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seleção.Essa metodologiaé denominada "seleçãoassistidapormarcadores"(doinglês MarkerAssistedSelection- MAS) etambém permitea seleçãoparacaracterísticaslimi- tadaspelosexo.Um exemploclássicoéase- leçãodetourosvisandoo melhoramentoda produçãoleiteira,característicaque,eviden- temente,sóvaiserexpressanaprolefe~ini- na.Marcadorestambémpossibilitamo mo- nitoramentodecaracteresemprocessosde introgressão(introduçãodegenesespecífi- cosnumaraçaou população). Comojáfoi referidoanteriormente,aefi- ciênciada seleçãoassistidapor marcadores dependedaproximidadenocromossomoen- treopolimorfismoeacaracterísticainvestiga- da.Nessesentido,osmapasdeligaçãosãode extremaimportânciae têmsidopublicados paraasprincipaisespéciesdeanimaisdomés- ticos(verhttp://locus.jouy.inra.fr/cgi-bin/ bovrnap/livestock.pl).Embovinos,essesma- pasjápermitiramaidentificaçãodelocosrela- cionadosàproduçãodeleite;emovinos,para fecundidadeeemsuínosparaidentificaçãode fatoresdecrescimento,gorduraeresistência adoenças.Inicialmenteessesmapasenfren- taramlimitaçõesdevidoasuabaixadensidade. Atérecentementeamédiadeintervaloentre marcadoresexcedia5cM emsuínose 10cM embovinose ovinos.Contudo,embovinos ummapadealtaresoluçãojáestádisponível, tendoemmédiaumintervalode2,5cM oque aumentaaeficiênciaparadetecçãodeQTLs. Alguns Marcadores em Aplicação nas DiferentesEspécies Associadosa Doenças BLAD BLAD(Kehr1i,1990)éasiglaeminglês dedeficiênciadeadesãodeleucócitosem bovinos(Bovineleukocyteadhesiondeficien- cy).Éumadoençaqueafetaprincipalmente certaslinhagensdegadoholandês(Ivanhoe) e quepossuiumequivalenteemhumanos denominadoDeficiênciadeAdesãodeLeu- 274 cócitosemHumanos.É causadaporuma mutaçãoquealteraumreceptordeproteí- nasdosleucócitosdemodoaimpedi-Iosde seancorarnossítiosdeinfecçãoe conse- qüentementedecombatê-Ia.Emconseqüên- cia,osanimaisafetadosnãoconseguemres- ponderadequadamentea infecçõesquese tornampersistentesourecorrentes.O diag- nósticodosheterozigotoséfeitoporPCR- RFLP (GarciaetaI.,1996) DUMPS A Uridinamonofostatosintetase(UMFS) éaenzimaresponsávelpelaconversãodoacido oróticoparauridinamonofosfato(UMF), que éumcomponenteessencialdosnucleotídeos pirirnidínicos.Estaenzimatemduasfunções conhecidas:fosforibosiltransferase(OFRTase) e orotidina monofostatodescarboxilase (OMFDCAse), correspondendoaosdoisúl- timospassosdasíntesedaspirimidinas.Con- siderandoqueas pirimidinassão compo- nentesvitaisdosácidosnucléicos,adeficiên- ciadeUMFS temconseqüênciasseveras.Essa deficiência,embovinos,é responsávelpor umadoençacompadrãodeherançaautossô- rnicarecessivaquecausamortalidadeembrio- nária.(Robinsonetal.,1983).A detecçãodos portadorespode ser feitapor PCR-RFLP (PolietaI., 1996). PSSemSuínos A síndromedo Stressdesuínos(Porcine StressSyndrome)ou HipertermiaMalignaé umadesordemhereditáriaautossôrnicareces- sivacompenetrânciaincompleta(Eikelenbamm & Minkena,1974).Osanimaisafetadosapre- sentam,sobcondiçõesdeestresseouexposição aalgunsagentesquímicos(halotano,hidrocar- banofluorinadoesuxametônio),umquadroca- racterizadoporrigidezmuscular,dispnéia,hi- pertermiaemorteprematura. No iníciodadécadade70,foi introduzido umtesteparadetectarportadoresdogeneda PSS quesebaseavanaexposiçãodosanimais aohalotano(Nelsonetal.,1974).Osanimais susceptíveisapresentavamossintomasdescri- tosacimaeoexamedeviaserinterrompidoaos primeirossinaisderigidezmuscularsobpena delevaros animaisàmorte.Posteriormente, descobriu-sequeo genedaPSS fazpartedo grupode ligrçãodo cromossomo6, muito próximodosgenesdaPHI (FosfoexoseIsome- rase),PGD (FosfogliconatoDesidrogenase), P02(Pós-albumina2)edosgenesH eS,envol- vidosnadeterminaçãodeantígenoseritroci- tários(V6geli,1989).OsgenesdaPHI, PGD e P02apresentavamdesequihôriode ligação como genedaPSS emdiversaspopulações, o quepermitiaa discriminaçãodosheterozi- gotoscomumaeficiênciadeaté95%(Gahne & Juneja,1985).Maisrecentementeestabele- ceu-seumtestebaseadoemPCR-RFLP (USA PatentNumber:05358649*)que,deummodo rápidoeeconômico,conseguedetectaroshe- terozigotoscom100%deprecisão. "Overogene"emEqüinos O geneletalemoverosbrancos(doinglês LethalWhiteOvero- LWO) éherdadodefor- maautossômicae,quandoemheterozigose, normalmenteproduzumpadrãodepelagem bastanteatrativoparaoscriadoresdenominado "overo"(Scneider& Leipold,1978).Quando ogeneapresenta-seemhomozigose,ospotros apresentamalteraçõesnotratogastrintestinal quefatalmenteoslevamà morte.Atémuito recentementenãoexistiammétodosprecisos dediagnósticodeportadores.Entretanto,a partirdalocalizaçãodogenefoidesenvolvido um testebaseadonumPCR ateioespecífico (ASPCR) quepermiteaperfeitadiscrimina- çãodosanimaisportadores.Dessaforma,é possívelorientaros cruzamentosdemodoa evitara homozigosidadedogeneou mesmo eliminá-Iodealgumaslinhagens. SClD A imunodeficiênciaseveracombinada (SCID - SevereCombinedImmunodeficien- * http:jjwww.nalusda.govjbicjBiatech_Patentsj1994patentsjO5358649.html cy) é umadoençaqueafetaprincipalmente cavalosárabes.Temherançaautossômicare- cessivae deve-sea umadeleçãode 5 pares debasesnogenequecodificaaunidadecata- líticada proteínaquinaseDNA-dependente (McGuire& Poppie,1973).Osestudosindi- camquecercade 18- 25%dapopulaçãode cavalosárabesé portadorado gene(Poppie & Mcguire,1997;Bernoco& Bailey,1998). Umaconseqüênciaóbviaeraograndeprejuí- zo, considerando-sequeos potrosafetados morremnoprimeiroanodevida,nãoobstante asdespesascomtratamento.Em 1997,uma companhiadenominadaVetGen (http:// www.vetgen.comj)anunciouacomercializa- çãodeumtesteparaadetecçãodeportadores. A partirdeentão,hápossibilidadedeorientar oscruzamentosevitando-osentreanimaishe- terozigotose,conseqüentemente,permitindoa eliminaçãopotencialdaocorrênciadeafetados. Marcadores Associados a Características Produtivas Kappacaseína Doisalelossãocomumenteobservadosno locodaKappacaseínanasraçasdebovinos leiteiros:A eB. Há indicativosdequeosani- maisportadoresdoateioB produzemumleite comcaracterísticasindustriaisemaisadequa- dasaofabricodequeijodoqueosanimaiscom o ateioA (Schaar,1984;Schaaretal.,1985). Dentrodeumafamíliadetourosdaraçaholan- desadosEstadosUnidos,osfIlhosquerecebe- ramoaleloBapresentaramumaPTAparaleite 185kgmaisaltadoqueosfIlhosquerecebe- ramo ateioA (Funk,1992).Existemgrandes diferençasraciaisnasfreqüênciasdosalelosde Kappacaserna.A freqüênciado ateioB varia de3%noHolandêsaté74%no Jersey. BetalactoGlobulina Doisalelossãocomumenteobservados nolocodabetalactoglobulinacaseínanas raçasdebovinosleiteiros:A e B. Observa- 275 çõesdentrodefamíliasdetourosholandeses nosEstadosUnidosdemonstramquefIlhos querecebemo aleloA têmmaioresPTAs para leite(+160kg)eproteína(+ 6kg),entre- tantotêmumamenorproduçãodegordura comparadoa filhosquerecebemo aleloB (Funk,1992). o GeneBooroola O geneBooroola(FecB =FecundityBoo- roola)éorigináriodeumalinhagemdeMe- rinoAustralianodaqualherdouo nome.