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Estudo dirigido Constitucional.

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Direito Constitucional I
Direito Constitucional I
 
 
 
Faculdade Estácio
 
Sandro M. Greco
Uma breve abordagem sobre os conceitos básicos de introdução ao estudo do Direito Constitucional
 Constitucionalismo
No intuito de se conhecer melhor o termo "constitucionalismo" é necessário, primeiro, entender o significado de "Constituição", "Carta Constitucional" e "Direito Constitucional".
Constitucionalismo: Rogério Salgado Martins diz que, o "Constitucionalismo deve ser entendido como a análise dos diferentes meios utilizados pelo processo da evolução constitucional, partidos de uma vontade soberana, para se atingir o valor maior que se acha nos direitos da pessoa humana e nas garantias apresentadas para efetivar esses direitos”. Manoel Gonçalves Ferreira Filho (1993, p.7) define o constitucionalismo como "um movimento político e jurídico [...] visa estabelecer em toda parte regimes constitucionais, quer dizer governos moderados, limitados em seus poderes, submetidos a Constituições escritas".
A expressão Constitucionalismo engloba em seu estudo, todos os meios na busca do modelo constitucional mais próximo do ideal, não apenas os diferentes meios para atingir o ideal de Constituição. Confunde-se, ainda, constitucionalismo com divisão de poderes, com aquela Constituição essencialmente normativa.
Constituição: é, em sentido lato, a organização jurídica fundamental de um Estado; já, em sentido estrito, é a lei maior ou a norma de ordem superior que, normalmente, dispõe sobre a organização do Estado e as garantias e diretos individuais do cidadão; ainda, em sentido estrito, é o instrumento que dá identidade ao Estado, delineia suas formas, dá-lhe o Poder e o limita através dos direitos fundamentais. Segundo Bobbio (1997, p.247) Constituição seria "a própria estrutura de uma comunidade política organizada, a ordem necessária que deriva da designação de um poder soberano e dos órgãos que o exercem".
O termo Carta Constitucional é o nome que se dá a uma Constituição outorgada por um governante sem ser votada por uma assembleia representativa da nação, isto é, quando um governante outorga um documento que diz ser a Lei Maior do Estado com conteúdo próprio de uma Constituição sem passar pelo consentimento do povo – de forma direta ou indiretamente –, esta não pode ser considerada uma Constituição e sim uma Carta Constitucional. Assim entende, também, o Supremo Tribunal Federal (STF).
Direito Constitucional segundo Jacques (1983, p.2) "[...] é o ramo do Direito Público que estuda os princípios e normas estruturadoras do Estado e garantidoras dos direitos e liberdades individuais".
Estado de Direito Liberal.
Segundo Carl Schmitt, a moderna constituição do Estado de Direito Liberal (moderna somente por pertencer à maioria das constituições contemporâneas, não que esteja relacionado a progresso), reflete o princípio de individualismo burguês, que primeiramente mostra um âmbito da própria liberdade burguesa, exemplificando, liberdade pessoal, propriedade privada, liberdade de contratar, liberdade de comércio, entre outras, não se sobrepondo, porém, o sistema de normas jurídicas. Dessa ideia de liberdade burguesa, surgem as principais ideias que irão se sedimentar nas características principais do Estado de Direito Liberal. São eles, o princípio de divisão, no qual a esfera de liberdade do indivíduo diante do Estado é presumida como um dado, assim do indivíduo é por princípio, ilimitado, enquanto a autorização para o Estado intervir nessa esfera, limitada. O outro é o princípio de organização, leva à concretização deste princípio de divisão, o poder estatal (limitado) é dividido e compreendido em um sistema de competências expressas. Essas competências remetem aos direitos fundamentais ou de liberdade (princípio da divisão) e divisão de poderes (princípio da organização), caracterizado pela diferenciação de distintos ramos do poder estatal e pelo objetivo de promover controles e freios mútuos entre esses poderes. O termo Estado de Direito aderido à expressão Estado de Direito Liberal, é conceitualizado pela ideia de que o Estado cria e regula as leis e essas ao mesmo tempo limita e legitima o poder desse. Portanto, Estado de direito é o oposto de Estado de Poder. Em suma, a constituição é um sistema de norma legal, fechado, e soberano, no qual não pode ser rompido, ou influenciado por razões da vida politica.
