Buscar

Teoria geral do crime

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Conceito e Evolução da Teoria Geral do Crime
Prof. Esp. Thyara Novais
1
Há crimes?
Omissão de cautela na guarda ou condução de animais; perturbação do trabalho ou do sossego alheio:
Contravenção Penal
Pedro Soares de 17 anos associara-se a Gustavo e Beto, para comercializar substâncias entorpecentes. Por denúncia anônima, foram autuados em flagrante delito em frente a uma escola municipal de segundo grau, portando pedras de "crack". 
Existe diferença entre CRIME, DELITO e CONTRAVENÇÃO? 
Infração Penal
Conceito: seria toda conduta que se adéqua a descrição de um crime ou contravenção. 
 A infração penal no Brasil é dualista (ou bipartido, binário), pois prevê duas espécies: 
crime (delito) e contravenção penal. 
Contravenção Penal Lei 3.688/41 
Crime anão ou crime vagabundo, pois são condutas que apresentam menor gravidade em relação aos crimes, por isso sofrem sanções mais brandas.
O comportamento “+” grave= Crime
O comportamento “–” grave= Contravenção
 
Art 1º da Lei de Introdução ao Código penal:
Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
 
 
CRIME
CONTRAVENÇÃO
Tentativa é punível.
Admite a extraterritorialidade.
- Ação penal pública incondicionada e condicionada.
- Julgadopela justiça estadual e federal.
- Pena máxima: 30 anos
Tentativa impunível (art. 4º, da LCP).
NÃO admite a extraterritorialidade.
Ação penal pública incondicionada.
Julgado pela justiça estadual.
Penamáxima: 5 anos.
Diferença entre Crime e contravenção Penal
Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso:
Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis.
 Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia à pessoa inexperiente;
b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia;
c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia.
Se atacar o dono responde por lesão corporal culposa no caso do Art. 31 LCP.
Greco:
Embora o crime seja insuscetível de fragmentação, pois que é um todo unitário, para efeitos de estudo, faz-se necessária a análise de cada uma de suas características ou elementos fundamentais, isto é, o 
fato típico, a antijuridicidade e a culpabilidade. 
ILÍCITO PENAL E ILÍCITO CIVIL 
Ambos são infrações ao ordenamento jurídico posto. 
O ilícito penal implica afronta aos bens jurídicos mais importantes da sociedade, o que justifica, assim, a atribuição de penas extremamente graves se comparadas às penalidades (e não penas) civis. 
CONCEITO DE CRIME 
Conceito formal: sob o enfoque formal, crime é aquilo que está estabelecido em uma norma penal incriminadora, sob a ameaça de pena. 
Conceito material: crime é comportamento humano, causador de relevante lesão ou de perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal.
Conceito formal-material (doutrina moderna): crime é aquilo que está estabelecido em lei, consistente em um comportamento humano causador de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal
Conceito analítico: tal conceito leva em consideração os elementos que compõe a infração penal. Analisa o crime na sua estrutura, do que ele é feito. 
Crime= fato típico + ilicitude + culpabilidade. PREVALECE. 
Classificação dos delitos
   
QUANTO A RELAÇÃO ENTRE A CONDUTA E O RESULTADO NATURALÍSTICO:
a) Crimes materiais ou causais: são aqueles em que o tipo penal aloja em seu interior uma conduta e um resultado necessário, cuja consumação reclama esse resultado. Ex: homicídio (necessita da morte).
   
15
b) Crimes formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado: o tipo penal contém em seu bojo uma conduta e um resultado naturalístico, mas este último é desnecessário para a consumação. Ex: extorsão mediante sequestro (não necessita a efetiva vantagem sobre a extorsão), ameaça, extorsão.
STJ. Súmula 96. O Crime de extorsão consuma-se, independentemente da obtenção da vantagem indevida.
c) Crimes de mera conduta ou de simples atividade: o tipo penal se limita a descrever uma conduta sem resultado algum. Ex: Ato obsceno.
17
Crime Privilegiado: Existe quando ao tipo básico a lei acrescenta circunstância que o torna menos grave, diminuindo, em consequência, suas sanções. São crimes privilegiados, por exemplo, o homicídio praticado por relevante valor moral (eutanásia, por exemplo). Nessas hipóteses, as circunstâncias que envolvem o fato típico fazem com que o crime seja menos severamente apenado.
Crime Qualificado: É aquele em que ao tipo básico a lei acrescenta circunstância que agrava sua natureza, elevando os limites da pena. Não surge a formação de um novo tipo penal, mas apenas uma forma mais grave de ilícito. Chama-se homicídio qualificado, por exemplo, aquele praticado “mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe”. (art. 121, parágrafo 2º, I).
 
