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Pratica simulada livro 3

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Prévia do material em texto

na	 IV	 Jornada	 de	 Direito	 Civil	 organizada	 pelo	 Conselho	 da	 Justiça	 Federal,	 assinala	 que	 “pode	 o
lesionado	optar	por	não	pleitear	a	anulação	do	negócio,	deduzindo,	desde	logo,	pretensão	com	vistas
à	revisão	judicial	do	negócio	por	meio	da	redução	do	proveito	do	lesionador	ou	do	complemento	do
preço”.	Mesmo	que	o	autor	postule	somente	a	anulação	do	contrato,	será	facultado	ao	outro	contratante
ilidir	 a	 pretensão	 de	 ruptura	 do	 negócio,	mediante	 o	 referido	 suplemento,	 suficiente	 para	 afastar	 a
manifesta	 desproporção	 entre	 as	 prestações	 e	 recompor	 o	 patrimônio	 daquele,	 salvando	 a	 avença.
Competirá	 ao	 juiz	 decidir	 se	 o	 suplemento	 foi	 ou	 não	 suficiente	 para	 evitar	 a	 perpetuação	 do
locupletamento.
A	lesão	pode	estar	presente	em	todo	contrato	bilateral	e	oneroso,	que	suscita	prestações	correlatas,
sendo	a	relação	entre	vantagem	e	sacrifício	decorrente	da	própria	estrutura	do	negócio	 jurídico549.	A
possibilidade	 de	 oferecimento	 de	 suplemento	 suficiente,	 prevista	 no	 mencionado	 art.	 157,	 reforça	 a
ideia	 defendida	 pela	 doutrina	 de	 que	 a	 lesão	 só	 ocorre	 em	 contratos	 comutativos,	 e	 não	 nos
aleatórios,	 pois	 nestes	 as	 prestações	 envolvem	 risco	 e,	 por	 sua	 própria	 natureza,	 não	 precisam	 ser
equilibradas.	 Em	 verdade,	 somente	 se	 poderá	 invocar	 a	 lesão	 nos	 contratos	 aleatórios,
excepcionalmente,	 “quando	 a	 vantagem	 que	 obtém	 uma	 das	 partes	 é	 excessiva,	desproporcional	 em
relação	à	álea	normal	do	contrato”550.
■	7.5.7.	A	fraude	contra	credores
■	7.5.7.1.	Conceito
O	novo	Código	Civil	coloca	no	rol	dos	defeitos	do	negócio	jurídico	a	fraude	con​​tra	credores,	não
como	vício	do	consentimento,	mas	como	vício	social,	uma	vez	que	não	conduz	a	um	descompasso	entre
o	 íntimo	querer	do	agente	 e	 a	 sua	declaração.	A	vontade	manifestada	corresponde	exatamente	ao	 seu
desejo,	mas	 é	 exteriorizada	 com	 a	 intenção	 de	prejudicar	 terceiros,	 ou	 seja,	 os	 credores.	 Por	 essa
razão,	é	considerada	vício	social.
A	regulamentação	jurídica	desse	instituto	assenta​-se	no	princípio	do	direito	das	obrigações	segundo	o
qual	 o	 patrimônio	 do	 devedor	 responde	 por	 suas	 obrigações551.	 É	 o	 princípio	 da	 responsabilidade
patrimonial,	 previsto	 no	 art.	 957	 do	 novo	 Código​,	 nesses	 termos:	 “Não	 havendo	 título	 legal	 à
preferência,	 terão	 os	 credores	 igual	 direito	 sobre	 os	 bens	 do	 devedor	 comum”.	 O	 patrimônio	 do
devedor	constitui	a	garantia	geral	dos	credores.	Se	ele	o	desfalca	maliciosa	e	substancialmente,	a	ponto
de	não	garantir	mais	o	pagamento	de	todas	as	dívidas,	tornando​-se	assim	insolvente,	com	o	seu	passivo
superando	o	ativo,	configura​-se	a	fraude	contra	credores.	Esta	só	se	caracteriza,	porém,	se	o	devedor
já	 for	 insolvente	 ou	 tornar​-se	 insolvente	 em	 razão	 do	 desfalque	 patrimonial	 promovido.	 Se	 for
solvente,	isto	é,	se	o	seu	patrimônio	bastar,	com	sobra,	para	o	pagamento	de	suas	dívidas,	ampla	é	a	sua
liberdade	de	dispor	de	seus	bens.
