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Caderno Direito Constitucional I - Dirley Cunha

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Direito Constitucional I – Dirley Cunha Junior 2017.2
Luíza Helena L. de Aguiar.
Características do Poder Constituinte:
	Poder Constituinte Originário
	Poder Constituinte Derivado
	Inicial – é o único capaz, ao exercer a potência que lhe é inerente, dar início a uma nova ordem estatal com seus novos fundamentos, inaugurando a partir de uma nova Constituição, um novo modelo de organização total do Estado.
Nos países que já adotaram diversas Constituições, como o Brasil, ele acaba sendo simultaneamente o poder inicial e o final, pois, ele dá início a uma nova ordem, mas é final porque ele encerra um modelo então existente. Podendo chama-lo de Poder Constituinte e Poder Desconstituinte. 
	Secundário – tem por finalidade dar continuidade aquela obra do Poder Constituinte Originário, operando por emendas (poder de reforma) ou organizando os estados membros por meio de constituições e alterando-as (poder decorrente). 
O Poder Derivado é secundário porque a sua finalidade, a sua mera competência é dar continuidade, assegurar a permanência da Constituição. 
	Autônomo – é para destacar a capacidade que ele tem de livremente estabelecer os novos termos de uma nova Constituição com consequência, os novos termos de organização política total de um Estado. Ele goza dessa ampla liberdade, ele tem potência, tem autonomia de prescrever uma nova Constituição.
	Dependente – depende do que a própria Constituição o deixa fazer. Logo, ele não goza de liberdade e sim de um espaço delimitado previamente pela própria Constituição, a Constituição quem cria o poder Derivado, que dita suas competências, tanto o poder reformador quanto o decorrente. A Constituição quem autoriza os termos de atuação do Poder Derivado. O Poder Derivado não é livre, só pode atuar dentro do espaço autorizado pela Constituição.
	Ilimitado/Absoluto – ele pode tudo, não tem limites. É possível que uma Constituição venha de qualquer jeito, não há freios para o exercício da sua potência. Não há no direito, dentro de uma ordem jurídica, nada que limite o poder originário, mas quando há análise da política é possível falar sobre limitações, porque é dentro da política que o poder originário é forjado, construído. São limitações que vão conformar sua fisionomia. 
	Limitado – sofre restrições estabelecidas, explicitas ou implícitas, na própria Constituição. Exemplo: são as cláusulas pétreas que envolvem a proteção dos direitos da pessoa humana, são limites que impedem que o poder derivado venha suprimir o direito. 
	Incondicionado – não existe, no próprio Direito, fórmulas ou procedimentos que possam condicionar o modo do poder originário se manifestar ou expressar. Exemplo: o Direito não prevê como a Constituinte deve operar, agir, para a construção de uma nova Constituição. 
Quando há a ruptura da antiga Constituição para a nova, podendo ocorrer sem revolução (Brasil) ou com revolução (13 colônias e Francesa), há a “quebra da continuidade constitucional do país”. 
	Condicionado - possui previsão no Direito e é o próprio direito que vai estabelecer suas condições de manifestação. Exemplo: o poder reformador está previsto na Constituição. 
	Permanente – nunca deixa de existir, ele sempre se situa em cada um das pessoas. Pois, é a expressão da vontade política de cada pessoa. 
Há momentos em que ele é ativado e há momentos em que ele permanece em estado de “hibernação política”. 
	Temporário – foi criado para episodicamente, se necessário for, proceder alterações no texto da Constituição, de modo em que ele só tem existência no momento em que ele atua, quando ele atua, depois deixa de existir. E é possível em que ele nem se manifeste, exemplo nos EUA em que o poder só se manifestou 27 vezes em todos seus 230 anos de vigência.
Limitações do Poder Constituinte Derivado:
	Temporal: são aquelas que proíbem o poder Derivado de alterar a Constituição durante um determinado período de tempo. Exemplo: a Constituição do Império de 1824, que nos 4 primeiros anos não poderia ser alterada. 
	Circunstâncias: estão previstas no artigo 60, parágrafo 1°. São as que proíbem as alterações da Constituição durante a vigência de determinadas circunstâncias consideradas anormais, estão associadas a ocorrência de certas circunstâncias. Não é o fator tempo que vai obstaculizar as alterações e sim as circunstâncias identificadas que vão impedir a Emenda da Constituição. As circunstâncias anormais são: Intervenção Federal, Estado de Defesa e Estado de Sítio. Exemplo: Estado da Bahia quer invadir o estado de Sergipe, se convoca uma intervenção federal para impedir determinada ação. 
	Estado de Defesa e de Sítio são espécies do Estado de Exceção. Durante as medidas que podem ser decretadas na ocorrência de Estado de Defesa e o de Sítio não é possível se alterar a Constituição na medida em que essas medidas são de exceção, duras porém necessárias, mas que muitas vezes suspendem direitos e garantias fundamentais. Durante o Estado de Defesa, na instalação de um caos para se restabelecer a normalidade pode decretar um Estado de Defesa e durante esse período, as pessoas não podem ir para a rua. Suspendendo o direito de ir e vir. 	O Estado de Sítio é mais rigoroso que o de Defesa, pois é decretado em situações como guerra, onde até a pena de morte é admitida ou é decretado quando as medidas do Estado de Defesa não são suficientes.