Crimes Comuns: É o que pode ser praticado por qualquer pessoa (lesão corporal, estelionato, furto).É definido no Código Penal.
Crimes Especiais: São definidos no Direito Penal Especial. Crime que pressupõe no agente uma particular qualidade ou condição pessoal, que pode ser de cunho social.
Crimes próprios :  são aqueles em que o tipo penal exige uma situação fática ou jurídica diferenciada por parte do sujeito ativo. Admitem coautoria a participação. Ex: peculato, somente praticado por funcionário público.
Crimes de mão própria, de atuação pessoal ou de conduta infungível: são aqueles que somente podem ser praticados pela pessoa expressamente indicada no tipo penal. 
Ex: falso testemunho. Apenas admitem participação, não aceitando coautoria, pois não de delega a prática da conduta infracional a terceira pessoa.
Crime Pluriofensivo: São os que lesam ou expõem a perigo de dano mais de um bem jurídico ou seja atingem dois ou mais bens jurídicos. Ex: latrocínio (vida e patrimônio). (ex. art.157, parágr.3. “in fine”)
Crimes Instantâneos: É aquele que, uma vez consumado, está encerrado, a consumação não se prolonga. Isso não quer dizer que a ação seja rápida, mas que a consumação ocorre em determinado momento e não mais prossegue. Ex: Homicídio.
Crimes Permanentes: A consumação se prolonga no tempo, dependente da ação do sujeito ativo. Ex: Cárcere privado (art. 148).
Crimes Instantâneos de Efeitos Permanentes: Ocorrem quando, consumada a infração em dado momento, os efeitos permanecem, independentemente da vontade do sujeito ativo. Na bigamia (art. 235), não é possível aos agentes desfazer o segundo casamento.
Crimes de Dano: Só se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico visado, por exemplo, lesão à vida, no homicídio; ao patrimônio, no furto; à honra, na injúria etc.
Crime de perigo: consumam-se com a mera exposição do bem jurídico tutelado a uma situação de perigo.
Crime de perigo abstrato (basta a prática da conduta, havendo presunção juris et de jure de exposição a perigo de dano, ex: tráfico de drogas)...
de perigo concreto (consuma-se com a efetiva comprovação da exposição a perigo, ex: crime de perigo para a vida ou saúde de outrem, art. 132), de perigo individual (atinge uma pessoa ou um determinado número de pessoas, ex: perigo de contágio venéreo), de perigo comum ou coletivo (o perigo já está ocorrendo, ex: abandono de incapaz), de perigo iminente (o perigo está prestes a ocorrer) e de perigo futuro ou mediato (o perigo se projeta para o futuro, ex: porte ilegal de arma).
Crimes Comissivos: São os que exigem, segundo o tipo penal objetivo, em princípio, uma atividade positiva do agente, um fazer. Na rixa (art. 137) será o “participar”; no furto (art. 155) o “subtrair” etc.
Crimes Omissivos:
São os que objetivamente são descritos com uma conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica e não sendo necessário qualquer resultado naturalístico. 
Ex: Não prestar assistência a uma pessoa ferida (omissão de socorro, art. 135).
Crimes Comissivos por Omissão: A omissão consiste na transgressão do dever jurídico de impedir o resultado, praticando-se o crime que, abstratamente, é comissivo. Ex: Mãe que deixa de amamentar ou cuidar do filho causando-lhe a morte.
