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AN02FREV001/REV 4.0 80 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE GESTÃO DE OBRAS Aluno: EaD - Educação a DistânciaPortal Educação AN02FREV001/REV 4.0 81 CURSO DE GESTÃO DE OBRAS MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 82 MÓDULO III 11 PLANEJAMENTO DA OBRA O termo planejamento expressa um determinado conceito no âmbito da construção civil, cuja definição só pode ser dada por meio de uma contextualização do que seja a sua função e o seu objetivo. O planejamento possui a função de organizar os trabalhos de uma obra antes da execução, tendo em conta os métodos de construção e os meios de produção mais adequados e coordenados entre si, respeitando as condicionantes, internos e externos à empresa. O objetivo deste planejamento é obter o maior rendimento possível com custos de execução os menores possíveis. Segundo Silva filho (2004), um planejamento pode ser organizado em diversas áreas relacionadas, mesmo que sejam diferentes, como: • Planejamento dos métodos de execução: o Comparação e escolha dos métodos construtivos a serem usados, tendo como base a técnica empregada e os respectivos custos. • Planejamento da obra: o Cronograma detalhado. • Planejamento dos recursos operacionais e financeiros: o Mão de obra, materiais, máquinas e equipamentos, em nível físico e financeiro. • Planejamento do canteiro de obras AN02FREV001/REV 4.0 83 A essência do planejamento consiste em realizá-lo por um método sistemático, levando-se em conta todos os requisitos definidos para o empreendimento. Um planejamento de obra pode-se classificar segundo três níveis de detalhamento (GEHBAUER, 2002). Cronograma geral; Cronograma detalhado; o Do qual fazem parte os procedimentos de execução dos serviços, os desenhos e detalhes da execução. Organização dos processos de trabalho o Pré-planejamento diário ou semanal de todos os trabalhos a serem realizados, em que são feitas as seguintes perguntas: quem faz o quê, quando e como? o Análises e levantamento das possibilidades de otimização dos processos durante a execução. FIGURA 58 - PLANEJAMENTO DE OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL FONTE: Disponível em: <http://www.cefetsc.edu.br/~marketing/guia_cursos_popup/suptec_construcao_edificios.html> Acesso em: 23 jan.2013. AN02FREV001/REV 4.0 84 12 PLANEJAMENTO PRÉVIO DA EXECUÇÃO Segundo Mendes et al (2006), para que a execução de uma obra seja economicamente viável e possa ser executada sem falhas técnicas, devem ser evitadas improvisações no canteiro de obras. O porte e a complexidade das obras, a multiplicidade de soluções técnicas, assim como os limites de prazo e custo, torna necessária a realização de um planejamento prévio. Segundo CORTELETI (2011), a partir da análise dos trabalhos a serem realizados e das condições gerais definidas para um empreendimento, podem ser tomadas medidas que otimizarão o processo executivo, eliminando perdas consideradas evitáveis. O planejamento prévio possibilita a disponibilização dos meios financeiros necessários, sejam estes próprios ou externos, no momento certo, o que consequentemente gerará custos menores (GEHBAUER, 2002). A grande importância do planejamento prévio está no fato dele servir como instrumento de gestão e controle da execução. Os prazos indicados no cronograma e os valores previstos no orçamento nesta etapa servirão como parâmetros de controle dos prazos e custos durante a fase de execução. AN02FREV001/REV 4.0 85 FIGURA 59 - PLANEJAMENTO PRÉVIO GARANTE BOA GESTÃO DA OBRA FONTE: Disponível em: <http://www.manutencaoesuprimentos.com.br/conteudo/7368-papel-do- gestor-na-construcao/> Acesso em 23 jan. 2013. Por meio da comparação entre previsto e realizado, podem ser detectados e corrigidos a tempo, eventuais desvios em relação ao desenvolvimento considerado ideal para uma determinada obra. Os desvios decorrentes de fatores imprevisíveis, como por exemplo, mau tempo, falta de pessoal ou equipamento, podem ser corrigidos com maior facilidade e rapidez, pois o planejamento prévio possibilita uma visão geral dos efeitos destes imprevistos sobre o desenvolvimento geral da obra, fazendo com que as medidas corretivas sejam tomadas com a devida antecedência e maior objetividade. AN02FREV001/REV 4.0 86 FIGURA 60 - ALAGAMENTO DE OBRA DE CONSTRUÇÃO DEVIDO AO MAU TEMPO FONTE: Disponível em: <http://oglobo.globo.com/eu-reporter/confira-os-flagrantes-enviados-ao-eu- reporter-nesta-segunda-4659304> Acesso em: 23 jan. 2013. Um fator que aumenta a necessidade do planejamento prévio é a racionalização, ou seja, a mecanização e industrialização do processo de construção. Esse processo torna as fases de execução mais curtas e mais sensíveis a transtornos, que por isso exigem um planejamento e um controle maior. AN02FREV001/REV 4.0 87 FIGURA 61 - EXEMPLO DE DESPERDÍCIO NA CONSTRUÇÃO POR FALTA DE RACIONALIZAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.even.com.br/relatorio2009/pt-br/imgs/empresa-construcao- sustentavel/construcao_box_cacamba.jpg>. Acesso em: 23 jan. 2013. O planejamento sistemático do canteiro de obras, das suas instalações e da forma de produção, é um fator-chave para o sucesso da construção e deve ser realizado durante o planejamento prévio da obra. A rentabilidade do empreendimento, que é o objetivo final do planejamento prévio, resulta do fato de que a redução nos custos de produção, obtida pela redução do tempo de execução, será sempre maior que os custos decorrentes do tempo gasto em planejamento (o tempo desperdiçado na fase de execução é mais caro que o tempo gasto com o planejamento prévio). AN02FREV001/REV 4.0 88 12.1 POSIÇÃO DA EQUIPE DO PLANEJAMENTO PRÉVIO NO ORGANOGRAMA DA EMPRESA Para uma maior eficiência do planejamento prévio é importante que seus executores ocupem uma posição central na estrutura organizacional da empresa e estejam diretamente subordinados à direção técnica ou, no caso de empresas menores, à direção geral da mesma. Nesta posição, a equipe de planejamento prévio assume a função de assessoramento técnico nos escritórios da empresa. A vantagem principal desta posição centralizada da equipe de planejamento prévio reside no fato de que as necessidades e possibilidades de toda a empresa, e não apenas de uma determinada obra, são levadas em consideração no planejamento. Dentro desta equipe de planejamento, a programação de mão de obra e equipamentos torna-se mais viável, pois os recursos operacionais, avaliados a partir de um ponto de vista mais abrangente, podem ser mais bem aproveitados. Além disso, os índicesde produtividade levantados em campo e os controles de prazo efetuados em obras já executadas permitem a apropriação de dados realistas que serão utilizados na elaboração de novos planejamentos prévios. AN02FREV001/REV 4.0 89 Organograma: posição da equipe de planejamento prévio, diretamente subordinada à direção da empresa. FONTE: (GEHBAUER, 2002). A equipe de planejamento tem a possibilidade de desenvolver um sistema de apropriação e controle (de custos, prazos, insumos e outros), por