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GEANE CÁSSIA ALVES SENA Doutoranda em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas- Unicamp, mestre em Linguística pela Universidade de Franca- Unifran, especialista em Linguística Aplicada ao Ensino do Português pela Universidade Estadual de Montes Claros- Unimontes, especialista em Interpretação em Língua Brasileira de Sinais pela Universidade Paulista-Unip, graduada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Revisora linguística de textos técnicos, acadêmicos e científicos. WANEUZA SOARES EULÁLIO Mestre em Linguística e Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MINAS, especialista em Alfabetização (Unimontes) e Linguística Aplicada à Língua Materna (Soebras) e graduada em Letras Português/Inglês pela Universidade Federal de Viçosa – UFV. É Revisora linguística de textos para concursos públicos e processos seletivos da Unimontes. Sobre as Autoras 6 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO APRESENTAÇÃO Caro acadêmico: Você já parou para pensar na língua que usa para se comunicar oralmente ou por escrito no seu dia a dia? É por meio da linguagem que interagimos com o outro, dando e recebendo informações, esclarecendo ou justificando nossas opiniões, modificando ou reafirmando o nosso ponto de vista. Por isso, apresentamos a você este Manual de Língua Portuguesa, o qual traz conhecimentos sobre questões de língua, linguagem, leitura, produção de textos, bem como os tipos e estratégias de leitura, entre outros assuntos relativos à língua, linguagem e comunicação. Fique, portanto, atento às informações, às dicas e ao conteúdo aqui apresentado, elaborado justamente para que você tenha um contato mais próximo e prazeroso com a língua. A carga horária total é de 80 horas e o interesse maior é que você reconheça a importância da Língua Portuguesa e aproveite para (re)pensar as maneiras mais adequadas de lidar com nossa língua materna, em situações diversas de uso, ou seja, na interação que nos propicia a comunicação e a expressão da língua(gem). Este Manual está organizado em quatro unidades. A primeira envolve questões sobre a comunicação; a segunda discute sobre o processo de leitura, compreensão e interpretação de texto; a terceira apresenta estratégias para a construção de textos; e, por fim, a quarta unidade, que trata de aspectos gramaticais da nossa língua. Além disso, em cada unidade você encontrará os objetivos propostos para os conteúdos discutidos. Aproveite este momento para desenvolver diferentes habilidades e compreender melhor o mundo que nos cerca por meio do aprendizado e uso da língua. Desejamos sucesso nos estudos! Estamos juntos neste desafio, torcendo por você! As autoras. 7 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO PARA SABER MAIS Arte rupestre é o nome da mais antiga representação artística da história do homem. Os mais antigos indícios dessa arte são datados no período Paleolítico Superior (40.000 a.C.); consistiam em pinturas e desenhos gravados em paredes e tetos das cavernas. Isso demonstra que o homem pré- histórico já sentia a necessidade de expressão através das artes, algo inerente ao ser humano. Fonte: Disponível em: <http://www.mundoeducacao.co m/artes/arte-rupestre.htm>, acesso em 15 dez. 2014. UNIDADE I A COMUNICAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao concluir os estudos desta unidade, você deverá ser capaz de: Explicar o que é a comunicação. Descrever os elementos que fazem parte do processo comunicativo. Compreender o que é ruído e redundância. Distinguir linguagem verbal e linguagem não verbal. Diferenciar linguagem denotativa de linguagem conotativa. Identificar e descrever cada uma das funções da linguagem. 1 INTRODUÇÃO Você já parou para pensar na importância da comunicação para a vida do ser humano? Na sociedade em que estamos inseridos, diariamente participamos de diversos atos de comunicação e analisá- los é a melhor forma de compreendê-los. A comunicação está presente a todo momento na vida do ser humano, pois é através dela que nos interagimos com os outros, expressamos nossas ideias, sentimentos e emoções. Enfim, transmitimos as informações que desejamos. Assim, estamos sempre nos comunicando, seja através de palavras, imagens, cores, etc. 8 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Já está provado que a comunicação é um processo social e que sem ela a sociedade não existiria. Na verdade, a vida e o comportamento do ser humano são regidos pela informação, pela persuasão, expressão facial, símbolos, gestos, formas, ou seja, pela força da comunicação (Cf. Martins e Zilberknop, 2010). Desde que iniciou sua vida em sociedade, o homem começou a sentir a necessidade de se comunicar. O ser humano já se comunicava a partir de desenhos e pinturas- denominadas de pinturas rupestres- antes mesmo de constituir a linguagem falada. Percebeu o quanto a comunicação é importante para o ser humano e para a sua vida em sociedade? Figura 1: Pintura feita pelos homens primitivos. Fonte: Disponível em: <http://www.fumdham.org.br/pinturas.asp>, acesso em 15 dez. 2014. Nesta unidade discutiremos sobre o que é a comunicação, os elementos que fazem parte do processo comunicativo, linguagem verbal e não verbal, denotação e conotação e, ainda, sobre as funções da linguagem. Vamos iniciar nossos estudos! 1.1 Entendendo a comunicação A palavra comunicação provém do termo latino communis, que significa "tornar comum". Por isso que ao nos comunicarmos se faz importante que nosso receptor compreenda as informações que estamos transmitindo, isto é, que a ideia seja comum 9 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO entre emissor e receptor. Caso contrário, a mensagem pode ser interpretada de forma incorreta pelo receptor, o que fará com que a comunicação não ocorrerá de maneira eficaz. Ao buscarmos o significado no dicionário Aurélio para o termo "Comunicar", verificamos que, dentre muitas de suas significações, corresponde a "fazer saber, tornar comum; participar". Com base nesta definição, podemos apresentar o seguinte esquema: Em síntese, a comunicação corresponde à busca de compreensão, de entendimento da mensagem veiculada. Além disso, é a transmissão de informações, sentimentos e ideias. Para Terciotti e Macarenco (2010, p. 2), "A comunicação implica uma transferência de significados entre as pessoas e, para que seja capaz de produzir um efeito real, precisa ser compreendida pelos envolvidos no processo comunicativo." 1.2 Elementos envolvidos no processo de comunicação Como discutimos anteriormente, a comunicação está presente a todo momento na vida do ser humano para que ele possa interagir com os outros que estão à sua volta. No entanto, para que haja essa interação, é necessário que sejam respeitadas algumas regras, não apenas gramaticais e ortográficas como muitos imaginam. Mais do que isso, é preciso levarmos em consideração a situação comunicativa para que a comunicação ocorra de maneira eficaz. Imagine a seguinte situação: Você não anotou o dia de entrega do exercício avaliativo solicitado pelo professor de Língua Portuguesa, por isso decide encaminhar um e-mail para o referido professor para saber sobre a data da entrega da atividade. Ao redigir o seu texto, não leva em consideração o contexto comunicativo e utiliza gírias e palavras abreviadas (o internetês). Sabe qual foi o problema? A linguagem utilizada não foi adequada para a situação comunicativa.COMUNICAR TORNAR COMUM COMUNICAÇÃO VOCÊ SABIA? O modelo comunicativo desenvolvido por Roman Jakobson surgiu a partir dos estudos realizados pelo engenheiro elétrico e matemático Claude Shannon que tinha como objetivo tornar mais eficiente a transmissão da mensagem/informações entre máquinas. (Cf. GUIMARÃES, 2012) 10 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Para que problemas assim não ocorram, é necessário levarmos em consideração os elementos que fazem parte do processo comunicativo para que nos comuniquemos de forma eficiente. Sendo eles: emissor, receptor, canal, código, mensagem, contexto ou referente. Mas, como surgiram esses elementos da comunicação? Em 1960, o linguista russo Roman Jakobson divulgou o modelo comunicativo a partir do qual buscou mostrar que em qualquer ato de comunicação realizado pelos seres humanos estão envolvidos seis elementos da comunicação, que estão ilustrados na figura abaixo. Figura 2: Modelo Comunicativo de Jakobson. Fonte: Guimarães, 2012, p. 5. Assim, conforme este modelo comunicativo, em qualquer ato de comunicação há sempre a presença de um emissor e de um receptor. O emissor também conhecido como remetente é aquele responsável pela transmissão da mensagem. O receptor ou destinatário é aquele a quem a mensagem é direcionada e o responsável por descodificá-la. Também há a presença de uma mensagem, do canal de comunicação, do código e do contexto/referente. Veja em que consiste cada um desses elementos: Mensagem: corresponde a toda a informação que o emissor deseja transmitir. Canal de comunicação: também conhecido como contato, é o GLOSSÁRIO Descodificar = v.t. 1. Ação de realizar a leitura de dados apresentados em código; 2. Interpretar ou decifrar alguma mensagem, através do reconhecimento dos símbolos ou signos que a compõem. Fonte: Disponível em: <http://www.lexico.pt/des codificar/>, acesso em 20 dez. 2014. 