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CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I - DIRLEY DA CUNHA JR

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CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL I 
FACULDADE BAIANA DE DIREITO. 
DISCENTE: NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 
DOCENTE: DIRLEY DA CUNHA JR. 
 
 
 
 
 
 
 
 
JUL/2020 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 
 
CONSTITUCIONALISMO 
- Conceito e origem: 
. Se manifestou como um movimento ideológico, filosófico, político, histórico e 
econômico, em defesa das liberdades públicas individuais. 
. Conceito dinâmico. 
. Se empenhou por um modelo ideal de organização política, capaz de limitar a expansão 
de poderes absolutos. 
. Nunca se opôs ao poder. 
 . Pois, sem poder nenhuma sociedade se sustenta. 
 . É fundamental. 
 . Fenômeno indispensável. 
. Sempre lutou pela necessidade de limitação de poder. 
 . Se opôs SEMPRE ao abuso de poder. 
. Colocar “rédeas” no poder, para alinhar à proteção de todos e simultaneamente à 
proteção de CADA um dos cidadãos. 
. Passou a firmar ideias que chamamos hoje de constitucionais. 
. Garantir coexistência e harmonia entre os detentores do poder e as liberdades dos 
governados. 
. KARL LOEWENSTEIN: TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
 . Identifica nos hebreus a origem do constitucionalismo. 
 . Regime teocrático segundo o qual para a crença deles, existia uma crença 
superior que impunha aos homens Leis de Deus, do senhor – Respeitar as liberdades e 
espaços dos governados. 
 
- Desenvolvimento: 
. Constitucionalismo Antigo: 
. Grécia: 
 . Democracia direta – exercício de poder direto pelo povo, sem entrepostos, sem 
representantes. O próprio cidadão sendo ao mesmo tempo governante e governado.
 . Nem todos eram cidadãos. APENAS os livres e detentores de terras = cidadãos 
ATIVOS. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 
 
 . Poder limitado e liberdades protegidas – Nada melhor que o próprio povo 
conduzir sua existência. 
 . Realça o empoderamento do povo (salvo as restrições de quem era esse povo). 
. Roma: 
 . Fundação e proclamação da República Romana. 
 . Sustentou a criação do sistema de freios e contrapesos. 
 . Limitação do poder pelo próprio poder. 
 . Poder não mais concentrado. 
 . Futuramente: Locke (liberal); Monstésquieu. 
 
. Constitucionalismo Medieval: 
. Era difícil para o exercício da liberdade. 
. Momento dos piores estados autocráticos (absoluto) – Todo poder concentrado em 
um governante. 
. Promulgação da Magna Carta de 1215 (João Sem Terra). 
 . Se observa pela primeira vez na Idade Média uma carta de direitos que impõe 
limites ao governante. 
 . Deixou enormes contribuições, como: “Ninguém pode ser condenado sem ter 
o direito a um devido processo legal”. 
 . Carta destinada apenas aos que tinham os benefícios da coroa (igreja e 
nobreza). 
 
. Constitucionalismo na Modernidade: 
. Estado Legislativo de Direito – centrado, e não mais o Estados dos homens (absoluto). 
. Inglaterra; Revolução Francesa; Independência dos EUA. 
. Modernidade acreditava que SÓ A LEI era capaz de controlar o Direito. 
. Influência do Iluminismo. 
. Séculos das Luzes – XVIII 
. Libertação contra os estados autocráticos que ainda teimavam em persistir. 
. JOHN LOCKE: serviu de influência para a Revolução Gloriosa. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 
 
. Petition of rights (petição de direitos) + Habeas Corpus Act (para banir as prisões 
arbitrárias/1678) + Revolução Gloriosa (1688) + Bill of rights (parlamento ativo/1689) – 
Inglaterra: derrocada da monarquia – passou a fortalecer o poder do parlamento – 
poder dividido. 
 . A monarquia inglesa com a Revolução Inglesa e com o Bill of Rights, se 
transformou em monarquia constitucional, baseado no sistema de freios e contrapesos 
– poder emana do povo, mas é exercido de forma partilhada entre o parlamento e o 
governo, com possibilidade do parlamento controlar algumas decisões dos reis. 
 
. 13 colônias inglesas na América do Norte, influenciadas por ideias iluministas, se 
rebelaram. 
 . Declaração de independência (04 de julho de 1776). 
 . Impulsionou a união indissolúvel das 13 colônias – criou-se os Estados Unidos 
da América. 
 . Constituição dos EUA (17/09/1787) – PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO ESCRITA DO 
PLANETA. 
 
. França: Estado de direito onde o cidadão passasse a ter sua liberdade protegida e o 
governante passasse a se sujeitar a parâmetros ou a limitações jurídicas. 
 . Revolução Liberal Burguesa Francesa (durou 10 anos) – conseguiu derrotar o 
antigo regime do poder absoluto do rei. 
 . Declaração Universal dos Direitos (26/08/1789). 
 . 2ª Constituição escrita do mundo – Constituição Francesa de 1791. 
 
. Códigos então começaram a surgir. 
. Surgimento de Constituições escritas. 
. Lei como expressão da vontade geral. 
. Neoconstitucionalismo: 
. Estado legislativo de direito sofre decadência – já não são mais capazes de dar conta 
do controle do Direito. 
. Veio como resposta. 
. Pós 2ª Grande Guerra Mundial. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 5 
 
. Redefinindo o fundamento: Estado de Direito centralizado na supremacia da 
Constituição. 
. Constituições passam a ser as salvações. 
. Estado Constitucional de Direito. 
. Leis em consonância com direitos e liberdades. 
. Marco filosófico: conjunto de reflexões filosóficas – pós-positivismo – inaugura um 
sistema híbrido no âmbito da teoria jurídica. 
. Pós-positivismo: reaproximação entre o direito posto e os valores/a moral – 
confluência de ideias do jusnaturalismo e o positivismo. 
 . Marco teórico. 
 . Valores como justiça, moralidade e ética. 
 . Direito e Filosofia numa relação de permanente intimidade. 
 . Identificar as próprias transformações na esfera jurídica. 
. Norma é importante, MAS passa a ser analisada a partir dos valores presentes em seu 
conteúdo. 
 . Passa a ter proteção normativa. 
. Leis se sujeitando ao império e controle da CONSTITUIÇÃO. 
. Normatividade dos princípios – grande conquista teórica. 
. Desenvolvimento de uma cultura jurídica (reforço da dogmática dos direitos 
fundamentais) – fortalecida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 6 
 
O DIREITO CONSTITUCIONAL COMO DISCIPLINA 
JURÍDICA 
- Conceito e origem: 
. O direito constitucional é o resultado do constitucionalismo 
. Constitucionalismo que tem origem desde o povo hebreu com seu regime teocrático. 
. Sempre reivindicando modelos de organizações constitucionais de organização da 
sociedade, sempre visando as liberdades. 
. Surgiu a necessidade de criar uma disciplina jurídica que fosse capaz de nas instituições 
de ensino, fomentar, difundir, disseminar essas ideias do constitucionalismo. 
. Estados totalitários surgem na primeira metade do século XX 
 . Fruto do Estado de direito sob o sistema legalista. 
 . Lei utilizada por esses regimes como instrumento de opressão. 
. Depois da segunda grande guerra mundial, a sociedade sem compreender o que tinha 
acontecido, reage para criar um novo Estado de Direito sob uma nova perspectiva. 
 . Lei passou a ser um mero instrumento do direito, submetida a autoridade da 
própria constituição. 
 . Constituição como única alternativa possível de superar os regimes totalitários. 
 . Supremacia da Constituição 
 . Na Itália, foi criada a primeira cadeira educacional de direito constitucional nas 
universidades no início do século XIX (1800) e mais ou menos 30 depois o mesmo 
aconteceu na França. 
 . Surge como disciplina jurídica autônoma em 1940 no Brasil – se torna a principal 
disciplina na teoria jurídica. 
 . Disciplina jurídica que estuda para além das constituições, procura investigar os 
fenômenos constitucionais (que estão por trás das produções das próprias constituiçõesestatais). 
. Se preocupa com os fenômenos sociais, políticos. 
. Não só estudando constituições positivadas por um determinado Estado, mas as 
constituições em geral. 
. Direito Constitucional não é fragmentado, mas para melhor entendê-lo, precisamos 
realizar recortes, divisões internas nesse conteúdo, de forma que não compromete sua 
integridade como Ciência Jurídica. 
- Divisão ou espécies: 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 7 
 
. Direito Constitucional positivo: 
. Se preocupa unicamente por analisar, estudar, pesquisar sobre as normas de uma 
constituição VIGENTE em um país. 
 . Exemplo: estudar hoje a constituição de 1988 (vigente no Brasil, promulgada 
desde 5 de outubro de 1988). 
. Também chamado de Direito Constitucional particular ou específico. 
. Direito Constitucional Comparado: 
. Talvez seja o mais rico, porque seu objeto de estudo/análise/investigação não se limita 
a uma constituição vigente adotada em um país. 
. Tem como objeto de estudo diversas constituições vigentes ou não, extintas no tempo 
e no espaço. 
. Examina as constituições já adotadas e comparando com as atuais. – CRITÉRIO DE 
ESTUDO TEMPORAL. 
 . Exemplo: estudar a CF de 1824 e compará-la com a de 1881. 
. Confrontar constituições vigentes ou não adotadas por países diferentes – CRITÉRIO 
DE ESTUDO ESPACIAL. 
. Finalidade: traçar as semelhanças e dessemelhanças entre as Constituições em questão 
comparadas. 
. Direito Constitucional Geral: 
. Também tem por objeto de estudo diversas constituições também distintas em tempo 
e espaço. Mas, sua finalidade não é comparar as semelhanças e dessemelhanças (como 
o DC comparado). 
. Sua finalidade é fixar uma TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL, que sirva a 
todas as teorias. 
. Teoria unitária sobre uma determina temática entre as constituições. 
 - Relação com outras disciplinas: 
. Relações proveitosas, de interferência, diálogo. 
. Direito Constitucional desempenha uma certa hegemonia teórica sobre as demais 
disciplinas. 
. Tem relação produtiva com as demais disciplinas. 
. Relação de subordinação – dialógica, mas sem perder a SUPREMACIA/HEGEMONIA. 
. Também dialoga com disciplinas não jurídicas. 
– Fontes: 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 8 
 
