que se afirma somente em a) I e IV. b) I. c) I, III e IV. d) I, II e IV. e) II, III e IV. Comentários. I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O autor denuncia as mortes provocadas legitimamente pelo sistema. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o texto, os criminosos são os que detêm o poder econômico e político e que não são responsabilizados pelos males que causam. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O autor aponta que os culpados são os que detêm o poder político e econômico. 17 IV – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O último verso revela, ironicamente, a indignação do autor pelo fato de a justiça agir de forma diferenciada com os poderosos e com o povo. Alternativa correta: B. Questão 10. Preconceito: herança colonial e racismo. Leia o texto e os quadrinhos a seguir. O Brasil de hoje é herdeiro de uma sociedade colonial e imperial escravocrata, em que o negro ocupou fundamentalmente a posição de pessoa escravizada. O Brasil em 1888 foi o último país a abolir a escravidão nas Américas. Um abolicionismo incompleto, que não permitiu incluir o negro na ordem social capitalista (BASTIDE; FERNANDES, 2008). A escravidão negra deixou marcas profundas de discriminação em nossa sociedade, inclusive escutamos insultos raciais atuais exigindo que negros e negras voltem ―para a senzala‖. Mas será que o racismo contra o negro brasileiro atualmente só existe por causa do ―tempo do cativeiro‖? Há pessoas racistas que nem sabem e nem mencionam esse contexto.Elas afirmam que não gostam de ―negros‖, tem raiva dos ―pretos‖ e que estes são ―fedidos‖, ―sujos‖ e ―preguiçosos‖. O racismo opera cotidianamente por meio de piadas, causos, ditos populares etc. Afinal de contas, temos uma variedade de expressões correntes na língua portuguesa recheadas de racismo contra os negros. Disponível em <http://www.comfor.unifesp.br/wp-content/docs/COMFOR/biblioteca_virtual/UNIAFRO/mod1/Disc3-Unidade3-UNIAFRO.pdf>. Acesso em 13 jun. 2016. Disponível em <http://photos1.blogger.com/blogger/7946/2941/1600/mafaldapreconceito1.1.gif>. Acesso em 8 jun. 2016. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas. I. Os quadrinhos visam a criticar o fato de que as acusações de racismo têm se tornado cada vez mais frequentes. II. Os quadrinhos ilustram o comportamento descrito no texto: as pessoas mantêm na linguagem seu preconceito. III. O texto coloca, entre as raízes do preconceito racial, o sistema escravocrata, que imperou até o final do século XIX no Brasil. IV. De acordo com o texto, a abolição da escravidão no Brasil, embora tardia, permitiu que os negros se integrassem completamente à sociedade capitalista. Está correto o que se afirma somente em a) II e III. b) II e IV. c) I e III. d) I e II. e) I e IV. Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Os quadrinhos criticam as pessoas que não se dão conta de que são racistas. 18 II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A amiga de Mafalda fala em ―pretos sujos‖, o que confirma a ideia de que o racismo opera por falas e ações do cotidiano, como afirma o texto. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. ―O Brasil de hoje é herdeiro de uma sociedade colonial e imperial escravocrata‖. IV – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o texto, o abolicionismo foi incompleto, pois o negro não pôde realmente se incluir na ordem social capitalista. Alternativa correta: A. Questão 11. Mídia: influência dos meios de comunicação. Considere a ilustração e as afirmativas a seguir. Disponível em <http://www.materiaincognita.com.br/wp-content/uploads/2012/04/TV-faz-mal-ao-cerebro.jpg>. Acesso em 20 jun. 2016. I. O objetivo da ilustração é mostrar que os meios de comunicação tecem o conhecimento das crianças, contribuindo para um mundo mais bem informado. II. A ilustração é uma crítica aos meios de comunicação ultrapassados, que não promoviam o acesso à informação como a internet faz atualmente. III. A ilustração sugere que os meios de comunicação de massa provocam perda de autonomia do raciocínio. Está correto o que se afirma somente em a) I. b) II. c) III. d) I e III. e) II e III. Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A ilustração é uma crítica ao modo como os meios de comunicação desfazem os pensamentos próprios dos indivíduos. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A crítica refere-se à falta de pensamento crítico que os meios de comunicação causam; não se trata de uma questão de desenvolvimento tecnológico. 