Crime de Concurso Necessário: É o que exige pluralidade de sujeitos ativos. Ex: Rixa (art. 137).
Delito Putativo: Dá-se quando o agente imagina que a conduta por ele praticada constitui crime mas em verdade constitui uma conduta atípica, ou seja não há punição para o ato praticado.
Crime de Flagrante Esperado: Ocorre quando o indivíduo sabe que vai ser a vítima de um delito e avisa a Polícia, que põe seus agentes de sentinela, os quais apanham o autor no momento da prática ilícita; não se trata de crime putativo, pois não há provocação.
Crime de Flagrante Forjado: Alguém, de forma insidiosa, provoca o agente à prática de um crime, ao mesmo tempo que toma providências para que o mesmo não se consuma.
Crime Impossível: aquele que jamais poderia ser consumado em razão da ineficácia absoluta do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto. A ineficácia do meio se caracteriza quando o instrumento utilizado não permite que o delito possa ser consumado. 
Por exemplo: usar um alfinete para matar uma pessoa adulta ou produzir lesões corporais mediante o mero arremesso de um travesseiro de pluma, etc. A impropriedade do objeto se caracteriza quando a conduta do agente não pode provocar nenhum resultado lesivo à vítima. Por exemplo: matar um cadáver.
Crime Falho: Em sendo a tentativa perfeita, o resultado não se verifica por circunstâncias alheias à vontade do agente. Vale salientar que em tal crime o agente esgota todo o seu potencial lesivo sem contudo alcançar o resultado esperado.
Crime Vago: É aquele que tem por sujeito passivo entidade sem personalidade jurídica, como a coletividade em seu pudor. É o caso do crime de ato obsceno (art. 223).
Crime Exaurido: É aquele em que o agente, mesmo após atingir o resultado consumativo, continua a agredir o bem jurídico. Não caracteriza novo delito, e sim mero desdobramento de uma conduta já consumada. Influencia na dosagem da pena, por pode agravar as consequências do crime, funcionando como circunstância judicial desfavorável.
Crime a Distância: É aquele em que a execução do crime dá-se em um país e o resultado em outro. Ex: O agente escreve uma carta injuriosa em SP e remete a seu desafeto em Paris. Aplica-se a teoria da ubiquidade, e os dois países são competentes para julgar o crime.
Crimes Unissubsistente: É o que se perfaz com um único ato, como a injúria verbal.
Crimes Plurissubsistente: É aquele que exige mais de um ato para sua realização. Ex: Estelionato (art. 171)
SUJEITOS DO CRIME 
SUJEITO ATIVO: O AUTOR DA INFRAÇÃO 
Quem pode ser sujeito ativo? 
Pessoa física, capaz (com idade igual ou superior a 18 anos). 
Pessoa JURÍDICA pratica crime? 
CORRENTE (STF e STJ): SIM. É plenamente possível a responsabilização penal da pessoa jurídica no caso de crimes ambientais porque assim determinou o § 3º do art. 225 da CF/88. A pessoa jurídica pode ser punida penalmente por crimes ambientais ainda que não haja responsabilização de pessoas físicas. 
Espécie de crime quanto ao sujeito ativo 
CRIME COMUM: não exige condição especial do agente. Admite coautoria e participação.
 	
