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Proc. Exec. Penal N2

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5. Recursos em Espécie. 
5.1. Recursos Previstos no Código de Processo Penal. 
5.1.1. Do recurso em sentido estrito. 
Art. 581.  Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
     I - que não receber a denúncia ou a queixa;
        II - que concluir pela incompetência do juízo; 
        III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; 
         IV – que pronunciar o réu;                         (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
        V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante;                     (Redação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989)
        VI -                        (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
        VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
        VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; 
        IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade;
        X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
        XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
        XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;
        XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
        XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
        XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
        XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
        XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
        XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
        XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado; 
        XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;
        XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
        XXII - que revogar a medida de segurança;
        XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação;
        XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.
        Art. 582 - Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação, salvo nos casos dos ns. V, X e XIV.
        Parágrafo único.  O recurso, no caso do no XIV, será para o presidente do Tribunal de Apelação.
        Art. 583.  Subirão nos próprios autos os recursos:
        I - quando interpostos de oficio;
        II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X;
        III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo.
        Parágrafo único.  O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia.
        Art. 584.  Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.
        § 1o  Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598.
        § 2o  O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento.
        § 3o  O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da metade do seu valor.
        Art. 585.  O réu não poderá recorrer da pronúncia senão depois de preso, salvo se prestar fiança, nos casos em que a lei a     admitir.
        Art. 586.  O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias.
        Parágrafo único.  No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte dias, contado da data da publicação definitiva da lista de jurados.
        Art. 587.  Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no respectivo termo, ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado.
        Parágrafo único.  O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de cinco dias, e dele constarão sempre a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não for possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo de interposição.
        Art. 588.  Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
        Parágrafo único.  Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do defensor.
        Art. 589.  Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.
        Parágrafo único.  Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.
        Art. 590.  Quando for impossível ao escrivão extrair o traslado no prazo da lei, poderá o juiz prorrogá-lo até o dobro.
        Art. 591.  Os recursos serão apresentados ao juiz ou tribunal ad quem, dentro de cinco dias da publicação da resposta do juiz a quo, ou entregues ao Correio dentro do mesmo prazo.
        Art. 592.  Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem, deverão os autos ser devolvidos, dentro de cinco dias, ao juiz a quo.
5.1.1.a) Cabimento
Segundo Avena “Embora o recurso em sentido estrito destine-se a impugnar decisões interlocutórias, seu cabimento é restrito aos casos expressamente contemplados em lei. Portanto, não é possível equipará-lo ao agravo de instrumento do processo civil e, a partir daí, compreender que pode ser manejado contra qualquer decisão incidental no processo.[1: Avena, Norberto Cláudio Pâncaro - Processo penal – 9.ª ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.]
Sem embargo de se considerar peremptórias as situações de cabimento do RSE, é possível aceitar a interpretação extensiva (art. 3.º do CPP) das hipóteses previstas, permitindo-se, em caráter excepcional, o manejo desse recurso contra decisões que, apesar de não expressamente arroladas, sejam conceitualmente muito próximas ou que produzam sucumbência semelhante a uma hipótese legal de cabimento. Exemplo: A autoridade policial representa pela prisão temporária do investigado. O juiz, malgrado o parecer favorável do Ministério Público, indefere essa prisão. Ora, o indeferimento da prisão temporária não se encontra entre as situações previstas de RSE. Contudo, existe a previsão desse recurso para atacar a decisão que indefere a prisão preventiva (art. 581, V, do CPP). Assim, no exemplo, poderá o promotor (não o delegado de polícia, pois este não possui faculdade recursal) valer-se do RSE para atacar tal decisão, fazendo-o a partir de interpretação extensiva da hipótese prevista no art. 581, V, do CPP. Isto ocorre porque tanto uma quanto outra hipótese produzem a mesma consequência processual: a manutenção do investigado em liberdade.
No art. 581, caput, do CPP, contempla-se o cabimento do recurso em exame em relação a decisões, despachos e sentenças.
Trata-se, porém, de impropriedade legislativa. O RSE é cabível unicamente contra decisões interlocutórias. Quanto aos despachos de mero expediente, são irrecorríveis, muito embora passíveis de impugnação por meio de correição parcial (que não é recurso) quando provocarem inversão tumultuária do processo. Já as sentenças de condenação ou absolvição são apeláveis (art. 593, I, do CPP), ressalvando-se desta regra apenas a hipótese de julgamento pela prática de crime político, que enseja recurso ordinário constitucional para o STF (art. 102, II, b, da CF).”
5.1.1b) Prazo e forma de interposição
Ainda de acordo com o magistério de Avena “Como regra geral, o RSE deverá ser interposto no prazo de cinco dias (art. 586 do CPP). Esseprazo, entretanto, é ressalvado em duas situações:[2: Avena, Norberto Cláudio Pâncaro - Processo penal – 9.ª ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.]
- Hipótese do art. 581, XIV: Refere-se ao recurso da lista geral de jurados, que deverá ser protocolado no prazo de 20 dias, contados da publicação da lista definitiva (art. 586, parágrafo único);
- Recurso do assistente de acusação não previamente habilitado em relação à extinção da punibilidade do réu, a ser deduzido no prazo de 15 dias, contados a partir do final do prazo do Ministério Público (art. 584, § 1.º, c/c o art. 598, parágrafo único). 
- Quanto à forma, o recurso poderá ser interposto tanto por petição como por termo nos autos. Basta ver que o art. 587 do CPP, ao disciplinar a indicação de peças para traslado, refere-se ao “respectivo termo” e ao “requerimento avulso” (petição).
Tratando-se de recurso em que as razões não precisam, necessariamente, estar acostadas à interposição, poderá o recorrente relegar a respectiva apresentação para momento posterior. Nesse caso, o prazo para apresentação será de dois dias, nos termos do art. 588 do CPP. Muito embora esse dispositivo sugira que o referido prazo deva correr de forma automática após a interposição do recurso ou a extração do traslado pelo escrivão, é entendimento consolidado no sentido de que sua fluência tem início apenas após a notificação do recorrente para esse fim.”
5.1.1.c) Efeitos
O recurso em sentido estrito possui os seguintes efeitos:[3: Avena, Norberto Cláudio Pâncaro - Processo penal – 9.ª ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.]
- Efeito devolutivo: como ocorre com todos os recursos, o RSE possui efeito devolutivo, o que significa a restituição ao Poder Judiciário da possibilidade de revisar a decisão atacada.
Efeito regressivo: possui, ainda, efeito regressivo, eis que permite ao próprio juiz prolator retratar-se da decisão recorrida antes da remessa ao juízo ad quem. A previsão legal deste efeito encontra-se no art. 589 do CPP, dispondo que “com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de 2 (dois) dias, reformará ou
sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que lhe parecerem necessários”.
- Efeito suspensivo: quanto a este efeito, como regra, o recurso em sentido estrito não o possui, ressalvadas as seguintes situações:
- Contra a decisão que determinar a perda do valor da fiança (art. 584, caput, do CPP): em se tratando de fiança, a regra é a sua devolução a quem a pagou, pois não se trata esse instituto de pagamento pela liberdade provisória, mas sim de uma garantia economicamente avaliável prestada no intuito de resguardar o inquérito policial ou o processo criminal.
Assim, uma vez transitada em julgado sentença absolutória, deverá ser restituída integralmente a fiança a quem a prestou, devidamente atualizada (art. 337 do CPP). Ao contrário, passando em julgado decisão condenatória, o valor pago poderá ser utilizado para abater o montante das custas, da indenização do dano causado à vítima (caso haja dano indenizável), da prestação pecuniária e da pena de multa que tiver sido fixada (art. 336 do CPP), restituindo-se a quem o tiver prestado eventual saldo. Apesar desta normatização, estabelece o art. 344 do CPP que restará perdido na totalidade o valor da fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta. Essa decisão de perda da fiança, porém, é passível de recurso em sentido estrito (art. 581, VII, do CPP), pois não é de todo improvável que não tenha ocorrido a fuga do condenado, mas sim um afastamento provisório seu do domicílio, por exemplo, em virtude de hospitalização, de cuidado de familiar doente etc. Como esse RSE, a teor do art. 584, caput, do CPP, possui efeito suspensivo, antes do seu julgamento não será cumprida a regra do art. 345 que determina seja o valor da fiança, depois de deduzidas as custas e encargos a que esteja obrigado o acusado, recolhido ao fundo penitenciário. Tal consequência da perda da fiança apenas poderá ser ordenada após o julgamento do RSE, caso improvido.