Discorra acerca do conceito de Direito e de Jurisdição desde os tempos remotos até o momento atual.
A Jurisdição, que é o poder que o Estado detém para aplicar o direito a um determinado caso, com o objetivo de solucionar conflitos de interesses e com isso, resguardar a ordem jurídica e a autoridade da lei, não possuía as características propriamente ditas, como hoje a conhecemos. Seu conceito literal vem do latim "juris" e "dicere", que significa “dizer direito”. A palavra “direito”, possui mais de um significado correlato.
Na Antiga Grécia, o Direito, a justiça e política estavam ligados intimamente com a educação, As leis de Sólon, por exemplo, eram ensinadas como poemas, de modo que, praticamente todos os cidadãos atenienses, conheciam sua tradição político-jurídica comuns. Atenas se destacava com o seu sofisticado modelo de organização judiciária. O Direito era consuetudinário, ritualístico, fundado no culto aos antepassados e desenvolvido no seio da própria família. Salutar o destaque à democracia da Grécia, que se apoiou na soberania popular, expressada pela viva voz dos cidadãos. A Grécia foi a maior escola da filosofia para a humanidade, onde conceitos de moral e ética, oriundos de um Direito natural, soberano e imutável, foram ensinados.
No Período Romano, apesar de mais tardia em relação ao Direito Egípcio e ao Direito Grego, houve muita evolução na Ciência do Direito. A praticidade romana, organizou, sistematizou e profissionalizou o Direito. Os conceitos eram rígidos, formais e os atos jurídicos, também, ritualísticos. Pelos romanos foi construído o monumento do Direito mais completo de toda antiguidade, ou seja, um verdadeiro laboratório do Direito. Numerosos institutos do Direito Romano se encontram atuais no dia-a-dia forense. Como em diversos tipos de contratos (o mútuo, o comodato, o depósito, o penhor, entre outros) que são utilizados na atualidade.
A Idade medieval surge tendo como protagonista a Igreja Católica (cristianismo) Romana. Com a queda do Império Romano do Ocidente, a Igreja Católica (cristianismo) absorveu o poder de governar, legislar e punir. Surge o Direito Canônico que é o Direito da Igreja Católica. Criado o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, responsável pela defesa dos princípios regentes do catolicismo da época. Muitos cidadãos foram acusados de hereges. Uma época marcada por intensa resistência às inovações e dominada pela irracionalidade das ordálias. Na Inglaterra temos a Magna Carta (1215), que é um documento que limitou o poder dos monarcas da Inglaterra, especialmente o do rei João, que o assinou, impedindo assim o exercício do poder absoluto. Segundo os termos da Magna Carta, João deveria renunciar a certos direitos e respeitar determinados procedimentos legais, bem como, reconhecer que a vontade do rei estaria sujeita à lei, toda via, esses direitos não estavam ao alcance de todos, mas restringia-se aos interesses dos nobres barões ingleses e de suas propriedades.
Na Idade Moderna, os princípios adormecidos durante o período medieval, despertam a cultura, a filosofia e os direitos são resgatados, fazendo da razão, a inspiração na busca da verdade. Os movimentos intelectuais surgem com novos pensamentos e teorias. Os pensamentos mostram a necessidade da normatização da conduta dos entes (Estados e povo). Surge a Escola Clássica do Direito Natural, que se desvinculava do Direito Divino católico da época medieval.
A Idade Contemporânea se inicia com a Revolução Francesa. Revolucionários franceses assumem o poder. Surge a Declaraçãodos Direitos do Homem e do Cidadão (26 de agosto de 1789). Os direitos à liberdade, à propriedade, à expressão de pensamentos, a não ser preso sem justificativa legal são destacados e priorizados. Entra em vigor o código Napoleônico na França, que defende que o Direito é fruto da luta dos homens pelos seus direitos.