. Fonte: origem daquele direito, de onde ela surge, onde é seu princípio. 
. Fontes diretas: influência/interferência é IMEDITADA. 
 . Exemplo: na própria Constituição escrita (produto da modernidade, do século 
XVIII), nos países que adotam esse modelo (maioria esmagadora); nos costumes 
constitucionais, nos países que adotam constituições costumeiras, não escritas 
(exemplo: ING). 
. Fontes indiretas: interferem no DC de forma ancilar ou auxiliar. 
 Exemplo: jurisprudência constitucional; doutrina constitucional (que muitas 
vezes influencia a própria construção da jurisprudência constitucional). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
– Conceito e sentidos da Constituição: 
. A teoria constitucional surge com o intuito de estudar as ideias fundamentais que 
gravitam a constituição. 
. A constituição é lei fundamental do país, porque está acima de todas as outras e é 
fundamento jurídico de existência de todas as outras. 
. A constituição de um modo geral é a lei orgânica do próprio poder. 
. Lei suprema que estabelece a organização fundamental do estado e seu poder, mas 
também essencialmente da organização da sociedade. 
 . Uma ordenação regulatória de tudo isso. 
 . Não é apenas a lei suprema que fundamenta todas as demais leis, sendo a lei 
precedente de todas elas. Mas, também a lei fundamental orgânica de toda a sociedade. 
. Ordenação jurídica social. 
. Estabelece as regras fundamentais de coexistência e existência social. 
. Definindo deveres e direitos e os pontos de intersecção que garantam harmonia nas 
relações da sociedade. 
. Sentido sociológico: 
. Ferdinand Lassalle – um dos pioneiros do sentido sociológico da Constituição. 
 . A constituição para ele não é produto da razão, criação, invenção humana. 
Para ele, a verdadeira constituição, é aquilo emanado da realidade social, da realidade 
presente, das forças sociais. 
 . Não é aquilo criado, escrito em uma folha de papel, mas sim aquilo que revela 
o somatório dos fatores reais de poder que irão reger a sociedade de fato. 
 . 1862: Lassalle fez uma conferência na antiga Prússia para operários e 
intelectuais, onde sobre a constituição, ele ressaltou o caráter sociológico da 
constituição. 
 . Não será uma folha de papel que irá dar conta de mudar toda sociedade e sua 
realidade. 
 . Se o que o homem escrever na folha de papel estiver condizente com a 
realidade social, ela se sustenta. Pois, ela teria os princípios da verdadeira constituição. 
Caso contrário, ela sucumbirá. 
 
 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 10 
 
. Sentido político: 
. Carl Schmitt 
. Livro “Teoria da constituição” 
. A constituição não é reflexo da realidade social. Na verdade, a Constituição é 
aquilo que resulta dessa decisão consciente de uma comunidade (decide sobre sua 
constituição, estabelecendo, pouco importa o meio, as condições de existência 
fundamentais para a sua comunidade). 
. Resultado de uma vontade política da própria comunidade. 
. Decisões políticas fundamentais, retorno da sua própria forma concreta de existir, 
que estabelece sua Constituição. 
. Essa decisão política do povo, não pode incluir todo tipo de deliberações, mas 
apenas aquelas que gravite na organização do estado, edificação deste e declaração de 
direitos, ligadas a própria existência concreta da comunidade, que obviamente vão 
abraçar as ordenações fundamentais de sociedades. 
. Constituição: compreende esse núcleo central das decisões fundamentais do povo. 
. Lei Constitucional: compor um texto formal da constituição sobre os demais temas. 
. Sentido jurídico: 
. Hans Kelsen, o pai da Constituição. 
 . Teoria pura do direito. 
 . Entendia a constituição figurando o topo da pirâmide normativa, a cúspide, o 
último escalão, a norma suprema, que dá fundamento de existência e validade para 
as normas inferiores. 
 . Via a constituição a partir desse sentido jurídico. 
 . Não estava “nem aí” para realidade social, tampouco para as decisões políticas 
do povo. 
 . Dissociou o direito da realidade social e questões políticas, porque para ele, 
estas não poderiam interferir na realidade metodológica do direito. 
 . Norma é puro DEVER-SER. 
. Sentido cultural: 
. Examinar a constituição a partir do diálogo, intersecção, conexão dos demais sentidos 
acima listados. 
. Uma conexão que favoreça e permita a relação de todos: fruto da realidade social, 
alinhada as decisões políticas de um povo, sem deixar de ser vista com normatividade 
importante. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 11 
 
. Direito como objeto da cultura humana, que interage com todo o seu ambiente 
(realidade, moral, valores, fatos sociais, etc.) 
. Quem mais se destacou em defesa desse sentido cultural no Brasil, foi Miguel Reale, 
sobretudo em sua obra “Teoria Tridimensional do Direito”, direito examinado numa 
perspectiva de aliança: fática, social, normativa. 
. Direito tem que se manter próximo a realidade, porque dela é que nasce o direito. E 
surgindo dessa realidade, volta para ela para implementar, regular. 
. Teoria Tetradimensional do direito: direito é norma, valor, fato social e justiça – autor 
Paulo Lobo (Saraiva) – No brasil 
. Alemão Konrad Hesse, defendeu uma conferência magna numa universidade onde é 
professor catedrático, intitulada “A força normativa da constituição” - necessidade de aconstituição ter contato íntimo com a realidade porque a regula, e expressar as decisões 
políticas destas também. Ressaltou que a constituição não é uma mera folha de papel, 
porque tem força própria, mas que depende do contato da realidade (terá mais força 
normativa quanto mais se aproximar da realidade). 
 
- Classificação da Constituição: 
. Estudo necessário porque as constituições não são iguais – tipologias com 
características diferentes entre si. 
. Identificar as diversas constituições. 
. Critérios: 
1) Quanto ao conteúdo: 
 . Formal: constituições cujas disposições jurídicas encontram-se plasmadas a 
partir de um texto como resultado de uma assembleia constituinte. 
 . Múltiplos conteúdos – bons, ruins, relevantes, irrelevantes, etc. 
 . Material: constituições onde não se importa a forma, mas o conteúdo. 
 . Conceito delimitado/específico a um conteúdo especial. 
 . Não se prende a fronteiras formais. 
2) Quanto à forma: 
 . Escrita = instrumental = sistemática. 
 . Corporificada em um documento. 
 . Codificada. 
 . Não escrita: baseada prevalentemente aos costumes. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 12 
 
 . Exemplo: Constituição britânica. 
 . Tudo que está nela ocorre, se materializa. 
 . Costume históricos que se reintegram por décadas. 
 
3) Quanto à origem: 
 . Democrática: promulgada a partir da vontade livre e soberana do povo. 
 . Decorrente do anseio popular. 
 . BRASIL: CF 1891; CF 1934; CF 1946; CF 1988. 
 . Não democrática: outorgada a partir da vontade unilateral do detentor do 
poder. 
 . Sem respeito às liberdades individuais. 
 . Impostas tiranicamente. 
 . Const. 1824 (Império); Const. 1937 (Estado Novo); Const. 1967 e Const. 
1969 (emenda nº 1). 
 . Pactuada: resulta de um acordo bilateral entre 2 forças políticas antagônicas 
que chegam a uma deliberação e firmam uma Constituição. 
 . Constituição da Revolução Francesa (1791) – burguesia + monarquia. 
 . Cesarista: 
 . Muito menos frequente. 
 . Modelo Napoleônico (início do século XIX). 
 . Chile – ditadura de Pinochet. 
 . Esses estadistas conseguiram produzir: sem participação popular, mas 
ao fim, submeteram o povo a um plebiscito para aprovação. 
4) Quanto a estabilidade ou modificabilidade: saber se ela é forte ou fraca. 
 . Imutável: não pode sofrer alterações. 
 . Não aceita emenda constitucional ou reforma em seu texto. 
 . Hoje é mera relíquia histórica. 
 . Impossível em uma sociedade com uma dinâmica extremamente 
cambiável. 
 . Const. De 1824 do Brasil nos 4 primeiros anos de vigência não poderia 
ser modificada. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 13 
 
 . Fixa: pode ser modificada. Mas, essa modificação só pode ser feita pelo poder 
constituinte que a elaborou. 
 . Rigor imposto. 
 . Rígida: admite mudança por meio das emendas constitucionais. 
 . Feitas por um poder derivado renovador que ele mesmo cita. 
 . MAS, que depende da adoção de formalidades rigorosas. 
 . Grau de rigidez muda de uma para outra. 
 . Ex: Const. De 1988 no Brasil 
 . Flexível: 
 . Força jurídica 0. 
 . Poder ser alterada com a mesma facilidade de uma lei. 
 . Brasil nunca adotou. 
 . Semirrígida ou semiflexível: 
 . Em parte, rígida, em parte flexível. 
 . Brasil Imperial. 
 