 
	Materiais/Substanciais: são aquelas que se conhece pelo jargão “cláusulas pétreas”. São as que proíbem as mudanças na Constituição que venha a suprimir/abolir determinadas matérias ou temas previstos explícitas ou implicitamente na Constituição. Podem ser:
		Explícitas: quando a proibição recai sobre temas explicitamente. São visualizadas, estão expressamente previstas na Constituição, no artigo 60 parágrafo 4°. As matérias que estão previstas explicitamente são: a forma de Estado, o voto direto e secreto universal e periódico, a separação de poderes (garantia fundamental que impede a concentração de poderes e a existência de um Estado Absoluto) e os direitos e garantias fundamentais. 
		Implícitas: quando a proibição recai sobre temas que são deduzidos a partir de uma interpretação que se faz da Constituição. O reconhecimento das cláusulas pétreas implícitas se deve ao estudo do professor jurista Nelson de Souza Sampaio, defendeu em uma obra que ele publicou a existência de cláusulas pétreas implícitas, vale dizer de matérias que apesar de não terem expressa previsão de que não podem ser suprimidas pelo sistema Constitucional de interpretação sistemática da Constituição, essas matérias também ficariam protegidas do poder de emenda do Estado, de modo o que a partir daí se consolidou a figura das cláusulas pétreas implícitas. Não há na Constituição nenhum previsão de que elas podem ser suprimidas, diferente das cláusulas pétreas explícitas. 
	São as seguintes as cláusulas pétreas implícitas: a titularidade do poder Constituinte Originário, a competência para se promover a alteração da própria Constituição e a rigidez da Constituição.
	Formais/Procedimentais: estão previstas na Constituição de 1988 e são as que impõem a observância estrita das formalidades necessárias para se alterar a Constituição, não podendo alteração da Constituição violar qualquer uma das formalidades. 
	As formalidades são as que estão no item Processo Legislativo de Emenda Constitucional. 
Alteração da Constituição:
A Constituição pode ser alterada de duas maneiras:
	Reforma Constitucional: essa maneira é aquela forma de alteração pelo exercício do poder Constituinte Derivado Reformador. É alteração formal da Constituição pelo exercício do poder Constituinte Reformador de competência do Congresso Nacional por meio da aprovação de emendas à Constituição.
O Brasil possui mais de 102 reformas constitucionais.
	Mutação Constitucional: é a alteração informal da Constituição por meio da interpretação constitucional dos tribunais que modificam o sentido da Constituição sem alterar o sua redação/texto. O texto continua intactomas o sentido atribuído ao texto é alterado, por meio da interpretação. Exemplo: a Constituição prevê no artigo 5° a garantia do estado de inocência (garantia da não culpabilidade), só era possível o cumprimento da pena após o trânsito julgado, ou seja, não cabe mais recurso contra a ela. O sentido foi modificado pelo Supremo para dizer que condenado por sentença penal em segundo grau de jurisdição, pode cumprir a pena na prisão. Outro exemplo é a união estável entre homem e mulher no art. 226, o Supremo promoveu uma mutação para fixar um novo sentido em um texto que continua o mesmo, a união estável entre pessoas, independente de sexo. 
Processo Legislativo de Emenda Constitucional 
	É um conjunto de formalidades, exigidas e impostas, que são previstas para aprovação, pelo Congresso Nacional, das Emendas à Constituição. Essas formalidades vão envolver três fases.
	Primeira fase: Apresentação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição). Se identifica quem tem poder constitucional de iniciativa para apresentar uma PEC no Congresso Nacional, 1/3 dos Deputados Federais (1/3 de 513); 1/3 dos Senadores (1/3 de 81); Presidente da República; Mais da metade das Assembleias Legislativas dos Estados e Distrito Federal (no mínimo 14 Assembleias Legislativas).
	Segunda fase: Discussão e Votação da PEC. Deve se dar nas duas casas do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal) em sessões separadas e sucessivas. Se tem dois turnos em cada casa e só vai para a outra casa se for aprovada nos dois turnos da casa anterior e em cada turno é necessário aprovação de no mínimo 3/5.
	Terceira fase: Promulgação da Emenda Constitucional pelas mesas da Câmara e do Senado. A promulgação é feita pelas mesas do Senado e da Câmara reunidas. O Congresso é bicameral, então possui 3 mesas diretoras, a mesa Diretora do Congresso, a mesa Diretora da Câmara e a mesa Diretora do Senado. São mesas inconfundíveis, se distinguem. 
	Após a promulgação, há a publicação no Diário Oficial da União.
Direito Constitucional Intertemporal
	É a parte específica no Direito Constitucional na qual se examina a sucessão no tempo de diversas Constituições e os reflexos e consequências jurídicas dessa sucessão decorrente.
	Recepção Constitucional: É automático. Consiste no fenômeno segundo qual se abriga como válidas as leis anteriores que materialmente se compatibilizarem com a nova Constituição. Isso porque se as leis anteriores, que tinham fundamento na Constituição anterior, não encontrarem compatibilidade materialmente (conteúdo) com a nova Constituição ela jamais vai poder ser fundamento de compatibilidade. Quando essas leis anteriores não forem compatíveis com a nova Constituição, elas não vão ser recepcionadas, vão ser revogadas.
