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Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br BIBLIOTECA PARA O CURSO DE TUTORIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Selecionamos para você uma série de artigos, livros e endereços na Internet onde poderão ser realizadas consultas e encontradas as referências necessárias para a realização de seus trabalhos científicos, bem como, uma lista de sugestões de temas para futuras pesquisas na área. Primeiramente, relacionamos sites de primeira ordem, como: www.scielo.br www.anped.org.br www.dominiopublico.gov.br SUGESTÕES DE TEMAS 1. A PRÁTICA DOS TUTORES EM UM PROGRAMA DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA A DISTÂNCIA: avanços e desafios 2. FUNÇÕES E ESTRATÉGIAS DO TUTOR NA EAD 3. A PRÁTICA DO TUTOR 4. PRINCIPAIS DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS TUTORES 5. A PRÁTICA DOS TUTORES DO CURSO DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 6. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 7. CONVERSANDO SOBRE DUAS PROPOSTAS METODOLÓGICAS INOVADORAS: a aprendizagem baseada em problemas e a metodologia da problematização 8. QUESTÕES DE ENSINO NA UNIVERSIDADE: conversas com quem gosta de aprender para ensinar 9. A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E A NOVA SAÚDE PÚBLICA 10. A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DA LIBERDADE 11. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: categorias para uma nova pedagogia do trabalho Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 2 12. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: algumas considerações 13. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: temas para o debate de uma nova agenda educativa 14. O TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 15. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: temas para um debate de uma nova agenda educativa 16. O QUE É EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 17. FORMANDO PROFESSORES PROFISSIONAIS: três conjuntos de questões 18. FORMANDO PROFESSORES PROFISSIONAIS: Quais Estratégias? Quais Competências? 19. ABRINDO TRILHAS, DESCORTINANDO NOVOS HORIZONTES NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 20. A PEDAGOGIA DAS COMPETÊNCIAS E A PSICOLOGIZAÇÃO DAS QUESTÕES SOCIAIS 21. EDUCANDO O PROFISSIONAL REFLEXIVO: um novo design para o ensino e a aprendizagem 22. FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL A DISTÂNCIA: profissionalizando o docente em saúde 23. TUTORIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: avaliação e compromisso com a qualidade 24. A DIDÁTICA EM QUESTÃO 25. APRENDIZAGEM ESCOLAR E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO. 26. QUESTÕES PARA A TELEDUCAÇÃO 27. CIBERCULTURA 28. EM FOCO: educação e tecnologias 29. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA INTERNET: abordagens E CONTRIBUIÇÕES DOS AMBIENTES DIGITAIS DE APRENDIZAGEM 30. ABORDAGENS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 31. AMBIENTES DIGITAIS DE APRENDIZAGEM 32. AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COM SUPORTE EM AMBIENTES DIGITAIS DE INTERAÇÃO E APRENDIZAGEM Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 3 33. INTEGRAÇÃO DE DIFERENTES TECNOLOGIAS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 34. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EM AMBIENTES DIGITAIS DE INTERAÇÃO E APRENDIZAGEM, LEITURA E ESCRITA 35. INCORPORAÇÃO DA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO NA ESCOLA: vencendo desafios, articulando saberes, tecendo a rede 36. FORMANDO PROFESSORES PARA ATUAR EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM 37. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: formação de professores em ambientes virtuais e colaborativos de aprendizagem 38. O COMPUTADOR NA ESCOLA: contextualizando a formação de professores 39. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EM MEIO DIGITAL: novos espaços e outros tempos de aprender, ensinar e avaliar 40. APRENDIZAGEM COLABORATIVA: o professor e o aluno ressignificados 41. CRIANDO SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA 42. INTERNET E FORMAÇÃO DE EDUCADORES A DISTÂNCIA 43. UMA TAXONOMIA PARA AMBIENTES DE APRENDIZADO BASEADOS NO COMPUTADOR 44. O COMPUTADOR NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO 45. AUTONOMIA E DISTÂNCIA TRANSACIONAL NA FORMAÇÃO A DISTÂNCIA 46. CIBERESPAÇO E FORMAÇÕES ABERTAS 47. DESIGN INSTRUCIONAL E CONSTRUTIVISMO: em busca de modelos para o desenvolvimento de software 48. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR BÁSICA NO BRASIL 49. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) NA GRADUAÇÃO: as políticas e as práticas 50. TECNOLOGIA E ENSINO PRESENCIAL E A DISTÂNCIA 51. O PARADIGMA EDUCACIONAL EMERGENTE 52. NOÇÕES DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 53. O CIBERESPAÇO: um dispositivo de comunicação e de formação midiatizada Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 4 54. CIBERESPAÇO E FORMAÇÕES ABERTAS: rumo a novas práticas educacionais? 55. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA POSSIBILITANDO A FORMAÇÃO DO PROFESSOR COM BASE NO CICLO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA 56. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: fundamentos e práticas 57. SALA DE AULA INTERATIVA 58. TUTORIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 59. HIPERTEXTUALIDADE E CULTURA CONTEMPORÂNEA 60. SER PRESENÇA COMO EDUCADOR, PROFESSOR E TUTOR 61. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: causas e princípios 62. PROFESSOR, TUTOR E EDUCADOR 63. A QUESTÃO DOS VALORES, CAPACIDADES, ATITUDES E DISPOSIÇÃO NO TRABALHO DE TUTORIA 64. A TUTORIA E AS SISTEMATIZAÇÕES DA APRENDIZAGEM 65. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: uma prática educativa mediadora e mediatizada 66. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL: a busca de identidade 67. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: inícios e indícios de um percurso 68. NOVAS TECNOLOGIAS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: um intento de compreensão 69. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: uma nova concepção de aprendizagem e interatividade 70. OS NOVOS MODOS DE COMPREENDER: a geração do audiovisual e do computador 71. A INTEGRAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO AOS PROCESSOS EDUCACIONAIS 72. TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: avaliando políticas e práticas 73. TELECOMUNICAÇÃO OU EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - fundamentos e métodos 74. A ERA DA INFORMAÇÃO: economia, sociedade e cultura: a sociedade em rede Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 5 75. ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA 76. MUDANÇAS PROMOVIDAS PELA APRENDIZAGEM COLABORATIVA E PELA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO EM SALA DE AULA: sistemas estruturais 77. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: orientações metodológicas 78. EUREKA: um ambiente de aprendizagem cooperativa baseado na web para educação à distância 79. PROFESSORES E COMPUTADORES NAVEGAR É PRECISO 80. PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: saberes necessários à prática educativa 81. MULTIMÍDIAS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES 82. INTRODUÇÃO A PEDAGOGIA DA TELA 83. COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO: guia para o ensino com novas tecnologias 84. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: uma articulação entre a teoria e a prática 85. FUNDAMENTOS DA TUTORIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 86. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: viabilidades, potencialidades e limites Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 6 ARTIGOS PARA LEITURA, ANÁLISE E UTILIZAÇÃO COMO FONTE OU REFERENCIA Interface - Comunicação, Saúde, Educação Print version ISSN 1414-3283 Interface (Botucatu) vol.10 no.20 Botucatu July/Dec. 2006 doi: 10.1590/S1414-32832006000200014 A PRÁTICA DOS TUTORES EM UM PROGRAMA DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA A DISTÂNCIA: avanços e desafios*Maria de Fátima S. O. Barbosa I, 1 ; Flavia Rezende II I Professora, Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro. <fatimabarbosa@mls.com.br> II Professora, Laboratório de Tecnologias Cognitivas, Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro. <frezende@nutes.ufrj.br> RESUMO Este trabalho foi realizado no âmbito de um programa de formação pedagógica a distância de trabalhadores da área de enfermagem, buscando conhecer a prática dos tutores e os obstáculos e desafios enfrentados por eles na ação educativa a distância. Os obstáculos apontados pelos tutores foram: dificuldade em assimilar a concepção pedagógica construtivista nas atividades de tutoria (transpor a proposta pedagógica para a prática); dificuldade no uso das tecnologias; falta de infra- estrutura de telecomunicações de alguns municípios; dificuldade em realizar atividades necessárias ao desenvolvimento do curso em função da falta de tempo. Os tutores consideraram um desafio desempenhar a tutoria, por ser uma experiência nova para a qual não há modelo predefinido a seguir. Os resultados indicaram que a educação a distância ainda não foi culturalmente assimilada pelos tutores e que superar a distância pode ser ainda mais difícil para profissionais de enfermagem que possuem dupla jornada de trabalho. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 7 Palavras-chave: educação a distância. educação profissionalizante. enfermagem. tutoria. O contexto do estudo As diretrizes básicas para a política atual de Saúde no Brasil foram elaboradas no âmbito da Constituição de 1988, quando foi implantado o Sistema Único de Saúde (SUS), alicerçado no Art. 1º. (da Constituição), que promulga que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, assegurando o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde para sua promoção, proteção e recuperação, mediante políticas sociais e econômicas (Brasil, 1999). O SUS oferece um novo paradigma no campo da saúde, rompendo de forma decisiva com o modelo médico-assistencial privatista de prestação de serviços e trazendo uma nova concepção de atendimento. Por isso mesmo, a exigência de práticas voltadas para a vigilância à saúde desenvolvidas pelos seus profissionais (Bomfim & Torrez, 2002). Essas práticas envolvem novos conhecimentos, procedimentos e abordagens sobre: processo saúde-doença, segurança no trabalho, novas maneiras de lidar com o público que procura o Sistema de Saúde, novas funções administrativas e gerenciais, dentre outros. Além disso, os profissionais da área de Enfermagem inseridos nessa prática devem ser capazes de usar conhecimentos científicos e saberes tácitos, razão e emoção, racionalidade e utopia para o exercício do cuidar, verbo "fundante" dos profissionais de Enfermagem, e utilizar as novas práticas profissionais que lhes são exigidas nesse novo cenário (Kuenzer, 2006). O Ministério da Saúde, considerando as reivindicações da sociedade organizada e a histórica luta da área da saúde, lança, em 1999, o Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem - PROFAE (Brasil, 2002), financiado pelo Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Banco Mundial), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Organização das Nações Unidas (ONU), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Este Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 8 Projeto está estruturado em dois componentes de atuação: o Componente 1 (Profissionalização e Escolarização), que se ocupa da formação profissional e da complementação do ensino fundamental dos trabalhadores em Enfermagem, e o Componente 2 (Conhecimento e desenvolvimento em Saúde), com o objetivo de "impulsionar as condições que darão sustentabilidade à política de Educação Profissional na área de Saúde" (Torrez, 2001, p.13). Neste componente, é oferecido o Curso de Formação Pedagógica em Educação Profissional na Área de Saúde: Enfermagem (CFPE), em nível de especialização, dirigido aos enfermeiros que exercem a docência nos cursos do Componente 1. O CFPE é oferecido em todo o Brasil utilizando a modalidade da educação a distância (EaD), e se apóia em pressupostos teóricos inovadores, materiais educativos impressos, na mediação pedagógica exercida por tutores, e no uso dos recursos tecnológicos da informática. O curso tem como objetivos suprir a necessidade urgente de formar professores especializados no campo da ação educativa na área de saúde (Enfermagem), e oferecer uma alternativa de atualização para os docentes que almejam alcançar melhores níveis de qualificação profissional e autonomia, mediante a utilização dos meios tecnológicos de comunicação e informação. A modalidade de EaD representa, para os profissionais da saúde, uma alternativa viável para a formação continuada, na medida em que eles não precisam se afastar de seu local de trabalho para estudar, fator de grande relevância para essa clientela, com múltiplos vínculos de trabalho (Fiocruz-EaD/ENSP, 2000). Tendo em vista o caráter inovador do PROFAE, no que se refere à educação profissional na área de enfermagem, aos princípios pedagógicos adotados no CFPE e à utilização da modalidade de EaD por profissionais que estão desempenhando pela primeira vez o papel de tutores, torna-se importante investigar a prática desses tutores no sentido de realimentar a própria implementação do projeto. O objetivo geral da pesquisa foi investigar os processos educativos a distância no âmbito do CFPE. O objetivo específico foi caracterizar a prática dos tutores do CFPE em diferentes contextos regionais de atuação, tendo como eixos as seguintes Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 9 questões norteadoras: Como os tutores se apropriam dos pressupostos pedagógicos e dos materiais educativos do curso?; Como os tutores se apropriam dos meios de comunicação para estabelecer a ação educativa a distância?; e Quais são as principais dificuldades inerentes à prática do tutor do CFPE? Espera-se contribuir nos aspectos teóricos e práticos para a EaD no contexto da educação profissional em enfermagem, principalmente, no que diz respeito à compreensão do papel dos tutores. Funções e estratégias do tutor na EaD Nas primeiras experiências em EaD, quando os cursos eram oferecidos por correspondência, o ensino se inspirava no modelo fordista de divisão de tarefas, baseadas na transmissão de informação e calcadas no cumprimento de objetivos. O aluno estudava por módulos instrucionais, que tinham a função de ensinar. Nesse modelo, a figura do tutor era praticamente inexistente e sem muito valor, já que ele desempenhava apenas o papel de 'acompanhante' do processo de aprendizagem do aluno. Esse modelo de ensino repercutiu muito negativamente na aceitação da EaD, porque eram identificados, em seus processos, os elementos do modelo fordista da produção industrial (Belloni, 1999). A partir da década de 1980, acompanhando as mudanças sociais, novas concepções pedagógicas de ensino e aprendizagem passam a influenciar projetos e programas na modalidade a distância (Maggio, 2001). A ênfase que era dada à transmissão de informação e ao cumprimentode objetivos foi substituída pelo apoio à construção do conhecimento e aos processos reflexivos, aparecendo a idéia de tutor como aquele que dá apoio à construção do conhecimento. Segundo Belloni (1999), a partir de então, passam a coexistir duas orientações teórico-filosóficas no campo da educação e, particularmente, da EaD: o modelo antigo, baseado nos processos "fordistas" de ensino; e o modelo mais moderno, cujos objetivos e estratégias visam a se afastar do behaviorismo de massa em direção a um modelo mais aberto, flexível, humanista e menos tecnocrata (Belloni, 1999). Nesse percurso da EaD, a tutoria passa a ser considerada como um dos fatores fundamentais para o bom desempenho do aluno. Assim, o tutor tem sido Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 10 objeto de estudo de diversos autores e, de acordo com as concepções pedagógicas do curso no qual ele está envolvido, recebe variadas denominações, tais como: orientador, professor, facilitador da aprendizagem, tutor-orientador, tutor-professor, e até mesmo animador de rede. Entretanto, o perfil de tutor ainda não está completamente configurado e, nessa indeterminação de funções, o professor é quem tem ocupado esse lugar. Belloni (1999) lista algumas das funções que o professor está assumindo para desempenhar o papel de tutor na EaD (Quadro 1). Garcia Aretio (2001) apresenta três funções para o tutor: a função orientadora, mais centrada na área afetiva, a função acadêmica, mais relacionada ao aspecto cognitivo, e a função institucional, que diz respeito à própria formação acadêmica do tutor, ao relacionamento entre aluno e instituição e ao caráter burocrático desse processo. A função orientadora se apóia nos processos de integralidade - orientação dirigida a todas as dimensões da pessoa; universalidade - orientação dirigida a todos os orientandos; continuidade - orientação durante todo o processo de ensino- aprendizagem; oportunidade orientação nos momentos críticos da aprendizagem; e participação - todos os tutores devem participar do processo de aprendizagem do aluno matriculado em mais de uma disciplina na mesma instituição. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 11 Na EaD, a tutoria pode ser desempenhada de forma presencial, semipresencial ou a distância (Moran, 2005). A modalidade presencial, que se realiza por contatos presenciais com os alunos, individualmente ou em grupos, visa a elucidar questões referentes às dificuldades de conteúdo e dúvidas quanto à metodologia ou aos aspectos estruturais do curso, tais como provas, trabalhos acadêmicos etc. (Belloni, 1999; Landim, 1997; Litwin, 2001; Maggio, 2001). A tutoria semipresencial ainda é o tipo mais utilizado pelos centros que oferecem ensino a distância, por ser considerado o método mais eficaz para a tutoria. No que diz respeito à tutoria a distância, realizada por meio de correio postal, eletrônico, carta, fax, telefone, Garcia Aretio (2001) alerta que nem sempre o aconselhamento pode ser feito por correio postal ou eletrônico, dado que nem tudo pode ser expresso facilmente por escrito, uma vez que nem todos têm facilidade para redigir uma carta ou mensagem eletrônica. O autor aponta o telefone como um meio recomendável para a tutoria a distância, já que permite uma relação imediata e interpessoal com a mesma rapidez com que a relação que poderia acontecer numa sala de aula. Além de poder transmitir informações, resolver problemas pontuais, gerando idéias e reflexões (Garcia Aretio, 2001), a tutoria por telefone, em muitos casos, é um meio de superar a sensação de solidão do aluno nessa modalidade de ensino, além de resolver dúvidas, dar orientação, conectar oralmente tutor e aluno e, em casos específicos, evitar deslocamentos; levando em consideração estas características, a tutoria por telefone tem muitas das funções da tutoria presencial. O Curso de Formação Pedagógica em Educação Profissional - Enfermagem (CFPE) Principais características O CFPE é um curso oferecido a distância para graduados, pós-graduados e licenciados em Enfermagem, com carga horária prevista de 660 horas, contando com encontros presenciais entre tutor e aluno e provas presenciais, em sintonia com a lei e decretos que regulamentam a EaD (Brasil, 1998). Nesse curso, o aluno é reconhecido como aluno-enfermeiro-professor e o tutor, em sua maioria mestres e Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 12 doutores, como tutor-professor. O objetivo das avaliações dos alunos do CFPE privilegia o desenvolvimento de atitudes que, além de contribuírem para uma formação crítico-reflexiva do aluno-enfermeiro-professor, poderão contribuir também para o desenvolvimento das competências sociopolíticas desse aluno. Entre os recursos de comunicação utilizados, além dos Correios e Telégrafos, o curso dispõe de uma linha 0800, fax, e tem o apoio complementar de um site na internet, ambiente para veicular informações sobre eventos e seminários, troca de informações entre alunos e tutores, contendo uma biblioteca virtual na qual os alunos têm acesso às notas, aos textos complementares dos módulos impressos e ao "Fale conosco". Esse ambiente é acessado via senhas dos tutores, coordenadores e alunos. O material didático do CFPE tem como objetivo apoiar as atividades pedagógicas do tutor e do aluno. A elaboração do material didático envolveu uma equipe multidisciplinar de diferentes áreas do conhecimento. Foi desenvolvido pelo Programa de EaD-Fiocruz, especificamente para o curso, por especialistas das áreas de educação e enfermagem privilegiando conteúdos programáticos que garantem estreita e concomitante relação entre teoria e prática. Esse material é composto de 11 módulos impressos, divididos em três núcleos: contextual, estrutural e integrador. Os módulos são organizados de modo a permitirem que o aluno percorra um caminho que parte da educação para a educação profissional e, ao fim, atinja a competência profissional crítico-reflexiva. Nos temas dos núcleos contextual e estrutural, os alunos realizam as atividades propostas em cada módulo, enviadas ao tutor para avaliação. Já as atividades propostas nos movimentos do núcleo integrador incluem momentos presenciais, quando o aluno participa de grupos de trabalho nas instituições de educação profissional de nível técnico em saúde. Os objetivos do CFPE presumem a aprendizagem orientada para a cidadania, a participação ativa e o desenvolvimento do pensamento crítico. Para isso, o modelo pedagógico do curso utiliza a abordagem problematizadora (Berbel, 1999) como geradora de temas de discussões e debates entre tutor, aluno e grupo, consoantes com a prática cotidiana de um profissional de enfermagem. A prática em enfermagem deve ser orientada pelo comprometimento com o outro, com o social, Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 13 contemplando um currículo aberto, com possibilidade de trocas entre os atores, e deve orientar seus tutores-professores e alunos-professores a serem sujeitos de sua práxis pedagógica. A prática do tutor O CFPE pode ser visto como um modelo de EaD que apresenta, em sua estrutura, as características de transição do modelofordista de ensino para o modelo mais flexível, dinâmico e descentralizado, com uma concepção fundamentada na prática pedagógica crítica e reflexiva, humanista e menos tecnocrata de seus tutores (Freire, 1996, 1994). A proposta pedagógica do curso enfatiza a relação dialógica (Bernstein, 1990; Freire, 1996) que centraliza o processo de ensino-aprendizagem no aluno, no qual o papel do tutor é de parceria, constituindo-se em estímulo para a aprendizagem e incentivo à reflexão. Neste aspecto, um dos desafios do curso é alavancar essa mudança de papel dos tutores, uma vez que estes vêm de uma "formação de racionalidade técnica de inspiração positivista" (Bomfim & Torrez, 2002, p.17). Além disso, a relação entre tutores e alunos traz para esses atores algumas dificuldades sobre os limites e ações dessa prática, que esbarram tanto nas questões burocráticas quanto nas questões do discurso pedagógico que se estabelece entre ambos (Bernstein, 1999). O desenvolvimento do processo pedagógico do curso deve ser apoiado pela tutoria, tanto a distância quanto em momentos presenciais, tendo o aluno como centro do processo educacional e o movimento reflexão na ação como caminho para a construção do conhecimento (Fiocruz-EaD/ENSP, 2000). No entanto, percebe-se que ainda há necessidade de inovações que proporcionem melhor adequação dos processos avaliativos e burocráticos ao modelo pedagógico do curso e à modalidade específica da EaD. O CFPE prevê que, além da formação acadêmica, com formação a partir da especialização, o tutor tenha um papel diferenciado para atender aos princípios pedagógicos do curso. Para tal, o tutor recebe uma formação inicial, que é oferecida na Oficina de Tutores, visando garantir sua preparação, e um acompanhamento Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 14 contínuo, propiciado por espaços próprios que visam a incentivar a troca e construção de conhecimentos entre o grupo de tutores. Coerentemente com os pressupostos pedagógicos do CFPE, o tutor deve orientar o aluno para que esse possa ser gestor de seu próprio conhecimento, assim como dominar um conjunto de técnicas que possibilite a ele planejar seus estudos no que se refere à pesquisa, estruturação de carga horária semanal ou diária de estudo, agendamento dos encontros presenciais etc. Esse planejamento insere-se no âmbito da construção da autonomia do aluno que, ao final do curso, deve estar apto a: atuar como agente multiplicador de concepções de saúde compatíveis com os pressupostos do SUS; e a disseminar uma maneira de cuidar que resgate a dignidade do usuário, desperte sua consciência social e respeite sua cidadania. Em relação à dimensão da comunicação, o CFPE pretende estabelecer entre tutor- professor e aluno-enfermeiro-professor um diálogo criativo, viabilizado pelos meios de comunicação, de modo a tornar a ausência física uma presença quase real. Esse diálogo se alicerça nos pressupostos de Freire (1996), segundo os quais a comunicação dialógica assume as perspectivas filosófica, social, antropológica e histórico-crítica. O tutor do CFPE tem como tarefa formar professores-profissionais, "que formarão, por sua vez, cuidadores de pessoas". Isto exige dele compromisso ético que, nesse contexto, é a responsabilidade social inerente a quem atua na área de educação, incluindo aí a adoção de relações pautadas no diálogo, respeito, na justiça e solidariedade (Fiocruz-EaD/ENSP, 2000), haja vista que as situações-problema, que surgem como desafios para o profissional de saúde, não podem ser resolvidas apenas com conhecimento técnico-científico. A prática em saúde requer ações que extrapolam o âmbito puramente científico, no qual a utilização de métodos e técnicas seriam suficientes para dar conta dos resultados a alcançar. Nesse sentido, o CFPE estabelece que a prática dos tutores deve estar pautada em um conjunto de competências que se baseiam nas competências humanas para a saúde e que estão em sintonia com as funções do tutor, apresentadas no quadro 1. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 15 Dentre suas atividades, o tutor do CFPE deverá propor a discussão de situações- problema do cotidiano profissional do aluno, que é o cerne da metodologia do curso; avaliar os trabalhos elaborados pelos alunos; dar respostas às mensagens eletrônicas dentro da maior brevidade possível; registrar as avaliações do aluno no site do curso; esclarecer dúvidas pessoalmente ou por um dos meios de comunicação; gerir a aprendizagem do aluno, estimulando-o a buscar informações e a formular hipóteses. Essas ações não são predefinidas e pré-modeladas: cada tutor fará seu próprio percurso, carregado de sua experiência como docente, de acordo com a necessidade do aluno e com a situação que ele enfrenta. Deve-se ressaltar que a prática dos tutores é uma intersecção de diferentes contextos e regida por regulações organizacionais (Nóvoa, 1999), fatos que influenciam na autonomia desses profissionais. Além disso, essa mudança no papel educativo do tutor, requer, tal como para os professores, também uma mudança cultural (Nóvoa, 1999). Metodologia O estudo apresenta uma abordagem quanti-qualitativa tendo um olhar para a compreensão da prática dos tutores do CFPE. Segundo Goldenberg (1999, p.62), "a integração da pesquisa quantitativa e qualitativa permite que o pesquisador faça um cruzamento de suas conclusões de modo a ter mais confiança nos dados". Este tipo de pesquisa permite entrevistar, aplicar questionários, investigar diferentes questões em diferentes ocasiões, utilizar fontes documentais e dados estatísticos (Goldenberg, 1999). Neste estudo foram utilizados o questionário e a entrevista. O questionário foi escolhido como instrumento apropriado para colher informações com os tutores em função da localização geográfica variada da população-alvo da pesquisa, levando-se em conta a praticidade para a obtenção de respostas e a facilidade de distribuição do instrumento. Para aprofundar algumas questões, foi escolhida a entrevista, pois esta é, segundo Gil (1994), uma forma de interação social na qual uma das partes está buscando coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 16 O questionário foi elaborado com 55 perguntas fechadas, dez semi-abertas (respostas fechadas e abertas na mesma pergunta) e quatro questões abertas sobre aspectos da prática do tutor e da EaD. Esse questionário foi enviado por correio eletrônico para os coordenadores de Núcleo de Apoio ao Docente-NAD das cinco regiões do Brasil, que deveriam redistribuí-lo para os tutores de seu núcleo. Esse instrumento era acompanhado de uma carta de apresentação na qual se solicitava a participação dos tutores, e mais os termos de consentimento livre e esclarecido para utilização dos dados na pesquisa. Os coordenadores de NAD foram contatados previamente durante uma oficina de capacitação e, nesse encontro, eles se comprometeram a repassar o questionário aos tutores que estavam sob sua coordenação. Do total de 377 tutores trabalhando no projeto na época da pesquisa (2002 a 2004), 67 responderam ao questionário, enviando-o à pesquisadora tanto por correio eletrônico como por correio postal. A amostra do trabalho foi composta por esses 67 tutores que responderamao questionário. Foram realizadas entrevistas com uma aluna, uma tutora e com uma coordenadora, gravadas em fita K-7. A transcrição foi literal e todo o conteúdo foi analisado, seguindo as etapas de pré-análise, exploração de material e tratamento dos resultados (Bardin, 1977). A fase de análise e interpretação dos resultados caracterizou-se pelas inferências e interpretações realizadas com base no levantamento dos temas e das categorias da análise de conteúdo. Para isso, foram considerados temas que exprimissem percepções dos tutores sobre a experiência de tutoria. A soma dos resultados gerados por esses instrumentos compõe um quadro amplo da prática dos tutores do CFPE, que permitiu fazer interpretações e aprofundar questões específicas envolvidas na realidade estudada. Resultados do estudo Caracterização da amostra Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 17 A análise dos dados pessoais da amostra de tutores do CFPE mostrou que a grande maioria dessa população é constituída de mulheres, em média, com 45 anos, brancas, casadas, com filhos e naturais do Estado onde atuam como tutoras. A faixa salarial dos tutores do CFPE está em torno de dois a quatro mil reais, padrão que pode ser considerado alto para a realidade brasileira em relação ao salário das enfermeiras. O nível salarial dos tutores da região Centro-Oeste se equiparou ao de regiões mais desenvolvidas, como Sul e Sudeste. A formação dos tutores do CFPE é, majoritariamente, em enfermagem, com mestrado na área de saúde. Parte dos tutores estudados tem doutorado e poucos são especialistas, além de terem cursos de extensão em Informática ou, pelo menos, conhecimentos básicos na área, o que significa que o CFPE possui um quadro de tutores com formação adequada para o exercício das funções requeridas. Apropriação dos pressupostos pedagógicos do CFPE Muitos tutores afirmaram que já utilizavam os pressupostos pedagógicos do CFPE no ensino presencial e não apontaram dúvidas quanto ao entendimento desses pressupostos. No entanto, há uma contradição nesse aspecto, na medida em que muitos indicaram o núcleo contextual como o mais difícil, sendo justamente, neste núcleo, discutidos os pressupostos filosóficos e teóricos da educação, os quais fundamentam a formação pedagógica dos alunos. Este resultado pode indicar a dificuldade desses tutores, mestres e doutores em transpor a formação de racionalidade técnica de inspiração positivista para a prática pedagógica crítica e reflexiva, humanista e menos tecnocrata, citada anteriormente. Para executar um bom trabalho de tutoria, os tutores precisam também do comprometimento dos alunos quanto às atividades que têm de ser desenvolvidas. Entretanto, os tutores responderam que seus alunos não têm apresentado empenho nas leituras complementares, que fazem parte do roteiro de atividades. Isso pode representar mais trabalho para o tutor, que tem de incentivar o aluno a utilizar estratégias para tentar reverter a situação, e também pode repercutir no desempenho do aluno, gerando avaliações negativas. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 18 Os tutores do CFPE dão plantões de quatro horas semanais para os atendimentos presenciais, complementados pela orientação a distância ou presencial de duas a 16 horas semanais. Esse intervalo mostrou que há uma grande diferença quanto ao tempo de dedicação dos professores à tutoria. Os tutores informaram que dedicam de duas a quatro horas semanais para o estudo do material didático, que, somadas à sobrecarga de atividades cotidianas e profissionais, tornam o trabalho do tutor um exercício oneroso. Consideraram que a metodologia de EaD é mais difícil de ser assimilada pelo aluno do que por eles. O material didático do curso foi considerado bom pela aluna, pela tutora e pela coordenadora entrevistadas, por oferecer referenciais teóricos que estão modificando a prática educativa tanto do tutor quanto do aluno. Entretanto, apesar de ter sido considerado de boa qualidade pelas entrevistadas, isto não tem garantido que as alunas realizem as leituras complementares sugeridas. Na análise da entrevista com a aluna, pôde-se perceber que os aspectos metodológicos do curso e a relação pedagógica entre ela e sua tutora foram os fatores que contribuíram, satisfatoriamente, para a conclusão do curso. A metodologia enfatizada pelos pressupostos teóricos do CFPE foi posta em prática quando a tutora propôs a análise de um problema real, trazido pela aluna, que gerou discussões e atividades posteriores, coerentes com a metodologia da problematização (Berbel, 1998). A atuação da tutora foi considerada, pela aluna, como grande impulsionadora do desempenho no curso, já que criava situações interacionais com o grupo, mobilizando os alunos para a discussão e buscando deles o envolvimento nas tarefas. Para isso, a tutora estimulava o processo comunicacional, estando acessível a qualquer momento. Segundo a aluna, esse diferencial contribuiu para que ela e seus pares conseguissem um resultado