5) Quanto ao modo de elaboração: 
 . Dogmática: consiste em um documento escrito e sistematizado, elaborado por 
um órgão constituinte em determinado momento da história político constitucional de 
um país, a partir de dogmas e ideais fundamentais da Ciência Política e direito 
dominantes na ocasião. 
 . É chamada de dogmática por consolidar em seu texto escrito dogmas ou 
princípios fundamentais vigentes no momento que elaborada. 
 . Histórica: elaborada a partir de costumes e crenças firmadas historicamente e 
lentamente na história de um povo. 
 . Const. Britânica. 
6) Quanto a extensão: 
 . Concisas/sintéticas: breves; abreviadas. 
 . Se manifestam a partir de normas principiológicas (abstratas, 
abrangentes). 
 . Exemplo: Const. Dos EUA (que só tem 7 artigos). 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 14 
 
 . Analíticas/ prolixas: 
 . Permeiam todos os aspectos sociais e políticos de um Estado e 
sociedade. 
 . Exemplo: CF do Brasil atual, com 250 artigos só na parte permanente. 
7) Quanto à finalidade: 
 . Garantia/liberal: finalidade tão somente de organizar o Estado e prever a 
garantia de liberdades individuais. 
 . Sua finalidade se esgota nisso. 
 . Const. 1824 e Const. 1891 do Brasil. 
 . Social/dirigente: construir uma sociedade justa, igualitária, sem distinções. 
 . Estabelece metas para o Estado cumprir. 
 . Preocupada em implantar um estado de bem-estar social, em consagrar 
um regime de solidariedade social. 
8) Quanto à ideologia: 
 . Ortodoxa: resulta da consagração de uma única ideologia. 
 . Exemplos: Antiga URSS. 
 . Eclética ou pluralista: prevê inúmeras ideologias, inclusive motiva a conciliação 
entre essas, muitas das quais são divergentes. 
 . Constituição plural. 
9) Quanto ao modo de ser: 
 . Normativo: aquela que detém força normativa e que efetivamente regula a 
realidade social. 
 . Nominal: não tem força jurídica alguma. 
 . Ignorada pela sociedade. 
 . Sem capacidade regulatória. 
 . Semântica: dá amplos poderes ao governante e justificar o poder abusivo. 
- Classificação da CRFB/1988: 
 . Conteúdo formal – positivada dentro de um ordenamento. 
 . Forma escrita. 
 . Origem promulgada - elaborada por representantes legítimos, origem 
democrática. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 15 
 
 . Estabilidade rígida – pode ser alterada, mas segue a observância de vários 
critérios para tal. 
 . Extensão analítica ou prolixa – muitos artigos. 
 . Finalidade social ou dirigente – garante a dignidade da pessoa humana, o 
estado de bem-estar social. 
 . Modo de elaboração dogmática – conjunto de valores fundamentais que irão 
permear toda a CF. 
 . Ideologia eclética – abrange diversas ideologias. 
 . Modo de ser normativa– dotada de valor jurídico, que possui força normativa 
suficiente para regular toda a organização social. 
 
- Estrutura: 
. Preâmbulo: 
 . O preâmbulo é o introito de uma constituição, é a carta de apresentação, onde 
de forma sucinta e objetiva traceja os caminhos e ideais da lei fundamental, sendo 
responsável por explicitar os ideais do novo Estado, bem como a impressão filosófica e 
política da nação para qual foi constituído. 
 . É de grande percepção que o preâmbulo constitucional é de grande relevância 
para o corpo constitucional, por se tratar de um texto de imensurável valor teleológico 
que se subsumi aos valores sociais. 
 . Parte introdutória da Constituição, que revela de forma sumariada os 
objetivos e fins desta. 
 . Identificando para o cumprimento desses fins quais as premissas axiológicas 
que serão prestigiadas. 
 . Nossa CF tem um belo preâmbulo, porque parte de premissas axiológicas 
muito importantes para se chegar a fins também muito importantes. – Elaborada para 
servir não como instrumento de governo, mas instrumento à serviço a cidadania, 
dignidade da pessoa humano, de um Estado de bem estar, etc. 
 . A partir desse preâmbulo é que podemos dizer se ela prioriza mais o poder ou 
os valores sociais, se ela é democrática ou não, etc. – uma espécie de raio x. 
 . Anúncio prévio os principais valores que informaram e parametrizaram o 
agente constituinte para a elaboração da Constituição. 
 . Referência fundamental para a interpretação do sentido das leis. 
 . Alguns acreditam ter força normativa outros não. 
. Parte dogmática: 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 16 
 
 . Parte permanente do texto, onde estão inseridosos dogmas (valores 
fundamentais expressos). 
 . Direitos individuais, coletivos, civis, políticos, sociais, econômicos, culturais, 
garantias, etc. 
 . Corresponde à parte do texto da Constituição que fala da pessoa humana. 
 . Tem vigência indeterminada. 
. Parte transitória (no Brasil, ADCT – Ato das disposições constitucionais transitórias): 
 . Reúne normas constitucionais de vigência temporária que tem por finalidade 
assegurar a transição jurídica de uma Constituição anterior. 
 . É temporária, mas obrigatória (nem os estados nem os munícipios podem 
violá-las). 
 . 1ª função: promover a transição entre o Direito anterior e o Direito novo. 
 . 2ª função: promover regulações temporárias e a certas situações, enquanto a 
nova situação não adquire regulações definitivas. – exemplo: indenização 
compensatória pela demissão do empregado. 
- Elementos: 
. Busca mapear as normas (das disposições normativas que fazem parte da 
Constituição) de acordo com a matéria que ela regula. 
. Orgânicos: 
. Identificar na Constituição quais as disposições normativas que se ocupam em 
estabelecer a organização do Estado, dos seus fundamentos, de seus poderes, 
etc. 
. Normas que identificam o modelo federativo para o Brasil. 
. Limitativos: 
. Identificar elementos que limitam o poder do Estado. 
. Exemplo: normas sobre tributos; Estado não pode condenar ninguém sem que 
haja um devido processo legal. 
. Importantes para frear o poder do Estado e condicioná-lo a própria ordem. 
. Socioideológicos: 
. Procuram mapear as constituições para identificar o perfil desta. 
. Qual o grau de comprometimento com sua sociedade. 
. Constituição liberal: estado contemplativo – não se intromete – leva a um 
excesso de liberdade no âmbito econômico e social (ricos cada vez mais ricos, e 
pobres cada vez mais pobres – e o estado assistindo de “camarote”). 
. Constituição dirigente ou Social: fundamenta um estado social, 
intervencionista, preocupado em prestar um bem estar para todos, erradicar 
pobreza, diminuir as injustiças, promover acesso igualitário a saúde de 
qualidade etc. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 17 
 
. Estabilização constitucional: 
. Normas que compartilham a preocupação pela garantia da força normativa da 
Constituição e pela garantia da sua estabilidade e integridade. 
. Garantir a solução dos conflitos constitucionais e a defesa da Constituição. 
. Formais de aplicabilidade: 
. Normas que regulam a forma de aplicação da própria Constituição. 
. Critérios para definir a forma como o Direito será aplicado. 
. Exemplo: Parágrafo I do artigo 5º: “As normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata. – Em outras palavras, não precisam esperar leis 
que venham regulamentar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
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PODER CONSTITUINTE 
- Conceito e considerações históricas: 
. Um poder político fundamental/supremo por meio do qual um grupo ou uma 
comunidade expressa soberanamente uma vontade direcionada a fixas os fundamentos 
de organização da própria da comunidade (delimitando suas competências, discorrendo 
a respeito das liberdades fundamentais, estabelecendo os poderes. 
. Surgiu em um momento histórico em que as sociedades estavam se organizando – 
como uma necessidade de organização dessas sociedades. Emerge com essa vontade 
política determinante direcionada a ordenar e organizar a sociedade estabelecendo a 
forma de convivência entre os seus integrantes e a forma de organização política. 
. Absolutismo: poder constituinte do soberano. – “O Estado sou eu (LUÍS XIV) – todo o 
poder da terra personificado na figura do monarca (totalitarismo). – Poder constituinte 
por muito tempo associado ao poder dos soberanos. 
. Não é um fenômeno dos tempos recentes. Na verdade, trata-se de um instituto que 
vem há muito tempo se formando e se materializando na mente de todos. 
. Poder político, soberano, fundamental, que grupos e organizações de pessoas possuem 
para fundar/criar uma nova ordem por meio da Constituição. 
. Poder constituinte não se confunde com a sua teoria – “Eu tenho o poder constituinte 
como um fenômeno político; e a Teoria do Poder Constituinte como um fenômeno 
jurídico”. 
. Do ponto de vista político, o poder constituinte é sempre examinado a partir de uma 
força/energia capaz de criar uma nova ordem. – Sempre existiu e estando associados a 
governos absolutistas. 
. A Teoria do Poder Constituinte visou legitimar o Poder constituinte, isto é, tirar/subtrair 
o poder constituinte do soberano/do governo e migrá-lo para o povo/para a nação/ para 
a comunidade. 
. Origem associada a essa energia e potência pública de organizar um determinado 
núcleo social, de estabelecer seus próprios fundamentos de organização social. 
. Em uma singela definição, seria aquele que produz as constituições. 
. As constituições emanam do poder constituinte. 
. É o “poder dos poderes” – porque dele a Constituição se origina e, é ela quem cria os 
poderes (poderes criados ou constituídos) – os poderes constituintes mantém uma 
relação com os poderes constituídos de paternidade. 
. Como poder dos poderes, é o responsável por produzir e expressar juridicamente a 
Constituição. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 19 
 