É um geneprincipaldeherançasimplesque afetaataxaovulatóriadeovinose,conseqüen- temente,onúmerodecordeirosnascidospor parto.A detecçãodasportadoraséfeitaatra- vésda mensuraçãodas taxasovulatórias. Fêmeascomtaxas< 3sãoconsideradas++, < 5sãoF+ e > 5 sãoconsideradashomozi- gotas(FF). Em funçãodisso,adetecçãode portadoresécaraedemorada,principalmente paraadiscriminaçãodemachosportadores, ondesefaznecessárioumtestedeprogênie. Deummodogeral,pode-seafIrmarquecada cópiadogenelevaaonascimentodeumcor- deiroadicional.No MerinoBooroola,asfê- measquenãopossuemnenhumacópiado geneproduzemnormalmenteapenasum cordeiro/parto,as heterozigotasdois e as homozigotastrês(Piperetal., 1984). Porsetratardeumúnicogenecomgrande efeitonareprodução,háinteressedesuaintro- duçãoemoutrasraçasemesmoespécies.Em 1996,aAgResearchdaNovaZelândia,anun- ciouadescobertadeumtestemolecularpara adetecçãodogene.Essetesteéaplicadopor umaempresadenominadaGenomnz. Manejo de RecursosGenéticose a Conservaçãode Espéciese Raças A domesticaçãoe posteriorcriaçãodeanimaisdomésticosforameventosqueala- vancaramodesenvolvimentosócio-econômi- codahumanidadeesuaimportânciaperma- 276 necemuitograndeatéhoje.Estimativasdão contadequeatualmenteosanimaisdomés- ticossãoresponsáveis,diretaouindiretamen- te,pelosuprimentodecercade30%deto- dasasnecessidadeshumanasno tocantea alimentaçãoeagricultura.A FAO defineco- rno recursogenéticoanimal"aquelasespé- ciesanimaisque sãoutilizadas,ou podem serutilizadasparaaproduçãodealimentos ouparaaagriculturaeaspopulaçõesqueas compõem.Essaspodemserclassificadasco- mopopulaçõesselvagens,populaçõeslocais, raçasdefinidas,linhagensselecionadase qualquermaterialgenéticoconservado". Observa-sequeo termo"recursogenético" contemplapraticamentetodaagamadeva- riaçãogenéticapossível. Existemraçase espéciesadaptadasaos maisvariadosecossistemas,desdeeqüinos adaptadosàsplaníciesalagadasdoPantanal atéIaquesadaptadosao climainóspitodas montanhasdo Himalaia.Cadapopulação, adaptadaa um diferenteambiente,temum grandepotencialestratégicoesuamanuten- ção e preservaçãosão fundamentais,pois umavezqueumaraça/espéciesejaextinta, nãohaverámaispossibilidadesderecompô- Ia.Estimativasindicamaexistênciadecerca de3882 raçasde28 espéciesdeanimais domésticos,cercade30%dasquaisestãoem viasdeextinção(FAO,2001). Freqüentementeobservam-secompara- çõesentreaeficiênciaprodutivaderaçaslo- caisadaptadasaambientesrestritivoseraças modernascriadasemsistemasaltamentetec- nificados.É previsívelqueseobserve,então, umdesempenhomuitomodestodasprimeiras quandocomparadascomasraçasespecializa- das.Essetipodegeneralizaçãotemlevado, muitasvezes,àintroduçãodesordenadadera- çasmodernasaltamenteespecializadase a substituiçãoe mesmoextinçãodasraçaslo- caisadaptadassempreocupaçãocomaperda derecursosgenéticos. Enquantoasraçasnativasenfrentamris- codeextinção,asraçasmodernastêmen- frentadoumproblemanãomenospreocu- pante:areduçãodavariabilidadegenética. A utilizaçãomaciçadebiotecnologiastais comoainseminaçãoartificialetransferên- ciadeembriões,queporumladopermiti- ramgrandesavançoszootécnicos,'porou- trotemlevadoa \fmaperigosareduçãono repertóriodosgenesdealgumasraçaspelo usoindiscriminadodepoucosreprodutores considerados"excepcionais".Comoembo- vinos,apecuáriadeleiteéa maiorconsu- midoradetecnologiasdeponta.Esseseg- mentoéo queprimeiroestáexperimentan- doosproblemasdecorrentesdaconsangüi- nidade,conseqüênciadareduçãodosesto- quesgenéticos.Sãorelatadassituaçõesocor- ridasemalgunspaísesdaEuropaemque, numdeterminadomomento,25%detodas asinseminaçõesrealizadashaviamsidoefe- tuadascomo sêmendeumúnicotouro. Namedidaemquetornamososanimais easplantasmaishomogêneospelaredução davariabilidadegenética,estamoslimitan- doasoportunidadesdeseleçãoparacaracte- rísticasquepossamviraserimportantesno futuro.Muitasdasespéciesdeplantaseani- maisdomésticosaindanãoforamcaracteri- zadaseestudadaspelaciênciamoderna,en- tretantopodemfornecermateriaisquetraba- lhadospelastécnicasmolecularespoderão aumentaraprodutividadenofuturo.A pre- servaçãoderaçaslocaisaltamenteadapta- daséumaestratégiavitalparagarantirosu- cessodosprogramasdeseleçãoemlongo prazo.Alémdisso,éimportanteconsiderar queascaracterísticasrelacionadasaadapta- çãoemambientesespecíficossãomuitomais difíceisdemediremodificarqueaschama- dascaracterísticasprodutivas.A manuten- çãodadiversidadeéfundamentalparaman- terumareservadegenesquepossamseruti- lizadossemprequehouveranecessidadede melhoramentoderaçasexistentesoudesen- volvimentode novasraças,quersejapara atenderanovasdemandasdomercado,quer sejaparasuperardesafiosimpostospeloam- biente,taiscomoalteraçõesclimáticasou o surgimentodenovasdoenças. Considerações Finais A utilizaçãode marcadoresgenéticosé umaferramentacomimensopotencial,quer sejaparapesquisabásicaouparacaracteriza- çãodepopulaçõesepreservaçãoderecursos genéticos,quersejaparatécnicasaplicadas aomelhoramentoesanidadeanimal.Adicio- nalmente,o aprofundamentodosconheci- mentosdaorganizaçãogenéticanasespécies deanimaisdomésticoseselvagenspodeforne- cersubsídiosfundamentaisparaoaprimora- mentodacompreensãodabiologiaanimale, porextensão,dossereshumanos.Astecnolo- giasgeradaspelaspesquisasgenômicasterão umimpactodifícildesermensuradoemprati- camentetodososcamposrelacionadosàpro- duçãoanimal,dasanidadea reprodução,re- volucionandodessaformaaclínicaveterinária eos sistemasdeprodução. ReferênciasBibliográficas ARRANZ,T.T.,BAYON,Y.,SANPRIMITIVO,F. Comparisonofproteinmarkersandmicrosa- tellitesindifferentiationofcaulepopulations. Anim.Genet.,v.27,n.5,pAI5-419,1996. BERNOCO,D., BAILEY,E. Frequencyof the SCIOgeneamongArabianhorsesintheUSA. AnimalGenetics,v.29,n.l, pAI-42, 1998. 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Mesmoqueindivíduosidênticospossam serproduzidospelabipartiçãodeembriões ouaindapelaseparaçãodosblastômerosde embriõesnosestádiosiniciaisdodesenvolvi- mento,o númerodeclonesobtidosémuito restrito.Essalimitaçãopode,noentanto,ser superadapelareconstruçãodeembriões,isto é,pelatransferênciadenúcleosdecélulasdoa- dorasparao interiordeoócitosenucleados. Essesoócitoscontêmascondiçõesnecessárias paraquenúcleosprovenientesdecélulasem- brionárias(Willadsen,1986;Campbelletal., 1996a),fetais(Cibellietal.,1998)ou,atémes- mo,deanimaisadultos(Wilmutetal.,1997; WakayamaetaI., 1998)possamreiniciaro desenvolvimentoembrionárionoestádiode zigotoedarorigemaindivíduosnormais,pos- sibilitandoassimaproduçãodemuitascópias deum mesmoanimal. O principalobjetivodopresentecapítulo édescreveralgunsaspectosimportantesrela- cionadosàproduçãodeembriõesportrans- ferêncianuclear.Maiorênfaseserádadaao relatodaevoluçãodatecnologia,nadescri- çãodosmateriaiseprocedimentosutilizados paraa reconstruçãodosembriõesnaapre- sentaçãodosprincipaisresultadosobtidose nadiscussãodospossíveisfatoresqueinter- feremnaeficiênciadestatecnologia. Históricoe Evolução A transferêncianuclearfoi inicialmente propostaporSpemann(1938)comoinstru- mentoparaoestudodaequivalêncianuclear, istoé,paradeterminarseacromatinasofreria algumtipodemodificaçãoduranteadiferen- ciaçãocelular.Foinecessáriomaisdeum quartodeséculoatéqueBriges& King (1952) realizassemcomsucessoaprimeiratrans- ferêncianuclearemanfíbios.Numerosose