satisfatório no curso, diferentemente de outros casos de tutores dos quais ela teve notícias por meio de outros alunos. Apropriação dos meios de comunicação Com respeito à utilização dos meios de comunicação, o telefone fixo foi o meio mais utilizado pelos tutores para comunicação com o aluno, seguido do correio eletrônico, Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 19 celular, fax e correios. Apesar de a infra-estrutura do curso oferecer todos os meios para que a comunicação se efetive, nem sempre os alunos respondem satisfatoriamente à comunicação necessária, demonstrando certa resistência em utilizar os meios disponíveis para a comunicação. Nesse caso, o tutor utilizava o telefone fixo para manter contato, tanto para tirar as dúvidas sobre as atividades do curso, quanto para incentivá-los a permanecer no curso. Muitas vezes, esse incentivo repercutiu numa relação mais imediata e interativa, fato relatado pelos tutores. A ferramenta "Fale conosco" do site do curso não é utilizada, pois os tutores preferem utilizar seus próprios endereços eletrônicos para comunicação com os coordenadores, alunos e gerência. Principais dificuldades enfrentadas pelos tutores Muitas atividades que o tutor e o aluno desempenham no seu cotidiano são difíceis para ambos, acarretando dificuldades tanto cognitivas (como, por exemplo, não dominar "o processo de internet" ou "entender o processo de EaD"), quanto operacionais (como, por exemplo, "a falta de comunicação com aqueles que não têm email"). Os dados permitem inferir que a modalidade de EaD ainda não foi culturalmente assimilada pelos tutores do CFPE, já que alguns consideraram que a interação com o aluno é fria e sentem falta do "olho no olho". Os dados revelaram que o tutor tem dificuldade para dar conta de todas as atividades necessárias à tutoria, e o aluno tem dificuldade para cumprir os prazos estabelecidos pelo curso para entrega de trabalhos, em função da falta de tempo, pois, ambos, tutor e aluno desse curso, têm mais de um emprego (Polak & Reich, 2002). Outro problema enfrentado, relatado pelos tutores, diz respeito à comunicação com o aluno, que não é satisfatória, e os motivos que contribuem para isso podem ser não conseguir localizar o aluno ou pela falta de infra-estruturade telecomunicações de alguns municípios, que impede a comunicação por telefone fixo e correio eletrônico. Mas, mesmo quando os meios estão disponíveis, a comunicação é insuficiente, talvez pela falta da cultura2 inerente ao processo educativo a distância. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 20 Os tutores consideram muito trabalhoso desempenhar a tutoria, seja por representar uma sobrecarga de trabalho, seja por ser uma nova experiência para a qual não há modelo predefinido a ser seguido. Para eles, dar conta de todas as exigências que o processo educativo a distância impõe e, ainda, manter a constante interação com o aluno, é um grande desafio. A tutora entrevistada revelou que a oficina de tutores não foi vista como uma experiência proveitosa. A tutora apontou alguns pontos negativos da oficina, como o excesso de atividades a executar em um curto espaço de tempo e conversas dispersivas em detrimento da objetividade que seria necessária ao contexto. A entrevista com a coordenadora revelou suas atribuições relacionadas com a administração educacional do curso e o modo como resolveu questões relacionadas com a preparação dos tutores e com a comunicação entre tutores e alunos, criando pólos estratégicos para oferecer condições de o aluno participar das atividades presenciais, o que pode indicar necessidade de mudança em aspectos da administração do curso. Conclusões e recomendações Os resultados obtidos neste estudo possibilitaram traçar um quadro da prática dos tutores do CFPE e permitiram avançar na compreensão dessa prática. Os resultados indicaram que os tutores do CFPE desempenham a função orientadora (Garcia Aretio, 2001), que visa todas as dimensões da pessoa humana, além da orientação planejada de todo o processo de aprendizagem do aluno. Essa conclusão pode ser um indício de que a prática dos tutores é coerente com a que foi idealizada pela coordenação do curso. Alguns aspectos da concepção pedagógica adotada pelo curso não foram completamente assimilados no transcorrer das atividades de tutoria. Isto pode ser resultado da dificuldade dos tutores em transpor a proposta pedagógica para a prática. No entanto, há indícios de que os pressupostos teóricos norteadores do construtivismo e da autonomia do aluno (Freire, 1996) foram fatores de impacto na prática dos tutores, sobretudo, se considerada a formação positivista dos profissionais de enfermagem (Torrez, 2001; Carvalho, 2000; Polak & Reich, 2002). Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 21 A modalidade de EaD ainda não foi culturalmente assimilada pelos tutores do CFPE, na medida em que a interação a distância com o aluno é considerada "fria". Essa percepção é aceitável se considerarmos que a cultura brasileira privilegia o contato físico, a comunicação, as relações de vizinhança, diferentemente da cultura européia, na qual se orienta o ensino a distância. Além disso, lidar com a distância pode ser ainda mais difícil para os profissionais de enfermagem, cuja prática se apóia intrinsecamente no contato físico. A questão da dificuldade de tutores e alunos em lidar com a não-presença física precisa ser objeto de estudos futuros sobre EaD. Neste sentido, cabe entender se essa é uma das questões culturais envolvidas no processo educativo a distância e especificamente ligadas ao público-alvo do CFPE, como já citado. Dada a importância do uso do telefone como meio de comunicação entre tutores e alunos do CFPE, sugere-se o estudo de aspectos metodológicos envolvidos na tutoria utilizando essa mídia, para que se possa, no futuro, obter melhor proveito de sua utilização. O telefone celular também é um meio de comunicação importante no contexto do CFPE, pelo fato de que os alunos do curso se deslocam bastante no seu dia-a-dia em função dos vários empregos. Mas, esse meio pode elevar os custos do curso ou o orçamento do aluno. Essa é uma questão que deve ser levada em consideração no desenvolvimento de cursos a distância para atingir profissionais como os do CFPE. Recomenda-se, assim, que seja assegurado o uso do 0800 no curso, e que seja criado um plantão do tutor exclusivamente para atendimento ao telefone, para ajudar tutores e alunos a enfrentarem a barreira da não-presença física e tirarem vantagem desse contato quase presencial. A questão do uso das tecnologias da informação e comunicação precisa ser discutida no âmbito do CFPE, na medida em que há problemas relativos tanto ao tutor que não usa o "Fale Conosco" do curso, quanto ao aluno que não usa o correio eletrônico satisfatoriamente, mesmo quando dispõem do recurso. Esta questão poderia estar relacionada à falta da cultura de EaD, à falta da apropriação da tecnologia e à ausência das condições ideais, principalmente do tempo livre necessário para o envolvimento no processo educativo a distância, por parte de alunos e tutores. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 22 Na educação profissional a distância, o fator tempo se revelou de extrema importância, na medida em que tanto tutor quanto aluno têm mais de um emprego, sobrecarga esta que limita o desenvolvimento adequado das atividades. Portanto, recomenda-se que um curso na modalidade de EaD, oferecido para profissionais com perfil como o dos enfermeiros, deve considerar o tempo como uma das maiores dificuldades a serem enfrentadas. Neste sentido, recomenda-se que a estrutura de um curso a distância de formação profissional ofereça flexibilidade nos prazos de envio de tarefas ou de provas, o que poderia diminuir a sobrecarga de trabalho de tutores e alunos. Outra questão que deve ser levada em consideração é quanto ao consenso sobre o papel que o tutor deve exercer em sua prática junto ao aluno, já que a literatura consultada (Landim, 1997; Maggio, 2001; Litwin, 2001; Garcia Aretio; 2001) aponta uma multiplicidade de papéis para esse profissional. Pelos relatos dos tutores, essa abrangência é um fator que gera insegurança em relação à sua prática, levando-os a necessitar de retorno dos supervisores e dos alunos para balizar sua atuação. Também podem ser objetos de reflexão questões relacionadas à profissionalização do tutor (Nóvoa, 1999) que envolvem a contabilização de aspectos como: tempo real dedicado à tutoria, gastos privados com telefonia e conexão à internet e horas extras de trabalho, o que viria a reduzir a faixa salarial desse profissional. Aponta-se, aqui, a necessidade de uma definição quanto aos papéis, competências e atribuições (Ramos, 2001) desse profissional. Visando criar uma memória da prática pedagógica dos tutores do CFPE, recomenda-se o registro, pela coordenação do curso, das experiências desses tutores, de modo a gerar um banco de dados a ser disponibilizado tanto em material impresso quanto no site do curso. Na comunidade de tutores do CFPE, essas informações poderiam ser discutidas, o que possivelmente levaria ao enriquecimento de sua prática (Perrenoud et al., 2001). A divulgação mais ampla desse banco de experiências poderia servir, ainda, de base para a prática de tutores de outros cursos a distância que tenham como contexto a educação profissional. REFERÊNCIAS Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br23 BARBOSA, M. F. S. O. A prática dos tutores do Curso de Formação Pedagógica em Educação Profissional – Enfermagem do PROFAE. 