11 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO PARA SABER MAIS Entendendo melhor o código "Para ficar mais claro, usaremos como exemplo a nossa língua materna: a língua portuguesa. A língua portuguesa é um código justamente porque é constituída por um conjunto de sinais (ou signos) linguísticos e das regras gramaticais que determinam a combinação desses sinais, permitindo a expressão e a comunicação entre os falantes. (TERCITOTTI E MACARENCO, 2010, p. 4) meio físico utilizado pelo emissor para transmitir a mensagem ao seu receptor. Pode ser natural (órgãos sensoriais) ou tecnológico (espacial e temporal). Código: é o conjunto de sinais estruturados utilizado pelo emissor para construir sua mensagem e que deve ser compartilhado pelo receptor, total ou parcialmente, para que a mensagem seja compreendida. Pode ser verbal (utiliza a palavra falada ou escrita) ou não verbal (utiliza outras formas de linguagem que não seja a palavra falada ou escrita, como gestos, cores, formas, etc.). Contexto ou referente que corresponde ao assunto tratado na mensagem. Para entender melhor o funcionamento dos elementos de comunicação dentro do processo comunicativo, imagine a seguinte situação: Você faz uma ligação telefônica para a sua mãe a fim de avisá-la que chegará atrasado para o almoço. Nesse ato comunicativo, você assumirá a posição de emissor, a sua mãe será o receptor da mensagem, o telefone será o canal de comunicação, a mensagem corresponderá a toda a informação transmitida, o código será a língua portuguesa- classificado como verbal- e o contexto será o atraso para o almoço. É importante estarmos atentos para o fato de que a falha em qualquer um dos elementos de comunicação pode comprometer o processo comunicativo. O que pode ser verificado na charge abaixo: Figura 3: Falha na comunicação. Fonte: Disponível em: <http://www.cataphora.com.br/2010/02/o-new-portugueis-linguagem-do-aluno-e.html>, acesso em 15 dez. 2014. 12 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO A partir da leitura da charge, pode-se afirmar que houve comunicação? Apesar de haver a presença de todos os elementos de comunicação (emissor, receptor, canal, código, mensagem, contexto), não há comunicação entre o aluno e a professora. Pois o aluno utilizou um código inadequado, o que dificultou a compreensão da mensagem pela professora que não entende o que ele deseja transmitir. 1.2.1 Ruído e redundância O ruído corresponde a toda interferência indesejável na transmissão de uma mensagem, ocasionando perda de informação. De acordo com Terciotti e Macarenco (2010), as principais fontes de ruído são: a) O emissor ou o receptor (por exemplo: algum mal-estar físico, psi-cológico). b) O ambiente (excesso de barulho, falta de luminosidade etc.). c) A mensagem (velocidade da fala, uso de jargão ou gíria profissional diante de uma plateia heterogênea). d) O canal (barulhos na linha telefônica, interferências na televisão ou no rádio etc.). Imagine, por exemplo, uma situação em que duas pessoas estão conversando em praça pública e passa uma ambulância com a sirene ligada. O barulho da sirene dificultará a compreensão da mensagem pelo que assume o papel de receptor naquele momento, uma vez que ele não conseguirá escutar toda a mensagem transmitida pelo emissor. Para evitar problemas de entendimento da mensagem causados pelos ruídos, podemos recorrer ao mecanismo de redundância. Redundância é o processo pelo qual se repetem informações, objetivando a clareza da mensagem. Exemplos de redundância: "Aqui, neste lugar, onde tu te encontras com tua família, aconteceram fatos que mudaram o mundo." (Martins e Zilberknop, 2010, p.31) “Chovia uma triste chuva de resignação.” (Manuel Bandeira) “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal?” (Fernando Pessoa) 13 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Conforme Guimarães (2012), pode ser útil em várias situações cotidianas conhecermos os conceitos de ruídos e redundância. Seguem alguns exemplos de perguntas que podemos nos fazer sobre possíveis ruídos na comunicação, bem como dos possíveis mecanismos de redundâncias que podemos utilizar para contorná-los. Elementos Detecção de ruídos Mecanismos de redundância a adotar Interlocutores Meu receptor sabe quem eu sou? Apresentar-se claramente. Confirmar, com o receptor, as informações que tenho a respeito dele. Código Eu conheço bem meu receptor? Perguntar ao receptor se ele entendeu o que eu disse. Pedir que repita o que entendeu. Canal O meio que estamos usando está livre de interferências? Perguntar ao interlocutor se está ouvindo bem. Em uma comunicação escrita, ressaltar informações mais importantes com cores, quadro, etc. Mensagem A mensagem em si está sendo compreendida? Em uma apresentação oral, distribua um texto escrito que reproduza de maneira resumida o que será dito. Não ter medo de repetir palavras, desde que isso seja necessário à compreensão. Contexto O receptor sabe do que estou falando? Usar parênteses para explicar conceitos que talvez não sejam conhecidos por todos. Fonte: adaptado de GUIMARÃES, 2012, p. 24. 14 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 1.3 Linguagem verbal e não verbal É de grande importância compreendermos primeiramente os conceitos de língua, linguagem e fala para depois discutirmos sobre a linguagem verbal e a linguagem não verbal, uma vez que tais conceitos nos ajudarão a entender melhor as formas de linguagem utilizadas pelos sereshumanos para se comunicar. Afinal, o que é a linguagem? A linguagem é uma faculdade inerente ao ser humano que lhe possibilita a comunicação. É o meio através do qual o homem se comunica, seja através da fala, da escrita ou de outros signos convencionais, como através de gestos e formas. Isso significa que o ser humano não utiliza apenas a fala ou escrita para se comunicar, mas outras formas de linguagem, como o sinal de trânsito, as expressões faciais, as sirenes dos carros de polícia, etc. Como afirma Martelotta et al. (2010, p. 16), a linguagem "é a capacidade que apenas os seres humanos possuem de se comunicar". A linguagem tem um lado social, que é a língua, e uma lado individual, que é a fala. Sendo impossível conceber uma sem a outra. A língua é um instrumento peculiar de comunicação, representa a parte social da linguagem, é coletiva, exterior ao indivíduo que, por si só, não pode modificá-la, é uma espécie de contrato social. Para Houassis (2002, p. 7), língua “é um conjunto de sons e ruídos, combinados, com os quais um ser humano, o falante, transmite a outro ou a outros seres humanos, o ouvinte ou os ouvintes, o que está na sua mente [...]”. Já a fala, ao contrário da língua, é um ato individual, intencional, de vontade e inteligência. Mas, é só o ser humano que se comunica? Embora haja estudos no sentido de esclarecer se animais ou plantas se comunicam, no sentido que aqui estamos discutindo, apenas o ser humano se comunica. Pois é o único ser que utiliza de um sistema complexo de linguagem para se comunicar, ou seja, só o ser humano se comunica através da língua como código. Quanto aos outros animais, como abelhas e golfinhos, eles possuem um sistema de comunicação desenvolvido, mas que não chega a ser considerado como forma de linguagem. Agora que já discutimos sobre os conceitos de linguagem, língua e fala, podemos iniciar as nossas discussões sobre as formas de linguagem utilizadas pelo ser humano para se comunicar. De acordo com o sistema de sinais convencionais que tornam possível ao homem se comunicar, a linguagem se divide em verbal e não verbal. 15 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO A linguagem verbal corresponde à forma de linguagem em que os signos utilizados são as palavras tanto faladas quanto escritas. O termo verbal origina-se do latim verbale, provém de verbu, que significa palavra. Daí o nome linguagem verbal. Já a linguagem não verbal compõe-se de signos diversos que não seja a palavra falada ou escrita (placas, figuras, objetos, desenhos, som, postura corporal, etc.). Veja alguns exemplos de linguagem verbal: Figura 4: linguagem verbal-bilhete. Fonte: Disponível em: <http://entreletrasnovasdescobert.blogspot. com.br/2013/04/atividade-2-tipos-de- linguagem-1.html>, acesso em 15 dez. 2014. Figura 5: Linguagem verbal- bula de medicamento. Fonte: Disponível em: <http://naskah-drama.com/buspar/buspar-bula-bulas-de-medicamentos.html>, acesso em 15 dez. 2014. 16 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO A seguir são apresentados alguns exemplos de linguagem não verbal: Figura 6: Linguagem não verbal- cartão vermelho de jogo de futebol Fonte: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/redacao/linguagem.htm>, acesso em 15 dez. 2014. Figura 7: Linguagem não verbal- sinal de trânsito. Fonte:Disponível em: <http://malbavaleria.blogspot.com.br/2011/09/linguagem-verbal-e-nao-verbal.html>, acesso em 15 dez. 2014. Figura 8: Linguagem não verbal-charge. Fonte:Disponível em: < http://literaturaeeducacao.blogspot.com.br/>, acesso em 15 dez. 2014. 