19 III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. A figura mostra a criança perdendo seu raciocínio próprio ao ficar exposta à televisão. Alternativa correta: C. Questão 12. Cidadania: protagonismo social. Leia o texto, de autoria de Vladimir Safatle, e analise as afirmativas a seguir. Quem tem o direito de falar? Estabelecer que minorias só podem falar dos problemas de seu grupo é uma forma astuta de silenciamento A política não é uma questão apenas de circulação de bens e riquezas. Ou seja, ela não se funda simplesmente em uma decisão a respeito de como as riquezas e os bens devem circular, como eles devem ser distribuídos. Embora essa seja uma questão central que mobiliza todos nós, ela não é tudo, nem é razão suficiente de todos os fenômenos internos ao campo que nomeamos "política". Na verdade, a política é também uma questão de circulação de afetos, da maneira com que eles irão criar vínculos sociais, afetando os que fazem parte destes vínculos. A maneira com que somos afetados define o que somos e o que não somos capazes de ver, o que somos e não somos capazes de sentir e perceber. Definido o que vejo, sinto e percebo, define-se o campo das minhas ações, a maneira com que julgarei, o que faz parte e o que está excluído do meu mundo. Percebam, por exemplo, como um dos maiores feitos políticos de 2015 foi a circulação de uma mera foto, a foto do menino sírio morto em um naufrágio no Mar Mediterrâneo. Nesse sentido, foi muito interessante pesquisar as reações de certos europeus que invadiram sites de notícias de seu continente com posts e comentários. Uma quantidade impressionante deles reclamava daqueles jornais que decidiram publicar a foto. Por trás de sofismas primários, eles diziam basicamente a mesma coisa: "parem de nos mostrar o que não queremos ver", "isto irá quebrar a força de nosso discurso". Pois eles sabiam que seu fascismo ordinário cresce à condição de administrar uma certa zona de invisibilidade. É necessário que certos afetos não circulem, que a humanização bruta produzida pela morte estúpida de um refugiado não nos afete. Todo fascismo ordinário é baseado em uma desafecção. Toda verdadeira luta política é baseada em uma mudança nos circuitos hegemônicos de afetos. Prova disso foi o fato de tal foto produzir o que vários discursos até então não haviam conseguido: a suspensão temporária da política criminosa de indiferença em relação à sorte dos refugiados. Mas essa quebra da invisibilidade também se dá de outras formas. De fato, sabemos como faz parte das dinâmicas do poder decidir qual sofrimento é visível e qual é invisível. Mas, para tanto, devemos antes decidir sobre quem fala e quem não fala, qual fala ouvirei e qual fala representará, para mim, apenas alguma forma de ressentimento. Há várias maneiras de silêncio. A mais comum é simplesmente calar quem não tem direito à voz. Isso é o que nos lembram todos aqueles que se engajaram na luta por grupos sociais vulneráveis e objetos de violência contínua (negros, homossexuais, mulheres, travestis, palestinos, entre tantos outros). Mas há ainda outra forma de silêncio. Ela consiste em limitar sua fala. Assim, um será a voz dos negros e pobres, já que o enunciador é negro e pobre. O outro será a voz das mulheres e lésbicas, já que o enunciador é mulher e lésbica. A princípio, isto pode parecer um ato de dar voz aos excluídos e subalternos, fazendo com que negros falem sobre os problemas dos negros, mulheres falem sobre os problemas das mulheres, e por aí vai. No entanto, essa é apenas uma forma astuta de silêncio, e deveríamos estar mais atentos a tal estratégia de silenciamento identitário. Ao final, ela quer nos levar a acreditar que negros devem apenas falar dos problemas dos negros, que mulheres devem apenas falar dos problemas das mulheres. Pensar a política como circuito de afetos significa compreender que sujeitos políticos são criados quando conseguem mudar a forma como o espaço comum é afetado. Posso dar visibilidade a sofrimentos que antes não circulavam, mas quando aceito limitar minha fala pela identidade que supostamente represento, não mudarei a forma de circulação de afetos, pois não conseguirei implicar quem não partilha minha identidade na narrativa do meu sofrimento. Minha produção 20 de afecções continuará circulando em regime restrito, mesmo que agora codificada como região setorizada do espaço comum. Ser um sujeito político é conseguir enunciar proposições que implicam todo mundo, que podem implicar qualquer um, ou seja, que se dirigem a esta dimensão do "qualquer um" que faz parte de cada um de nós. É quando nos colocamos na posição de qualquer um que temos mais força de desestabilização de circuitos hegemônicosde afetos. O verdadeiro medo do poder é que você se coloque na posição de qualquer um. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/234248-quem-tem-o-direito-de-falar.shtml>. Acesso em 13 jun. 2016. I. Segundo o autor, grupos de minorias estão sendo silenciados, pois vivemos em um regime autoritário, não democrático. II. O autor defende que os políticos sejam os legítimos representantes dos grupos minoritários, já que as minorias tendem a ser silenciadas na sociedade. III. A publicação da foto do menino sírio, morto no naufrágio ao tentar chegar à Europa como imigrante, foi, segundo o texto, uma forma de sensacionalismo da imprensa e, por isso, gerou conflitos políticos. Assinale a alternativa correta. a) Todas as afirmativas são corretas. b) Apenas as afirmativas I e II são corretas. c) Apenas as afirmativas II e III são corretas. d) Apenas a afirmativa III é correta. e) Nenhuma alternativa é correta. Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O autor não afirma que vivemos em um regime autoritário e aponta como silenciamento a restrição de fala a apenas sujeitos representativos de determinado grupo. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O autor afirma que a política é também uma questão da circulação dos afetos e não atribui aos políticos o papel de representar grupos identitários. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o texto, a divulgação da foto contribuiu para a quebra de invisibilidade de uma questão importante no cenário atual. Alternativa correta: E. Questão 13. Formas alternativas de energia: energia solar. Leia o texto a seguir. Energia solar contra a escuridão do Amazonas Brasil gera com placas fotovoltaicas apenas 0,02% da produção total de eletricidade Heriberto Araújo – 08 maio 2016. A visão romantizada da Amazônia convida a pensar num lugar idílico em que a pegada humana esteja entre as menores do planeta. Mas a vida na maior reserva natural é dura para o homem, como Daniel Everett narrou em seu clássico Don‘t Sleep, There are Snakes (Não durma, há serpentes, sem tradução para o português). Comunidades inteiras vivem completamente desconectadas, e não apenas nas profundezas da selva, mas sim nas movimentadas margens dos rios — únicas vias de comunicação, num ambiente em que a eletricidade é um bem desejado, escasso e administrado a conta-gotas. 21 ―No Estado do Amazonas há mais de dois milhões de pessoas sem eletricidade de qualidade‖, explica Otacílio Soares Brito, membro do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. ―A enorme área da floresta torna inviável a criação de uma rede de distribuição, e os povoados só conseguem produzir eletricidade das 6 às 10 da noite, com geradores a gasolina fornecidos pelo Governo. Depois dessa hora acaba tudo: luz, refrigeração e lazer‖, relata do município amazônico de Tefé. O Instituto Mamirauá está desenvolvendo um projeto para fornecer eletricidade por meio de painéis solares a dezenas de comunidades amazônicas de pescadores e camponeses, com o objetivo de melhorar suas condições de vida, segundo Soares Brito. Duas comunidades instalaram placas fotovoltaicas — um sistema flutuante, sobre boias no rio, e o outro no telhado de uma fábrica de gelo — para permitir, um, o envio da água desde o leito do rio até as casas, e o outro, a fabricação de barras de gelo. O fornecimento da água do rio por meio de uma bomba elétrica alimentada por painéis permitiu, entre outras coisas, que as crianças passassem a tomar quantos banhos quisessem sem que seus pais fiquem com medo que um jacaré lhes tire a vida na escuridão das margens. ―Estamos cuidando de melhorar a vida das pessoas, mas também queremos permitir que elas agreguem valor a produtos como polpa de frutas e peixe. Sem gelo, esses produtos dificilmente podem ser comercializados no exterior ou simplesmente conservados‖, diz Soares Brito. Os resultados positivos da fase experimental estão criando consciência nessa imensa região normalmente esquecida pelos centros brasileiros de poder, concentrados no Sudeste e que priorizam as políticas públicas nas regiões densamente povoadas (de eleitores). Um grupo de pescadores da comunidade amazônica de Boa Esperança pediu ao Mamirauá a construção de uma pequena fábrica — prevista para abril — com três congeladores alimentados por painéis solares para poder extrair das frutas a polpa, congelá-la e vendê-la em mercados situados a horas de barco do povoado, como Manaus. A revolução solar que alguns especialistas preveem para o Brasil durante a próxima década, após a implementação em 1º de março de novas regras que permitem, pela primeira vez, a geração distribuída de energia e sua ligação às redes de distribuição, trará consequências principalmente para os grandes centros urbanos. Depois de três anos de secas históricas e consequentes apagões, que evidenciaram a excessiva dependência do Brasil de seu sistema hidroelétrico, que gera cerca de 70% da eletricidade consumida, milhões de brasileiros poderão se tornar agora prosumidores, neologismo que reflete o novo paradigma sob o qual parece avançar a geração de eletricidade: o consumidor é o produtor de pelo menos uma parte de sua demanda. ―Estamos diante do início de uma revolução, porque pela primeira vez a sociedade brasileira pode participar diretamente da criação de uma nova matriz energética‖, diz Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar). As regras aprovadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permitem, segundo Sauaia, ―a geração compartilhada de energia solar entre vários clientes, que podem se agrupar em forma de consórcio ou de cooperativas, assim como a conexão de seus sistemas fotovoltaicos domésticos ou comerciais à rede elétrica para abastecê-la quando os painéis produzirem mais do que o que é consumido, e vice-versa‖. A Absolar estima que, se fossem instalados painéis solares em todas as residências do país, a produção de energia abasteceria mais que o dobro da totalidade da demanda dos domicílios brasileiros. Os especialistas indicam que a região brasileira menos exposta à irradiação solar tem potencial para gerar pelo menos 25% mais energia que a região mais favorecida na Alemanha, país que já gera cerca de 7% de sua eletricidade com placas fotovoltaicas. Disponível em <http://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/29/ciencia/1461915967_041451.html>. Acesso em 10 jun. 2016. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. O novo paradigma da geração de energia elétrica é o de que o próprio consumidor produza 30% da sua demanda, tornando-se proconsumidor. II. De acordo com a estimativa da Absolar, a instalação de painéis solares em todas as residências do país faria com que a produção brasileira de energia superasse a alemã em 18%. III. O projeto desenvolvido pelo Instituto Mamirauá tem como foco comunidades da Amazônia, onde há aproximadamente dois milhões de pessoas sem acesso à energia elétrica de qualidade. 22 IV. O principal problema da Amazônia é a seca, que afeta sua produção hidrelétrica e, por isso, a energia solar é uma boa alternativa. Assinale a alternativa correta. a) Todas as afirmativas são corretas. b) Apenas as afirmativas I e II são corretas. c) Apenas a afirmativa III é correta. d) Apenas as afirmativas II, III e IV são corretas. e) Nenhuma afirmativa é correta. Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O texto afirma que o proconsumidor deve produzir uma parte da energia que consome, mas não determina essa porcentagem. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o texto, a região brasileira menos exposta à irradiação solar tem potencial para gerar pelo menos 25% mais energia do que a região alemã mais favorecida.Não há comparação referente à produção ou à capacidade geradora dos dois países. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. No texto, consta a informação de que, na região amazônica, há mais de 2 milhões de pessoas sem energia elétrica e melhorar as condições de vida das comunidades é o objetivo do Instituto Mamirauá, por meio da instalação de painéis solares. IV – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Não se afirma que o principal problema da Amazônia é a seca. Na verdade, trata-se de uma região bastante abastecida por complexos hidrográficos. O texto menciona que houve secas no Brasil, o que prejudicou a geração de energia hidroelétrica. Alternativa correta: C. Questão 14. Sociedade contemporânea: mercantilização do indivíduo. Observe a charge e analise as afirmativas a seguir. Disponível em <https://www.pinterest.com/gaagabriel/a-evolucao-humana-chargues/>. Acesso em 08 fev. 2015. I. A charge enaltece a evolução humana, ilustrando a saída de um passado primitivo e a chegada ao desenvolvimento tecnológico, que melhora as condições de vida da população. II. O código de barras, na figura, representa a ―coisificação‖ do homem no atual sistema socioeconômico. 23 III. A crítica da charge refere-se ao uso de novas tecnologias na atualidade, uma vez que elas não são acessíveis a todos. IV. A charge mostra que o ser humano ainda é primitivo, apesar das novas tecnologias. Está correto o que se afirma somente em a) II e IV. b) II. c) I e III. d) I e IV. e) II e III. Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A charge mostra a transformação do ser humano em código de barras, parodiando a tradicional ilustração da evolução do homem. Não há qualquer menção à melhoria das condições de vida; trata-se de uma crítica à sociedade de consumo. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O código de barras representa o consumo na nossa sociedade. Assim, vê-se que o homem transformou-se em mercadoria, perdendo sua identidade. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A charge não se refere ao acesso das pessoas às novas tecnologias. IV – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A charge não mostra o homem como primitivo, mas, sim, como ―coisificado‖, integrado ao mercado de consumo. Alternativa correta: B. Questão 15. Violência: inadequação e ineficiência dos presídios brasileiros. Leia a charge e o texto a seguir. Disponível em <http://www.diariodagardenia.com.br/2013_04_01_archive.html>. Acesso em 06 nov. 2014. ACNUDH condena violência em presídios brasileiros O Escritório Regional para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) condenou a violência ocorrida nesta semana em distintos presídios brasileiros. Na Penitenciária Estadual de Cascavel, no Paraná, pelo menos cinco presos foram mortos durante uma rebelião. Informações indicam que duas das vítimas teriam sido decapitadas e mais duas foram jogadas do telhado do presídio. Em Minas Gerais, dois motins acabaram com outro preso morto e dezenas de feridos. Além disso, autoridades revelaram que mais um