Acerca do Constitucionalismo, disserte atendendo ao que se pede:
Conceito; Constitucionalismo é a denominação atribuída pelo movimento político-jurídico-social que causou a evolução do conceito de Constituição, de seu conteúdo e do detentor do poder nos Estados.
Etapas e suas características; Referida evolução ocorreu em duas frentes diversas. Uma na Europa e outra nos Estados Unidos, sendo certo que ambas concorreram para a formação da ideia atual de constituição.
Na Europa o constitucionalismo teve início com a revolta burguesa, detentora do poder econômico, contra os Estados monárquicos absolutos, onde todo poder político se concentrava nas mãos do monarca. Munidos do arcabouço teórico dos pensadores contratualistas (Locke, Hobbes e Rousseau) e dos ideais de Estado de Montesquieu, a burguesia passou a pressionar a monarquia, o que culminou com a libertária revolução francesa e logo após, com a proclamação da nova Constituição Francesa. 
Nos Estados Unidos o movimento ocorreu de forma diversa, devido ao fato de ter sido precoce a sua independência da Inglaterra e a adoção de um Estado Federado Republicano, o Constitucionalismo evoluiu para garantir direitos já conquistados (civis e políticos) e para a implantação de direitos econômicos, sociais e direitos de igualdades.
Época na qual se identifica o constitucionalismo propriamente dito;
O Constitucionalismo em seu sentido estrito, que estabelece a limitação dos poderes governamentais e apresenta uma diversificação de direitos e garantias fundamentais dos cidadãos, será visto como um sistema jurídico dotado de uma constituição do regime democrático, que se consolidou a partir das revoluções Americanas e Europeias, do século XVIII.
Discorra acerca do constitucionalismo moderno, comentando as influências do constitucionalismo inglês, francês e americano no constitucionalismo brasileiro atual.
O constitucionalismo moderno se consolida com as revoluções burguesas, na Inglaterra 1688, Estados Unidos 1776 e França 1789. Podemos, entretanto, encontrar o embrião deste constitucionalismo já na Magna Carta de 1215. Não que a Magna Carta seja a primeira constituição moderna, pois isto não e verdade, mas nela já estão presentes os elementos essenciais deste moderno constitucionalismo: limitação do poder do Estado e a declaração dos Direitos fundamentais da pessoa humana.
As épocas constitucionais do Brasil são compostas por diferentes valores políticos, jurídicos e ideológicos, cuja classificação realizada por Paulo Bonavides, ocorre com a influência do Constitucionalismo francês (Jean Bodin e do Suíço, Benjamin Constant) e inglês no séc. XIX, e o modelo norte-americano no séc. XX (nossa Constituição de Federal de 1988).
A constituição do Império foi influenciada pela França no ponto de vista teórico, mas na constituição real, em sua aplicação doutrinária e fática, se assemelhou ao modelo inglês. Trocou o modelo de Montesquieu (a tripartição dos poderes) pelo modelo de Benjamin Constant (quatro poderes) ainda que mais quantitativo e formal que qualitativo e material. Assim, acrescentou-se aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o Poder Moderador cujo titular era o Imperador. Este poder era o eixo mais visível de toda a centralização de Governo e Estado no Império. Essa Constituição garantia os direitos individuais e políticos sob a inspiração da Constituição Francesa de 1797 (ao menos, assim deveria ter sido, como de fato não foi, por não ter garantido os mesmos direitos, aos escravos brasileiros).
O advento da República possibilitou a mudança no eixo dos valores e princípios de organização formal do poder. O Estado da Constituição de 1891 possuía a plenitude formal das instituições liberais, "em alguns aspectos deveras relevantes, transladadas literalmente da Constituição americana, debaixo da influência de Rui Barbosa, um jurista confessadamente admirador da organização política dos Estados Unidos". Os princípios que faziam da estrutura do nosso Estado diametralmente oposta ao Império eram: "o sistema republicano, a forma presidencial de governo, a forma federativa de Estado e o funcionamento de uma suprema corte apta a decretar a inconstitucionalidade dos atos do poder (...)". 