aprofundadosestudosforamconduzidosuti- lizandooanfíbiocomomodeloanimal(para 281 maisinformaçõesver Diberardino,1980; Gurdon,1986;Diberardino,1997).Esses estudospossibilitaram,já na décadade60, a produçãode clonesapósa transferência denúcleosprovenientesdecélulasintestinais retiradasderãsnoestádiodelarva(Gurdon & Uehlinger,1966).Mesmoqueosexperi- mentoscomanfíbiostenhamcontribuídopara o esclarecimentodemuitasquestõesfunda- mentais,atéopresenteaindanãoexistemre- latosdaclonagemdeanfíbiosadultos(Dibe- rardino,1997).Apesardequeumaresposta precisaparaestaquestãoaindapermaneça desconhecida,épossívelqueosprocedimen- tosutilizadossejamincapazesdereprogra- marasmodificaçõesestruturaissofridaspela cromatinaduranteoprocessodediferencia- çãocelular(Kikyo& Wolffe,2000).As inte- raçõesqueseproduzementreosnúcleosdoa- doreseos citoplasmasreceptores,bemco- mo os possíveismecanismosenvolvidosna reprogramaçãodacromatinatransplantada, serãomelhordiscutidosulteriormente. Nos mamíferos,o primeirosucessocom transferêncianuclearfoi obtidoemcamun- dongosporIllmensee& Hoppe(1981).En- tretanto,afaltaderepetibilidadedosresulta- dosporoutrosgruposdepesquisa,associado aosresultadosobtidosporMcgrath& Solter (1984)mostrandoainibiçãonodesenvolvi- mentodosembriõesreconstituídoscomnú- cleosprovenientesdeembriõesapóso está- dio de2 células,sugeriamquea clonagem de mamíferosseriauma conquistapouco provável.Considerandoqueo estádiode2 célulasnocamundongocoincidecomo iní- ciodaatividadedetranscriçãoou ativação do genoma embrionário (Flach et aI., 1982),umaexplicaçãoplausívelparao in- sucessofoi adequeestadiferenciaçãofun- cionaldacromatinajáseriaumfatorlimitan- teparaa clonagem. Os primeirosresultadosanimadorespara o sucessodaclonagememmamíferosforam 282 obtidosemovinosporWilladsen(1986),que obteveonascimentodevárioscordeirosapósa transferênciadenúcleosoriundosdeem- briõesnoestádiode8a 16células.Tendoem vista,quenestaespécieo iníciodaatividade transcripcionalembrionáriaocorrenoestádio de8 células(TelfordetaI.,1990),osresulta- dosdeWilladsenmostraramquea ativação dogenofnaembrionáriopoderianãoseruma limitaçãoparaa clonagemnos mamíferos, conformesugeridopelosresultadosobtidos nocamundongo.Outrosestudoscombovinos (PratheretaI.,1987),coelhos(Stice& Robl, 1988)esuínos(Pratheretal.,1989)confir- maramemoutrasespéciesosresultadosobti- dosporWilladsen. Outro avançodecisivoparaa clonagem nosmamíferosfoi obtidopor Smith& Wil- mut(1989),mostrandoquemesmonúcleos provenientesdecélulasdobotãoembrionário deembriõesnoestádiodeblastocistomanti- nhamopotencialparareiniciarodesenvolvi- mentoembrionárioepermitiro nascimento deanimais.Essesresultadosabriramnovas perspectivasparaa utilizaçãode linhagens celularesorigináriasdobotãoembrionárioou "stemcells"comodoadorasdenúcleo,oque garantiriaumafonteilimitadadenúcleospara a produçãodeclones.Foramos estudosde CampbelletaI.,(1996a)quemostraramque núcleosderivadosdelinhagenscelularesem- brionáriasmantinhamopotencialparasupor- tarodesenvolvimentoatermo.Devidoaolon- gotempoemculturaeasignificantemudan- çamorfológicadascélulas,essesresultados sugeriamquemesmocélulascompletamen- tediferenciadaspoderiamserusadaspara a clonagemde animais.Essa hipótesefoi confirmadaporWilmutetaI. (1997)quan- dodonascimentodaovelhaDolly,produto deumnúcleoorigináriodeumacéluladete- cidomamárioretiradadeumanimaladulto. Os avançosobtidos,principalmenteem ovinos,bovinosecoelho,estimularamarea- lizaçãode novastentativasparaclonagem noscamundongos.Os primeirosresultados vieramdosestudosdeCheongetalo(1993), mostrandoo nascimentodeanimaisapóso transplantedenúcleosprovenientesdeem- briõesno estádiode 8 células.Mais tarde, comalg\fl11asmodificaçõesnatécnica,que incluiapassagemdosnúcleospordoiscito- plasmas,ou seja,umatransferênciaparao oócitoreceptoreapósalgumtempoumare- transferênciaparaoutro oócito. Kwon & Kono (1996)obtiveramo nascimentode6 clonesapósotransplantede8núcleos.Tsuno- da& Kato (1998)mostraramemseguida, quenãosóosnúcleosprovenientesdecélulas dobotãoembrionário,mastambémdecélu- Iasdotrofectodermamantinhamopotencial parareiniciaresuportarodesenvolvimento. Finalmente,WakayamaetaI. (1998)clona- ramváriasgeraçõesdecamundongostrans- plantandonúcleosorigináriosdascélulasdo cumulusoophorus,asquaisjáseencontram emestádiofinaldediferenciação.Essesre- sultadosextraordinárioscomprovamque, emboraadiferenciaçãocelularpossareduzir o potencialdacromatinaparareiniciaresu- portaro desenvolvimentoatermo,pelome- nosemcertostiposdecélulaselanãocons- tituiumempecilhoparaaclonagemdeindi- víduosadultos. Os resultadosrecentes,obtidoscom o transplantedenúcleosprovenientesdecélu- lasretiradasdeanimaisadultos,sugeremque um númeroilimitadodecópiasdeanimais deinteressecomercialoucientíficopodeser obtido.Entretanto,muitasdúvidasaindane- cessitamseresclarecidas,nãosó parades- vendarosmecanismosnecessáriosparator- naratecnologiamaiseficiente,mastambém, paradeterminarospossíveisefeitossobreos animaisgerados.Atençãoespecialnecessita serdadaparaoesclarecimentodasaltastaxas demortalidadeembrionária,fetaleperi-na- tal,bemcomoparaascausasdaaltaincidên- ciadeanomaliaseabaixaviabilidadedosani- maisclonados. Descriçãoda Tecnologiade TransferênciaNuclear Osprocedimentosnormalmenteutiliza- dosparaaproduçãodeembriõesportransfe- rêncianuclearsebaseiamnosdescritospor Willadsen(1986)eestãorepresentadoses- quematicamentenafigura13.1.Sobretudo emcamundongos,algumasmodificações podemserempregadastantoparaa enu- cleaçãodosoócitosreceptoresquantopara o transplantedosnúcleosdoadores.A pre- paraçãodosoócitosreceptorescompreende basicamenteamaturação,aenucleaçãoea ativação. Maturação Os oócitosreceptoressãonormalmente utilizadosnafasefinaldamaturaçãomeiótica, quandoseencontramnoestádiodemetáfase 11 (M -11).A maturaçãoatéo estádiodeM -11 podeserfeitain vivoe osoócitosrecupera- dosdosovidutosapósaovulaçãoourecupe- radosdiretamentedosfolículosnosmomen- tosqueantecedemà ovulação.A maturação podetambémserfeitainvitro.Osoócitos,que seencontramnoestádiodeprófaseI ouvesí- culagerminativa,sãorecuperadosdefolículos antraiseapósumperíododecultura,quevaria deacordocomaespécie(ex.aproximadamen- te20 a24 h nobovino;Sirardetal., 1989), atingemo estádiodeM-II. A escolhadomé- tododematuração(invivoou invitro)énor- malmentefeitaemfunçãodaespécie.No caso dosanimaisdelaboratórioamaturaçãoépre- ferencialmentefeitain vivo,umavezquea recuperaçãodosoócitoséfeitaapósosacrifí- cio dosanimais.Alémdisso,os custospara induzirasuperovulaçãodosanimaissãobai- xos.Poroutrolado,nosbovinosamaturação énamaioriadasvezesfeitain vitro.Embora os primeirosestudosno bovinoutilizavam Citoplasma receptor Célulasdoadorasdenúcleos ~ ~ abatedouroAT\' ~ ~=H~ ~-~ I '.' / f ~~v,... ~enUCleaçãOO~ ~ , --:: rv A) / desagr~gação t ~ ~ dascelulas~ E @ ;::. " ..,~ . . ~""'N. transferenc18 00 '~' ir Cj 1~1(~),( ) . . '0 )X5'~ I ~ MIVIFIV/CIV congelamento Clones Figura13.1, Representaçãoesquemáticada reconstruçãodeembriõesportransferêncianuclearembovinos(adapta- da