Contra a decisão que denegar a apelação ou julgá-la deserta (art. 584, caput, do CPP): Até certo tempo atrás, esta previsão de efeito suspensivo possuía extrema importância para o acusado, pois impedia a execução provisória da sentença condenatória na pendência de julgamento do RSE. Exemplo: Suponha-se que o réu tenha sido condenado à pena privativa da liberdade, facultando-lhe o juiz o direito de apelar em liberdade em face da ausência de requisitos da prisão preventiva. Se, eventualmente, a apelação por ele interposta não fosse recebida, o efeito natural dessa decisão seria a prisão. Afinal, havia sido facultado “apelar em liberdade”, e não “aguardar o trânsito em julgado em liberdade”.
Não obstante, se fosse interposto RSE contra a decisão que denegou a apelação, essa insurgência suspendia a execução provisória da pena privativa de liberdade, em razão do efeito suspensivo que é inerente ao RSE do art. 581, XV, do CPP. Na atualidade, a previsão de efeito suspensivo do RSE contra decisão que denegar ou julgar deserta a apelação perdeu muito de sua relevância em face da prevalência do entendimento no sentido de que a execução provisória da pena fixada em sentença condenatória antes do trânsito em julgado da condenação é inconstitucional por afetar a presunção de inocência, podendo o acusado ser preso antes desse trânsito apenas quando presentes os pressupostos da prisão preventiva. Mas, atenção: Sem embargo de esse entendimento ainda subsistir em relação à apelação da sentença condenatória, deve-se atentar que em 17.02.2016, no julgamento do Habeas Corpus 126.292/SP, o Plenário do STF deliberou no sentido de que se viabiliza a execução provisória da pena quando, diante de recurso da defesa, ocorre a confirmação da sentença condenatória em Segundo Grau (raciocínio que, por óbvio, também alcança a hipótese de reforma da sentença absolutória em face de recurso da acusação e consequente condenação do réu pelo
tribunal), ponderando ainda que isto não ofende o princípio constitucional da presunção de inocência, sendo indiferente, nesse caso, a presença ou não dos pressupostos da prisão preventiva. Posteriormente, em 05.10.2016, pronunciando-se acerca das liminares requeridas nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade 43 e 44 propostas, respectivamente, pelo Partido Nacional Ecológico e pelo Conselho Federal da OAB em relação ao art. 283 do CPP, o STF ratificou o entendimento adotado no julgamento do referido HC 126.292/SP, compreendendo, por maioria de
votos, que o referido art. 283 não impede o início do cumprimento da pena após esgotadas as instâncias ordinárias.
Mais recentemente, em 11.11.2016, no julgamento do Recurso Extraordinário 964.246/SP, o Plenário virtual do STF, novamente por maioria, reafirmou a mencionada orientação. Tratando-se, neste caso, de deliberação meritória realizada após reconhecimento da repercussão geral da matéria, a tese firmada pelo Excelso Pretório, doravante, deverá ser aplicada nos processos em curso nas instâncias inferiores. 
Além destes dois casos previstos no art. 584, caput, do CPP, em que o RSE suspende a plenitude dos efeitos das respectivas decisões, há outros dois em que o recurso suspende apenas parcialmente esses efeitos. São eles:
- Recurso contra a decisão de pronúncia: estabelece o art. 584, § 2.º, do CPP que o recurso contra a pronúncia suspenderá tão somente o julgamento pelo Tribunal do Júri. A leitura desatenta deste dispositivo pode conduzir à falsa impressão de que o recurso interposto contra a decisão de pronúncia não impede a tramitação normal do processo, vedando
apenas a realização do julgamento pelo júri. Tal conclusão, porém, mostra-se absolutamente equivocada, por duas razões: primeira, a circunstância de que o recurso em sentido estrito contra a pronúncia processa-se, como regra, nos próprios autos (art. 583, II, do CPP). Sendo assim,é evidente que não poderia o legislador preceituar a possibilidade de prosseguimento do feito na Vara do Júri, pois o processo ao qual incorporado o recurso deverá ser encaminhado ao Tribunal competente para o julgamento; e, segunda, o fato de que, conforme se extrai dos arts. 421 e 422 do CPP, depois de preclusa a decisão de pronúncia é que os autos do processo serão conclusos ao magistrado para as diligências legais que antecedem ao julgamento em plenário. Destarte, o sentido do art. 584, § 2.º, ao dispor que o recurso suspende tão somente o julgamento pelo Júri, não está fazendo referência ao procedimento em si, mas sim aos efeitos da pronúncia, quais sejam:
- Submissão do réu a júri: Trata-se de efeito natural da pronúncia, já que esta é a única, dentre as quatro possibilidades de decisões previstas nos arts. 413, 414, 415 e 419 do CPP, que conduz o acusado a julgamento popular. Este efeito ficará suspenso pela interposição de RSE contra a pronúncia, pois, como se viu, apenas quando preclusa essa decisão é que o processo poderá retomar seu prosseguimento.
- Possibilidade de ser decretada a prisão preventiva ou impostas as medidas cautelares diversas da prisão arroladas no art. 319 (art. 413, § 3.º): Este efeito não ficará obstado pela interposição de RSE, podendo ser executadas tais medidas, caso tenham sido determinadas na pronúncia.
- Recurso contra a decisão que julgar quebrado o valor da fiança: O quebramento da fiança dar-se-á quando o beneficiário descumpre as obrigações legais pertinentes à fiança concedida (arts. 327 e 328), quais sejam, o comparecimento a todos os atos do inquérito ou processo, sempre que chamado; não mudar de residência sem prévia comunicação à autoridade respectiva e não se afastar de sua residência por mais de oito dias sem comunicação à polícia ou juízo; e, também, quando configuradas as hipóteses do art. 341 do CPP, estabelecendo que se reputará quebrada a fiança quando o afiançado regularmente intimado para ato do processo deixar de comparecer, sem motivo justo; deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; resistir injustificadamente a ordem judicial; e praticar nova infração penal dolosa. 
Essa decisão importa em duas consequências (art. 343 do CPP):
- Perda definitiva de metade do valor pago, ficando apenas a outra metade sujeita a restituição a quem prestou a fiança: Este efeito da decisão de quebramento ficará suspenso até o julgamento do RSE, em face do que dispõe o art. 584, § 3.º, do CPP.
Possibilidade de o juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação da prisão preventiva. Esta consequência poderá ser executada imediatamente, independente de estar preclusa ou não a decisão de quebramento, já que o citado art. 584, § 3.º, refere que o recurso contra a decisão que julgar quebrada a fiança suspenderá apenas a perda da metade do seu valor, não suspendendo, então, a aplicação de outras medidas cautelares, inclusive a prisão preventiva.
5.1.1.d) Formalidades na tramitação
“Em regra, o RSE será processado por instrumento (traslado). Nesse caso, o recorrente, por ocasião da interposição, e o recorrido, ao apresentar contrarrazões, deverão indicar as peças dos autos que pretendem sejam trasladadas (fotocopiadas) pelo escrivão para instruírem o recurso, sem prejuízo de o próprio juiz determinar traslado de peças que compreenda importantes para o seu julgamento pelo tribunal (art. 587 do CPP). No instrumento, obrigatoriamente deverão constar as cópias da decisão recorrida e a certidão de sua intimação (art. 587, parágrafo único, do CPP). Além destas, acrescentamos também o instrumento procuratório, uma vez que se considera inexistente o recurso que aporta ao tribunal sem esse documento (Súmula 115 do STJ)35.[4: Avena, Norberto Cláudio Pâncaro - Processo penal – 9.ª ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.]
Há, todavia, hipóteses nas quais o recurso não subirá ao tribunal por instrumento, mas sim nos próprios autos do processo, dispensando-se, evidentemente, a indicação de peças pelas partes. Isto ocorre nas situações previstas no art. 583 do CPP, quais sejam:
I) Quando se tratar de hipótese de recurso em sentido estrito “interposto” de ofício pelo juiz. Esta situação ocorre, na atualidade, apenas em relação à decisão concessiva de habeas corpus (art. 581, X, c/c o art. 574, I, ambos do CPP).
