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contestação aula 11

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2º VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE – MG
Processo de n° XXXXXXXXXXXXX
 ANITA, brasileira residente em Belo Horizonte, Minas Gerais, portadora do cpf sob nº XXX.XXX.XXX-XX, já qualificada, vem por seu advogado infra assinado com escritório na rua XXXXXXX nos autos da ação de anulação de negócio jurídico, pelo rito comum que lhe move ROSA já qualificado nos autos apresentar sua:
CONTESTAÇÃO
Para expor e requerer o que segue:
PRELINARMENTE
1) Da carência de ação por ilegitimidade ATIVA, ausência dos legítimos consocio
Deveria ter colocado João no polo ativo.
Diante do exposto, requer a extinção do feito sem julgamento do mérito.
2) Da carência da ação pó impossibilidade jurídica do pedido
Não merece prosperar o presente pedido uma vez que o vício apresentado pela autora é de nulidade e não de anulabilidade, conforme preceitua o artigo 167 do CC.
 DO MÉRITO
Não merece prosperar o pedido contido na inicial, pois a ré jamais teve relacionamento com o companheiro da autora, sendo totalmente infundado tal argumento.
Sendo certo que inexistiram os requisitos necessários para a caracterização da simulação.
Fundamentação legal, doutrinária e jurisprudencial
PRINCÍPIOS
A Carta Magna brasileira no inciso LV de seu artigo quinto determina expressamente que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
O “princípio do contraditório e da ampla defesa”, emanado do texto constitucional, assegura, como se sabe, o direito de expor defesa (réplica) em um devido tempo/hora. Na lei nº 13.105 (Código de Processo Civil) o supracitado encontra regulamentação por meio do art. 350.
Este fragmento do diploma processual vigente determina que “se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova”.
Sem entrar no mérito do prazo previsto, assunto detalhado mais adiante, cabe dizer que o contraditório destaca-se pela sua efetividade para garantir um processo justo e igualitário entre as partes.
Para fins de estudo da contestação, contudo, compete assinalar que esta está sujeita a dois princípios: o “princípio da eventualidade” e o “princípio da impugnação específica dos fatos”.  
O primeiro é também conhecido como “regra da concentração da defesa”, como explica Didier Júnior.
A regra da eventualidade (Eventual maxime) ou da concentração da defesa na contestação significa que cabe ao réu formular toda sua defesa na contestação (art.336, CPC). Toda defesa deve ser formulada de uma só vez como medida de previsão ad eventum, sob pena de preclusão. O réu tem o ônus de alegar tudo o quanto puder, pois, caso contrário, perderá a oportunidade de fazê-lo. (DIDIER JÚNIOR, 2015, p.638).
Depreende-se então que, pelo princípio da eventualidade, a parte deve praticar o ato no momento oportuno, tendo como consequência por não fazê-lo a ameaça de não mais poder agir.
Destarte, importa lembrar que este princípio não se aplica em três hipóteses, previstas pelos incisos do art. 342, do CPC. Informa o citado que “depois da contestação, só é licito ao réu deduzir novas alegações quando”: I - relativas a direito ou a fato superveniente; II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
Por fim, no que tange ao princípio da impugnação específica dos fatos, “trata-se do ônus de impugnar os fatos especificadamente, sob pena de serem considerados verdadeiros” (PEREIRA; GARCIA, 2015).
Este princípio está previsto no art. 341, CPC. Diz o dispositivo que “incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato; III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial”.
Nesse sentido ensinam Pereira e Garcia:
O não cumprimento desse princípio torna o fato alegado incontroverso, portanto dispensado de prova [...]. Caso o réu não apresente regularmente sua contestação, produzirá uma situação processual denominada REVELIA [...], gerando em decorrência deste fato, como regra geral, os efeitos de presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor e não impugnados especificadamente pelo réu (PEREIRA; GARCIA, 2015).
Como reforçam os autores, “em decorrência desses dois princípios, o réu tem na contestação o momento de alegar toda a matéria de defesa e impugnar todos os fatos aduzidos pela parte requerente, sendo certo que, sobre os fatos não impugnados, incidirão os efeitos da revelia”. Trata-se, por óbvio, de observação pertinente.
Defesa
Como exposto em momento anterior, por se tratar de matéria incomplexa e de interpretação bem delimitada pela doutrina, torna-se tarefa relativamente simples discorrer sobre os principais pontos de estudo da contestação.