de Smith, 19921. Os oócitos receptoressão normalmenterecuperadosde ovários de animais abati- dose maturadosinvitro(MIV) ouaindacolhidosde animaisvivosporaspiraçãotransvaginal(ATV), As célulasdoadorasdenúcleospodemterorigemdeembriõesoude linhascelulares.Os embriõespodem serproduzidosinvivooua partirdeoócitosmaturados,fecundadose cultivadosinvitro(MIM/FIV/ClVI. As linhagenspodemserestabelecidosa partirdecélulasembrionárias,fetaisoudeanimaisadultos.Após a reconstrução,os embriõessão cultivadosatéo estádiode mórulaou blastocistoe transferidospara receptoras,ouaindautilizadosparareclonagem,estabelecimentode linhascelularesoucongelados. oócitosmaturadosinvivo(Pratheretal.,1987; Bondiolietal., 1990),como aprimoramento dastécnicasdematuração,o métodoin vitro passoua ser o maisusado(Barneset aI., 1993a).Tantoo métodoin vivoquantoo in vitroapresentamcertasvantagenselimitações emrelaçãoaooutro.Umadasvantagensda maturaçãoinvivoéadequeosoócitosadqui- remummaiorpotencialparasuportaro de- senvolvimentodo queos maturadosin vitro (Bordignonetal., 1997).Poroutrolado,os custosrelacionadoscomasuperovulaçãoea colheitadosoócitosemanimaisdeprodução, 284 limitamaproduçãodeumgrandenúmerode oócitosparafinsdeclonagem. Enucleação Emboramétodosfísicos(TsunodaetaI., 1988;TathametaI.,1995)equímicos(FuI- ka, Jr. & Moor, 1993)tenhamsidoestuda- dos,oprocedimentomaiseficazparaaenu- cleaçãodosoócitosreceptoresconsistenaas- piraçãodeumaporçãodo citoplasmaonde selocalizaacromatinacomoauxíliodeuma micropipeta.Antesdaenucleação,osoócitos devemserseparadosdascélulasdocumulus e criteriosamenteselecionados.Paraa reti- radadascélulasdo cumulus,osoócitossão mergulhadosnumasoluçãodehialuronida- se(naconcentraçãode1mg/m1)eemsegui- dapassadosváriasvezesatravésdeumapi- petafina(comdiâmetrointernoligeiramente maioraotamanhodo oócito)ou colocados numtuboeagitados(vortex)durante3 a 5 minutos. Paraaseleção,alémdaqualidademorfo- lógica,deve-selevaremcontaapresençado primeirocorpúsculopolar,oqueindicaque amaturaçãoatéo estádiodeM-II foi alcan- çada.Alémdisso,oprimeirocorpúsculopo- larpodeservirtambémcomopontoderefe- rênciaparaalocalizaçãodacromatinaaser removida.A enucleaçãodeveserfeitaempre- sençadecitocalasina(tipoB: 5 a 10j.Lg/m1 ou tipoD: 1a 2 j.Lg/m1),um desestabiliza- dor reversíveldosfilamentosdeactina,ne- cessárioparadarmaiorelasticidadeaosoóci- tosduranteamicrocirurgia.O procedimento maisusadoconsisteemremoveraproxima- damente30%dovolumedocitoplasmaadja- centeao primeirocorpúsculopolar,o que permiteum sucessodeenucleaçãode60 a 70%.Hajavistoqueacromatinaédifícilde servisualizada,faz-senecessáriocorar os oócitoscomumfluorocromoespecíficoparaDNA (Hoechst33342;Sigma;1a 10j.Lg/m1) eemseguidaexporosoócitosàluzultra-vio- letaparacertificarquea cromatinafoi efe- tivamenteremovida.Emboraessametodolo- giasejaamplamenteutilizada,algunsefeitos prejudiciaissobreaviabilidadedosoócitosre- ceptoressãoevidentes.Alémdaremoçãode umvolumerelativamentegrandedecitoplas- ma,oquesabidamenteinterferenaqualidade dos embriõesproduzidos (Evsikovet aI., 1990;WesthusinetaI.,1996;Zakhartchenko etal.,1997),aexposiçãoàradiaçãoultravio- letaafetaa integridadedosoócitos(Smith, 1993).Nabuscadeumprocedimentocapaz deminimizarestesefeitos,foi possívelesta- belecerumametodologiaquepermitiume- lhoraraquantidadeequalidadedosembriões produzidosapósa transferênciadenúcleos deorigemembrionária(Bordignon& Smith, 1998).O procedimentoconsistenaenuclea- çãodosoócitosapósaativação(estímulopa- raqueosoócitossaiamdobloqueiodaM-11 ecompletemamaturaçãomeiótica)median- tearemoçãodeumpequenovolumedecito- plasmaadjacenteàextrusãodosegundocor- púsculopolar.Como a enucleaçãoé feita dentrode poucashorasapósa ativação,a cromatinapermanecejustapostaaosegundo corpúsculopolar, garantindoassimquea grandemaioriadosoócitossejaefetivamente enucleadacoma remoçãodeumapequena fraçãodo citoplasma,abolindoassimo uso defluorocromoseaexposiçãoàradiaçãoul- travioleta.Alémdisso,essemétodopermite umamaiorseleçãodosoócitosreceptores, poissomentesãoutilizadososqueconseguem completara maturaçãomeióticae expeliro segundocorpúsculopolar. Ativação A ativaçãodosoócitosreceptoresconstitui outraetapadecisivaparao sucessodatrans- ferêncianuclear,hajavistoqueo momento daativaçãopareceterumimportanteefeito sobrearemodelagemdosnúcleostransplan- tadose,conseqüentemente,sobreo desen- volvimentodos embriõesreconstituídos. Conformemencionadoanteriormente,os oócitosreceptoressãonormalmenteutiliza- dosnoestádiodeM-11damaturaçãomeióti- ca.O bloqueiodameioseno estádiodeM- 11émantidoporumcomplexodeproteínas denominadoMPF (fatorpromotordameio- se).O MPF,atravésdeumprocessodefosfo- rilação,ativaváriasoutrasproteínas,asquais sãoresponsáveispelacondensaçãodacro- matinaemanutençãodosoócitosnoestádio de M-11(paramaisdetalhesverrevisãode Norbury& Nurse,1992;Nurse,2000).Em 285 condiçõesfisiológicas,istoé,no casodafe- cundação,o espermatozóide,aopenetrarno óvuloinduzadegradaçãodoMPF, desenca- deandoassimo fim dameiosee o iníciodo desenvolvimentoembrionário(K1ine& K1ine, 1992;Swann& Ozil, 1994;ParringtonetaI., 1996).Emborao mecanismopelo t'tualo espermatozóidedesencadeiaaativaçãoain- dasejamotivodecontrovérsias(Fissoreetal., 1998),nãorestamdúvidasquea ativaçãoé dependentedeoscilaçõesintracelularesdoíon cálcio(Swann& Ozil, 1994;K1ine,1996). Assimcomoo espermatozóide,osméto- dosartificiaisutilizadosparaativaçãodos oócitostambémsebaseiamnainduçãodeos- cilaçõesdecálcio.Os procedimentoscomu- menteusadosincluemaexposiçãodosoóci- tosa: 1) soluçõescontendocálcio(Wareet aI., 1989;Susko-Parrishet aI., 1994),2) agentescapazesdeinduziraentradadocál- cio extracelularou a liberaçãodasreservas intra-celularesdecálcio(WareetaI., 1989; Nagai,1987;Bos-Mikichetal., 1995).Para oprimeirocaso,umdosprotocolosmaisusa- dos é o descritopor Susko-Parrishet aI. (1994),queconsistenaexposiçãodosoóci- tosa umasoluçãocontendo5 ,uMdeiono- micina(Sigma)porumperíodode4 minu- tos.Paraosegundocaso,osdoisprocedimen- tosmaisusadossãoa estimulaçãoelétrica (Wareetal., 1989)e o etanola 7%por um períododeexposiçãode5 minutos(Nagai, 1987).Umadaslimitaçõesdosmétodosar- tificiaisé a baixaeficáciaparainduzira ati- vaçãodosoócitosnãoenvelhecidos,istoé, resultadossatisfatóriossomentesãoobtidos quandoos oócitossãomantidosemcultura porlongoperíodoapósterematingidooesta- dodeM-II (WareetaI.,1989;Nagai,1987). A razãodabaixaeficiênciaquandodautiliza- çãodosoócitosnãoenvelhecidoséprovavel- mentedevidoàincapacidadedosagentesarti- ficiaisdeinduzirrepetidasoscilaçõesnosní- veisdecálcio,comoocorreapósa fecunda- 286 ção.Assim,quandoumúnicoestímuloéapli- cadoaosoócitosnãoenvelhecidos,adegra- daçãodoMPF ocorreapenasdeumamaneira transitória,masa atividadevoltaa seelevar (Ozil, 1990;ConasetaI.,1993;Conasetal., 1995).Jáparaocasodosoócitosenvelheci- dos,devidoprovavelmenteà menorcapaci- dadeparasíntesedasenzimasresponsáveis pelaestabilizaçãodoMPF (WUetaI.,1997), umaúnicaoscilaçãodecálcioésuficientepara