meio de índices de produtividade levantados em campo, cálculos de custos feitos posteriormente à execução e prazos reais obtidos em obras já executadas. Todas estas informações, centralizadas, permitem a elaboração de um planejamento prévio realista. O risco de se criar, por meio desta estrutura, uma situação de confronto entre equipe de planejamento e equipe de execução pode ser evitado quando o gerente/engenheiro de obra e, se necessário, também o mestre de obra, são chamados, pelo menos temporariamente, a participar no planejamento. A origem de uma possível situação de conflito reside em dois fatos: a equipe de planejamento prévio sente-se insatisfeita com sua função exclusivamente de assessoramento, e/ou a equipe de execução considera o assessoramento do grupo de planejamento como muito teórico e perturbador. Principalmente as decisões que têm influência direta no funcionamento da obra devem ser tomadas com a cooperação destes profissionais, como, por exemplo, no planejamento do cronograma e do canteiro de obras. Por meio dessa participação, aumenta-se a probabilidade de que as medidas determinadas pela equipe de planejamento sejam realmente seguidas durante a execução. Direção técnica Direção da empresa Equipe de Planejamento prévio Gerente de obras Obra I Obra II Obra III AN02FREV001/REV 4.0 90 FIGURA 62 - PLANEJAMENTO PRÉVIO DE UMA OBRA FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_x- BP7hGPt6E/TTsz0Vo_4XI/AAAAAAAAAAY/DJBqccO-n7I/s1600/header_pic.jpg> Acesso em: 23 jan. 2013. 13 ESTRUTURA FUNCIONAL E TAREFAS DO PLANEJAMENTO PRÉVIO Para o desenvolvimento do planejamento prévio, utiliza-se um equema para compor a estrutura funcional e as suas tarefas respectivas, com os métodos e as etapas básicas necessárias à implantação do planejamento no gerenciamento da obra. AN02FREV001/REV 4.0 91 FIGURA 63 - ESQUEMA REPRESENTATIVO DAS ETAPAS REALIZADAS PELO PLANEJAMENTO PRÉVIO FONTE: (BLUMER, 1988). O esquema apresenta a sequência do planejamento e serve como referência para a organização das informações de estruturação funcional (BLUMER, 1988). AN02FREV001/REV 4.0 92 13.1 REGISTRO DE DADOS DO PROJETO A primeira tarefa do planejamento prévio é a de examinar, ordenar, conferir e completar todas as informações e dados iniciais do empreendimento. As condicionantes mais significativas para a execução de uma obra podem ser classificadas da seguinte forma (GEHBAUER, 2002): Definições básicas para a execução: o Descrição da edificação; o Descrição de todas as atividades e serviços; o Quantidade e tipo dos serviços que realmente serão realizados (comparação entre lista de serviços e projeto executivo final); o Normas de qualidade (exemplo: qualidade dos materiais de construção, tolerâncias permitidas nas diferenças de medidas entre projeto e execução); o Normas de execução (exemplo: métodos de execução obrigatórios ou proibidos em determinadas circunstâncias). Definição preliminar de prazos: o Liberação dos terrenos; o Início da obra; o Prazos intermediários; o Início da execução do acabamento; o Início da utilização de partes da obra durante a sua execução; o Datas finais. Condições físicas locais: o Características do solo (exemplo: tipo de solo, classificação, resistência, contaminação, etc.); o Características do lençol freático; AN02FREV001/REV 4.0 93 o Características do tráfego local, ligações com vias de tráfego, acesso à obra; o Espaço disponível para a instalação do canteiro de obra e armazenagem de materiais; o Construção vizinha (estado de conservação, fundação, altura, possíveis riscos); o Localização das tubulações e ligações de abastecimento (se houver), acima ou abaixo da superfície do terreno; o Ligações com as redes de abastecimento de água, elétrica e de telefonia; o Ligação com a rede de esgoto; o Condições climáticas e atmosféricas; o Riscos naturais (exemplo: enchentes de rios nas proximidades, vendavais). Condições contratuais: o Condições para prestação de contas e pagamentos; o Multas contratuais e prêmios; o Condições para a entrega do imóvel e para as garantias; o Delimitação das responsabilidades (exemplo: controle de execução e de qualidade, responsabilidade em caso de danos). A influência e o peso de cada um destes fatores podem variar acentuadamente de acordo com o tipo de edificação. Dependendo do caso, torna-se necessário obter mais dados e informações. A finalidade principal deste levantamento dos condicionantes básicos é obter o mais cedo possível um conhecimento abrangente dos fatores de influência sobre a execução da obra. 13.2 ESTRUTURA DE DECOMPOSIÇÃO DO TRABALHO Depois de analisadas as condicionantes básicas deve-se levantar todas as atividades/serviços necessários para a execução da obra. AN02FREV001/REV 4.0 94 Para isso, é desenvolvida a Estrutura de Decomposição do Trabalho (EDT), que é uma divisão de toda a obra em atividades sumário (mãe) e atividades detalhe (filha), distribuídas em diversas etapas e níveis, que variam de acordo com o critério usado na decomposição (GEHBAUER, 2002). Com base nesta estruturação, é elaborada a lista de serviços, em que são apontados todos os serviços/atividades a serem executados, suas respectivas quantidades e unidades de medida. Estes serviços/atividades podem ser encontrados no caderno de encargos, onde está descrito o método de execução a ser usado. A partir destas informações, é possível realizar o planejamento de prazos e de recursos e obterem-se, assim, os parâmetros básicos que irão definir os demais passos do planejamento da obra. De um modo geral, na elaboração de uma EDT o critério de decomposição usado nos primeiros níveis da estrutura é o da decomposição física da obra, indicada no projeto da edificação; ou seja, a obra é decomposta em unidades físicas, definidas pelo projeto arquitetônico, como por exemplo: subsolo, pavimento térreo, primeiro pavimento, etc. Estas unidades físicas definirão, então, as etapas de construção na estrutura de decomposição do trabalho. Nos níveis seguintes da estrutura de decomposição, as etapas serão subdivididas não mais em função da decomposição física da obra, mas em função das atividades/serviços de obra que correspondem à execução daquela etapa, por exemplo: serviços de concreto armado, alvenaria, etc (GEHBAUER, 2002). Ao fazer-se a decomposição de uma obra em função das atividades de execução, é importante considerar que há uma influência recíproca entre a forma de decompor a obra e os métodos construtivos escolhidos. Isto porque os serviços a serem realizados podem variar dependendo dos métodos de execução escolhidos, o que pode levar a uma forma diferente de decompor a obra. Inversamente, pormeio da estrutura de decomposição da obra, ficam definidas algumas condições de execução que terão influência decisiva na escolha dos métodos. No último nível da estrutura de decomposição do trabalho, estão os “pacotes” de trabalho, compostos por atividades que podem ser facilmente AN02FREV001/REV 4.0 95 identificadas (atividades/detalhe), e que permitem uma boa visualização do processo de execução. Uma tarefa pode ser, por exemplo: a concretagem de uma parte definida da obra como um pilar ou grupo de pilares, uma viga, etc. Nos pacotes de trabalho estão listadas todas as atividades necessárias, sendo que as quantidades que correspondem a cada uma delas podem ser definidas com grande precisão pelo levantamento das dimensões que constam nos projetos executivos de engenharia e arquitetura. Exemplo de uma subdivisão detalhada de uma Estrutura de Decomposição do Trabalho (EDT), FONTE: (GEHBAUER, 2002). Como é verificado no EDT, mesmo em obras menores não permitem uma representação gráfica que compreenda todas as etapas de construção de uma obra. Por isso, a representação mais adequada para a estruturação de uma obra é dada em forma de uma lista de decomposição. (A) Subsolo Obra X Decomposição em unidades físicas Decomposição segundo as famílias de atividades Decomposição em partes físicas da obra Decomposição segundo as atividades Pacote de Trabalho Atividade un Montar formas m 2 Armaduras kg Concretagem m 3 Subsolo Térreo 1.