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DIREITO PENAL I Resumão parte 2

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TENTATIVA – art. 14, II, CP
A tentativa, também chamada de conatus, significa que o agente iniciou os atos de execução, porém, por circunstâncias alheias à sua vontade não conseguiu consumar o crime. Ocorre na terceira fase do iter criminis (após a cogitação e os atos preparatórios). Inicia-se com a prática do verbo (núcleo - conduta) do tipo penal.
Pressupostos para punir o crime tentado:
- inicio da execução (verbo);
- não consumação;
- interrupção da prática dos atos de execução por circunstâncias alheias à sua vontade.
A tentativa é uma norma de adequação típica, uma norma de extensão (não há tipicidade), também chamada de subordinação mediata indireta, prevista no art. 14, II, CP da parte geral; aplicável a todo e qualquer crime que o agente teve a intenção de cometer (dolo), mas que não conseguiu consumar.
Os crimes “tentados” são punidos, mas por ser uma causa obrigatória de diminuição de pena, de 1/3 a 2/3, o juiz não aplicará a mesma pena prevista para o crime se consumado, ou seja, o juiz aplica a pena prevista na lei, no preceito secundário do tipo, mas diminuída. Essa diminuição é proporcional à conduta do agente, quanto mais próximo ele chegou da consumação, menor será a diminuição da pena e quanto mais distante o agente ficou da consumação, maior será a diminuição, pois o crime está longe de se consumar.
O art. 14, parágrafo único, CP menciona que pune-se a tentativa com a mesma pena do crime consumado, porém, diminuída de 1/3 a 2/3, salvo disposição expressa em contrário (em alguns casos, o legislador menciona que se o crime ficou so na tentativa será punido com a mesma pena de crime consumado – cuidado, somente em alguns casos e quando está previsto na lei).
Espécies de tentativa:
- perfeita (ou crime falho): o indivíduo percorre todo o iter criminis, mas por circunstâncias alheias à sua vontade, o crime não se consuma. Nessa espécie, ele encerra os atos executórios, mas mesmo assim, o crime não se consuma;
- imperfeita (incruenta): a vítima nem chega a ser atingida, ou o bem jurídico não sofre qualquer lesão, também chamada de tentativa branca por essa razão, ex: quero matar João e disparo 5 tiros, mas sou tão ruim de pontaria que não acerto nenhum;
- cruenta (vermelha): a vítima é atingida, ou o bem jurídico é lesionado, mas mesmo assim, o crime não se consuma;
- abandonada (qualificada): são as hipóteses mencionadas no art. 15, CP, desistência voluntária ou arrependimento eficaz. Aqui, não há circunstâncias alheias à vontade do agente, mas no primeiro caso, ele mesmo desiste de continuar nos atos de execução e no segundo caso, ele pratica todos os atos de execução, mas antes que ocorra a consumação do crime, consegue praticar outra conduta e impedir o resultado consumado. Essa espécie também é conhecida como causa excludente de tipicidade;
- inadequada (inidônea): crime impossível, art. 17, CP.
Obs: a tentativa é típica dos crimes dolosos, aqueles que o agente tem intenção de cometer!
Crimes que não admitem tentativa: culposos, preterdolosos, unissubsistentes, habituais, omissivos puros, contravenções penais, crimes de atentado ou de empreendimento.
Crime consumado: art. 14, I, CP
O crime se consuma quando o agente pratica todos os atos do iter criminis e realiza todos os elementos descritos no tipo penal; há um perfeito enquadramento, um encaixe, é a verdadeira tipicidade do tipo. Ocorre em todos os crimes, salvo de mera conduta, casos em que a própria lei não prevê a consumação que seria impossível.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz – art. 15, CP. A doutrina chama esses institutos de tentativa abandonada ou qualificada, mas não faz sentido, porque o indivíduo inicia a execução do crime e, no meio do caminho, desiste por quer e não por circunstâncias alheias à sua vontade.
Desistência voluntária: art. 15, 1ª parte, CP; o indivíduo possui todos os meios para continuar na execução do crime que iniciou, porém, no meio dos atos de execução, do iter criminis, “desisti” por quer. Aqui, ele responderá pelos atos praticados desde que seja considerado fato típico, ex: Maria atira em João porque quer matá-lo, mas após desferir dois disparos, desiste e vai embora. Ora, Maria podia continuar atirando para atingir seu objetivo que era a morte do João, mas desistiu! Nesse caso, ela não responderá por homicídio consumado porque João não morreu, nem por homicídio tentado porque não houve circunstâncias alheias que a impedissem de continuar na execução, mas ela responderá por lesão corporal, já que atingiu a integridade física do João.
Arrependimento eficaz: art. 15, parte final, CP; o indivíduo realizou todos os atos de execução, mas antes que ocorra a consumação, se arrepende e pratica outra conduta “a tempo” de evitá-la (eficaz), ex: Maria atira no João para matá-lo, dois tiros no peito, João cai no chão e Maria dá as costas e vai embora, mas pensa melhor, se arrepende do que fez e volta para socorrê-lo, levando-o para o hospital, evitando, dessa forma, sua morte. Também responderá pelos atos praticados.
Lembre-se: tanto na desistência voluntária, quanto no arrependimento eficaz, o agente só responderá pelo crime se sua conduta se encaixar, se enquadrar em algum tipo penal, senão será fato atípico!
Requisitos para a desistência ou arrependimento:
- voluntariedade: livre escolha do agente, desiste ou se arrepende porque quer, embora pudesse ter continuado, ainda que a idéia de desistir parta de um terceiro;
- eficácia (ou eficiência): que a consumação não tenha ocorrido, tenha sido efetivamente evitada, ou porque ele desistiu de continuar na execução, ou porque praticou outra conduta evitando de forma eficaz a consumação.
Natureza jurídica: tanto a desistência voluntária, quanto o arrependimento eficaz, são chamados de causas de exclusão da própria tipicidade, ou seja, deixa de ser fato típico.
Efeitos: o indivíduo só responderá pelos atos que praticou se sua conduta se enquadrar em alguma figura típica, em algum tipo penal, para não ficar impune. Nesses casos, os doutrinadores mais antigos, denominam de “ponte de ouro”, pois não responderá por um, mas sua conduta se encaixou em outra espécie de crime.
Cuidado: se o agente desistiu porque apareceu alguém; disparou o alarme; acabou a munição ou houve algum outro obstáculo, responderá por tentativa, pois são fatores alheios que o impediram de consumar (não houve desistência, nem arrependimento, faltou voluntariedade).