CRIME PRÓPRIO: exige condição especial do agente. Admite coautoria e participação. 
	
CRIME DE MÃO PRÓPRIA: exige condição especial do agente. Não admite coautoria; Só admite participação. Ninguém pode praticar para o agente ou com o agente. Exemplo: Falso testemunho. É o chamado delito de conduta infungível. 	
SUJEITO PASSIVO 
Pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal.
Quem pode ser sujeito passivo? 
Pessoa física; Pessoa jurídica e ente sem personalidade jurídica (família, coletividade) – nestes casos, é chamado de “crime vago” (exemplo: calúnia contra os mortos, vítima é a família do morto). 
Morto pode ser sujeito passivo? 
O morto, não sendo titular de direitos, não é sujeito passivo de crime. Pune-se, entretanto, delito contra o morto (exemplo art. 138 do CP), figurando como vítima a família do morto, interessada na manutenção de sua reputação. 
2) Animal pode ser sujeito passivo? 
Os animais também não são vítimas de crime e podem aparecer como OBJETO MATERIAL do delito, figurando como sujeito passivo o proprietário do animal ou a coletividade no caso das infrações ambientais. 
4) PJ pode ser vítima de extorsão mediante sequestro? 
Ela pode ser vítima, desde que seja a PJ a pagadora do resgate. 
5) PJ pode ser vítima de crime contra a honra? 
Somente pode ser vítima de DIFAMAÇÃO. Não pode ser vítima de calúnia, pois não pratica crime. Não pode ser vítima de injúria, pois não tem honra subjetiva (dignidade ou decoro). STF, STJ. 
OBJETO MATERIAL 
Pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. Nem sempre o objeto material coincide com o sujeito passivo, mas pode coincidir, como por exemplo, no homicídio. 
Exemplo1: ‘A’ furta carteira de ‘B’ 
SA= 		SP = 	Objeto Material =
 A			B					carteira. 
Exemplo2: A mata B 
SA= 		SP= 		Objeto material=
 A 			B					B
OBJETO JURÍDICO 
Interesse tutelado pela norma. Vida no homicídio, patrimônio no furto, dignidade sexual. 
Crimes que protegem mais de um bem jurídico: crimes de dupla objetividade jurídica (exemplo: roubo, latrocínio). 
Crimes que lesam ou expõe a perigo mais de um bem jurídico – crimes pluriofensivos. Exemplo: latrocínio. 
Do crime.
Resultado de uma prática contrária à lei penal, sendo devidamente prevista por ela.
Conjunto tripartido. Conceito finalístico, chamado de corrente finalística tripartida ou tripartite.
Faltando um dos requisitos NÃO há crime. 
CRIME
FATO TÍPICO
=
+
+
culpável
Antijurídico
Elementos do Crime: Fato típico
l °) conduta humana voluntária (dolosa ou culposa) 
2°) resultado naturalístico (nos crimes materiais)
3°) nexo de causalidade (entre a conduta e o resultado naturalistico) 
4°) tipicidade formal e material
Formas de conduta
Quanto à voluntariedade do agente 
1) Do crime Doloso.
Art. 18, I, do Código Penal, anuncia ser doloso o crime quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
- Conceituado como a vontade consciente dirigida a realizar (ou aceitar realizar) a conduta prevista no tipo penal incriminador
São teorias do dolo:
a)Teoria da vontade: dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal.
b)Teoria da representação: fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e, ainda assim, decide prosseguir com a conduta.
c) Teoria do consentimento (ou assentimento): fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e, ainda assim, decide prosseguir coma conduta, assumindo o risco de produzir o evento.
O Direito Penal brasileiro, em seu artigo 18, adota as teorias da vontade (para o dolo direto) e a do consentimento (para o dolo eventual):
Art. 18, I, CP.
Diz-se 0 crime doloso
Dolo
Teoria
Quanto o agente quis o resultado
Direto
Vontade
Ou assumiu o risco de produzi-lo
Indireto, da espécie eventual
Assentimento
Espécies de dolo
(A) Dolo natural ou neutro: pressupõe apenas consciência e vontade.
(B) Dolo normativo ou híbrido: traz os elementos consciência e vontade, também a consciência atual da ilicitude, elemento normativo que o diferencia do dolo natural.
(C) Dolo direto ou determinado ou intencional ou imediato ou incondicionado: configura-se quando o agente prevê um resultado, dirigindo a sua conduta na busca de realizar esse mesmo resultado.
(D) Dolo indireto ou indeterminado: o agente, com a sua
conduta, não busca resultado certo e determinado. Possui duas formas:
(D.1) Dolo alternativo: ocorre quando o agente prevê uma pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta para perfazer qualquer deles com a mesma intensidade de vontade (ex.: quero ferir ou matar, tanto faz). 
(D.2) Dolo eventual: o agente também prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta para realizar um determinado evento, mas assumindo o risco de provocar outro (ex: quero ferir, mas aceito matar).
O dolo eventual é aplicável a todos os crimes compatíveis com a assunção do risco de causar o resultado criminoso, ou seja, não imponha o dolo direto. No âmbito dos crimes de trânsito, especialmente nos casos de homicídio cometido durante competição não autorizada em via pública ou em decorrência de embriaguez do condutor.
(E) Dolo cumulativo: o agente pretende alcançar dois resultados, em sequência. Ex: lesionar e, após a lesão, resolve causar a morte da vítima.
(F) Dolo de dano: a vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.
(G) Dolo de perigo: o agente atua com a intenção de expor a risco o bem jurídico tutelado. Confunde-se com a inobservância do dever de cuidado, elemento elos crimes culposos. Ex: agente expõe a perigo direto e iminente a vida
ou a saúde ele outrem, art. 132 do CP.
(H) Dolo genérico: o agente tem vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal, sem um fim específico (ex: art. 121, CP, “matar alguém"). 
(I) Dolo específico: o agente tem vontade ele realizar a conduta, visando um fim específico que é elementar do tipo penal. Ex: art. 159, CP, extorsão mediante sequestro.
 