º Pavimento 2.º Pavimento Trabalhos em concreto armado Trabalhos em alvenaria Pilar X Grupo de pilares A até F Viga Y AN02FREV001/REV 4.0 96 (B) Pavimento térreo 1. Trabalhos em concreto armado 1.1 Pilar X Formas (m2) Armaduras (kg) Concretagem (m3) 1.2 Pilares A até F 1.3 Viga Y 2. Trabalhos em alvenaria (C) 1.º Pavimento Estrutura de decomposição de uma obra, em forma de lista, Fonte: (GEHBAUER, 2002). 13.3 SELEÇÃO DOS MÉTODOS DE EXECUÇÃO Uma das funções mais importantes do planejamento prévio é realizar um levantamento, antes do início da obra, dos métodos de execução mais econômicos. O termo métodos de execução deve-se entender como a combinação de mão de obra, meios de produção e os materiais de construção. Estes meios de produção, assim como a consequente escolha dos métodos de execução, dependem das condicionantes gerais, correspondentes a cada empreendimento. Requisitos Os requisitos que determinam a escolha dos métodos de execução dependem de fatores externos e internos à empresa. Os fatores externos já foram levantados no registro de dados do projeto e os principais são: • dimensão da obra; • requisitos quanto à técnica e à qualidade construtiva; AN02FREV001/REV 4.0 97 • condições locais do canteiro de obra; • prazos predeterminados; • métodos impostos por normas ou regulamentos. Os fatores internos à empresa que, da mesma forma, influem na escolha dos métodos de execução são: • disponibilidade e qualidade do pessoal; • disponibilidade de equipamentos; • capital disponível para investimentos; • rentabilidade ideal; • definição dos objetivos da empresa. É comum que determinados requisitos só venham a adquirir a precisão necessária durante as fases posteriores do planejamento da obra, (por exemplo: prazos indicados com base em cronogramas mais detalhados). Por esta razão, muitas vezes, a decisão por um determinado método de execução só pode-se confirmar definitivamente, depois de verificadas as condicionantes previstas no início do planejamento. Comparação de métodos Muitas vezes os requisitos são tão específicos para um determinado empreendimento que, para a execução de algumas atividades, existe apenas um método aplicável. Nestes casos, a redução nos custos de produção só pode ser obtida por meio de um planejamento de obra adequado em que, por exemplo, seja otimizada a duração das atividades ou a quantidade de mão de obra a ser empregada. Caso existam várias possibilidades quanto aos métodos de execução, deve ser realizada uma comparação sistemática dos mesmos. Dependendo dos critérios adotados para a seleção (econômicos, técnicos e/ou organizacionais), são diferenciadas duas formas de comparação: AN02FREV001/REV 4.0 98 13.4 COMPARAÇÃO COM BASE NOS CUSTOS Na comparação com base nos custos são realizados levantamentos de custos para cada um dos métodos de execução possíveis de serem aplicados. A comparação pode ser feita de duas formas: o Diferença de custos absoluta A diferença entre os custos dos métodos é dada de forma absoluta (R$ ou R$/unidade), ou relativos a um valor percentual do método (%). o Comparação entre as faixas de viabilidade Neste tipo de comparação, é determinada a evolução dos custos de acordo com um fator de influência variável (por exemplo: quantidade produzida, tempo de execução, salários por horas). Dessa forma, pode ser delimitada uma faixa na qual o método se mostra economicamente viável, possibilitando assim uma comparação entre as faixas de viabilidade dos diferentes métodos. AN02FREV001/REV 4.0 99 FIGURA 64 - COMPARAÇÃO DAS FAIXAS DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE DOIS MÉTODOS DE EXECUÇÃO FONTE: (GEHBAUER, 2002). 13.5 PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES DA OBRA Segundo Andrade e Filho (2010), o planejamento das atividades de uma obra é o planejamento do processo de construção propriamente dito. O planejamento deve ser realizado por meio de uma permanente coordenação com o planejamento dos métodos, dos recursos, assim como do canteiro de obras e suas instalações. Com esta análise, conclui-se que o processo de planejamento de uma obra desenvolve-se em vários ciclos. Após a realização de diversos estudos, consegue-se nível de detalhamento, capaz de fazer com que o planejamento possa satisfazer todos os requisitos de uma obra. P - limite de viabilidade do método A - início de viabilidade do método B Fatores de influência (exemplo: quantidade produzida, duração, salários por hora) P Custos Método A Método B AN02FREV001/REV 4.0 100 14 FORMAÇÃO DE EQUIPES DE TRABALHO Por equipes de trabalho, deve-se entender a formação de um grupo específico de trabalhadores e/ou equipamentos para a execução de um serviço. O planejamento da obra depende do tipo de grupo de trabalho que será empregado para a execução dos serviços. Há as seguintes possibilidades de formação das equipes de trabalho: o Equipes mistas: este grupo de trabalho é composto por diversos profissionais que realizam vários tipos de atividade; o Equipes especializadas: essas equipes realizam continuamente as mesmas atividades; o Equipes mecanizadas, nas quais a produtividade é determinada principalmente pela utilização de equipamentos. Este tipo de agrupamento, devido ao seu alto grau de mecanização, praticamente não existe no setor de construção habitacional. 