O art. 15, CP, se comunica a todos os autores e participes, se o fato for considerado atípico para um, será para os demais, ou seja, não haverá crime, art. 30, CP.
Arrependimento posterior – art. 16, CP. Somente para crimes cometidos SEM violência ou grave ameaça à pessoa (se dolosos) e, ainda, necessita que o indivíduo restitua a coisa ou repare o dano integralmente, até o recebimento da denúncia/queixa, por ato voluntário (e não por ideia de terceira pessoa). A pena será reduzida de 1/3 a 2/3 – é uma causa obrigatória de diminuição de pena, mas somente se presentes os requisitos mencionados, cabível ainda nos crimes culposos, porque o agente não tem intenção de praticá-los. É considerado um instituo aplicável, principalmente, aos crimes patrimoniais.
No arrependimento posterior, o próprio nome diz tudo, o agente se arrepende, mas após a consumação, percorreu todo o iter criminis, porém, ameniza os efeitos do crime que cometeu, já que se arrependeu “posteriormente”.
Crime impossível – art. 17, CP. Também chamado de “quase-crime” ou tentativa inadequada, inidônea. Aqui, o indivíduo não responderá por nada, justamente por ser crime impossível! Não haverá crime algum, será fato atípico.
Para o crime ser considerado impossível, o agente pratica uma conduta, porém, o meio utilizado por ele, é ABSOLUTAMENTE ineficaz para o crime se consumar, não chega nem a ser tentado, ex: matar alguém jogando um palito de fósforo numa pessoa, ou, roubar o próprio carro, etc... são condutas praticadas de consumação impossível.
Outra possibilidade de crime impossível é pela impropriedade ABSOLUTA do objeto,ex: matar uma pessoa que já está morta ou, praticar aborto em uma mulher que não está grávida. Também ocorre a hipótese do art. 17, CP – crime impossível.
Assim, como o meio escolhido pelo agente ou o objeto que recairá a conduta são impossíveis de caracterizarem qualquer conduta, não há crime algum, nem haveria! Aqui, ele não responde nem por tentativa.
Cuidado: o meio utilizado pelo agente tem de ser absolutamente ineficaz ou a absoluta impropriedade do objeto jurídico que se quer lesionar, atingir. Se for RELATIVA, o agente responderá por tentativa, porque aí, a consumação teria como ocorrer. 
E, a última hipótese de crime impossível consta na Súmula 145 – STF, chamada de flagrante preparado. Quando a própria autoridade policial “monta” a cena do crime para prender alguém em flagrante. Aqui, não há crime, foi tudo preparado, a consumação nunca teria ocorrido, porque a intenção, a idéia não partiu do agente. 
DOLO – elemento psicológico do indivíduo – psiquê do agente - animus.
É o elemento subjetivo do agente, faz parte da conduta (que integra o F.T.), consiste num “querer”. Elementos do dolo:
- consciência: elemento cognitivo; conhecimento de fato que constitui uma ação típica;
- vontade: elemento consistente em realizar uma ação.
Para a teoria finalista, adotada pelo CP, o dolo pertence à conduta e esta, pertence ao F.T.
O indivíduo, quando pratica uma conduta criminosa, tem a intenção, quer realizá-la e sabe, com plena consciência que está cometendo um crime, ele conhece todos os elementos descritos no tipo penal, como: o objeto material, o resultado, os meios e modos de execução (elementos objetivos), as conseqüências, etc.
Teoria da vontade: aplicada para o dolo direto – quando o indivíduo quer praticar a conduta e quer que o resultado ocorra, essa é a intenção dele, seu objetivo.
Teoria do consentimento (ou assentimento): aplicada para o dolo eventual, aqui, o indivíduo quer realizar a conduta e não se importa com o resultado, que para ele, tanto faz se ocorrer ou não, ele assume o risco de produzi-lo com sua conduta (é o famoso “dane-se” para o resultado).
As teorias mencionadas estão no art. 18, I, CP.
Espécies de dolo:
- dolo natural: é o “querer”, elemento puramente psicológico sem qualquer juízo de valor. É a consciência com a vontade; não importa se o indivíduo sabe que a conduta é ilícita, injusta, errada, o que ele quer é praticá-la;
- dolo normativo: ultrapassada! Essa teoria menciona que o indivíduo pratica a conduta tendo consciência que é ilícita, errada, mas é isso mesmo que ele quer; o próprio indivíduo faz um juízo de valor sobre qual conduta quer praticar;
- dolo direito (imediato, determinado): art. 18, I, 1ª parte; teoria da vontade, indivíduo quer praticar a conduta e quer que o resulta ocorra;
- dolo indireto (indeterminado, eventual): art. 18, I, 2ª parte; teoria do consentimento, indivíduo pratica a conduta e assume o risco de produzir o resultado, que pode ocorrer ou não. Nelson Hungria mencionava a seguinte frase para essa espécie de dolo: “seja como for, dê no que der, em qualquer caso, não deixo de agir”;
- dolo de dano: é a vontade, a intenção de causar efetiva lesão ao bem jurídico;
- dolo de perigo: é a vontade de causar um perigo que pode causar dano, expor o bem jurídico a risco, ex: dirigir embriagado, ou andar armada, ou deixar produto inflamável perto de uma criança;
- dolo genérico: vontade, intenção de realizar o verbo do tipo, mas sem uma finalidade específica, ex: crime de ameaça, art. 147, ou crime de sequestro, art. 148, CP.
- dolo específico: intenção de praticar a conduta com uma vontade determinada, ex; arts. 213 (estupro) ou 159 (extorsão mediante seqüestro), CP;
- dolo geral (erro sucessivo ou aberratio causae): ocorre quando o agente pratica uma conduta e imagina que com esta, ocorreu o resultado que ele pretendia, a consumação e realiza outra conduta achando que é mero exaurimento do crime. Na verdade, foi a segunda conduta praticada que gerou a consumação, o agente engana-se em relação ao momento de sua ocorrência, ex: o agente atira no seu desafeto e imaginando que ele já está morto, empurra o corpo de um penhasco. Na verdade, a vítima ainda estava viva e foi com a queda que morreu e não com o tiro. Mas para o direito penal punir, não importa, porque, de qualquer forma, a intenção do agente era causar a morte e conseguiu! Responderá pelo crime consumado, pois apesar do agente ter se enganado em relação ao momento do resultado, conseguiu, de uma forma ou de outra, o que queria desde o início.
Dolo e dosagem de pena: a pena prevista expressamente no preceito secundário do tipo penal, não menciona qual espécie de dolo, quem “pode” fazer essa diferença é o juiz na dosimetria da pena e, por vezes influenciar na mesma. Na prática, não há diferença substancial, basta a intenção do agente para responder por crime doloso.