A contestação é a resposta defensiva do réu, representando a forma processual pela qual o réu se insurge contra a pretensão do autor. O prazo de contestação é de quinze dias, tendo como termo inicial a juntada do mandado de citação ou do aviso de recebimento (AR) aos autos. Havendo litisconsórcio passivo, independentemente da espécie, o termo inicial da contagem do prazo será o da última juntada do mandado de citação ou do aviso de recebimento (AR) [...}. O termo inicial do prazo de quinze dias da contestação é o tema do art. 335 do novo CPC. (NEVES, 2015, p. 312)
Perempção, litispendência e coisa julgada: trata-se [...] de requisitos processuais negativos, pois são fatos que não podem ter ocorrido para que o processo se instaure regularmente.
Conexão e continência: o inciso VIII do art. 337 do CPC determina que cabe ao réu, em sua defesa, alegar conexão. O dispositivo também se aplica à continência, que é espécie de conexão.
Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização: são todos defeitos relacionados à capacidade processual (capacidade para estar em juízo).
Alegação de convenção de arbitragem: Na contestação, cabe ao réu o ônus de alegar a existência de convenção de arbitragem (art. 337, X, CPC). A existência de convenção de arbitragem (cláusula compromissória ou compromisso arbitral) é fato jurídico que o ó rgão jurisdicional não pode conhecer de ofício (art.337, §5º, CPC). A ausência de alegação de convenção de arbitragem pelo réu, na contestação, será considerada como aceitação da jurisdição estatal e consequente renúncia ao juízo arbitral.
Ausência de legitimidade ou de interesse processual: o inciso XII do art.337 do CPC permite que o réu alegue ilegitimidade ou falta de interesse processual.
Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar: o inciso XII do art. 337 autoriza que o réu alegue, na contestação, a falta de caução ou de outra prestação que a lei exigir como preliminar. São exemplos de deste tipo de defesa: não pagamento de honorários advocatícios de processo extinto sem resolução do mérito, quando o autor intente a mesma ação (art. 486, §2º, CPC); e não pagamento das custas processuais (art. 290, CPC).
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Registro: 2014.0000168780
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0338174-93.2009.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que são apelantes JOSELITO LIMA CAETANO e JOELMA ALVES DOS SANTOS CAETANO, são apelados ROSELI DE BRITO CAMARGO e CARLOS ROBERTO DE CAMARGO.
ACORDAM , em 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimentoao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores CHRISTINE SANTINI (Presidente sem voto), CLAUDIO GODOY E LUIZ ANTONIO DE GODOY.
São Paulo, 25 de março de 2014
ALCIDES LEOPOLDO E SILVA JÚNIOR
RELATOR
Assinatura Eletrônica
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São Paulo
APELAÇÃO CÍVEL
Processo n. 0338174-93.2009.8.26.0000
Comarca: São Paulo (5ª Vara Cível Central)
Apelantes: Joselito de Lima Caetano e outra
Apelados: Carlos Roberto de Camargo e outra
Juiz: Marcos Roberto de Souza Bernicchi
Voto n. 2.783
EMENTA: AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO - Não comprovação de vícios de consentimento ou má-fé – Improcedência - Recurso desprovido.
Trata-se de ação de nulidade absoluta de negócio jurídico c.c. reparação de danos materiais e moral, alegando os autores que adquiriram dos réus uma fração ideal de terreno descrito na inicial, por meio de Instrumento Particular de Promessa de Cessão de Direitos, vindo, posteriormente, a descobrir que os cedentes não poderiam ter vendido o imóvel por ausência de título de propriedade, não sendo os legítimos proprietários, sendo irregular a edificação existente e encravada em área de proteção ambiental, com ameaça de reintegração de posse pela Prefeitura do Município de São Paulo, sendo, ainda, nula a disposição contratual que estabelece a perda das importâncias pagas, se houver atraso nos pagamentos por mais de 30 dias, e, por terem sido enganados, estão sofrendo graves transtornos, aborrecimentos, mágoas, frustrações, revolta e dor, além de serem alvo de chacotas, pretendendo a nulidade do negócio
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jurídico realizado, e a condenação ao pagamento de indenização por danos materiais relativos à importância paga de R$ 39.600,00 e a compensação pelo dano moral.
