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Instituto Federal de Minas Gerais- IFMG Centro de Educação Aberta e a Distância - CEAD Campus Ouro Preto Curso Técnico de Controle Ambiental PROCESSOS INDUSTRIAIS Processos Industriais 2 APRESENTAÇÃO Prezado(a) estudante, É com prazer que apresento a você este material, que de forma complementar à plataforma de ensino, será utilizado como referência para a disciplina de Processos Industriais. Já neste momento, gostaria de dar-lhe boas vindas e agradecer pela parceria, pois seremos todos (estudantes, tutores e professor) responsáveis pela construção e consolidação do conhecimento. Como se pode perceber, as atividades industriais têm evoluído, tanto em termos tecnológicos quanto em termos de volume e diversificação, para atender às demandas crescentes do mercado globalizado. Diante da importância das atividades industriais, o controle ambiental se manifesta com igual importância, uma vez que tão necessário quanto prover bens e serviços, é promover o equilíbrio ambiental. No contexto dos processos industriais, daremos ênfase às chamadas “operações unitárias”, sendo que uma operação unitária representa uma etapa básica de um processo. Visando esse objetivo, os princípios tecnológicos das operações unitárias serão abordados, de modo a prover a compreensão de seus fundamentos. Naturalmente abordaremos também as questões ligadas aos aspectos ambientais dos processos industriais, intrinsecamente relacionadas aos resíduos gerados durante o processamento, bem como os métodos de tratamento empregados para mitigar os impactos ambientais. Obrigado pela parceria! Prof. Germano Mendes Rosa Processos Industriais 3 SUMÁRIO CAPÍTULO I – CLASSIFICAÇÃO DE PROCESSOS............................................. 4 CAPÍTULO II – BALANÇOS DE MASSA E DE ENERGIA .................................. 7 Balanço de Massa ..................................................................................................... 7 Balanço de Energia ................................................................................................... 8 CAPÍTULO III – OPERAÇÕES UNITÁRIAS E FLUXOGRAMAS ...................... 9 Operações Unitárias .................................................................................................. 9 Fluxogramas ............................................................................................................. 9 CAPÍTULO IV – FUNDAMENTOS DE TIPOLOGIAS INDUSTRIAIS.............. 13 A Indústria Mineral................................................................................................. 13 Britagem ............................................................................................................. 15 Peneiramento ...................................................................................................... 20 Moagem.............................................................................................................. 21 Classificação ....................................................................................................... 23 Concentração ...................................................................................................... 27 Flotação .............................................................................................................. 30 Espessamento...................................................................................................... 32 Filtração.............................................................................................................. 34 A Indústria Siderúrgica ........................................................................................... 36 Conceitos importantes ......................................................................................... 36 AÇOS ................................................................................................................. 36 CAPÍTULO V – ASPECTOS AMBIENTAIS NOS PROCESSO INDUSTRIAIS. 52 Indústria Siderúrgica ............................................................................................... 52 Escória ................................................................................................................ 52 Gás e Pó.............................................................................................................. 53 Indústria Mineral..................................................................................................... 54 CAPÍTULO VI – MÉTODOS DE TRATAMENTO FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DE EFLUENTES ............................................................................ 56 Métodos de Tratamento........................................................................................... 56 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 59 Processos Industriais 4 CAPÍTULO I – CLASSIFICAÇÃO DE PROCESSOS De acordo com o fluxo de entrada e de saída de materiais, os processos podem ser classificados da seguinte forma: • PROCESSOS EM BATELADA o O sistema é alimentado de uma só vez no início do processo; o Após transcorrido o tempo de processamento, todos os produtos são retirados; o Não há fluxo de materiais atravessando a fronteira do sistema durante o tempo de processamento. Ex.: fabricação de adesivos, fabricação de tintas etc. Figura 1 – Tanques de uma fábrica de tintas, exemplificando um processo em batelada. Fonte:http://pensandoverde.blogtv.uol.com.br/2008/09/11/destinos-sustentaveis-para-garrafas-pet • PROCESSOS CONTÍNUOS o Os fluxos de entrada (alimentação) e de saída (produtos) fluem de forma ininterrupta durante o processamento; o Há contínuo fluxo de materiais atravessando a fronteira do sistema durante o tempo de processamento. Ex.: moagem industrial, classificação em hidrociclones etc. Processos Industriais 5 Figura 2 – Imagem de um moinho industrial. Fonte: http://www.metso.com/br/miningandconstruction Figura 3 – Esquema de moinho industrial (seção longitudinal) exemplificando um equipamento que opera em processo contínuo. Fonte: http://www.ufrgs.br/alimentus/feira/optransf/opt_moagem.htm • PROCESSOS SEMI-CONTÍNUOS o A alimentação é praticamente instantânea e a saída é contínua (ou vice-versa); o Há continuo fluxo de material através de uma única fronteira do sistema (entrada ou saída) durante o processamento. Ex.: Saída de gás de um bujão pressurizado, tanque de combustível etc. Os processos também são classificados em função de seu estado conforme as modificações das variáveis de processo em relação ao tempo, da seguinte forma: • PROCESSOS EM ESTADO ESTACIONÁRIO OU REGIME PERMANENTE o Os valores das variáveis de processo (temperaturas, pressões, vazões etc.) se mantem constantes ao longo do tempo. Processos Industriais 6 • PROCESSOS TRANSIENTES OU NÃO PERMANENTES o Osvalores das variáveis de processo se alteram ao longo do tempo. Processos Industriais 7 CAPÍTULO II – BALANÇOS DE MASSA E DE ENERGIA Balanço de Massa Balanço de massa, também conhecido como “balanço material”, baseia-se no princípio de conservação da matéria, enunciado pelo famoso químico francês, Antoine Lavoisier (1743-1794). É atribuída a Lavoisier uma frase muito conhecida que traduz o princípio de conservação da matéria: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, o que significa que a matéria não pode desaparecer ou ser criada a partir do nada. Portanto o balanço de massa é utilizado para analisar sistemas físicos sobre os quais se deseja contabilizar fluxos de massa, ou seja, determinar as massas que entram, se acumulam e saem de um determinado sistema. Pensando-se em processos industriais, simplificadamente o balanço de massa pode ser caracterizado pela seguinte equação: • MI = MP+MR Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Antoine_Lavoisier Onde: MI: massa de insumos (entrada ou input) MP: massa do(s) produto(s) MR: massa dos resíduos (sólidos + efluentes) Através do balanço de massa é possível calcular fluxos de massa que não foram medidos ou compará-los aos registros de medições para verificar consistências. A partir da determinação das entradas e saídas do sistema de interesse é possível estabelecer diversas conclusões, principalmente ao que se refere à eficiência dos processos, atividade indispensável para um bom gerenciamento. Figura 4 – Químico francês, Antoine Lavoisier. saída ou output Processos Industriais 8 Lembre-se