Obs: em relação aos crimes omissivos por comissão (omissivos impróprios), que constam no art. 13, § 2º, a, b e c, CP, é mistér o dolo no tocante à omissão, gerando, dessa forma, o resultado previsto nos crimes omissivos, pois nessas hipóteses, o indivíduo podia e devia agir (dever legal, contratual ou ingerência da norma).
CULPA: art. 18, II, CP; é outro elemento subjetivo que integra a conduta (elemento do F.T.). Para verificar a “culpa”, deve-se observar um “juízo de valor”, normalmente presente nos tipos abertos; ou seja; a lei não descreve as condutas, porque podem ocorrer de inúmeras e infinitas formas, mas para os crimes culposos, a lei descreve o resultado.
Assim, para o indivíduo ser punido por crime culposo, é necessário que tenha ocorrido um resultado, a consumação e ainda deve haver menção expressão pelo legislador que aquele tipo penal é punido de forma culposa, senão é fato atípico. Se a lei nada mencionar sobre a culpa e o indivíduo não teve a intenção (dolo) de praticar o crime, não há responsabilidade penal, art. 18, parágrafo único, CP, pois afastado o dolo e a culpa, é fato atípico, vez que a responsabilidade em direito penal é SUBJETIVA.
Elementos do F.T. nos crimes culposos:
- conduta voluntária;
- resultado involuntário;
- nexo causal;
- tipicidade;
- quebra do dever objetivo de cuidado (por negligência, imprudência ou imperícia);
- previsibilidade objetiva do resultado;
- relação de imputação objetiva.
Previsibilidade objetiva: é a possibilidade de qualquer pessoa de capacidade mediana de prever o resultado, ou seja; em regra, todos os fatos naturais podem ser previstos pelo homem (não é o “poder de previsão”, mas o “dever de prever”).
Princípio do risco tolerado: algumas condutas, ainda que perigosas devem ser realizadas, mesmo se caracterizar um F.T. Aqui, o risco é tolerado, ex: médico que realiza uma cirurgia, sabe que por mais segura que seja, alguma risco tem; piloto de avião, no pouso ou decolagem, sabe que há o mínimo de risco, mas não pode deixar de agir, ou quando saímos pela manhã para estudar, trabalhar, sabemos que estaremos sujeitos a diversos riscos durante nossa trajetória, mas mesmo assim não deixamos de sair.
Princípio da confiança: ninguém precisa “vigiar” a vida do outro; espera-se que todos, atuem no dia-a-dia com o mínimo de cuidado, conforme a lei e as regras da sociedade. E quando este dever de cuidado é quebrado, ocorre a INOBSERVÂNCIA DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO por: imprudência, negligência ou imperícia – que são modalidades de culpa, art. 18, II, CP.
Imprudência: o indivíduo age (conduta positiva), mas sem o cuidado necessário, sem precaução, ex: ultrapassagem proibida no trânsito, manejar uma arama carregada, etc. 
Negligência: é a forma omissiva (conduta negativa), ocorre sempre antes do início da conduta, é a abstenção de um comportamento que era devido, é a inação, a inércia, ex: deixar de trocar os pneus de pegar a estrada, deixar uma substância tóxica perto de uma criança, etc.
Imperícia: é a falta de aptidão técnica em profissão ou atividade (omissiva ou comissiva) pela falta de experiência ou de conhecimento, ex: médico que ao invésde tratar de uma ferida, amputa a perna do paciente, ou atirador de elite, que, ao invés de atirar no criminoso, atira na vítima.
Obs: se a imperícia for da pessoa que não exerce atividade ou profissional, haverá imprudência, ex: curandeiro que “tenta” fazer uma cirurgia espiritual ao invés de chamar um médico.
Imperícia: o indivíduo não possui capacidade profissional, muito menos conhecimento, era imperito, ex: sou imperita (o) para projetar um edifício, pois não possuo conhecimentos técnicos para tal exercício.
Erro profissional: pode ocorrer em qualquer área, medicina, psicologia, advocacia, etc. Aqui, o indivíduo é profissional competente e apto para agir, aplica seus conhecimentos técnicos e normais, mas chega à conclusão errada sobre o diagnóstico; pode derivar de imperícia, imprudência ou negligência e somente se o erro for grosseiro, caracteriza culpa penal, senão, há isenção de responsabilidade e o profissional não responde. Pois errar minimamente, é tolerável, mas “grosseiramente”, sendo que a pessoa é profissional habilitado, aí gera responsabilidade.
Espécies de culpa:
- culpa consciente: com previsão! O indivíduo não quer praticar crime algum, quer praticar uma conduta, mas prevê o resultado (que era previsível) e espera “sinceramente” que este não ocorra (porque não é essa sua intenção), mas por negligência, imprudência ou imperícia, deu causa ao resultado, ex: passar no sinal amarelo;
- culpa inconsciente: o indivíduo age, sem prever o resultado que pode ocorrer, nem sequer passa na sua cabeça essa possibilidade.
Na prática, o juiz quando for aplicar a pena, pode levar em consideração a diferença entre culpa consciente ou inconsciente.
Obs: culpa consciente é diferente de dolo eventual; pois, na culpa consciente, o indivíduo não quer realizar o crime, quer apenas praticar uma conduta (lícita) e prevê que talvez o resultado indesejável (criminoso) ocorra. Já no dolo eventual, ele quer realizar a conduta criminosa e não se importa se o resultado ocorra ou não, pois assume o risco de produzi-lo!
Graus de culpa: levíssima, leve e grave. Para a doutrina não há qualquer diferença, mas para o juiz, pode influenciar na aplicação da pena.
Compensação de culpas: em direito penal não há! Isto é, quando o sujeito ativo age com culpa e a vítima também, aí uma culpa é compensada pela culpa do outro. Assim, ainda que a vítima tenha tido uma parcela de culpa, o sujeito ativo responde pela sua conduta, pois a responsabilidade penal é pessoal.
Concorrência de culpas: quando duas o mais pessoas agem com culpa e todas dão causa ao resultado. No caso, todas responderão autonomamente pelo resultado, na medida de sua culpabilidade.
Participação em crime culposo: prevalece o entendimento que não existe, vez que a participação é uma conduta acessória do autor principal, ou seja, este quer realizar o crime e o outro de alguma forma participa. Como nos crimes culposos não há essa intenção de praticar crime, não se fala em partícipe e cada um responderá conforme sua contribuição de forma autônoma.