. Organizar a nossa sociedade como um Estado soberano, se expressando formalmente 
através da constituição. 
. Vários movimentos históricos de caráter revolucionário, se entabularam e se 
desenvolveram com propósito de superar esse regime de governo absolutista, com a 
ideia de se transferir a titularidade suprema do poder constituinte ao próprio povo, a 
própria nação, a própria comunidade. 
. Isso se deu em razão do florescimento do chamado Estado de Direito, a partir 
do qual o poder constituinte migra do soberano e vai para o povo. 
. É a partir disso que se inicia a chamada Teoria do Poder Constituinte, a teoria 
que exatamente sustentou a necessidade dessa que é a maior e primeira manifestação 
de poder em uma comunidade ser atribuída com exclusividade ao povo. 
 . O próprio governante estaria subordinado à ordem jurídica. 
. OBS: Emmanuel Joseph Sieyès – se tornou extremamente importante para a 
deflagração desse processo na França, em razão dele, na antevéspera da Revolução 
Francesa, haver divulgado um Manifesto da causa revolucionária – Uma indagação: QUE 
É O TERCEIRO ESTADO? - Antes da Revolução Francesa, havia na França uma estrutura 
política de opressão manifesta e evidente, pois existia o poder do monarca (todo poder 
constituinte centralizado na figura do rei) e existiam os estados gerais que envolviam o 
1º Estado (clero – 0,5% da população), o 2º Estado (nobreza- 1,5% da população) e o 3º 
estado (burgueses, camponeses, trabalhadores de um modo geral – 98% da população). 
Todos os privilégios e benefícios se concentravam no 1º e 2º Estados, enquanto que o 
3º Estado não era sujeito de direitos e/ou privilégios, eram apenas sujeitos de direitos 
de ônus (“levava nas costas todo aparato estatal, na medida em que produzia riqueza, 
pagava tributos e sustentava TODOS os privilégios e benefícios do rei, nobreza e clero). 
– Deu ensejo a Revolução Francesa, proposta pelo 3º Estado. – Sieyès, então, traz 3 
indagações: Que é o primeiro Estado? É tudo. O que tem sido até aquele momento o 3º 
Estado? Não tem sido nada. O que pretende ser o 3º Estado? Pretende ser alguma coisa. 
 . O Abade Sieyès depois formulou melhor as respostas da sua indagação: O 3º 
Estado é tudo porque é quem produz riquezas, paga tributos e sustenta as instituições 
políticas francesas, que financia a monarquia que vai financiar os benefícios do do 1º e 
2º Estados, e por ser esse tudo, ele tem condições plenas de se constituir como uma 
verdadeira nação./ O 3º Estado não temsido nada apesar de ser tudo, porque não tinha 
privilégio algum, não tinha nenhum espaço político naquele estrutura de França pré-
revolucionária./ O 3º Estado deseja ser alguma coisa – quer ser a nação, ter espaço 
político, representar exclusivamente que integra de fato o 3º Estado, quer votar por 
cabeça e não por ordem – Estava aí a própria ideia da titularidade do Poder Constituinte, 
na medida em que como o 3º Estado era tudo, ele era o único a se reunir como 
verdadeira nação, reivindicando esse Poder Constituinte capaz de estabelecer os 
fundamentos do novo regime político em uma nova França, superando o Antigo Regime 
político opressor. 
. É o poder do povo, no qual o povo, soberanamente, expressa a sua vontade de produzir 
a sua própria Constituição. 
. Começa a partir dessa força de vontade política. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 20 
 
. Revolução de independência das Colônias inglesas na América do norte: fundamental 
para disseminação das ideias constitucionalistas. 
 . Com a independência das colônias, estas se tornaram politicamente 
emancipados. Todavia, por razões diversas, essas antes colônias resolveram se unir para 
discutir sobre a possível união. Essa reunião resultou em importantes resoluções 
extremamente importantes para história dessas. 
 . O poder constituinte foi exercido pelo povo. 
- Natureza 
. Há duas correntes que disputam a natureza do poder constituinte. 
. Para o jusnaturalismo, o poder constituinte é um poder por natureza de Direito. 
 . Direito que fundamenta/preexiste o Poder Constituinte. 
 . Antes de qualquer coisa existe um direito natural, emanado das próprias 
relações humanas e que não é posto. 
 . A partir desse direito que se justifica o poder constituinte – de onde teremos a 
constituição – e desta, temos o Estado. 
 . Podes constituinte é um poder jurídico porque é assentado por um direito 
natural. 
. Para o juspositivismo, o poder constituinte é um poder por natureza político, fático. 
 . O Direito só existiria a partir do Poder Constituinte, a partir de uma 
manifestação política de vontade do Estado no âmbito do qual uma autoridade estatal 
dotada de competência normativa seria a única capaz e suficiente para positivar o 
Direito. 
 . Se funda em si mesmo a partir dos acontecimentos sociais. 
 . Fatos – poder constituinte – constituição – estado. 
 
. A posição adotada no Brasil, e até em um direito comparado, é aquela que acolhe o 
Positivismo Jurídico, apesar de estar com uma nova moldura: o Pós Positivismo, isto 
é, o Poder Constituinte é político, fático, que se manifesta a partir de uma energia 
emergente de acontecimentos sociais. 
 
- Titularidade e exercício do Poder Constituinte: 
. No âmbito das teorias de legitimação do poder, sempre se defendeu a ideia de que 
todo poder emana do povo, mas que será exercido por meio de seus representantes, ou 
em algumas hipóteses, a depender do regime constitucional adotado, exercido pelo 
povo diretamente. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 21 
 
. 1ª hipótese: Regime representativo, que caracteriza as chamadas democracias 
representativas, nas quais todo o poder emana do povo, mas não é o povo que o exerce 
diretamente, mas sim indiretamente por meio da escolha de seus representantes. 
. 2ª hipótese: Democracias diretas ou participativas, onde todo poder emana do 
povo e é ele próprio que exerce o poder. 
. No Brasil, com a Constituição de 1988 se estabeleceu uma democracia 
representativa, mas mesclando esses elementos com aspectos especiais de uma 
democracia direta. Por isso mesmo nossa própria Constituição afirma que todo poder 
emana do povo e será exercido por seus representantes OU nos termos da Constituição, 
diretamente. 
. Os termos em que o próprio povo exerce seu próprio poder diretamente na 
Constituição de 1988: o plebiscito, o referendo, da iniciativa legislativa popular, ação 
popular para fiscalizar gastos públicos. 
. Dentro dessa perspectiva democrática, o titular do Poder Constituinte só poder 
ser o povo. E, essa titularidade é EXCLUSIVA, não existe uma co-titularidade entre povo 
e governo. – O governo tão somente é o delegatário do povo no exercício do poder. 
. Quem exerce o Poder Constituinte do povo? Os seus agentes. Estes chamados 
de “agentes constituintes” ou simplesmente “constituintes”. Elegidos a partir de um 
processo democrático pelo povo, para ser delegatário deste povo, representando esse 
povo no exercício do Poder Constituinte. 
. Agente constituinte (o representante do povo no exercício do Poder 
Constituinte) é diferente de parlamentares (deputados ou senadores). Pois, os 
parlamentares são também representantes do povo, mas não no exercício do Poder 
Constituinte, e sim no exercício de poderes constituídos (legislativo no caso específico 
dos parlamentares). 
. Identificamos a primeira manifestação legítima do Poder Constituinte em duas 
nações: nos Estados Unidos da América e na França. 
. Nos EUA, tivemos uma Comissão Constituinte na Filadélfia, a chamada 
Convenção Constituinte da Filadélfia, de onde se deflagrou a primeira constituição 
escrita do planeta em 17/09/1787. – A mais antiga do mundo e hoje ainda em vigor. – 
Os agentes constituintes do povo, representando o povo, se reuniram em uma 
convenção constituinte da qual nasceu a constituição dos EUA. 
. Na FRA, na Revolução Francesa (1789-1799), com a Queda da Bastilha em 
14/07/1789, alguns dias depois, em 26 de agosto de 1789, houve uma assembleia 
nacional constituinte da qual emanou a chamada Declaração Universal dos Direitos do 
Homem e do Cidadão na França. E, dois anos depois, em setembro de 1791, tivemos 
uma outra assembleia nacional constituinte francesa, na qual os agentes constituintes 
representando o povo francês proclamou a Constituição Francesa de 1791, que foi a 
primeira constituição escrita na França, e a segunda formal e sistemática do mundo, 
logo depois, portanto, do EUA. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 22 
 
. Nesses dois momentos históricos, os agentes constituintes se reuniram em 
assembleias nacionais constituintes. 
. O Congresso nacional é diferente de uma Assembleia Constituinte. 
. O Congresso Nacional corresponde exatamente a uma convenção parlamentar, 
vale dizer, é um órgão do poder legislativo que compreende os parlamentares 
(deputados e senadores). Enquanto que a Assembleia Nacional Constituinte, é o órgão 
do Poder Constituinte do povo integrado por agentes constituintes do povo. 
. E como se operacionaliza a escolha tanto dos agentes parlamentares 
(representantes do povo no exercício do poder legislativo) quanto dos agentes 
constituintes (representantes do povo no exercício do Poder Constituinte)? Por eleições 
livres, MAS distintas. 
. Mas, no Brasil não houve isso, no que ensejou a Constituição de 1988, não 
houveram eleições diferentes para parlamentares e constituintes, tivemos um mesmo 
processo eleitoral no qual se fundiu a escolha a escolha do deputado ou senador 
constituinte. Isso se deu em decorrência da convocação da Assembleia Constituinte 
brasileira que ocorreu em 1985, a partir de uma emenda à constituição de número 26, 
apresentada ao Congresso Nacional, pelo então Presidente José Sarney, não ter sido um 
modo adequado, também do ponto de vista técnico, de se convocar um Poder 
Constituinte do povo, uma assembleia nacional constituinte do ponto de vista 
rigorosamente técnico não pode ser convocada por uma emenda à constituição. Nesse 
caso, os fins (a Constituição brasileira plural) acabaram justificando o meio (a forma de 
convocação). 
. Quando deputado e senador desempenhavam as questões constituintes, eles 
atuavam juntos em sessão unicameral, enquanto Assembleia Nacional Constituinte. Por 
outro lado, quando tratavam da função ordinária da legislação, ou seja, exercendo o 
poder do povo de lesgislar, atuavamde forma separada, o deputado na câmara e o 
senador no senado. 
 