17 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Figura 9: Linguagem não verbal-imagem indicativa de silêncio. Fonte: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/redacao/linguagem.htm>, acesso em 15 dez. 2014. A linguagem também pode ser verbal e não verbal ao mesmo tempo, como no caso de cartoons. Essa junção de linguagem verbal e linguagem não verbal em um mesmo ambiente constitui a linguagem mista. Seguem alguns exemplos de linguagem mista: Figura 10: Linguagem mista- placa. Fonte: Disponível em: < http://discursoelinguagem.webnode.com/news/linguagem-verbal-e-linguagem-n%C3%A3o- verbal1/>, acesso em 15 dez. 2014. 18 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Figura 11: Linguagem mista- charge Fonte: Disponível em: <http://car-memes.com/figuras-de-linguagem-verbal-5/>, acesso em 15 dez. 2014. 1.4 Funções da linguagem Você já parou alguma vez para pensar nas funções que a linguagem desempenha na nossa vida? Como vimos anteriormente, sempre que nos comunicamos utilizamos a linguagem principalmente para trocarmos informações. Porém, é só essa função que a linguagem possui dentro da comunicação humana? Para a autora Guimarães: "Parecia óbvio que, desde de os primórdios, homens e mulheres tinham usado a linguagem para obter informações- ou seja, para informar parentes e amigos sobre a localização do alimento ou da aproximação de uma tribo inimiga. Informar parecia, portanto, ser a função primordial da linguagem. Mas como explicar aqueles momentos em que 'falamos com nossos botões', sem a intenção de informar nada a ninguém? Como explicar a poesia, os textos ficcionais? As conversas 'sobre o nada'? Enfim, como explicar todos os usos menos objetivos da linguagem?" (GUIMARÃES, 2012, p. 6) Com o objetivo de apresentar respostas para todos esses questionamentos, o linguista Roman Jakobson, o mesmo que publicou a teoria do modelo comunicativo, conforme vimos anteriormente, criou o conceito das seis funções da linguagem 19 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO relacionando-as com os seis elementos envolvidos no processo de comunicação por ele já apresentados. Embora os estudos de Jakobson tenham sido decisivos para o desenvolvimento do conceito de funções da linguagem, cronologicamente, os primeiros estudos sistemáticos sobre as funções da linguagem foram desenvolvidos pelo psicólogo Karl Bühler. Bühler, no ano de 1934, publicou em sua obra Sprachtheori as três possibilidades de uso das funções da linguagem. Sendo que a primeira função ele denominou de representativa, a segunda de expressiva e a terceira de apelativa. Essa descoberta de Karl Bühler foi ampliada por Jakobson que renomeou as três funções da linguagem e as relacionou com os elementos de comunicação. Desse modo, as três funções da linguagem descobertas por Bühler são mantidas, mas com novas nomenclaturas, conforme esquema abaixo: Fonte: Adaptado de SOUZA e CARVALHO, 2008, p. 12. Além dessas três funções da linguagem, Jakobson descobriu três outras funções: fática, metalinguística e poética. Para a divisão das funções da linguagem, o linguista russo levou em consideração cada um dos elementos de comunicação. Se são seis elementos da comunicação, as funções da linguagem também precisavam ser seis, certo? Assim, cada um dos seis elementos da comunicação dá origem a uma das funções da linguagem, conforme a predominância de cada um desses elementos dentro do discurso. Desse modo, dizemos que cada uma das funções da linguagem está centrada em um elemento de comunicação. Observe a figura abaixo: BÜHLER JAKOBSON 1. Representativa 2. Expressiva 3. Apelativa Referencial ( ) Emotiva Conativa PARA SABER MAIS Para Marcuschi (2003, p. 24), discurso “ É aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva. Assim, o discurso se realiza nos textos”. O discurso está situado nas ações sociais e históricas e “diz respeito aos usos coletivosda língua que são sempre institucionalizados, isto é, legitimados por alguma instância da atividade humana socialmente organizada” (MARCUSCHI, 2006, p. 24) 20 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Figura 12: Relação entre funções da linguagem e elementos da comunicação Fonte: Disponível em: <http://gestaoedidatica.com/tag/producao-textual/ Veja o que é exatamente cada uma dessas funções: 1- Função referencial ou denotativa ou cognitiva: centrada no contexto, ou seja, põe em evidência o assunto da mensagem, corresponde à terceira pessoa do singular e tem como intenção transmitir ao receptor conhecimentos de forma objetiva e direta e no sentido literal. Predomina em textos científicos, acadêmicos, em notícias veiculadas em jornais, entre outros. Figura 13: Função referencial- notícia Jornal Folha de São Paulo Fonte: Disponível em: <https://emlupa.wordpress.com/2010/09/12/falsidade-da-folha-de-sp/>, acesso em 17 dez. 2014. 21 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 2- Emotiva: está centrada no emissor, corresponde à primeira pessoa do singular e tem como intenção traduzir as emoções e sentimentos daquele que transmite a mensagem, ou seja, do emissor. Exemplo: "palavrões" e interjeições. 3- Fática ou de contato: está centrada no canal de comunicação e tem como intenção iniciar uma conversa, mantê-la ou encerrá-la. Também serve para testar a eficiência do canal. Exemplos: palavras e expressões que utilizamos para iniciarmos uma conversa, como olá, alô, como vai, etc. Figura14: Função fática Fonte: Disponível em: <http://www.estudokids.com.br/funcoes-da-linguagem/>, acesso em 17 dez. 2014. 4- Metalinguística: está centrada no código e passa a existir quando a linguagem fala de si mesma. Serve para verificar se o emissor e receptor estão usando o mesmo código. Um bom exemplo de metalinguagem é o dicionário, uma vez que apresenta palavras de um determinado idioma sendo explicadas, significadas, por vocábulos do "Não só baseado na avaliação do Guia da Folha, mas também por iniciativa própria, assisti cinco vezes a “Um filme falado”. Temia que a crítica brasileira condenasse o filme por não se convencional, mas tive uma satisfação imensa quando li críticas unânimes na imprensa. Isso mostra que, apesar de tantos enlatados, a nossa crítica é antenada com o passado e o presente da humanidade e com as coisas que acontecem no mundo. Fantástico! Parabéns, Sérgio Rizzo, seus textos nunca me decepcionam.” Luciano Duarte. Guia da Folha, 10 a 16 de junho 2005. PARA SABER MAIS Interjeições: Palavras invariáveis que exprimem emoções, sensações, estados de espírito, ou que procuram agir sobre o receptor. Exemplos: "Ah!", "Psiu!", "Oba!" (Cf.INFANTE, 2001). 22 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO próprio idioma, como no caso da palavra lar (termo da língua portuguesa) que é explicada pelas palavras "lareira" e "casa", também da língua portuguesa. Figura15: Função metalinguística- dicionário. Fonte: Disponível em: <http://portfeevale2012.wordpress.com/2012/10/29/ quais-sao-as-funcoes-da-linguagem/>, acesso em 17 dez. 2014. 5- Conativa ou apelativa: centra-se no receptor, ocorre quando o emissor da mensagem visa persuadir o receptor a agir de forma diferente (mudar de opinião, de postura, etc.), corresponde à segunda pessoa do singular "tu", é marcada pela presença de imperativos (verbos de ordem- "faça", "compre", "veja") e vocativos. Atenção! Cuidado para não confundir conativa com conotativa! Exemplos: propagandas publicitárias como a apresentada a seguir da escola de idiomas. Figura16: Função conativa- propaganda da escola de idiomas. Fonte: Disponível em: < http://www.mundoeducacao.com/redacao/funcao-conativa.htm>, acesso em 17 dez. 2014. PARA SABER MAIS Vocativo: é o nome do termo sintático que serve para dar nome a um receptor a quem se dirige a palavra. É um termo independente que não faz parte nem do sujeito nem do predicado. Ex.: Mãe, onde você está? 23 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 6- Poética: centra-se na mensagem, ocorre quando o emissor visa trabalhar com a mensagem, seja na sua estrutura ou na seleção de palavras. Não existe apenas na poesia, mas pode ocorrer em outros textos, como, por exemplo, em textos publicitários; opõe-se à função referencial, uma vez que predominam a subjetividade e a linguagem figurada. É marcada pela presença de alguns elementos característicos da linguagem poética, como: rimas e musicalidade. Exemplo: textos de Mário Quintana e Luís de Camões. Figura17: Função poética- texto de Mário Quintana. Fonte: Disponível em: <http://portfeevale2012.wordpress.com/2012/10/29/quais-sao-as-funcoes-da-linguagem/>, acesso em 17 dez. 2014. Figura18: Função poética- texto de Mário Quintana. Fonte: Disponível em: <http://portfeevale2012.wordpress.com/2012/10/29/quais-sao-as-funcoes-da-linguagem/>, acesso em 17 dez. 2014. 24 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Toda essa divisão das funções que a linguagem exerce durante o processo de comunicação não implica que elas ocorram de forma isolada durante o ato comunicativo nem que uma anule a (s) outra (s). Na verdade, é muito comum que um texto tenha mais de uma função da linguagem. No entanto, geralmente, uma função predomina sobre a (s) outra (s) dentro do texto. Por isso, quando se deparar com um texto em que haja mais de uma função da linguagem, é necessário que busque, sempre que possível, encontrar a mais importante, ou seja, a predominante, que retrata a intenção comunicativa do emissor. 