Culpa imprópria (por equiparação ou assimilação): ocorre quando o indivíduo age com excesso culposo nas excludentes de ilicitude (art. 23, CP), é uma conduta dolosa, que na verdade, é punida com culpa – solução encontrada pela doutrina. É a única forma de culpa que admite tentativa.
Importante: o tipo culposo é excepcional, o crime só é punível com culpa se houver expressa menção pela lei, art. 18, parágrafo único, CP, senão é fato atípico. Dessa forma, em regra, todo crime é doloso, mas nem todo crime é culposo. Para saber se determinado tipo penal é punível com culpa, basta verificar no próprio artigo se contém algum § com a palavra: culposo (a); se não existir, não se fala em crime culposo.
Não é admitida a tentativa nos crimes culposos, pois é necessária a consumação, um resultado. E, lembre-se: o legislador quando descreve os tipos culposos, menciona a ocorrência do resultado e não da conduta, pois o tipo penal culposo, pode ocorrer de várias formas; já os dolosos, somente pela condutas descritas na lei (verbos).
Preterdolo (ou preterintencional): é a conduta dolosa, agravada pelo resultado (culposo), ou seja, é o dolo no antecedente e a culpa no conseqüente. Também, não admite tentativa, ex: quero machucar Maria (lesão corporal) e para isso, bato a cabeça dela na parede 3 vezes; porém, me excedi, bati com muita força e acabei matando Maria. Minha intenção (dolo) não era matá-la, somente machucá-la (lesão corporal), mas por excesso, resultou a morte em Maria (culpa - resultado que eu não quis, foi sem querer: CONDUTA INICIAL DOLOSA COM RESULTADO FINAL CULPOSO.
Lembre-se: responsabilidade penal é subjetiva, o indivíduo precisa agir com dolo ou culpa, senão é fato atípico, art. 18, parágrafo único, CP.
ILICITUDE: “é a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico”. Primeiramente, verifica-se se é F.T. (crime), se a resposta for positiva, verifica-se se é ilícito, porque todo F.T., presume-se ilícito (antinormativo), mas nem sempre a antinormatividade é ilícita, ex: furto de uso, não se enquadra a nenhum tipo penal, assim, é irrelevante, é fato atípico, já que o legislador não prevê a conduta de “usar” como criminosa.
Dessa forma, após a análise do F.T. (se a conduta se enquadrar em algum tipo penal) e da tipicidade, com a descrição da lei, aí verifica-se a ilicitude (antijurídico), por isso, presume-se que todo F.T. é ilícito, mas é mera presunção, a certeza é feita em juízo, na prática, no caso concreto.
Essa “presunção” que todo F.T. é ilícito, chama-se: caráter indiciário da ilicitude, ex: matar alguém; presume-se que é crime: F.T. e ilícito, porém, se eu matar alguém em legítima defesa, afasta-se o caráter ilícito da conduta, embora seja criminosa, porque o próprio ordenamento permite que eu realize o F.T., por exclusão.
Quando a lei permite que eu realize o F.T. e afasta a ilicitude dá o nome de: EXCLUDENTE DE ILICITUDE, pois exclui, afasta o caráter ilícito da conduta e me permite praticá-la (normas permissivas). São as hipóteses do art. 23, CP.
Mas, quando o indivíduo “imagina” (porque erra, se engana) que a lei exclui a ilicitude, quando na verdade não permite, ele realizou um F.T. e ilícito (crime), para esse erro por parte do agente, denomina-se: ERRO DE TIPO, art. 21, CP.
Ilicitude = antijuridicidade.
Ilicitude formal: contrariedade do fato com o ordenamento jurídico (lei); o fato é considerado ilícito porque não há nenhuma hipótese de exclusão, ou seja; é a efetiva lesão ao bem jurídico ou exposição a um perigo de dano - ilicitude material, neste caso, é o sentimento social de algo injusto, não considerando apenas a lei, mas toda a reprovação da sociedade em relação à conduta praticada.
A análise da ilicitude é objetiva: em relação ao fato praticado contra o ordenamento jurídico, não é examinada a intenção do agente, se agiu com dolo ou culpa, não interessa, pois já foi analisado dolo ou culpa na conduta, a qual integra o F.T.! 
Em suma: todo F.T. presume-se ilícito, salvo se ocorrer alguma causa excludente de ilicitude, art. 23, CP. Assim, a tipicidade é indício de ilicitude. 
Causas excludentes de ilicitude (também chamadas de causas de justificação ou normas permissivas) – a lei permite que se realize o F.T. e afasta a ilicitude nas hipóteses do art. 23, CP: estado de necessidade; legítima defesa; estrito cumprimento do dever legal; exercício regular do direito (ler o artigo).
Estado de necessidade - art. 24, CP: quando existir dois ou mais bens jurídicos em perigo atual e um deles tiver de ser sacrificado para salvar o outro (que deve ser de menor importância), ex: vida e patrimônio num navio que está afundando, jogar o carro contra o muro de uma casa para não atropelar uma pessoa, etc. A escolha do bem jurídico a ser salvo se faz por um critério de razoabilidade, bom senso.
Obs: somente é excluída a conduta do indivíduo se ele souber que está agindo em estado de necessidade e que ele próprio não tenha criado o risco ou a situação de ameaça ou de perigo e ainda,que ele não tenha o dever legal de agir para enfrentar o perigo atual, ex: bombeiro, policial, salva-vidas, etc. 
Se o indivíduo agir com excesso doloso ou culposo, responderá pelo crime e não será afastada a ilicitude.
Caberá ao juiz analisar conforme a situação ocorrida, se estavam presentes causas que justificassem o estado de necessidade.
Requisitos do estado de necessidade:
- situação de perigo atual e real: não pode ser situação passada nem futura, o dano tem de ser potencial, que está prestes a ocorrer a qualquer instante;
- o perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio, como a vida, o patrimônio, a liberdade, etc e vale observar que, para defender direito de terceiro, não precisa do consentimento deste, é implícito, ex: médico que realiza um procedimento de emergência para salvar a vida de uma paciente durante a cirurgia;
- o perigo não pode ter sido provocado (de forma dolosa) pelo agente;
- conhecimento por parte do indivíduo da situação justificante – da causa que exclui a ilicitude;
- proibição de agir com excesso (doloso/culposo);
- inexistência do dever legal de enfrentar o perigo;
- critério da razoabilidade no sacrifício do bem (ponderação de valores);
- comportamento inevitável por parte do agente, não tinha como agir de outra forma.