14.1 EQUIPES MISTAS Essa equipe de trabalho executa todas as atividades necessárias para a realização de uma etapa de produção. A variedade dos tipos de atividade exige uma combinação de mão de obra de diferentes grupos profissionais, como por exemplo: • pedreiro (profissional especializado);• oficial de concreto; • carpinteiro; • montador de fôrmas; • armador; • servente. AN02FREV001/REV 4.0 101 Apesar da variedade de serviços que o grupo misto realiza, a combinação e o tamanho da equipe devem ser compatíveis com o projeto em questão. As vantagens da utilização de grupos mistos são: • O desempenho de um grupo, após alterações como retirada ou inclusão de operários, pode ser recuperado com maior facilidade; • A maior estabilidade em relação a alterações que possam ocorrer na equipe durante a execução torna mais fácil o planejamento das atividades de cada operário no planejamento prévio. Este tipo de equipe de trabalho se mostra desfavorável nos casos em que existam atividades para as quais é necessária mão de obra especializada ou quando a demanda de mão de obra varia acentuadamente em etapas diferentes de uma única atividade. Além disso, em grupos mistos, a obtenção do efeito aprendizagem (aumento de produtividade com o tempo, em atividades que se repetem), é quase nula. 14.2 EQUIPES ESPECIALIZADAS Segundo Santos (2005), a divisão do trabalho em grupos que realizam continuamente a mesma tarefa pode ter como efeito o aumento de produtividade. Equipes especializadas são geralmente pequenas e compõem-se de 4 a 8 trabalhadores no máximo, em que a maioria é especializada e a utilização de serventes reduzida. A equipe é dirigida por um contramestre que, na maioria dos casos, também realiza os serviços junto à equipe, já a coordenação e atuação desta equipe é de responsabilidade do gerente da obra. (SANTOS, 2005). O efeito-aprendizagem que se pode obter quando se tem equipes especializadas e muita repetição da mesma atividade leva a um aumento considerável da produtividade. AN02FREV001/REV 4.0 102 A desvantagem da atuação deste tipo de equipe é o maior trabalho que se tem durante o planejamento prévio, ela exige uma coordenação e planejamento das atividades mais detalhados. As alterações no decorrer dos trabalhos de execução podem levar ao não aproveitamento total da capacidade disponível, ou deixar que a equipe especializada fique sobrecarregada (SANTOS, 2005). Outra possibilidade de formação de grupos é dada quando, de uma equipe mista, pode-se formar mais tarde uma equipe especializada ou semiespecializada (BLUMER, 1988). Para projetos de pequeno e médio porte, que não permitem a utilização de equipes especializadas, mas que possuem uma grande quantidade de atividades ou tarefas que se repete, esta formação de grupo é bastante favorável. As equipes semiespecializadas podem realizar uma ou duas tarefas que se repetem em diversas etapas da obra (p.ex.: colocar a armadura e concretar), tendo-se assim melhor aproveitamento do efeito aprendizagem (SANTOS, 2005). 14.3 MÉTODOS DE PLANEJAMENTO Planejar a execução de uma obra significa ordenar a realização das atividades pelas equipes de trabalho, de acordo com sua sequência e dentro dos intervalos de tempo previstos para elas. Estas atividades podem ser planejadas segundo três métodos principais: • Produção em sequência; • Produção simultânea; • Produção em linha / trabalho cadenciado. AN02FREV001/REV 4.0 103 14.4 PRODUÇÃO EM SEQUÊNCIA Neste método de produção os trabalhos de uma etapa são realizados um após o outro por uma equipe de trabalho, geralmente do tipo mista. Como nesta forma de execução, os prazos obrigatórios são determinados geralmente por fatores técnicos (por exemplo: tempo de cura do concreto), o trabalho durante o planejamento prévio é relativamente simples. Entretanto, a organização das atividades na produção sequencial não se mostra ideal no que diz respeito ao desenvolvimento dos custos, tempo de construção e utilização dos recursos. Por isso, a utilização deste método de produção só é recomendada em determinados casos, sob as seguintes condições: • Em etapas de trabalho pouco volumosas, prazos de construção não muito curtos e em casos de utilização de uma equipe de trabalho que possa executar todas as atividades de forma sequencial; • Quando a sequência das atividades, condicionada por aspectos técnicos, não permite outra forma de desenvolvimento; • Quando o espaço da obra for limitado ou o tamanho da equipe de trabalho não permitir outro procedimento. 14.5 PRODUÇÃO SIMULTÂNEA Na produção simultânea são usadas, em uma mesma etapa de produção (desde que a etapa seja grande o suficiente para isto), ou em etapas de produção paralelas, diversas equipes ao mesmo tempo, sendo estas geralmente mistas. Com isso pode-se diminuir significativamente o tempo de construção. Esse planejamento, embora seja mais trabalhoso para a equipe de planejamento, permite obter um aproveitamento otimizado dos recursos disponíveis AN02FREV001/REV 4.0 104 (maior aproveitamento da capacidade dos equipamentos e das instalações do canteiro) reduzindo-se assim os custos indiretos (exemplo: tempo de disponibilidade de um equipamento em que este não é utilizado diretamente na produção). Entretanto, o processo de produção simultânea só deve ser utilizado quando: • As dimensões do projeto e das etapas de produção são suficientemente grandes; • Há mão de obra suficiente; • A utilização intensa dos recursos (grande número de mão de obra e de equipamentos) foi adequadamente pré-planejada. Produção em linha / trabalho cadenciado Produção em linha e trabalho cadenciado são formas de produção sequencial em que ocorrem interrupções obrigatórias no processo, porém de forma organizada. Neste caso, cada atividade é executada por uma equipe especializada, ou várias atividades (não todas) são executadas por equipes semiespecializadas, uma após a outra em intervalos predeterminados. O desenvolvimento de um processo contínuo, sem delimitação clara das etapas de construção é denominado produção em linha, e processos escalonados com etapas de produção delimitadas (exemplo: edificações com mais de um pavimento) são denominados trabalhos cadenciados. Na construção de edifícios o método que corresponde ao processo de execução, é o trabalho cadenciado. O objetivo deste método de desenvolvimento dos trabalhos é obter custos de produção tão baixos quanto possível, por meio de uma utilização contínua dos recursos disponíveis, com intervalos tão curtos quanto possível. De acordo com o recurso utilizado (exemplo: número de trabalhadores) pode-se ter diversas formas de trabalho cadenciado. No caso de rendimento igual em todas as atividades, tem-se um processo de operação sincronizada. AN02FREV001/REV 4.0 105 FIGURA 65 - TRABALHO CADENCIADO COM OPERAÇÃO SINCRONIZADA FONTE: (GEHBAUER, 2002). Quando o desempenho de uma atividade dentro de uma etapa, por motivos tecnológicos, é muito maior que o das outras, pode-se optar pela operação interrompida. Nela, a equipe de trabalho interrompe suas atividades por um período determinado de tempo (t), em cada etapa de trabalho (cadência), e neste período ela realiza outros trabalhos da obra (equipe B, no exemplo). AN02FREV001/REV 4.0 106 FIGURA 66 - TRABALHO CADENCIADO COM OPERAÇÃO INTERROMPIDA FONTE: (GEHBAUER, 2002). Como as atividades B1 a B4 são mais rápidas, elas têm que começar mais tarde para que, no final de cada etapa, a distância mínima XA/B seja mantida. Outra possibilidade é a operação com revezamento, na qual,em uma etapa, são realizadas duas ou mais atividades consecutivas por uma equipe semiespecializada para aproveitar o tempo (equipe B/C, no exemplo). AN02FREV001/REV 4.0 107 FIGURA 67 - TRABALHO CADENCIADO COM REVEZAMENTO FONTE: (GEHBAUER, 2002). Quando, por motivos tecnológicos, for necessário manter certo intervalo de