1.5 Denotação e conotação Como você já deve ter percebido, uma mensagem não é tão simples como nos parece. Pois, além de possuir significados distintos para diversas pessoas, pode apresentar formas diferentes de sentidos. Essas variações de significado são denominadas denotação e conotação. Leia atentamente e analise a tirinha abaixo para compreender melhor esses elementos da linguagem: Figura 19: Conotação-tirinha. Fonte: Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gramatica/denotacao-conotacao-.html Na tirinha acima, verificamos que o amigo do personagem Hagar, Eddie Sortudo, demonstrou não ter interpretado adequadamente o questionamento feito por Hagar no primeiro quadrinho da tirinha- "Por que estou aqui?". Isso se evidencia a partir da resposta dada por Eddie no último quadrinho: "Você está aqui porque o dono do bar deixa você pendurar a conta até o fim do mês?". Como pode perceber, Eddie não levou em consideração que Hagar estava utilizando o sentido conotativo (figurado) da linguagem e não o sentido denotativo (literal). Hagar não estava questionamento o motivo pelo qual podia frequentar o bar, mas, estava refletindo sobre o sentido da sua vida e de estar ali naquele lugar. Conseguiu compreender a diferença entre sentido denotativo e sentido conotativo? 25 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Assim, a mensagem que está no sentido denotativo é mais ou menos igual para todos os falantes de um mesmo idioma. É o sentido literal, objetivo, real; é aquele que encontramos, por exemplo, nos dicionários. Já o sentido conotativo corresponde ao significado emocional ou avaliativo conforme as experiências de cada indivíduo, ou seja, é o sentido subjetivo. É bastante frequente em textos literários,uma vez não têm como preocupação apresentar informações com objetividade e no seu sentido real, literal. Desse modo, as palavras são utilizadas não em seu sentido literal e sim em seu sentido "diferente", figurado. Observe outro exemplo: Ao lermos a FRASE 1 percebemos que a expressão "deouro" foi usada no sentido figurado, isto é, conotativo, para significar que Ana é bondosa, generosa e não que ela possui um coração que foi fabricado com o metal nobre ouro. Já na FRASE 2 essa mesma expressão foi utilizada no seu sentido literal, ou seja, denotativo, para indicar o material usado para fabricar o anel- o ouro. Viu como é importante levarmos em consideração o significado que um determinado termo assume a partir do contexto em que está inserido? Essa prática nos permite interpretar melhor as informações que nos rodeiam e, consequentemente, as entendermos de forma adequada. FRASE 1 Ana tem um coração de ouro. FRASE 2 Maria ganhou de presente um anel de ouro. 26 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO A TELEVISÃO E A VOLTA ÀS CAVERNAS Roberto Pompeu de Toledo Tende-se a esquecer, nestes tempos, que o melhor meio de comunicação já inventado é a Palavra. Qual a minha porta? Está o leitor, ou a leitora, diante dos toaletes de um restaurante, um teatro ou hotel, e com frequência, experimentará um momento de vacilação. Não que tenha dúvida quanto ao próprio sexo. A dúvida é com relação àqueles sinais inscritos sobre cada uma das duas portas –que querem dizer? Olha-e bem. Procura-se decifrar seu significado profundo. Enfim, vem a iluminação: ah, sim, este é um boneco de calças. Sim, parece ser isso. E aquela silhueta, ali do lado, parece ser uma boneca de saia. Então, esta é minha porta, concluirá o leitor. E aquela é a minha, concluirá a leitora. A humanidade demorou milhões de anos para inventar a linguagem escrita e vêm agora as portas dos toaletes e a desinventam. Por que não escrever "homens" e "mulheres", reunião de letras que proporciona a segurança da clareza e do entendimento imediato? Não. Algumas portas exibem silhuetas de calças e saias. Outras, desenhos de cartolas, luvas, bolsas, gravatas, cachimbos e outros adereços de uso supostamente exclusivo de um sexo e outro. Milhões de anos de progresso da humanidade, até a invenção da comunicação escrita, são jogados fora, à porta dos toaletes. E, no entanto, a palavra, a palavra escrita especialmente, continua sendo um estupendo meio de comunicação. Deixa -se um bilhete para um colega de trabalho dizendo "Fui para casa", e vazado nesses termos, com o uso dessas três palavrinhas, será, sem dúvida, de entendimento mais fácil e unívoco do que se se desenhar uma casinha de um lado, um hominho de outro, e uma flecha indicando o movimento de uma para outra. Vivemos um tempo de culto de imagem. Esquece-se o valor inestimável da palavra. A comunicação escrita é muito eficiente, inclusive porque tem o dom de atravessar os séculos. Tomemos Camões. Claro que se algum cinegrafista amador tivesse registrado o náufrago poeta, perto da foz do Rio Mekong, nos confins da Ásia, LEITURA COMPLEMENTAR 27 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO e as cenas em que ele, como diz a lenda, procurava a salvação simultânea da própria vida e da obra, nadando com um braço e com outro segurando os originais dos Lusíadas, acima da linha d'água para mantê-los secos, seria um documento de grande valor. Teríamos uma edição de gala do Jornal Nacional. Mas o filme só despertaria interesse, porque Camões é Camões. Ou seja, porque é o autor de uma obra escrita que atravessou os séculos. Camões comunica-se conosco, quatro séculos depois de sua morte, porque se utilizou dessa ferramenta insubstituível que é a palavra gravada num papel, ou num papiro, ou numa prensa. O pensador Norberto Bobbio, em seu último livro publicado no Brasil (O Tempo da Memória), afirma que se irrita em falar ao telefone. Bobbio cita outro italiano, Guido Ceronetti, que escreveu: "Sempre que posso (...) faço apaixonada apologia de escrever cartas entre seres pensantes, ainda não embrutecidos, que se comunicam apenas pelo telefone, ou então por fax ou telefone celular(...) O homem que pensa de verdade escreve cartas aos amigos". O homem do século XX acostumou-se a pensar que o século XX é maravilhoso. Em matéria de ciência e de tecnologia, suas conquistas seriam inigualáveis. Vá lá, o telefone representou um avanço. Mas consideremos, por um momento, o que ele pôs a perder. O hábito de escrever cartas, como diz Ceronetti, e o exercício de inteligência que isso representa. A conversa direta, olho no olho. O hábito de fazer visitas, de procurar pessoalmente as pessoas. Com telefone, não teria havido este ponto alto da criação humana que é o romance do século XIX. Os enredos têm base em visitas, encontros inesperados, as notícias chegam tarde. Com telefone, não há história de Dostoievski, Balzac, Dickens ou Eça de Queiroz que resista. A desvalorização da comunicação escrita, em nosso tempo, começa numa banalidade, como as portas dos toaletes, e culmina neste símbolo do século que é o culto das conquistas tecnológicas – do rádio ao telefone celular, no caso das comunicações. Ora, conquista por conquista, continua insuperável, no mesmo ramo das comunicações, em primeiro lugar a invenção de uma língua comum, em cada determinada comunidade, e em segundo a reprodução dessa língua em signos escritos. Lorde Thomson of Monifieth, um inglês que já presidiu a Independent Broadcastings Authority, órgão de supervisão do sistema de rádio e televisão na Grã- Bretanha, disse certa vez, numa conferência, que lamenta não ter surgido na história 28 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO da humanidade primeiro a televisão, e depois os tipos móveis de Gutemberg. "Penso que imprimir e ler representam formas mais avançadas de comunicação civilizada do que a transmissão de TV", afirmou. Esse lúcido inglês confessou que, em seus momentos sombrios, se sente incomodado com o pensamento de que a humanidade caminhou milhões de anos para voltar ao ponto de partida. Começou magnetizada pelos desenhos nas paredes das cavernas e terminou magnetizada diante das figuras de alta definição nas paredes onde se embutem os aparelhos de televisão. (Retirado de Folha de São Paulo, dezembro/2000) Referências GUIMARÃES, Thelma de Carvalho. Comunicação e linguagem. São Paulo: Pearson, 2012. HOUAISS. Dicionário Houaiss de língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. INFANTE, Ulisses. Curso de gramática aplicada aos textos. 6.ed. São Paulo: Scipione, 2001. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, A.; GAYDECZKA, B.; BRITO, H. S. (orgs.) Gêneros Textuais: reflexões e ensino. 2. ed. rev. e ampliada. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006. p. 23-36. MARTELOTTA, Mário Eduardo et al. Manual de Linguística. 1.ed.São Paulo: Contexto, 2010. MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 29.ed. São Paulo: Atlas, 2010. SOUZA, Luiz Marques de; CARVALHO, Sérgio Waldeck de. Compreensão e produção de textos. 13.