Anteriormente à vigência da Lei 11.689/2008 também se admitia RSE ex officio em relação à absolvição sumária. Entretanto, em face da revogação do art. 581, VI, ficou suprimida a utilização do RSE nesse caso, sendo a apelação o recurso cabível contra essa ordem de absolvição (art. 416 do CPP).
II) Quando se tratar das hipóteses dos incs. I (não recebimento da denúncia ou queixa), III (procedência das exceções, salvo a suspeição), IV, 1.ª parte (pronúncia), VIII (extinção da punibilidade) e X (concessão ou denegação do habeas corpus) do art. 581 do CPP. Aqui, deve-se atentar a dois aspectos:
Quanto ao RSE da pronúncia (inc. IV): apesar de este inciso determinar que o recurso em sentido estrito contra a decisão de pronúncia seja processado nos próprios autos, há hipótese em que essa modalidade impugnativa subirá ao tribunal competente para o julgamento mediante traslado: trata-se da situação contemplada no art. 583, parágrafo único, dispondo que, “quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados”. Isto ocorre porque, nestes casos, operar-se-á a cisão do processo criminal, que terá prosseguimento tão somente em relação aos acusados não recorrentes ou já intimados da pronúncia.
Quanto ao RSE da absolvição sumária (inc. VI): a redação original do art. 583, II, do CPP também determinava que o RSE contra a absolvição sumária deveria ser processado nos próprios autos. Ocorre que, como dissemos antes, descabe RSE em relação a essa decisão, não apenas porque o art. 4.º da Lei 11.689/2008 revogou expressamente o inc. VI do
art. 581, como em razão de a nova redação do art. 416 estabelecer o cabimento da apelação em relação à absolvição sumária.
III) Quando não prejudicar o andamento do processo principal. É o que ocorre, por exemplo, com o RSE do art. 581, XVI, dirigido à decisão do juiz que ordenar a suspensão do processo em virtude de questão prejudicial. Encontrando-se suspenso o processo, não há prejuízo em que os respectivos autos subam ao tribunal juntamente com o recurso interposto.
Competência para o julgamento É das câmaras dos Tribunais de Justiça e turmas dos Tribunais Regionais Federais a competência para o julgamento do recurso em sentido estrito. Este o alcance do art. 582 do CPP quando reza que “os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação”. Quanto às ressalvas previstas nesse dispositivo (“salvo nos casos dos ns. V, X e XIV”), a única que subsiste é a do inciso XIV, cujo julgamento está afeto à presidência do Tribunal, restando prejudicadas as demais pelas reformas legislativas havidas após a edição do Código de Processo Penal.
Gize-se, outrossim, que a expressão “tribunais de apelação” não é mais utilizada. Destarte, atualizando-se a redação do art. 582 em exame, teríamos a seguinte redação: “os recursos em sentido estrito serão sempre julgados pelas Câmaras dos Tribunais de Justiça ou pelas Turmas dos Tribunais Regionais Federais, salvo na hipótese do art. 581, XIV, cujo julgamento é afeto ao Presidente do Tribunal a que vinculado o juízo que organizou a lista geral de jurados impugnada”.
5.1.1.e) Processamento
“Interposto o recurso no prazo de cinco dias, serão os autos conclusos ao juiz para verificação de sua admissibilidade.[5: Avena, Norberto Cláudio Pâncaro - Processo penal – 9.ª ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.]
Preenchidos os respectivos pressupostos, o juiz receberá a inconformidade, notificando-se as partes – primeiro recorrente, depois o recorrido – para apresentação de razões e contrarrazões,respectivamente, cada qual no prazo de dois dias (art. 588 do CPP). Apresentados ou não esses arrazoados, retornará o recurso ao juiz para o juízo de retratação (art. 589, caput, do CPP). Não se retratando, deverá o juiz encaminhar o recurso ao juízo ad quem para julgamento. Retratando-se, terá sido alcançado o resultado prático desejado, esgotando-se aí, em princípio, a tramitação do RSE.
Registre-se, todavia, que a parte prejudicada com a nova decisão provocada pela retratação do magistrado poderá não se conformar com essa solução, exsurgindo-se daí duas possibilidades:
Se a nova decisão provocada pela retratação ensejar recurso em sentido estrito, em vez de intentar novo recurso, deverá o interessado, por simples petição (art. 589, parágrafo único, do CPP), requerer a remessa do recurso já processado à instância superior, vedados novos arrazoados (razões e contrarrazões), não sendo mais lícito ao juiz retratar-se.”
5.1.2. Apelação. 
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:                   (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;                    (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior;                  (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:                 (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;                     (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;                  (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;                   (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.                  (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        § 1o  Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.                     (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        § 2o  Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança.                  (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        § 3o  Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.                        (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        § 4o  Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra.                     (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        Art. 594.                    (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
        Art. 595.                    (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
        Art. 596.  A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente em liberdade.                     (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
        Parágrafo único.  A apelação não suspenderá a execução da medida de segurança aplicada provisoriamente.                     (Redação dada pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973)
        Art. 597.  A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo o disposto no art. 393, a aplicação provisória de interdições de direitos e de medidas de segurança (arts. 374 e 378), e o caso de suspensão condicional de pena.
        Art. 598.  Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo.
        Parágrafo único.  O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e correrá do dia em que terminar o do Ministério Público.
        Art. 599.  As apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo o julgado, quer em relação a parte dele.
        Art. 600.  Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que o prazo será de três dias.
        § 1o  Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de três dias, após o Ministério Público.
        § 2o  Se a ação penal for movida pela parte ofendida, o Ministério Público terá vista dos autos, no prazo do parágrafo anterior.
        § 3o  Quando forem dois ou mais os apelantes ou apelados, os prazos serão comuns.
        § 4o  Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar na superior instância serão os autos remetidos ao tribunal ad quem onde será aberta vista às partes, observados os prazos legais, notificadas as partes pela publicação oficial.                     (Incluído pela Lei nº 4.336, de 1º.6.1964)
        Art. 601.  Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância superior, com as razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que o prazo será de trinta dias.
        § 1o  Se houver mais de um réu, e não houverem todos sido julgados, ou não tiverem todos apelado, caberá ao apelante promover extração do traslado dos autos, o qual deverá ser remetido à instância superior no prazo de trinta dias, contado da data da entrega das últimas razões de apelação, ou do vencimento do prazo para a apresentação das do apelado.
        § 2o  As despesas do traslado correrão por conta de quem o solicitar, salvo se o pedido for de réu pobre ou do Ministério Público.
        Art. 602.  Os autos serão, dentro dos prazos do artigo anterior, apresentados ao tribunal ad quem ou entregues ao Correio, sob registro.
        Art. 603.  A apelação subirá nos autos originais e, a não ser no Distrito Federal e nas comarcas que forem sede de Tribunal de Apelação, ficará em cartório traslado dos termos essenciais do processo referidos no art. 564, III.
5.2.1.a) Conceito de apelação: trata-se de recurso contra decisões definitivas, que julgam extinto o processo, apreciando ou não o mérito, devolvendo ao Tribunal Superior amplo conhecimento da matéria. Essa seria, a nosso ver, a melhor maneira de conceituá-la, embora o Código de Processo Penal tenha preferido considerar apelação como o recurso contra as sentenças definitivas, de condenação ou absolvição, e contra as decisões definitivas ou com força de definitivas, não abrangidas pelo recurso em sentido estrito.[6: Nucci, Guilherme de Souza - Código de Processo Penal comentado – 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.]
5.2.1.b) Forma e prazos[7: Avena, Norberto Cláudio Pâncaro - Processo penal – 9.ª ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.]
“No aspecto da forma, a apelação regulada pelo Código de Processo Penal poderá ser interposta tanto por petição como por termo nos autos. No tocante ao processamento, trata-se de recurso que deve subir ao tribunal competente para seu julgamento, em regra, inserida nos próprios autos do processo criminal, conforme estabelece o art. 603 do CPP. Há, porém, exceção a essa regra no art. 601, § 1.º, do CPP, ao dispor que o recurso subirá ao tribunal por traslado quando, havendo mais de um réu, nem todos tenham sido julgados ou nem todos tenham apelado da sentença. Estas previsões têm por objetivo evitar que se protele o encaminhamento do recurso do réu apelante ao tribunal enquanto se aguarda ojulgamento do outro réu no mesmo processo, ou que se retarde o início da execução da pena do condenado que não interpôs apelação.