completaraativação.Poroutrolado,embora sejamfacilmenteativados,osoócitosenvelhe- cidospossuemmenorpotencialparasuportar odesenvolvimentoembrionário(Chianetal., 1992;Konoetal.,1994).Portanto,maisestu- dosnecessitamserfeitosparao estabeleci- mentodemétodosdeativaçãomaiseficazes. Umadasalternativasencontradasparaevi- tarqueaatividadedoMPF volteaaumentar apóso tratamentodeativaçãofoi a deincu- barosoócitosempresençadesubstânciasca- pazesde inibir a fosforilação (6-DMAP, 6-Dimethylamino-purine;Susko-Parrishet aI.,1994)ouasínteseprotéica(ciclohexami- da;Yangetal.,1994).Nessecaso,osoócitos sãoexpostosaumestímulodeativaçãoeem seguidacultivadospor váriashorasempre- sençadeumadassubstânciasinibidoras.Mes- moqueoócitosativadoscomesteprotocolo tenhampossibilitadoresultadosanimadores na clonagem(Loi etal., 1998;Wenset al., 1999),osefeitosdaincubaçãodosembriões reconstituídosnapresençadessesagentesini- bidoresnecessitamsermelhorestudados.Ou- traalternativaquetemsidousadacomsucesso paraativaçãodeoócitosemdiferentesespé- ciesaquáticasenosanfíbioséautilizaçãodo próprioespermatozóide.Nessecaso,acroma- tinadoespermatozóideédestruídapormeio detratamentosdeirradiaçãosemafetarsua capacidadede penetrare ativaros oócitos (Tompkins,1978;StreisingeretaI., 1981; Chourrout,1982).Nossastentativasparaa aplicaçãodestesprocedimentosemmamí- ferosforamnoentantomenospromissoras (Bordignon& Smith,1999).Emboraoses- permatozóidesirradiadoscomultravioleta consigampenetrareativarosoócitos,ocorre umbloqueionodesenvolvimentoembrioná- rio,possivelmenteemdecorrênciadaincom- pletadestruiçãodacromatina. PreparaçãodasCélulasDoadorasdeNúcleos A preparaçãodascélulasdoadorasdenú- cleosvariaemfunçãodotipodecélulautili- zada.Atépoucotempo,somentecélulasde origemembrionáriaeramutilizadascomsu- cessona clonageme, mesmoassim,com grandevariaçãoentreasdiferentesespécies. No camundongo,porexemplo,ondesomente núcleosprovenientesdeembriõesapósaspri- meirasclivagenspermitiamodesenvolvimento embrionário,osnúcleoseramseparadosjun- tamentecom uma porção do citoplasma celularcom o auxI1iode umamicropipeta (Mcgrath& Solter,1984;Smithetal.,1988). Contrariamenteaocamundongo,nasoutras espéciescomobovinoseovinos,núcleospro- venientesdeestádiosembrionáriosmaisavan- çadospermitemumamelhortaxadedesen- volvimentodosembriõesreconstituídos,pos- sibilitandoassima utilizaçãodascélulasin- teiras.Nos bovinos,embriõesno estádiode mórulacompactanodia5ou6apósafecun- daçãosãopreferencialmenteutilizados,pois contêmum bomnúmerodecélulase man- têmum bompotencialde desenvolvimento (ZakhartchenkoetaI.,1995). Parafacilitaro trabalhoe proporcionaro máximodeaproveitamentodosnúcleosde cadaembrião,érecomendadaacompletade- sagregaçãodosblastômeros.Inicialmente,pro- cede-searetiradadazonapelúcida,quepode serconseguidapordigestãoenzimática(Pro- nase;Sigma;naconcentraçãode3 mg/rnl), comumasoluçãoácida(pH2,5)ouaindame- canicamentecomo auxt1iode umamicro- pipeta.Parafacilitaradesagregação,éacon- selhávelmanterascélulasporumperíodode 15minutosemmeio(PBS)semcálcioemag- nésio.A massadecélulaséemseguidaaspi- radaporváriasvezescomumapipetadeca- librepoucosuperioraodiâmetrodascélulasa desagregar.Paraevitarqueascélulasserom- pamduranteadesagregação,érecomendável a adiçãode citocalasinaao meio.Quando célulasemcultivosãoutilizadascomofonte denúcleos,adesagregaçãoéfeitacomusode tripsinanaconcentraçãode0,25%.Apósoiso- lamento,ascélulassãoinjetadasnoespaçope- rivitelinodetalformaquepermaneçamemm- timocontatocomamembranaplasmáticados oócitosreceptoresparafacilitara fusão.Reconstruçãodosembriões(fusãocélula doadora/oócitoreceptor) O métodomaisutilizadoparatransferir umnúcleodentrodeumoócitocontinuasen- dopelafusãoentreasmembranasplasmáticas dacéluladoadoraedooócitoreceptor.Vários agentes,taiscomoasdescargaselétricas(ele- trofusão),vírusSendaiinativado,polietilieno- glicoleliposomaspodeminduzirafusãoen- treasmembranasplasmáticas.Dentreesses, a eletrofusãoé preferencialmenteusadana maioriadasespécies(Robletal.,1992).A ele- trofusãodeveserfeitaemmeiodebaixacon- dutânciaelétricaparaevitaraproduçãoedis- persãodecalor.A soluçãodeManitol,com- postade0,3M demanitol,0,1mMdeMgSO4 e0,05mM deCaCl2ouo meiodeZimmer- man(Tabela13.1)sãoosmaisutilizados.A Tobelo 13.1. Composição do meio de fusão celular Zimmermonn. Componente Sucrose Mg(C1HNr4HP Co(C1HN1 ~HPO4 Glutotiono BSA Concentração 0,28M 0,50mM 0,10mM 1,00mM 0,10mM 0,01mgjml 287 eletrofusãocompreendenormalmenteum pulsodecorrentealternadaeoutrodecorren- tedireta.A correntealternadaserveparaali- nharasmembranasaseremfundidaseJ;J1posi- çãoparalelaaoseletrodos.Jáacorrentedire- tainduzaformaçãodeporosnasmembranas o quelevaa fusãoentreascélulas. Osparâmetrosusadosparaaeletrofusão, incluindoaduração,aintensidadeeonúme- rodepulsos,podemvariaremfunçãodotipo deequipamentoutilizado,do tipodecélula aserfusionadoedaespécieutilizada.Embo- raumaamplavariaçãonosparâmetrospossa serencontradanaliteratura,acorrentealter- nadaénormalmenteaplicadacomumafre- qüênciade600a 1000kHz, umavoltagem de5 a 6 V e umaduraçãode5 a 10J,Lseg. No casodacorrentedireta,de 1a 3 pulsos comintensidadede0,6a3,6kV/cmedura- çãode30a250J,Lsegtêmsidousados(Robl etaI.,1992).Em geral,osíndicesdefusão sãomaiselevadosquandoaintensidadeelé- tricaaplicadaestápróximadolimitesupor- tadopelascélulassemqueocorraa liseda membrana.Tendoemvistaqueexisteuma diferençaemfunçãodosequipamentosuti- lizados,o maisrecomendadoéquecadala- boratórioajusteseusprópriosparâmetros. O estreitocontatoentreacéluladoadoraeo oócitoreceptoreo perfeitoalinhamentoem posiçãoparalelaaoseletrodossãocondições indispensáveisparaincrementaros índices defusão(Figura13.2). Outro métodode fusão que tem sido empregadocomsucessoemcamundongos (Mcgrath& Solter,1984;Smithetal.,1988) ecoelhos(Stice& Robl,1988)éovírusSen- daiinativado.A metodologiaconsisteemin- jetarnoespaçoperivitelino,juntamentecom acéluladoadora,umapequenafraçãodemeio contendoovírusinativado.Umadiferençaem relaçãoaeletrofusãoéadequeovírusinduz afusãosemcausaraativaçãodosoócitosre- ceptores,oquepodeserdeinteresseemalgu- 288 A Placa de Petri A B Figura13.2.A- Representaçãoesquemáticada câmara de fusãoutilizadaparaa reconstruçãode em- briões.B-Etapasda fusãoentrea céluladoa- dora e oócito receptor:(11Célula embrioná- rianoespaçoperivitelinodo oócitoenucleado antesda aplicação do pulsoelétrico.121Iní- cio da fusãoentrea célulae o oócitoreceptor. (3) Incorporação da célula doadora pora dentrodo oócito receptor.