Fraude	 contra	 credores	 é,	 portanto,	 todo	 ato	 suscetível	 de	 diminuir	 ou	 onerar	 seu	 patrimônio,
reduzindo	ou	eliminando	a	garantia	que	este	representa	para	pagamento	de	suas	dívidas,	praticado	por
devedor	insolvente	ou	por	ele	reduzido	à	 ​insolvência552.	Tendo	em	conta	que	o	patrimônio	do	devedor
responde	 por	 suas	 dívidas,	 pode​-se	 concluir	 que,	 desfalcando​-o	 a	 ponto	 de	 ser	 suplantado	 por	 seu
passivo,	o	devedor	 insolvente,	de	certo	modo,	está	dispondo	de	valores	que	não	mais	 lhe	pertencem,
pois	tais	valores	se	encontram	vinculados	ao	resgate	de	seus	débitos.	Daí	permitir	o	Código	Civil	que
os	 credores	 possam	desfazer	 os	 atos	 fraudulentos	 praticados	 pelo	 devedor,	 em	 detrimento	 de	 seus
interesses553.
■	7.5.7.2.	Elementos	constitutivos
Dois	elementos	compõem	o	conceito	de	fraude	contra	credores:
■	 o	 objetivo	 (eventus	 damni),	 ou	 seja,	 a	 própria	 insolvência,	 que	 constitui	 o	 ato	 prejudicial	 ao
credor;	e
■	o	subjetivo	(consilium	fraudis),	que	é	a	má​-fé	do	devedor,	a	consciência	de	prejudicar	terceiros.
■	7.5.7.2.1.	Elemento	subjetivo
Ao	tratar	do	problema	da	fraude,	o	legislador	teve	de	optar	entre	proteger	o	interesse	dos	credores	ou
o	do	adquirente	de	boa​-fé.	Preferiu	proteger	o	interesse	deste.	Se	ignorava	a	insolvência	do	alienante
nem	 tinha	motivos	 para	 conhecê​-la,	 conservará	 o	 bem,	não	 se	 anulando	 o	 negócio.	 Desse	modo,	 o
credor	 somente	 logrará	 invalidar	 a	 alienação	 se	 provar	 a	má​-fé	 do	 terceiro	 adquirente,	 isto	 é,	 a
ciência	 deste	 da	 situação	 de	 insolvência	 do	 alienante.	 Este	 é	 o	 elemento	 subjetivo	 da	 fraude:	 o
consilium	 fraudis,	 ou	 conluio	 fraudulento.	 Não	 se	 exige,	 no	 entanto,	 que	 o	 adquirente	 esteja
mancomunado	ou	conluiado	com	o	alienante	para	lesar	os	credores	deste.	Basta	a	prova	da	ciência	da
sua	situação	de	insolvência.
O	art.	159	do	Código	Civil	presume	a	má​-fé	do	adquirente	“quando	a	insolvência	(do	alienante)	for
notória,	ou	houver	motivo	para	ser	conhecida	do	outro	contratante”.
■	 Insolvência	 notória	—	 a	 notoriedade	 da	 insolvência	 pode	 se	 revelar	 por	 ​diversos	 atos,	 como
pela	existência	de	títulos	de	crédito	protestados,	de	protestos	judiciais	contra	alienação	de	bens	e	de
várias	execuções	ou	demandas	de	grande	porte	movidas	contra	o	devedor.
■	Motivos	para	conhecê​-la	—	embora	a	insolvência	não	seja	notória,	pode	o	adquirente	ter	motivos
para	conhecê​-la.	Os	casos	mais	comuns	de	presunção	de	má​-fé	do	adquirente,	por	haver	motivo	para
conhecer	a	má	situação	financeira	do	alienante,	são	os	de	aquisição	do	bem	por	preço	vil554	ou	de
parentesco	próximo555	entre	as	partes.
Jorge	Americano,	citado	por	Silvio	Rodrigues556,	refere​-se	a	algumas	presunções	que	decorrem	das
circunstâncias	que	envolvem	o	negócio	e	são	reconhecidas	pela	jurisprudência.	Assim,	os	contratos	se
presumem	 fraudulentos:	“a)	 pela	 clandestinidade	 do	 ato;	b)	 pela	 continuação	 dos	 bens	 alienados	 na
posse	do	devedor	quando,	 segundo	a	natureza	do	ato,	deviam	passar	para	o	 terceiro;	c)	pela	 falta	de
causa;	d)	pelo	parentesco	ou	afinidade	entre	o	devedor	e	o	terceiro;	e)	pelo	preço	vil;	f)	pela	alienação
de	 todos	 os	 bens”557.	A	 prova	 do	 consilium	fraudis	 não	 sofre	 limitações	 e	 pode	 ser	ministrada	 por
todos	os	meios,	especialmente	indícios	e	presunções558.
