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Ordem econômica e financeira Estado liberal versus Estado social Estado liberal As constituições dos Estados liberais tinham por objeto apenas as normas essenciais e de governo, regime político, modo de aquisição e exercício do poder; Em relação aos particulares, tratavam apenas dos direitos e garantias fundamentais de primeira geração (direitos individuais e políticos), para a proteção dos indivíduos em face de eventuais arbitrariedades praticadas pelo Estado, no exercício do seu poder de império; As normas relativas às relações privadas ficavam a cargo do Código Civil fundamentado na liberdade e igualdade formais, dando suporte à autonomia da vontade, à propriedade privada e à liberdade contratual (pilares do liberalismo econômico); Tanto a liberdade como a igualdade eram vistas exclusivamente sob o ponto de vista formal (não substancial). Estado Social Além das regras de regência do Estado e de proteção dos indivíduos em face do poder estatal, as constituições dos Estados sociais contêm, ainda, um conjunto de normas de ordem social e econômica, tanto para a redução das desigualdades sociais, como também para incentivar o desenvolvimento nacional; Passou a ser um dos objetivos da Constituição evitar que a iniciativa econômica privada pudesse ser desenvolvida de maneira prejudicial à promoção da dignidade da pessoa humana e à justiça social; Houve, portanto, uma ampliação do campo de incidência do direito constitucional, o qual não mais ficou adstrito à regência exclusiva das relações jurídicas de direito público, passando a tutelas igualmente as relações de direito privado. Campo que outrora era reservado apenas ao CC; A constituição dos Estados sociais é não apenas fonte de interpretação, como também fonte normativa, por meio de seus princípios e regras, de aplicação direta de todos os ramos do direito, inclusive das relações privadas. Princípios gerais da atividade econômica Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: Soberania nacional Soberania é poder do Estado dotado de supremacia na ordem interna, não podendo sofrer qualquer limitação por outros poderes daquele mesmo Estado, e de independência na ordem externa, não estando sujeito a imposições de quaisquer outros entes internacionais. A ordem econômica brasileira deverá garantir a soberania nacional, ou seja, não poderá desenvolver-se de modo a colocar em risco a soberania nacional em face dos múltiplos interesses internacionais. Propriedade privada Propriedade privada = decorrente da economia de mercado do tipo capitalista; Também é um direito fundamental, de tão importante (art. 5º, XXII); Não é apenas um direito real; Desapropriação: art. 5º, XXIV; Propriedade intelectual: obras literárias, artísticas ou científicas. Função social da propriedade Objetivo: alcançar a justiça social; Refere-se ao dever, imposto ao titular do direito de propriedade, de utilizá-lo de maneira que interesse ao bem comum, na forma especificada tanto pela CF como pelas leis infraconstitucionais. Fundamento para o usucapião urbano e rural. Livre concorrência Além de constar como um dos princípios da ordem econômica, a Constituição também determina que a lei reprima o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros (art. 173, §4º); Defesa do consumidor Direito fundamental da pessoa (art. 5º, XXXII); A CF exige que o Estado tome todas as medidas necessárias à garantia da defesa do consumidor, diante do inequívoco avanço da economia de escala e da concentração econômica nas mãos dos empresários, fato que favorece toda sorte de práticas abusivas contra o consumidor; Para que uma relação jurídica possa ser considerada de consumo, é imprescindível que a mesma tenha por sujeitos as figuras do consumidor e do fornecedor, e por objeto o fornecimento de produto ou serviço. Necessita, ainda, do elemento teleológico, o qual impõe que o consumidor adquira ou utilize o produto ou serviço apenas como ser destinatário final. Defesa do meio ambiente Tem por objetivo exigir que a atividade produtiva respeite o meio ambiente, possibilitando que o Poder Público intervenha, sempre que necessário, para que a exploração econômica não o deteriore; Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (art. 3º, Lei 6.983/1981). Redução das desigualdades regionais e sociais e a busca do pleno emprego Estado do bem-estar social; O Poder Público pode realizar intervenções na ordem econômica para garantir o Estado de bem-estar social. Tratamento favorecido às empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede e administração no país Garantia de igualdade material (não apenas formal) às empresas em funcionamento no país, de maneira que as de menor porte, e que concentram a maioria dos empregos nacionais, possam sobreviver frente à concorrência muitas vezes agressiva dos grandes grupos econômicos. O Estado como explorador de atividade econômica Art. 173; Monopólio da união: art. 177; “Quer dizer, o art. 173 da CF está cuidando da hipótese em que o Estado esteja na condição de agente empresarial, isto é, esteja explorando, diretamente, atividade econômica em concorrência com a iniciativa privada. Os parágrafos, então, do citado art. 173, aplicam-se com observância do comando constante do caput. Se não houver concorrência – existindo monopólio, CF, art. 177 – não haverá aplicação do disposto no § 1º do mencionado art. 173.” (RE 407.099, voto do Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 