tempo entre duas atividades que são executadas por uma mesma equipe (equipe B/C, no exemplo), a operação de revezamento pode ser transformada em operação em saltos. Nesta, é necessário que a equipe de trabalho salte de uma etapa de produção para outra e depois retorne à etapa anterior para realizar a segunda atividade. AN02FREV001/REV 4.0 108 FIGURA 68 - TRABALHO CADENCIADO COM OPERAÇÃO EM SALTOS FONTE: (GEHBAUER, 2002). Por meio de um processo de produção cadenciada obtém-se a maior produtividade possível, pois os trabalhos são realizados em um prazo de construção otimizado, utilizando o menor número de mão de obra possível e aproveitando as instalações do canteiro de forma ideal. Outra vantagem está no fato de que, se necessário, todas as atividades podem ser executadas por empreiteiras. A desvantagem deste processo de trabalho é a grande sensibilidade a transtornos, pois desvios com relação ao planejamento em uma das atividades acarretam desvios nas atividades subsequentes. Além disso, o planejamento de um processo de trabalho cadenciado exige um alto nível de conhecimento da equipe de planejamento prévio, pois é necessário obter-se, dentre outros dados confiáveis, índices de produtividade realistas, resultantes de cálculos feitos com base em obras já concluídas. Para que se alcancem as condições necessárias acima citadas, é importante que o planejamento prévio se torne prática corrente dentro das empresas e que ocorra uma melhora na formação profissional dos trabalhadores de obra. Só por AN02FREV001/REV 4.0 109 meio desses requisitos é possível implantar-se de forma efetiva um processo tão complexo de planejamento e execução. 14.6 CRONOGRAMA Níveis de planejamento Para a elaboração do cronograma, como para qualquer planejamento, são necessários diversos níveis de informação. Como as condições de trabalho previstas para a execução da obra não podem ser completamente avaliadas na fase inicial do planejamento, o grau de precisão dos dados aumenta com o avanço do planejamento, ou seja, verifica-se que os dados iniciais mostram-se cada vez mais imprecisos. Por este motivo, um cronograma para ser coerente, deve ser elaborado em três níveis: • Elaboração de um cronograma geral, que delimita unicamente as etapas de execução mais importantes e define para isto prazos gerais; • Elaboração de um cronograma detalhado que indica com maior precisão cada etapa de trabalho e suas respectivas atividades; • Controle durante a execução e adaptação dos desvios ocorridos em relação ao cronograma geral. Cronograma geral Um cronograma geral indica os prazos das etapas de produção mais importantes, (exemplo: execução dos pavimentos) sem entrar no planejamento de prazos das atividades que compõem estas etapas. Ele abrange o tempo total de construção e serve como principal instrumento de controle e gerenciamento da execução. Para a elaboração do cronograma geral são estipulados primeiramente pelos empreendedores a data final e os marcos intermediários. Estes prazos devem ser tão realistas quanto possível. AN02FREV001/REV 4.0 110 As etapas de construção determinadas na estruturação do trabalho são então organizadas a partir de dados como: índices de produtividade, prazos de execução e recursos de que a empresa dispõe. Para isso, não é necessário, nem conveniente, uma delimitação das atividades como acontece no cronograma detalhado. Por fim, deve ser feita uma revisão dos prazos determinados, com o objetivo de se obter uma curva de alocação de recursos tão nivelada quanto possível, evitando-se uma alocação extrema de recursos. Cronograma detalhado Um cronograma detalhado contém os prazos de execução de cada etapa e nele são consideradas também todas as atividades e serviços, fixando-se prazos para as mesmas (SANTOS, 2005). Elaborado desta forma, o cronograma detalhado serve como orientação e previsão do tempo de construção necessário. Entretanto, ele não foge dos marcos determinados pelo cronograma geral. Por meio dele são planejados períodos de compensação para casos de extrapolação dos prazos, e realizado o gerenciamento de todas as atividades da obra. Para a elaboração do cronograma detalhado, deve ser feito o levantamento de todas as dimensões e quantidades relativas à construção e seus respectivos índices de produtividade e desempenho. Estes dados são listados na Lista de Serviços na mesma sequência em que são executadas as atividades correspondentes, de tal forma que possam ser planejados os recursos disponíveis e calculados os tempos de execução. 14.7 ADAPTAÇÕES DURANTE O PERÍODO DE EXECUÇÃO As inúmeras influências internas e externas que ocorrem durante o período de execução de uma obra, tornam necessárias algumas alterações no cronograma detalhado. AN02FREV001/REV 4.0 111 Essas alterações devem ser adaptadas ao cronograma geral, que permanece em vigor. Assim fica garantido que, apesar destes desvios que ocorrem isoladamente, o tempo total de execução permanece inalterado. A interdependência entre o grau de precisão do planejamento e o tempo gasto em planejamento deve ser considerada de forma crítica na elaboração do cronograma. Exatamente por causa do déficit, no Brasil, de dados reais obtidos por cálculos realizados após o término da execução, e pela falta de pesquisas de processos de construção sistematicamente registrados, é de extrema importância que sejam feitas estas adaptações no cronograma por meio de controle e gerenciamento durante a execução. 14.8 INDICES DE PRODUTIVIDADE E DE RENDIMENTO Indices de produtividade indicam o número de horas de trabalho por unidade produzida. Eles apresentam as unidades usuais no levantamento do tempo gasto em atividades com alto emprego de mão de obra. Como na construção de edifícios, grande parte das atividades é realizada com grande emprego de mão de obra, são utilizados quase que exclusivamente índices de produtividade na elaboração do cronograma. Indices de rendimento, ou de desempenho, fornecem a quantidade produzida por unidade de tempo. Em geral são indicados desta maneira apenas os desempenhos de máquinas e equipamentos. Na construção isso se observa, por exemplo, na determinação do desempenho das atividades de concretagem com o uso de grua, ou bomba de concreto, em que este índice é dado em m3/h. Indices de produtividade e de rendimento podem ser determinados por meio de: AN02FREV001/REV 4.0 112 Registros sistemáticos, de preferência de longo prazo, do uso de insumos e dos cálculos efetuados posteriormente à execução da obra (índices com grande precisão podem ser levantados dessa forma); Pesquisas sobre o processo de construção, com coleta de dados das atividades. Entretanto, como estas pesquisas representam altos custos, recomenda- se que elas sejam feitas apenas para aquelas atividades de grande influência no processo total, como por exemplo, a produção e/ou montagem de fôrmas. Em muitos casos, fabricantes ou fornecedores deelementos pré-fabricados e equipamentos (p.ex.: fôrmas), a título de exemplo, realizam pesquisas cujos resultados, se criticamente revisados, fornecem índices de produtividade