■	7.5.7.2.2.	Elemento	objetivo
O	elemento	objetivo	da	fraude	é	o	eventus	damni,	ou	seja,	o	prejuízo	decorrente	da	insolvência.	O
autor	 da	 ação	 pauliana	 ou	 revocatória	 tem,	 assim,	 o	 ônus	 de	 provar,	 nas	 transmissões	 onerosas,	 o
eventus	damni	e	o	consilium	fraudis.
■	7.5.7.3.	Hipóteses	legais
Não	apenas	nas	transmissões	onerosas	pode	ocorrer	fraude	aos	credores	mas	tam​​bém	em	outras	três
hipóteses.	Vejamos	as	espécies	de	negócios	jurídicos	passíveis	de	fraude.
■	7.5.7.3.1.	Atos	de	transmissão	gratuita	de	bens	ou	remissão	de	dívida
O	art.	158	do	Código	Civil	declara	que	poderão	ser	anulados	pelos	credores	qui​​rografários,	“como
lesivos	dos	seus	direitos”,	os	“negócios	de	transmissão	gratuita	de	bens	ou	remissão	de	dívida”	quando
os	pratique	“o	devedor	já	insolvente,	ou	por	eles	reduzido	à	insolvência,	ainda	quando	o	ignore”.
■	7.5.7.3.1.1.	Atos	de	transmissão	gratuita	de	bens
O	estado	de	insolvência,	segundo	Clóvis	Beviláqua,	é	objetivo	—	existe	ou	não,	independentemente
do	 conhecimento	 do	 insolvente559.	 Nesses	 casos,	 os	 credores	 não	 precisam	 provar	 o	 conluio
fraudulento	 (consilium	 fraudis),	 pois	 a	 lei	 pre​​sume	 a	 existência	 do	 propósito	 de	 fraude.	 Tendo	 de
optar	entre	o	direito	dos	credores,	que	procura	evitar	um	prejuízo,	qui	certant	de	damno	vitando,	e	o
dos	donatários	(em	geral,	filhos	ou	parentes	próximos	do	doador	insolvente),	que	procura	as​​segurar	um
lucro,	qui	certat	de	lucro	captando,	o	legislador	desta	vez	preferiu	proteger	os	primeiros,	que	buscam
evitar	um	prejuízo.Atos	 de	 transmissão	 gratuita	 de	 bens	 são	 de	 diversas	 espécies:	 doações;	 renúncia	 de	 herança;
atribuições	gratuitas	de	direitos	reais	e	de	retenção;	renúncia	de	usufruto;	o	que	não	é	correspectivo	nas
doações	remuneratórias,	nas	transações	e	nos	reconhecimentos	de	dívidas;	aval	de	favor;	promessa	de
doação;	 deixa	 testamentária	 e	 qualquer	 direito	 já	 adquirido	 que,	 por	 esse	 fato,	 vá	 beneficiar
determinada	pessoa560.
■	7.5.7.3.1.2.	Remissão	de	dívida
O	Código	Civil	menciona	 expressamente	 a	 remissão	 ou	perdão	 de	 dívida	 co​​mo	 liberalidade	 que
também	reduz	o	patrimônio	do	devedor,	sujeita	à	mesma	conse​quência	dos	demais	atos	de	transmissão:
a	 anulabilidade.	Os	 créditos	 ou	 dívidas	ativas	 que	 o	 devedor	 tem	 a	 receber	 de	 terceiros	 constituem
parte	 de	 seu	 patrimônio.	 Se	 ele	 os	 perdoa,	 esse	 patrimônio,	 que	 é	 garantia	 dos	 credores,	 reduz​-se
proporcionalmente.	Por	essa	razão,	seus	credores	têm	legítimo	interesse	em	invalidar	a	liberalidade,
para	que	os	créditos	perdoados	se	reincorporem	no	ativo	do	devedor 561.
■	7.5.7.3.2.	Atos	de	transmissão	onerosa
O	art.	159	do	Código	Civil	trata	dos	casos	de	anulabilidade	do	negócio	jurídico	oneroso,	exigindo,
além	da	insolvência	ou	eventus	damni,	o	conhecimento	dessa	situação	pelo	terceiro	adquirente,	qual
seja,	o	consilium	fraudis.	O	aludido	disposi​tivo	proclama	que	ocorrerá	a	anulabilidade	dos	contratos
onerosos,	mesmo	 havendo	 contraprestação,	 tanto	 no	 caso	 de	 conhecimento	 real	 da	 insolvência	 pelo
outro	contratante	como	no	caso	de	conhecimento	presumível,	em	face	da	notoriedade	ou	da	existência
de	motivos	para	esse	fato.