Quanto à voluntariedade do agente 
1) Do crime Culposo. O crime culposo, previsto no art. 18, II, CP. Consiste numa conduta voluntária que realiza um evento ilícito não querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que podia ser evitado se empregasse a cautela esperada.
São elementos estruturais do crime culposo:
Conduta humana voluntária
(B) Violação de um dever de cuidado objetivo: se uma pessoa de inteligência média, prudente e responsável, teria condições de conhecer e, portanto, evitar o perigo decorrente da conduta (previsibilidade objetiva). 
Modalidades :
1)Imprudência: o agente com precipitação, afoiteza, sem os cuidados que o caso requer. Ex: conduzir veículo em alta velocidade num dia de muita chuva. 
2)Negligência: é a ausência de precaução. Ex: conduzir veículo automotor com pneus gastos. Diferentemente da imprudência (positiva - ação), a negligência é negativa - omissão (culpa in omitendo). O agente não adota a ação cuidadosa que se exige no caso concreto, daí advindo o resultado lesivo.
3) Imperícia: é a falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão. Ex: condutor que troca o pedal do freio pelo da embreagem, gerando o atropelamento.
Espécies de culpa
(A) Culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evitá-lo com a sua habilidade.
(B) Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado,
que, entretanto, era previsível. Neste caso, qualquer outra pessoa, naquelas circunstâncias, poderia prever a ocorrência daquele resultado.
(C) Culpa própria: aquela em que o agente não quer e não assume o risco de produzir o resultado, mas acaba lhe dando causa por negligência, imprudência ou imperícia.
D)Culpa imprópria: aquela em que o agente, por erro evitável, imagina certa situação de fato que, se presente, excluiria a ilicitude do seu comportamento.
 
Em resumo:
Consciência
Vontade
Dolo Direto
Tem previsão
A vontade se resume num querer
Doloeventual
Tem previsão
A vontade se resume em assumir risco (aceitar como possível o resultado).
Culpa Consciente
Tem previsão
O agente não quer nem aceita o resulta, acreditando poder evitar o resultado.
Culpa Inconsciente
Não tem previsão, mas previsibilidade (o agente não prevê o que era previsível).
O agente não quer nem aceita o resultado.
Do crime preterdoloso: o agente pratica delito distinto do que havia projetado cometer, advindo da conduta dolosa resultado culposo mais grave do que o projetado.
O comportamento é doloso, mas o resultado (mais grave) é involuntário.
Figura criminosa híbrida. havendo verdadeiro concurso de
dolo e culpa no mesmo fato.
Ex: lesão corporal seguida de morte. 
Caso fortuito e força maior
Caso fortuito é aquele que ocorre de modo inevitável, imprevisível, sem a vontade do agente, que não age com dolo ou culpa. Ex.: problema mecânico apresentado pelo veículo, fazendo com que o motorista, sem condições de controlá-lo, atropele e mate um transeunte.
 
Força maior pode ser caracterizada pela influência inafastável de uma ação externa. Ex.: coação física irresistível.
 
Na presença de caso fortuito e força maior inexiste fato típico
Resultado
Há duas teorias que se debatem na conceituação do resultado para fins penais:
1ª) teoria naturalística: resultado é a modificação no mundo exterior provocada pela ação ou omissão;
2ª) teoria jurídica: resultado é a lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal.
Há crime sem resultado?
De acordo com a teoria naturalística, isso ocorre nos crimes de mera conduta. Para a teoria jurídica, não há crime sem resultado jurídico, de modo que, se a conduta não provocou uma afetação (lesão ou ameaça de lesão) a algum bem jurídico penalmente tutelado, não houve crime.
Classificação dos crimes quanto ao resultado naturalístico
Materiais ou de resultado: tipo penal descreve a conduta e um resultado material, exigindo-o para fins de consumação. Exemplos: homicídio (CP, art. 121), furto (CP, art. 155), roubo (CP, art. 157), estelionato (CP, art. 171).
Formais De mera conduta
 Classificação dos crimes quanto ao resultado jurídico
a) De dano ou de lesão: quando a consumação exige efetiva lesão ao bem tutelado. Exemplos: homicídio (CP, art. 121), lesão corporal (CP, art. 129), furto (CP, art. 155).
b) De perigo: caso a consumação se dê apenas com a exposição do bem jurídico a uma situação de risco. Exemplos: perigo de contágio venéreo (CP, art. 130), perigo à vida ou saúde de outrem (CP, art. 132).
- Nexo de causalidade
 
Nexo de causalidade, também chamado de nexo causal ou relação de causalidade, é o elo que existe entre a conduta e o resultado. É a relação de causa e efeito existente entre a ação ou omissão do agente e a modificação produzida no mundo exterior.
 