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. TERCIOTTI, Sandra Helena; MACARENCO, Isabel. Comunicação empresarial na prática. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 29 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO UNIDADE II LEITURA, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao concluir os estudos desta unidade, você deverá ser capaz de: Explicar o que é a leitura. Distinguir compreensão de interpretação. Identificar os tipos de leitura. Explicar cada um dos conhecimentos prévios que precisam ser ativados pelo leitor para a construção de sentido do texto. Descrever as estratégias de leitura que podem ser utilizadas durante o ato de ler. Perceber a importância da aplicação de estratégias de leitura para o melhor entendimento do texto. 2 INTRODUÇÃO Quem nunca escutou alguém reclamar que leu o texto várias vezes e que não conseguiu entender "nada" do que o autor quis transmitir? Você certamente já ouviu esse tipo de reclamação ou até mesmo já passou por situação semelhante durante a leitura de um texto. Certo? Mas o que fazer para superar a dificuldade de compreender os textos lidos? Principalmente os textos exigidos nas disciplinas do seu curso de graduação que geralmente são mais complexos e extensos? Colocar a culpa no autor dizendo que 30 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO "ele escreveu para ele mesmo", "o problema é com o texto que não está claro", " que o texto é muito longo" ou desistir da leitura com certeza não é a melhor alternativa. Neste momento você deve estar se perguntando: " Existe alguma forma de ler textos com mais facilidade e segurança? Felizmente sim! Entretanto, para que isso seja possível, é necessário colocarmos em prática estratégias de leitura que irão nos auxiliar durante o ato de ler. Lembrando que inicialmente este processo pode parecer automatizado, no entanto, com a prática, tornara-se mais natural e, consequentemente, mais eficiente. Atenção! O hábito de ler também é fundamental para que o leitor possa superar as dificuldades de interpretação e compreensão dos textos lidos. Por isso, leia sempre, leia muito! Figura 20: A importância de prática da leitura. Fonte: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/robertogomes86/a-importncia-do-ato-de-ler-4721000>, acesso em: 18 de dez. 2014. Mas o que é a leitura de que se fala tanto? Em síntese, é a interação entre texto-autor-leitor de modo que o leitor é um sujeito ativo na busca das informações apresentadas dentro do texto. 31 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO PARA SABER MAIS Interpretação de texto: "é o processo de localizar as pistas e sinalizações deixadas no texto pelo autor e atribuir-lhes significado." (GUIMARÃES, 2012, p. 107) Figura 21: Anatomia de um leitor. Fonte: Disponível em: <http://comoeuaprendo.blogspot.com.br/2013/10/saber-ler-e-saber-interpretar.html>, acesso em: 18 de dez. 2014. Nesta unidade discutiremos sobre algumas estratégias de leitura que poderão nos auxiliar durante a compreensão/interpretação de um texto, mas, antes disso, iremos discutir sobre o que é exatamente o ato de ler, os tipos de leitura e quais os conhecimentos prévios devemos ativar durante a leitura dos textos para que o processo de leitura se torne mais eficaz. 2.1 O ato de ler Diferentemente do que alguns acreditam, o ato de ler não se resume simplesmente em “passar os olhos” sobre o texto, nem, tão pouco, oralizar um texto escrito. Segundo Paulo Freire (1989), a leitura não se esgota na pura decodificação da palavra escrita. Sendo assim, o ato de ler não se resume no processo mecânico de memorização das letras. Não é um ato tão simples assim! É um processo bastante complexo de compreensão e interpretação do mundo que está à nossa volta. Quando o assunto é leitura, é bem comum aparecer durante a discussão os termos compreensão e interpretação. Pois essas duas 32 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO importantes palavras estão ligadas diretamente ao ato de ler. Você sabe qual a diferença entre elas? Por mais que pareçam sinônimas, são duas palavras que possuem significados distintos. Saber que esses dois termos são diferentes faz toda diferença no momento da leitura de um texto. Assim, quando o seu objetivo é de compreender o texto, buscará informações que se encontram no texto, ou seja, explícitas, evidentes. Porém, se o seu objetivo é interpretá-lo deverá buscar informações que estão além do texto, isto é, implícitas, subentendidas. Viu como o ato de ler é complexo? A autora Thelma Guimarães (2012) faz uma interessante analogia do ato de ler com a dança, uma vez que a leitura é entendida como uma interação entre texto-autor-leitor; uma "verdadeira dança" em que cada um dos participantes precisa desempenhar seu papel. Nesse sentido, a responsabilidade pela compreensão/interpretação das informações contidas dentro de um texto não recai apenas sobre o autor, nem somente sobre o leitor. Na verdade, ela é compartilhada entre ambos. Desse modo, o autor não é o único responsável por construir a significação do texto, nem tão pouco o leitor pode decidir isso sozinho. Por isso que aquela história de que "a interpretação é minha" e que "cada um tem a sua" não é verdade! Como lembra a autora Thelma Guimarães: Uma interpretação só será válida se o leitor conseguir justificar, com elementos do texto, porque chegou a tal entendimento. Se o 'vale-tudo' interpretativo realmente existisse, aprender a interpretar textos seria igualmente dispensável. Afinal, se cada um pode atribuir o sentido que quiser ao texto, para que se dar ao trabalho de estudar como fazê-lo? (GUIMARÃES, 2012, p. 109) Sabe o que isso quer dizer? Que para interpretar adequadamente um texto é necessário que identifique marcas dentro do próprio texto que garantam a sua interpretação, uma vez que a interpretação não corresponde a um jogo de adivinhações. É necessário agir como um detetive em busca de tais pistas. Caso interprete um texto e não encontre pistas que possibilitem atribuir-lhe significado, é bem provável que não tenha interpretado corretamente as ideias nele presentes. No livro Texto e leitor – aspectos cognitivos da leitura Kleiman (2002, p.13) ressalta que “A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela GLOSSÁRIO Informações implícitas: São as informações que estão subentendidas nas entrelinhas do texto; é o contrário de informações explícitas. 33 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida”. Nessa perspectiva, o leitor deve ativar os seguintes conhecimentos prévios: Conhecimento linguístico: conhecimento implícito compartilhado pelos falantes sobre os mecanismos de funcionamento da língua; abarca conhecimentos lexicais, gramaticais e semânticos. Conhecimento de mundo ou enciclopédico: adquirido através das interações sociais, das situações do dia a dia, como ir ao médico, fazer uma avaliação, ficar "preso no trânsito"; pode ser adquirido formalmente ou informalmente. Conhecimento textual: conjunto de noções e conceitos sobre o texto; corresponde aos conhecimentos relativos à composição estrutural de cada uma das tipologias textuais (narração, descrição, dissertação, injunção, etc.) e à sua funcionalidade. Para compreender melhor a importância da ativação dos conhecimentos prévios durante a leitura, analise a propaganda abaixo: Figura 22: Propaganda da Bombril Fonte: Disponível em: < http://www.propagandashistoricas.com.br/2013/10/mon-bijou-bombril-1998.html>, acesso em 18 dez. 2014. 34 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Para entendermos a propaganda acima é necessário sabermos que está sendo feita uma alusão ao quadro da enigmática Monalisa, famosa obra de arte do grande pintor renascentista Leonardo da Vinci e que "Bombril" é o nome de uma marca de produtos de limpeza. Com a ativação desses nossos conhecimentos prévios de mundo ficou mais fácil compreendermos que está sendo feita uma comparação entre o produto "Mon Bijou" (amaciante de roupas) e a Monalisa para mostrar que o produto, assim como o quadro, é uma verdadeira obra-prima devido à sua qualidade. Se não detivéssemos tais conhecimentos,ficaria difícil entendermos bem a mensagem transmitida pela propaganda. Certo? Outro exemplo: Figura 23: conhecimentos prévios- tirinha turma da Mônica. Fonte: Disponível em: <http://escolaapm.blogspot.com.br/2012/06/atividade-lingua-inglesa-noturno-prof.html>, acesso em 18 dez. 2014. Acima, temos uma tirinha da turma da Mônica em português e, em seguida, a mesma tirinha traduzida para o inglês. Em qual delas conseguiu entender melhor o que está sendo dito pela Mônica? Na primeira ou nas duas? O seu conhecimento prévio linguístico é que irá te auxiliar nesta compreensão. Por ser falante da língua portuguesa, com certeza, conseguiu fazer a leitura do que foi falado pela Mônica ao Cebolinha na primeira versão da tirinha. Não é verdade? No caso da tirinha que está em inglês, você só conseguirá entender a fala da personagem se detiver conhecimento deste idioma, ou seja, da língua inglesa. Outro conhecimento 35 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO que também precisamos ativar é que o texto acima é uma tirinha e não um manual de instruções, por exemplo, que exigiria de nós uma postura diferente perante o texto. Percebeu a importância da ativação dos nossos conhecimentos prévios durante a leitura? Como lembra Cardoso- Silva (2002), Quanto mais conhecimento textual o leitor tiver, quanto maior a sua exposição a todo tipo de texto, mais fácil será sua compreensão, pois o conhecimento das estruturas textuais e de tipos de discurso determinará, em grande medida, suas expectativas em relação aos textos, expectativas estas que exercem papel considerável na compreensão. (CARDOSO- SILVA, 2002, p. 35) Com base no exposto, você pode perceber que é a partir da interação entre esses níveis de conhecimentos prévios que o leitor conseguirá atribuir significado ao texto lido. Sem a ativação de um desses conhecimentos não haverá entendimento adequado do texto. Ler não é somente decifrar palavras, mas um processo de interação entre autor-texto-leitor e de busca pelo leitor dos conhecimentos guardados na sua memória relevantes para a compreensão/interpretação do texto. 