Como	 dito	 no	 item	 anterior,	 a	 insolvência	 é	notória	 principalmente	 quando	 o	 de​​vedor	 tem	 títulos
protestados	 ou	 é	 réu	 em	 ações	 de	 cobrança	 ou	 execuções	 cambiais.	 É	 presumida	 quando	 as
circunstâncias,	mormente	o	preço	vil	e	o	parentesco	próximo	entre	as	partes,	indicam	que	o	adquirente
conhecia	o	estado	de	insolvência	do	alienante.	Assim,	o	pai	que	negocia	com	filho	ou	irmão	insolvente
não	poderá	arguir	sua	ignorância	sobre	a	má	situação	econômica	destes,	bem	como	aquele	que	adquire
imóvel	por	preço	ostensivamente	inferior	ao	de	mercado,	dentre	outras	hipóteses.
Não	se	exige	conluio	entre	as	partes,	bastando	a	prova	da	ciência	dessa	situação	pelo	adquirente.	Se,
no	entanto,	ficar	evidenciado	que	este	se	encontrava	de	boa​-fé,	ignorando	a	insolvência	do	alienante,	o
negócio	será	válido.	Incumbe	ao	credor	a	prova	da	notoriedade	ou	das	condições	pessoais	que	ensejam
a	presunção.	Como	as​​sinala	Yussef	Said	Cahali,	“doutrina	e	jurisprudência	são	concordes,	no	sentido	de
que	compete,	ao	autor	da	ação	pauliana,	demonstrar	a	ocorrência	do	consilium	fraudis,	para	o	êxito	da
mesma;	 o	 que,	 de	 resto,	 mostra​-se	 inteiramente	 conforme	 aos	 princípios	 (onus	 probandi	 incumbit
actori),	 no	 pressuposto	 de	 que	 a	 fraude	 bilateral	 (consilium	 fraudis	 incluindo	 a	 scientia	 fraudis	 do
copartícipe	no	contrato)	 representa	elemento	constitutivo	 da	 pretensão	 revocatória	 (art.	 373,	 n.	 I,	 do
CPC)”562.
■	7.5.7.3.3.	Pagamento	antecipado	de	dívida
Dispõe	o	art.	162	do	Código	Civil:	 “O	credor	quirografário,	que	 receber	do	devedor	 insolvente	o
pagamento	da	dívida	ainda	não	vencida,	ficará	obrigado	a	repor,	em	proveito	do	acervo	sobre	que	se
tenha	de	efetuar	o	concurso	de	credores,	aquilo	que	recebeu”.
Credor	 quirografário,	 etimologicamente,	 é	 o	 que	 tem	 seu	 crédito	 decorrente	 de	 um	 título	 ou
documento	 escrito.	 A	 ele	 se	 refere	 o	 estatuto	 civil	 como	 aquele	 que	 tem	 como	 única	 garantia	 o
patrimônio	geral	do	devedor,	ao	contrário	do	credor	privilegiado,	que	possui	garantia	especial.
O	objetivo	da	lei	é	colocar	em	situação	de	igualdade	todos	os	credores	quirografários.	Todos	devem
ter	as	mesmas	oportunidades	de	receber	seus	créditos	e	de	serem	aquinhoados	proporcionalmente.	Se	a
dívida	já	estiver	vencida,	o	pagamento	não	é	mais	do	que	uma	obrigação	do	devedor	e	será	considerado
normal	e	válido,	desde	que	não	tenha	sido	instaurado	o	concurso	de	credores.	Se	o	devedor,	 todavia,
salda	débitos	vincendos,	 comporta​-se	 de	maneira	 anormal.	Presume​-se,	 na	 hipótese,	 o	 intuito	 frau​​-
dulento	 e	 o	 credor	 beneficiado	 ficará	 obrigado	 a	 repor,	 em	 proveito	 do	 acervo,	 o	 que	 recebeu,
instaurado	o	concurso	de	credores563.
Essa	 regra	 não	 se	 aplica	 ao	 credor	privilegiado,	 que	 tem	 o	 seu	 direito	 assegurado	 em	 virtude	 da
garantia	especial	de	que	é	titular.	Como	o	seu	direito	estaria	sempre	a	salvo,	o	pagamento	antecipado
não	causa	prejuízo	aos	demais	credores,	desde	que	limitado	ao	valor	da	garantia.
■	7.5.7.3.4.	Concessão	fraudulenta	de	garantias
Prescreve	o	art.	163	do	Código	Civil:	“Presumem​-se	fraudatórias	dos	direitos	dos	outros	credores	as
garantias	de	dívidas	que	o	devedor	insolvente	tiver	dado	a	algum	credor”.