	Repristinação Constitucional: a repristinação no Brasil é vedada, apesar de vedada pode ocorrer desde que haja previsão expressa. Repristinação é a restauração do que existia antes, consiste na restauração de uma lei que já havia sido revogada. Pode acontecer quando uma lei que revoga a lei revogadora determina a restauração da lei revogada, ou seja, a restauração da lei revogada pela revogação da lei revogadora. 
	L1 > L2 (L1 foi revogada pela L2 que passa a ser a lei revogadora). 
	L1 > L2 > L3 (L3 revoga a L2).
	O simples fato da L3 revogar a L2 não permite a restauração da L1, então a repristinação é vedada, porém é possível que a L3 ao revogar a L2 expressamente determine a restauração/repristinação da L1. 
	Desconstitucionalização: como regra é vedada, porém com expressa previsão é possível que ela ocorra. A desconstitucionalização consiste na recepção como norma legal (lei) da Norma Constitucional prevista na Constituição revogada. 
	Aquilo que era Norma Constitucional perde o status de norma constitucional, passa a posição de norma legal (abaixo da Constituição) e como norma legal é recepcionada pela nova Constituição.
Teoria da Norma Constitucional
Considerações Gerais e Conceituais: são normas efetivamente jurídicas e impõe obrigações, deveres e estabelecem sujeições. São normas imperativas, gozam de força jurídica regulatória suficiente para estabelecer comandos e mandamentos. De tal modo, são normas dotadas de total imperatividade. 
	São normas previstas na Constituição, gozam de supremacia jurídica, o que distinguem das normas presentes nos textos legais. 
Espécies de Normas Constitucionais: hora são normas princípios e hora são normas regras. 
Normas Princípios: são Princípios Constitucionais. 
Normas Regras: são Regras Constitucionais.
	Como diferenciar princípios de regras:
	Diferenciação Quantitativo (ou por Grau):
	Grau de Abstração e Generalidade:
	Princípio: Alto grau de abstração e generalidade. Exemplo: Dignidade da Pessoa Humana.
	Regra: Reduzido grau de abstração e generalidade. Semanticamente fechada, relato mais preciso, descreve determinada situação fática com precisão. Exemplo: Aposentadoria Compulsória. 
	Normas que vinculam valores são princípios e não regras, pois valores são abstratos e muito gerais. Enquanto as regras são normas definidas e precisas que descrevem situações fáticas, de conteúdo fechado.
	Grau de Determinação:
	Princípio: Conteúdo jurídico indeterminado, o conteúdo ainda precisa ser complementado. São as normas que vão sempre necessitar de complementos. O que leva a dizer que o que hoje se entende como princípio, daqui um tempo pode não ser mais, porque seu conteúdo sempre está aberto a determinações e essas determinações vem como consequência social.
	Regra: Conteúdo jurídico determinado, não necessita de complementação.
	Grau de Fundamentalidade:
	Princípio: são considerados as normas fundamentais que asseguram a própria coerência e inteligência do Sistema Jurídico, pois são os princípios que estabelecem as máximas do Direito, as ideias forças do Direito. 
	Regra: as regras sujeitam-se as máximas do Direito estabelecidas pelos princípios. 
	Nessa diferenciação observa-se uma hegemonia/prevalência axiológica e material (não hierarquia formal, já que princípios e regras estão na mesma Constituição) dos princípios em relação as regras.
	Grau de Função Normogenética:
	Princípio: exerce a função normogenética, já que são eles que estabelecem as máximas do sistema jurídico, o princípio é a origem do sistema, as normas gêneses. 
	Regra: produzida a partir da função normogenética do princípio.
Diferenciação Qualitativo: Utiliza-se do autor alemão Robert Alexy.
	No livro Teoria dos Direitos Fundamentais, apresenta critérios qualitativos, que para ele são mais importantes que os critérios quantitativos, para distinguir princípios de regras. 
	Alexy começa afirmando que os princípios e as regras se distinguem em face do seu próprio conteúdo que eles qualitativamente desempenham e segundo Alexy, os princípios correspondem aquelas normas que determinam/mandam que algo seja realizado na maior medida possível de acordo com as condições fáticas e jurídicas existentes. Alexy foi responsável pelo mandamento de otimização (manda atingir o máximo) dos princípios.
	Por isso, os princípios se compatibilizam com diferentes níveis de concretização, embora eles desejem atingir o máximo de concretização, daí a determinação de que eles se realizem na maior medida possível. Exemplo: Dignidade da Pessoa Humana é previsto em vários países onde se realiza em diferentes medidas. 
	Já as regras já são aquelas normas que prescrevem uma obrigação, proibição ou faculdade que deve ser realizada na exata medida de suas prescrições, ou seja, diferentemente dos princípios, as regras elas não podem ter uma concretização menor, não podem ser realizadas senão na exata medida que a regra prescreve. Aqui se tem uma máxima que não é nem propriamente do Alexy e sim do Ronald Dworkin, máxima do tudo ou nada (all or nothing).
	A máxima do tudo ou nada é, ou a regra é realizada no tudo, na exata medida de sua prescrição, ou ela não é realizada em nada. 
	Alexy afirma que os princípios e regras também se diferenciam nos distintosmodos de se resolver a tensão entre eles. Distintos modos de solução:
	Colisão entre os princípios: se resolve na dimensão do peso e importância dos interesses em confronto. Há colisão entre dois princípios quando os valores que eles preveem são contrários, acontece muito diante da colisão de Direitos Fundamentais. Exemplo: Direito de Informação Jornalística em conflito com o Direito a Privacidade. 
	Para resolução diante do caso concreto é a partir de qual dos interesses em confronto pesa mais, qual tem maior importância pela metódica da ponderação que se faz a luz do caso concreto entre os interesses. 
	O que pesa mais é aplicado ao caso e o que pesa menos é colocado de lado. 
	Conflito entre as regras: se soluciona de duas formas: dimensão da validade (é a mais “normal”), como as regras não podem coexistir, a regra válida vai ser aplicada no todo e a inválida não vai ser aplicada em nada. 
	Ou se possível, pela inserção/introdução de uma exceção em uma das regras em conflito, ou seja, coloca-se uma regra com clausula de exceção. Exemplo: uma faculdade com o Estatuto traz duas regras: “Ninguém pode sair da sala antes do professor terminar a aula.” Mas também há a regra “Em caso de incêndio, todos devem abandonar a sala de aula”, se resolve esse conflito entre as regras introduzindo a exceção na 1ª regra, “Ninguém pode sair da sala antes do término da aula, exceto em caso de incêndio”.
	Não declara invalidade em nenhuma das regras e sim cria uma exceção. 
Classificação pelo Monitor Luiz Felipe
Classificação da Norma Constitucional:
	Quanto à eficácia: Todas as normas Constitucionais são dotadas de eficácia jurídica, irradiam algum tipo de efeito no mundo jurídico, o que vai distinguir uma da outra é o grau da eficácia. Podem ser: eficácia plena, contida ou limitada.
	Algumas possuem uma maior eficácia e mesmo que algumas tenham uma eficácia fraca, elas são eficazes, produzem efeitos no Direito. 
	Por exemplo, o efeito revogatório é um efeito jurídico, uma norma posterior revoga uma norma anterior. Então, a própria norma de eficácia limitada, que é uma norma constitucional de baixa eficácia, ela revoga normas constitucionais anterior, possui um efeito revogatório. 
			Eficácia Plena: é aquele que reúne todos os elementos necessários para uma aplicação direta, imediata e integral. São normas completas. Alguns as chamam de normas autoaplicáveis, porque aplicam-se por si mesmas, uma vez promulgadas e publicadas irradiam plenos efeitos. Exemplo: a maioria das normas que defendem direitos, como o de liberdade, expressão, vida, etc.
			Eficácia Contida: Gozam de uma aplicabilidade direita e imediata, porém nem sempre integral. Ela pode ter a sua aplicação contida, restringida, por alguma lei ou ato normativo posterior. Ela, assim como as normas de eficácia plena, já reúne todos os elementos que precisa pra ter aplicação direta, porem se distinguem quando a contida tem a sua aplicação condicionada a certos fatores. Exemplo: O Direito de liberdade de profissão. Diz a Constituição que todos nós temos a liberdade de exercer qualquer profissão, ofício ou trabalho. A Constituição complementa, porém que deve ser atendida as qualificações que a Lei estabelecer. Logo, essa norma facultou que a liberdade, que é plena, possa ser contida na sua aplicação. Nem sempre a aplicação vai ser integral.
			Eficácia Limitada: Não é autoaplicável, cuja eficácia é fraca, não reunindo todos os elementos que precisa para ter a aplicação direita e imediata. São normas incompletas e por via de consequência precisam de complementações posteriores. Ela tem uma aplicabilidade indireta e mediata.
	Segundo a doutrina, dentro dessa categoria, vai se identificar duas espécies interessantes, há as normas programáticas e as normas institutivas. 
	As normas programáticas são aquelas normas limitadas que definem programas ou políticas públicas, cria, por exemplo¸ o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), ou programas que define políticas públicas de saúde, etc. Servem exatamente para definir essas políticas que são obrigatórias, porém só podem ser aplicadas quando essa políticas forem postas efetivamente em prática. 
	As normas institutivas definem a criação de órgãos e instituições, por exemplo, a norma que define a criação de Municípios, a criação de novos Estados, etc. 
Interpretação Constitucional
Conceito: Em todas as áreas se tem a interpretação, porém no Direito a interpretação tem um plus, se interpreta o Direito interpretando o texto jurídico para resolver o problema que existe (esse é o plus), que é real e se interpreta o texto jurídico para extrair o significado, desvelar o seu sentido, identificar e firmar o seu alcance, mas com a finalidade útil de resolver o caso e se resolve o caso aplicando o texto ao caso e esse texto solucionará o problema da vida real. 
	Exemplo: o cliente leva um caso real ao advogado e esse advogado resolve o problema interpretando o texto jurídico, sendo Código Civil, Código Penal, etc. 
	A interpretação jurídica cuida-se de uma atividade prática por meio da qual o interprete (que pode ser qualquer um) identifica os sentidos, os significados e o alcance dos textos jurídicos com a finalidade de resolver o problema prático com a incidência ou aplicação ou concretização desse texto aos fatos. 
	A interpretação Constitucional precisa de uma interpretação cuidadosa. A interpretação da Constituição subordina toda a interpretação do direito, a partir da interpretação constitucional que se define os parâmetros de toda a interpretação jurídica. A interpretação Constitucional envolve a interpretação jurídica da Constituição, pois envolve uma atividade por meio do qual um interprete identifica nos textos constitucionais o sentido, significado e alcance da solução de um problema Constitucional. 
Método de Interpretação Constitucional: cada método apontando as melhores formas, metodologicamente, de se interpretar a Constituição.
		Jurídico/Hermenêutico-Clássico: método mais antigo, primeiro método mencionado pela Teoria Jurídica Clássica. Em 1840, Savigny identificou que em toda interpretação jurídica, o interprete deve se basear em diversos elementos de interpretação e esses elementos são: literal, histórico, sistemático e teleológico. Cada elemento vai identificar como se deve interpretar o texto jurídico.
		Literal: o interprete deve interpretar o texto jurídico a partir da análise de sua redação e de suas palavras, da forma como as palavras são expressadas, do verbo empregado, da conjugação, da concordância. A interpretação do elemento literal destaca a importância das palavras ou dos signos linguísticos ou das expressões utilizadas no texto. Esse elemento literal também pode ser chamado de “elemento gramatical” ou “exegéticos” ou “semântico”. Porém, se aplicado sozinho, ele não é suficiente. 
		Histórico: esse elemento não dá a mínima para a palavra, ele quer interpretar o texto a partir do que pensou o seu elaborador, da vontade do legislador (Mens legislatoris). O interprete vai buscar a vontade do legislador, o que ele pensou, as razões em que ele se baseou para elaborar o texto, porque a interpretação é a partir disso. 
		Sistemático: é o elemento que procura na interpretação do texto jurídico articular os diversos preceitos porque o Direito é um sistema dinâmico que envolve diversas formas que fazem parte desse sistema. Na interpretação do texto, não se interprete somente um de seus preceitos isolando os demais preceitos, porque é necessário que na interpretação de um preceito que integre o Sistema lance “olhares” para os demais preceitos e que eles sejam trazidos para a interpretação. 
		Teleológico: é o elemento que defende a interpretação do Direito levando em conta seus fins para tratamentos sociais. Então se interpreta teleologicamente para identificar e se guiar pelos fins aos quais o texto se encontra vinculado e ordenado notadamente os fins sociais.
		Tópico-Problemático: é aquele método que leva em consideração o emprego da tópica (muito utilizada naantiguidade por Aristóteles) na interpretação da Constituição voltada para a solução de problemas.
	Esse método foi fundido na contemporaneidade a partir de 1958 por um jurista chamado Theodor Viehweg, ele publicou um livro titulado “Tópica e a Jurisprudência” e nesse livro ele defende esse método e firma algumas premissas para apresentar sua proposta metodológica de interpretar a Constituição. 
		1ª Premissa: a interpretação é utilidade prática, pois ela se destina a resolver uma caso prático, que ocorre na vida real. 
		2ª Premissa: os preceitos de uma Constituição são abertos/vagos, portanto possui um conteúdo indeterminado e fragmentado porque os preceitos Constitucionais são aqueles responsáveis por definir o fundamento de organização do Estado, definir a estrutura e poderes do Estado, direitos e garantias fundamentais e esses preceitos são de conteúdo aberto. 
		3ª Premissa: como os preceitos jurídicos da Constituição são abertos/vagos é muito difícil, a partir diretamente desses preceitos abertos, realizar operações subjuntivas que são operações de incidência, de subsunção. 
	A partir dessas premissas a sugestão do método Tópico-Problemático é, como é tormentoso interpretar a Constituição a partir do seu texto jurídico que envolve preceitos que são abertos, vamos inverter, interpretar a Constituição não pelo texto e sim pelo próprio problema. 
		Hermenêutico-Concretizador: Defendido pelo jurista Hesse e ele compartilha das mesmas premissas de Theodor, pois são premissas corretas, só que ele sugere, metodologicamente, um caminho diverso que o do Tópico-Problemático: Já que os preceitos jurídicos de uma Constituição são abertos e de conteúdo indeterminado, caberá ao interprete da Constituição uma responsabilidade maior do que o interprete de um texto legal onde os preceitos jurídicos são de conteúdo determinado. Mas a interpretação da Constituição não pode começar do problema, tem que começar do próprio texto porque com isso se privilegia a força normativa do texto, se o interprete priorizar o problema ele acaba deixando a força normativa do texto em segundo plano. 
	Hesse propõe que para resolver os problemas de abertura dos preceitos da Constituição, o interprete com esse cuidado e responsabilidade maior terá que construir o próprio conteúdo e ele vai construir esse conteúdo, fechando o preceito jurídico da Constituição, a partir de uma atividade criativa denominada de pré-compreensão e a partir da pré-compreensão do preceito, o interprete, que deve estar dotado de criatividade, vai ter que determinar o conteúdo do preceito, criando o conteúdo para o preceito, e a partir daí, realizando as operações de subsunção e de concretização necessários para a solução do problema. 
	Porém, Hesse sofreu críticas e a principal era dizendo que essa atividade de pré-compreensão que envolve uma criatividade do interprete poderia ser exercida de forma arbitrária. Mas Hesse respondeu, a criatividade do interprete que vai ser fundamental para ele determinar o conteúdo do preceito jurídico da Constituição, vai ser uma atividade parametrizada e esses parâmetros estão associados aquela consciência coletiva geral, que são os conjuntos de valores objetivamente identificados na sociedade e na comunidade e que são os valores que vão parametrizar a atividade de pré-compreensão de criatividade do interprete da determinação do conteúdo do preceito jurídico da Constituição, e ai, criando, determinando e delimitando esse conteúdo, a atividade agora é de concretizar o conteúdo junto ao problema e apresentando a devida solução para o problema.
		Científico-Espiritual: Esse método foi defendido pelo alemão Rudolf Smend e ele defendeu que a interpretação da Constituição deve ter um propósito integrativo, partindo da ideia que a Constituição é um instrumento de integração social. O interprete ao interpretar a Constituição deve revelar, do texto da Constituição, aquela ordem axiológica ou de valores subjacentes ou presentes nas entrelinhas dos preceitos constitucionais captando exatamente esse espírito Constitucional. 
	Exemplo: O valor da boa-fé está nas entrelinhas do texto Constitucional. 
		Normativo-Estruturante: Esse método foi defendido pelo jurista alemão Friedrich Muller, ele muda a sua “pré-noção” sobre a interpretação jurídica. 
	Muller diz que não se confunde texto com norma, não se interpreta a norma e sim se interpreta o texto. A norma é resultado dessa interpretação, a norma não é o objeto da interpretação e sim resultado, o objeto da interpretação é o texto jurídico. 
	Só que Muller vai além, o objeto de interpretação não é somente o texto jurídico porque a interpretação jurídica não é somente olhar para o texto, tem que olhar também para o contexto, a realidade subjacente ao momento da interpretação.
	Toda interpretação constitucional que tem por finalidade produzir a norma, que é o sentido com qual o problema constitucional vai ser resolvido, envolve análise dos elementos do programa jurídico normativo, que Muller chama de texto jurídico, e domínio normativo, que é a realidade. É a partir da interpretação do texto e da realidade contemporânea que se tem a norma (sentido) do texto. A realidade é fundamental para a produção da norma (produção e construção do sentido) e interpretação jurídica. 
Princípios de Interpretação Constitucional: 
	Além dos métodos que servem para identificar o melhor caminho que o interprete deve percorrer para interpretar a Constituição, a doutrina também se utiliza de princípios que vão servir de verdadeiros faróis a iluminar a atividade do interprete. 
		Unidade da Constituição: a Constituição compõe-se de inúmeros preceitos jurídicos, mas apesar disso ela é uma só, ela se apresenta como uma unidade que compreende uma pluralidade de preceitos jurídicos. 
	Esse princípio orienta o interprete a quando interpretar a Constituição não isolar um preceito dos demais, mas sim dialogar aquela preceito interpretado aos outros preceitos, sobretudo os preceitos que mais aproximam daquele interpretado, para que o resultado da interpretação seja mais harmônico possível, para evitar espaços de tensão, interpretação contraditória. 
		Efeito Integrador: a interpretação da Constituição tem que integrar, ao invés de oferecer a segregação, a interpretação tem que reforçar a unidade política, cultural e social de uma comunidade. 
		Máxima Efetividade: na interpretação do texto constitucional o interprete deve sempre buscar identificar no texto aquele sentido do qual ele possa atribuir uma maior concretização e efetividade a Constituição. Tem que potencializar os preceitos constitucionais, permitir que os preceitos saiam do texto e tenham incidência total na realidade. 
	Diante de preceitos jurídicos da Constituição que definem direitos e garantias fundamentais, a ideia é sempre potencializados, extrair máxima efetividade dele. 
		Concordância Prática/Harmonização: orienta o interprete para que diante de eventual colisão entre direitos e garantias ou interesses (todos tutelados igualmente pela mesma Constituição), possa promover a concordância entre eles, assegurando uma harmonia ou relação de conciliação entre eles. Exemplo: Direito a Privacidade em colisão com a Liberdade de Informação Jornalística. 
		Justeza ou Conformidade Funcional: serve de orientação para o interprete a não confundir ou subverter a lógica da divisão das funções políticas do Estado. Ou seja, serve como uma advertência, o interprete da Constituição não pode alterar essa lógica/arrancho que a própria Constituição desenhou relativamente a separação das funções do Estado.
		Presunção de Constitucionalidade: de acordo com esse postulado as leis e os atos normativos em geral, gozam de uma presunção de que eles são compatíveis com a Constituição e não o contrário. Limita, em favor de todas as leis e atos normativos, a ideia de que eles foram elaborados dentro dos limites/parâmetros da Constituição. Essa presunção não é absoluta, é relativa então pode ser afastada. 
		Interpretação da Lei ouAto Normativo Conforme a Constituição: é o postulado que tem uma incidência estrita aquelas hipóteses de leis ou atos plurissignificativos (polissêmicos). Uma lei ou ato normativo plurissignificativo é aquela lei ou ato que possibilita na interpretação mais de um sentido/significado. Se isso ocorrer, deve-se priorizar aquele sentido que melhor se compatibiliza com a Constituição, com o discurso normativo da Constituição. Esse postulado tem um maior campo de incidência quando daqueles significados possíveis de se extrair do texto, o revelar que ele é incompatível com a Constituição, mas o outro permite uma harmonia com o texto interpretado da Constituição. 
	Porém se está diante de um texto que só possibilita um único significado, um sentido unívoco, não se tem espaço para esse postulado e se esse sentido não estiver de acordo com a Constituição, declara-se a Inconstitucionalidade do texto. 
Controle de Constitucionalidade
Conceito: É uma atividade de fiscalização da Constitucionalidade das leis e de todos os atos normativos produzidos pelo sistema jurídico. Essa atividade tem um propósito, se fiscaliza as leis e atos normativos para verificar se as leis ou os atos normativos em geral são compatíveis ou não com a Constituição e se ao fim dessa atividade se identificar que uma lei ou ato normativo é compatível conclui-se o reconhecimento da sua validade constitucional, agora se identificar de forma inequívoca e duvidosa que a lei ou ato normativo é incompatível com a Constituição, identifica-se uma violação a Constituição e portanto a lei ou ato não possui validade ou legitimidade constitucional. 
	Uma lei ou ato que não possui validade ou legitimidade constitucional e viola a Constituição, se há o reconhecimento que a lei ou ato é inconstitucional/anticonstitucional e não pode sub-existir no Sistema Jurídico o que leva a sua eliminação. 
		Estruturante: O Controle de Constitucionalidade consiste em um sistema de defesa das Constituições rígidas. É o sistema que assegura a Supremacia das Constituições Rígidas. 
		Funcional: É uma atividade de fiscalização das leis e dos atos normativos. Se nessa fiscalização identificar que a lei ou o ato não viola a Constituição confirma-se a Constitucionalidade, permanecendo no Sistema. Agora se a fiscalização identificar o contrário, confirma-se sua Inconstitucionalidade, retirando a lei ou ato do Sistema. 
	Os efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade, em via de regra, é a pronuncia da nulidade com efeitos retroativos até a origem da lei ou ato (ex tuc) para erradicar a violação e agressão a Constituição desde o momento em que ela passou a ser violada. Exemplo: Se a Lei surgiu a dois anos, quando declarar a inconstitucionalidade, o efeito será retroativo para dois anos atrás. 
	Há situações excepcionais em que o próprio Direito Constitucional permite que a declaração de inconstitucionalidade de uma lei que viola a Constituição propicie uma anulabilidade e não nulidade. Na nulidade se tem efeitos ex tuc, todos os efeitos já produzidos pela lei inconstitucional serão apagados. Já a anulabilidade é uma nulidade relativa, porque a declaração de inconstitucionalidade só vai valer a partir do momento em que ela foi pronunciada em diante e não efeitos retroativos, os efeitos são ex nunc. Os efeitos produzidos pela lei ou ato não são apagados e só se permite isso em segurança jurídica ou interesse social relevante. 
Pressuposto: Apesar da importância do Controle de Constitucionalidade, nem todos os países possuem esse Controle. Para identificar se um país possui o Controle é a partir de três pressupostos:
		Constituição formal e escrita: nos países que adotam modelos de Constituições meramente materiais ou não escritos (Constituições Costumeiras) não há o Controle de Constitucionalidade. Exemplo: Inglaterra. 
		Constituição Rígida (Supremacia Jurídica): apenas na rigidez constitucional que se tem a Supremacia Jurídica da Constituição. 
		Previsão do Órgão (aos) de Controle (Justiça Constitucional): é necessário que se diga quem é o responsável naquela país por garantir a Supremacia da Constituição. Esses Órgãos fazem parte de uma Justiça Constitucional, esses Órgãos são os mesmos que o da Jurisdição Constitucional. Cada Constituição de cada País vão dizer quais são os Órgãos, expressa ou implicitamente.
	Cada um dos três pressupostos são cumulativos, não pode faltar nenhum deles.
Modelos: cada país possui seu próprio modelo, porque o Controle de Constitucionalidade vem desenhado na Constituição de cada país, todavia, apesar dessa variação e riqueza e pluralidade de modelos de Controle, dois modelos se destacam, são aqueles que de uma certa forma predomina na generalidade dos países. Esses modelos são:
		Americano: Serviu de parâmetro para os países do Continente Americano, embora os países americanos que adotam esse modelo, possuem suas singularidades. O modelo Americano também foi adotado na Índia e Japão que não fazem parte do Continente Americano.
	Tem matriz nos EUA e se espalhou por todo o Continente Americano. O modelo surgiu nos EUA a partir de uma decisão judicial da Suprema Corte de 1803. Essa decisão foi proferida pela Suprema Corte no julgamento do caso Marbury VS Madison (caso mais lembrado no Mundo). Dos juízes da Suprema Corte, o destaque foi do Justice John Marshall. 