que quanto mais resíduos o processo gera, menos eficaz ele é, culminando em significativas perdas monetárias e em passivos ambientais. Balanço de Energia Semelhantemente ao balanço de massa, o balanço de energia ou balanço energético se ocupa da determinação dos fluxos de energia e das transformações energéticas de um sistema. Observe o que enuncia as Primeira e Segunda Leis da Termodinâmica: Primeira Lei da Termodinâmica A energia não pode ser criada ou destruída, mas transformada em outra, portanto a quantidade total de energia se conserva. Segunda Lei da Termodinâmica O uso de uma fonte de energia implica na degradação de sua qualidade, ou seja, na transformação da energia há perdas irreversíveis (dispersão energética). O balanço energético auxilia o dimensionamento das fontes energéticas e reatores para um determinado processo, bem como a avaliação do conteúdo energético das perdas por irradiação e convecção a partir do fluxo de entrada e saída de massas, podendo prover alternativas de melhor aproveitamento energético. Processos Industriais 9 CAPÍTULO III – OPERAÇÕES UNITÁRIAS E FLUXOGRAMAS Operações Unitárias A definição de “operação unitária” foi estabelecida em 1915, por Arthur Little. Segundo sua definição, um processo industrial pode ser dividido em uma série de etapas sequenciais que podem incluir: transferência de massa, transporte de sólidos e de líquidos, destilação, moagem, filtragem, cristalização, secagem etc. Nesse caso, cada etapa sequencial é considerada uma operação unitária do processo em questão. No processamento de leite, por exemplo, as etapas de homogeneização, pasteurização, resfriamento e embalagem constituem as operações unitárias do processo de produção industrial de leite. Fluxogramas Usualmente, processos industriais são descritos por meio de uma ferramenta denominada fluxograma. Um fluxograma fornece detalhamento das partes do processo em que algum tipo de fluxo ocorre, podendo informar a respeito de máquinas, operações, decisões, quantidades etc. Observe os diferentes esquemas de fluxogramas apresentados abaixo: Processos Industriais 10 Figura 5 – Exemplo de fluxograma para atividade de tratamento mecânico mineral. A Figura 5 ilustra o processamento do ROM (run of mine) em um circuito de tratamento mecânico mineral. Observe que cada equipamento tem seu desenho simplificado, bem como os diversos produtos obtidos. Através desse tipo de fluxograma se torna mais fácil compreender o macroprocesso, através do acompanhamento dos fluxos de material através de suas diversas etapas. Processos Industriais 11 Figura 6 – Fluxograma descritivo para produção de ferro gusa. Fonte: Machado, Marques-Sobrinho e Arrivabene (2004, p. 15) A Figura 6 apresenta um fluxograma que mostra de forma enxuta a produção do ferro gusa. Observe que o fluxograma se inicia com as matérias primas que alimentam o alto forno e segue-se indicando o ar que é injetado no equipamento, bem como os resíduos gerados na redução do ferro. Finalmente os produtos são indicados em suas formas de comercialização. Processos Industriais 12 Figura 7 – Fluxograma exemplificando confecção de armação de ferragens. A Figura 7 ilustra um fluxograma no qual aparece um elemento de decisão (o losango). É comum a utilização desse tipo de recurso quando se faz necessário checar algum parâmetro para tomada de decisão. Normalmente a decisão se resume a um SIM ou um NÃO, cujo fluxo para cada uma destas decisões já está definida no fluxograma. Nesse caso, após realizar o corte das barras de ferro há que tomar a decisão de dobrá-las ou não, informação disponível na ordem de serviço ou estabelecida em função da bitola do material. Uma segunda decisão tem ser tomada: armar ou não armar? A decisão é tomada de forma similar. Processos Industriais 13 CAPÍTULO IV – FUNDAMENTOS DE TIPOLOGIAS INDUSTRIAIS A Indústria Mineral Qualquer atividade, seja ela agrícola ou industrial, seja no campo da metalurgia, da indústria química, da construção civil ou do cultivo da terra, utiliza os minerais ou seus derivados. Os fertilizantes, os metais e suas ligas, o cimento, a cerâmica, o vidro, são todos produzidos a partir de matérias primas minerais. Percebe-se que aumenta a dependência dos minerais sobre a vida e desenvolvimento de um país. Com o aumento das populações, cada dia se necessita de maior quantidade de matéria prima para atender às crescentes necessidades de consumo do ser humano, tanto que é difícil imaginar o nível material alcançado por nossa civilização sem o uso dos minerais. Com efeito, o consumo per capita de minerais industriais e materiais em geral nos países desenvolvidos é algumas vezes superior àquele de países em desenvolvimento, como o Brasil. Segundo estimativa de Teixeira et al. (2000), o consumo de matéria prima mineral chega a incríveis 8 t/ano por pessoa em regiões menos desenvolvidas e varia de 15 a 20 t/ano por pessoa, em regiões mais desenvolvidas. Na indústria mineral, os minérios ou minerais são geralmente classificadosem três grandes classes: – metálicos; – não-metálicos; e – energéticos. A segunda classe pode ser subdividida em rochas e minerais industriais, gemas, e águas minerais. Os minerais industriais se aplicam diretamente, tais como se encontram ou após algum tratamento (brita, areia, cascalho etc.), ou se prestam como matéria prima para a fabricação de uma grande variedade de produtos. Os minerais fazem parte dos recursos naturais de um país, juntamente com as terras para agricultura, das águas (de superfície e subterrânea), biodiversidade etc. Como as matérias primas minerais passíveis de serem utilizadas diretamente ou transformadas pela indústria encontram-se distribuídas de maneira escassa na crosta terrestre, cabe às empresas de mineração, com base nas informações geológicas básicas, realizarem a pesquisa mineral em áreas previamente selecionadas, em busca de depósitos de potencial interesse econômico. Feitas a quantificação e qualificação do corpo mineral (cubagem), tem- se um depósito mineral. Quando este apresenta condições tecnológicas e econômicas de ser aproveitado, tem-se finalmente uma jazida mineral. Processos Industriais 14 O minério é explotado da jazida por meio de operações de lavra a céu aberto ou subterrânea. O produto da mina, o minério lavrado, é frequentemente denominado ROM ("run-of-mine"), que vem a ser a alimentação da usina de beneficiamento, pois frequentemente, um bem mineral não pode ser utilizado tal como é lavrado. Quando o aproveitamento de um bem mineral vai desde a concentração até a extração do metal, a primeira operação traz vantagens econômicas à metalurgia, devido ao descarte de massa (rejeito), alcançado na etapa de concentração. O tratamento ou beneficiamento mineral envolve operações aplicadas aos bens minerais objetivando modificar a granulometria, a concentração relativa das espécies minerais presentes ou a forma, porém sem alterar a identidade química ou física dos minerais. Conceitos importantes: • Mineral é todo corpo inorgânico de composição química e de propriedades físicas definidas, encontrado na crosta terrestre. • Minério é toda rocha constituída de um mineral ou agregado de minerais contendo um ou mais minerais valiosos, possíveis de serem aproveitados economicamente. • Minerais-minério são minerais valiosos, aproveitáveis como bens úteis; • Ganga é o mineral ou conjunto de minerais não aproveitados de um minério. As operações de concentração – separação seletiva de minerais – baseiam-se nas diferenças de propriedades entre o mineral-minério (o mineral de interesse) e os minerais de ganga, tais como: • peso específico (ou densidade); • suscetibilidade magnética; • condutividade elétrica; • propriedades de química de superfície; • Radioatividade; • forma etc. Para um minério ser concentrado, é necessário que os minerais estejam fisicamente liberados. Isto implica que uma partícula deve apresentar, idealmente, uma única espécie mineralógica. Para se obter a liberação do mineral, o minério é submetido a uma operação de redução de tamanho chamada de cominuição ou fragmentação, isto é, britagem e/ou moagem, que pode variar de centímetros até micrometros. O termo concentração significa, geralmente, remover a maior parte da ganga, presente em grande proporção no minério. A purificação, por sua vez, consiste em remover do minério (ou pré- concentrado) os minerais contaminantes que ocorrem em pequena proporção. Na maioria das vezes, as operações de concentração são realizadas a úmido, ou seja, acrescenta-se água ao minério, constituindo o que se chama de polpa (água + minério). Antes de se ter um produto para ser transportado, ou mesmo adequado para a indústria química ou para a obtenção do metal por métodos hidro- Processos Industriais 15 pirometalúrgicos (áreas da Metalurgia Extrativa), é necessário eliminar parte da água do concentrado. Estas operações compreendem desaguamento (espessamento e filtragem) e secagem. Em um fluxograma típico de tratamento de minérios, as operações unitárias são classificadas conforme estabelecido abaixo: Figura 8 – Fluxograma típico de tratamento de minérios. Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 5) Britagem A britagem pode ser definida como conjunto de operações que objetiva a fragmentação de blocos de minérios oriundos da mina, levando-os a granulometria compatíveis para utilização direta ou para posterior processamento. A britagem é um estágio no processamento de minérios, que utiliza, em sucessivas etapas, equipamentos apropriados para a redução de tamanhos convenientes, ou para a liberação de minerais valiosos de sua ganga, sendo Processos Industriais 16 aplicada a fragmentos de distintos tamanhos, desde rochas de 1000 mm até 10 mm. Britagem Primária • Os britadores empregados são os de grande porte e sempre operam em circuito aberto e sem o descarte (escalpe) da fração fina contida na alimentação. • A britagem primária é realizada a seco e tem uma razão de redução em torno de 8:1. • Para este estágio são utilizados os seguintes tipos de britadores: britador de mandíbulas, britador giratório, britador de impacto e o de rolos dentado. Figura 9 – Esquemas de britadores de mandíbulas em corte vertical: a) britador de mandíbulas de 1 eixo e b) britador de mandíbulas de dois eixos. Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 133-134) Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 135) a) b) Figura 10 – Esquema de britador giratório em corte vertical. Processos Industriais 17 Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 135) Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 136) Figura 11 – Esquema de britador de impacto em corte vertical. Figura 12 – Esquema de britador de rolo dentado. Processos Industriais 18 Quadro 1 – Comparação entre britadores primários. Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 132) Processos Industriais 19 Britagem Secundária • Entende-se por britagem secundária, de forma geral, todas as gerações de britagem subsequentes à primária. • Objetiva a redução granulométrica do material para a moagem. • É comum descarte prévio da fração fina na alimentação, para aumentar a capacidade de produção (escalpe). Os equipamentos normalmente utilizados são: – britador giratório secundário; – britador de mandíbulas secundário; – britador cônico; – britador de martelos; – britador de rolos. Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 138) Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 139) Figura 13 – Esquema de britadorcônico em corte vertical. Figura 14 – Esquema de britador de rolos lem corte vertical. Processos Industriais 20 Britagem Terciária • Em geral é o último estágio de britagem, no entanto, existem usinas com mais de três estágios, cujo fato está ligado às características de fragmentação do material, ou à granulometria do produto final. • Os equipamentos em geral utilizados são os britadores cônicos, cuja granulometria máxima do produto obtido está compreendida na faixa de 25 a 3 mm, com uma razão de redução de 4:1 ou 6:1. • Estes equipamentos exigem um maior controle de operação, geralmente trabalhando em circuito fechado. Peneiramento O peneiramento tem como objetivo a separação de um material em duas ou mais frações, com partículas de tamanhos distintos. Os equipamentos utilizados no peneiramento podem ser divididos em três tipos: • grelhas - constituídas por barras metálicas dispostas paralelamente, mantendo um espaçamento regular entre si; • crivos - formados por chapas metálicas planas ou curvas, perfuradas por um sistema de furos de várias formas e dimensão determinada; • telas - constituídas por fios metálicos trançados geralmente em duas direções ortogonais, de forma a deixarem entre si "malhas" ou "aberturas" de dimensões determinadas, podendo estas serem quadradas ou retangulares. Figura 15 – Esquema de equipamentos de peneiramento: a) grelha fixa ; b) grelha vibratória; c) trommel; e d) peneira vibratória de 3 decks. Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 220-224) a) b) c) d) Processos Industriais 21 Figura 16 – Imagem de peneira vibratória Fonte: http://www.equipamentossaojorge.com.br No peneiramento a úmido adiciona-se água ao material com o propósito de facilitar a passagem dos finos através da tela de peneiramento. O material retido na tela é denominado oversize e o passante, undersize. Os peneiramentos industriais a seco são realizados, normalmente, em frações granulométricas de até 6 mm. Embora seja factível peneirar a seco com eficiência razoável em frações de até 1,7 mm. A úmido, o peneiramento industrial é normalmente aplicado para até 0,4 mm, mas recentemente tem sido possível peneirar partículas mais finas, da ordem de 50 µm. Em peneiramento industrial a palavra eficiência é empregada para expressar a avaliação do desempenho da operação em relação a separação granulométrica ideal desejada. A eficiência de peneiramento é definida como a relação entre a quantidade de partículas mais finas que a abertura da tela de peneiramento e que passam por ela e a quantidade delas presente na alimentação. Industrialmente, a eficiência de peneiramento situa-se entre 80 e 90%, atingindo em alguns casos 95%. Moagem A moagem é o último estágio do processo de fragmentação, onde neste estágio as partículas são reduzidas, pela combinação de impacto, compressão, abrasão e atrito, a um tamanho adequado à liberação do mineral. Processos Industriais 22 Cada minério tem uma malha ótima para ser moído, dependendo de muitos fatores incluindo a distribuição do mineral útil na ganga e o processo de separação ulterior. A moagem é a área da fragmentação que requer: • maiores investimentos; e • maior gasto de energia. Os equipamentos mais empregados na moagem são: • moinho cilíndrico (barras, bolas ou seixos); • moinho de martelos; • entre outros. Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 153) Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 156) Figura 17 – Esquema de moinho cilíndrico. Figura 18 – Esquema mostrando o movimento da carga no interior do moinho de bolas no regime de catarata. Processos Industriais 23 Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 156) Figura 20 – Imagem de corpos moedores (bolas de ferro) Fonte: http://cms-cement.com/vega_6.html Classificação Semelhantemente ao peneiramento, a classificação também objetiva a separação de um material em duas ou mais frações, com partículas de tamanhos distintos. Na classificação, a separação é realizada tomando-se como base a velocidade que os grãos atravessam um meio fluido e é aplicada, habitualmente, para populações de partículas com granulometria muito fina, onde o peneiramento não funciona satisfatoriamente. Pode-se dividir em dois os objetivos da classificação: • Selecionar partículas suficientemente finas (elevado grau de liberação) para alimentar processos de concentração; e • Eliminar partículas muito finas (deslamagem). Espirais Os classificadores espirais são os mais utilizados em instalações de pequena capacidade; campo de aplicação restrito a uma faixa granulométrica entre 0,833 a 0,074 mm. • Os classificadores espirais consistem de uma calha onde dentro dela encontra-se um eixo envolvido por uma ou mais hélices, as quais, girando, mantêm a polpa em suspensão. Figura 19 – Esquema mostrando o movimento da carga de bolas no regime de cascata. Processos Industriais 24 • As hélices têm a função de remover o material sedimentado do fundo da calha. • O conjunto como um todo apresenta vários níveis de inclinação, sendo esta uma variável de processo. • O classificador em espiral é normalmente caracterizado pelo diâmetro da espiral. • A alimentação é feita abaixo do nível de polpa e o material mais pesado afunda e é transportado pelas hélices ao longo do declive, sendo finalmente descarregado na parte superior através de uma abertura na base da calha, acima do nível de água. • O material mais fino transborda pela parte inferior da calha. • As condições operacionais são definidas pela: • velocidade de revolvimento ou arraste; • altura da calha e inclinação da calha; • diluição da polpa. Figura 21 – Esquema em corte vertical de um classificador espiral. Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 208) Hidrociclones Os hidrociclones têm maior aplicação em circuitos fechados de moagem. O princípio básico de separação empregado nos hodrociclones é a sedimentação centrífuga. O desempenho dos hidrociclones é influenciado por suas dimensões, pelas variáveis operacionais e pelas propriedades físicas dos sólidos e da polpa alimentada. A polpa é injetada sob pressão no aparelho, através de um duto situado na parte superior da câmara cilíndrica e, como resultado de sua entrada tangencial, é criado no seu interior um redemoinho. As partículas mais grossas e mais densas são arremessadas às paredes e descarregadas na abertura inferior, o apex, constituindo o underflow. Por sua Processos Industriais 25 vez, as partículas mais finas, menos densas e grande parte da fase líquida são dirigidas para o centro do hidrociclone e saem por um cilindro na partesuperior do aparelho, denominado vortex finder, constituindo o overflow. Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 209) Figura 22 – Esquema em corte vertical de um hidrociclone classificador. Processos Industriais 26 Figura 23 – Imagem de conjunto de hidrociclones. Fonte: www.brasmicmineracao.com.br/conteudo/fotos/17.jpg Principais aplicações de hidrociclones: • espessamento - elimina a maior parte da água de uma polpa; • deslamagem - elimina as partículas mais finas. • classificação - frequentemente utilizado no fechamento de circuito de moagem onde o underflow do hidrociclone retorna ao moinho; • classificação seletiva – por meio de uma configuração de hidrociclones em série, é possível obter-se um conjunto de produtos com granulometria definida; • pré-concentração - utilizando hidrociclones de fundo chato, pode-se realizar concentração por gravidade onde os minerais mais densos são descartados pelo underflow. Principais vantagens: • capacidade elevada em relação ao seu volume e à área ocupada; • controle operacional relativamente simples; • custo de investimento pequeno; Processos Industriais 27 • devido ao seu baixo preço e pequeno espaço ocupado, é possível manter unidades de reserva. Desvantagens: • Não possibilitam realizar ajustes para minimizar os efeitos causados pelas oscilações na alimentação; • para se ter um controle efetivo no processo, geralmente são necessárias instalações sofisticadas; • se o minério for abrasivo, o custo de manutenção das bombas e dos hidrociclones poderá ser relativamente elevado. Concentração A concentração de minérios visa separar os minerais de interesse dos que não o são. Para isso é necessário que o(s) mineral(is) de interesse não esteja(m) fisicamente agregado(s) aos minerais de ganga, daí a importância das etapas de fragmentação e classificação, que realizam e monitoram essa separação. As operações de concentração – separação seletiva de minerais – exploram as diferenças de propriedades entre o mineral-minério (o mineral de interesse) e os minerais de ganga, tais como: • peso específico (ou densidade); • suscetibilidade magnética; • condutividade elétrica; • propriedades de química de superfície; • radioatividade; • forma etc. Veremos alguns métodos mais comuns de concentração mineral. Concentração Gravítica ou Gravimétrica O método de concentração gravítico apresenta bons resultados a custos reduzidos. O processo explora a diferença de densidade existente entre os minerais presentes, utilizando-se de um meio fluido (água ou ar) para efetivar a concentração. Os equipamentos tradicionalmente utilizados são os jigues, mesas vibratórias, espirais, cones e “sluices”. O método é comumente adotado na produção de ouro, ilmenita, zirconita, monazita, cromita, cassiterita etc. Os principais mecanismos que atuam no processo de concentração gravítico são: • aceleração diferencial; • sedimentação retardada; • velocidade diferencial em escoamento laminar; • consolidação intersticial; • ação de forças cisalhantes. Processos Industriais 28 Figura 24 – Ilustração dos principais mecanismos que atuam no processo de concentração gravítico. Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 242) Concentrador espiral O concentrador espiral possui forma de um canal helicoidal de seção transversal semicircular. Processos Industriais 29 Figura 25 – Esquema de classificador espiral Humphreys. Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 258) Quando a espiral é alimentada, a velocidade da polpa varia de zero na superfície do canal até um valor máximo na interface com o ar, devido ao escoamento laminar. Ocorre também uma estratificação no plano vertical, usualmente atribuída à combinação de sedimentação retardada e consolidação intersticial, sendo também provável que haja a ação de esforços cisalhantes. O resultado final é que no plano vertical, os minerais pesados estratificam-se na superfície do canal, com baixa velocidade, e os minerais leves tendem a estratificar-se na parte superior do fluxo, nas regiões de maiores velocidades. A trajetória helicoidal causa também um gradiente radial de velocidade no plano horizontal, que tem um efeito menor na trajetória dos minerais pesados e substancial na dos minerais leves. Estes, devido à força centrífuga, tendem a uma trajetória mais externa. Hidrociclones concentradores O hidrociclone usado para concentração gravítica é projetado para minimizar o efeito de classificação e maximizar a influência da densidade das partículas. Quando comparado com o ciclone classificador, apresenta maior diâmetro e comprimento do vortex finder e com ângulo do ápex superior. Processos Industriais 30 Figura 26 – Esquema de um hidrociclone concentrador em corte vertical. Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 260) Flotação A flotação é o método de concentração muito comum no tratamento de quase todos os tipos de minérios, devido à sua grande versatilidade e seletividade. Além disso, a flotação permite obter concentrados com elevados teores e expressivas recuperações, sendo aplicada no beneficiamento de minérios com baixo teor e granulometria fina. O método de flotação se baseia no comportamento físico-químico das superfícies das partículas minerais presentes numa suspensão aquosa. A utilização de reagentes específicos, denominados coletores, depressores e modificadores, permite a recuperação seletiva dos minerais de interesse por adsorção em bolhas de ar. Os equipamentos tradicionalmente adotados se dividem em duas classes, mecânicos e pneumáticos, dependendo do dispositivo utilizado para efetivar a separação. Processos Industriais 31 Figura 27 – Esquema de uma coluna de flotação. Fonte: Oliveira e Aquino (2005, p. 47) Figura 28 – Esquema de uma célula de flotação mecânica Fonte: Oliveira et al. (2004, p. 37) Processos Industriais 32 Figura 29 – Imagem de espuma carregada de minério no topo de uma célula de flotação. Fonte: http://www.manutencaoesuprimentos.com.br/conteudo/5205-processo-de- flotacao-na-mineracao/ Espessamento O espessamento é uma operação de separação sólido-líquido de grande importância e é utilizada em indústrias químicas, têxteis, farmacêuticas, no beneficiamento de minério, bem como no processamento de alimentos, tratamento de água e resíduos, entre outras, uma vez que grande parte dos produtos industriais são suspensões de sólidos em líquidos. O objetivo da operação de espessamento é obter os sólidos existentes numa suspensão concentrada com uma quantidade mínima possível de líquido. Isso é possível através da sedimentação dos sólidos contidos na polpa. Parafacilitar o processo de sedimentação dos sólidos da polpa, são utilizados equipamentos próprios, além de adições de produtos floculantes ou coagulantes. Os espessadores contínuos são tanques rasos, de grande diâmetro, onde operam grades que giram de forma lenta para removerem a lama. A suspensão é injetada pela parte central do equipamento. Em torno da borda do tanque existem vertedores para a retirada do líquido límpido. As grades (ou rastelos) servem para raspar a lama, conduzindo-a para o centro, por onde é descarregada. O movimento das grades promove agitação