As	garantias	a	que	se	refere	o	dispositivo	são	as	reais,	pois	a	fidejussória	não	prejudica	os	credores
em	concurso.	A	paridade	que	deve	reinar	entre	os	credores	ficará	irremediavelmente	comprometida	se
houver	outorga,	a	um	deles,	de	penhor,	anticrese	ou	hipoteca.	A	constituição	da	garantia	vem	situar	o
credor	 favorecido	 numa	 posição	 privilegiada,	 ao	 mesmo	 tempo	 que	 agrava	 a	 dos	 demais,	 tornando
problemática	 a	 solução	 do	 passivo	 pelo	 devedor 564.	 É	 essa	 desigualdade	 que	 a	 lei	 quer	 evitar	 ao
presumir	fraudulento	o	procedimento	do	devedor 565.	A	presunção,	in	casu,	resulta	do	próprio	ato,	uma
vez	demonstrada	a	insolvência	do	devedor,	sendo	juris	et	de	jure.
O	 que	 se	 anula,	 na	 hipótese,	 é	 somente	 a	 garantia,	 a	 preferência	 concedida	 a	 um	 dos	 credores.
Continua	 ele,	 porém,	 como	 credor,	 retornando	 à	 condição	 de	 quirografário.	 Preceitua,	 com	 efeito,	 o
parágrafo	 único	 do	 art.	 165	 do	Código	Civil	 que,	 se	 os	 negócios	 fraudulentos	 anulados	 “tinham	 por
único	 objeto	 atribuir	 direitos	 preferenciais,	 mediante	 hipoteca,	 penhor	 ou	 anticrese,	 sua	 invalidade
importará	somente	na	anulação	da	preferência	ajustada”.
Anote​-se	que	somente	na	fraude	cometida	nas	alienações	onerosas	exige​-se	o	requisito	do	consilium
fraudis	ou	má​-fé	do	terceiro	adquirente,	sendo	presumido	ex	vi	legis	nos	demais	casos,	ou	seja,	nos	de
alienação	a	 título	gratuito	e	 remissão	de	dívidas,	de	pagamento	antecipado	de	dívida	e	de	concessão
fraudulenta	de	garantia.
■	7.5.7.4.	Ação	pauliana	ou	revocatória
A	 ação	 anulatória	 do	 negócio	 jurídico	 celebrado	 em	 fraude	 contra	 os	 credores	 é	 chamada	 de
revocatória	ou	pauliana,	em	atenção	ao	pretor	Paulo,	que	a	introduziu	no	direito	romano566.	É	a	ação
pela	qual	os	credores	impugnam	os	atos	fraudulentos	de	seu	devedor.
■	7.5.7.4.1.	Natureza	jurídica
O	Código	Civil	 de	 2002	manteve	 o	 sistema	 do	 diploma	 de	 1916,	 segundo	 o	 qual	 a	 fraude	 contra
credores	 acarreta	 a	 anulabilidade	 do	 negócio	 jurídico.	 A	 ação	 pauliana,	 nesse	 caso,	 tem	 natureza
desconstitutiva	 do	 negócio	 jurídico.	 Julgada	 procedente,	 anula​-se	 o	 negócio	 fraudulento	 lesivo	 aos
credores,	 determinando​-se	o	 retorno	do	bem,	 sorrateira	 e	maliciosamente	 alienado,	 ao	patrimônio	do
devedor.
O	novo	Código	não	adotou,	 assim,	a	 tese	de	que	 se	 trataria	de	hipótese	de	 ineficácia	relativa	 do
negócio,	defendida	por	ponderável	parcela	da	doutrina,	segundo	a	qual,	demonstrada	a	fraude	ao	credor,
a	sentença	não	anulará	a	alienação,	mas	simplesmente,	como	nos	casos	de	fraude	à	execução,	declarará
a	ineficácia	do	ato	fraudatório	perante	o	credor,	permanecendo	o	negócio	válido	entre	os	contratantes:
o	 executado​-alienante	 e	 o	 terceiro	 adquirente.	 Para	 essa	 corrente,	 a	 ação	 pauliana	 tem	 natureza
declaratória	 de	 ineficácia	 do	 negócio	 jurídico	 em	 face	 dos	 credores,	 e	 não	 desconstitutiva.	 Se	 o
devedor,	depois	de	proferida	a	sentença,	por	exemplo,	conseguir	levantarnumerário	suficiente	e	pagar
todos	eles,	o	ato	de	alienação	subsistirá,	visto	não	existirem	mais	credores.
Não	 obstante	 tratar​-se	 de	 questão	 controvertida	 na	 doutrina,	 o	 Superior	 Tribunal	 de	 Justiça,
encarregado	de	uniformizar	a	jurisprudência	no	País,	nos	precedentes	que	levaram	à	edição	da	Súmula
195,	 adiante	 transcrita	 (item	 7.5.7.7),	 criados	 antes	 da	 promulgação	 do	 novo	Código	Civil,	 já	 vinha
aplicando,	 por	 maioria	 de	 votos,	 a	 tese	 da	 anulabilidade	 do	 negócio,	 e	 não	 a	 da	 ineficácia567.	 A
tendência	é	que	essa	orientação	seja	mantida	na	aplicação	do	novo	Código	Civil,	como	vem	ocorrendo.