Obs: se a destruição do bem jurídico não era necessária, o indivíduo responderá pelo crime, mas com pena diminuída de 1/3 a 2/3 – aí não será afastada a ilicitude.
Espécies de estado de necessidade:
- estado de necessidade defensivo: o indivíduo procura salvar seu próprio bem jurídico, que lhe pertence;
- estado de necessidade agressivo: o indivíduo procura salvar bem jurídico de terceira pessoa, que não lhe pertence, alheio, sem necessidade do consentimento desta pessoa;
- estado de necessidade real: atual, que está prestes a ocorrer, art. 24, CP;
- estado de necessidade putativo: imaginário; afasta o dolo do agente, mas responde por culpa se mencionada no tipo penal, senão, é fato atípico, pois neste caso, o agente imaginou que estava agindo acobertado pelo estado de necessidade, quando na verdade, praticou um crime, como não era essa sua verdadeira intenção, responderá por culpa, pois deu causa ao resultado.
Obs: ataque de animal é sempre estado de necessidade e não legítima defesa!!!
Legítima defesa – art. 25, CP: repelir, afastar injusta agressão humana, atual ou iminente a direito próprio ou alheio, com o uso dos meios necessários no momento da agressão, o indivíduo pode se valer do que estiver à sua disposição, arma, faca, qualquer coisa.
Requisitos:
- injusta agressão humana (ilícita)
- atual ou iminente (que está ocorrendo ou prestes a ocorrer num futuro próximo);
- a direito próprio ou alheio (direito de terceiro, mesmo sem seu consentimento);
- uso de meios necessários postos à disposição no momento da agressão;
- utilização dos meios de forma moderada, proporcional à agressão (senão o indivíduo que agir com excesso doloso ou culposo, responderá e não será afastada a ilicitude);
- conhecimento da situação justificante.
Obs: agressão de animal é estado de necessidade e não legítima defesa. Porém, se o animal atacar uma pessoa porque foi provocado por alguém, aí fala-se em legítima defesa, pois essa pessoa que o provocou usou do animal como instrumento para agredir.
É possível a legítima defesa contra qualquer pessoa, ainda que inimputável, ex: menor de 18 anos, idoso, doente mental, etc. Independe da capacidade do agressor.
Não há legítima defesa quando o indivíduo é desafiado para uma briga, um duelo, uma rixa, neste caso, cada um responderá pela conduta que praticar.
Commodus discessus – a lei penal brasileira permite a legítima defesa contra a agressão humana, porque ninguém é obrigado a ser agredido ou estar prestes a sofrer uma agressão e ser covarde.
Legítima defesa putativa – não existe! Seria a imaginação do indivíduo, ou seja, ela acha, imagina que sofrerá uma agressão e antes que esta ocorra, ele pratica uma conduta. É a culpa imprópria (por equiparação), ex: estou tomando um cafezinho num bar, tem uma pessoa ao lado, desconfio desta pessoa, mas nada faço; quando olho para ela novamente, essa pessoa está com a mão no bolso olhando para mim, eu, imagino que ela fará alguma coisa em relação a mim, alguma agressão e pratico uma conduta antes, imaginando que estou agindo em legítima defesa, mas na verdade não estava, pois essa pessoa não me agrediu nem ia me agredir, apenas estava mexendo no celular que se encontrava em seu bolso. Nesta hipótese, como minha conduta foi dolosa, embora eu não quisesse praticar crime algum, responderei de forma culposa, vez que imaginei que estava agindo em legítima defesa (conhecida como erro de tipo pelo engano por parte do agente na situação fática – descriminante putativa, erro de tipo inescusável, injustificável). É a única modalidade de culpa que admite tentativa.
Assim, a legítima defesa tem de ser real (presente ou remota), não putativa (imaginária). Não há legítima defesa passada.
Só será aceita a legítima defesa putativa, quando o agente erra, se engana, em relação à situação fática, pois era inevitável, justificável sua conduta. Ou seja, embora ele tenha imaginado que estava em legítima defesa, na verdade não estava, praticou um ato que afastará sua responsabilidade, ex: A é jurado de morte por B, conhecido como traficante e matador de aluguel profissional, perigosíssimo. Na madrugada, A para no posto para colocar gasolina no seu carro e encontra-se com B que está encostado na porta de outro carro. A observa que B levou a mão na cintura; A, imaginando que B vai tirar uma arma e matá-lo, já que tinha sido jurado de morte por ele, pega uma faca próxima e num golpe certeiro atinge o peito de B, antes que este tenha feito qualquer coisa. E A, acaba matando B! Na verdade, B só ia tirar do bolso o maço de cigarros, nem tinha percebido a presença de A no posto, mas este, como tinha sido jurado de morte por aquele, se antecipou, imaginando estar em legítima defesa, isto é, A se enganou, errou, sobre a legítima defesa (putativa), mas o engano sobre a situação de fato, justificou sua conduta no caso e sua responsabilidade será afastada, pois não tinha como ele saber que B ia apenas fumar um cigarrinho.
Não há legítima defesa da honra (autotutela), ainda que a honra seja um bem jurídico protegido pelo direito penal e integre um dos direitos de personalidade do indivíduo previstos no art. 5º, C.F. (Direitos e Garantias Fundamentais). Somente caberá ação penal de crime contra a honra (heterotutela). A legítima defesa da honra é conhecida como erro de proibição, ou erro de direito, pois o ordenamento não permite que o indivíduo haja, ex: Mariazinha foi estuprada por Mateus, o pai de Mariazinha andando pela rua, vê Mateus do outro lado da calçada, e, afim de agir em legítima defesa da honra de sua filha, dá 5 tiros e mata Mateus, imaginando que o direito penal admite que sua conduta seja realizada. Na verdade, não admite, o erro do pai de Mariazinha foi sobre a norma jurídica e não sobre o fato, pois queria mesmo matar Mateus. Assim, pai de Mariazinha responderá pelo crime, de forma dolosa, mas com pena diminuída.
Espécies de legítima defesa:
- putativa: já mencionada acima;
- real: prevista no art. 25, CP;
- recíproca: uma contra a outra – não existe no direito brasileiro; ou uma pessoa ou outra está agindo em legítima defesa, pois a agressão partirá de um dos dois;
- própria: se defender de uma injusta agressão humana;
- de terceiro: defender terceiro, outra pessoa;
- sucessiva: reação do próprio agressor contra o excesso do indivíduo que está se defendendo;
- com aberratio ictus: o indivíduo erra, ao invés de atingir o agressor, acerta outra pessoa que não tinha nada a ver. Neste caso, prevalece a legítima defesa e a pessoa atingida, na esfera penal não poderá fazer nada, apenas na área cível poderá ingressar com uma ação.
Estrito cumprimento do dever legal: o conteúdo dessa excludente decorre de normas extrapenais, ex: CC, CF, Direito Administrativo, etc. Aqui,o agente público pratica um fato cumprindo estritamente o que está na lei, ou seja, o ato a ser executado por ele é autorizado pelo ordenamento jurídico (se não for, é crime), ex: violência utilizada para cumprir um mandado de prisão, ou mandado de busca e apreensão ou arrombamento; oficial de justiça que executa ordem de despejo, etc.
Não pode agir com abuso ou excesso (doloso/culposo), senão responde. Por isso essa excludente denomina-se estrito cumprimento do dever legal; sem qualquer interpretação ampla.
Requisitos: existência prévia de um dever legal (estrito limite do dever); em regra, a conduta é praticada pelo agente público (excepcionalmente por particular quando autorizado por lei ou pelo juiz); conhecimento da situação justificante.
Exercício regular do direito: essa excludente também decorre de normas extrapenais, CC, CF, entre outras e ainda assegurada pela lei penal. O exercício de um direito é sempre permitido, não é proibido, por isso é uma causa excludente de ilicitude, ex: abrir o corpo de um paciente (só o médico) para realizar uma cirurgia é permitido, porque o profissional está no exercício regular da sua atividade profissional, ou ainda, a violência que ocorre em algumas modalidades de esporte, como boxe, futebol, etc. Colocar caco de vidros ou alarmes sobre muros de casa para se defender, também é permitido, desde que contenha aviso (chamados de ofendículos), pois criam um obstáculo, um empecilho. Para alguns, trata-se de legítima defesa preordenada.
Nesta excludente o indivíduo se agir com excesso doloso ou culposo responderá por crime.
Culpabilidade: juízo de reprovação analisado pelo juiz quando da aplicação da pena. Não integra o conceito de crime que é apenas F.T. e ilícito, não pertence à conduta do agente, nada tem a ver com dolo ou culpa, é um juízo de valor analisado pelo juiz depois que verifica a ocorrência do crime.
Elementos da culpabilidade:
- imputabilidade;
- potencial consciência da ilicitude;
- exigibilidade de conduta diversa.
Imputabilidade: o CP presume a capacidade das pessoas para entender o caráter ilícito e cometer crimes. Capacidade, todos têm. Assim, se o indivíduo comete o crime, o CP imputa, atribui a ele a responsabilidade pela prática do delito.
Causas que excluem a imputabilidade: doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado, art. 26, caput; embriaguez completa proveniente de caso fortuito e força maior, dependência patológica, como viciado em drogas, álcool e outras substâncias entorpecentes, inclusive medicamentos (nesses casos, o laudo médico é que comprovará tal situação e só depois o juiz analisará).
Em relação aos deficientes mentais, retardados, débeis mentais, imbecis, idiotas, oligofrênicos e por ex, os surdos-mudos, pelo déficit de suas faculdades sensoriais.
Ainda incluem nesse rol os menores de 18 anos, pois quando praticam um fato típico e ilícito, cometem um ato infracional, pelo ECA e não respondem perante a Justiça Criminal, mas no Juizado da Infância e da Juventude.
Embriaguez: é a intoxicação aguda e transitória causada por álcool ou qualquer outra substância de efeitos psicotrópicos, como: entorpecentes (morfina, ópio); estimulantes (cocaína) ou alucinógenos. Só exclui a imputabilidade se a embriaguez for completa, ou seja, que retire inteiramente a capacidade de compreensão do ilícito cometido e de forma acidental; não desejada pelo indivíduo, ex: misturar álcool com medicamento, decorre de caso fortuito e força maior. Nesta hipótese, o indivíduo ficará isento de pena (será afastada sua culpabilidade).
Se a embriaguez for incompleta, o indivíduo possui capacidade e autodeterminação, ainda que mínima para entender o caráter ilícito e responderá pelo crime com pena diminuída de 1/3 a 2/3, conforme o grau de perturbação.
No caso de embriaguez culposa, o indivíduo quer beber, mas não quer cometer crime algum, porém, comete por exceder na bebida – imprudência. Responderá pelo crime de forma dolosa ou culposa e não será excluída sua imputabilidade.
Na embriaguez patológica, o indivíduo bebe ou ingere substância entorpecente por doença, dependência, são os viciados, alcoólatras. Necessita de laudo que comprove tal situação para excluir totalmente sua imputabilidade pelo crime cometido, aqui, eles precisam de tratamento, não de punição. A posição do STF é de equiparar esses viciados ou dependentes a um doente mental e, provavelmente receberá medida de segurança e não pena.
Se a embriaguez for preordenada, o agente é um “covarde”, pois se embriaga com a finalidade de cometer crime, já que sóbrio não conseguiria praticar o F.T. e ilícito. É uma agravante genérica, art. 61, I, CP, ele responderá pelo crime e sua pena será agravada por ter ingerido álcool para cometer o delito. Essa espécie é chamada de actio libera in causa; ele não age com dolo nem com culpa no momento da conduta porque está embriagado, embora a intenção dele desde o início era praticar o delito antes de se colocar nessa situação de falta de discernimento.
Emoção e paixão - art. 28, CP: a paixão é lenta, definitiva, duradoura, ciúme excessivo, enquanto a emoção é um sentimento abrupto, repentino, súbito, fugaz, passageiro, que passa com rapidez, ex: ira, raiva, vingança. 
Ambas não excluem a imputabilidade, mas dependendo do caso, podem funcionar como causa especial de diminuição de pena (privilégio), ex: art. 121, § 1º, CP – homicídio privilegiado.
Obs: o indivíduo tem de estar dominado pela emoção ou paixão para gerar a diminuição na pena. Se estiver somente influenciado, será atenuante genérica.
Em certos casos, a paixão pode ser equiparada à doença mental, quando tiver caráter patológico, aí será excluída a imputabilidade do indivíduo, mas ele pode receber medida de segurança ao invés de pena. Também será necessário laudo médico para comprovar.
Semi-imputabilidade: o indivíduo possui capacidade, mas reduzida (e não plena) para entender o caráter ilícito da conduta; responderá com pena diminuída de 1/3 a 2/3 ou, se o laudo entender necessário, o juiz poderá aplicar a medida de segurança, art. 26, parágrafo único, CP.