- Espécies do poder constituinte: 
. Alguns autores discordam acerca de uma divisão do poder constituinte. 
 . Há autores, renomados inclusive, que entendem que só há um Poder 
Constituinte, aquele do qual emerge uma Constituição, exercido pelo povo e, que faz 
nascer um núcleo social politicamente, juridicamente e socialmente organizado por 
meio de uma Constituição. Logo não se poderia falar em espécies, em divisões. – 
Integram uma minoria. 
 . Por outro lado, a maioria esmagadora nacional e internacional, compartilha 
dessa ideia de divisão do Poder Constituinte. 
. Segundo os que defendem essa divisão interna do Poder Constituinte, têm-se: 
 . Poder Constituinte Originário (primário, genuíno, primeiro grau): é aquele 
poder do povo de se atribuir novas constituições. Responsável pela elaboração da 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 23 
 
Constituição, ou seja, é o poder político, histórico, fundamental, que soberanamente 
expressa a vontade do povo em torno da organização de sua própria comunidade por 
via da elaboração de uma nova Constituição. – Funda uma nova a partir de uma nova 
Constituição. 
 . Poder Constituinte Derivado: resulta, emana e tem sede na Constituição. O 
propósito histórico desse poder é dar continuidade a Constituição, porém com as 
reformas formais ou procedimentais que esta Constituição vai necessitando ao longo de 
sua vigência. – Garantir a permanência da Constituição ajustada às questões sociais 
(realidade social sempre cambiante e modificável). 
 . Nos chamados Estados Federais, que se organizam a partir de uma pluralidade 
de governos, à exemplo do Brasil (governo da União, governo dos Estados-membros e 
os governos locais dos munícipios), esse chamado Poder Constituinte Derivado, que 
emana da Constituição, acaba se dividindo em outros 2 tipos: Poder Constituinte 
Derivado de Reforma (é aquele cuja função é proceder as mudanças ou reformas na 
constituição. Aqui no Brasil, essas reformas formais ocorrem por via das Emendas 
Constitucionais aprovadas pelo Congresso Nacional com exclusividade) e Poder 
Constituinte Derivado de Corrente (aquele que a Constituição atribui às Assembleias 
Legislativas dos Estados-membros e a Câmara Legislativa do Distrito Federal para 
elaborarem e, se for necessário reformarem, as Constituições dos Estados-membros e 
do DF). 
 
. A Constituição de 1988 quando foi promulgada, previa 2 formas de mudança, vale 
dizer, duas formas de se desemprenhar o Poder Constituinte Reformador: 
 . A forma tradicional, por via de emenda. 
 . Uma forma excepcional por via de revisão. 
 . Sucede que a forma excepcional por via de revisão constitucional, foi autorizada 
para ocorrer apenas 1 única vez e, 5 anos após a sua promulgação. Isso porque essa 
revisão estava prevista em nossa ABCT, ou seja, na parte Transitória da nossa 
Constituição, em seu Artigo 3º. Essa revisão após 5 anos de promulgação, tinha o 
objetivo de se fazer um balanço geral acerca da receptividade da Constituição na 
sociedade brasileira. Essa revisão ocorreu, da qual tivemos 6 Emendas de Revisão, como 
são denominadas pela Doutrina. 
 . Como nossa Constituição determinou que nossa revisão fosse realizada uma 
única vez, porque estabeleceu limite temporal de 5 anos após a promulgação, nós não 
temos mais a Revisão Constitucional, de modo que o Poder Constituinte Derivado 
Reformador só pode ser exercido por via da aprovação de Emenda à Constituição, que 
é a maneira regular no sentido de ser a maneira geral/clássica/tradicional de se alterar 
a Constituição. 
. Quanto à Emenda à Constituição: 
 . Quanto à extensão: ela tem uma extensão menor, é pontual, tópica, incide 
sobre alguns grupos da Constituição, não sendo possível uma emenda que venha a 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 24 
 
abranger a Constituição de um modo geral. – Exemplo: Emenda do Poder Judiciário, 
Emenda da Reforma Política, etc. Ao passo que a revisão tem uma extensão muito mais 
ampla, podendo ser exercida sobre todo o texto constituição. 
 . No que tange o procedimento, a Emenda à Constituição, sempre exigiu e 
continua a exigir um procedimento muito mais dificultado, agravado. E, é essa 
dificuldade de se modificar nossa Constituição, que a caracteriza como uma Constituição 
rígida. Por outro lado, a Reforma Constitucional não se submetia a um procedimento 
agravado/difícil, na verdade, ela se sujeitava a um procedimento muito simplificado, na 
medida em que a Constituição determinou que tal reforma fosse realizada pelo 
Congresso reunido em sessão ÚNICA E de forma UNICAMERAL (deputados e senadores, 
com coro exigido de maioria absoluta). 
 
- Características do Poder Constituinte: 
 - Características do Poder Constituinte Originário: 
. Poder inicial: O Poder Constituinte Originário, trata-se da 1ª manifestação de 
poder em uma comunidade e com o propósito de inaugurar uma nova ordem a partir 
de uma nova Constituição. É isso que o caracteriza como inicial/inaugural, pois é o ponto 
de partida para uma nova ordem constitucional, um novo núcleo social politicamente 
organizado, para um novo Estado, para um novo regime. 
. Poder autônomo: Porque o Poder Constituinte Originário tem absoluta 
liberdade para prescrever os termos da nova Constituição e definir o sistema jurídico 
daquele Estado Organizado a partir da nova Constituição. 
. Poder ilimitado/absoluto: Segundo a teoria mais tradicional, o Poder Constituinte 
Originário não tem limites, na medida em que pode tudo, tem soberania plena de dispor 
da maneira que entender a respeito da nova Constituição e da organização da nova 
comunidade. Todavia, é importante se deixar claro que, reside uma polêmica em torno 
dessa característica, que se revela em expor a tematização: Como o Poder Constituinte 
Originário não tem limites? Contrariando inclusive o sentimento de justiça da sua 
comunidade? Essa problematização, vem levando os autores ao seguinte 
esclarecimento: esse caráter ilimitado do poder constituinte na verdade existe numa 
perspectiva jurídica, isto porque, o Poder Constituinte Originário por ser um poder inicial 
e autônomo, é ele o portador da ideia de direito e quem dá inicio ao próprio Direito, 
logo não há um direito preexistente. Todavia, no ponto de vista político, ela perde essa 
característica, pois é inegável que essa comunidade possa limitar o poder constituinte a 
adotar aqueles valores políticos e sociais que a própria comunidade determinou. 
. Poder incondicionado: porque não existem fórmulas ou procedimentos preexistentes 
estabelecendo as condições para o exercício do Poder Constituinte Originário. Ou seja, 
ele é incondicionado porque as Constituições, ou antes delas, é incapaz de dizer como o 
Poder Constituinte Originário se manifesta (pode se manifestar a partir de 
acontecimentos sociais múltiplos e pode se operacionalizar por várias vias). 
. Poder permanente: o Poder Constituinte Originário não se esgota, não se exaure com 
a promulgação de uma Constituição. A única diferença é que, durante as sessões 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 25 
 
constituintes, durante o processo constituinte de elaboração de uma constituição, o 
Poder Constituinte Originário está ativado/operantes, mas quando uma Constituição é 
promulgada, ele volta ao seu estado anterior de um poder hibernado/difuso na 
consciência coletiva de toda a comunidade. Ele não se esgota com a Constituição, ele 
permanece, aguardando um momento adequado para se manifestar novamente. Só 
pode se manifestar em situações extremas e totalmente justificadas, mas permanece. 
 
- Característica do Poder Constituinte Derivado: 
. Poder secundário: porque emana da Constituição, existe em função desta, e é criado 
por esta. – Não é genuíno. 
. Poder dependente: porque não tem nenhuma autonomia, estásujeito ao que a 
Constituição lhe autoriza fazer. 
. Poder limitado: é juridicamente limitado, porque por resultar da Constituição, é por 
ela juridicamente regulado – se sujeita a limitações jurídicas que irão restringir o âmbito 
de sua atuação. 
. Poder condicionado: porque se submete a fórmulas e procedimentos especiais 
previamente definidos na Constituição que o disciplina. 
. Poder temporário: de tal modo que é exercido periodicamente. 
 
- Análises das limitações do Poder Constituinte Derivado: 
. Correspondem a uma importante característica do Poder Constituinte Derivado, que 
abrangem tanto o Poder Constituinte Derivado de Reforma quanto o Poder Constituinte 
Derivado de Corrente. 
. Restringem o poder do Poder Constituinte Derivado, na medida em que se trata de um 
poder jurídico, que tem sede na Constituição e é regulado, disciplinado e limitado pelo 
próprio texto constitucional. 
. LIMITAÇÕES TEMPORAIS (ordem temporal): 
. Proíbem o Poder Const. Derivado de se manifestar durante um período determinado 
de tempo. – Não há possibilidade de ocorrer durante aquele período fixado na limitação 
temporal, tanto reforma à Const. Federal quanto reformas de Constituições nos estados 
ou no DF. 
. Busca vedar que o poder derivado seja manifestado durante o lapso expressamente 
previsto no Direito Constitucional. 
. No Direito Constitucional Brasileiro houve uma Constituição que adotou essa limitação 
temporal – Constituição do Brasil Império de 25/03/1824 – dispunha expressamente 
que durante os 4 primeiros anos de vigência da Constituição não era possível modifica-
la. – Durante esses anos, ela foi praticamente imutável. 
. Nenhuma outra constituição brasileira adotou essa limitação temporal. 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 26 
 
. A atual também não contém – ainda que se tenha passado pelo mecanismo de revisão 
constitucional, pois às Emendas Constitucionais já poderiam se manifestar desde o 
primeiro dia seguinte a promulgação desta. 
. LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS: 
. Proíbem o Poder Constituinte Derivado de atuar durante a vigência de determinadas 
circunstâncias anormais e incomuns. 
. Obstaculizam o poder de reforma e também o poder corrente dos estados e 
munícipios. 
. A finalidade maior é exigir que o Poder Derivado se deflagre/realize em situações de 
plena e total normalidade. De modo que, se há uma situação anormal que quebra e 
compromete a estabilidade da ordem jurídica constitucional do Estado, não é possível 
ativar esse Poder Derivado. 
. No Brasil, essas limitações vêm sendo adotadas desde a Constituição de 1934 até a 
atual. 
. Na Constituição atual está prevista expressamente no parágrafo 1º do Artigo 60, em 
que proíbe emendas à constituição em situações anormais que ele mesmo define quais 
seriam: Estado de Defesa, Estado de Sítio e intervenção federal. 
. Afastam a normalidade constitucional. 
. Estado de defesa e Estado de sítio, são Estados de exceção que afastam 
provisoriamente a constitucionalidade enquanto regime normal e impõe uma 
constitucionalidade extraordinária. – Durante a vigência desses Estados, é possível até 
a suspensão de alguns direitos e garantias fundamentais. 
. O Estado de Sítio, que é o Estado de exceção mais radical, mais intervencionista aos 
direitos e garantias fundamentais, declarado em por exemplo situações de guerra, se 
faz possível até a pena de morte. 
. Isso não é possível porque as reformas constitucionais pressupõem um estado de 
equilíbrio, de bom-senso, que deixam de existir durante a vigência desses estados de 
exceção. 
. Intervenção Federal é a possibilidade da União intervir nos estados membros ou no DF, 
suprimindo-lhes até sua a própria autonomia política, podendo até nomear 
governadores e afastar os legitimamente eleitos pelo povo. 
. LIMITAÇÕES MATERIAIS/SUBSTANCIAIS: 
. Proíbem o Poder Derivado de suprimir ou abolir da constituição matérias que são 
previstas explicita ou implicitamente no texto constitucional. 
. Podem ser divididas em limitações materiais explícitas e limitações materiais implícitas. 
 . Limitações materiais/substanciais explícitas, também denominadas de 
Cláusulas Pétreas, são aquelas que proíbem o Poder Derivado (tanto das reformas na 
Constituição Federal como o das reformas nos estados e no DF) de abolir de seus textos 
constitucionais matérias expressamente consignadas, que integram o núcleo duro da 
 CADERNO DIREITO CONSTITUCIONAL I – DIRLEY DA CUNHA JR 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 27 
 
constituição, petrificado da constituição. – Previstas na Constituição de 1988 no 
parágrafo 4º do Artigo 60, em conformidade com o qual não será objeto de deliberação, 
proposta de emenda tendente a abolir as seguintes matérias: forma federativa de 
Estado; voto secreto, universal e periódico; separação de poderes; direitos e garantias 
individuais. – Matérias que revelam o núcleo materialmente imodificável da 
Constituição - materialmente modificável, porque essas matérias que compreendem um 
conteúdo, não podem sofrer alterações. Mas, é importante deixar claro que, na verdade, 
essas cláusulas pétreas não podem ter o seu núcleo material reduzido, mas podem tê-
lo ampliado, reorganizado e reforçado. 
 . A exemplo dessa última parte dita acima, têm-se a própria reforma tributária, 
que não irá mudar a forma de Estado federativo, mas que irá aperfeiçoar e reforçar esse 
estado federativo. 
 . Então, a rigor, é mais coerente dizer que essas cláusulas pétreas possuem o seu 
núcleo material IRREDUTÍVEL. 
 . Limitações materiais/substanciais implícitas, são aquelas que se deduzem no 
texto constitucional. No direito brasileiro, ficou muito famoso o Professor Nelson de 
Souza Sampaio (UFBA), que na década de 60 lançou seu livro tratando dessas limitações, 
deu ensejo a teoria das limitações materiais/substanciais implícitas do Poder Derivado 
no Brasil – embora não estejam essas matérias previstas expressamente na constituição, 
não é possível se suprimi-las. A primeira, trata da própria titularidade do Poder 
Constituinte Originário, é do povo e não pode ser suprimido, mas não há uma norma 
que de forma expressas proteja essa titularidade; A segunda, diz que não é possível se 
suprimir a competência constitucional para proceder a reforma da constituição, e é do 
Congresso Nacional (somente ele procede a reforma constitucional aprovando ou não 
as emendas), de modo que não é possível uma emenda constitucional que retire do 
Congresso Nacional esta função exclusiva; A terceira diz que, não é possível se flexibilizar 
a Constituição Federal, ou seja, tornar o processo de reforma da constituição que é 
rígido em flexível, atenuando suas responsabilidades. 
. Todavia, a Constituição Federal brasileira vem acrescentando à estas 3 limitações do 
Professor Nelson Sampaio, outras matérias como os princípios fundamentais 
. LIMITAÇÕES FORMAIS/PROCEDIMENTAIS: 
. São aquelas que impõem que as reformas constitucionais ocorram em consonância 
rigorosamente com as formalidades do processo legislativo de reforma que está 
previsto e fixado na constituição. Ou seja, a nossa constituição estabelece as condições 
formais para o exercício do Poder Constituinte Derivado, de modo que se uma emenda 
à constituição é aprovada em desacordo com uma daquelas formalidades, viola essas 
limitações formais. 
. Também se considera limitação formal/procedimental do Poder Constituinte Derivado, 
aquela que proíbe a reapresentação de proposta de emenda à constituição na mesma 
sessão legislativa anual na qual ela havia sido rejeitada. Ou seja, se uma proposta de 
emenda à constituição for rejeitada na sessão legislativa do ano de 2014, ela só poderá 
ser reapresentada na sessão legislativa do ano de 2015. 
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. Discutiu-se muito na doutrina brasileira a legitimidade democrática das cláusulas 
pétreas, porque na verdade, elas correspondema uma limitação que a Constituição 
Federal estabelece que impede, teoricamente, as gerações futuras de suprimirem 
aquelas matérias enclausuradas nas Cláusulas Pétreas. Segundo boa parte da doutrina 
brasileira, essas cláusulas pétreas seriam antidemocráticas. Todavia, prevaleceu 
segundo a opinião de Dirley, o entendimento segundo o qual a diferença entre uma 
maioria sólida e uma maioria momentânea – essa maioria sólida responsável pelo texto 
constitucional fixaria um conjunto de matérias que não podem e não poderiam ser 
abolidas ou suprimidas por uma maioria posterior sujeito a oscilações ou variações 
apaixonadas e circunstanciais. 
- Processo legislativo de Emenda à Constituição: 
. O Poder Constituinte Derivado Reformador se manifesta por via da aprovação do 
Congresso Nacional brasileiro das Emendas à Constituição. 
. Mas, essas Emendas à Constituição se sujeitam a um processo legislativo. 
. Consiste em um processo constitucional significativamente formal que abrange que 
um conjunto de etapas e formalidades para o fim de se aprovar uma emenda à 
constituição e promover formalmente mudanças e alterações pontuais e fixas no nosso 
texto constitucional. 
. Basicamente, esse processo compreende 3 etapas fundamentais: 
- 1ª etapa: etapa da apresentação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 
. É a fase que deflagra o próprio processo legislativo de emenda. 
. A Constituição no Artigo 60 indica quem pode apresentar PEC no Brasil: limitada 
à 1/3 dos deputados federais ou 1/3 dos senadores ou ao Presidente da República ou à 
mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação devendo cada 
uma dessas Assembleias se manifestar pela maioria simples ou relativa de seus 
membros. 
- 2ª etapa: envolve a discussão e a deliberação da PEC. 
. Procedimento formal de manifestação em sessões separadas e sucessivas da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal – Cada uma delas em dois turnos de 
votação e discussão, ao todo 4 turnos. Devendo na votação, para ser aprovada a PEC, 
obter o coro de no mínimo 3/5 dos parlamentares em todos os turnos. 
- 3ª etapa: promulgação e posterior publicação da Emenda à Constituição com 
seu respectivo número de ordem após aprovação da PEC. 
 
. Procedimento rigoroso. 
. Não participa no âmbito do processo legislativo da emenda à constituição o poder 
executivo. – É ALGO EXCLUSIVO AO CONGRESSO. 
. Não há sanção nem possibilidade de veto presidencial. 
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- Mutação Constitucional: 
. A doutrina internacional e a doutrina brasileira vêm destacando um fenômeno que tem 
também por finalidade alterar a constituição, porém sem aquelas formalidades 
aplicáveis às Emendas à Constituição. Essa mudança que é informal, vem sendo 
denominada de MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL. 
. Mudança/alteração informal da Constituição por via da interpretação constitucional, 
notadamente aquela realizada pelos tribunais constitucionais ou pelas supremas cortes 
no âmbito do exercício da jurisdição. 
. INFORMAL porque não altera a literalidade do texto, a redação dos preceitos 
constitucionais. Mas, MODIFICA SIGNIFICATIVAMENTE o 
sentido/alcance/compreensão/significado desses preceitos. 
. Em linhas gerais, a Constituição Federal pode ser alterada vide duas formas: por uma 
via forma, a Reforma Constitucional (em exercício do Poder Constituinte Derivado 
Reformador) e por uma via informal, a Mutação Constitucional (pelos tribunais 
constitucionais e pelas supremas cortes a partir de uma INTERPRETAÇÃO EVOLUTIVA). 
 