(4)Oócito recons- truídoapós o términoda fusâo.Todo proces- so de fusão,desdeo pulsoelétricoatéa com- pleta incorporaçãoda céluladoadora, leva em tornode 20 a 30 minutos. mas situaçõesexperimentais.Mais recente- menteWakayamaetalo(1998)adequaram umprocedimentoparaa injeçãodosnúcleos doadoresdiretamentedentrodo citoplasma receptor.Esseprocedimento,alémdepermi- tir a reconstruçãodosembriõesseminterfe- rirnociclocelulardosoócitosreceptores,evita a transferênciadocitoplasmadacéluladoa- doraparadentrodooócito,o quepodefaci- litarasinteraçõesentreo núcleotransferido eo citoplasmareceptorfavorecendoassima reprogramaçãonuclear. Fatores que interferem na Clonagem por Transferência Nuclear Conformemencionadopreviamente,até poucotempo,atransferêncianucleareraba- sicamenteefetuadautilizando-secomofonte denúcleosembriõesnosestádiosdepré-im- plantação.Entretanto,apóso nascimento daovelhaDolly (WilmutetaL, 1997)mos- trandoque núcleosorigináriosde células retiradasdeanimaisadultosmantinhamato- tipotencialidade,istoé,o potencialpararei- niciaresuportaro desenvolvimentoatermo, váriostiposdecélulassomáticasestãosendo testadoscomofontedenúcleosparaclona- gemdemamíferos.Atéo presente,já foram utilizadoscomsucessonúcleosderivadosde célulasdaglândulamamária,defibroblastos, decélulasdocumulus,decélulasdagranulo- sa,decélulasdooviduto,deleucócitose de célulasmusculares(Wilmutetal., 1997;Ci- bellietal.,1998;Wakayamaetal.,1998;Kato etal.,1998;Wellsetal.,1999;Gallietal.,1999; Shigaetal., 1999).O potencialdedesenvol- vimentodeembriõesclonadosapartirdenú- cleosdecélulasembrionáriasesomáticasestá descritona tabela13.2.Apesarda grande variaçãoencontradanosdiferentesestudosos resultadosmostramquenúcleosprovenien- tesde célulasembrionáriaspossuemmaior potencialdedesenvolvimentodoqueosderi- vadosdecélulasmaisdiferenciadas.Alémdis- so,a taxademortalidadeembrionária,feta!e peri-natalémaiornosembriõesreconstruídos comnúcleosdecélulassomáticas. A baixaeficiênciadeclonagemapartirde célulassomáticasmostraque um grande avançonecessitaserfeitoparagarantiradi- fusãodestatecnologia.O melhorcaminho parasechegaraesteobjetivopossivelmente sejaatravésdadescobertadosmecanismos envolvidosnadiferenciaçãocelularenoesta- belecimentodemétodoscapazesderepro- gramarestadiferenciação.Apesardosmeca- nismosresponsáveispelareprogramaçãodos núcleostransplantadosnãoestaremainda bemesclarecidos,osoócitosreceptorespare- cemcontertodasas condiçõesnecessárias paraareprogramaçãonuclear.Destaforma, definirasmelhorescondiçõesparamaximi- zaraaçãodestesmecanismospresentesnos oócitosreceptorespareceserumdoscami- nhosparao incrementodosresultados. Umadasalternativasquetemsidotesta- daparapotencializaraaçãodosmecanismos oocitárioséa reclonagem,ou seja,a passa- gemdosnúcleospordoisoócitosreceptores. O procedimentoconsisteem transferiros núcleosparadentrodosoócitosreceptores, cultivarosembriõesreconstituídoseretrans- ferirosnúcleosparaumnovooócitorecep- tor.Apesardeumnúmeroaindalimitadode estudos,areclonagempareceincrementaros resultadosnocamundongo(Tabela13.3).Já embovinos,quandodautilizaçãodenúcleos deorigemembrionária,ataxadedesenvolvi- mentoatéo estádiodeblastocistoé similar entrea clonagemea reclonagem(Bondioli etaL, 1990;Stice& Keefer,1993;Ectorset al.,1995;Takanoetal.,1997;Peura&Troun- son,1998).A maiorvantagemnessecasoé, noentanto,amultiplicaçãodonúmerodenú- cleosparaclonagem,ondeapartirdeumem- briãoseriapossívelproduzir390blastocistos com2ciclosdereclonagem(Peura& Troun- son,1998).Tambémnosbovinos,areclona- gemdeembriõesreconstruídoscomcélulas fetaisou deanimaisadultosnãoteveefeito aparentesobreataxadeblastocistosenasci- mentos(WellsetaL, 1999;Zakhartchenko etaL, 1999c;Galli etaL, 1999). Umadaspossíveisexplicaçõesparaadi- ferençaentreasespécies,referenteàclona- 289 Tabela13.2. Potencialde desenvolvimentodeembriõesreconstruidosportransferêncianuclear. Espécie Origemdosnúcleos %deblastacistos tronsplantados Medio(N) Variação Embriões - 8 célulasa mórula - botãoembrionário Célulasembrionárias emculfivo(stemcells) Célulosgerminois Célulasfetais Célulasdeadultas Embriões - 8 o 32 célulos . botãoembrionário Célulasembrionárias emculfivo(stemcells) Célulasfetais Células de adultos Embriões - 4 a32células Célulasfetais Embriões -1a8cel. Célulasfetais Célulos de odultas Embriões - 8 a 64 células - botãoembrionário Célulosembrionários emculfivo(stemcells) Célulasgerminais Célulasdeodultas Embriões -1célula -2células -4o8células - botãoembrionário Célulasembrionários emculfivo(stemcells)23,7(2732) 15-24 5,7(812) 0-14 65-66-67 Célulasdeadultas 44,4(2136) 22-50 2,3(1705) 1-11 68-69-70 1-Protherel 01.,1987,2- Bondioliel 01.,1990, 3- Willodsenel 01.,1991,4- Westhusinel 01.,1992, 5- Yongel 01.,1993, 6-Chesné el 01.,1993,7- Bomesel01.,1993, 8- Heymonel 01.,1994,9- Sticeel 01.,1994,10- Zokhortchenkoel 01.,1995,11- Zokhortchenkoel 01.,1996,12- Ectorsel 01.,1995, 13- Le Bourhisel 01.,1998,14- Bordignon8.Smith,1998,15-Keeferel01.,1994,16-Collos8.Bornes,1994,17-Moensel01.,1996,18-,19-5ims8.First,1994,20-Sticeelol.,1996,21-0beIliel 01.,1998, 22- Zokhortchenkoel 01.,1999, 23-, 24- Zokhortchenkoel 01.,1999, 25- Kolo el 01.,1998, 26- Wellselol., 1999, 27- Kubotoel 01.,2000, 28- GolIiel 01., 1999,29- Shigo el 01.,1999,30- Willodsen,1986, 31- Smith8. Wilmut,1989, 32-Compbellel 01.,1994, 33- Uu el 01.,1997, 34- Loi el 01.,1998, 35-Compbell el 01., 1996,36-Wellselol.,1997,37-Schniekeelol.,1997,38-Wilmutelol.,1997,39-Mccreothelol.,2000,40-Yong8.Yuqiong,1998,41-Yongelol.,1991,42-Boguisi el 01.,1999, 43- Protherel 01.,1989, 44- Tooel 01.,1999,45- Kuhholzerel 01.,2000, 46- PpHheropeutics2000; Noscimenlode 5 leilões apóslronsferênciode núcleos deonimiosodullos,47-Stice8.Robl,1988,48-Modlinski8.Smorog,1991,49-Collos8.Robl,1991,50-Yongelol.,1992,51-Duelol.,1995,52-Adenolelol.,1997, 53-Moensel01.,1996,54-Mitolipovel01.,1999,55-Mcgroth8.Solter,1984,56-Smithel01.,1988,57-Konoel01.,1991,58-Konoel01.,1991,59-Konoel01., 1992,60-Cheongelol.,1993,61-Tsunodo8.Kolo,1997,62-0toeguielol.,1994,63-lIImensee8.Hoppe,1981,64-Tsunodo8.Kolo,1998,65-Tsunodo8.Kato,1993, 66- Wokoyomoel 01.,1999, 67- Rideoutel 01.,2000, 68- Wokoyomoel 01.,1998, 69- Koloel 01.,1999, 70- Wokoyomo8. Yonogimochi,1999. Bovinos Ovinos Coprinos Suínos Coelhos Camundongos 290 19,7(14~2) 4(1252) 9,2(4969) 15,2(939) 9,2(2551) 36,3(2529) 36,8(596) 18,2(909) 18,7(1048) 12,0(247) 27,0(354) 14,9(167) 2,5(316) 19,1(790) 20,0(83) 17,0(35) 3,0(726) 30,0(54) 94,3(70) 33,2(1403) 8,2(1425) 10,2(333) 12-31 3-7 4-15 1,6-31 5-30 18-67 20-57 13-20 14-32 1-7 6-51 94-95 15-87 0-71 0-16 % de nascimentos Medio(N) Variação 20,8(1579) 14,6(41) 2,9(139) 2,6(38) 10(130) 11,9(260) 28,4(74) 11(9) 7,3(109) 12,8(187) 3(29) 30,3(165) 2,7(112) 5,6(114) ?