Potencial consciência da ilicitude: é o segundo elemento da culpabilidade. É a possibilidade de que o agente tenha conhecimento do caráter ilícito da conduta, no momento em que pratica a ação ou omissão; se ele sabia ou podia saber que estava fazendo algo errado, injusto, ilícito. A análise é feita sobre cada sujeito no caso concreto, como o meio social que vive, os costumes, tradições, nível de cultura e capacidade intelectual, condição emocional, psíquica, entre outras. Aqui, o indivíduo responderá pelo crime. Só será excluída a culpabilidade se o sujeito não conhecia o caráter ilícito do fato, nem tinha condições de saber ou, ainda que não realizasse a conduta, o resultado fosse inevitável, ou seja, ocorresse de qualquer jeito.
Obs: não pode o indivíduo alegar o desconhecimento da lei, art. 21, CP, chamado de erro de direito, pois não será afastada sua culpabilidade. No máximo, poderá ocorrer o perdão judicial se for uma contravenção penal, mas nunca para um crime, vez que, a lei torna-se obrigatória para todos a partir de sua publicação.
Se o indivíduo alegar erro de direito, isto é, que desconhecia a lei, responderá pelo crime, mas com pena diminuída, art. 65, II, CP. É o exemplo sobre Mariazinha e seu pai que matou o estuprador, imaginando que a lei permitia a legítima defesa da honra de sua filha, quando, na verdade, proibia, responderá, com pena diminuída.
No direito penal, o erro, o engano, não afasta o crime, afasta o dolo, pela falta de intenção, mas o indivíduo responderá com culpa se deu causa ao resultado. Porém, se no tipo penal não for prevista a modalidade culposa, será fato atípico e ele não responderá por falta de previsão legal.
Obs: não há crime doloso por “erro”.
Erro de proibição: também chamada de erro sobre a ilicitude do fato. Aqui o indivíduo erra em relação à lei, a regra, ele acha que está praticando uma conduta permitida pelo ordenamento jurídico, mas na verdade, está cometendoum crime, ou seja, ele acha que o errado é certo. Nessas hipóteses não importa se ele conhecia ou não a lei, ele responderá pelo crime, na forma dolosa, mas com pena diminuída de 1/3 a 2/3, se sua conduta podia ter sido evitada. Porém, se sua conduta fosse inevitável, aí não responderá por nada, pois não tinha como ele agir de outra forma.
Em suma: o indivíduo imagina que está praticando uma conduta permitida pelo ordenamento jurídico, mas na verdade está cometendo um crime, ex: pratica uma conduta imaginando que está agindo em estado de necessidade (excludente de ilicitude), mas não está! O sujeito sabe exatamente o que faz, age dolosamente. Se evitável, responderá de forma dolosa com pena diminuída, se inevitável, não responde e está isento de pena (afastada sua culpabilidade). Jogo o carro contra o muro de uma casa imaginando que uma pessoa está correndo na minha direção para não atropelá-la, mas na verdade, a pessoa, está muito longe do meu carro e causei um dano patrimonial, imaginando que estava agindo pela excludente de ilicitude – estado de necessidade; ou, escuto uma sirene num navio, imagino que o mesmo está afundando e começo a me desfazer dos bens que nele constam, arremessando tudo ao mar, para salvar a vida das pessoas, mas na verdade, a sirene era um procedimento normal que ocorria todos os dias às 6 da tarde. Ou ainda. O mesmo ex. já mencionado de Mariazinha e seu pai.
Exigibilidade de conduta diversa: é o terceiro elemento da culpabilidade. O indivíduo podia ter realizado outra conduta que não fosse o crime. Nesse caso, a sociedade espera que ele tome uma atitude diferente, mas só podem ser punidas condutas que podiam ter sido evitadas, se não tinha como se evitar, exclui o crime e sua responsabilidade.
Condutas inevitáveis (não responderá pelo crime):
- coação moral irresistível - art. 22, CP: é a força física ou grave ameaça para que alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa. A vontade é viciada, aquele que comete o crime é praticamente obrigado por outra pessoa, ele está sendo coagido, sem possibilidade de agir de outra forma. Neste casso, quem responde é o coator, quem cometeu o crime não, pois não era essa sua intenção;
Obs: se a coação moral era resistível, ou seja, ele podia ter agido de forma diversa, responderá pelo crime com circunstância atenuante genérica, art. 65, III, “c”, CP.
- obediência hierárquica: ocorre quando alguém cumpre ordem de autoridade superior. Há uma relação de hierarquia (superior/subordinado), uma ordem de natureza ilícita, revestida de uma ilegalidade não manifestada (aparência de ordem legal). É uma relação de direito público, não incide entre particulares. Aquele que recebeu a ordem não responderá pelo crime, somente seu superior.
Erro de tipo: o erro em Penal é a falsa percepção da realidade. O CP, no art. 20, regula o primeiro “erro”, chamado de erro de tipo ou também conhecido como erro sobre a ilicitude do fato, sobre a situação fática.
Já o art. 21, trata do “erro de proibição” (mencionado anteriormente), conhecido como erro sobre a ilicitude do fato, sobre a norma, imagino que posso cometer a conduta porque existem as hipóteses do art. 23, excludentes de ilicitude, mas não posso, são os exemplos de Mariazinha, (mais uma vez), da sirene do navio, do carro contra o muro, etc. Responderei pela conduta, de forma dolosa, mas com pena diminuída, porque imaginei que o Direito me protegesse e permitisse que eu agisse dessa forma, me enganei e cometi um F.T e ilícito.
No erro de tipo, o indivíduo se confunde sobre os elementos ou circunstâncias do crime, ou erra em relação a qualquer outro dado que consta no tipo penal. Pode incidir sobre os pressupostos de fato ou sobre uma causa de justificação, ou ainda sobre dados secundários da figura típica, ou seja, alguém, quando comete um crime, não sabe o que faz, falta o conhecimento necessário (não há dolo), por isso surge o erro, o engano, ex: pega um celular sobre a mesa, imaginando que é seu, mas na verdade, é de outra pessoa. Neste caso, ele não teve intenção (dolo) de cometer crime de furto, assim, não responderá pelo tipo penal mencionado na forma dolosa (vez que é afastada a intenção, o animus), mas como o crime de furto, art. 155, não menciona a figura culposa, pois ele agiu “sem querer”, não houve crime e sua conduta será considerada como fato atípico, aconteceu um engano da sua parte.
Assim, se o indivíduo se enganou, errou em relação a algum elemento previsto no caput do tipo penal, não responderá por crime doloso, mas culposo, SE PREVISTO EM LEI. Já se o engano, o erro, foi sobre os parágrafos, ou seja, circunstâncias e dados acessórios, responderá pelo crime na forma dolosa, mas pelo caput.