2004. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Tecnologia Educacional nas Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. [ Links ] BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. [ Links ] BELLONI, M. L. Educação a distância. Campinas: Autores Associados, 1999. [ Links ] BERBEL, N. A. N. Conversando sobre duas propostas metodológicas inovadoras: a aprendizagem baseada em problemas e a metodologia da problematização. In: ______. 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Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 25 TUTORIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: avaliação e compromisso com a qualidade Eloiza da Silva Gomes de Oliveira Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) eloizaoliveira@uol.com.br Aline Campos da Rocha Ferreira Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) aline.crf@terra.com.br Alessandra Cardoso Soares Dias Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ale_csdias@yahoo.com.br TEMA: EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NOS SISTEMAS EDUCACIONAIS Resumo A Educação à Distância (EAD) pode constituir-se em um meio de democratizar o acesso à Universidade Pública, viabilizando a formação de pessoas excluídas do processo educacional. O Rio de Janeiro, utilizando a EAD, vem enfrentando este desafio através de um consórcio formado entre as Universidades Públicas do Estado: o Centro de Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ). Entre os cursos de Licenciatura oferecidos está o de Pedagogia para os anos iniciais do Ensino Fundamental, formação continuada para professores da rede pública do Estado do Rio de Janeiro, desenvolvido em cinco Pólos da UERJ. Esta pesquisa visa acompanhar e avaliar a implantação do curso citado, subsidiar–lhe os ajustes necessários, propiciar a sua expansão a outros Pólos, verificar os efeitos desta formação nas atitudes e valores dos docentes. A investigação aborda sete eixos: Vestibular, Currículo, Instalações e o funcionamento dos Pólos, Material Didático, Tutoria, Metodologia e Sistema de Avaliação, através da análise documental, questionários e entrevistas. Este texto apresenta alguns resultados da avaliação da tutoria. Entrevistamos 28 tutores e selecionamos, dos questionários, as semelhanças e as diferenças entre a ação docente no ensino presencial e na Educação à Distância, construindo um quadro comparativo entre ambas. Palavras-chave: Educação à Distância, Tutoria, Formação de professores. 1) Introdução: Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 26 O Curso de Pedagogia UERJ / CEDERJ. Os conceitos tradicionais de Educação a Distancia (EAD) mudaram com a popularização da Internet, a partir de 1994, pois ela ganhou mais agilidade e assim se tornou um recurso de grande importância para atender a grandes contingentes de alunos, de forma mais efetiva que outras modalidades de ensino, sem reduzir a qualidade dos serviços oferecidos, devido à ampliação da clientela atendida. A EAD vem alcançando uma posição de destaque no Brasil, por ser um instrumento de democratização do acesso à Universidade Pública, já que oferece oportunidades para um maior número de pessoas ingressarem em instituições de ensino, para a formação nos diversos níveis ou profissionalização. Transforma-se, assim, em um novo meio para a inclusão daqueles ainda excluídos dos processos educacionais, por questões dehorário, localização de moradia ou falta de recursos materiais, entre outras causas. Finalmente, cabe ressaltar que a EAD permite dinamizar o processo de ensino / aprendizagem, introduzindo um novo paradigma na relação aluno / professor, em que ambos têm novas responsabilidades e novos perfis. Na perspectiva de aumentar as oportunidades de acesso ao Ensino Superior, o Estado do Rio de Janeiro formou um consórcio – o CEDERJ (Centro de Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro) – com as demais Universidades Públicas do Estado (UERJ, UENF, UFRJ, UNIRIO, UFRRJ e UFF). O CEDERJ, utilizando a EAD, oferece cursos nos mesmos padrões de qualidade de ensino das instituições consorciadas e tem o objetivo de contribuir para a interiorização do Ensino Superior gratuito e de qualidade, para o acesso de pessoas que não podem estudar nos horários dos cursos presencialmente oferecidos, atuar na formação continuada de professores de todo o Rio de Janeiro e criar uma massa crítica em Educação à Distância no Estado. O Projeto prevê a implantação de 26 pólos regionais de atendimento, sendo, até agora, cinco de responsabilidade da UERJ (Maracanã, Paracambi, Nova Friburgo, Petrópolis e São Pedro da Aldeia). Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 27 A pesquisa que atualmente desenvolvemos surgiu porque um processo desta natureza requer, por um lado, agregar elementos quantitativos relativos à qualidade do curso e, por outro lado, realizar a interpretação e a incorporação dos aspectos qualitativos, feita pelos diversos atores que participam do processo institucional: docentes, discentes e servidores técnico - administrativos. A proposta que norteia este Projeto é acompanhar e avaliar a implantação do Curso de Pedagogia / Licenciatura para as séries iniciais do Ensino Fundamental à Distância no Estado do Rio de Janeiro e, com os seus resultados, poderá estabelecer novas possibilidades metodológicas de avaliação, com o levantamento de indicadores avaliativos para futuros projetos, verificar a efetividade em relação à qualidade do curso avaliado e delinear um horizonte futuro de aprimoramento da aprendizagem à distância. Um projeto assim necessita de uma sólida fundamentação teórica que lhe dê suporte, e que está organizada em quatro vertentes: levantamos a bibliografia e vimos estudando obras sobre Educação a Distância, Avaliação Institucional, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, Currículo e Formação de Professores. Na pesquisa, sete aspectos - as áreas ou indicadores avaliativos - estão sendo abordados: a tutoria, o Vestibular, o Currículo do Curso, as Instalações e o funcionamento dos pólos, a metodologia, o material didático e o sistema de avaliação. Estas unidades serão desdobradas em instrumentos de pesquisa (análise documental, questionários e entrevistas). Os resultados que apresentamos neste trabalho foram originados exatamente pelo primeiro eixo avaliativo – a tutoria, ligado ao tema Educação a Distância nos Sistemas Educacionais. Por tratar-se de um curso na modalidade semi – presencial, ele prevê duas modalidades de tutoria: a distância e presencial. Assim como à coordenação de disciplina, cabe aos tutores presenciais uma importante tarefa: ajudar o aluno no planejamento e na administração do tempo acadêmico, visando a sua autonomia intelectual, tornando-se, assim, importante agente na diminuição dos níveis de abandono e de trancamento de matrícula. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 28 Os tutores à distância, por sua vez, têm como função principal atender e orientar os alunos, esclarecendo as suas dúvidas quanto aos conteúdos, através de desafios cognitivos que promovam o reconhecimento da questão por parte do aluno. Além disso, pelo fato de os tutores manterem um vínculo interpessoal muito mais estreito com os alunos, o exercício da sua tarefa volta-se ainda para a manutenção da motivação e do interesse desse aluno pela sua própria formação, evitando, também aqui, a evasão e o descompromisso com o estudo. 2) Atribuições e expectativas quanto à ação tutorial, no curso pesquisado. Em reuniões de equipe, realizadas no âmbito do Consórcio, chegou-se a elaborar uma proposta de atribuições dos tutores, que apresentamos a seguir. QUADRO 1 ATRIBUIÇÕES DOS TUTORES PRESENCIAIS E A DISTÂNCIA ▪ Participar das atividades de capacitação e de avaliação, promovidas pelas Coordenações. ▪ Estabelecer os horários de atendimento presencial ou a distância, junto às coordenações, e cumpri-los com pontualidade e assiduidade. ▪ Participar da construção do modelo de atendimento tutorial, proposto pela Coordenação de Tutoria. ▪ Realizar as atividades previstas no planejamento da tutoria. ▪ Acompanhar a freqüência dos alunos às atividades de tutoria desenvolvidas, mantendo contato com os alunos que não procurarem a tutoria utilizando-se do e- mail e estimulando - os a lançarem mão deste e do demais recursos de interação. ▪ Estimular o aluno a buscar a construção de uma metodologia própria de estudo, no sentido de ajudá-lo a adquirir autonomia. ▪ Orientar os alunos nas aulas teórico – práticas e trabalhos em grupo. ▪ Estimular o aluno a lançar mão de diversas fontes de informação, como as bibliotecas e laboratórios dos pólos, bibliotecas virtuais, etc. ▪ Manter contato com os alunos que não procurarem(?) a tutoria, utilizando-se do e- mail e estimulando - os a lançarem mão deste recurso. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 29 ▪ Elaborar um relatório mensal, cujo modelo será fornecido pelo coordenador da disciplina, e encaminhá-lo ao mesmo no prazo estabelecido. ▪ Participar da aplicação das avaliações presenciais. ▪ Participar da correção das Avaliações a Distância (AD), quando solicitado. Na mesma ocasião, foram definidos pré-requisitos ou competências prévias dos tutores presenciais e a distância. QUADRO 2 COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AOS TUTORES PRESENCIAIS E A DISTÂNCIA ✓ Interesse pela Educação a Distância. ✓ Formação mínima, em nível de Graduação, compatível com a área de conhecimento em que a tutoria será desenvolvida. ✓ Conhecimento do projeto político - pedagógico do curso e do material didático da disciplina, de forma a dominar o conteúdo específico da área. ✓ Familiaridade com os recursos multimídia, para estimular o aluno a criar o hábito da pesquisa bibliográfica e da utilização dos recursos multimídia. ✓ Disponibilidade para a interação mediada com os alunos, atendendo às consultas dos mesmos seguindo o modelo de tutoria estabelecido. ✓ Disponibilidade para orientar os alunos a respeito da utilização dos recursos para a aprendizagem, tais como textos, material em web, cd rom, fitas de vídeo, atividades práticas de pesquisa bibliográfica, entre outros. ✓ Observação de critérios éticos que permitam estabelecer uma perspectiva relacional positiva com os alunos e com os demais colegas de trabalho, a fim estimular a criação de um ambiente que favoreça o processo de aprendizagem de todos. 3) O significado e a importância da tutoria em EAD: o docente ―invisível‖ que também ensina. A razão da escolha da tutoria como eixo inicial da nossa investigação, deve-se ao fato de que uma das maiores críticas em relação à Educação à Distância refere-seàs dificuldades relacionadas com a administração do tempo de estudo dos alunos e Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 30 com a ausência de contato pessoal, o que faz com que esta modalidade de ensino necessite de um eficiente acompanhamento dos tutores, em relação aos alunos. Portanto, a tutoria se destaca como um dos principais componentes para que esta comunicação se estabeleça. Ao listar os elementos centrais da EAD, Keegan (1991, p. 38) aponta: ▪ A utilização de meios técnicos de comunicação, unindo o professor e os alunos e mediando a construção do conhecimento; ▪ a existência de uma organização acadêmica característica (planejamento, sistematização, didática, avaliação), distinta da organização da educação presencial; ▪ a utilização de meios tecnológicos (o autor os chama de ―forma industrializada‖ de educação); ▪ a possibilidade da existência de encontros entre o tutor e os estudantes do grupo de aprendizagem (forma semi – presencial de EAD); ▪ a separação física entre o professor e os alunos; ▪ e a previsão de uma ―comunicação de mão dupla‖, assim como de iniciativas de ―dupla via‖. Vemos que o autor fala de uma ―comunicação de mão dupla‖, com ênfase no diálogo, embora haja distância física entre o professor e o aluno, mostrando uma profunda mudança na relação pedagógica. Permanece, no entanto, a necessidade de alguém que realize a mediação entre o aluno e o conhecimento, de forma efetiva. É o tutor que aproxima o aluno dos conteúdos do curso ministrado e do próprio ―conteúdo tecnológico‖, necessário ao trânsito autônomo em ambientes virtuais de aprendizagem. O modelo tutorial do CEDERJ busca atender às especificidades do seu público - alvo e às características globais de sua proposta, sem descuidar das dificuldades decorrentes do pioneirismo desse projeto no Estado do Rio de Janeiro. Na Educação à Distância é fundamental promover ao máximo a interação dos estudantes com seus tutores, compensando problemas inerentes aos processos de ensino e aprendizagem nesta modalidade de ensino, como a distância física e as possíveis dificuldades – cognitivas e motivacionais, por exemplo – dos alunos. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 31 Nunca é demais enfatizarmos a importância da tutoria no desenvolvimento da autonomia do aluno, em relação à sua própria aprendizagem, no sentido que Coll chama de plena ―perspectiva construtivista‖: Numa perspectiva construtivista, a finalidade última da intervenção pedagógica é contribuir para que o aluno desenvolva a capacidade de realizar aprendizagens significativas por si mesmo numa ampla gama de situações e circunstâncias, que o aluno “aprenda a aprender”. (COLL, 1994, p. 136) 3) O estudo realizado. Destacada a importância da tutoria para a efetividade dos curso na modalidade a distância, acreditamos atender ao tema deste evento - ―Avaliação: compromisso com a qualidade‖ – apresentando exatamente este eixos avaliativos da nossa pesquisa, e focalizando a prática pedagógica tutorial especialmente na relação com a mesma prática, na sua versão presencial. Entre outras estratégias metodológicas, aplicamos um instrumento para a coleta de várias informações, inclusive sobre a prática pedagógica utilizada pelos tutores, nesta modalidade de ensino. Perguntamos a 21 tutores (13 presenciais e 8 à distância) o que eles consideravam que é Didática, se há uma Didática específica para a Educação à Distância e quais são as principais semelhanças e diferenças entre a Didática aplicada nas duas modalidades de ensino (presencial e à distância). Destacamos, dos instrumentos preenchidos pelos tutores, dados específicos em relação às principais características da Didática utilizada na Educação a Distância e na Educação presencial. Os tutores consideram a Didática como a orientação do processo ensino - aprendizagem, fazendo a ligação entre a teoria e a prática educativa, como normalmente é concebida, mas em EAD, segundo estes, ela vai além das formas de ensinar e seus recursos, devendo-se considerar todos os elementos que dela participam, direta ou indiretamente. As semelhanças, apontadas pelos tutores, entre as duas modalidades de ensino, são apresentadas no quadro a seguir. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 32 QUADRO 3 PRINCIPAIS SEMELHANÇAS ENTRE A DIDÁTICA DA EDUCAÇÃO PRESENCIAL E DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA. a) Quanto à aprendizagem - tanto a Educação Presencial como a EAD promovem a aprendizagem significativa e devem ser compreendidas como partes integrantes de um projeto educativo mais amplo, tendo especificidades e importância próprias, atendendo a necessidades e demandas de uma clientela específica. O importante é que ambas possam contribuir para ampliar, em qualidade e quantidade, as oportunidades educacionais visando alcançar os fins da Educação e contemplando especialmente a consecução da cidadania plena. b) Quanto à avaliação - nos dois casos, é ela que irá medir o conhecimento do aluno e deve ser de competência do tutor / professor promovê-la. Na modalidade a distância, no entanto, também existe uma forma de avaliação não – presencia (no nosso curso ela é chamada de AD). Isto requer, por parte do tutor, uma visão mais ―aberta‖ e menos tradicional da avaliação. c) Quanto ao domínio do conteúdo a ser ministrado - neste item houve acentuada concordância quanto ao fato de que tanto o professor do ensino presencial, quanto o tutor da EAD, devem dominar o conteúdo do curso em que participam. Em alguns casos, foi destacado que na modalidade a distância o tutor tem mais tempo para consultar alguma dúvida quanto ao conteúdo, o que não é possível em ―tempo real‖. d) Quanto ao trabalho é desenvolvido em equipe, com outros educadores –também neste caso, as duas