Quanto ao prazo de interposição, como regra geral, será de cinco dias (art. 593, caput, do CPP). Ressalva-se, contudo, a apelação do assistente de acusação, quando não previamente habilitado, em relação à sentença condenatória ou absolutória, que poderá ser deduzida no prazo de 15 dias, contados a partir do final do prazo do Ministério Público, nos termos do art. 598, parágrafo único, do CPP (v. item 14.2.2.1 sobre a legitimidade recursal do assistente); e, também, a apelação cabível no âmbito da Lei 9.099/1995, que deve ser interposta já com as razões no prazo de dez dias (art. 82 daquele diploma).
Tratando-se de recurso em que as razões não precisam acompanhar a interposição, faculta-se ao apelante optar entre oferecê-las desde logo, ou relegá-las para momento posterior, isto é, quando notificado pelo juiz para esse fim (arts. 593 e 600 do CPP). Nesse último caso, o prazo para o oferecimento dessas razões será de oito dias, salvo nos processos relativos a contravenções penais, em que esse prazo será de três dias (art. 600, caput, do CPP).”
5.2.1c) Efeitos da apelação
A apelação possui efeito devolutivo, pois devolve a matéria já decidida a reexame pelo órgão competente.
Quanto ao efeito regressivo (juízo de retratação), a apelação não o possui, jamais permitindo ao juiz voltar atrás na sentença recorrida, ao contrário do que ocorre com o recurso em sentido estrito e com o agravo em execução.
Já em relação ao efeito suspensivo a apelação poderá suspender ou não os efeitos da decisão atacada, dependendo essa definição da natureza da sentença. Assim:
a) Hipótese de sentença absolutória própria (sem medida de segurança) nos procedimentos de competência do juiz singular ou do Tribunal do Júri (arts. 593, I e III, do CPP): A sentença absolutória própria tem como consequência a imediata liberdade do réu, efeito esse que não é condicionado ao seu trânsito em julgado e também não fica prejudicado em face do ingresso de apelação pelo Ministério Público ou pelo acusador particular (assistente de acusação ou querelante). Essa regra, que não admite nenhuma exceção, decorre da exegese do art. 386, parágrafo único, I, do CPP, ao dispor que, na sentença absolutória, o juiz mandará, se for o caso38, pôr o réu em liberdade, bem como do art. 596, caput, do CPP, quando estabelece que a apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente em liberdade. Neste contexto, é correto afirmar que a apelação da sentença absolutória própria não possui efeito suspensivo, pois não suspende o efeito natural da absolvição, que é a liberdade.
b) Hipótese de sentença absolutória imprópria (com medida de segurança) nos procedimentos de competência do juiz singular ou do Tribunal do Júri (art. 593, I e III, do CPP): Neste caso, o efeito da sentença não será a liberdade, e sim a aplicação da medida de segurança (art. 386, parágrafo único, III, do CPP). Tendo em vista que a execução dessa medida pressupõe trânsito em julgado da sentença que a tenha determinado (art. 171 da Lei 7.210/1984), e considerando que a interposição de apelação protela esse trânsito, é conclusivo que a apelação da absolvição imprópria possui efeito suspensivo indireto. Diz-se indireto porque, embora não haja dispositivo legal atribuindo efeito suspensivo à apelação nesse caso, sua interposição retarda a ocorrência de coisa julgada, impedindo-se, em consequência, a execução da medida de segurança.
Evidentemente, nada impede que o juiz, no âmbito da sentença absolutória imprópria, reconhecendo a periculosidade do réu, determine a sua internação provisória com base no art. 319, VII, do CPP (introduzido pela Lei 12.403/2011). Todavia, em face da expressa previsão incorporada a esse dispositivo, tal medida exige que se trate o crime imputado de infração cometida com violência ou grave ameaça e que haja risco de reiteração. E se não for este o caso? E se, apesar do risco de reiteração ou da periculosidade do acusado, não estiver respondendo ele a processo por crime cometido com violência ou grave ameaça? E se não houver risco de reiteração da conduta, mas sim risco de fuga? Ora, se não for adequada ou suficiente a aplicação da medida restritiva prevista no citado art. 319, VII, do CPP, possibilita-se ao magistrado decretar a prisão preventiva do acusado e, ato contínuo, determinar a sua internação em manicômio judiciário para que lá aguarde o trânsito em julgado da decisão e o posterior início da medida de segurança imposta. Tal procedimento, que se justifica na simetria existente entre a sentença de absolvição imprópria e a sentença condenatória, tem o aval da jurisprudência pátria, compreendendo-se que “a prisão preventiva é a medida adequada para assegurar que o acusado, doente mental, fique segregado, quando presentes os requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal, como na hipótese, uma vez que não existe em nosso ordenamento jurídico, desde a reforma penal de 1984, a medida de segurança provisória” (STJ, RHC 22.666/PR, DJ 13.10.2008).
Registre-se, por fim, que a regra do art. 596, parágrafo único, do CPP, encontra-se prejudicada, tendo em vista que se refere à execução da medida de segurança provisoriamente aplicada (antes do trânsito em julgado da sentença), possibilidade esta que foi extirpada pela reforma penal de 1984 e pela lei de execuções penais.
c) Hipótese de sentença condenatória nos procedimentos de competência do juiz singular ou do Tribunal do Júri (art. 593, I e III, do CPP): Relativamente à sentença condenatória, duas disposições legais coexistiam no Código de Processo Penal:
O art. 594, relativo à apelação da sentença condenatória à pena de prisão; e O art. 597, aplicável, por exclusão, à apelação da sentença condenatória às demais penas (multa ou restritiva de direitos).
Não obstante, com o advento da Lei 11.719/2008, esta, em seu art. 3.º, revogou expressamente o art. 594 do CPP. Com isso, apenas o art. 597 do CPP subsistiu. Tendo em vista que o art. 597 insere preceito genérico, não distinguindo a natureza da pena pela qual condenado o réu, é conclusivo que, com a revogação do art. 594, assumiu ele o papel de norma reguladora do efeito suspensivo da apelação em caso de sentença condenatória. Em consequência, é correto dizer que, na atualidade, a apelação da sentença condenatória sempre suspende a execução da pena, seja ela de multa, restritiva de direitos ou prisão, sem prejuízo, nesse último caso, da possibilidade que assiste ao magistrado de manter ou decretar a prisão preventiva do condenado quando presentes as condições que a autorizam (art. 387, § 1.º, do CPP).
E quanto às ressalvas previstas no art. 597 ao efeito suspensivo da apelação da sentença condenatória? Encontram-se prejudicadas pela reforma penal de 1984, bem como pela disciplina da Lei de Execuções Penais (Lei 7.210/1984). Veja-se que, na atualidade, inexiste a “aplicação provisória de interdições de direitos e de medidas de segurança”, pois extirpada essa possibilidade do ordenamento jurídico. Prejudicada, igualmente, a ressalva feita ao caso de “suspensão condicional de pena”
(sursis), visto que o cumprimento desse benefício pressupõe a realização de audiência admonitória, a qual deve ser realizada apenas após o trânsito em julgado da condenação (art. 160 da LEP). Destarte, antes desse trânsito, não há audiência, e sem audiência não há início de cumprimento das condições do sursis.
d) Apelação das decisões interlocutórias mistas terminativas, também chamadas de decisões definitivas (art. 593, II, 1.ª parte, do CPP): Lembre-se, de início, que esta apelação é cabível apenas quando não houver previsão de recurso em sentido estrito (v. tópico 14.8.1, item c.2). É o caso da impronúncia, que implica extinção do processo. Pois bem, dada à simetria das decisões interlocutórias mistas terminativas, quanto a seus efeitos, com a sentença absolutória – afinal, ambas extinguem o procedimento sem a aplicaçãode qualquer sanção –, é correto dizer que a apelação, aqui, também não possui efeito suspensivo.