homem foi morto no complexo penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão. ―Pedimos às autoridades competentes uma apuração rápida, imparcial e efetiva dos fatos e das causas das revoltas, e que os responsáveis pelos crimes respondam na justiça‖, comentou o Representante do ACNUDH, Amerigo Incalcaterra. ―Ficamos consternados com o nível de violência observado recentemente nos presídios 24 brasileiros. Não é admissível que, no Brasil, a violência e as mortes dentro das prisões sejam percebidas como normais e cotidianas‖, disse Incalcaterra. Além disso, ele instou as autoridades brasileiras a adotarem medidas para prevenir a violência nas unidades prisionais. ―Superlotação, condições penitenciárias inadequadas, torturas e maus-tratos contra detentos são uma realidade em muitos presídios do Brasil, e isso também contribui com a violência e constitui grave violação aos direitos humanos‖, apontou o Representante do Escritório na América do Sul. ―O país deve reformar seu sistema penitenciário, incluindo pelo menos uma revisão integral da política criminal brasileira e do uso excessivo da privação de liberdade como punição a crimes‖, concluiu Incalcaterra. Disponível em <http://acnudh.org/pt-br/2014/08/21813/>. Acesso em 06 nov. 2014 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. A charge evidencia a inadequação do sistema prisional brasileiro e sugere a aplicação de penas alternativas. II. Segundo Amerigo Incalcaterra, os motins e as rebeliões têm estreita relação com a inadequação das unidades prisionais brasileiras. III. De acordo com o ACNUDH, a impunidade contribui com o aumento da violência no Brasil. a) Apenas a afirmativa I está correta. b) Apenas a afirmativa II está correta. c) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. d) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. e) Apenas a afirmativa III está correta. Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. A charge não propõe penas alternativas. Há um comentário irônico sobre a falta de eficiência do sistema prisional brasileiro. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. No texto, há a declaração do representante do ACNUDH, Amerigo Incalcaterra, que culpa a superlotação e as más condições de vida nas prisões pelas revoltas. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O texto não aborda a impunidade. Alternativa correta: B. Questão 16. Comunicação de massas: sensacionalismo. Leia os quadrinhos e o trecho a seguir, que expõe o pensamento do professor e jornalista Ciro Marcondes Filho. Disponível em <http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/03/10/noticia_saudeplena,147743/pesquisa-usa-personagens-de-tirinhas-para- explicar-funcao-de-estereoti.shtml>. Acesso em 8 nov. 2014. 25 Marcondes Filho (1986) descreve a prática sensacionalista como nutriente psíquico, desviante ideológico e descarga de pulsões instintivas. Caracteriza sensacionalismo como ―o grau mais radical da mercantilização da informação: tudo o que se vende é aparência e, na verdade, vende-se aquilo que a informação interna não irá desenvolver melhor do que a manchete. Esta está carregada de apelos às carências psíquicas das pessoas e explora-as de forma sádica, caluniadora e ridicularizadora. (...) No jornalismo sensacionalista, as notícias funcionam como pseudoalimentos às carências do espírito. (...) O jornalismo sensacionalista extrai do fato, da notícia, a sua carga emotiva e apelativa e a enaltece. Fabrica uma nova notícia que a partir daí passa a se vender por si mesma.‖ Disponível em <http://www.wejconsultoria.com.br/site/wp-content/uploads/2013/04/Danilo-Angrimani-Sobrinho-Espreme-que-sai-sangue.pdf>. Acesso em 8 nov. 2014. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, analise as asserções e assinale a alternativa correta. I. A reação do personagem diante da televisão revela uma visão antagônica àquela apresentada por Marcondes Filho sobre o sensacionalismo. PORQUE II. De acordo com Marcondes Filho, as notícias sensacionalistas suprem as carências de informação dos receptores, uma vez que são comprometidas com os elementos factuais essenciais. a) As duas asserções são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. b) As duas asserções são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. c) A asserção I é verdadeira e a II é falsa. d) A asserção I é falsa e a II é verdadeira. e) As duas asserções são falsas. Comentários. I – Asserção falsa. JUSTIFICATIVA. A reação não é antagônica ao que afirma Marcondes, pois ele comenta que o sensacionalismo explora as carênciaspsíquicas das pessoas e, assim, elas são atraídas. II – Asserção falsa. JUSTIFICATIVA. O autor não afirma que as notícias sensacionalistas são comprometidas com os elementos factuais essenciais. Para ele, o sensacionalismo extrai dos fatos sua carga mais apelativa. Alternativa correta: E. Questão 17. Saúde: atividade física. Leia o texto a seguir. Pesquisa aponta que 45,9% dos brasileiros não fazem exercícios físicos Pesquisa