2.2 Tipos de leitura Alguma vez, ao tomar um texto para leitura, você já se deparou com o seguinte questionamento: "Para que vou ler esse texto"? De acordo com Lucília Helena do Carmo Garcez (2004), ao estabelecermos o objetivo da leitura, determinamos a forma como iremos ler o texto; daí a importância de nos indagarmos sobre qual a nossa intenção ou necessidade de realizarmos a leitura. Dentre tantas outras finalidades, lemos por prazer, em busca de entretenimento, diversão; para obtermos informações precisas ou de caráter mais geral; para seguirmos instruções, para aprendermos; para comunicarmos um texto a um auditório, para revisarmos nosso próprio texto. A autora Isabel Solé (1998) ressalta que o processo de construção do sentido do texto depende muito das atitudes que o leitor toma perante o ato de ler como, por exemplo, a escolha do tipo de leitura que deve realizar. Pois, se há uma 36 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO PARA SABER MAIS O que é uma estratégia? " Um procedimento- com frequência também chamado de regra, técnica, método, destreza ou habilidade- é um conjunto de ações ordenadas e finalizadas, isto é dirigidas à consecução de uma meta." (COLL, 1987, p.89apud SOLÉ, 1998, p. 68) diversidade de textos, é necessário selecionar o tipo de leitura adequado para auxiliá- lo na compreensão/ interpretação do texto e no alcance dos seus objetivos. O estudioso Juvêncio Barbosa (2001) apresenta seis grandes grupos de situações (tipos) de leitura, a saber: Leitura de informação: é a que realizamos para buscarmos informações sobre a vida cotidiana; é realizada em jornais, revistas, regimentos, etc. Leitura de consulta: é um tipo de leitura seletiva que utilizamos toda vez que buscamos informações mais exatas; é aquela realizada em dicionários, catálogos, listas telefônicas etc. Leitura de ação: é uma leitura rápida, seletiva, de passar os olhos rapidamente sobre o texto antes de tomarmos uma atitude ou comportamento; é realizada em regras de jogo, placas de sinalização, manuais técnicos de montagem, receitas de bolo, etc. Leitura de reflexão: é uma leitura mais consistente, de prestígio, caracterizada por momentos de pausa para buscarmos refletir de forma mais aprofundada sobre o conteúdo lido; é aquela realizada em textos como obras filosóficas, tese, ensaios, etc. Leitura de distração: é a que realizamos para nos entretermos, "passarmos o tempo", “sem nenhuma função utilitária”, é uma leitura desinteressada; é realizada em situações em que buscamos nos distrair, como, por exemplo, em consultórios médicos quando, durante o tempo de espera, tomamos uma revista para leitura. Leitura da linguagem poética: é aquela em que o leitor tem interesse tanto no conteúdo como na sonoridade das palavras; é uma leitura lenta do texto, é realizada, por exemplo, em poesias cujo prazer da forma está ligado ao prazer do conteúdo, à dimensão musical das palavras ou do texto. 37 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Como viu, existem diferentes situações de leitura, porém o que irá determinar que uma seja mais adequada do que a outra é a intencionalidade do leitor. Independentemente de ser um jornal, uma tese, uma bula de medicamento ou uma poesia, será a finalidade estabelecida pelo leitor para a realização da leitura que o auxiliará na seleção das informações mais adequadas para alcançar seus objetivos. Nas palavras de Juvêncio Barbosa (2001): a característica fundamental da leitura é a intencionalidade do leitor. 2.3 Estratégias de leitura Em seu livro Estratégias de leitura Isabel Solé (1998) destaca que o leitor deve processar e examinar o texto para alcançar o seu sentido. Para tanto, é necessário que execute algumas operações mentais denominadas estratégias de leitura para facilitar o entendimento do texto. Seguem as estratégias básicas de leitura: Seleção: consiste na separação das informações mais importantes do texto que possibilitarão ao leitor alcançar seus objetivos de leitura. Antecipação ou predição: corresponde às previsões ou levantamento de hipóteses que o leitor faz sobre o texto a partir de alguns aspectos presentes no próprio texto como título, data de publicação, gênero, autor, entre outros. Inferência: é a recuperação das informações que estão implícitas dentro do texto. Verificação: também denominada como autocorreção, é a parte principal do processo de leitura, uma vez que permitirá ao leitor conferir se executou adequadamente as outras etapas (seleção, predição e inferências) e fazer as correções necessárias para que não haja problemas na construção de sentido do texto. 38 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Solé (1998, p. 73-74) aponta algumas questões que podemos formular durante a leitura cujas respostas são necessárias para o entendimento do texto. São elas: 1. Que texto tenho que ler? Por que/ para que tenho que lê-lo? 2. Que sei sobre o conteúdo do texto? Que sei sobre conteúdos afins que possam ser úteis para mim? Que outras coisas sei que possam me ajudar: sobre o autor, o gênero, o tipo de texto...? 3. Qual é a informação essencial proporcionada pelo texto e necessária para conseguir o meu objetivo de leitura? Que informações posso considerar pouco relevantes por sua redundância, seu detalhe, por serem pouco pertinentes para o propósito que persigo? 4. Este texto tem sentido? As ideias expressas nele tem coerência? É discrepante com oque eu penso, embora siga uma estrutura de argumentação lógica? Entende-se o que quer exprimir? Que dificuldades apresenta? 5. Que se pretendia explicar neste parágrafo- subtítulo, capítulo- ? Qual é a ideia fundamental que extraio daquilo? Posso reconstruir o fio dos argumentos expostos? Posso reconstruir as ideias contidas nos principais pontos? Tenho uma compreensão adequada de tais pontos? 6. Qual poderá ser o final deste texto? Que sugeriria para resolver o problema exposto aqui? Qual poderia ser- por hipótese- o significado desta palavra que me é desconhecida? Percebeu como a leitura requer de nós um determinado esforço para entendermos o texto? Nesse processo precisamos tomar certas atitudes como recorrer à nossa memória, fazer antecipações, construir inferências, dentre outras, para chegarmos ao entendimento do que lemos. 39 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER Paulo Freire Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos. Aceitei fazê-lo agora, de maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui para falar da importância do ato de ler. Parece-me indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em que me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na descodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não pode prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. Ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado – e até gostosamente – a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória, desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo. Ao ir escrevendo este texto, ia “tomando distância” dos diferentes momentos em que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra, que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavra mundo”. (FREIRE, Paulo. In: INFANTE, Ulisses. Curso de gramática aplica da aos textos. São Paulo: Scipione, 2001, p.71-72. Adaptado.) LEITURA COMPLEMENTAR 40 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Referências BARBOSA, Juvêncio. O cotidiano do leitor. In: Alfabetização e leitura. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2001. CARDOSO-SILVA, Emanuel. Prática de leitura: sentido e intertextualidade. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2006. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 23. ed. São Paulo: Cortez, 1989. GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. GUIMARÃES, Thelma de Carvalho. Comunicação e linguagem. São Paulo: Pearson, 2012. INFANTE, Ulisses. Curso de gramática aplica da aos textos. São Paulo: Scipione, 2001. KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 2002. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. 