■	7.5.7.4.2.	Legitimidade	ativa
Estão	legitimados	a	ajuizar	ação	pauliana	(legitimação	ativa):
■	Os	credores	quirografários	 (CC,	art.	158,	caput)	—	essa	possibilidade	decorre	do	fato	de	não
possuírem	 eles	 garantia	 especial	 do	 recebimento	 de	 seus	 créditos.	O	 patrimônio	 geral	 do	 devedor
constitui	a	única	garantia	e	a	esperança	que	possuem	de	receberem	o	montante	que	lhes	é	devido.
■	Só	os	credores	que	já	o	eram	ao	tempo	da	alienação	fraudulenta	(CC,	art.	158,	§	2º)	—	os	que
se	 tornaram	 credores	 depois	 da	 alienação	 já	 encontraram	 desfalcado	 o	 patrimônio	 do	 devedor	 e
mesmo	assim	negociaram	com	ele.	Nada	podem,	pois,	reclamar.
Somente	os	credores	quirografários	podem	intentar	a	ação	pauliana,	porque	os	privilegiados	já	têm,
para	garantia	especial	 de	 seus	 créditos,	bens	destacados	 e	 individuados,	 sobre	 os	 quais	 incidirá	 a
execução.	 Mas,	 já	 dizia	 Caio	 Mário,	 se	 normalmente	 não	 há	 necessidade	 de	 o	 credor	 privilegiado
revogar	 o	 ato	 praticado	 in	 fraudem	creditorum,	 “não	 está	 impedido	 de	 fazê​-lo”	 se	 vier	 a	 sofrer	 um
prejuízo	decorrente	da	alienação	da	coisa	hipotecada	e	da	circunstância	de	“a	sua	garantia	tornar​-se	​in​​-
su​​ficiente”568.	A	jurisprudência,	igualmente,	vinha	proclamando:	“Tem​-se	entendido	que	mesmo	contra
o	devedor	que	ofereceu	garantia	real	é	possível	o	ajuizamen​​to	de	ação	pauliana,	na	hipótese	dos	bens
dados	em	garantia	serem	insuficientes”569.
O	Código	Civil	de	2002,	assimilando	essa	orientação	e	 inovando	em	relação	ao	diploma	de	1916,
proclama,	 no	 §	 1º	 do	 citado	 art.	 158,	 que	 o	 direito	 de	 anular	 os	 atos	 fraudulentos,	 lesivos	 dos	 seus
direitos,	igualmente	“assiste	aos	credores	cuja	garantia	se	tornar	insuficiente”.
Não	pode	o	próprio	devedor	e	fraudador	ajuizar	a	ação	pauliana,	porque	seria	absurdo	que	pudesse
agir	em	juízo	invocando	sua	própria	fraude.	Embora	esta	ação	compita	aos	credores,	vítimas	da	fraude,
porém	não	coletivamente,	faculta​-se​-lhes,	havendo	dois	ou	mais	credores	prejudicados	pelo	mesmo	ato
fraudulento	do	devedor	comum,	a	formação	do	litisconsórcio	ativo	para	demandarem	em	conjunto,	com
respaldo	no	art.	113,	II,	do	Código	de	Processo	Civil,	pois	“a	doutrina,	de	um	modo	geral,	considera
ocorrer	conexão	em	tais	casos”570.	Tal	fato	não	impede	o	acolhimento	da	demanda	em	relação	apenas	a
um	dos	credores	e	rejeição	quanto	aos	demais,	cujos	créditos	não	eram	anteriores,	por	exemplo.
Há	consenso	na	doutrina	de	que	não	apenas	os	primitivos	credores	como	igualmente	seus	sucessores,
a	 título	 singular	 ou	 universal,	 atingidos	 pelo	 ato	 fraudulento,	 desfrutam	de	 legitimidade	ativa	 para	 a
ação	revocatória571.
■	7.5.7.4.3.	Legitimidade	passiva
Dispõe	o	art.	161	do	Código	Civil	que	a	ação	pauliana,	“nos	casos	dos	arts.	158	e	159,	poderá	ser
intentada	 contra	 o	 devedor	 insolvente,	 a	 pessoa	 que	 com	 ele	 celebrou	 a	 estipulação	 considerada
fraudulenta,	ou	terceiros	adquirentes	que	hajam	procedido	de	má​-fé”.