Enfim, na pendência de seu julgamento, o processo não terá andamento. Em outras palavras, não fica suspenso o efeito da extinção da ação penal, que é o impedimento de sua continuidade. E, do mesmo modo, encontrando-se preso o réu, será ele imediatamente liberado, não ficando esta liberação obstada pelo fato do ingresso da apelação.
e) Apelação das decisões interlocutórias mistas não terminativas, também chamadas de decisões com força de definitivas (art. 593, II, 2.ª parte, do CPP): Deve-se rememorar que também esta apelação é viabilizada somente quando não for cabível recurso em sentido estrito (v. tópico 14.8.1, item c.2). Exemplo, por excelência, de decisão interlocutória mista não terminativa é a pronúncia, mas esta, como já vimos antes, enseja RSE (art. 581, IV), sendo o efeito suspensivo regulado no art. 584, § 2.º. Agora, outras decisões interlocutórias mistas não terminativas existem e são apeláveis. É o caso da decisão do juiz que, no procedimento dos crimes funcionais, rejeita a defesa preliminar do art. 514 do CPP e dá prosseguimento ao feito. Neste caso, é cabível a apelação do art. 593, II, 2.ª parte, do CPP, a qual, segundo pensamos, não poderá ter efeito suspensivo. Dito de outro modo: tal a apelação não suspende o efeito da rejeição da defesa preliminar, que é o prosseguimento imediato do processo. Logo, mesmo na pendência de seu julgamento pelo tribunal, faculta-se ao juiz impulsionar a ação penal normalmente.
Sem embargo, registre-se que há entendimentos em sentido oposto, vislumbrando efeito suspensivo na apelação do art. 593, II.
f) Apelação da impronúncia e da absolvição sumária (art.416 do CPP): A norma prevista no art. 416 do CPP, dispondo serem apeláveis tais decisões, é absolutamente inócua. Isto porque tanto a impronúncia como a absolvição sumária são decisões interlocutórias mistas terminativas, já que extinguem o feito prematuramente, vale dizer, antes de se esgotarem todas as fases do procedimento do júri (por isto não se classificam como sentenças propriamente ditas). Logo, assim como dissemos na alínea d
deste tópico, se for interposta apelação, enquanto esta não for julgada, o processo em que impronunciado ou absolvido sumariamente o réu não terá andamento, quer dizer, não fica suspenso o efeito da impronúncia e da absolvição sumária, que é paralisação imediata do processo. E, como dissemos alhures, encontrando-se preso o acusado, será ele imediatamente liberado, não ficando esta liberação obstada pelo fato do ingresso da apelação. Conclusão: não há, nesta apelação, efeito suspensivo.
5.2.1.d) Tramitação[8: Avena, Norberto Cláudio Pâncaro - Processo penal – 9.ª ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.]
O exame das fases que compõem o procedimento da apelação, desde a sua dedução até a remessa ao juízo ad quem, passa, necessariamente pela distinção entre a apelação das decisões do juízo comum e o recurso das decisões do juizado especial criminal.
Assim:
1. Processamento da apelação regulada pelo Código de Processo Penal (regra): Interposta a apelação por petição ou termo nos autos, será conclusa ao juiz para a verificação dos pressupostos recursais de admissibilidade. A ausência de qualquer deles implica denegação do recurso, decisão esta impugnável por RSE (art. 581, XV, do CPP). Se, opostamente, estiverem presentes aqueles pressupostos, será a apelação recebida pelo juiz, seguindo-se a notificação do recorrente para apresentar suas razões, e, depois, a notificação do recorrido para contrarrazões (art. 600 do CPP). Havendo assistente de acusação habilitado, também este será notificado para, querendo, arrazoar o recurso (art. 600, § 1.º, do CPP). Observe-se, quanto ao assistente, que deve ele ser chamado após o Ministério Público. Vencidas essas etapas, a apelação será enviada ao tribunal competente para seu julgamento.
Atenção: Não é incomum a demora no julgamento da apelação pelo tribunal competente, o que dá margem, na hipótese de se encontrar preso o réu, à impetração de habeas corpus sob a alegação de constrangimento ilegal. Nestes casos, tem sido entendimento reiterado no STJ o de que deve ser levado em conta o princípio da razoabilidade e a quantidade de pena imposta na sentença condenatória. Neste contexto, já decidiu aquela Corte que os prazos para a finalização dos atos processuais não são peremptórios, podendo ser flexibilizados diante das peculiaridades do caso concreto, em atenção e dentro do princípio da razoabilidade. Logo, evidenciado que o intervalo decorrido desde o aforamento do recurso encontra-se dentro dos critérios da razoabilidade, não se vislumbra constrangimento ilegal passível de ser sanado mediante habeas corpus, especialmente considerando-se a quantidade de pena imposta.
2. Processamento da apelação regulada pelo Código de Processo Penal (rito facultativo): O art. 600, § 4.º, do CPP faculta ao apelante, ao interpor a apelação, requerer ao juiz que lhe oportunize a apresentação de razões diretamente no tribunal.
Nesse caso, depois de recebida, a apelação será encaminhada ao juízo ad quem, onde será aberta vista às partes para apresentação de razões e contrarrazões, nos prazos legais. A opção por esse procedimento é de livre escolha do apelante, não podendo o juiz negar sua aplicação. Mutatis mutandis, também não pode o magistrado impor esse rito caso não tenha sido postulado pelo recorrente no ato da interposição.
3. Processamento da apelação disciplinada pela Lei 9.099/1995: Será interposta unicamente por petição, já acompanhada das respectivas razões (art. 82, § 1.º, da Lei 9.099/1995). Imediatamente após sua propositura, será encaminhada ao juiz para verificação dos requisitos pertinentes à sua admissão. A ausência importa em não recebimento. Se, porém, estiverem presentes os pressupostos, segue-se a notificação do apelado para apresentar contrarrazões. Decorrido o prazo legal para esse fim, o recurso será encaminhado à Turma Recursal do Juizado Especial Criminal para julgamento.
5.1.3. Embargos. 
5.1.3.a) Embargos infringentes e de nulidade
Art. 609 - Parágrafo único.  Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto de divergência. 
Os embargos infringentes são destinados ao reexame de acórdãos de segunda instância proferidos pelos Tribunais de Justiça e pelos Tribunais Regionais Federais, desde que não unânimes (decisão por dois votos a um) e desfavoráveis ao réu.
Nesse contexto, caracteriza-se como recurso privativo da defesa, regra esta que se ressalva tão somente nos embargos infringentes previstos no art. 538 do Código de Processo Penal Militar, o qual dispõe que o Ministério Público e o réu poderão opor embargos de nulidade, infringentes do julgado e de declaração, às sentenças finais proferidas pelo Superior Tribunal Militar.
Considerando que a previsão legal destes embargos encontra-se no Capítulo V do Título II do Código de Processo Penal, que cuida “do processo e do julgamento dos recursos em sentido estrito e das apelações”, seu cabimento ocorrerá unicamente quando se tratar de acórdão que tenha julgado uma dessas duas modalidades de insurgência: apelação ou recurso em sentido estrito. Apesar dessa limitação, é predominante na jurisprudência pátria o entendimento de que também é possível a utilização destes embargos quando se tratar de julgamento por maioria de agravo em execução (art. 197 da Lei 7.210/1984), pois este
segue a mesma forma e procedimento do RSE.
5.1.3.b)Embargos de declaração
Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de dois dias contados da sua publicação, quando houver na sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão.Art. 620.  Os embargos de declaração serão deduzidos em requerimento de que constem os pontos em que o acórdão é ambíguo, obscuro, contraditório ou omisso.
        § 1o  O requerimento será apresentado pelo relator e julgado, independentemente de revisão, na primeira sessão.
        § 2o  Se não preenchidas as condições enumeradas neste artigo, o relator indeferirá desde logo o requerimento.
Conceito e Cabimento[9: Avena – obra citada]
Definem-se como o instrumento facultado às partes visando à integração (não à substituição) de decisões judiciais, sejam estas acórdãos, sentenças ou decisões interlocutórias. Os vícios que ensejam seu ingresso são aqueles listados em lei. Consistem em:
Ambiguidade: Ocorre quando a decisão permite duas ou mais interpretações. Exemplo: ao condenar o réu por crime hediondo cometido antes da alteração da Lei 8.072/1990 pela Lei 11.464/2007, o juiz estabelece a pena em nove anos de reclusão, no regime fechado. Ao assim referir, deixa a sentença dúvidas se o regime está sendo estabelecido como integralmente fechado (situação prevista antes da alteração ditada pela Lei 11.464) ou se apenas inicialmente fechado (dado à retroatividade da Lei 11.464, já que mais benéfica).
Obscuridade: Hipótese em que o pensamento do julgador não está claro, ou se mostra incompreensível, ou não correspondente à realidade dos autos, disso tudo resultando ininteligibilidade da questão jurídica objeto da decisão. É o caso, por exemplo, de o juiz, diante do cometimento de outro crime pelo apenado durante a execução da pena, determinar a imediata alteração da data inicial de contagem do prazo para benefícios futuros para o dia do trânsito em julgado da condenação pela prática do novo delito, quando, na verdade, ainda não existe sentença condenatória a respeito.
Omissão: Vício decorrente da falta de pronunciamento da decisão sobre ponto relevante. Exemplo: a condenação criminal do réu, com maus antecedentes, a oito anos de reclusão, sem estabelecer o regime em que deverá ser cumprida a pena – semiaberto ou fechado. Lembre-se que, a despeito das regras do art. 33, § 2.º, do CP, que disciplinam a fixação do regime carcerário a partir do binômio quantidade de pena X condição de reincidente ou não do réu, faculta-se ao juiz estabelecer regime mais gravoso, desde que o faça fundamentadamente (art. 33, § 3.º, do CP e Súmula 719 do STF).
Contradição: Contraditória é a decisão que encerra aspectos conflitantes. Exemplo: na sentença penal condenatória por roubo (pena de quatro a dez anos de prisão), ao proceder ao cálculo da pena, refere o juiz que, tendo em vista a inexistência de qualquer circunstância judicial negativa dentre as previstas no art. 59 do CP, fixa a pena-base em cinco anos de reclusão (aumento de um ano, portanto). Ora, esta decisão é contraditória, pois, não ocorrendo a negativação de nenhum dos vetores do referido art. 59, impunha-se a estipulação da pena basilar no mínimo legal.
Em termos de legislação e regimentos dos tribunais, há previsão dos embargos declaratórios em relação a outras decisões, sendo exemplos:
Decisões do juiz singular (art. 382 do CPP);
Acórdãos dos tribunais (arts. 619 e 620 do CPP);
Decisões do juiz singular e acórdãos das turmas recursais dos Juizados Especiais Criminais (art. 83 da Lei 9.099/1995);
Acórdãos do STJ (arts. 263 a 265 do Regimento Interno do STJ);
Acórdãos do STF (arts. 337 a 339 do Regimento Interno do STF).
Prazo e forma[10: Avena – obra citada]
Tanto os embargos declaratórios previstos no art. 382 do CPP quanto aqueles contemplados no art. 619 do mesmo diploma devem ser opostos em dois dias, contados da intimação da sentença ou publicação do acórdão embargado. Devem ser deduzidos por petição já acompanhada das respectivas razões, não se admitindo o termo. Não há intimação da parte contrária para contra-arrazoar os embargos, salvo se pretender o órgão julgador atribuir efeitos modificativos e não meramente integrativos da decisão embargada.
Quando opostos contra sentença, deverão ser endereçados ao próprio juiz prolator. Tratando-se de acórdão, deverão ser dirigidos ao desembargador-relator.
Efeitos em relação ao prazo dos demais recursos
Em que pesem algumas divergências, predomina o entendimento de que os embargos declaratórios regulados no Código de Processo Penal, uma vez opostos, interrompem o prazo para o recurso cabível, o qual fluirá, integralmente, após a decisão dos embargos. Exemplo: Considere-se que, intimado o promotor de justiça da sentença condenatória no dia 1.º de março (quarta-feira), tenha ele oposto embargos declaratórios em 3 de março (sexta-feira). Se, da decisão dos embargos, o promotor for intimado em 9 de maio (quinta-feira), disporá ele da integralidade do prazo recursal para interposição da apelação (cinco dias = 14 de maio), não se abatendo o tempo decorrido entre a intimação da sentença condenatória e o ingresso dos embargos.
Como o Código de Processo Penal nada dispõe a respeito da consequência da oposição dos embargos em relação ao prazo de outros recursos, esse efeito de interrupção decorre de aplicação analógica do art. 1.026 do CPC/2015, que o prevê expressamente.
O art. 1.026 do CPC/2015 mantém a regra estipulada no art. 538 do revogado CPC/1973 no sentido de que os embargos declaratórios interrompem o prazo para a interposição do recurso cabível contra a decisão proferida, acrescentando, apenas, que tais embargos não possuem efeito suspensivo. Dispõe o art. 1.026: “Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para
a interposição de recurso”.
A interrupção do prazo se opera no caso de serem desacolhidos os embargos? Sim. Eventual desacolhimento dos embargos não implica a perda do prazo do recurso cabível em relação ao julgado embargado.
E se não forem conhecidos? Suponha-se que, ingressados os embargos contra sentença, constate o juiz que estes foram intempestivos, deixando de conhecê-los. Nesta hipótese, o efeito de interrupção não se opera, devendo-se considerar como início do prazo recursal o primeiro dia útil seguinte à data da intimação da decisão embargada.
Embargos declaratórios com efeitos infringentes[11: Avena – obra citada]
Tema importante respeita à possibilidade de serem conferidos efeitos infringentes (modificativos) a embargos declaratórios. Afinal, trata-se os embargos de medida que visa a integração do julgado, e não a sua substituição. Considere-se, para tanto, o seguinte caso:
Ao julgar apelação da defesa, o tribunal resolve anular o processo pela ausência de defensor no interrogatório do réu. Intimado o procurador de justiça, este opõe embargos declaratórios agregando-lhes o pedido de que a Câmara se retrate do acórdão (efeito infringente), pois a subscrição do defensor do acusado consta no termo de interrogatório, materializando-se, então, a sua presença naquela solenidade. Pergunta-se: Neste caso, constatando o equívoco, poderá a própria Câmara, conferindo efeitos modificativos aos embargos declaratórios, voltar atrás no julgamento e validar o processo que havia anulado no acórdão embargado?
No âmbito dos Tribunais Superiores, tem-se entendido possível conferir efeitos infringentes a embargos declaratórios, condicionando-se esta possibilidade à existência de erro grave na interpretação dos fatos, atos ou provas por ocasião do julgamento da ação penal ou do recurso. Neste contexto, afigura-se positiva a resposta à indagação feita no exemplo supra.
Mas, atenção: Se o órgão julgador dos aclaratórios entender ser o caso, em tese, de aplicar os efeitos modificativos pretendidos, deverá antes determinar a intimação da parte contrária para impugná-los, sob pena de nulidade.
5.1.4. Revisão criminal. 
Art. 621.  A revisão dos processos findos será admitida:
        I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;
        II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;
        III - quando, após a sentença, sedescobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
        Art. 622.  A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após.
        Parágrafo único.  Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas.
        Art. 623.  A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
        Art. 624.  As revisões criminais serão processadas e julgadas:                        (Redação dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
        I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações por ele proferidas;                     (Redação dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
        II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou de Alçada, nos demais casos.                     (Redação dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
        § 1o  No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de Recursos o processo e julgamento obedecerão ao que for estabelecido no respectivo regimento interno.                      (Incluído pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
        § 2o  Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamento será efetuado pelas câmaras ou turmas criminais, reunidas em sessão conjunta, quando houver mais de uma, e, no caso contrário, pelo tribunal pleno.                    (Incluído pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
        § 3o  Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou turmas criminais, poderão ser constituídos dois ou mais grupos de câmaras ou turmas para o julgamento de revisão, obedecido o que for estabelecido no respectivo regimento interno.                        (Incluído pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
        Art. 625.  O requerimento será distribuído a um relator e a um revisor, devendo funcionar como relator um desembargador que não tenha pronunciado decisão em qualquer fase do processo.
        § 1o  O requerimento será instruído com a certidão de haver passado em julgado a sentença condenatória e com as peças necessárias à comprovação dos fatos argüidos.
        § 2o  O relator poderá determinar que se apensem os autos originais, se daí não advier dificuldade à execução normal da sentença.
        § 3o  Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedido e inconveniente ao interesse da justiça que se apensem os autos originais, indeferi-lo-á in limine, dando recurso para as câmaras reunidas ou para o tribunal, conforme o caso (art. 624, parágrafo único).
        § 4o  Interposto o recurso por petição e independentemente de termo, o relator apresentará o processo em mesa para o julgamento e o relatará, sem tomar parte na discussão.
        § 5o  Se o requerimento não for indeferido in limine, abrir-se-á vista dos autos ao procurador-geral, que dará parecer no prazo de dez dias. Em seguida, examinados os autos, sucessivamente, em igual prazo, pelo relator e revisor, julgar-se-á o pedido na sessão que o presidente designar.
        Art. 626.  Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
        Parágrafo único.  De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista.
        Art. 627.  A absolvição implicará o restabelecimento de todos os direitos perdidos em virtude da condenação, devendo o tribunal, se for caso, impor a medida de segurança cabível.
        Art. 628.  Os regimentos internos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas complementares para o processo e julgamento das revisões criminais.
        Art. 629.  À vista da certidão do acórdão que cassar a sentença condenatória, o juiz mandará juntá-la imediatamente aos autos, para inteiro cumprimento da decisão.
        Art. 630.  O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos.
        § 1o  Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responderá a União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva justiça.
        § 2o  A indenização não será devida:
        a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;
        b) se a acusação houver sido meramente privada.
        Art. 631.  Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa, cuja condenação tiver de ser revista, o presidente do tribunal nomeará curador para a defesa.
5.1.4.a CONCEITO[12: Manual de processo penal: volume único / Renato Brasileiro de Lima – 4. ed. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.]
“No ordenamento pátrio, a revisão criminal pode ser compreendida como ação autônoma de impugnação, da competência originária dos Tribunais (ou das Turmas Recursais, no âmbito dos Juizados), a ser ajuizada após o trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria (leia-se, exclusivamente em favor do acusado), visando à desconstituição da coisa julgada, sempre que a decisão impugnada estiver contaminada por erro judiciário. Seus pressupostos fundamentais são: 1) A existência de sentença condenatória ou absolutória imprópria com trânsito em julgado; 2) A demonstração do erro judiciário (CPP, art. 621, I, II, e III).”
Conceito 2: “Nucci é uma ação penal de natureza constitutiva e sui generis, de competência originária dos tribunais, destinada a rever decisão condenatória, com trânsito em julgado, quando ocorreu erro judiciário. Trata-se de autêntica ação rescisória na esfera criminal, indevidamente colocada como recurso neste Título do Código de Processo Penal. Tem alcance maior do que o previsto na legislação ordinária, adquirindo, igualmente, o contorno de garantia fundamental do indivíduo, na forma de remédio constitucional contra injustas condenações. Eis porque é uma ação sui generis, onde não há parte contrária, mas somente o autor, questionando um erro judiciário que o vitimou.”[13: Código de Processo Penal comentado / Guilherme de Souza Nucci. – 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.]
Ainda segundo Renato Brasileiro de Lima, “Segundo a doutrina, as causas mais importantes que determinam a ocorrência desse erro são as seguintes: a) ausência ou deficiência na análise crítica da confissão do acusado; b) valoração equivocada a respeito da acusação feita por coautores e partícipes; c) avaliação não crítica da prova testemunhal; d) erro no reconhecimento do acusado; e) mentira ou contradição como prova da culpabilidade; f) valoração não crítica dos laudos periciais.”[14: Manual de processo penal: volume único / Renato Brasileiro de Lima – 4. ed. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.]
5.1.4.b. Revisão criminal e coisa julgada: “o respeito à coisa julgada constitui garantia individual do ser humano, inserta, expressamente, no art. 5.º, XXXVI, da Constituição Federal. Como poderia, então, haver revisão criminal de julgados contra os quais não mais cabe qualquer recurso? A resposta é encontrada justamente na natureza, também, de garantia constitucional atribuída à revisão criminal, como visto na nota 4 anterior. E inexistindo hierarquia entre os direitos e garantias individuais, devendo reinar entre eles a harmonia e a flexibilidade, a fim de se alcançar o bem comum, é curial proporcionar, como regra, ao cidadão o fiel respeito à coisa julgada. Porém, em situações excepcionais, nada impede o uso da revisão criminal para sanar o erro judiciário, mal maior, que deve ser evitado a qualquer custo. Compõem-se, assim, dois institutos, sem que haja o predomínio, puro e simples, de um sobre o outro. Aliás, no sentido da harmonização que defendemos, como já exposto na nota 4 anterior, há a possibilidade de haver revisão criminal contra decisões soberanas tomadas pelo júri, mas não com o caráter de reavaliação do mérito do julgado, visto que isso conflitainteiramente com a soberania dos veredictos, mas unicamente com a possibilidade de se rescindir o julgado, determinando que outro seja realizado pelo Tribunal Popular.”[15: Código de Processo Penal comentado / Guilherme de Souza Nucci. – 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.]
5.1.5. Carta testemunhável. 
Art. 639.  Dar-se-á carta testemunhável:
        I - da decisão que denegar o recurso;
        II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad quem.
        Art. 640.  A carta testemunhável será requerida ao escrivão, ou ao secretário do tribunal, conforme o caso, nas quarenta e oito horas seguintes ao despacho que denegar o recurso, indicando o requerente as peças do processo que deverão ser trasladadas.
        Art. 641.  O escrivão, ou o secretário do tribunal, dará recibo da petição à parte e, no prazo máximo de cinco dias, no caso de recurso no sentido estrito, ou de sessenta dias, no caso de recurso extraordinário, fará entrega da carta, devidamente conferida e concertada.
        Art. 642.  O escrivão, ou o secretário do tribunal, que se negar a dar o recibo, ou deixar de entregar, sob qualquer pretexto, o instrumento, será suspenso por trinta dias. O juiz, ou o presidente do Tribunal de Apelação, em face de representação do testemunhante, imporá a pena e mandará que seja extraído o instrumento, sob a mesma sanção, pelo substituto do escrivão ou do secretário do tribunal. Se o testemunhante não for atendido, poderá reclamar ao presidente do tribunal ad quem, que avocará os autos, para o efeito do julgamento do recurso e imposição da pena.
        Art. 643.  Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o disposto nos arts. 588 a 592, no caso de recurso em sentido estrito, ou o processo estabelecido para o recurso extraordinário, se deste se tratar.
        Art. 644.  O tribunal, câmara ou turma a que competir o julgamento da carta, se desta tomar conhecimento, mandará processar o recurso, ou, se estiver suficientemente instruída, decidirá logo, de meritis.
        Art. 645.  O processo da carta testemunhável na instância superior seguirá o processo do recurso denegado.
        Art. 646.  A carta testemunhável não terá efeito suspensivo.
5.1.5.a. Conceito de carta testemunhável: “trata-se de um recurso destinado a provocar o conhecimento ou o processamento de outro recurso para tribunal de instância superior, cujo trâmite foi indevidamente obstado pelo juiz. Utiliza-se a carta testemunhável quando não houver outro recurso para impugnar a decisão judicial, que impede o trâmite de algum recurso.”[16: Código de Processo Penal comentado / Guilherme de Souza Nucci. – 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.]
5.2. Recursos Previstos nos Regimentos Internos dos Tribunais.
5.2.1 Agravos – serão vistos adiante, no item 5.4
5.2.1 Correição Parcial[17: Processo penal / Norberto Avena. – 9.ª ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.]
Considerações gerais - Trata-se da medida cabível contra ato do magistrado que, por erro ou abuso de poder, acarreta inversão tumultuária de atos processuais, dilatação abusiva de prazos ou paralisação injustificada de processos. Seu cabimento, em síntese, tem em vista o error in procedendo, decorrente da ilegalidade praticada por juiz, condicionando-se o seu uso, ainda, a que não exista recurso previsto em lei para a insurgência contra a decisão a ser impugnada.
A natureza jurídica da correição é questão que divide a doutrina. Para alguns trata-se de uma mera providência ou medida disciplinar; para outros, é recurso administrativo; por fim, há quem entenda tratar-se de um sucedâneo recursal, vale dizer, uma categoria intermediária entre os recursos propriamente ditos e as medidas de natureza administrativa.
Prevista a correição, sobretudo, nos regimentos internos dos Tribunais e nos Códigos de Organização Judiciária.
Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
CAPÍTULO IV
DOS AGRAVOS
SEÇÃO I
DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Art. 361. Denegado o recurso extraordinário, poderá a parte agravar de instrumento, dentro de cinco dias, para o Supremo Tribunal Federal.
§ 1º Esse recurso subirá instruído com as peças que o agravante indicar e, obrigatoriamente, com as certidões da decisão denegativa e da intimação, se houver.
§ 2º O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de cinco dias.
§ 3º Formado o instrumento, dele terá vista, por quarenta e oito horas, para oferecimento de contraminuta, o agravado, podendo este pedir traslado de outras peças, que deverão ser extraídas em três dias.
§ 4º Efetuado o preparo, se exigível, no prazo de dez dias, e conclusos os autos, o Presidente do Tribunal, dentro de quarenta e oito horas, reformará ou manterá a decisão agravada, podendo, se a mantiver, ordenar a extração e juntada, no prazo de dois dias, de outras peças trasladadas.
§ 5º Mantida a decisão, a secretaria encaminhará o recurso à superior instância, dentro de quarenta e oito horas, ou, se necessário mais traslado, dentro de cinco dias.
§ 6º Provido o agravo, proceder-se-á na forma prevista para processamento do recurso
extraordinário.
Art. 362. Distribuído o agravo de instrumento, oriundo da instância de primeiro grau, o relator passará a examiná-lo, nos seguintes prazos:
a) nos processos de falência e concordata, em dez dias;
b) nos demais casos, durante trinta dias.
Parágrafo único. No julgamento, não se admitirá sustentação oral, salvo em processos de falência e concordata.
SEÇÃO II
DO AGRAVO RETIDO
Art. 363. Do agravo retido tomará conhecimento o Tribunal quando do julgamento da
apelação, como preliminar, desde que haja pedido expresso, por parte do agravante.
SEÇÃO III
DO AGRAVO DA DECISÃO DO PRESIDENTE OU DO RELATOR
Art. 364. Caberá agravo regimental, no prazo de cinco dias, da decisão do Presidente ou relator, que causar prejuízo a parte.
§ 1º O agravo regimental não terá efeito suspensivo.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos processos de mandado de segurança.
• A redação deste parágrafo, conferida pelo art. 1º da Emenda Regimental nº 1, de 20/3/84, foi declarada
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em Acórdão de 21/8/86. (Representação 1.299-9 - Goiás).
§ 3º O agravo regimental será protocolado e, sem qualquer formalidade, submetido ao prolator da decisão, que poderá reconsiderar o seu ato ou submeter o recurso, na primeira sessão, ao julgamento do órgão competente.
§ 4º No julgamento, o relator terá direito a voto, salvo no caso de recursos quando do
indeferimento liminar de embargos infringentes.
§ 5º Havendo empate, prevalecerá a decisão recorrida.
5.3. Recursos Previstos na Constituição Federal.
Em matéria criminal, os recursos constitucionais são os seguintes:
5.3.1 Recurso Extraordinário – Artigo 102, III, da Constituição Federal.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: 
a) contrariar dispositivo desta Constituição; 
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
5.3.2 Recurso Especial – Artigo 105, III, da Constituição Federal.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: 
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; 
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
5.3.3 Recurso Ordinário para o Supremo Tribunal Federal – Artigo 102, II, “a”, da Constituição Federal.
Art. 102. Compete ao Supremo TribunalFederal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
5.3.4 Recurso Ordinário para o Superior Tribunal de Justiça – Artigo 105, II, “a” e “b”, da Constituição Federal.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; 
5.4. Dos agravos. Instrumento, em execução e regimental 
5.4.1 Do agravo de instrumento –
O Código de Processo Penal não traz previsão expressa do recurso de agravo de instrumento.
O artigo 28 da Lei 8.038/90, prevê o agravo, a ser interposto no prazo de cinco dias, contados da intimação da decisão denegatória da admissibilidade do recurso especial ou extraordinário, instruído com as peças indicadas pelas partes e com as peças obrigatórias (cópia da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, quando for o caso, bem como cópia do acórdão recorrido, a petição de interposição do recurso e as contrarrazões, se houver.
Os Regimentos internos dos tribunais também trazem a previsão de agravos, quando não há recurso específico para combater determinada decisão que contrarie a parte.
5.4.2 Agravo em Execução Penal
Segundo o Art. 197, da Lei de Execução Penal, “Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo.”
O artigo 66, da mesma LEP enumera a competência do juiz da Execução. Dessas decisões é que cabe o agravo em Execução Penal. A seguir:
Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;
II - declarar extinta a punibilidade;
III - decidir sobre:
a) soma ou unificação de penas;
b) progressão ou regressão nos regimes;
c) detração e remição da pena;
d) suspensão condicional da pena;
e) livramento condicional;
f) incidentes da execução.
IV - autorizar saídas temporárias;
V - determinar:
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fiscalizar sua execução;
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade;
c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos;
d) a aplicação da medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de segurança;
e) a revogação da medida de segurança;
f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca;
h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do artigo 86, desta Lei.
i) (VETADO);           (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança;
VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionando em condições inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir. 
5.4.3 Agravo Regimental
Conceito – É o recurso previsto nos regimentos internos dos tribunais destinado a impugnar decisão tomada monocraticamente por membro de tribunal, dirigida ao órgão colegiado ao qual ele integre.
5.5. Instrumentos de tutela da Liberdade individual. 
Remédios constitucionais, também conhecidos como tutela constitucional das liberdades, são os meios, ações judiciais ou direito de petição, postos à disposição dos indivíduos e cidadãos para provocar a intervenção das autoridades competentes, visando sanar ilegalidades ou abuso de poder.[18: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rem%C3%A9dio_constitucional]
5.5.1. Habeas Corpus
Conceito de habeas corpus: trata-se de ação de natureza constitucional, destinada a coibir qualquer ilegalidade ou abuso de poder voltado à constrição da liberdade de locomoção. Encontra-se previsto no art. 5.º,[19: Código de Processo Penal comentado / Guilherme de Souza Nucci. – 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.]
LXVIII, da Constituição, e regulado neste capítulo do Código de Processo Penal. Não se trata de recurso, como faz crer a sua inserção na lei processual penal, mas, sim, de autêntica garantia humana fundamental, cuja utilização se dá por meio de ação autônoma, podendo, inclusive ser proposto contra decisão que já transitou em julgado. Sobre o tema, já tivemos oportunidade de anotar a existência de diferença entre direito e garantia fundamental. O primeiro é meramente declaratório – como o direito à liberdade – enquanto o segundo é assecuratório – como o devido
processo legal.
5.5.1.a Conceito, natureza jurídica e classificação[20: Processo penal / Norberto Avena. – 9.ª ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.]
O habeas corpus é ação autônoma de impugnação, constitucionalmente estabelecida, objetivando preservar ou restabelecer a liberdade de locomoção ilegalmente ameaçada ou violada.
“Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder” (art. 5.º, LXVIII, da CF).
Apesar de previsto pelo Código de Processo Penal no Título II do Livro III, que trata dos recursos em geral, não possui natureza recursal, o que se evidencia, inclusive, pela circunstância de que pode ser impetrado a qualquer tempo (não está sujeito a prazos).
Classifica-se o habeas corpus em duas espécies:
5.5.1.a.I Habeas corpus repressivo ou liberatório, cabível na hipótese de já ter sido consumado o constrangimento ilegal à liberdade de locomoção. Nesse caso, concedida a ordem, será expedido alvará de soltura com o intuito de restabelecimento da liberdade (art. 660, § 1.º, do CPP).
5.5.1.a.II Habeas corpus preventivo, impetrado quando houver fundado receio de constrangimento ilegal à liberdade de locomoção. Necessário referir que a ameaça de prisão que justifica a concessão da ordem não pode se caracterizar como um temor remoto ou mera suspeita. É preciso que seja, efetivamente, ameaça séria e concreta, devidamente
demonstrada, quanto à iminência de prisão ilegal. Não basta a possibilidade, sendo preciso a probabilidade do constrangimento à liberdade. Deferido, expede-se salvo-conduto, impedindo-se, pelo fato objeto do habeas corpus, que ocorra a segregação (art. 660, § 4.º, do CPP). “O habeas corpus preventivo tem cabimento quando, de fato, houver ameaça à liberdade de locomoção, isto é, sempre que fundado for o receio de ser o paciente preso ilegalmente. E tal receio haverá de resultar de ameaça concreta de iminente prisão” (STJ, AgRg no HC 108.655/SP, DJ 16.03.2009).
Art. 5º, LXVIII, CF - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 
Art. 647 - CPP.  Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 648 - CPP.  A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa; 
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente

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