A r. sentença, cujo relatório se adota, julgou improcedente a ação (fls. 111/113).
Os requerentes apelaram afirmando que a sentença não examinou a “questão de fundo”, qual seja, a nulidade absoluta do negócio jurídico entabulado, aduzindo que os apelantes, pessoas humildes e analfabetas, foram enganados pelos réus investindo todas as suas economias na compra de um imóvel (posse) em terras públicas, e considerando o fato de que eles não poderiam ter vendido tal imóvel, devem responder pelos danos causados, requerendo a reforma da sentença (fls. 116/119).
Foram apresentadas contra-razões sustentando-se a manutenção da sentença (fls. 123/131).
É o Relatório .
Alegam os apelantes que são pessoas humildes, que foram enganados pelos réus, que não poderiam vender o imóvel, pela ausência de título de propriedade, e que o lote está em área de proteção ambiental e o loteamento não será regularizado e a Prefeitura Municipal vai se reintegrar na posse do bem.
É assente que aos autores compete a prova, quanto ao fato constitutivo do seu direito, e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 333, incisos I e II, do CPC).
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Na objetiva explanação de Giuseppe Chiovenda 1 : “provar significa formar a convicção do juiz sobre a existência ou não de fatos relevantes no processo”.
O magistrado somente pode proferir decisão de procedência, com a plena certeza do direito que se pede. Adverte Cândido Rangel Dinamarca 2 que há uma “importantíssima regra de julgamento, não escrita mas inerente e vital ao sistema, segundo a qual toda alegação não comprovada deve ser tomada por contrária à realidade dos fatos ou, por outras palavras, fato não provado é fato inexistente”.
Não restou demonstrado qualquer vício de consentimento, conforme previsto no inciso II do art. 171 do Código Civil.
Não foi produzida prova testemunhal para comprovar as alegações, tendo os apelantes requerido o julgamento antecipado da lide (fls. 109) e o documento de fls. 11/16 por si só não comprova a nulidade alegada pelos autores e, portanto, não é suficiente para embasar uma condenação.
Constou expressamente do Instrumento Particular de Promessa de Cessão de Direitos, na sua cláusula 13ª que: "declaram os promitentes cessionários, que lhes foram dadas explicações pormenorizadas em relação a documentação do loteamento onde encontrase o lote objeto deste instrumento, ou seja, não há regularização junto à Municipalidade, consequentemente há a impossibilidade de outorga de escritura definitiva do mesmo" (fls. 16).
1
CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil.v. III. São Paulo: Saraiva, 1945, p.131.
2
DINAMARCO Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. Vol. III. 2ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p.82.
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Conforme se verifica da matrícula n. 52833 do 18º Cartório de Registro de Imóveis da Capital (fls. 80), referente ao Sítio São Pedro Velho no Bairro de Taipas, o loteamento realmente é clandestino, mas não se trata de área pública e conforme documentação apresentada pelos requeridos, está sendo providenciada a regularização perante a Prefeitura Municipal, não havendo notícia de ação de reintegração de posse.
Não se evidencia que a venda realizada por meio de corretores credenciados tenha sido eivada de má-fé, pois cientes os adquirente que não seria possível a obtenção da escritura, acrescendo-se que os vendedores anteriormente residiram no imóvel, havendo sido cessionários por quase 11 anos.
Preservado o negócio jurídico, consequentemente improcedem as ações sucessivas.
Desta forma, a r. sentença deu correta solução à lide, devendo ser mantida.
Pelo exposto, NEGA-SE PROVIMENTO ao recurso.
ALCIDES LEOPOLDO E SILVA JÚNIOR
RELATOR
Assinatura Eletrônica
DO PEDIDO
1) O acolhimento da preliminar de carência de ação por ilegitimidade passiva, sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito
2) O acolhimento da preliminar de carência de ação por impossibilidade jurídica do pedido com a consequência da extinção do processo sem resolução do mérito.
3) No mérito a improcedência do pedido autoral.
4) A condenação da autora ao ônus de sucumbência
DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas, conforme artigo 369 do CPC, especialmente documental, superveniente testemunhal, pericial e depoimento pessoal do autor.
Termos em que,
Pede Deferimento.
Loca e Data
XXXXXXXXXXX, XX XXXXXXXX XX XXXX
Advogado
OAB, XXXXXX

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