- Fenômenos que ocorrem no Direito Constitucional Temporal: 
. Direito Constitucional Temporal é aquele que envolve uma sucessão no tempo de 
constituições em um mesmo Estado. 
. No tempo temos diversas possibilidades de diversas constituições serem adotadas pelo 
Estado. 
. A cada nova constituição temos 3 fenômenos: 
1) Recepção: absorção/aceitação pela nova constituição de leis anteriores que do 
ponto de vista material ou de seu conteúdo se alinham ou se compatibilizam com a nova 
constituição. 
. Exemplo: a Constituição de 1988 acaba recepcionando a Lei de 87, porque ela é 
materialmente conforme a nova constituição. Mas, as leis anteriores, que do ponto de 
vista do seu conteúdo materialmente não estão em conformidade com a nova 
constituição, obviamente não serão recepcionadas, serão revogadas. 
2) Repristinação: No Direito Brasileiro veda-se a repristinação, salvo disposição 
contrária. 
. É a restauração de uma lei em razão da revogação da lei revogadora. 
. Exemplo de uma repristinação admitida: quando a Constituição de 1988 ao revogar a 
Constituição de 1967 que por sua vez havia revogado uma lei anterior, expressamente 
determinar o restabelecimento dessa lei anterior que havia sido revogada pela lei de 
1967. 
3) Desconstitucionalização: não é admitida na doutrina nem na jurisprudência 
brasileira. 
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. A recepção como leis de normas da constituição anterior revogada que materialmente 
se compatibilize com a nova Constituição. 
. Exemplo: Temos a Constituição de 1988 que revogou completamente a Constituição 
de 1967. Essa revogação é global e integral. Mas, os defensores da 
desconstitucionalização sustentavam que “aquelas normas da Const. de 1967 que 
haviam sido revogadas pela Const. de 1988, que se compatibilizam com a Const. de 
1988, poderiam ser recepcionadas não como normas constitucionais, mas como normas 
legais. Para tanto, era necessário tirar o status dessas normas de constitucionais para 
torna-las legais. 
. Quando há a revogação de uma constituição antiga por uma nova, o desejo é que 
algumas das normas da constituição antiga sejam recepcionadas pelo novo 
ordenamento só que elas não vão estar como uma norma constitucional e sim uma 
norma infraconstitucional, ou seja, subordinada a nova constituição, mas para ela não 
ser mais uma norma constitucional é necessário que haja a sua desconstitucionalização. 
 . Com a Constituição antiga, aquela em que a norma era Constitucional: 
 
 . Com a nova constituição, aquela norma vai deixar de ser constitucional 
(desconstitucionalização) para ser uma norma infraconstitucional: 
 
 
 
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 . Essa norma que passou a ser infraconstitucional, ela está de acordo com a nova 
ordem, isso quer dizer que ela não pode contrariar a constituição. Sendo assim, elas 
serão utilizadas para concretizar as próprias normas constitucionais. Vou dar um 
exemplo: quando a constituição fala que a saúde é um direito de todos e dever do 
estado, a concretização dessa norma constitucional possivelmente ocorre a partir da 
criação de leis infraconstitucionais que estabelece o modo e a forma que essa política 
será implementada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A CONSTITUIÇÃO 
 
- A constituição como um sistema aberto de norma: 
. Constituição como um sistema jurídico composto por NORMAS. –QUE COMPÕEM UM 
SISTEMA - SISTEMA JURÍDICO DE NORMAS. 
. A Constituição é uma constelação/conjunto plural de normas jurídicas – não são 
normas que se fecham diante da realidade social, são normas abertas pois devem 
permanentemente dialogar com a realidade social, inclusive para perceber as mudanças 
nela. Isto porque, o direito se destina a dar essa regularidade jurídica a realidade social 
(CONCEPÇÃO CULTURAL – Constituição como objeto da cultura humana – aprendizado 
com o seu entorno/seu ambiente). 
. É um sistema aberto de regras e princípios, pois as normas que a compõem devem 
estar abertas aos acontecimentos sociais para acompanhar a sua evolução e adaptar-se 
às transformações emergentes da sociedade. 
. A compreensão da Constituição como um sistema jurídicorequer uma reanálise dos 
conceitos da Constituição. – NESSE SENTIDO JURÍDICO, RESSALTA-SE HANS KELSEN. 
. A CONSTITUIÇÃO NÃO SE RESUME A UM SISTEMA JURÍDICO, A UMA COMPREENSÃO 
MERAMENTE NORMATIVA. Pois, ela compreende muito bem as relações de poder, tem 
um caráter político (por meio dela o povo organiza sua própria unidade política), e 
demais relações da sociedade. 
- A norma constitucional - conceito e natureza: 
. Entende-se por normas constitucionais todas as disposições jurídicas inseridas em uma 
Constituição, estejam elas explícitas ou implícitas (deduzidas a partir da interpretação 
de outras normas) ou reconhecidas por ela, independentemente de seu conteúdo. 
. Exemplo de normas IMPLÍCITAS: não há norma expressa que cite o princípio da boa-fé, 
mas ele está lá. - Sendo deduzido a partir de outras normas. – INTERLIGADA a proteção 
da segurança jurídica para aquele que agiu de boa-fé; confiança legítima; estabilização 
das relações jurídicas já consolidadas; a “coisa julgada”. 
. Normas legais é DIFERENTE DE FALAR normas constitucionais. Isto porque, as normas 
legais são as LEIS, o que não corresponde diretamente/não equivale a Constituição. – 
NORMAS CONSTITUCIONAIS SÓ SÃO AQUELAS PRESENTES NA CONSTITUIÇÃO, E 
NORMAS LEGAIS TODAS AQUELAS QUE ESTÃO PRESENTES NAS INÚMERAS LEIS QUE 
EXISTEM (UM NÚMERO SUPERIOR A 14 MIL). 
. Tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados pelo Congresso Nacional 
com a mesmo processo sistemático de aprovação de uma emenda – Passa a tratar esses 
tratados de forma equivalente a uma emenda à constituição. – Convenção de NY sobre 
os direitos humanos da pessoa com deficiência e o tratado de Marrakesh das pessoas 
com deficiência visual/ou cegas a terem acesso a obras impressas. 
- As condições da aplicabilidade da norma constitucional: 
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. Pressupostos para que as normas constitucionais possam incidir sobre os fatos da 
realidade social. 
. São condições necessárias de aplicabilidade das normas constitucionais: 
A) A VIGÊNCIA: a norma constitucional deve estar em vigor – qualidade/atributo 
que torna a norma constitucional (e todas as outras normas) como obrigatória. Porque, 
enquanto não vigente a norma constitucional pode até existir para o mundo, mas não 
se aplica. – EXEMPLO: código civil de 2002 que foi publicado em janeiro de 2002, que 
passou a partir daí a ter existência jurídica/conhecimento no direito. Todavia, ele tinha 
previsão expressa de código de vigência, de que só entraria em vigor/só seria 
obrigatório em janeiro de 2003 – VACATIO LEGIS (vazio da lei) – apesar do código ter 
existência jurídica ele não tem vigor/obrigatoriedade alguma, e assim fica valendo o 
código civil revogado de 1916 (essa revogação faz parte do código civil de 2002). 
. As Constituições, em regra, não dispõem de nenhuma cláusula de vigência, como 
aconteceu nesse caso do Código Civil de 2002 e do Código de Processo Civil. – Assim, a 
Constituição entra em vigor exatamente quando é publicada/promulgada, a exemplo da 
Constituição de 1988. 
. VACATIO CONSTITUCIONALIS. – Presente na constituição brasileira de 1967. 
B) A VALIDADE OU LEGITIMIDADE: no âmbito do Direito Constitucional, essa 
condição é muito teorética. 
C) A EFICÁCIA: possibilidade das normas constitucionais irradiarem/produzirem os 
seus efeitos; é uma condição assegurada para todas normas que entram em vigor e são 
legitimadas a partir de uma análise de aceitação social. 
- As espécies de norma constitucional - os princípios e regras: 
. Uma das maiores conquistas do neoconstitucionalismo (surgiu pós segunda grande 
guerra mundial) foi o reconhecimento da NORMATIVIDADE DOS PRÍNCIPIOS. Por essa 
razão, os princípios são normas. Surge, uma necessidade de distinguir entre as duas 
espécies de normas: normas-princípios e normas-regras. Na doutrina são encontrados 
diversos critérios distintivos, a saber: 
A) O GRAU DE ABSTRAÇÃO E GENERALIDADE: enquanto os princípios são normas 
dotadas de elevado grau de abstração e generalidade, as regras são normas com 
reduzida abstração e generalidade. 
. Princípio da dignidade da pessoa humana, da igualdade, da boa-fé, do estado 
democrático do Direito – COMANDOS DE DEVERSER INFINITAMENTE GENÉRICOS QUE 
IRRADIAM SEUS EFEITOS. 
. Regra Constitucional que prevê como uma das modalidades de aposentadoria do 
servidor público, a aposentadoria compulsória (obrigatória) aos 75 anos. – IMPÕE A 
APOSENTADORIA DE TODOS ESSES SERVIDORES PÚBLICOS EFETIVOS QUE ATINGIREM 
75 ANOS. – DELIMITOU O CONTEÚDO DESSA REGRA. – NÃO é que ela deixa de ser 
abstrata e genérica, só é em um nível menor. 
. O fato de os princípios serem dotados de tamanha abstração e generalidade se deve 
ao fato de preverem valores fundamentais (valor fraternidade, boa-fé etc.) que são 
extremamente abstratos e tem um valor expressivo enorme. Por outro lado, as regras 
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descrevem situações fáticas específicas, e por este motivo são menos abstratas e mais 
específicas. 
B) O GRAU DE INDETERMINAÇÃO: os princípios são indeterminados, carecendo de 
medidas intermediárias concretizadoras (decisões judiciais) para serem aplicados ao 
caso concreto. Já as regras, por serem determinadas, são de aplicação direta. 
. As próprias regras servem basicamente para concretizar os princípios. – Exemplo uma 
regra que trate como o princípio da boa-fé irá atuar nas relações jurídicas. 
. Princípios carecem de delimitações judiciais do conteúdo ou material. – CONTEÚDO 
VAGO E ABERTO. 
. Regras tem um conteúdo determinado (ao contrário dos princípios), e por este motivo 
tem uma incidência imediata, não precisando de mediações. – Basta que o fato ocorra, 
para que a regra incida. 
C) A PROXIMIDADE DA IDEIA DE DIREITO: os princípios fixam a ideia de Direito a 
prevalecer em um determinado Estado, tendo em vista a sua posição de standards ou 
cânones vinculados às exigências de justiça, dignidade, liberdade, igualdade, 
fraternidade e democracia. 
. Princípios seriam as normas responsáveis por determinar dentro do sistema jurídico a 
função/ideia que o direito deve ter.- justiça, tolerância, pluralidade, e outros valores que 
partem dessas ideias paradigmáticas. – ESTABELECEM OS CÂNONES/STANDARDS do 
direito. 
D) A FUNÇÃO NORMOGÊNÉTICA E SISTÊMICA DOS PRINCÍPIOS: os princípios 
revelam-se como fundamentos das regras, quer dizer, são as vigas mestras que dão base 
ou arrimo às regras jurídicas, inspirando a sua criação. Ademais, os princípios se irradiam 
sobre todo o sistema jurídico, dando-lhe racionalidade e coerência. 
. Regras são criadas a partir desse ponto inicial que são os princípios. 
. Princípio – gênese normativa para as regras. 
. PRINCÍPIOS SÃO PONTO DE PARTIDAS. 
. Função sistêmica: as normas-princípios atribuem a inteligência necessárias para 
correta interpretação e aplicação do direito. 
- ROBERT ALEXY – TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: 
. Para Alexy, no capítulo terceiro desse livro, o ponto determinante na diferença entre 
regras e princípios consiste em: 
. Os princípios são mandados de otimização, isto é, normas jurídicas que ordenam que 
algo seja realizado na maior medida possível, dentro, porém, das possibilidades fáticas 
e jurídicas existentes. 
. Mandamentos de otimização: determinam que aquilo que ele prevê seja 
realizado/satisfeito na maior medida, no grau ótimo (de otimização, maximizar). – Está 
plenamente consciente que a maior satisfação do princípio irá depender das condições 
fáticas existentes, e isso pode ser analisado dentro de diversos graus de satisfação. 
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. O que o princípio prevê pode ser realizado num maior ou menor grau de satisfação. 
Claro que ele sempre irá buscar o maior grau, mas nem sempre isso é possível. 
. As regras são normasque prescrevem uma exigência, proibição ou faculdade, que 
devem ser realizadas na exata medida de suas prescrições, nem mais nem menos (all or 
nothing). 
. O ponto central na diferença entre regras e princípios é que os princípios são normas 
que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível, dentro das 
possibilidades fáticas e jurídicas existentes. São, portanto, mandamentos de otimização, 
que são caracterizados por poderem ser satisfeitos em graus variados e pelo fato de que 
a medida devida de sua satisfação não depende apenas das possibilidades fáticas, mas 
também das possibilidades jurídicas. E, o âmbito das possibilidades jurídicas é 
determinado pelos princípios colidentes. 
. Quando dois princípios entram em rota de colisão, temos mecanismos para resolução 
disto. Assim também acontece quando duas regras entram em conflito. – As técnicas, 
métodos, fórmulas de solucionar esses conflitos são DIFERENTES. 
. Alexy leciona que é em torno do tema colisão de princípios e conflitos de regras que 
desponta a principal distinção (qualitativa) entre essas duas espécies de normas. 
. Na colisão entre princípios, vigora a ideia de PESO ou VALOR ou IMPORTÂNCIA, de 
modo que o princípio de maior peso ou valor ou importância é o que deve preponderar 
no caso concreto (a colisão se resolve na dimensão do peso ou valor) – Aplica-se a 
técnica de PONDERAÇÃO. 
. De referência às regras, ou ela vale ou ela não vale, de modo que o conflito entre regras 
se resolve na DIMENSÃO DA VALIDADE, salvo se for possível introduzir, em uma das 
regras em conflito, uma cláusula de exceção capaz de eliminar o conflito. 
. Porque diante do conflito entre duas regras (mandamentos definitivos, ou são 
satisfeitas ou não são) há de se examinar qual regra válida diante daquela análise. – 
Aplico a norma 1 que é válida e declaro a invalidade da norma 2, excluindo-a do sistema 
jurídico. – É POSSÍVEL NESSE CONFLITO DE REGRAS QUE A SOLUÇÃO DESTE CONFLITO 
NÃO SE DÊ PELA INVALIDADE DE UMA DAS REGRAS, E QUE SEJA SOLUCIONADO PELA 
INCORPORAÇÃO DE UMA CLAÚSULA DE EXCEÇÃO DE UMA NORMA NA OUTRA. 
. EXEMPLO DA 1ª HIPÓTESE: Ocorreria se houver um conflito entre uma regra que proíbe 
sair da sala de aula antes de tocar o sinal (R1) e outra regra que obriga a todos a 
deixarem a sala de se soar o alarme de incêndio (R2). Se o alarme de incêndio soar (R2) 
antes mesmo de ser finalizada a aula com o toque do sinal (R1), haverá inegavelmente 
um conflito entre elas (R1 x R2), o que conduz a juízos concretos de dever-se 
contraditórios entre si. Esse conflito deve ser solucionado por meio da introdução, na 
primeira regra (R1), de uma cláusula de exceção prevista na segunda regra (R2) para o 
caso do alarme de incêndio. 
. Não sendo possível a solução pela introdução da cláusula de exceção (solução 1), uma 
das regras em conflito inevitavelmente deve ser declarada inválida (solução 1) e 
suprimida do sistema jurídico. O que não é possível é que dois juízos concretos de 
dever-ser contraditórios entre si sejam válidos. Para saber qual das regras é válida, é 
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possível utilizar os conhecidos critérios da lex posterior derogat legi priori e lex specialis 
derogat legi generali. Enfim, o conflito entre regras se resolve na dimensão da validade. 
. Relativamente à colisão entre princípios, impõe-se uma solução distinta, não pela 
declaração de invalidade, visto que só princípios válidos podem colidir (a colisão entre 
princípios pressupõe a validade dos princípios colidentes), mas a partir do sopesamento 
de interesses, de modo que, ao fim e ao cabo, um dos princípios colidente terá de ceder, 
não se falando aqui de invalidade nem de introdução de cláusula de exceção. 
. A rigor, o que acontece é que um dos princípios terá precedência em face do outro sob 
determinadas condições. Sob outras condições, a questão da precedência pode ser 
resolvida de forma oposta. Isso significa dizer que, nos casos concretos, os princípios 
têm pesos diferentes e os princípios com maior peso tem precedência. Enfim, a colisão 
entre princípios se resolve na dimensão do peso. 
. Mas, essa precedência não é absoluta, pois nenhum dos princípios em colisão goza, por 
si só, de prioridade. Por essa razão, impõe-se o sopesamento entre os interesses em 
colisão. E o objetivo do sopesamento é exatamente definir qual dos interesses – que 
abstratamente estão no mesmo nível – tem maior peso no caso concreto. 
. Alexy cita, como exemplo, a decisão do TCF sobre a colisão entre a obrigação do 
acusado de um crime de participar de uma audiência criminal, para garantir a aplicação 
adequada do Direito Penal (P1), e o interesse do acusado em se abster da participação 
para proteção de sua vida e integridade física (P2). A colisão deve ser resolvida pelo 
sopesamento. Se, no caso concreto, uma vez sopesados os interesses, o interesse do 
acusado (P2) se apresentar com um peso maior do que a sua obrigação de participar da 
audiência (P1), deve-se concluir que o interesse do Estado na obrigação de participação 
da audiência viola o princípio da proporcionalidade e, com isso, o direito fundamental 
do acusado à proteção da vida e da integridade física. 
- A classificação das normas constitucionais quanto a eficácia e a 
aplicabilidade: 
. Independentemente da eficácia ser plena, contida, limitada ou reduzida, todas as 
normas são dotadas de eficácia jurídica. – Nenhuma norma constitucional é desprovida 
de eficácia. – Com isso, estamos afirmando que todas elas têm FORÇA IMPOSITIVA, 
impõem obrigações/autorizações/faculdades. 
. Essa classificação serve para identificar os níveis de eficácia em cada norma. – A CARGA 
EFICACIAL VARIA DE NORMA PARA NORMA, mas todas são eficazes. 
A) Normas constitucionais de eficácia plena: essas normas constitucionais já 
trazem na sua descrição normativa todos os elementos dos quais ela precisa para ter 
aplicação imediata/direta/integral. – São autoaplicáveis, não dependem de nenhuma 
outra complementação. 
. Não preciso de autorização do poder público previamente. Mas, nada impede que este 
poder público estabeleça restrições. 
. EXEMPLO: Direito de ir e vir. 
. Normas bastantes por si mesmas. – Definição de Pontes de Miranda. 
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B) Normas constitucionais de eficácia contida: na verdade, ele queria se referir a 
expressão CONTÍVEL, pois falar “contida” dá ideia de ser represada/obstaculizada. 
. Basta que exista a possibilidade da contenção, ainda que ela não ocorra. 
. São aquelas normas que apesar de também reunirem em sua descrição todos os 
elementos necessários dos quis ela precisa, também prever possibilidades de sua 
aplicação não ser integral, daí a ideia de possibilidade de contenção. 
. Também são autoaplicáveis. 
. Embora a aplicação seja direta e imediata, nem sempre será integral, pois há a 
possibilidade de contenção. – Diferente das de eficácia plena, onde sempre será 
integral. 
. EXEMPLO: Direito à liberdade de profissão. – Direito que estou buscando exercer, mas 
não posso ainda exercer. – “É livre o exercício da profissão, do trabalho, do ofício, do 
emprego, atendida as qualificações profissionais que a lei estabelecer. 
 . Não posso atuar na profissão de advocacia sem cursar Direito e ser aprovado 
na prova da OAB. 
. Discutiu-se no STF, a possibilidade do Estado regulamentar a profissão de jornalista, 
pois ela envolve outra liberdade fundamental que é a liberdade de imprensa (informar 
através dos meios de comunicação). – Tivemos uma lei que veio para regulamentar essa 
relação, exigindo que o profissional da imprensa, o jornalista, se qualifique primeiro. Só 
que o STF reconheceu a inconstitucionalidade dessa lei, pois negou esse direito do 
Estado de fixar essas condições de qualificação, pois estariam contra a liberdade de 
imprensa. 
C) Normas constitucionais de eficácia

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