feita pelo Ministério do Esporte mostrou que 45,9% dos brasileiros de 15 a 74 anos estão sedentários, o que significa cerca de 67 milhões de pessoas sem praticar nenhum esporte ou nenhuma atividade física. A maior fatia de sedentários está na região Sudeste: 54,4%. Os motivos? Falta de tempo (para 58,8%), problemas de saúde (em 9,5% dos casos) e a preguiça ou falta de interesse, declarada por 11,8% dos entrevistados. A pesquisa teve 8.902 entrevistas pessoais, realizadas em 2013. Foi considerado sedentário quem declarou não ter feito esporte ou atividade física no tempo livre. Abandono Além de avaliar quem está sedentário, o ministério também perguntou a quem estava parado se havia deixado alguma prática física. Concluiu que quase 90% dos brasileiros abandonam a prática esportiva e viram sedentários até os 34 anos. Como a estudante Isabela Markman, 20 anos: ―Eu fazia academia, mas parei no começo do ano e noto diferença. Passear e brincar com minha cachorrinha me deixa mais cansada.‖ 26 Disponível em <http://www.metrojornal.com.br/nacional/plus/brasileiros-se-tornam-sedentarios-antes-dos-34-anos-diz-pesquisa-200699>. Acesso em 08 jun 2016 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. De acordo com a pesquisa, 9,5% das pessoas apresentam problemas de saúde causados pelo sedentarismo. II. Conforme o texto, quase 90% dos brasileiros acima de 34 anos são sedentários, pois abandonam as práticas esportivas. III. Cerca de 60% dos brasileiros praticam futebol, segundo a pesquisa. a) Nenhuma afirmativa está correta. b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. c) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. d) Apenas a afirmativa III está correta. e) Todas as afirmativas estão corretas. Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. De acordo com a pesquisa, 9,5% das pessoas apresentam problemas de saúde como motivo para uma vida sedentária. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Conforme o texto, ―quase 90% dos brasileiros abandonam a prática esportiva e viram sedentários até os 34 anos‖. 27 III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Entre os que declaram fazer algum esporte, 60% praticam futebol. Alternativa correta: A. Questão 18. Meio ambiente: emissões de gases e efeito estufa. Leia o texto a seguir. EUA e China anunciam acordo para reduzir emissão de gases poluentes Os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Xi Jinping, da China, assinaram nesta quarta-feira (12.11.2014) em Pequim um acordo para a luta contra a mudança climática, que incluirá reduções de suas emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. A iniciativa constitui o primeiro anúncio de corte das emissões de gases poluentes por parte da China e mais um pelos EUA. Pelo acordo, os EUA pretendem cortar entre 26% e 28% as emissões de gases em até 11 anos, ou seja, até 2025, o que representa um número duas vezes maior que as reduções previstas entre 2005 e 2020. Os chineses se comprometem a cortar as emissões até 2030, embora isso possa começar antes. Segundo o presidente chinês, até lá 20% da energia produzida no país vai ter origem em fontes limpas e renováveis. Estados Unidos e China representam juntos 45% das emissões planetárias de CO2, um dos gases apontado como culpado pela mudança climática. A União Europeia representa 11%. No mês passado, o bloco se comprometeu a reduzir em pelo menos 40% as emissões até 2030, na comparação com os níveis de 1990. Disponível em <http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/11/eua-e-china-anunciam-acordo-para-reduzir-emissao-de-gases-poluentes.html>. Acesso em 14 nov. 2014 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas. I. O comprometimento da China em reduzir as emissões de poluentes até 2030 significa que a poluição proveniente do país continuará em crescente aumento por mais uma década. II. Apesar da importância do acordo entre Estados Unidos e China, a União Europeia será responsável por um corte maior nos volumes de gases poluentes emitidos do que o corte dos dois países, uma vez que reduzirá 40% das emissões. III. Se Estados Unidos e China, juntos, cumprirem a meta de cortar 28% da emissão dos gases poluentes, eles serão responsáveis por 27% das emissões planetárias em 2025. Assinale a alternativa correta. a) Nenhuma afirmativa está correta. b) Apenas a afirmativa I está correta. c) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. d) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. e) Apenas a afirmativa III está correta. Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O texto não afirma que a poluição proveniente dos gases emitidos pelos chineses continuará em crescimento até a data estipulada no acordo. A informação é de que ―os chineses se comprometem a cortar as emissões até 2030, embora isso possa começar antes‖. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O texto afirma que EUA e China são responsáveis por quase metade das emissões de poluentes no mundo. Mesmo que a Europa tenha uma redução percentual maior das emissões de gases, o impacto não será o mesmo do provocado pela redução da emissão de gases dos dois países. 