No que tange ao princípio da separação dos poderes, fruto do constitucionalismo moderno francês, disserte da forma mais completa possível atendendo ao que se pede:
Conceito; Todo estado tido como democrático ou não absolutista tem em sua estruturação a identificação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário mesmo com defasagens possíveis ou mesmo nomenclaturas diferentes. Nenhum dos três poderes tem autonomia absoluta sobre a sociedade, nem sobre os outros tipos de poderes. É o tipo de regência mais comum em quase todos os tipos de governos de hoje e que busca de maneira democrática designar as autoridades competentes a cada âmbito da sociedade.
Autor; nenhuma obra anterior explica de forma mais coerente e detalhada a estruturação de um estado regido sob os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) como a de Charles-Louis de Secondat (ou Montesquieu). Tudo aconteceu a partir de um trabalho de busca da essência, da natureza de cada tipo de poder estabelecido nas sociedades e comparando as relações que as leis da época tinham com a natureza em si. Inspirado pela constituição inglesa da época, que apesar de não ter essa divisão clara em sua estruturação, o francês divide os três poderes, de maneira cuidadosa e detalhada para os moldes de sua própria época em Executivo, Legislativo e Judiciário. 
Sentido clássico; O tema da separação de poderes tem atravessado épocas, sendo objeto de considerações por grandes autores em clássicas obras no decorrer da história. É uma doutrina que surgiu com o objetivo fundamental de se limitar o poder do homem, impedindo que este o use indiscriminadamente, o que causaria uma grande desproporção e desigualdade em relação aos que o devem obediência.
Sentido contemporâneo: ideia americana – sistemas de freios e contrapesos; surgiu em decorrência do empirismo britânico, da racionalização de Montesquieu e do pragmatismo norte-americano.
Dividido o poder (ou as funções do Estado) e individuados os órgãos do Estado, assim como superada a ideia da prevalência de um Poder Constituído sobre o outro, através da compreensão da necessidade de equilíbrio, independência e harmonia entre os Poderes, admitindo-se, inclusive a interferência entre eles. Ganha força, a ideia de controles de vigilância recíprocos, de um poder sobre os outros, relativamente ao cumprimento das funções constitucionais de cada um. São esses os elementos essenciais que caracterizam o moderno conceito da separação dos poderes (ou funções) do Estado, na Constituição Norte Americana de 1787.
Concepção adotada pela Constituição Federal de 1988: A Constituição da República de 1988, corolário da Declaração Francesa, traz em seu texto a tripartição de poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Além disso, protege essa tripartição em nível de cláusula pétrea fundamental (art. 60, § 4º, III). A separação de poderes é um princípio jurídico-constitucional informador, ligado intrinsecamente no ordenamento jurídico brasileiro não só pela sua previsão expressa (art. 60, § 4º, III), mas também pela sua gênese francesa, adotada por todos os Estados democráticos de Direito. Nesse contexto, qualquer violação que a atinja de forma reflexa, deve ser tida como inconstitucional por violar todo um sistema de valores. Podemos encontrar na Constituição brasileira, o sistema de freios e contrapesos, ideia Norte Americana, como pode ser visto, por exemplo, no art. 84, IV do texto fundamental, onde permite ao Chefe do Executivo elaborar Decretos,entrando desta forma, na competência do Poder Legislativo, sem violá-lo, uma vez que há previsão legal.
Discorra acerca da Constituição, atendendo ao que se pede:
Conceito; Constituição é o processo pelo qual se constitui ou se forma alguma coisa; ato de constituir, de compor ou de estabelecer; conjunto de normas reguladoras de uma instituição, de uma corporação etc. Também chamada de Carta Constitucional, é a lei fundamental e suprema de uma nação, onde contém as normas relativas à formação dos poderes públicos, forma de governo, distribuição das competências, direitos e deveres dos cidadãos etc.