(5) 3,4(407) 0(135) 36,6(257) 10,2(88) 10,6(47) 5-33 13-15 0-4 0-3 9-14 2-80 16-75 4-15 7-17 21-32 3-4 15-52 0-22 0-19 Referêncios 1014 15-16 17-18 19-20 21023 24o29 30o34 31 35-36 37o39 38 40-41 42 43 44-45 46 47o52 49 51 53 54 55-56 55o60 55a57-60o62 55-57-63-64 Tabela13.3. Efeitada reclonagemsobreo desenvolvimentode embriõesdecamundongo. Origemdosnúcleos Procedimento %deblastocistos transplantados 4a8células gemportransferêncianuclear,possivelmente estárelacionadacomo diferenteperíodode tempoentreo fim da meiosee o inícioda atividadetranscripcionalembrionária.Basea- do ness~hipótese,enquantoembovinosos núcleostransplantadospermanecemdentro do oócitoreceptorpor algunsdiasantesdo iníciodaatividadetranscripcionalembrioná- ria,nocamundongoesseperíodoédeapenas algumashoras.Nessesentido,areclonagem possibilitaummaiorperíododecontatoen- treonúcleotransplantadoeocitoplasmado oócitoreceptorfacilitandoassimareprogra- maçãonuclear.Outroprocedimentoquetem proporcionadomelhoresresultadosno ca- mundongo,cujoprincípiopodeseromesmo dareclonagem,ouseja,ummaiorperíodode contatoentrenúcleotransplantadoeoócito receptor,consisteemtransplantarosnúcleosal- gumashorasantesdaativaçãodosoócitosre- ceptores(Tabela13.4). Além do maiorcontatoentreo núcleo transplantadoeo citoplasmareceptor,outra condiçãoqueparecefavoreceraremodelagem Células de adultos Clonogem Reclonagem Clonagem Reclonagem nuclear,refere-seaoestádiocelulardosoóci- tosreceptoresnomomentodatransferência nuclear.Combasenessahipótese,aatividade doMPF presentenosoócitosreceptoresquan- dousadosnoestádiodemetáfaseinduzade- gradaçãodamembrananucleardosnúcleos transplantados,facilitandoassimaaçãodoci- toplasmaparainduzira reprogramaçãonu- clear(Fulka,Jr.etal.,1996).Váriasevidências sugeremqueosoócitosreceptoresnoestádio demetáfasefavorecemaremodelagemdacro- matinatransplantadasecomparadosaosutili- zadosnosestádiosdeinterfase.Estasevidên- ciasincluem,entreoutras,amaiordesconden- saçãodosnúcleostransplantados(Czolowska etal.,1984;Szollosietal.,1988;Conas& Robl, 1991;Liuetal.,1995;Bordignonetal.,1999), a melhorreprogramaçãodaatividadetrans- cripcionaldosnúcleostransplantados(Bor- suketaI.,1996;Smithetal.,1996;Szollosi etaI.,1998),amodificaçãodecomponentes damembrananuclear(PratheretaI.,1991) enaremodelagemdaestruturadacromatina transplantada(Bordignonetal., 1999). % de nascimentos Referências 8,2 40,8 46,4 28,7 10,3 27,6 2,0 11,0 104 4-5 6-7 8 1-Mcgrath&Solter,1984,2-SmithetaI.,1988,3-CheongetaI.,1993,4-Tsunodo& Koto,1997,5-Kwon& Kono,1996,6-WakoyomoetaI.,1998, 7-Wakayama&Yonagimachi,1999,8'Katoet01.,1999. Tabela13.4. Efeitodo momentoda ativaçõodosoócitosreceptoressobreo desenvolvimentode embriõesde camundongoreconstruidoscam núclMsde célulassomáticas. Momentodaativaçãodosoócitos emrelaçãoà transferêncianuclear Imediatamenteapós De1 o 3 h após De3a6hopós % de blostocistos % deimplantaçãodos embriõestransferidos % de nascimentos 40 58 67 24 71 57 0,0 2,2 2,5 Fonte:WokoyamaetaI. (1998). 291 Mesmoqueosoócitosnoestádiodeme- táfaseinduzamumamelhorreprogramação nuclearépossívelqueomecanismoenvolvi- donãosejaapenasdevidoàaçãodoMPF nll. degradaçãodamembrananuclear.Estudos realizadoscomanfíbios,por exemplo,mos- traramquearemodelagemdacromatinados espermatozóides,necessáriaparaaformação dospró-núcleosmasculinos(PhilpottetaI., 1991;Philpott& Leno,1992),bemcomoa remodelagemdacromatinadecélulassomá- ticas(Dimitrov& Wolffe,1996)sãodepen- dentesdaaçãodeenzimaspresentesno ci- toplasmados oócitos.Além disso,a ação dessasenzimasémodeladapelaatividadede quinasespresentesnosoócitosnoestádiode metáfase(Lenoetal.,1996).Baseadonessas informaçõespode-seespecularqueumme- canismosemelhantetambémsejao respon- sávelpela reprogramação nuclear nos mamíferos.Nossosestudossobreoefeitodos oócitosreceptoresnaremodelagemdaestru- turadacromatinaapósa transferêncianu- clearemcamundongossugeremque,além doMPF, outrasquinasestambémestãoen- volvidas(Bordignonetal.,2001).No entan- to, aindarestadeterminarde quemaneira essasquinasesestãoagindo,bemcomonos efeitospotenciaissobreodesenvolvimentodos embriõesproduzidospor transferêncianu- clear.Apesardoaparenteefeitobenéficoso- breareprogramaçãonuclear,autilizaçãodos oócitosreceptoresno estádiode metáfase podeterconseqüênciasnegativassobreacro- matinatransplantada.Dessaforma,a coor~ denaçãodociclocelularentreascélulasdoa- doraseosoócitosreceptoresrepresentaou- tro aspectoimportanteparaa produçãode embriõespor transferêncianuclear(Camp- belletal.,1996b;Campbell,1999). Os primeirosestudosa evidenciarema importânciadoestádiodociclocelularsobre asinteraçõesnúcleo-citoplasmáticasforam realizadoscomafusãodecélulassomáticas 292 (Johnson & Rao, 1970;Rao & Johnson, 1970).Essesexperimentosmostraramque as célulasemmetáfaseinduzema ruptura da membrananucleare a condensaçãoda cromatinadascélulasqueestãoemqualquer outro estádiodo ciclo celular.Mais tarde, outrosmostraramquearupturadamembra- nanuclearpodelevaraumnovociclodere- plicaçãodacromatinamesmonascélulasque estãooujá tenhamcompletadoafasedere- plicaçãodoDNA (Blow& Laskey,1988;Le- no etaI., 1992).Assim,a altaatividadede MPF presentenascélulasemmetáfasepode levarà condensaçãoprecocee por conse- qüênciaa fragmentaçãoou pulverizaçãoda cromatinaouaindaàalteraçãodaploidiadas células(Rao,1990).Estudoscomtransferên- cianucleartambémmostraramconseqüên- ciassimilaressobrea cromatinaquandoda fusãodecélulasemfaseS comoócitosem metáfase(Czolowskaetal.,1984;Czolowska etaI.,1992;ConasetaI.,1992b;Pinto-Cor- reiaetal.,1993;Campbelletal.,1993;Banes etal.,1993b;Cheongetal.,1994;Pinto-Correia etaI., 1995).Baseadonisso,a coordenaçãodociclocelularentreascélulasdoadorasde núcleoeosoócitosreceptoresdeveconside- rarigualmentedoisaspectosimportantes,ou seja,o efeitosobrea reprogramaçãonuclear, bemcomo,a preservaçãoda morfologiae ploidiadacromatinatransplantada.Napráti- ca,aconciliaçãodeambososaspectosédi- fícildeserobtida,principalmentenocasodos núcleosprovenientesdecélulasembrionárias. Nessesentido,devidoacertasparticularidades noqueserefereaociclodecrescimentoedi- visãocelular,a utilizaçãodenúcleosprove- nientesdecélulasembrionáriasousomáticas parecemrequererprocedimentosdiferentes. Mesmoqueo ciclodecrescimentoedivi- sãocelular,tantoparaascélulasembrionáiias quantoparaassomáticas,sejaigualmentedi- vididoem4 fases,ou seja:faseM (mitose) quecorrespondeaoperíododedivisão,fase S (síntese)querepresentaoperíododedupli- caçãodacromatinae asfasesG1e G2 que correspondemaosperíodosdepausaeprepa- raçãoparaasfasesSeM, respectivamente (AlbertsetaI., 1994).A principaldiferença, no entanto,équenascélulassomáticasas4 fasessãobemdistintaseamaioriadascélulas encontram-sena faseG1, já ascélulasem- brionáriaspassamrapidamentepelasfasesG e a grandemaioriaencontra-sena faseS (BarnesetaI.,1993b;CampbelletaI.,1994). Alémdisso,contrariamenteàscélulassomáti- cas,osprocedimentosjá testadosparaasin- cronizaçãodociclodascélulasembrionárias, apesardeproporcionarresultadossatisfató- riosemcamundongos(OtaeguietaI.,1994; Samaké& Smith, 1996a;Kwon & Kono, 1996;Tsunoda& Kato,1998),forampouco eficazesemoutrasespécies(Tanakaet aI., 1995;Samaké& Smith,1996b;Samaké& Smith,1997;Samaké& Smith,1998;Liu et al.,1997).Emfunçãodisto,amelhoralterna- tivaencontradaparaevitarasincompatibilida- deseaumentaraproduçãodeembriõesquan- do da transferênciade núcleosde células embrionáriasfoi a utilizaçãodeoócitospré- ativados(Barnesetal.,1993b;Campbelletal., 1994;Sticeetal.,1994;Bordignon& Smith, 1998;Loi etal.,1998;Yong& Yuqiang,1998). DevidoàbaixaatividadedeMPF, osoócitos receptorespré-ativadospermitemotransplan- tedenúcleosemqualquerestádiodocicloce- lularsemefeitosprejudiciaissobreacromatina transplantada(Campbelletal., 1996b). No casodascélulassomáticas,amanipu- laçãodociclocelularéfacilmenteobtidapela