A	ação	anulatória	deverá	(e	não	apenas	poderá)	ser	intentada	(legitimação	pas​​siva)	contra:
■	o	devedor	insolvente;
■	o	adquirente	que	com	ele	celebrou	a	estipulação	considerada	fraudulenta;	e
■	 os	 terceiros	 adquirentes	 que	 hajam	procedido	 de	má​-fé,	 se	 o	 bem	 alienado	 pelo	 devedor	 já
houver	sido	transmitido	a	outrem.
De	nada	adianta	acionar	somente	o	alienante	se	o	bem	se	encontra	em	poder	dos	adquirentes.	Com
efeito,	o	art.	506	do	Código	de	Processo	Civil	estabelece	que	“a	sentença	faz	coisa	 julgada	às	partes
entre	as	quais	é	dada,	não	prejudicando	terceiros”.	A	doutrina,	em	geral,	consolidou​-se	no	sentido	de
que	o	devedor	e	o	terceiro	adquirente	ou	beneficiário	devem	figurar	necessariamente	no	polo	passivo	da
relação	processual	na	revocatória,	estabelecendo​-se	entre	eles	o	litisconsórcio	necessário	de	que	trata
o	 art.	 114	 do	 Código	 de	 Processo	 Civil 572.	 No	 mesmo	 sentido	 desenvolveu​-se,	 em	 termos
incontroversos,	a	jurisprudência	de	nossos	tribunais573.
Desde	que,	pela	natureza	da	relação	jurídica,	é	instaurado	um	litisconsórcio	necessário,	envolvendo
alienantes	 devedores	 e	 adquirentes,	 considera​-se	 que,	 quando	 o	 credor	 não	 tiver	 chamado	 a	 juízo	 o
devedor	ou	o	adquirente,	deve	o	juiz,	de	ofício,	ordenar	a	integração	da	lide,	pois	é	nulo	o	processo
em	que	não	foi	citado	litisconsorte	necessário574.
■	7.5.7.5.	Fraude	não	ultimada
Quando	o	negócio	é	aperfeiçoado	pelo	acordo	de	vontades,	mas	o	seu	cumprimen​to	é	diferido	para
data	 futura,	 permite​-se	 ao	 adquirente,	 que	 ainda	 não	 efetuou	 o	 pagamento	 do	 preço,	 evitar	 a
propositura	da	 ação	pauliana	 ou	 extingui​-la	mediante	 depósito	 em	 juízo,	 se	 for	 aproximadamente	 o
corrente,	requerendo	a	citação	por	edital	de	todos	os	interessados.	Nesse	sentido,	dispõe	o	art.	160	do
Código	Civil:
“Art.	 160.	 Se	 o	 adquirente	 dos	 bens	 do	 devedor	 insolvente	 ainda	 não	 tiver	 pago	 o	 preço	 e	 este	 for,	 aproximadamente,	 o	 corrente,
desobrigar​-se​-á	depositando​-o	em	juízo,	com	a	citação	de	todos	os	interessados.
Parágrafo	único.	Se	inferior,	o	adquirente,	para	conservar	os	bens,	poderá	depositar	o	preço	que	lhes	corresponda	ao	valor	real.”
O	adquirente	do	bem	que	desfalcou	o	patrimônio	do	devedor	pode,	desse	modo,	 elidindo	eventual
presunção	 de	 má​-fé,	 evitar	 a	 anulação	 do	 negócio.	 O	 depósito	 do	 preço	 equivalente	 ao	 valor	 de
mercado	da	coisa	impede	que	se	considere	consumada	a	fraude,	pois	demonstra	a	boa​-fé	do	adquirente
e	que	nenhuma	vantagem	patrimonial	obteria	em	prejuízo	dos	credores.	Cessa,	com	isso,	o	interesse	dos
credores,	que,	por	conseguinte,	perdem	a	legitimação	ativa	para	propor	a	ação	pauliana575.
Essa	possibilidade	de	 suplemento	do	preço	 pelo	 adquirente,	 para	 evitar	 a	 anulação	 do	 negócio	 e
conservar	os	bens,	 foi	 introduzida	no	parágrafo	único	do	art.	160	do	Código	de	2002,	 retrotranscrito,
como	inovação.	Trata​-se	“de	uma	espécie	de	‘pos​​terior	regularização	da	situação’,	de	uma	‘chance’	que
a	lei	dá	ao	comprador	de	sanar	possível	vício	original”.	Como	o	sistema	“permite	a	sanação,	que	é	uma
correção	quanto	ao	defeito	original,	não	subsistirá	viciado	o	negócio,	pois	socialmente	aceitável	com	a
correção.	Não	existirá	aí	fraude	contra	os	credores,	visto	que	não	haverá	diminuição	patrimonial”576.
■	7.5.7.6.	Validade	dos	negócios	ordinários	celebrados	de	boa​-fé	pelo	devedor
Não	obstante	o	devedor	insolvente	esteja	inibido	de	alienar	bens	de	seu	patrimônio,	para	não	agravar
e	ampliar	a	insolvência,	admitem​-se	exceções,	como	na	hipótese	em	que	ele	contrai	novos	débitos	para
beneficiar	 os	 próprios	 credores,	 possibilitando	 o	 funcionamento	 de	 seu	 estabelecimento,	 ou	 para
manter​-se	e	à	sua	família.	Dispõe,	com	efeito,	o	art.	164	do	Código	Civil:
“Art.	164.	Presumem​-se,	porém,	de	boa​-fé	e	valem	os	negócios	ordinários	 indispensáveis	à	manutenção	de	estabelecimento	mercantil,
rural,	ou	industrial,	ou	à	subsistência	do	devedor	e	de	sua	família.”
Permite​-se,	 portanto,	 ao	 devedor	 insolvente	evitar	a	paralisação	 de	 suas	 atividades	 normais,	 fato
este	 que	 somente	 agravaria	 a	 sua	 situação,	 em	 prejuízo	 dos	 credores,	 que	 veriam	 frustradas	 as
possibilidades	de	receber	os	seus	créditos.	Dessa	forma,	o	dono	de	uma	loja,	por	exemplo,	nãofica,	só
pelo	fato	de	estar	insolvente,	impedido	de	continuar	a	vender	as	mercadorias	expostas	nas	prateleiras	de
seu	estabelecimento.	Não	poderá,	todavia,	alienar	o	próprio	estabelecimento,	porque	não	se	trataria	de
negócio	ordinário	nem	destinado	à	manutenção	de	sua	atividade	comercial.
A	 novidade	 trazida	 pelo	 Código	 de	 2002,	 no	 citado	 art.	 164,	 é	 a	 de	 que	 os	 gastos	 ordinários	 do
devedor	 insolvente	 são	 válidos	 não	 apenas	 quando	 eles	 derivam	 da	 necessidade	 de	 manter	 os
estabelecimentos	 mercantis,	 rurais	 ou	 industriais	 que	 possuem	 mas	 também	 quando	 se	 destinam	 à
subsistência	daquele	e	de	sua	família.	Essa	inovação	permite	que	o	devedor	insolvente	venha	a	contrair
novo	débito,	destinado	apenas	à	própria	subsistência	ou	à	de	sua	família.
■	7.5.7.7.	Fraude	contra	credores	e	fraude	à	execução
■	7.5.7.7.1.	Requisitos	comuns
A	fraude	contra	credores	não	se	confunde	com	fraude	à	execução.	Todavia,	apresentam	os	seguintes
requisitos	comuns:
■	a	fraude	na	alienação	de	bens	pelo	devedor,	com	desfalque	de	seu	patrimônio;
■	a	eventualidade	de	consilium	fraudis	pela	ciência	da	fraude	por	parte	do	adquirente;
■	o	prejuízo	do	credor	(eventus	damni),	por	ter	o	devedor	se	reduzido	à	insolvência	ou	ter	alienado
ou	onerado	bens	quando	pendia	contra	o	mesmo	demanda	capaz	de	reduzi​-lo	à	insolvência577.
■	7.5.7.7.2.	Principais	diferenças
Não	obstante,	os	dois	institutos	apresentam	diversas	e	acentuadas	diferenças,	que	podem	ser	assim
esquematizadas578:
FRAUDE	CONTRA	CREDORES FRAUDE	À	EXECUÇÃO
■	 É	 defeito	 do	 negócio	 jurídico	 (vício	 social),
disciplinado​	pelo	direito	civil	(CC,	arts.	158	a	165).
■	É	incidente	do	processo,	regulado	pelo	direito	processual	civil	(CPC,	art.	792).
■	 Configura​-se	 quando	 ainda	 não	 existe	 nenhuma
ação	 ou	 execução	 em	 andamento	 contra	 o	 devedor,
embora	possam	existir	protestos	cambiários.
■	 Pressupõe	 demanda	 em	 andamento,	 capaz	 de	 ​reduzir	 o	 alienante	 à
insolvência,	sendo	efetivada	pelo	devedor	para	frustrar​-lhe	a	execução	(CPC,	 ​art.
792,	IV).
■	 Provoca	 a	 anulação	 do	 negócio	 jurídico,	 trazendo
como	consequência	o	 retorno	dos	bens	ao	patrimônio
do	 devedor,	 em	 proveito	 do	 acervo	 sobre	 o	 qual	 se	 ​-
tenha	 de	 efetuar	 o	 concurso	 de	 credores	 (CC,	 arts.
■	 Acarreta	 a	 declaração	 de	 ineficácia	 da	 alienação	 fraudulenta,	 em	 face	 do
credor	exequente.

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