modalidades se assemelham. Na Educação a Distância, no entanto, pode ocorrer – como acontece no curso avaliado – o contato com os professores que elaboraram o material didático (conteudistas), o que é enriquecedor para o grupo. Os tutores consideraram que existe um grande suporte didático no contato com os professores coordenadores das áreas, que exercem uma função supervisora em relação aos tutores. e) Quanto à existência de uma proposta curricular – tanto na Educação presencial quanto a distância, a existência da proposta curricular, amplamente conhecida pelos professores / tutores ela norteia a prática pedagógica de ambos. Foi destacado ainda que, como nas demais modalidades de Educação, são necessários: uma postura pedagógica calcada em princípios democráticos e éticos; uma definição flexível de opções metodológicas; a utilização / adaptação de Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 33 recursos adicionais, de acordo com a clientela a ser atendida no curso, não se resumindo a simples métodos estáticos de ensino; a consideração da pluralidade cultural dos alunos, entre outros aspectos, menos citados. Observando o QUADRO 4, verificamos com mais detalhes as diferenças mais freqüentemente mencionadas, pelos tutores, entre as modalidades de didática utilizadas nas duas formas de ensino – presencial e a distância. QUADRO 4 DIFERENÇASENTRE A DIDÁTICA EMPREGADA NOS CURSOS PRESENCIAIS E NOS CURSOS À DISTÂNCIA NA EDUCAÇÃO PRESENCIAL O centro geográfico de ensino é a sala de aula. Esta é privilegiada como o locus das interações e da deflagração das aprendizagens, demandando estratégias didáticas que incluem o contato físico, a voz, o olhar. O aluno estuda onde e quando desejar – população é dispersa – há separação física entre professor e aluno. Surge a demanda por novas estratégias didáticas, que incluam as ferramentas de interação. Grande ênfase no conteúdo das mensagens trocadas entre os alunos e o tutor. Ênfase na interação social presencial – as aulas ocorrem face - a – face, demanda de métodos e recursos para a exposição do conteúdo aos alunos e para a manutenção da motivação epistêmica. Ênfase na interação social ocorrida em ambientes virtuais – provocada pela separação entre professor e aluno – emprestando importância maior ao material didático, que será o meio pelo qual o aluno terá acesso ao conhecimento. Este material deverá ter características próprias, distintas do chamado livro didático. Situação de ensino – aprendizagem controlada pelo professor, há maior risco do aluno ficar passivo. NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Aprendizagem independente e autônoma, o aluno torna-se mais ativo em relação ao processo e deve ter a sua autonomia ainda mais estimulada. Um só tipo de docente – presencial - presente diante do aluno. Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 34 Vários tipos de docentes: o que elabora o material didático, o tutor presencial, aquele que atua totalmente à distância. Maior possibilidade do professor ser percebido como ―fonte‖ do conhecimento, como ocorre nas O tutor é um mediador, dá suporte e atua como orientador da aprendizagem dos alunos e modalidades mais tradicionais do ensino presencial. Utilização dos recursos didáticos usuais, já bastante abordados pelos ―Manuais de Didática‖ (quadro de giz, cartazes, transparências, álbum seriado, fichas, estudo dirigido, modelos, mural, entre outros). Utilização da Tecnologia de informação e comunicação (TIC), em suas diversas variedades e das ferramentas tecnológicas de interação síncronas e assíncronas (Internet, correio eletrônico, chat, fórum, vídeo – conferência, softwares e a própria sala de aula virtual, por exemplo). Ênfase na interação. Ênfase na mediação, utilizando as ferramentas de interação já citadas. Comunicação direta. Comunicação diferenciada no espaço e no tempo (presencial, a distância síncrona, assíncrona). Esforço focado em atender diretamente o educando, no sentido de transmitir-lhe o conhecimento na instituição de ensino. Esforço direcionado para auxiliar o estudante a se organizar e buscar o conhecimento em locais e horários fixados por ele próprio. Isto significa o desenvolvimento da autonomia em relação à própria aprendizagem e a descoberta das melhores formas de alcançá-la (―aprender a aprender‖). 5) Conclusões. Quase podemos dizer que os dois últimos quadros falam por si, pois os tutores foram bastante detalhistas ao caracterizarem uma Didática para a Educação à Distância. Embora eles não tenham especificado etapas ou ―metodologias‖ específicas, podemos destacar, em relação ao que disseram: - ênfase na autonomia do aluno, quanto à sua própria aprendizagem; - exploração de todas as possibilidades do material didático; - domínio das ferramentas de interação e das várias modalidades tecnológicas de informação e comunicação; Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 35 - conhecimento dos vários processos de interação e mediação; - disponibilidade para a comunicação diferenciada no espaço e no tempo. Tudo isto destaca a importância da ação tutorial, alicerçada em um sólido trinômio ação – reflexão – ação. Demo (1998), ao destacar a importância crucial do professor na Educação à Distância, resume desta forma as competências que ele deve possuir: ... a teleducação não dispensa o professor, embora agregue a seu perfil outras exigências cruciais, como saber lidar com materiais didáticos produzidos com meios eletrônicos, trabalhar em ambientes diferentes daqueles formais da escola ou da universidade, acompanhar ritmos pessoais, conviver com sistemáticas diversificadas de avaliação. (p. 200). Tudo o que foi dito vem de encontro à importância da Didática para todo o tipo de atuação docente, independentemente de ser ela presencial ou à distância. Também para a EAD defendemos, como Candau, a necessidade de uma Didática Fundamental. A autora critica a existência de uma Didática Instrumental, ... concebida como um conjunto de conhecimentos técnicos sobre o “como fazer” pedagógico, conhecimentos estes apresentados de forma universal e, consequentemente, desvinculados dos problemas relativos ao sentido e aos fins da educação, dos conteúdos específicos, assim como do contexto sócio - cultural concreto em que foram gerados. (1984, p. 13-4). Em oposição a este modelo, ela propõe uma ―didática fundamental‖ que assume a multidimensionalidade do processo de ensino - aprendizagem e coloca a articulação das dimensões: técnica, humana e política, no centro configurador de sua temática.‖ (Candau, op. cit., p. 21). A tecnologia de Informação e comunicação (TIC) abriu um universo de possibilidades para o cotidiano do trabalho docente, constituindo-se em um meio de nos aproximarmos da educação, quando não a podemos realizar regularmente. Significa, ainda, recursos para obter informação e aprender autonomamente, de acordo com os indicativos motivacionais e o ritmo de aprendizagem de cada um. É necessário, no entanto, que haja, por parte do professor, a flexibilidade e a ousadia Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br 36 necessárias diante do novo, para criar novos procedimentos e metodologias, ―garimpar‖ atalhos para a interação efetiva, construindo uma ―didática inovadora‖. Na realidade, e percebemos isto na pesquisa realizada, a chamada ―transposição didática‖ ainda continua sendo o grande desafio no processo ensino – aprendizagem. A criação de uma linguagem comum ao professor / tutor e ao estudante, no momento do processo de desconstrução / reconstrução do conhecimento, ainda significa um longo ―a se fazer‖, no processo ensino – aprendizagem. Concluímos esta exposição com uma citação de Oliveira e Sá, que reafirma, à semelhança da proposta da Didática Fundamental, de Candau, uma Didática na Educação à Distância que promova a reflexão, a crítica e a transposição de conteúdos, independentemente da interação direta entre professor e aluno. We can affirm that the tutor accompanies, guides and it "encourages " the process of construction of the knowledge, individual as in group. He stimulates learning processes, inducing, supporting, monitoring and including pleased learning situations. As in all the transformation didactic action, it should center his action in the incentive to the reflection, to the critic and the constant application of the learned concepts to new contexts, promoting the construction of the praxis. (2003, p. 1037). Sugerimos, para que isto efetivamente aconteça, duas ações: a efetiva atenção à formação de tutores, já que a Educação a Distância é uma realidade atual e presente, e a atitude que o notável
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