na camada de lama, estimulando a floculação e a remoção da água retida na lama. Os rastelos giram com velocidade em torno de 1 rotação a cada 5 a 30 minutos. Processos Industriais 33 Figura 30 – Esquema de um espessador contínuo. Fonte: http://www.enq.ufsc.br/muller/ Processos Industriais 34 Figura 31 – Imagem de um espessador industrial contínuo. Fonte: www.vlc.com.br Filtração A filtração de suspensões sólido-líquido sob pressão ocorre por meio da utilização de um meio filtrante (matriz porosa) que se opõe à passagem dos sólidos da suspensão, deixando apenas o líquido atravessar. Por consequência, essas partículas sólidas se acumulam no lado externo do meio filtrante formando uma torta (cake). A torta, por sua vez, se torna um meio poroso que se compacta pela percolação do próprio filtrado, portanto, sua espessura aumenta à medida se procede a filtragem. Figura 32 – Esquema ilustrando a filtração de uma suspensão com formação de torta. Fonte: Luz, Sampaio e Almeida (2004, p. 598) Processos Industriais 35 Após a efetivada a filtragem de um determinado volume de suspensão, a torta é lavada para eliminar resquícios do liquido original e depois coletada. Filtro Prensa Os filtros prensa foram introduzidos por volta do século XIX e foram utilizados por muitos anos principalmente na separação de lamas. Eles foram considerados máquinas de trabalho intensivo, não encontrando muita aceitação nas indústrias de processo sofisticados e altamente automatizados. Em meados dos anos 60 esta imagem mudou pela introdução de mecanismos avançados, orientados para obter tortas de baixa umidade que descarregam automaticamente e permitem a lavagem do pano ao término do ciclo de filtração. Figura 33 – Imagem de filtro prensa. Fonte: www.7way.com.br Figura 34- Esquema de filtro prensa em corte longitudinal. Fonte: http://www.ufrnet.ufrn.br/~lair/Pagina–OPUNIT/Filterpress.htm Processos Industriais 36 A Indústria Siderúrgica Conceitos importantes • METALURGIA: é a arte de extrair do(s) minério(s) o(s) metal(is), elaborá-lo(s) e conformá-lo(s) com o fim de produzir os objetos necessários à humanidade; • DIVISÃO DA METALURGIA: a metalurgia pode ser dividida em siderurgia e metalurgia dos não ferrosos; • SIDERURGIA: É a metalurgia do ferro e suas ligas; • METALURGIA DOS NÃO FERROSOS: É a metalurgia dos outros metais, como do alumínio e suas ligas, do cobre e suas ligas, do ouro etc; Os produtos siderúrgicos se dividem em duas famílias principais: os aços e os ferros fundidos. AÇOS O aço é uma liga metálica formada basicamente de ferro (Fe) e carbono (C). Possui ductibilidade, por isso é facilmente deformável por processos de forja, laminação, extrusão etc. Como o aço é um material produzido para ser deformado, ele deve no aquecimento produzir uma estrutura totalmente austenítica, ou seja, deve possuir teor de carbono inferior a 2% mas, na prática, os aços comerciais não ultrapassam a 0,8% de carbono. Os ferros fundidos são produzidos já no formato da peça final, portanto não sofrerão deformações posteriores, o seu teor de carbono está acima de 2%, o que lhe confere determinada fragilidade. Existe uma gama de tipos de aços, podendo-se destacar as seguintes famílias: • Aços carbono comuns • Aços micro-ligados • Aços ligados de baixa liga • Aços de alta liga: Inoxidáveis ferríticos, inoxidáveis austeníticos, para ferramentas e matrizes, etc. Os aços podem ser classificados com base em diferentes parâmetros, tais como dureza, aplicações, normas técnicas, etc. De acordo com a dureza, os aços se dividem nos seguintes grupos: • Aços extra-doces: Abaixo de 0,15% de C; • Aços doces: 0,15 a 0,30% de C; • Aços meio-doces: 0,30 a 0,40% de C; • Aços meio-duros: 0,40 a 0,60% de C; • Aços duros: 0,60 a 0,70% de C; e Processos Industriais 37 • Aços extra-duros: Acima de 0,70% de C. Fabricação de Aços A fabricação de aços segue as etapas estabelecidas no fluxograma abaixo: Figura 35 – Fluxograma da fabricação de aços. Fonte: Machado, Marques-Sobrinho e Arrivabene (2004, p. 14) Matérias primas As matérias primas minerais utilizadas no processo de redução para obtenção do ferro gusa, se classificam a princípio em minérios de ferro, fundentes, adições e materiais de geração interna. Segue a descrição de cada matéria prima: • Minério de ferro – São aquelas portadoras do principal elemento que é o ferro, normalmente este aparece combinado com o oxigênio na forma de óxido (composto químico). Processos Industriais 38 – Esta combinação pode ocorrer de várias formas originando minérios de composição química e características diferentes, dentre eles tem-se a hematita (Fe2O3 ) e Magnetita (Fe3O4 ). • Fundentes – São matérias primas utilizadas para diminuir o ponto de fusão da ganga, escorificando as impurezas contidas nos minérios e dando condição para posterior retirada do produto desejado (ferro gusa). • Adições – São matérias primas portadora de elementos que, em menores proporções, contribuem para se obter um determinado propósito, seja no produto ou no processo. Ex. minério de manganês (ilmenita). • Materiais de geração interna – São os materiais originados dentro da própria usina cujo aproveitamento torna-se econômico sem prejudicar o processo de sinterização (sinterizar é propiciar uma semi-fusão de uma mistura de minérios). – Na maioria dos casos trata-se de resíduos siderúrgicos gerados na própria usina e que podem gerar algum tipo de impacto ambiental, caso não sejam reciclados ou dispostos de forma correta. – É fundamental seu reaproveitamento, podendo-se citar: pó de minério, pó de coque, pó de carvão, escória de alto forno. O minério de ferro normalmente participa numa proporção que pode variar de 5% até 20%, dependendo da usina e da situação. Basicamente um minério para alto forno deve apresentar: • Alto teor de ferro; • Baixos teores de fósforo, álcalis e enxofre; • No caso do fósforo, cerca de 100% vai para o gusa, além disso, estima- se que para cada 0,1% de fósforo no gusa necessita-se de 1,0 Kg de Carbono/t gusa. Os álcalis (Na2O e K2O) provocam formação de cascão no alto forno e o enxofre (S) e o fósforo (P) elevados desclassificamo aço na aciaria devido ao fato de provocarem fragilidade no mesmo. As principais matérias primas originadas no interior das usinas são: • carepa; • pó de alto forno; • Lixo Industrial; • geração da Calcinação; • pó de CDQ (pó original da coqueria de alto teor de carbono) e etc. Coqueria Coqueria é a unidade industrial que transforma mistura de carvões minerais em coque. Processos Industriais 39 Figura 36 – Imagem de coque. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Coque O coque metalúrgico é empregado nos altos fornos, onde pode atuar como combustível, redutor, fornecedor de carbono ao gusa e permeabilizador da carga. No custo de produção do ferro gusa, o coque supera 40% do total, o que lhe confere grande importância na siderurgia. O ciclo operacional da coqueria pode ser resumido nas fases que constam no fluxograma abaixo: Preparação da mistura de carvões Enfornamento/ Aquecimento Desenfornamento/ Apagamento Tratamento das substâncias voláteis Preparação do coque Figura 37 – Ciclo operacional da coqueria. Processos Industriais 40 Fonte: Elaboração própria baseado em Machado, Marques-Sobrinho e Arrivabene (2004, p. 32) Uma bateria de fornos de coque com recuperação de subprodutos é constituída de fornos verticais cujas dimensões podem variar de 11 a 15 metros de comprimento, 3 a 7 metros de altura e 300 a 550 mm de largura. Suas paredes são construídas de tijolo refratário de sílica, de projeto especial para evitar a passagem de gases. Estes fornos são aquecidos por um gás, o qual é injetado em uma rede de dutos que, por sua vez, são conectados aos regeneradores, que alimentam dois fornos de coqueificação adjacentes. Estes regeneradores são construídos de tijolos refratários de sílica-aluminoso, cuja função é absorver calor dos gases queimados e, posteriormente, ao inverter o fluxo dos gases, eles servem para aquecer o ar que irá ser usado para combustão. O número de fornos numa bateria pode ser muito variado e podendo chegar a ter 200 fornos, e cada forno tem portas removíveis para possibilitar a retirada do coque incandescente com o uso da máquina desenfornadora. Um parâmetro de grande importância na operação de uma bateria de fornos de coqueria é o tempo de coqueificação, que geralmente varia entre 16 a 18 horas. Figura 38 – Desenfornamento e apagamento de coque. Fonte: www.ianalitica.wordpress.com Preparação do coque Após ser resfriado, o coque deve ser britado e peneirado nas peneiras de 75 e 20mm. O coque com 20 a 75mm é enviado para o alto forno e o menor que 20mm para a sinterização. Tratamento das substâncias voláteis Processos Industriais 41 Em torno de de 25% da mistura de carvões se transforma em matérias voláteis que, depois de tratadas, podem ser usadas na própria usina ou vendidas. Sinterização A sinterização é um processo que consiste em misturar e homogeneizar finos de minérios de ferro (sinter feed), finos de carvão ou coque, finos de fundentes (cal, etc.) e umidade e fazer a combustão do carvão ou coque, de modo que a temperatura atinja de 1200º a 1400°C, condição suficiente para que a umidade evapore e as partículas da carga se unem por caldeamento, obtendo-se um material resistente e poroso denominado sinter. Figura 39- Fluxograma do processo de sinterização. Fonte: Machado, Marques-Sobrinho e Arrivabene (2004, p. 45) Processos Industriais 42 O processo de sinterização começa com a a ignição do carvão contido na superficie da mistura com auxílio de maçaricos apropriados, desencadeando a zona de combustão que avança para baixo, guiada pela corrente de ar descendente succionado pelo sistema de exaustão, até atingir a falsa grelha, quando a combustão se extingue. Conforme a frente de combustão desce, toda a mistura é aquecida acima de 1200°C, ocorrendo a soldagem das partículas por caldeamento, resultando uma grande camada de sinter. Para impedir a sucção de finos pelo sistema de exaustão e também para evitar que a frente de combustão atinja as barras de grelha, utiliza-se uma falsa grelha que é uma camada protetora de sinter, com 25 a 35mm de espessura, com granulometria de 10 a 25mm. Figura 40- Ilustração da frente de combustão no processo de sinterização. Fonte: Machado, Marques-Sobrinho e Arrivabene (2004, p. 44) As máquinas de sinterização podem ser intermitentes, adequadas a pequenas usinas siderúrgicas ou contínuas, para grandes usinas. Processos Industriais 43 Figura 41 – Representação esquemática de uma máquina de sinterização contínua Fonte: Machado, Marques-Sobrinho e Arrivabene (2004, p. 47) Redução do Minério de Ferro O processo de obtenção do ferro metálico consiste basicamente na redução dos óxidos de ferro constituintes do minério, utilizando-se de um combustível carbonoso redutor, geralmente coque, carvão vegetal ou carvão mineral. As reações de redução dos óxidos de ferro exigem temperaturas superiores a 1000º C para que ocorram em velocidades satisfatórias, onde obtem-se o ferro por redução direta ou indireta. Processos de redução direta são aqueles nos quais a redução do minério de ferro a ferro metálico é realizada sem que ocorra, em nenhuma etapa do processo, a fusão da carga no reator. A redução de minério de ferro no estado sólido por carvão é antiga e caracterizou o principal processo de obtenção de ferro até o desenvolvimento dos altos fornos. O produto metálico é obtido na fase sólida, sendo chamado de “ferro esponja” devido ao seu aspecto esponjoso. O ferro esponja é um produto metálico com 85 a 95% de ferro e de 0,1 a 1,0% de C. É obtido no estado sólido à temperatura em torno de 1100º C. De forma geral, o ferro esponja é utilizado em fornos elétricos a arco em vez de sucata para obtenção do aço, onde a sua característica vantajosa é a sua pureza (elementos de liga contidos na sucata podem dificultar o atendimento à especificação do aço a ser produzido). Os processos de redução direta podem ser divididos conforme o tipo de redutor, em duas classes: redutor sólido (carvão ou coque) ou redutor gasoso (gás natural-CH4 e/ou gases redutores como CO, H2). O processo de redução direta é viável em países pouco industrializados, com minérios de alta qualidade, com escassez de sucata e com gás natural em abundância. Nesse caso reduz-se a utilização do coque que é necessário nos altos fornos, uma vez que este redutor necessita de carvão mineral coqueificável e cujas reservas estão cada vez mais escassas. A redução indireta de minério de ferro é realizada em altos fornos, onde ocorre a fusão redutora do minério de ferro na presença de combustível carbonoso (carvão ou coque) e gases redutores que permeiam a carga. Processos Industriais 44 Alto Forno O alto forno é um tipo de forno decuba empregado na produção de ferro gusa (ferro bruto). O alto forno geralmente é construído com chaparia de aço extradoce, protegida internamente com uma grossa camada de refratários dotados de camisas de refrigeração a água. O corpo principal do alto forno se divide em goela, cuba, ventre, rampa e cadinho, a saber: • TOPO – É a parte superior do alto forno onde localizam-se os dispositivos de carregamento (cone grande, cone pequeno, bleeders, correia transportadora, etc.) • GOELA OU GARGANTA – Situa-se logo abaixo do cone grande, possui várias fieiras de placas de desgaste feitas em aço ou ferro fundido para proteger os refratários do impacto e da abrasão da carga ao ser aberto o cone grande. • CUBA – Região logo abaixo da goela onde os materiais carregados ainda estão no estado granular. – • VENTRE – É a parte de maior diâmetro do Alto forno e região de alta temperatura. • RAMPA – É a região onde os refratários estão submetidos aos ataques mais severos, devido à ação do calor, pressão e ação da escória. – Esta região é refrigerada externamente, podendo-se inserir entre os refratários varias placas de refrigeração ou staves. • CADINHO – Região que acumula o gusa e a escória. O diâmetro interno do cadinho mais o volume interno do forno são utilizados para representar o tamanho do forno. Processos Industriais 45 Figura 42- Representação esquemática de alto forno em corte vertical. Fonte: Fonte: Machado, Marques-Sobrinho e Arrivabene (2004, p. 56) A mistura de minérios de ferro + carvão vegetal ou coque + fundente são carregados no topo do forno e, na descida, são transformados pela ação dos gases ascendentes, provenientes da combustão do carvão com o oxigênio soprado pelas ventaneiras, obtendo-se escória e ferro gusa líquidos pelo cadinho, e poeiras e gases no topo. Em um alto forno, o ferro gusa é o principal produto, sendo o gás de topo, o pó e a escória, subprodutos aproveitáveis. Processos Industriais 46 Figura 43 – Imagem de alto forno. Fonte: www.alufer.com.br A quantidade de escória produzida é normalmente 250 a 340 kg/t de gusa. A escória de alto forno era descartada. Atualmente ela é um subproduto se apresentando na forma de escória bruta (aterros) e escória granulada (usada na fabricação de cimento). O gusa e a escória saem juntos por um único furo no cadinho, chamado furo de gusa e a separação se faz por diferença de densidade no canal de corrida principal. Processos Industriais 47 Figura 44 – Imagem do ferro gusa sendo esgotado do alto forno (canal de corrida). Fonte: http://pt.dreamstime.com/fotos-de-stock-royalty-free-alto-forno-image14989608 O gusa, mais denso, segue por outros canais em direção ao carro torpedo, e a escória segue para o sistema de granulação, onde a mesma recebe jatos de água pressurizados ficando com granulação fina devido ao choque térmico. Após desidratação da escória, ela é vendida para fábricas de cimento. Figura 45 – Esquema ilustrando o sistema de separação do gusa e da escória na casa de corrida. Fonte: Fonte: Machado, Marques-Sobrinho e Arrivabene (2004, p. 63) Produção de Aço em Convertedor A transformação do gusa líquido em aço envolve: • a diminuição dos teores de carbono, silício, fósforo, enxofre e nitrogênio a níveis bastante baixos; • a adição de sucata ou minério de ferro para ajustar a temperatura do aço bruto; e • o ajuste dos teores de carbono, manganês, elementos de liga e da temperatura no forno ou na panela de vazamento. Processos Industriais 48 Existem diversos tipos diferentes de convertedores, que encerram diferentes tipos de métodos de transformação do ferro gusa em aço (Bessemer, Siemens-Martin, LD, Elétrico etc.). Veremos aqui o convertedor LD por se tratar de um método muito utilizado. Convertedor LD O convertedor LD tem a forma de um barril sendo basculado para carga ou vazamento, em torno de um eixo horizontal, acionado por conjuntos de motores e redutores. Para a chaparia, é utilizado um aço baixa liga ao cromo-molibdênio. Junto à carcaça metálica, em aço resistente ao envelhecimento, com 35 a 75 mm de espessura, como revestimento permanente é colocada uma camada de tijolos de magnésia calcinada, seguindo-se uma camada de magnésia apisoada, como separação e uma camada de desgaste, em blocos de dolomita calcinada impregnada com alcatrão. O fundo é de chapa metálica reforçada, seguindo-se várias fieiras de tijolos de magnésia, até a camada de desgaste, em blocos de magnésia calcinada e impregnada. A lança consiste de 3 tubos concêntricos, de aço sem costura, terminando num bocal de cobre eletrolítico; no interno, flui o oxigênio; o intermediário, é para a alimentação da água de resfriamento e, o externo, para o retomo da água aquecida. A ponta da lança contém 3 a 5 dutos em forma de venturi, para obter a velocidade supersônica do gás. Um sistema de talha elétrica, comandado da plataforma do conversor, suspende ou abaixa a lança. A vida útil de uma lança é da ordem de algumas centenas de corridas. Figura 46 – Representação esquemática de convertedor LD em corte vertical. Processos Industriais 49 Operação de convertedor LD Com o convertedor inclinado, a sucata é carregada por uma calha ou por um vagão basculador, seguindo-se o gusa líquido. Colocado na posição vertical, introduz-se a lança de oxigênio até a altura pré-determinada (1,0 a 1,5m distante do banho), sendo que a pressão de oxigênio varia de 10,5 a 12,6 atmosferas. Após a ignição, que ocorre depois de alguns segundos, faz-se o carregamento da cal por meio do silo montado sobre o forno. O tempo de sopro varia entre 17 a 18 minutos e o tempo total da corrida é de aproximadamente 35 minutos. O rendimento em aço produzido, em relação aos materiais carregados, é da ordem de 90%. O consumo de oxigênio a 99,5% de pureza é, aproximadamente, de 57 Nm3 por tonelada de aço. Completado o sopro, a lança é retirada e o conversor basculado para a horizontal. Mede-se a temperatura do banho com um pirômetro de imersão e colhe-se uma amostra para análise, que é feita entre 3 a 5 minutos. No final do vazamento, retém-se a escória no conversor com o "tampão flutuante" de modo a vedar o furo de corrida quando a escória começar a vazar. Para vazar a escória, bascula-se completamente o convertedor para o lado oposto sobre o pote de escória e prepara-se o convertedor para a corrida seguinte. Lingotamento Contínuo O lingotamento contínuo produz placas de aço diretamente do aço líquido em um único equipamento. Foi o mais importante avanço tecnológico nos processos metalúrgicos desde os anos sessenta. O lingotamento convencional, feito através de lingoteiras, é um processo bastante oneroso que envolve equipamentos adicionais como forno-poço, laminador desbastator, estripadores, manutenção de lingoteiras, transportes internos (pontes rolantes, etc.), para obter a placa de aço.O lingotamento contínuo eliminou os gastos com os equipamentos citados resultando além de redução de tempo e custo em melhoria da qualidade do aço. O lingotamento continuo compreende a seguinte sequência de operação: a) Fluxo do metal líquido através de um distribuidor para alimentar o molde; b) Formação de uma casca solidificada, no molde em cobre, resfriado a água; c) Extração contínua da peça; d) Remoção de calor do núcleo ainda líquido, por meio de sprays de água de resfriamento; e) Corte no comprimento desejado e remoção das peças. Processos Industriais 50 Figura 47 – Imagem de lingotes obtidos a partir do processo de lingotamento contínuo. Fonte: www.gerdau.com.br Figura 48 – Máquina de lingotamento contínuo. Fonte: http://www.ifi.unicamp.br/gftp/metal/lingotamento6.htm Processos Industriais 51 Figura 49 – Esquema de máquina de lingotamento contínuo. Fonte: Machado, Marques-Sobrinho e Arrivabene (2004, p. 63) Comparação entre os rendimentos no lingotamento convencional e contínuo • Em termos de massa − No lingotamento convencional, de 100 t de metal líquido obtém-se 84 a 86 t de placas, sendo o restante: 2 t de restos de panela e carepa e 14 t de pontas, oxidação e perdas na escarfagem. − No lingotamento contínuo, as mesmas 100 t de aço líquido geram 97 t de placas, sendo as 3 t restantes, perdas de fundo de panela, carepa, pontas e borra de escarfagem. • Em termos de energia: − No lingotamento convencional, 45% da energia do aço líquido é aproveitada, sendo necessário o fornecimento do complemento de 55% pela eletricidade, combustível, oxigênio ou vapor. − De 100% de energia presentes, apenas 21% fica retido na placa ou tarugo, sendo o restante disperso na água de resfriamento, ar ambiente, condução através dos equipamentos etc. − No lingotamento contínuo, 80% da energia necessária é fornecida pelo próprio aço líquido e apenas 20% são supridos externamente, sob a forma de eletricidade, combustível etc. − De 100% de energia disponível, 46% é utilizado no tarugo ou placa e 54% são absorvidos na água de resfriamento, vapor etc. Processos Industriais 52 CAPÍTULO V – ASPECTOS AMBIENTAIS NOS PROCESSO INDUSTRIAIS Segundo Santos (2005), o resultado da interação das atividades humanas com o meio ambiente (consumo de recursos, mudança de espaço físico e geração de rejeitos) é o que se denomina de aspectos ambientais. Se por ventura os aspectos ambientais não forem devidamente tratados, incorre-se em efeitos no meio ambiente, o que se denomina por impactos ambientais. Para exemplificar, se a escória produzida em uma siderúrgica for descartada sem o devido cuidado no meio ambiente, haverá a contaminação do solo e da água da localidade. Portanto, o aspecto ambiental é a escória e os impactos ambientais seriam a contaminação do solo e da água. Figura 50 – Fluxograma esquemático indicando os impactos ambientais potenciais da escória de alto forno. Fonte: Machado, Marques-Sobrinho e Arrivabene (2004, p. 52) Conhecer os aspectos ambientais de uma atividade e seus impactos ambientais correlacionados é fundamental para determinar os cuidados no tratamento que deve ser dado a cada aspecto ambiental. Indústria Siderúrgica Escória No caso da escória, ela produz impacto ambiental direto quando na fase líquida, por meio da vaporização e condensação, que dependem da temperatura e da composição química. O vapor oriundo da escória pode conter partículas de óxido, hidróxido, cloreto, sulfato, sulfito, fosfato ou mesmo na forma elementar. Processos Industriais 53 Quando a temperatura é alta, entre 1000ºC a 1600ºC, o impacto ambiental predominante é a vaporização, quando a temperatura é menor do que 1000ºC, o impacto predominante é a condensação, onde predominam os sulfatos. A lixiviação e a solubilização são considerados impactos indiretos. Os ensaios de lixiviação são realizados, visando simular as condições as quais a escória estará submetida, quando estiver estocada. Tal simulação permite avaliar as propriedades específicas das escórias, bem como a saída de um ou mais constituintes da mesma e se ela influenciará a fertilidade do solo, ou provocará algum tipo de contaminação. Existem inúmeros fatores que podem influenciar a relação em que os constituintes são dissolvidos da matriz da escória. Esses fatores são de natureza física, química e biológica, sendo que os fatores de natureza biológica geralmente estão ligados aos fatores químicos. Os principais fatores químicos que influem na lixiviação são: o processo de adsorção, o pH do material, as condições de oxidação-redução, fatores biológicos que afetam o pH, o potencial de lixiviação dos constituintes e a velocidade de saída dos elementos. Os principais fatores físicos, que influem na lixiviação são os seguintes: • condições hidrológicas; • a permeabilidade e a porosidade da matriz; • a temperatura; • o fluxo lixiviante; • o tempo de exposição do material; • a geometria do material; • o tamanho das partículas expostas a lixiviação; e • a homogeneidade ou heterogeneidade da matriz. Gás e Pó O gás de alto forno se constitui de 21 a 25% de CO (monóxido de carbono), 18 a 22% de CO2 (gás carbônico), 2 a 5% de H2 (gás hidrogênio), possuindo 700 a 800 kcal/Nm³ de poder calorífico e, por isso, ele é recuperado e usado como combustível. O gás é limpo (em um sistema de limpeza de gases), colocado em uso para diversos fins, tanto "puro" como em mistura com gás de coqueria ou com gás de convertedor. O pó, recolhido no sistema de limpeza de gases, é formado pelo material recolhido no balão de pó (dust catcher) e pelo pó úmido recolhido nos lavadores de gás e/ou nos precipitadores eletrostáticos. Processos Industriais 54 Figura 51- Esquema de coletor de pó de balão do gás de topo de alto forno. Fonte: Oliveira e Martins (2003, p. 5) A composição do pó varia de acordo com a matéria prima usada, porém, de forma geral, é formada por 25 a 40% de ferro; 40 a 45% de carbono; 5 a 7% de sílica e 2 a 4% de cal. O pó, devido à sua composição, é utilizado para formar o sinter, por meio do processo de sinterização. Indústria Mineral Segundo Luz, Sampaio e Almeida (2004), o tratamento de minérios não chega a ser uma fonte de grande contaminação ambiental, em comparação com outras atividades industriais, tal como a agricultura. Porém, é inegável que o descarte dos rejeitos das usinas de beneficiamento poderá eventualmente resultar num apreciável fator de poluição. Há uma pressão crescente para que os rejeitos, ao invés de danificarem os terrenos, sejam usados, por exemplo, para preenchimentos de minas (back fill), visando a restauração das áreas mineradas, ou que sejam cuidadosamente dispostos. A questão da água também é seriamente observada na maioria dos países, sendo significativa a recuperação e reciclagem da água de processo nas grandes minerações, prática esta que tende a se intensificar no Brasil nas pequenas e médias empresas.Processos Industriais 55 O início recente de cobrança da água aos usuários, inclusive às minerações, pela captação dos recursos hídricos, deverá acelerar a adoção de gestão mais racional dos recursos hídricos. Na década de setenta, com o surgimento dos movimentos ambientalistas, exigências mais rígidas para abertura de novas minas fizeram-se necessárias, adotando-se o Estudo de Impacto Ambiental- EIA e o Relatório de Impacto Ambiental- RIMA, também para a mineração. Logo a seguir, surgiu o conceito de desativação de mina que passou a ser uma exigência já prevista no próprio projeto de lavra, vindo a se constituir em importante instrumento para se introduzir tecnologias de prevenção de impactos ambientais. Processos Industriais 56 CAPÍTULO VI – MÉTODOS DE TRATAMENTO FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DE EFLUENTES De acordo com a Norma Brasileira — NBR 9800/1987, efluente líquido industrial se refere ao despejo líquido proveniente do estabelecimento industrial, abrangendo emanações de processo industrial, águas de refrigeração poluídas, águas pluviais poluídas e esgoto doméstico. Por muito tempo não existiu a preocupação de caracterizar a geração de efluentes líquidos industriais e de avaliar seus impactos no meio ambiente. No entanto, a legislação vigente e a conscientização ambiental fazem com que algumas indústrias desenvolvam atividades para quantificar a vazão e determinar a composição dos efluentes industriais. Sabe-se que as características físicas, químicas e biológicas do efluente industrial variam em função do tipo de indústria, com o período de operação, com a matéria prima utilizada, com a reutilização de água etc. O efluente líquido pode ser solúvel ou com sólidos em suspensão, com ou sem coloração, orgânico ou inorgânico, com temperatura baixa ou elevada. Entre parâmetros mais usuais para caracterizar a massa líquida estão as determinações físicas (temperatura, cor, turbidez, sólidos etc.), as químicas (pH, alcalinidade, teor de matéria orgânica, metais etc.) e as biológicas (bactérias, protozoários, vírus etc.). O conhecimento da vazão e da composição do efluente industrial permite a determinação das cargas de poluição/contaminação, o que é fundamental para definir o tipo de tratamento, avaliar o enquadramento na legislação ambiental e estimar a capacidade de autodepuração do corpo receptor. Posto isso, é preciso quantificar e caracterizar os efluentes, para evitar impactos ambientais, demandas legais e prejuízos para a imagem da indústria junto à sociedade. Métodos de Tratamento A prevenção à poluição corresponde a qualquer prática que busque a redução e/ou eliminação, seja em volume, concentração ou toxicidade, das cargas poluentes na própria fonte geradora. Pode incluir modificações nos equipamentos, processos ou procedimentos, reformulação ou replanejamento de produtos e substituição de matérias primas e substâncias tóxicas que resultem na melhoria da qualidade ambiental. Independentemente da solução adotada para o lançamento dos resíduos gerados no processo produtivo ou na limpeza das instalações, é importante que a indústria disponha de sistema para tratamento ou condicionamento dos materiais residuais. Para tanto é preciso que sejam considerados os pontos abaixo: 1. Qual o volume e composição dos resíduos gerados? 2. Os resíduos podem ser reutilizados na própria indústria? Processos Industriais 57 3. Esse material pode ser reciclado e comercializado? 4. Quanto custa coletar, transportar e tratar esses resíduos? 5. Existe local adequado para destino final desses resíduos? Os processos de tratamento utilizados são classificados de acordo com princípios físicos, químicos e biológicos: • Processos físicos: dependem das propriedades físicas do contaminante, tais como: tamanho de partícula, peso específico, viscosidade, etc. Exemplos: gradeamento, sedimentação, filtração, flotação, regularização/equalização, etc. • Processos químicos: dependem das propriedades químicas dos contaminantes e/ou das propriedades químicas dos reagentes incorporados. Exemplos: coagulação, precipitação, troca iônica, oxidação, neutralização, osmose reversa, ultrafiltração etc. • Processos biológicos: utilizam reações bioquímicas para a eliminação dos contaminantes solúveis ou coloidais. Podem ser anaeróbicos ou aeróbicos. Exemplo: lodos ativados, lagoas aereadas, biodiscos (RBC), filtro percolador, valas de oxidação, reatores sequenciais descontínuos (SBR). O tratamento físico-químico apresenta maiores custos, em razão da necessidade de aquisição, transporte, armazenamento e aplicação dos produtos químicos. Porém, essa pode ser a opção mais indicada nas indústrias que geram resíduos líquidos tóxicos, inorgânicos ou orgânicos não biodegradáveis. Geralmente o tratamento biológico se apresenta menos dispendioso, baseando-se na ação metabólica de microrganismos, especialmente bactérias, que estabilizam o material orgânico biodegradável em reatores compactos e com ambiente controlado. No ambiente aeróbio são utilizados equipamentos eletro-mecânicos para fornecimento de oxigênio utilizado pelos microrganismos, o que não é preciso quando o tratamento ocorre em ambiente anaeróbio. Apesar da maior eficiência dos processos aeróbios em relação aos processos anaeróbios, o consumo de energia elétrica, o maior número de unidades, a maior produção de lodo e a operação mais trabalhosa justificam, cada vez mais, a utilização de processos anaeróbios. Portanto, em algumas estações de tratamento de resíduos líquidos industriais estão sendo implantadas as seguintes combinações: • unidades anaeróbias seguidas por unidades aeróbias; • unidades anaeróbias seguidas de unidades físico-químicas. Segue abaixo o Quadro 2 que apresenta os tipos de contaminantes relacionados com a operação ou tratamento potencial: Processos Industriais 58 Quadro 2 – Relação CONTAMINANTE versus OPERAÇÃO OU TRATAMENTO CONTAMINANTE OPERAÇÃO OU TRATAMENTO • Gradeamento • Remoção de areia • Sedimentação • Filtração • Flotação • Adição de polímeros químicos • Coagulação/sedimentação Sólidos suspensos • Sistemas naturais • Lodos ativados Orgânicos biodegradáveis • Reatores de filmes fixos: filtros biológicos e conctadores biológicos rotativos • Striping • Tratamento de gás pós-striping Orgânicos voláteis • Adsorção por carvão • Cloração • Cloreto de bromo • Ozonação • Radiação UV Patogênicos • Sistemas naturais • Nitrificação e desnitrificação com culturas em suspensão ou filme fixo • Stipping de amônia • Troca iônica • Cloração Nutrientes (nitrogênio) • Sistemas naturais • Adição de sais metálicos • Coagulação/sedimentação com cal • Remoção biológica • Remoção químico-biológica Fósforo • Sistemas naturais • Precipitação química • Troca iônica Metais pesados • Sistemas naturais • Troca iônica • Osmose reversa Sólidos dissolvidos orgânicos • Eletrodiálise Fonte: http://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/3669-efluentes-industriais#.TxW90qWm9ih Processos Industriais 59 BIBLIOGRAFIA LUZ, A. Benvindo da (Org.) ; SAMPAIO, J. A. (Org.) ; ALMEIDA, S. L. M. (Org.). Tratamento de minérios. 4.
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