 
Concepções sociológicas, jurídicas e políticas;
Concepção Sociológica: Proposta por Ferdinand Lassalle no livro "A essência da Constituição". Enxerga a Constituição sob o aspecto da relação entre os fatos sociais dentro do Estado, somando fatores reais de poder que regem uma determinada nação. Para Lassalle havia uma Constituição real ou efetiva e uma Constituição escrita (CF/88 - para Lassalle, uma constituição escrita não passa de uma folha de papel). Esta soma poderia ou não coincidir com a Constituição escrita, que sucumbirá se contrária à Constituição real ou efetiva, devendo se coadunar (reunir para formar um todo) com a Constituição real ou efetiva.
Concepção Jurídica: Hans Kelsen - "Teoria Pura do Direito". A Constituição é puro dever-ser, norma pura, não devendo buscar seu fundamento na filosofia, na sociologia ou na política, mas na própria ciência jurídica. Logo, é puro "dever-ser". A Constituição deve, poder ser entendida no sentido: a) lógico-jurídico: norma fundamental hipotética: fundamental porque é ela que nos dá o fundamento da Constituição; hipotética porque essa norma não é posta pelo Estado é apenas pressuposta. Não está a sua base, no direito positivo ou posto, já que ela própria está no topo do ordenamento. b) jurídico-positivo: é aquela feita pelo poder constituinte, constituição escrita, é a norma que fundamenta todo o ordenamento jurídico.
Concepção Política:  Defendida por Carl Schmitt no livro "Teoria da Constituição". Busca-se o fundamento da Constituição na decisão política fundamental que antecede a elaboração da Constituição, aquela decisão sem a qual não se organiza ou funda um Estado, que pode estar ou não, no texto escrito. O autor diferencia Constituição (normas que decorrem da decisão política fundamental que nunca poderão ser reformadas) de Lei Constitucional (é matéria adstrita à lei, mas que está na Constituição, podendo ser reformadas por processo de reforma constitucional. Art. 242, §§ 1º e 2º, CF/88).
Classificação das Constituições quanto à origem; 
Constituição promulgada (popular ou democrática): Deriva do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, que é composta de representantes do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração (art.1º, § único).
Constituição outorgada: Estabelecida sem a participação popular, por meio de imposição do poder da época.
Classificação das Constituições quanto à extensão;
Constituição analítica: Examina e regulamenta todos os assuntos que entenda relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado.
Constituição sintética: Prevê somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado.
Classificação das Constituições quanto ao conteúdo;
Constituição material. 
 Constituição formal. 
Classificação das Constituições quanto à forma;
Constituição escrita: codificada e sistematizada em um único texto. Portanto, é o mais alto estatuto jurídico de determinada comunidade.
Constituição não escrita: é o conjunto de regras não aglutinadas em um texto solene, mas baseado em leis esparsas, costumes, jurisprudências e convenções.
Classificações das Constituições quanto ao processo de mudança;
Imutáveis: não modificam.
 Flexível: Podem ser livremente modificadas segundo o mesmo processo estabelecido para as leis ordinárias (modificam por processo comum).
Rígida: escrita, processo laboroso; dois turnos, duas casas, Quórum qualificado: 3 /5 membros. A rigidez visa dar maior estabilidade e possibilidade de alteração, somente pode ser alterada, por um processo legislativo mais solene e dificultoso; tem como decorrência a supremacia formal da constituição; é pressuposto para o controle de constitucionalidade; não decorre da existência de cláusulas pétreas.
Conceitos formal e material da Constituição;
Constituição formal: é consubstanciada de forma escrita, por meio de um documento solene, estabelecido pelo poder constituinte originário.
Constituição material: Conjunto de regras materialmente constitucionais que estejam ou não codificadas em um único documento, pode existir de forma escrita ou costumeira.
Estrutura das Constituições.
A Constituição possui uma sistematização lógica e tem uma natureza polifacética, ou seja, compõe-se de dispositivos com valores diferentes.
Título I - Princípios Fundamentais
Título II - Direitos e Garantias Fundamentais
Título III - Organização do Estado
Título IV - Organização dos Poderes
Título V - Defesa do Estado e das Instituições
Título VI - Tributação e Orçamento
Título VII - Ordem Econômica e Financeira
Título VIII - Ordem Social
Título IX - Disposições Gerais
Disserte sobre o Poder Normativo da Constituição Federal Brasileira de 1988.
