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TRABALHO BASEADO NO LIVRO REINE RECHTSLEHRE

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1 
1 - Estabeleça distinções entre "fundamento de validade" e "condições de validade" de uma nova constituição 
histórica, conceituando esta e atentando aos seguintes elementos: Obediência; Eficácia Global; Legitimidade; 
Sistema Dinâmico; Competências; Norma Isolada. 
 
O Grundnorm relaciona-se diretamente, ou melhor, apenas pode ser validado por meio de uma 
regra já existente, independentemente do juízo de valor, isto é, ser justo ou não. Assim, para determinar a 
sua validade faz-se necessário constatar se a respectiva norma é uma norma fundamental, em outras 
palavras, “como norma mais elevada, ela tem de ser pressuposta, visto que não pode ser posta por uma 
autoridade, cuja competência teria de se fundar numa norma ainda mais elevada”, dado que o grundnorm 
 
de uma norma somente pode ser uma outra norma, este pressuposto tem de ser uma 
norma: não uma norma posta por uma autoridade jurídica, mas uma norma 
pressuposta, quer dizer, uma norma que é pressuposta sempre que o sentido 
subjetivo dos fatos geradores de normas postas de conformidade com a 
Constituição é interpretado como o seu sentido objetivo. 
 
Desta forma, quanto a sua natureza, possui dois tipos de sistema: estático e dinâmico. Enquanto o 
primeiro se caracteriza pela “[...] conduta dos indivíduos por elas determinada, [...] (devendo ser)”; o 
segundo destaca-se “[...] pelo fato de a norma fundamental pressuposta não ter por conteúdo senão a 
instituição de um fato produtor de normas, a atribuição de poder a uma autoridade legisladora ou uma 
regra que determina como devem ser criadas as normas gerais e individuais do ordenamento fundado 
sobre esta norma fundamental”, cabendo ao poder judiciário a competência necessária à produção das 
aludidas normas jurídicas, uma vez que, tal órgão tem a capacidade de exercício, ou seja, tem a 
Ermächtigung ( Autorização) para produzir normas jurídicas . A propósito nota-se que 1
 
através do negócio jurídico, podem ser produzidas, pelas “pessoas privadas” com 
poder para tal, não só normas jurídicas individuais como também normas jurídicas 
gerais, e que a produção de normas jurídicas gerais através de tratados 
concluídos pelos Estados - aos quais o Direito internacional geral confere poder 
para tanto -’ dentro da ordem jurídica constitutiva da comunidade internacional, 
desempenha um papel muito importante. No entanto, no exercício desta função os 
Estados, tampouco como os indivíduos ao celebrarem os negócios jurídicos para 
que são considerados competentes ou autorizados pelo Direito estadual, não são 
considerados como “órgãos” da comunidade jurídica e, por conseguinte, também 
o poder jurídico que lhes é atribuído não é designado como sua competência. Se, 
nestes casos, os indivíduos que exercitam a função não são designados como 
órgãos da comunidade, isso apenas pode basear-se na circunstância de, para o 
conceito de órgão que aqui se utiliza, ser definitório algo mais que o conteúdo da 
função. 
 
Consequentemente, ao se considerar a validade da norma jurídica - Constituição - existente, verifica-se o 
fato de a mesma ser oriunda de uma Constituição mais antiga , ou seja, de uma Constituição anterior 2
aquela. Contudo, observa-se que o fundamento de validade histórico da primeira Constituição não está 
relacionado a modificação constitucional da Constituição anterior, visto que, esta é uma “unidade mínima 
indivisível”, mas sim “a uma norma posta por uma autoridade metajurídica, como Deus ou a natureza - 
apenas pode ser que a validade desta Constituição, a aceitação de que ela constitui uma norma 
vinculante, tem de ser pressuposta para que seja possível interpretar os atos postos em conformidade 
com ela”. O seu sentido torna-se inequívoco quando a Constituição não sofre alterações constitucionais, 
mas sim quando uma revolução vem a substituí-la por uma outra norma jurídica válida. Tal fato dissipa 
toda ordem jurídica imediatamente assenta na Constituição é posta em questão . Em via de regra, a 3
1 In verbis: “E fácil de ver que o exercício deste poder jurídico, como função jurídica, é, no essencial, da mesma espécie que a 
função de um órgão legislativo, dotado pela ordem jurídica do poder de criar normas gerais, e que as funções dos órgãos 
judiciais e administrativos, dotados pela ordem jurídica do poder de criar normas individuais por aplicação daquelas normas 
gerais. Em todos estes casos, precisamente como no caso da chamada capacidade de exercício, estamos perante uma 
autorização (Ermächtigung) para produzir normas jurídicas. Em todos estes casos a ordem jurídica atribui a determinados 
indivíduos um poder jurídico. Porém, nem em todos os casos de atribuição de um poder jurídico, quer dizer, de uma autorização 
ou atribuição de poder (Ermächtigung) no sentido estrito da palavra, a teoria tradicional fala de capacidade de exercício”. 
(p.105) 
2 A validade da Constituição é um exemplo do sistema dinâmico, visto que, para tê-la faz-se necessário um fato gerador - a 
norma anterior; bem como a atribuição de poder a uma autoridade legisladora - o poder legislativo. 
3 In verbis: “A significação da norma fundamental torna-se especialmente clara quando uma Constituição não é 
2 
revolução anula apenas a antiga Constituição , bem como algumas leis politicamente essenciais, 
permanecendo uma grande parte das então leis promulgadas sob égide da Constituição. Por 
conseguinte, tais leis 
 