22-6-2004, Segunda Turma, DJ de 6-8-2004.) O Estado como agente normativo e regulador da atividade econômica Art. 174; Art. 173 - §3º. Lei 12.529/2011 – Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência: prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais da liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico. SBDC O SBDC é formado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, com as atribuições previstas nesta Lei. O Cade é entidade judicante com jurisdição em todo o território nacional, que se constitui em autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede e foro no Distrito Federal. O Estado e a prestação de serviços públicas Art. 175; Regulamentação: Lei 8.987/1995 (Lei de concessões e permissões de serviços públicos); Concessão é a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco por prazo determinado. Concessão de SP precedida de execução de obra pública; Permissão: é a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação daqueles serviços, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Trata-se de contrato de adesão por prazo determinado que pode ser revogado a qualquer tempo. Política urbana Art. 182. Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade. Usucapião constitucional urbano Art. 183; Não conta tempo anterior à 1988, segundo o STF, para efeitos de usucapião; Estatuto da Cidade: art. 9º; § 3º; art. 11; art. 13. Usucapião especial coletivo (mais de 250 metros quadrados). Usucapião constitucional rural Art. 191. Desapropriação por necessidade e utilidade pública Decreto-lei 3.365/41; Mediante declaração de necessidade ou de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pelos entes federados; Necessidade pública: tem por principal característica a urgência na transferência da propriedade particular para o domínio do Poder Pública; Utilidade pública: aqui não há a urgência, havendo, contudo, conveniência e oportunidade na transferência da propriedade para a Administração; A desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou judicialmente, dentro de cinco anos, contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os quais este caducará. O pagamento do preço será prévio e em dinheiro. As dívidas fiscais serão deduzidas dos valores depositados, quando inscritas e ajuizadas. Desapropriação por interesse social A desapropriação por interesse social tem previsão no art. 5º, XXIV; Regulamentada na lei 4.132/62 e será decretada para promover a justa distribuição da propriedade ou para condicionar o seu uso ao bem estar social. Desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária Compete apenas à União; Imóveis rurais que não estejam cumprindo sua função social; Indenização prévia e justa em títulos da dívida agrária; Regulamentação: 8.629/1993 e LC 76/93 + 86/96; Não estão sujeitas: a pequena e média propriedade rural (desde que seu proprietário não possua outra) e a propriedade produtiva. ITD ou ITCMD: Fato gerador = transmissão de qualquer bem ou direito havido por sucessão legítima ou testamentária, inclusive a provisória; transmissão por doação, a qualquer título, de quaisquer bens ou direitos e a aquisição de bem ou direito em excesso pelo herdeiro ou cônjuge meeiro, na partilha, em sucessão causa mortis ou em dissolução de sociedade conjugal. Contribuinte: para quem foi transmitido o bem ou direito. ICMS: regulamentado pela LC 87/1996, alterada pelas LCs 92/97, 99/99 e 102/2000. Incide sobre diversas operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviço de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, mercadorias ou valores e prestações onerosas de serviços de comunicação por qualquer meio. Não incide sobre: art. 155, §2º, X. Contribuinte: qualquer pessoa que realize com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações iniciem no exterior. IPVA: fato gerador = a propriedade do veículo automotor de circulação terrestre; Contribuinte: proprietário do veículo. Ao DF também cabe a instituição de impostos municipais. Competências tributárias dos Municípios I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. IPTU: fato gerador = a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido a lei civil, localizado na zona urbana do município. Contribuinte: proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. ITBI: fato gerador: transmissão onerosa de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição. Contribuinte: qualquer das partes na operação tributada, conforme dispuser a lei municipal específica que o instituir. ISS: fato gerador = a prestação por empresa ou profissional autônomo, dos serviços descritos na lista de serviços da Lei Complementar nº 116/2003. Não incide sobre os serviços do ICMS. Não incide sobre locação de bens móveis ou imóveis. Contribuintes: quem presta o serviço tributável. Repartição das receitas tributárias Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da competência (residual) que lhe é atribuída pelo art. 154, I. Art. 158. Pertencem aos Municípios: I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; II - cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III III - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios; IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes critérios: I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios; II - até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territórios, lei federal.
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