O Poder Normativo, assim denominado, ou também conhecido como Poder Regulamentar, qualifica-se como o poder que a Administração possui de editar atos para complementar a lei, buscando sua fiel execução. O Poder Regulamentar se formaliza por Decreto, nos termos do art. 84, inciso IV da Constituição Federal. Para a fiel execução da lei, podem ser editados atos normativos de complementação da lei como circulares, portarias, editais, regulamentos, decretos ou instruções.
O Poder Normativo, ou Regulamentar, apenas complementa a lei, não pode alterar a lei e não pode modificar seu entendimento. Caso haja alteração da lei ocorrerá abuso de Poder Normativo ou abuso de Poder Regulamentar.
Acerca do Poder Constituinte, disserte de forma mais completa possível atendendo ao que se pede:
Conceito; Poder constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado. O poder constituinte, com esteio na melhor doutrina, é conceituado como poder de produção das normas constitucionais, por meio do processo de elaboração e/ou reforma da Constituição, com o fim de atribuir legitimidade ao ordenamento jurídico do Estado. (Guilherme Pena de Moraes). 
Espécie/classificação;
Espécies de Poder Constituinte: o Poder Constituinte classifica-se em Poder Constituinte originário, ou de 1º grau, e Poder Constituinte derivado, constituído ou de 2º grau.
Poder Constituinte originário:
Conceito; o Poder Constituinte originário estabelece a Constituição de um novo Estado, organizando-o e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma comunidade. Tanto haverá Poder Constituinte no surgimento de uma primeira Constituição, quanto na elaboração de qualquer Constituição posterior.
Características; o Poder Constituinte caracteriza-se por ser inicial, ilimitado, autônomo e incondicionado.
O Poder Constituinte é inicial, pois sua obra - a Constituição - é à base da ordem jurídica.
O Poder Constituinte é ilimitado e autônomo, pois não está de modo algum limitado pelo direito anterior, não tendo que respeitar os limites postos pelo direito positivo antecessor.
O Poder Constituinte também é incondicionado, pois não está sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar sua vontade; não tem ela que seguir qualquer procedimento determinado para realizar sua obra de constitucionalização.
Concepções acerca das limitações; Limites Circunstanciais: certas Constituições não podem ser alteradas em determinadas situações de instabilidade política. Pretende-se que qualquer alteração do texto Constitucional ocorra em plena normalidade democrática, sem qualquer restrição a direitos individuais ou à liberdade de informação,para que as consequências de eventuais modificações do Texto fundamental sejam amplamente discutidas, antes de qualquer deliberação. 
Limites Materiais: determinadas matérias, não podem ser objeto de modificação. São denominadas cláusulas pétreas, o cerne fixo da Constituição, a parte imutável do texto Constitucional. Essas limitações materiais podem ser explícitas ou implícitas. As primeiras são as que já vêm enunciadas na própria Constituição, as já mencionadas cláusulas pétreas. Implícitas são as que decorrem do sistema constitucional, como as que estabelecem o processo de alteração de normas constitucionais, as que fixam as competências das entidades federativas etc.
Limites Temporais ou Formais: certas Constituições contêm normas que impossibilitam qualquer modificação durante certo período após a sua promulgação ou só admitem a aprovação de alterações de tempos em tempos, de forma espaçada. Exemplo: a Constituição brasileira do Império, que admitia qualquer alteração somente quatro anos após sua promulgação.
Limites procedimentais: A própria Constituição estabelece o rito a ser seguido para sua alteração. Esse procedimento deve ser rigorosamente obedecido, sob pena de inconstitucionalidade formal da forma aprovada.