realistas; Orçamentistas, planejadores e gerentes de obra experientes, os quais podem fazer estimativas de índices de produtividade e de rendimento de equipamentos, máquinas e equipes de trabalho com relativa precisão; Índices tirados de literatura especializada, os quais são os menos precisos de todos, pois geralmente os rendimentos são dados dentro de uma margem de variação (de/até). Além disso, as condições de produção consideradas no levantamento destes índices raramente ocorrem na prática; Dados técnicos de máquinas e equipamentos (por exemplo: velocidade de levantamento ou deslocamento de uma grua). Os rendimentos básicos de equipamentos levantados dessa forma são reduzidos, por meio de um fator de efeito de utilização que considera as condições de funcionamento e do canteiro de obras. Além disso, os fabricantes de equipamentos fornecem algumas informações e cálculos realizados a título de exemplo, assim como dados estatísticos em forma de tabelas e quadros numéricos, que também podem ser usados neste método de determinação de índices de rendimento. AN02FREV001/REV 4.0 113 FIGURA 69 - CARACTERIZAÇÃO DA PRODUTIVIDADE E MELHOR RENDIMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL FONTE: Disponível em: <http://www.cimental.com.br/engine/news/uploads/87notcusto-const.jpg> Acesso em 23 jan. 2013. 14.9 PLANEJAMENTO DOS RECURSOS O Planejamento dos recursos está estreitamente relacionado com o planejamento dos prazos de execução dos serviços, pois o volume de recursos necessários e a duração da disponibilização destes podem ser deduzidos com base no cronograma. Assim, um planejamento de recursos deve fornecer informações sobre o momento e a quantidade em que serão necessários os seguintes recursos no canteiro de obras: Mão de obra; Recursos operacionais; Materiais de construção; Serviços de empreiteiros. AN02FREV001/REV 4.0 114 14.10 PLANEJAMENTO DA MÃO DE OBRA O planejamento da mão de obra é uma tarefa que exige muito conhecimento, pois ele está sujeito a limitações de recursos (exemplo: potencial disponível da empresa) e de espaço físico (exemplo: espaço no canteiro de obras). Isto faz com que seja necessária uma coordenação, feita com a devida antecedência, do planejamento com o setor de administração dos recursos humanos. Deve-se tentar obter um aproveitamento contínuo da mão de obra. A quantidade de trabalhadores deve ser pouco a pouco aumentada no início da obra e diminuída na fase final da mesma. Devem ser considerados também neste planejamento outros critérios que podem ter influência na quantidade de mão de obra disponível, como períodos de férias, fins de semana, feriados, más condições de tempo ou falta de operário por motivo de doença. Depois de elaborado um quadro dos recursos necessários, deve-se, então, definir juntamente com o departamento de pessoal a quantidade de mão de obra que será empregada na obra. Frequentemente mostra-se necessária, e também racional, a divisão da mão de obra em grupos segundo a categoria (operários e pessoal de supervisão) ou segundo as profissões (operários profissionais, serventes, operadores de máquinas, almoxarife etc.). A representação do planejamento da mão de obra pode ser feita sob a forma de histograma de recursos que, na maioria dos casos, é apresentado juntamente com o cronograma. No departamento de pessoal da empresa devem ser desenvolvidos e apresentados quadros de planejamento de pessoal, que permitam uma coordenação geral sobre todos os canteiros de obra da empresa. Com a organização destas informações, é realizado o dimensionamento definitivo da mão de obra, decidindo-se também sobre a necessidade de AN02FREV001/REV 4.0 115 deslocamento de operários para as atividades dos diversos canteiros, e qual será este deslocamento (SANTOS, 2005). FIGURA 70 - EXEMPLO DE UM HISTOGRAMA DE RECURSOS HUMANOS DE UMA OBRA FONTE: (GEHBAUER, 2002). Além do levantamento da mão de obra necessária, deve ser feita também a coordenação das atividades a serem desenvolvidas por esta mão de obra. Em princípio existem duas formas de organizar a mão de obra no canteiro. Em obras de pequeno e médio porte, a estrutura de organização da obra é feita de acordo com a estrutura e a capacidade da empresa construtora. No caso de projetos maiores e/ou mais complexos são principalmente os requisitos da própria obra que definem a organização do pessoal (exemplo: prazos, emprego de mão de obra especializada e/ou de empreiteiras, métodos de construção que necessitam de controle especial da execução, etc.). AN02FREV001/REV 4.0 116 É aconselhável montar um organograma, em projetos maiores, no qual podem ser mostrados com clareza os responsáveis pela execução e também o fluxo de informação entre eles. Exemplo de organograma de uma obra. FONTE: (GEHBAUER, 2002). Além disso, é também muito importante para os dirigentes da obra a definição clara das responsabilidades e tarefas daqueles que atuam na mesma. Para isso, devem-se levantar as atribuições que são preponderantemente de chefia assim como as técnico-administrativas. As atribuições da chefia podem ser, por exemplo: • definição e formulação de objetivos; • coordenação e direção das equipes e departamentos de trabalho; • controle contínuo dos resultados (comparação planejado /realizado); • medidas corretivas durante o andamento da obra. Como exemplo de atribuições técnico-administrativas podem ser citadas: • organização do fornecimento de materiais de construção; • medidas de segurança contra acidentes; • relatórios de segurança; • relatórios diários, semanais e mensais; Gerente de Obra Assistente do gerente supervisor Mestre de obra Mestre de obra Contramestre Operários especializados serventes Contramestre Operários especializados serventes Contramestre Operários especializados serventes AN02FREV001/REV 4.0 117 • notificações de rendimento; • cálculo de horas de trabalho; • controle de notas fiscais e faturas. 14.11 PLANEJAMENTO DOS RECURSOS OPERACIONAIS Fazem parte dos recursos operacionais todas as máquinas, equipamentos, materiais auxiliares (como formas, andaimes, etc.), e todos os equipamentos e instalações permanentes de um canteiro de obra (exemplo: ferramentas, pequenos aparelhos, instalações sociais e de escritório, almoxarifado). O planejamento dos recursos operacionais está estreitamente relacionado não só com o planejamento da execução da obra, a partir do qual é feito o levantamento de todo o equipamento, maquinário e material auxiliar necessário, mas também com o planejamento do canteiro de obras, por meio do qual é determinada a quantidade e o tamanho de seus equipamentos e instalações. Para a aquisição destes meios de produção deve ser feita uma lista de necessidades, que se subdivide em: • equipamentos permanentes do canteiro de obras; • equipamentos e máquinas, cujo emprego no canteiro é temporário. Quando o projeto de formas é desenvolvido pela própria empresa, ou quando são realizadas otimizações no mesmo, o planejamento correspondente à disponibilidade destes materiais é feito em separado. Em uma lista de necessidades devem ser apontados:• tipo e dimensionamento do equipamento/máquina/ instalação; • início e duração da utilização dos mesmos. Assim, é possível decidir, em conjunto com o setor de máquinas e equipamentos da empresa, ou, se for o caso, com a diretoria da mesma, sobre a disponibilização dos recursos operacionais para uma determinada obra, no momento em que estes forem necessários. Da mesma forma, é possível informar, quando estes recursos não serão mais utilizados nesta obra. AN02FREV001/REV 4.0 118 A coordenação de todos os equipamentos, assim como a ampliação do potencial da empresa por meio de aquisição ou locação de novos equipamentos, também deve ser realizada pelo setor de máquinas e equipamentos da empresa, e se necessário, com a aprovação da direção técnica ou da diretoria da empresa. 14.12 PLANEJAMENTO DA DISPONIBILIZAÇÃO DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Um planejamento detalhado da disponibilidade do material de construção só se faz necessário em casos muito especiais, como: • Em obras de grande porte, nas quais ocorre uma demanda de grandes volumes de material, e muitas vezes de forma acumulada; • Em obras onde as dificuldades de fornecimento tornam necessário o armazenamento de materiais em longo prazo. De um modo geral, é suficiente determinar a demanda total de material com um nível de precisão médio, e fechar contratos com os fornecedores, antes do início da obra e com a devida antecedência, especificando as condições gerais de fornecimento. Para materiais de construção que carecem de um prazo maior para a entrega, ou cuja produção é mais demorada (exemplo: elementos pré-fabricados), devem-se fechar, tão cedo quanto possível, contratos em separado, que definam condições de entrega obrigatórias (exemplo: data de entrega). Para a disponibilização de materiais de construção no decorrer da execução, é muito importante a organização dos pedidos de entrega pela gerência da obra. Ela deve fazer o levantamento do material a ser disponibilizado e fazer a requisição, diretamente ou por meio do setor de compras, com a devida antecedência (maior que o prazo de entrega), de acordo com o estágio atual da obra. AN02FREV001/REV 4.0 119 14.13 PLANEJAMENTO DOS SERVIÇOS DE EMPREITEIRAS Os serviços de empreiteiras, da mesma forma como a disponibilização do material de construção, não dependem tanto de um planejamento detalhado. O problema é mais de ordem organizacional. Durante o planejamento da obra são levantados os dados para os serviços de empreiteiras, como data de início e duração dos serviços, de tal forma que na preparação dos trabalhos o aspecto principal a ser considerado é o fechamento dos contratos. Isto deve ser feito com a antecedência necessária e de tal forma que as condições colocadas sejam obrigatórias. Assim é possível obter já neste estágio do projeto, uma segurança considerável com relação aos prazos determinados no planejamento geral da obra. FIGURA 71 - EMPREITEIROS DE CONSTRUÇÃO CIVIL FONTE: Disponível em: <http://www.transmazon.com.br/site/wp- content/uploads/2010/10/construcao_civil_geracao_vagas_empregos_trabalho_obras_be_01.jpg > Acesso em: 23 jan. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 120 14.14 UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES NO PLANEJAMENTO DA OBRA Durante o planejamento de uma obra, e principalmente na elaboração do cronograma, é necessário trabalhar com um grande volume de dados, que precisam ser várias vezes, preparados e avaliados até que possam, finalmente, ser utilizados. Com o auxílio de softwares próprios para o gerenciamento de projetos, é possível planejar o desenvolvimento da obra e os recursos de forma racional e fácil, mesmo quando se emprega o método complexo de rede de precedências. A introdução e a retirada de dados ocorrem por diagramas em linhas, barras ou colunas e por isso não é imprescindível que se tenha conhecimento do método acima citado. Entretanto, o uso de softwares no planejamento da obra não dispensa o planejador de elaborar uma estruturação do projeto. Por isso, é necessário que seja feito pelo menos um esboço da estruturação do projeto e também uma lista de todas as atividades que compreendem o projeto. Isto pode ser feito à mão e servirá como ponto de partida para o trabalho com o programa de gerenciamento. 15 PROCEDIMENTOS DE EXECUÇÃO DE SERVIÇOS E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA EXECUÇÃO Para que um dos principais objetivos do planejamento seja alcançado, isto é, a melhor qualidade da produção, recomenda-se a preparação de Procedimentos de Execução de Serviços (PES), que servirão como instrumento de controle da execução (GEHBAUER, 2002). Em uma empresa de construção que trabalhe de acordo com um sistema de gestão da qualidade, estes PES fazem parte de seu Manual de Gestão da Qualidade (MGQ). AN02FREV001/REV 4.0 121 É possível, também, elaborar PES específicos para um determinado empreendimento. Os PES têm a função de descrever a forma como devem ser executadas as principais atividades que ocorrem dentro do processo de construção. Isto pode acontecer por meio de textos, checklists, tabelas, desenhos ou fotos. Com isso, procura-se garantir que todos aqueles que fazem parte do processo de construção tenham o mesmo entendimento sobre a tarefa a executar e trabalhem segundo os mesmos padrões de execução, para que se obtenha em todos os níveis de trabalho uma boa qualidade. Na fase de execução é importante que seja sempre verificado se os trabalhos estão sendo executados realmente como foram descritos nos PES e isso é feito utilizando-se os formulários de Avaliação da Qualidade de Execução (AQE). Para cada PES deve haver um formulário de AQE contendo os critérios de verificação do serviço e as tolerâncias, se houver. Os quadros a seguir apresentam exemplos de formulários de PES e AQE utilizados em obras de construção civil. AN02FREV001/REV 4.0 122 FIGURA 72 - EXEMPLO DE PES (PROCEDIMENTO DE EXECUÇÃO DE SERVIÇO) FONTE: (GEHBAUER, 2002). AN02FREV001/REV 4.0 123 FIGURA 73 - EXEMPLO DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE EXECUÇÃO FONTE: (GEHBAUER, 2002). AN02FREV001/REV 4.0 124 16 MÉTODOS PARA O LEVANTAMENTO DE TEMPOS IMPRODUTIVOS É de conhecimento geral que, em toda obra, ainda que tenha sido muito bem planejada, existe sempre possibilidades de otimização dos processos de trabalho durante a execução. Possibilidades de racionalização podem ser observadas em todos os canteiros de obras, mas nem sempre elas podem ser percebidas com rapidez pelos engenheiros responsáveis. Por isso, foram desenvolvidos métodos de análise de atividades em execução, com o objetivo de auxiliá-los no levantamento de trabalhos pouco eficientes, ou mesmo inefectivos. A partir das informações obtidas nestes levantamentos, podem ser desenvolvidas propostas de racionalização dos processos de execução das atividades em níveis bastante detalhados. 16.1 MÉTODOS SIMPLES E INFORMAIS O método mais simples de se realizar tais análises consiste em observar partes isoladas de um determinado processo de trabalho, elaborando-se desenhos esquemáticos das sequências deste processo na forma atual de trabalho. Devem ser anotadas também, quantas pessoas estão trabalhando no processo, o deslocamento percorrido por elas e também a distância percorrida no transporte dos materiaisempregados. Essas anotações são o primeiro passo a ser dado em direção à otimização do processo. A seguir, são elaboradas alternativas para tornar o processo mais eficiente. São feitas então representações esquemáticas de uma ou mais alternativas, e as alterações em relação ao processo antigo devem ser quantificadas. Estas alterações podem ser, por exemplo, a distância total (em AN02FREV001/REV 4.0 125 metros) percorrida pelo conjunto de pessoas ou pela quantidade total de material transportado durante o processo em análise. Estes resultados da alternativa proposta são então comparados com o processo de execução atual. Quando pode ser observado que o novo modelo proposto é mais eficiente, e consequentemente mais econômico, segue-se então o terceiro passo que consiste na sua implementação. PAKER et al (1989), apresenta um exemplo simples, de uma obra real, que mostra um esboço esquemático de um local da obra onde é produzido o concreto. O transporte desse material até o local da concretagem era feito por meio de uma grua. Também está representado na figura, as quantidades dos componentes da mistura, transportados em carrinhos de mão, e a distância total percorrida pelos operários para o transporte dos componentes, em cada etapa de mistura. De acordo com o levantamento feito, para cada m3 de concreto produzido, era percorrida uma distância aproximada de 820 m x H. Para a quantidade total de concreto e argamassa que deveria ser produzida nesta obra (aproximadamente 5.000 m3), percorria-se então uma distância total de 4.100.000 m x H. Supondo-se uma velocidade de 3,0 km/h para o transporte dos componentes até a betoneira, tem-se que o tempo gasto neste trabalho de transporte era de 1.400 h x H. AN02FREV001/REV 4.0 126 FIGURA 74 - DIAGRAMA DE FLUXO DA ATIVIDADE EM ESTUDO (ANTES DA ALTERAÇÃO) Fonte: (PARKER e tal 1989). Nesse exemplo todo o processo é linearizado, as curvas desnecessárias são eliminadas, o cimento passa a ser fornecido e depositado em paletes (já que há uma grua disponível na obra). A brita, que é o componente usado em maior quantidade na produção do concreto, deve ser o mais próximo da grua (quando for produzida argamassa, a areia deve ser o componente mais próximo). O resultado do novo cálculo das distâncias percorridas pelos materiais mostra a possibilidade de se reduzir 580,0 m x H para cada m3 de concreto produzido, o que significa, no total, uma economia de 1.000 h x H, apenas neste local de trabalho, próximo à betoneira. Areia: 8,0 m (carrinho = 40,0 litros = 60,0 kg x H) Brita: 14,0 m (carrinho = 40,0 litros = 65,0 kg x H) Cimento: 25,0 m (carrinho = 40,0 litros = 65,0 kg x H) 1,0 m 3 precisa de aproximadamente: 600,0 kg de areia 1.300,0 kg de brita 200,0 kg de cimento 10 viagens de areia x 8,0 m = 80,0 m x H 20 viagens de brita x 14,0 m = 280,0 m x H 2 viagens de cimento x 25,0 m = 50,0 m x H Total = 410 m x H x 2 (ida e volta) = 820,0 m x H Quantidade total de concreto produzido nesta obra = 5.000,0 m 3 5.000,0 m 3 x 820,0 m x H/m 3 = 4.100.000,0 m x H Velocidade = 3,0 km/h Tempo gasro nesta atividade 1.400,0 h x H AN02FREV001/REV 4.0 127 Este é apenas um exemplo de um processo, dentro de uma atividade (concretagem). Quando toda uma obra é estudada sob este aspecto, e analisados os percursos de transporte que ocorrem com maior frequência, têm-se neste método uma das mais simples e eficientes ferramentas para a racionalização da execução. Outra chave para a racionalização está na compatibilização dos processos de uma cadeia de produção. Por exemplo, quando está previsto o emprego de uma grua na realização de uma atividade, o material nela utilizado deve ser fornecido em paletes, eliminando-se o descarregamento e o transporte manual. FIGURA 75 - DIAGRAMA DE FLUXO DA ATIVIDADE EM ESTUDO (APÓS A ALTERAÇÃO) FONTE: (PARKER et al, 1989). 16.2 MÉTODOS PARA AUMENTAR A EFICIÊNCIA A indústria da Construção Civil possui vários exemplos de ciclos de trabalho que se repetem, e trabalhos que se repetem são os mais adequados para o aperfeiçoamento de métodos para aumentar a eficiência de trabalhos. Areia: 10,0 viagens x 5,0 m = 50,0 m x H Brita: 20,0 viagens x 3,0 m = 60,0 m x H Cimento: 2,0 viagens x 5,0 m = 10,0 m x H Total: 120,0 m x 2 (ida e volta) = 240,0 m x H Processo anterior: 410,0 m x H x 2 (ida e volta) = 820,0 m x H Diferença: 580,0 m 5.000,0 m 3 x 580,0 m = 2.900.000,0 m x H Velocidade = 3,0 km/h A redução no tempo de trabalho nesta atividade é de aproximadamente 1.000 h x H Para um salário de R$ 5,00/h, tem-se uma economia de R$ 5.000,00 x H - Girar - Eliminar curvas - Brita mais próxma da betoneira - Cimento nos paletes (há uma grua) AN02FREV001/REV 4.0 128 É verdade que não existem duas obras iguais, mas também é verdade que na maior parte das obras de mesmo tipo estão presentes as mesmas atividades habituais e que estes ciclos de trabalhos elementares repetem-se constantemente. Não é comum colocar-se uma única tubulação, pregar uma só tábua, retirar apenas um carregamento de terra ou colocar apenas uma vez armadura numa fôrma de peça de concreto armado. Esses trabalhos são realizados várias vezes em um mesmo dia, e frequentemente durante dias e semanas. Pelo fato deles se repetirem com tanta frequência, deve-se analisar o método pelo qual eles são executados, com o objetivo de evitar-se desperdício de trabalho e energia. A subutilização da força de trabalho humana é provavelmente a deficiência mais comum em canteiros de obra. Pesquisas realizadas nos EUA demonstraram que essa deficiência é uma falha dos dirigentes da obra e não uma característica típica da mão de obra (PARKER et al, 1989). As instruções dadas aos executores dos serviços são geralmente incompletas. O trabalhador fará, normalmente, não aquilo que o mestre de obras deseja, mas aquilo que ele acredita que o mestre deseja. O sucesso de seu trabalho depende, nestes casos, da sua capacidade de interpretar o pensamento do seu dirigente. Uma alternativa muito mais eficiente para o mestre de obras está em apresentar em detalhes, e com bastante clareza, o que ele deseja que seja feito, e como ele quer que isto seja feito. Boa comunicação resulta em uma boa obra, ao passo que comunicação deficiente leva a trabalhos dobrados, erros, desentendimentos e pouca eficiência. As principais perguntas que se deve fazer em relação ao trabalho a ser melhorado são: Qual é o objetivo? Por que ele é necessário? Qual é o melhor momento para executá-lo? Como seria uma execução ideal? Onde é o melhor local para executá-lo? Quem é a pessoa mais indicada para fazê-lo? AN02FREV001/REV 4.0 129 Quando essas seis perguntas são respondidas com ponderação, elas podem mostrar a necessidade real do trabalho a ser feito, levando a uma simplificação racional e a uma melhora na execução do mesmo. FIM DO MÓDULO III
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