simplesprivaçãodenutrientesnomeiodecul- tivooupelobloqueioqueocorrenaturalmente quandoascélulasatingemumestádiodecon- fluência.Nessascondições,agrandemaioria dascélulaspermanecemnoestádiodeG1ou aindaparamcompletamentedesedividire permanecemnumestádioditoGO(Campbell, 1999).TantonoestádiodeG1quantonoGO ascélulasaindanãoiniciaramafaseS,o que permiteatransferênciadosnúcleosparaoóci- tosemmetáfasesemconseqüênciasprejudi- ciaissobrea cromatina. Alémdefacilitarasinteraçõescomocito- plasmareceptor,o estádiodociclodascélu- lasdoadorastambémpodeinterferirnare- programaçãodos núcleostransplantados. Estudosrealizadoscomcélulasembrionárias mostramqueo estádiodo ciclodosnúcleos transplantadosafetaa taxade desenvolvi- mentodosembriõesreconstruídos(Collaset al.,1992a;Cheongetal.,1993;Otaeguietal., 1994;Tsunoda& Kato,1997;Liuetal.,1997). Além disso,o estádiodo ciclo dosnúcleos transferidostambémafetao temponecessá- rioparaaremodelagemdecomponenteses- truturaisdacromatinatransplantada(Bordig- nonetaI.,2001). O estádiodociclodosnúcleostransplanta- dospareceterumefeitoaindamaiorquando da utilizaçãode célulasmaisdiferenciadas. Certasevidênciassugeremqueareprograma- çãonuclearéfacilitadaquandoosnúcleossão transplantadosnoestádiodeGO (Campbell, 1999).Baseadonisto,antesdatransferência nuclear,ascélulasdoadorasdenúcleostêm sidocultivadasporváriosdiasemmeiocon- tendobaixasconcentraçõesdesoro(Campbell etal.,1996a;WilmutetaI.,1997;Katoetal., 1998;Wellsetal.,1999;Zakhartchenkoetal., 1999c).Apesardopossívelefeitobenéficodo estádiodeGO,clonesjá foramproduzidosa partirdecélulassomáticassemteremsidopri- vadasdesoro(Cibellietal.,1998;Lanzaetal., 2000).Nossosresultadosrecentescombovi- nos,mostramquemesmocélulassomáticas transfectadas,quenãoforamprivadasdesoro e tambémnãoestavamnumestádiodecon- fluênciano momentoda reconstruçãodos embriões,resultaramno nascimentodeclo- nestantocomautilizaçãodeoócitosrecepto- resnoestádiodemetáfasequantoaquelespré- ativados(Bordignonetal.,2000).Essesre- 293 sultadossugeremquediferentesfatorespo- demestarenvolvidosnareprogramaçãonu- clearapósa reconstruçãodosembriões. Problemas de Viabilidade Embrionária, Fetal e Neonatal Apesardonascimentodeanimaisdevárias espéciesa partirdeembriõesreconstruídos comnúcleosprovenientesdecélulasemdife- rentesestádiosdediferenciação,diversasano- maliastêmsidoconstatadasduranteagesta- çãoeapósonascimentodeanimaisclonados. MortalidadeEmbrionária Altastaxasde mortalidadeembrionária têmsidoobservadasemestádiosiniciaisefi- naisdagestação.Nasperdasemfaseinicial, devidoà absorçãoembrionária,observa-se apenaso retomoaoestroapósdiagnósticode prenhes.Perdasmaistardiasestãoassociadas comoaparecimentodecorrimentovaginalcom sangueeapresençademembranasfetaise/ou ofetoemdiferentesestádiosdeputrefação.Es- tudosindicamquea causadasperdasestão associadasaumdesenvolvimentoanormalda placenta,possivelmentedevidoaocrescimen- to inapropriadodamembranaalantóideem decorrênciada faltadevascularizaçãonos estádiosiniciaisdo desenvolvimento(Wells, 1999).Outrosestudostêmdescritoumcres- cimentoretardadodamembranaalantóideou, emalgunscasos,ainexistênciacompletadesse tecidoextra-embrionárioquelevaà falhano desenvolvimentodeplacentomas(Hill etaI., 1999).Emboraascausasprimáriasdessede- senvolvimentoanormalcontinuemdesconhe- cidas,muitostêmresponsabilizadogenesque sãomarcadosdeumaformadiferente,depen- dendodesuaorigempaternaoumaterna(ge- nes"imprinted").A perdaou modificações nessasmarcasepi-genéticaspoderiamentão sera causadasanomaliasencontradasnas gestaçõesdeclones.Perdasfetaisemestádio avançadosãoconseqüênciasdadisfunçãopla- 294 centáriaquelevaàformaçãodehidroalantói- deeo aparecimentodeplacentomasmaiores - eemmenorquantidade,aumentonaespessu- ra docordãoumbilicale membranasplacen- táriasedematosas(Kruip& DenDaas,1997). Problemasde saúde neonatal O aumentodepesoaonasceréumacarac- terísticabastantecomumderuminantesoriun- dosdadonagem(Wilsonetal., 1995),tanto queo fenômenotemsidoreferidocomosín- dromedobezerrograndeou LCS (doinglês "largecalfsyndrome").Nãosesabeaindase o LCS temsuaorigemnadonagem,poisele ocorretambémemanimaisoriundosda fe- cundaçãoinvitro,oquesugerequesejadevi- do ao sistemade cultivooocitárioou em- brionário.Problemasrespiratóriostêmsido relatadosfreqüentementeembezerrosecor- deirosclonadosoquesugerepossíveisproble- masnaformaçãoefuncionamentodaglându- Iaadrenal,baixosníveisdecortisolfetalein- suficiênciadesurfactantespulmonares.Trata- mentosdareceptoracomcorticóidesantesdo parto,podeacelerara maturaçãopulmonar do feto,associadocomumasuplementação deoxigêniologoapósonascimento,podeau- mentaras taxasde sobrevivêncianeonatal (HilletaI.,1999).A administraçãodesurfac- tantespulmonarestemtidoefeitosvariáveis sugerindoquea hipertensãopulmonaré a causaprimáriadasanomaliasrespiratórias (observaçõespessoais).A apariçãodeinfec- çõespulmonaresécomumemfetosclonados quenecessitamdeterapiaantimicrobianalogo apósnascimento.As infecçõesconstantese dediversasordenssugeremqueanimaisdo- nadospossuemumadeficiênciaimunológica, conformeobservadoemalgunsanimaisque apresentamcontagemdehemáciaseleucóci- tosreduzidos(RenardetaI., 1999).Nossas constataçõesembezerrosoriundosdedona- gemapartirdecélulasfetaisevidenciaramco- moprincipaisproblemas:1)anomaliasumbi- licaiscominfecçãoeuracuspersistente;2) poucatolerânciaaoestresseeàanestesia;3) broncopneumonia;e4)emumcaso,morte antesdonascimento.comsintomasdeedema generalizadoeascite(anasarca). Conclusões e Perspectivas A transferêncianucleartemsidoutilizada emdiversasáreasdepesquisaejácontribuiu parao esclarecimentodediversasquestões biológicasrelevantes,incluindoosresultados recentescomaproduçãodeclonesa partir decélulassomáticas,mostrandoquea cro- matinanão é irreversivelmentemodificada duranteadiferenciaçãocelular.Essesresul- tadoslevaramfinalmenteàrespostadaques- tãoqueinicialmenteincitoucientistasapro- poremautilizaçãodestatecnologiahácerca deum século. A evoluçãodosconhecimentosacumula- dosnodecorrerdasúltimasdécadaslevouesta tecnologiaapontodepoderseraplicadaem diversasáreasdebiotecnologiaanimalou mesmoparaamedicinahumana.Dentreas aplicaçõespodemosdestacaromelhoramen- to animal,a produçãoou multiplicaçãode animaistransgênicos,amultiplicaçãodeani- maisdeespéciesemviadeextinçãoeprova- velmente,numfuturopróximo,paraapro- duçãodecélulasoutecidosparatratamentos emhumanos.Entretanto,adifusãodautili- zaçãodestatecnologia,sobretudoparaapli- caçãoanimal,aindadependedaobtençãode melhoresresultados.Esseobjetivosegura- menteseráalcançadocomo esclarecimento dosmecanismosquecontrolamaremodela- gemfuncionaldosnúcleostransplantados. Enquantoisto,atransferêncianuclearsegui- rá contribuindoparao avançode diversas áreasdapesquisafundamental. ReferênciasBibliográficas ADENOT,P.G.,SZOLLOSI,M.S.,CHESNE,P., etai Invivoagingofoocytesinfluencesthe behaviorof nucleitransferredtoenucleated rabbitoocytes.MoI. Reprod.Dev.,v.46, p.325-336,1997. 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