		Europeu: Serviu de parâmetro para os países do Continente Europeu, tanto Continental quanto Leste Europeu. Esse modelo também foi adotado em diversos países do Continente Africano e Uruguai, Chile e Paraguai que fazem parte do Continente Americano.
Surgiu na Áustria e se espalhou por toda a Europa. O modelo surgiu por uma previsão expressa na Constituição da Áustria de 01/10/1920 pelo Hans Kelsen. 
	O Direito Brasileiro construiu um Controle de Constitucionalidade com base nos dois modelos, o nosso Sistema de Controle é híbrido e o Brasil concilia os dois modelos. Portugal, Equador e Peru também são híbridos. 
	Os modelos foram criados para, basicamente, responderem três perguntas, essas perguntas, com suas respostas, estabelecem o funcionamento do Controle de Constitucionalidade:
	Quem exerce o Controle? 
	Americano: Todos os juízes e todos os tribunais, não há diferença, qualquer juiz ou qualquer tribunal, inclusive a Suprema Corte. O Controle é um controle difuso (aberto), controle por vários Órgãos. 
	Europeu: Apenas um Órgão exerce o Controle, o controle é concentrado (exclusividade), o controle é pelo Tribunal Constitucional, não integra o Poder Judiciário e os juízes são temporários. 
	Como exercem o Controle?
	Americano: O Controle será um controle concreto e incidental, porque o juiz só exerce o controle julgando o caso. 
	Europeu: O Controle é aquele controle abstrato e principal na medida que se dá por via de ação direta. A Constituição prevê ações especiais que são aquelas com as quais alguns legitimados, pela própria Constituição, podem levar diretamente ao Tribunal, e só a ele, um pedido de Declaração de Inconstitucionalidade da Lei, porém de forma abstrata não a luz de um caso concreto.
	Quais os efeitos e consequências do Controle?
	Americano: Os efeitos são, em regra, ex tunc porém efeitos inter partes (só vão ser produzidos naquele caso concreto envolvendo as partes). 
	Europeu: Os efeitos temporais são ex tunc, com exceções para segurança jurídica e interesse social relevante, mas os efeitos gerais são erga omnes (tem força obrigatória para todos). 
O modelo Europeu sempre prevalece em Sistemas de Controle híbridos, porque o seu efeito geral é para todos.
Controle de Constitucionalidade no Brasil: 
	Americano: Controle Difuso, Concreto e Incidental, no qual, todo e qualquer juiz ou Tribunal pode e deve exercer o Controle no julgamento dos seus processos e ações ou recursos. Quando os juízes julgarem, pode-se recorrer e se tem o recurso no Tribunal, e essas ações e recursos são o habitar no qual os juízes e Tribunais vão exercer o Controle de Constitucionalidade, mas sempre com julgamento dos casos concretoscom efeitos ex tunc e inter partes.
	Europeu: Controle Concentrado, Abstrato e Principal, diante de um julgamento de ação direta cuja competência é do Supremo Tribunal Federal na garantia da Constituição Federal, mas também dos Tribunais de Justiça do Estado na garantia da Constituição Estadual. 
	As ações diretas são: 
	ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade, proposta contra uma Lei ou Ato Normativo), possui finalidade de suprimir a Lei ou Ato Inconstitucional. 
	ADO (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, quando existe uma omissão do próprio Estado que deixa de editar uma Lei ou Ato Normativo), tem a finalidade de suprir a ausência da Lei ou Ato Normativo. 
	ADC (Ação Declaratória de Constitucionalidade), tem como finalidade a confirmação da Lei do Sistema Jurídico. Para se propor uma ADC é necessário que a Lei esteja sendo questionada, ou seja, exista dúvida sobre sua validade Constitucional. 
	ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), tem a finalidade igual a ADI, tem a finalidade suprimir do Sistema uma Lei ou Ato que viole a Constituição, porém com 2 diferenças:
	Na ADI a finalidade é suprimir Lei ou Ato que viole qualquer norma da Constituição, já na ADPF tem finalidade suprimir Lei ou Ato que viole na Constituição somente aquelas consideradas Preceitos Fundamentais (é necessário que também seja materialmente Constitucional, dotada de conteúdo relevante e imprescindível para uma Democracia.)
	E a ADPF foi criada com uma natureza de ação subsidiaria a ADI, de modo que só é possível se aplicar a ADPF contra uma Lei ou Ato, mesmo que viole preceitos fundamentais, quando não for possível aplicar contra uma Lei ou Ato a ADI, então entre uma relação de principal e secundário, ADI é principal. 
	Essas ações previstas na Constituição Brasileira como veículos de Controle, concentrado, abstrato, principal, típicos de modelo Europeu só podem ser propostas por alguns Órgãos e Autoridades legitimadas explicitamente na Constituição. 
	São 10 autoridades: Presidente da República, Procurador Geral da República, Mesa da Câmara de Deputados, Mesa do Senado Federal, Mesas das Assembleias Legislativas dos Estados, Governadores dos Estados, Conselho Federal da OAB, Partidos Políticos com Representação no Congresso Nacional, Confederações Sindicais e Entidades de Classe de Âmbito Nacional, estão no art. 103 da CF.

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