41 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO UNIDADE III A CONSTRUÇÃO DE TEXTOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao concluir os estudos desta unidade, você deverá ser capaz de: Explicar a noção de texto. Descrever os fatores de textualidade. Distinguir coesão de coerência textual. Descrever os mecanismos de coesão. Diferenciar gêneros textuais de tipos de texto. Reconhecer as tipologias textuais. Indicar as formas de iniciar um texto dissertativo. Identificar os principais operadores argumentativos. Mencionar as partes que constituem o resumo e a resenha. 3 INTRODUÇÃO Com certeza, você já se deparou, em vários momentos da sua vida, com frases do tipo "elabore um texto", "este texto está sem sentido", "Não entendi nada do que está dito no texto", "este é um texto bem redigido", ou já disse algo parecido. Entretanto, já parou para analisar o que é um texto? A palavra texto provém do latim textum, que significa entrelaçamento, tecido. Nessa perspectiva, um texto se constitui como um entrelaçamento de ideias, um todo de significado e não um aglomerado de frases soltas, isoladas. Além disso, é um evento comunicativo de interação entre os falantes. Pois através dos textos, 42 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO principalmente escritos, evidenciamos para o outro nossas ideias, tornamos comum nosso pensamento, interagimos com o outro, isto é, nos comunicamos. Para redigirmos textos que alcancem o nosso objetivo de comunicação, ou seja, eficazes, é necessário termos em mente que o nosso texto deve ser capaz de tornar comum ao outro a ideia expressa, de persuadi-lo e de gerar a resposta "correta". Figura 23: Comunicação escrita eficaz. Fonte: Disponível em: < https://rbchristanelli.wordpress.com/2013/11/21/escreva-mensagens-eficazes-e-facilite-a-vida- do-seu-leitor/>, acesso em: 18 dez. 2014. Na tirinha abaixo, por exemplo, verificamos que o texto produzido não conseguiu fazer com que o receptor agisse da maneira desejada, ou seja, não conseguiu tornar o pensamento comum e, consequentemente, não obteve a resposta "correta". Figura 24: Texto sem eficácia. Fonte: Disponível em: <http://blogpalavrachave.blogspot.com.br/2011/02/seja-eficaz-na-comunicacao.html>, acesso em: 18 dez. 2014. 43 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Nesta unidade abordaremos alguns conteúdos que irão auxiliá-lo na construção de textos escritos. Para iniciarmos, discutiremos sobre o que é um texto e os fatores de textualidade, dando ênfase à coesão e coerência textual. Em seguida, discutiremos sobre gêneros e tipologias textuais, as formas de iniciar um parágrafo- texto padrão, o que é a argumentação, os tipos de argumentos e, para finalizarmos, estudaremos sobre os defeitos de argumentação, os principais operadores argumentativos que podemos utilizar nos nossos textos e como elaborar resumos e resenhas. 3.1 Noções de texto Na sociedade em que vivemos, a todo o momento estamos expostos a uma diversidade de textos orais, escritos, imagéticos, seja no ambiente escolar ou fora dele. Sendo assim, com certeza, você já tem uma noção do que é um texto. Acerca da noção de texto, Fiorini e Savioli (2003) apresentam em seu livro "Para entender o texto: leitura e redação" duas considerações fundamentais sobre o que é um texto: Primeira consideração: o texto não é um aglomerado de frases, que possuem sentido isoladamente, uma vez que precisam estar interligadas dentro de um texto para que façam sentido; ou seja, as frases ganham um significado exato dentro do contexto em que estão inseridas, já que fora dele podem assumir sentidos diversos. Segunda consideração: todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de escala mais ampla, isso significa que nenhum texto é uma manifestação individualista de quem o escreveu,pois está inserido dentro de uma escala ampla de discussão, ou seja, de algum debate presente na sociedade. GLOSSÁRIO Significado de contexto: Relação de dependência entre as situações que estão ligadas a um fato ou circunstância: o contexto social da ditadura. O que compõe o texto na sua totalidade; a reunião dos elementos do texto que estão relacionados com uma palavra ou frase e contribuem para a modificação ou esclarecimento de seus significados. Provém do termo do latim: contextus. Fonte: Disponível em: <http://www.dicio.com.br/contexto />, acesso em 21 dez. 2014. 44 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Os autores Koch e Travaglia (1989) trazem uma concepção de texto voltada para o uso da língua em situação de interação entre falantes. Assim, o texto é uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou pela audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independente de sua extensão. (KOCH; TRAVAGLIA, 1989, p. 8-9) É necessário que o redator tenha bem claro que escrever não é simplesmente traduzir a fala em sinais gráficos, pois são duas modalidades de linguagem distintas que possuem características próprias. Desse modo, escrever é diferente de falar. Seguem as principais características da fala e da escrita: QUADRO 1 - DIFERENÇAS ENTRE A LINGUAGEM ORAL E A ESCRITA FALA ESCRITA Palavra sonora Requer a presença dos interlocutores Ganha em vivacidade É espontânea e imediata Uso de palavras-curinga, de frases feitas É repetitiva e redundante O contexto extralinguístico é importante A expressividade permite prescindir de certas regras A informação é permeada de subjetividade e influenciada pela presença do interlocutor Recursos: signos acústicos e extralinguísticos, gestos, entorno físico e psíquico Palavra gráfica É mais objetiva É possível esquecer o interlocutor É mais sintética A redundância é um recurso estilístico Comunicação unilateral Ganha em permanência Mais correção na elaboração das frases Evita a improvisação Pobreza de recursos não linguísticos; uso de letras, sinais de pontuação É mais precisa e elaborada Ausência de cacoetes lingüísticos e vulgarismos O contexto extralinguístico tem menos influência Fonte: http://www.vestibular1.com.br/redacao/red020.htm Acesso em 10 jan. 2014. 45 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 3.2 Fatores de textualidade Segundo Costa Val (2005), o texto deve ser entendido “como ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal. Sendo assim, podemos afirmar que um texto é definido pela sua textualidade, ou seja, pela possibilidade de ser entendido como unidade significativa global. Para que um texto seja realmente um texto e não um amontoado de palavras, deve possuir alguns aspectos como, por exemplo, intenção comunicativa, unidade formal e de sentido, etc. A esse conjunto de características que fazem que um texto seja definido como tal, dá-se o nome de textualidade. Vamos ver um exemplo? Ao pegarmos na escola uma lista de materiais escolares, podemos dizer que essa lista trata-se de um texto, pois apresenta uma situação comunicativa real. No entanto, se a professora pede uma lista de palavras proparoxítonas, essa lista não é considerada texto, pois não é uma situação real de comunicação, é apenas um amontoado de palavras. Figura 25: Noções de texto Fonte: http://acervodeprofessor.blogspot.com.br/2012/05/interpretacao-de-texto-as-formigas-7.html Acesso em 8 jan. 2015/ Dessa forma, podemos afirmar que um grito de “Fogo!” é um texto? Claro que sim! Dependendo do contexto em que foi usado, esse termo pode transmitir uma mensagem em que todos compreendam e saiam correndo, pois entenderão que o ambiente está pegando fogo. 46 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Discutiremos, a seguir, quais são os fatores de textualidade, dando ênfase à coerência (ou a ausência dela) em um texto e sobre os elementos de coesão que propiciam ao texto condições de textualidade. De acordo com Beaugrande e Dressler (2006), existem sete princípios ou fatores de textualidade. Quando um texto está bem estruturado, ele está entrelaçado por esses fatores: Coesão: a organização do texto em frases e destas em blocos maiores; Coerência: a conexão entre o dito e o mundo real; Intencionalidade: o objetivo do autor; Aceitabilidade: a aceitação do leitor; Situacionalidade: o contexto; Informatividade: a qualidade e quantidade das (novas) informações; Intertextualidade: a presença de outro(s) texto(s). 