28 III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Porcentagens são valores relativos, que dependem do valor total sobre o qual são aplicadas. A redução de 28% na emissão de gases seria calculada com base no volume de gases emitidos pelos dois países, e não sobre o total das emissões planetárias. Alternativa correta: A. Questão 19. Educação: formação do indivíduo. Leia a charge, de autoria de Quino, e o texto, de autoria de Rubem Alves. Disponível em <http://blogs.sapo.pt/noauth?blog=perguntasparvas>. Acesso em 13 fev. 2015. Minha estrela é a educação. Educar não é ensinar matemática, física, química, geografia e português. Essas coisas podem ser aprendidas nos livros e nos computadores. Dispensam a presença do educador. Educar é outra coisa. De um educador pode-se dizer o que Cecília Meireles disse de sua avó – que foi quem a educou: ―O seu corpo era um espelho pensante do universo‖. O educador é um corpo cheio de mundos.... A primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O mundo é maravilhoso, está cheio de coisas assombrosas. Zaratustra ria vendo borboletas e bolhas de sabão. A Adélia ria vendo tanajuras em voo e um pé de mato que dava flor amarela. Eu rio vendo conchas, teias de aranha e pipocas estourando... Quem vê bem nunca fica entediado com a vida. O educador aponta e sorri – e contempla os olhos do discípulo. Quando seus olhos sorriem, ele se sente feliz. Estão vendo a mesma coisa. Quando digo que minha paixão é a educação estou dizendo que desejo ter a alegria de ver os olhos dos meus discípulos, especialmente os olhos das crianças. Disponível em <http://rubemalves.com.br/site/educador.php>. Acesso em 10 dez. 2014. Com base na leitura, analise as afirmativas. I. A charge e o texto apresentam visões semelhantes sobre o ato de ensinar e o de educar. II. De acordo com Rubem Alves, o educador deve espelhar o mundo para os alunos, transmitindo os conhecimentos escolares necessários ao seu desenvolvimento pessoal e profissional. III. Os olhos dos discípulos sorrindo simbolizam a compreensão dos alunos em relação ao que o educador apontou.IV. De acordo com a charge e o texto, o saber do educador não é importante; o conhecimento só é essencial no ato de ensinar. Está correto o que se afirma somente em a) II e III. b) I e IV. c) I e III. d) I, III e IV. e) II e IV. 29 Comentários. I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. Os dois textos indicam que há diferença entre ensinar e educar. Ensinar está ligado a transmitir conteúdo e educar está associado a despertar o olhar e a compreensão do outro. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Rubem Alves não reduz o ato de educar à transmissão de informações escolares importantes para o sucesso individual. III – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O olhar sorridente dos discípulos indica que a missão do educador foi cumprida e que ele apontou corretamente a direção da compreensão. IV – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Nenhum dos textos afirma que o educador não deve ter conhecimento. Alternativa correta: C. Questão 20. Sustentabilidade: energia eólica. Leia o texto a seguir. Energia eólica no Brasil No início da década de 2000, uma grande seca no Brasil diminuiu o nível de água nas barragens hidrelétricas do país, causando uma grave escassez de energia. A crise, que devastou a economia do país e levou ao racionamento de energia elétrica, ressaltou a necessidade urgente do país em diversificar suas fontes de energia. (...) A primeira turbina de energia eólica do Brasil foi instalada em Fernando de Noronha em 1992. Dez anos depois, o governo criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) para incentivar a utilização de outras fontes renováveis, como eólica, biomassa e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). (...) Desde a criação do Proinfa, a produção de energia eólica no Brasil aumentou de 22MW em 2003 para cerca de 1000MW em 2011 (quantidade suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 400 mil residências). (...) Segundo o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, publicado pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobrás, o território brasileiro tem capacidade para gerar cerca de 140GW. O potencial de energia eólica no Brasil é mais intenso de junho a dezembro, coincidindo com os meses de menor intensidade de chuvas, ou seja, nos meses em que falta chuva é exatamente quando venta mais! Isso coloca o vento como uma grande fonte suplementar à energia gerada por hidrelétricas, a maior fonte de energia elétrica do país. Durante esse período podem-se preservar as bacias hidrográficas fechando ou minimizando o uso das hidrelétricas. O melhor exemplo disto é na região do Rio São Francisco. Por essa razão, esse tipo de energia é excelente contra a baixa pluviosidade e a distribuição geográfica dos recursos hídricos existentes no país. A maior parte dos parques eólicos se concentra nas regiões nordeste e sul do Brasil. No entanto, quase todo o território nacional tem potencial para geração desse tipo de energia. Disponível em <http://evolucaoenergiaeolica.wordpress.com/energia-eolica-no-brasil/>. Acesso em 05 nov. 2014 (com adaptações). Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. I. De acordo com o texto, a energia eólica é uma alternativa viável para atender à demanda de cidades com até 400 mil habitantes. II. Em 2011, a energia eólica gerada no Brasil foi de menos de 1% do potencial eólico do país. III. De 2003 a 2011, a produção de energia eólica cresceu 978%. 30 a) Apenas a afirmativa I está correta. b) Apenas a afirmativa II está correta. c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. Comentários. I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O texto afirma que a energia eólica gerada em 2011 era suficiente para atender a 400 mil residências, e não que se trata de uma alternativa para cidades de até 400 mil habitantes. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. De acordo com o texto, o Brasil tem capacidade para produzir 140GW de energia eólica e, em 2011, produziu 1000MW, o que equivale a 1GW. Assim, a produção foi de menos de 1% do potencial. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. No período, houve aumento de 978MW, o que equivale a um crescimento de 4445%. Chega-se a esse valor, com os seguintes cálculos: 978/22= 44,45 e 44,45x 100% = 4445%. Alternativa correta: B. Questão 21. Violência: repressão policial. Leia o texto a seguir. Tá lá mais um corpo estendido no chão Flavio Moura. Uma juíza de São Paulo mandou soltar o policial que matou o camelô Carlos Augusto Muniz Braga durante ação na Lapa, no último dia 18. De acordo com a ordem de soltura, o assassinato se deveu ao fato de que o braço esquerdo do PM foi seguro ―bruscamente‖. E ainda à situação tensa em que ele se encontrava, cercado de ―populares insatisfeitos com a polícia no local‖. O tumulto, no entender da juíza, justifica a necessidade de o policial ―então encontrar-se armado‖. O vídeo circulou por todo canto. O policial aponta por três minutos a arma em todas as direções. As pessoas em volta gritam ―baixa a arma!‖, enquanto dois colegas seus tentam imobilizar um vendedor de rua no chão. O vendedor se recusara a entregar os CDs piratas que tinha na mão. A polícia partiu pra cima e a situação se criou. Acuado, o assassino tira do bolso um spray de pimenta para dispersar o grupo ao redor. Ato contínuo, Carlos Augusto tenta tirar o spray de sua mão. É o que basta para ser executado. Ele ainda correu por alguns metros com a bala na cabeça, antes de tombar no asfalto. Isso às 17h, numa rua movimentada de um bairro de classe média de São Paulo. Não chega a surpreender a decisão da juíza (o nome da figura é Eliana Cassales Tosi de Melo e ela faz parte da 5a Vara do Júri do Foro Central Criminal de São Paulo). A lógica peculiar é praxe entre seus colegas. Basta lembrar o juiz que recentemente queria manter preso o manifestante Fabio Hideki, detido injustamente em manifestação durante a Copa do Mundo, por considerá-lo ―esquerda caviar‖. O que assusta é a comoção relativamente branda em torno do episódio. Da declaração tosca do prefeito, ―foi um ato isolado‖, aos indignados de plantão das redes sociais, tudo se passou como se fosse mais um tropeço da polícia, entre tantos outros. Fiquei pensando o que ocorreria se a cena fosse na Paulista, nas manifestações de junho do ano passado. E se a vítima fosse um jovem de classe média quebrando uma vitrine de loja ou banco (gesto a meu ver mais grave do que vender CD pirata). O governo estadual corria o risco de ser deposto. Não custa lembrar que foi a violência policial o estopim para as manifestações de junho de 2013. As primeiras passeatas foram pequenas e reprovadas pela imprensa e pela maioria da população. 31 Quando vieram à tona as cenas de manifestantes feridos por balas de borracha, o cenário virou. Dali em diante, os editoriais deram razão aos manifestantes e a classe média ganhou as ruas em defesa do direito de protestar. O episódio da semana passada me fez lembrar uma declaração do poeta Sergio Vaz, organizador dos saraus da Cooperifa. No documentário ―Junho‖, produzido pela TV Folha e bom retrato das manifestações do ano passado, ele pondera. ―Bala de borracha? Se lá no meu bairro a polícia usasse bala de borracha meus amigos ainda estavam vivos.‖ Com todo respeito aos feridos em junho de 2013, o que se deu com o camelô Carlos Augusto é motivo para alguns milhares de passeatas. A letalidade da polícia brasileira é quatro vezes maior que a dos EUA e 100 vezes maior que a inglesa. Se antes o Rio era o palco dos principais descalabros da corporação, esse posto agora parece ser ocupado por São Paulo. Na véspera do assassinato na Lapa, a PM paulista transformou
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