No erro de tipo do art. 20, CP, a “falsa percepção da realidade incidiu sobre um dado fático previsto como elementar do tipo penal”, ou seja, no caput do artigo. O indivíduo sabe o que está fazendo, mas se engana, erra e assim, comete o crime, como mencionado no exemplo acima sobre o furto. Outro ex: 2 caçadores vão para o meio do mato à noite, um deles, numa brincadeira, se esconde do colega e começa a imitar um animal no atrás de um arbusto porque é um brincalhão, mas o colega imagina que é um animal e atira, matando o amigo (outro caçador). Ora, a intenção não era eliminar a vida do amigo, mas atirar em um animal, cometeu um crime de homicídio, sem querer, sem intenção, ou seja, afasta-se o dolo, mas como sua conduta se encaixa na modalidade culposa, prevista no art. 121, o caçador que atirou, responderá por homicídio culposo, pois não teve a intenção, se enganou sobre uma situação fática, mas acabou por cometer um crime.
Obs: animal não é vítima de crime em direito penal, é objeto material. O animal só é vítima de crimes em direito ambiental.
Assim, se o erro é justificável, inevitável, escusável, invencível (chamado de erro de tipo essencial porque recai sobre os elementos do tipo penal), o indivíduo, como qualquer outra pessoa, não podia prever, nem saber que estava praticando uma conduta típica, mas por erro. Nesse caso, será isento de pena e não responderá por dolo ou culpa. 
Mas, se o erro for evitável, vencível, inescusável (conhecido como erro acidental), aí, afasta-se o dolo e ele responderá por culpa se o tipo penal mencionar a modalidade culposa ou, responderá pela forma dolosa, mas como pena diminuída (se o engano foi em relação aos elementos constantes no caput do artigo).
Há 5 espécies de erro de tipo acidental:
- erro sobre o objeto;
- erro sobre a pessoa – art. 20, § 3º, CP;
- erro na execução – aberratio ictus – art. 73, CP;
- resultado diverso do pretendido – aberratio criminis – art. 74, CP;
- erro sucessivo - aberratio causae.
Obs: não confundir com delito putativo. Neste, o agente imagina que está cometendo o crime, mas na verdade, está praticando um irrelevante penal, pois o direito permite que ele realize a conduta, age acobertado pelas excludentes de ilicitude do art. 23, CP.
O erro sobre a elementar do tipo, o caput, chamado também de tipo simples, básico, fundamental, é conhecido como erro de tipo essencial. Aqui, afasta o dolo e o agente responde por culpa se previsto em lei, senão, é fato atípico. Porém, se inevitável, não responderá! É isento de pena.
Erro de tipo incriminador: é a falsa percepção da realidade sobre situação fática prevista como elementar ou circunstância do tipo penal incriminador.
Erro de tipo permissivo - art. 20, § 1º, CP: o erro recai sobre uma das excludentes de ilicitude, o indivíduo acha que está cometendo uma conduta, mas acobertado por uma das hipóteses do art. 23, mas não está e por isso comete o delito.
Erro de tipo acidental: ocorre quando o agente se engana sobre dados irrelevantes da figura típica, espécies:
- erro sobre o objeto material: pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa; pode ser:
	- erro sobre a pessoa: o agente atinge pessoa diversa da que pretendia ofender porque a confundiu com outra, ex: Maria atinge João, porque pensa que é Jose, seu ex-namorado (irmão gêmeo de João), ou atingeoutra pessoa qualquer porque estava escuro e não enxergava bem no momento que praticou a conduta. Não importa, vai responder pelo crime de qualquer jeito, já que a intenção de Maria era atingir João, ela só errou em relação à pessoa, mas cometeu o crime e por isso responderá por ele, como se tivesse conseguido atingir quem queria. Inclusive, todas as características de João passam para a vítima e serão analisadas para a aplicação da pena, como se ela tivesse acertado o alvo, art. 20, § 3º, CP. 
Ou ainda, Maria quer matar seu pai, mas outra pessoa entra em casa no momento que ela desfere o tiro, pois imaginou que era seu pai que estava entrando em casa e mata outro. Não importa, ela responderá pelo crime como se tivesse atirado em seu pai, com agravante na pena por ter cometido um crime contra ascendente.
	- erro sobre objeto ou coisa: o agente se engana em relação à coisa, ex: ao invés do traficante importar cocaína, enganou-se porque os pacotes eram parecidos e importou crack! Responderá pelo crime do mesmo jeito como se tivesse importado a cocaína, já que sua intenção era a prática da conduta criminosa e se enganou em relação à coisa.
Em suma: nas duas hipóteses de erro, sobre pessoa ou sobre a coisa, é irrelevante e o agente responderá pelo crime do mesmo jeito, já que sua intenção era a prática do F.T. e ilícito.
Erro na execução do crime – possui 2 espécies:
- aberratio ictus: chamado de “desvio de golpe”. É a má pontaria do agente, que atinge a pessoa ou coisa diversa da pretendida; o que é irrelevante para o direito penal e responderá do mesmo jeito, pois o erro ocorreu na prática dos atos executórios.
	- aberratio ictus com resultado único: o indivíduo erra na execução, mas atinge uma só pessoa ou uma só coisa, produz um único resultado;
	- aberratio ictus com duplo resultado: o indivíduo atinge a coisa ou pessoa que queria, mas outra pessoa ou coisa também, gerando dois ou mais resultados.
- aberratio criminis: também conhecida como aberratio delicti. É o resultado diverso do pretendido, atinge bem jurídico diverso, ex: quer jogar uma pedra no carro do vizinho, mas erra e atinge uma pessoa causando lesões. Obs: aqui ele queria causar um dano patrimonial, mas acabou gerando com sua conduta errônea, um delito de lesão corporal, por atingir a integridade física de outrem. Também pode ser aberratio ictis com resultado único ou com resultado duplo.
Erro sobre o nexo causal (erro sucessivo, aberratio causae): já mencionado em outro ponto da matéria, mas vale à pena repetir. O agente engana-se sobre o momento da ocorrência do crime, ou seja, quero matar Pafúncia e a levo para um lugar ermo, em cima de uma montanha, dou 2 tiros no peito de Pafúncia, ela cai no chão, eu, achando que ela já está morta, a empurro de um barranco. Na verdade, ela estava viva depois dos meus tiros, ela morreu por causa da queda e não pelos tiros, foi um erro meu sobre o momento do resultado. Mas não importa, responderei do mesmo jeito, já que minha intenção era matá-la e de uma forma ou de outra consegui!

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