O nexo de causalidade integra o fato típico, pois existe a necessidade de se verificar se o resultado é ou não imputável ao agente, ou seja, se foi o agente que deu causa ao resultado criminoso.
Existem várias teorias que estudam a ação e a omissão como causas do crime, dentre as quais podemos citar:
Teoria da Causalidade Adequada, segundo a qual a causa é a condição mais adequada a produzir o evento. Baseia-se essa teoria no critério de previsibilidade do que usualmente ocorre na vida humana;
Teoria da Eficiência, segundo a qual a causa é a condição mais eficaz na produção do evento.
Teoria da Relevância Jurídica, segundo a qual a corrente causai não é o simples atuar do agente, mas deve ajustar-se às figuras penais, produzindo os resultados previstos em lei;
Teoria da Equivalência dos Antecedentes ou Teoria da conditio sine qua non, que foi adotada pelo nosso sistema penal.
2.3 Relação de causalidade
Causa dependente: emana da conduta do agente. Não exclui a relação de causalidade, pois há relação de dependência entre os fatos, cujo acontecimento posterior não ocorreria sem o anterior.
Ex: roubo art. 157 CP
Causa independente: é o acontecimento que foge da linha normal de desdobramento da conduta. Aqui o resultado não é produzido pelo agente. Seu aparecimento é inesperado. Quando ocorre elimina a sua responsabilidade penal. Sem nexo causal.
Dividido em:
a)Causa absolutamente independente: aquelas que não se originam da conduta do agente; desvincula a ação ou omissão ilícita;
rompe o nexo causal. Se divide em:
Preexistente: já existe anteriormente à prática da conduta. Ex: A da três tiros em B, que morre por causa do veneno que existia no suco que bebeu, antes do tiros que recebeu.
Concomitante: ocorre simultaneamente à prática da conduta. Ex: A dispara contra B no exato momento em que B esta tendo um colapso cardíaco fatal.
 
Superveniente: concretiza-se posteriormente à conduta do agente. Ex: A envenenou B, ocorre que, uma hora depois antes do veneno produzir seu efeito letal, B foi atingido por disparo de arma de fogo e morre. 
Obs: Assim, diante da quebra de relação de causalidade entre a conduta do agente e o resultado, que ocorreria de qualquer forma, devem ser imputados ao agente somente os atos praticados.
b) Causa relativamente independente: origina-se da própria conduta praticada pelo agente. Altera o nexo causal, interfere no resultado. O agente tem uma parcela de participação no resultado.
Preexistente: uma causa que já existia a ação do agente; a condição anterior do agente irá afetar o resultado. Ex: A desfere uma facada em B que era hemofílico. Notou-se que a facada não tinha capacidade letal, mas por causa do sangramento B hemofílico morre.
Obs: se A conhecia o estado de saúde de B: homicídio. Se A não conhecia o estado de saúde de B: tentativa de homicídio.
 
Concomitante: ocorre simultaneamente à conduta do agente. Ex: A dispara três tiros em direção a B para matar, nesse instante B é atropelado. O ferimento do atropelamento mais os disparos levam B a morte. Responde pelo resultado.
 
Superveniente: ocorrem depois da conduta do agente. Ex: A efetua disparos contra B e este após a operação sofre uma infecção na região dos ferimentos que termina por levar a vítima a óbito. Responde pelo resultado, homicídio consumado na forma do Art. 13 CP.
Tipicidade
 
 
Tipicidade formal
 
É a conformidade entre o fato praticado e o tipo. Em outras palavras, é a adequação do fato ao tipo penal. A tipicidade é a característica que tem uma conduta em razão de estar adequada a um tipo penal, ou seja, individualizada como proibida por um tipo penal.
O tipo é um modelo abstrato de comportamento proibido. Ex.: João subtraiu para si o carro de Maria. Esse fato amolda-se ao art.155, caput, do CP (tipo penal): Maria matou José. Esse fato amolda-se ao art.121 do CP (tipo penal).
Tipicidade material
 
Não basta a adequação típica legal (tipicidade legal) para que ocorra o fato típico, deve ainda ser analisada a ofensividade da conduta em relação ao bem jurídico, de sorte que quando for insignificante não haverá tipicidade material (princípios da insignificância e da ofensividade).
 
No exemplo citado de tipicidade formal (João subtraiu para si o carro de Maria. Esse fato amolda-se ao art. 155, caput, do CP), houve a lesilo do bem jurídico, qual seja, o patrimônio. Assim, além da tipicidade formal, caracteriza-se a tipicidade material (ofensa ao bem jurídico patrimônio).

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando