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* * A ética na intervenção psicossocial * * Não podemos entender o papel do interventor ou pesquisador social como um ser neutro no ambiente a ser estudado, é de sumo interesse estudar e, sobretudo, refletir sobre a responsabilidade dos que fazem pesquisa em ambientes sociais humanos. O sujeito humano responsável é também um sujeito ético individual e social, uma vez que ninguém é ético por si: somos éticos em relação aos outros. * * Por meio da ética raciocina-se sobre as questões fundamentais da moralidade. Dessa forma, a ética envolve uma reflexão sobre as várias morais, que são os referenciais para as atitudes, ideias e valores inerentes a todos os povos e participa efetivamente dos questionamentos do Direito, da Psicologia, da Sociologia e de outras áreas. Posto que a intervenção social é conceituada como uma série de influências que poderão ser planejadas ou não na vida de um pequeno grupo ou de uma comunidade, com o objetivo de promover o bem estar da mesma, reduzindo então sua desorganização social e pessoal, é importante discutir a ética na intervenção social. * * A intervenção social pressupõe uma ação que ocorre sempre em relação a outros e, portanto, deve estar permanentemente revestida de ética. * * A premissa básica em qualquer pesquisa é de que o bem estar e a integridade do grupo em estudo devem prevalecer inclusive em relação ao almejado avanço do conhecimento. Em função disso, os direitos de seus membros individualmente e do grupo coletivamente, sempre devem ser respeitados e priorizados. * * As considerações éticas são fundamentais no planejamento, condução e avaliação de pesquisas. Idealmente, toda pesquisa deve informar plenamente os participantes, destacando-se os propósitos, os riscos associados e o direito de recusar ou interromper a participação em qualquer tempo. Os psicólogos estão inegavelmente comprometidos com os seguintes princípios: competência, integridade, responsabilidade profissional e científica, respeito aos direitos humanos e a dignidade das pessoas, preocupação com o bem estar do próximo e responsabilidade social. Deve-se ter cautela para honrar todos os compromissos assumidos com os sujeitos. * * Pesquisadores desenvolvendo estudos com populações vulneráveis, tais como crianças, idosos, pacientes hospitalizados, presidiários e outros, tem uma particular responsabilidade no que diz respeito a proteção desses sujeitos. Existem 03 âmbitos de responsabilidade: - A responsabilidade pessoal; -A responsabilidade jurídica; -A responsabilidade profissional. * * Cabe ao profissional ter condutas que auxilie a potencializar a previsibilidade de toda e qualquer ação social. Essas condutas dizem respeito a algumas situações fundamentais que são básicas no exercício e formação profissionais. Primeiro: é preciso aumentar o conhecimento do papel do interventor, o que proporcionará ao profissional melhoria nas técnicas de intervenção e de avaliação de programas; Segundo: é necessário considerar a perspectiva dos sujeitos para que o profissional se coloque na sua condição, de forma a contar com a subjetividade individual e coletivas dos mesmos. Terceiro: identificar os efeitos da motivação, interação e sinergias sociais e dos meios de comunicação de massa sobre os seres humanos, que podem interferir na expressão social dos indivíduos. * * Outra questão está relacionada à responsabilidade por resultados inesperados. Algumas formas de prevenção de efeitos secundários indesejáveis podem ser sugeridas ao interventor: 1) Atuar sempre de acordo com os melhores princípios técnicos e científicos existentes: isto favorece que a responsabilidade recais no coletivo profissional e científico em seu conjunto e não no interventor em particular; 2) Familiarizar-se com uma gama de conhecimentos e técnicas, e não somente as mais atraentes ou aquelas aparentemente mais fáceis; 3) Buscar cada vez mais o desenvolvimento no campo da intervenção social; 4) Buscar uma adequada avaliação dos programas de intervenção social; 5) Sempre que possível, realizar provas piloto; 6) Buscar a criação de mecanismos profissionais e/ou sociais que possam dar conta das responsabilidades econômicas com a intervenção; 7) Por ultimo, ter muito cuidado no planejamento técnico, político e ético das relações. * * Segundo Bertmant e Warwick, o interventor social tem 04 áreas de responsabilidade: 1) Competência: ele deve estar capacitado para a realização da intervenção; 2) Veracidade na publicidade da atividade profissional: Não despertar falsas expectativas, para as quais não está profissionalmente habilitado e, logo não poderá cumprir; 3) Garantir a confidencialidade: Devendo estar disposto, inclusive, a enfrentar responsabilidades jurídicas pelos seus atos, caso estes não forem honestos ou provocarem danos resultantes da quebra de respeito e confianças. 4) Efeitos indesejados: prevenir ao máximo os efeitos indesejáveis da intervenção através dos cuidados já relatados anteriormente. * * Conclusões: Não podemos, como interventores sociais, como sujeitos morais, deixar de pensar nas consequências de nossas atitudes, devendo orientá-las para o benefício do outro, a quem nos dirigimos, cuidando para que as nossas razões pessoais, status e/ou necessidades de poder não superem o respeito daquele que nos permitiu participar de sua vida. Nosso compromisso é fundamentalmente com as pessoas que em nosso trabalho atingimos. Este deve atingir três âmbitos primordiais de responsabilidade: a pessoal, a jurídica e a profissional. Sendo fieis a essa concepção, com certeza atingiremos nossas metas adequadamente, salvaguardando nossa consciência e nossa imagem profissional. * * Bibliografia SARRIERA, Jorge Catellá e SFORCADA, Enrique Teófilo (org.) Introdução a Psicologia Comunitária. Bases teóricas e metodológicas. Porto Alegre: Sulina, 2010.
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