3.2.1 Coesão e coerência A coerência e a coesão textuais são elementos muito importantes para o sentido de um texto. Vamos compreender por quê? Segundo Koch e Travaglia (2009, p. 21), na frase: “Maria tinha lavado a roupa quando chegamos e ainda estava lavando a roupa.”, percebe-se que o sentido global dessa frase apresenta problemas de coerência. Nesse caso, esses autores explicam: Uma sequência como a do exemplo [...] é vista como incoerente, pois, apesar de cada uma de suas partes ter sentido (“Maria tinha lavado a roupa quando chegamos” e “ainda estava lavando a roupa”), parece difícil ou impossível, em função da especificidade de valor das formas linguísticas utilizadas, estabelecer um sentido unitário para o todo da sequência. (KOCH; TRAVAGLIA, 2009, p. 21) 47 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Como se pode compreender, para que haja coerência textual é necessário haver uma conexão global entre as sequências contidas no texto. No exemplo dado pelos autores, é impossível Maria já ter lavado a roupa e ainda estar lavando-as. Coerência textual refere-se, então, ao sentido que um texto deve apresentar, ou seja, as partes que o compõem devem ligar-se dando uma continuidade de sentidos, de maneira a não apresentar contradições de ideias. Nesse caso, pode-se afirmar que a coerência textual depende da coesão, por meio de seus elementos, os quais unem as sequências textuais, para fazer com o que texto faça sentido. Apesar de a coerência estar ligada à coesão, ainda que a coesão seja necessária, não é suficiente para que um texto seja coerente. Sendo assim, em alguns casos, mesmo não tendo coesão, o texto poderá ter coerência, pois esta pode ser conseguida com o desenvolvimento de um mesmo tema do início ao fim do texto. Além da coesão, a coerência depende do compartilhamento do conhecimento entre o emissor do texto e o receptor. Analise a tirinha a seguir: Figura 26: Coerência Fonte: http://emfoclinguaportuguesa.blogspot.com.br/2009/07/atividades-da-1-oficina-do-tp5coerencia.html Acesso em 12 jan. 2014. O humor da tira só será partilhado entre emissor e receptor se ambos tiverem o conhecimento prévio sobre o assunto. Os personagens apresentados são do autor Maurício de Sousa, Cebolinha, Mônica e Cascão. Sabe-se que, no senso comum, as crianças são trazidas pela cegonha. Assim, Cebolinha e Mônica, no primeiro e segundo quadrinhos, são carregados por ela. No entanto, no terceiro quadrinho, o Cascão chega por meio de um urubu. Isso porque Cascão é um personagem que nunca tomou banho e odeia água, e o urubu é o símbolo de sujeira. Falamos muito de coesão e coerência, mas o que é coesão? Agora que você já compreendeu o que é coerência, vamospartir para a discussão da coesão. 48 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO A coesão é o mecanismo linguístico que é responsável pela unidade formal de um texto. É ela que estabelece a relação lógica entre uma palavra e outra, entre um trecho e outro. O dicionário Aurélio – Século XXI, na sua versão eletrônica, define coesão da seguinte maneira: S.f. 1. União das partes de um todo. [...] 3. Conexão, nexo, coerência. [...] 5. E.ling. Ligação, de natureza gramatical ou lexical entre os elementos de uma frase ou de um texto. Podemos, então, afirmar que a coesão é responsável pelos elos entre as diversas partes de um texto, ou seja, ela é capaz de “amarrar” elementos mencionados. Quando eles são mencionados anteriormente, ocorre o que entendemos como anáfora. Posteriormente, dizemos que ocorreu a catáfora. Observe os exemplos A e B: Podemos afirmar que, no exemplo A, o pronome ela é anafórico, pois retoma o que foi dito anteriormente. Já no exemplo B, o pronome este é catafórico, pois antecipou o que foi dito em seguida. Nos exemplos anteriores, vimos o pronome como mecanismo utilizado para estabelecer coesão em um texto. Mas será que só os pronomes podem exercer essa função? Iremos responder a essa pergunta... Vamos lá? 3.2.2 Mecanismos de coesão Halliday e Hasan (apud Koch & Travaglia, 1989, p. 15) afirmam que “há dois tipos de coesão: coesão gramatical (expressa através da gramática) e coesão lexical (expressa através do vocabulário)”. Os conectivos que fazem a coesão expressa através da gramática são chamados de operadores argumentativos. De acordo com Terciotti (2011, p. 18), os operadores argumentativos também são conhecidos como “articuladores de coesão” e “encadeadores de discurso”. Eles são responsáveis por efetuar a ligação ou a articulação sintática entre os parágrafos de um texto, os períodos de um mesmo parágrafo e as partes de um mesmo período. A) Maria é uma estudante universitária. Ela estudou muito para chegar lá! B) Este foi o problema: com a brincadeira boba, acabamos nos machucando. 49 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Para Koch (2005, p. 104), funcionam como operadores argumentativos: preposições, advérbios, conjunções, locuções prepositivas, adverbiais e conjuntivas. Observe, no quadro 2, alguns operadores argumentativos e alguns exemplos. QUADRO 2: OPERADORES ARGUMENTATIVOS OPERADORES ARGUMENTATIVOS EXEMPLOS Adição E, também, ainda, nem. Finalidade A fim de, a fim de que, com o intuito de, para, para que, com o objetivo de. Explicação Porque, pois, já que. Oposição Mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, apesar de, ao contrário. Condição Se, contanto que, não ser que, a menos que, desde que. Tempo Quando, em pouco tempo, em muito tempo, logo que, assim que, antes que, sempre que. Proporção À medida que, à proporção que, ao passo que, tanto quanto, tanto mais. Conformidade Conforme, de acordo com, como, segundo. Conclusão Portanto, então, assim, logo, por isso, de modo que. Alternância Ou, ou ...ou, ou então, quer...quer, seja...seja, ora...ora. Comparação Como, mais que, menos que, tão quanto, assim como. Causa e consequência Porque, pois, visto que, já que, em virtude de, por motivo de. Esclarecimento Ou seja, quer dizer, isto é. Fonte: KOCHE, Vanilda Salton et al. Leitura e produção de texto: gêneros textuais do argumentar e expor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. Adaptado. 50 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Para exemplificar o uso do conectivo em um texto, vejamos a tirinha que se segue: Figura 27: Operador argumentativo Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=27086 Acesso em 2 jan. 2015. Na tirinha acima, há uma sátira em relação ao cão da família. A esposa de Hagar diz a ele que alguém entrou na casa e o cachorro não fez nada. Temos o conhecimento prévio de que caos vigiam a casa de seu dono. Ela continua com uma pergunta: você não disse que Shacota era um cão de guarda? Para estabelecer coesão ao texto, o autor emprega um mecanismo de coesão para dar o humor ao texto: o Shacota é um cão de guarda, mas ele guarda as coisas erradas. Observamos que o operador argumentativo mas gera uma oposição entre os dois termos. Aprendemos que existem dois tipos de coesão, certo? Já discutimos a coesão gramatical (expressa através da gramática) e agora passaremos para a coesão lexical (expressa através do vocabulário). Segundo Guimarães (2012), os mecanismos de coesão lexical dividem- se em mecanismos de coesão referencial, coesão sequencial e recorrencial. Vamos analisar cada um deles? Como o próprio nome indica, a coesão referencial faz referência a algo que já foi mencionado ou ainda será mencionado no texto. Esse tipo de coesão é subdividido nos seguintes mecanismos: Substituição: o termo citado anteriormente é retomado por um pronome, numeral ou advérbio. 51 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Analise a tirinha abaixo: Figura 27: Coesão por substituição Fonte: http://apatossauros.files.wordpress.com/2007/10/calvinharodotira354.gif Acesso em 2 jan. 2015. Na tirinha, o personagem pergunta: “Você sabe o que há de errado com sua mãe?”. Calvin responde que não sabe, mas que ela foi ao médico hoje. Observe que o pronome ela retoma o substantivo mãe do quadrinho anterior. Para não repetir o termo “mãe”, ele foi substituído por “ela”. Dizemos que ocorreu coesão por substituição. Fácil, não é mesmo? Reiteração: o termo citado antes é repetido ou retomado por meio de palavras de sentido semelhante. Pode ocorrer através de sinônimos, repetições, hiperônimos, hipônimos ou nomes genérico. Vamos discutir alguns exemplos? Coesão recorrencial: servem para retomar expressões anteriores, mas, ao mesmo tempo, acrescentar novas informações. Ocorre por meio de paralelismos, recorrência de termos, paráfrases, elipses, ritmo e outros recursos fonológicos. Vejamos um exemplo nesta propaganda: A) Este cachorro faz festa para todo mundo. É um cão muito simpático e agradável. (Sinônimo) B) João comprou um Porsche, pois ele adora carros esportivos. (Hiperônimo – específico > geral) C) Tenho uma coisa para lhe dizer: não quero mais me encontrar com você. (Nome genérico) 52 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Figura 28: Coesão por elipse Fonte: http://www.propagandaemrevista.com.br/produtos/2815/Brinquedos/ Acesso em 10 jan. 2015. Nessa propaganda, aparece o período “Seu filho foi lá na lua, e já volta”. Analisando o slogan, podemos afirmar que ouve a elipse do termo “seu filho” no segundo trecho: seu filho já volta. Esse é outro mecanismo de coesão muito usado para evitar repetições desnecessárias. Sequencial: tem como objetivo fazer progredir o texto, fazer caminhar o fluxo de informações. A sequenciação pode ser temporal (indica a ordem e que ocorre os fatos do texto) ou lógica (indica a conexão lógica entre as ideias do texto). Vejamos os exemplos: No exemplo A, temos uma organização linear do tempo. No B, temos a conexão entre uma ideia e outra e o acréscimo de novas informações. Perceberam como o uso desses mecanismos é importante para as nossas produções de texto? Por meio deles, evitamos repetições e deixamos o texto mais claro e conciso. Compete a você, agora, utilizar esse conhecimento! A) Levantou, banhou-se, tomou o café e saiu. B) O trânsito foi interrompido devido às chuvas. Filas enormes formaram-se na avenida principal da cidade.
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