devem ser consideradas como estando em vigor sob a nova Constituição, isto 
somente é possível porque foram postas em vigor sob a nova Constituição, expressa 
ou implicitamente, pelo governo revolucionário. O que existe, não é uma criação de 
Direito inteiramente nova, mas recepção de normas de uma ordem jurídica por uma 
outra; tal como, e. g., a recepção do Direito romano pelo Direito alemão. Mas 
também essa recepção é produção de Direito. Com efeito, o imediato fundamento de 
validade das normas jurídicas recebidas sob a nova Constituição, 
revolucionariamente estabelecida, já não pode ser a antiga Constituição, que foi 
anulada, mas apenas o pode ser a nova. O conteúdo destas normas permanece na 
verdade o mesmo, mas o seu fundamento de validade, e não apenas este mas 
também o fundamento de validade de toda a ordem jurídica, mudou. 
 
Vale ressaltar, que o domínio temporal de validade da norma pode ser limitado, isto é, o início 
e o término dela pode ser determinado pela própria norma, como também por uma norma mais elevada 
do que a mesma. 
 
As normas de uma ordem jurídica valem enquanto a sua validade não termina, de 
acordo com os preceitos dessa ordem jurídica. Na medida em que uma ordem 
jurídica regula a sua própria criação e aplicação, ela determina o começo e o fim 
da validade das normas jurídicas que a integram. As constituições escritas contêm 
em regra determinações especiais relativas ao processo através do qual, e através 
do qual somente, podem ser modificadas. O princípio de que a norma de uma 
ordem jurídica é válida até a sua validadeterminar por um modo determinado 
através desta mesma ordem jurídica, ou até ser substituída pela validade de uma 
outra norma desta ordem jurídica, é o princípio da legitimidade. 
 
Não obstante, “só é aplicável a uma ordem jurídica estadual com uma limitação muito importante: no 
caso de revolução, não encontra aplicação alguma”, posto que 
 
Uma revolução no sentido amplo da palavra, compreendendo também o golpe de 
Estado, é toda modificação ilegítima da Constituição, isto é, toda modificação da 
Constituição, ou a sua substituição por uma outra, não operadas segundo as 
determinações da mesma Constituição. Dum ponto de vista jurídico, é indiferente 
que esta modificação da situação jurídica seja produzida através de um emprego 
da força dirigida contra o governo legítimo ou pelos próprios membros deste 
governo, através de um movimento de massas populares ou de um pequeno grupo 
de indivíduos. 
 
Com efeito, a condição de validade da norma jurídica relaciona notavelmente com a eficácia da 
ordem jurídica e com a eficácia da norma jurídica, pois “tal eficácia é condição no sentido de que uma 
ordem jurídica como um todo e uma norma jurídica singular já não são consideradas como válidas 
quando cessam de ser eficazes”. Além do mais, a norma fundamental pressupõe a forma pelo qual se 
deve agir, em conformidade com a harmonia da Constituição efetivamente posta, de modo globalmente 
eficaz. Desta feita, tanto a fixação positiva como também a eficácia são condições de validade do 
grundnorm. Todavia, uma ordem jurídica não se invalida pelo fato de uma norma jurídica singular não ser 
aplicada em geral ou em caso isolado. Só se considera como válida a norma que é observada e aplicada, 
muito embora, no caso particular, a norma jurídica singular não perde a sua validade pela ineficácia, quer 
dizer, pela não observância ou aplicação do mesmo. A única forma possível de a norma jurídica perder a 
sua validade é pelo desuetudo, ou seja, pela inaplicabilidade ou inobservância ao longo do tempo, 
anulando, desta feita, a validade de uma norma existente. 
 
 
 
constitucionalmente modificada mas é revolucionariamente substituída por uma outra, quando a existência - isto é, a validade 
- de toda ordem jurídica imediatamente assente na Constituição é posta em questão”.

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