Limites Implícitos, Inerentes ou Tácitos: além dos limites explícitos anteriormente mencionados, há limites materiais implícitos ao poder constituinte derivado, decorrentes dos próprios princípios adotados pela Constituição. Esses limites também são denominados como inerentes ou tácitos. Como exemplo a doutrina aponte: a) os concernentes ao titular do poder constituinte; b) os referentes ao titular do poder reformador; c) os relativos ao processo de emenda. Como ensina José Afonso da Silva, essas restrições se justificam por razões lógicas: "se pudessem ser mudadas pelo poder de emenda ou ordinário, de nada adiantaria estabelecer vedações circunstanciais ou materiais".
Poder Constituinte derivado:
Conceito; o Poder Constituinte derivado está inserido na própria Constituição, pois decorre de uma regra jurídica de autenticidade constitucional, portanto, conhece limitações constitucionais expressas e implícitas e é passível de controle de constitucionalidade.
Características; Apresenta as características de derivado, subordinado e condicionado. 
É derivado porque retira sua força do Poder Constituinte originário. Subordinado, porque se encontra limitado pelas normas expressas e implícitas no texto constitucional, às quais não poderá contrariar, sob pena de inconstitucionalidade; 
E, por fim, condicionado porque seu exercício deve seguir as regras previamente estabelecidas no texto da Constituição Federal.
Espécies: o Poder Constituinte derivado subdivide-se em poder constituinte reformador e decorrente.
Poder Constituinte Derivado Reformador: 
Conceito; o Poder Constituinte derivado reformador, denominado por parte da doutrina de competência reformadora, consiste na possibilidade de alterar-se o texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria Constituição Federal e será exercitado por determinados órgãos com caráter representativo. 
Limitações; o Poder Derivado Reformador tem a função de modificar as normas constitucionais por meio de emendas. As limitações impostas a este poder estão consagradas no artigo 60 da Constituição Federal de 1988.
Espécies de limitações;
Limitações procedimentais ou formais: referem-se aos órgãos competentes e aos procedimentos a serem observados na alteração do texto constitucional.
Limitações circunstanciais: são limitações consubstanciadas em normas aplicáveis a situações excepcionais, de extrema gravidade, nas quais a livre manifestação do poder derivado reformador possa estar ameaçada.
Limitações materiais: impedem a alteração de determinados conteúdos consagrados no texto constitucional. São as denominadas cláusulas pétreas.
Cláusulas Pétreas: Dispositivo constitucional imutável, que não pode sofrer revogação. Seu objetivo é o de impedir que surjam inovações temerárias em assuntos cruciais para a cidadania e para o Estado. A Constituição Federal determina que a proposta de emenda constitucional tendente a abolir este preceito não será objeto de deliberação. Veja o art. 60, § 4º e incisos da Constituição Federal.
Poder Constituinte derivado decorrente: o Poder Constituinte derivado decorrente, por sua vez, consiste na possibilidade que os Estados-membros têm, em virtude de sua autonomia político-administrativa, de se auto-organizarem por meio de suas respectivas constituições estaduais, sempre respeitando as regras limitativas estabelecidas pela Constituição Federal.
Discorra sobre as normas Constitucionais, atendendo ao que se pede:
Conceito e correlação com as normas jurídicas:
 Normas jurídicas são prescrições, mandamentos, determinações que se destinam a introduzir a ordem e a justiça na vida social.
Normas Constitucionais, etimologicamente, significa esquadro, régua, e revela, no campo do comportamento humano, a diretriz de um comportamento socialmente estabelecido.
Ordenamento jurídico é como se chama à disposição hierárquica das normas jurídicas (regras e princípios), dentro de um sistema normativo. Por este sistema, pode-se compreender que cada dispositivo normativo possui uma norma da qual deriva e à qual está subordinada, cumprindo à Constituição o papel de preponderância - ou seja - o ápice, quais todas as demais leis devem ser compatíveis material e formalmente.
Um conjunto hierarquizado de normas jurídicas (regras e princípios) que disciplinam coercitivamente as condutas humanas, com a finalidade de buscar harmonia e a paz social.
O legislador busca por meio da criação de normas jurídicas e proteger os interesses juridicamente relevantes.
Classificação segundo o Professor José Antônio Afonso da Silva:
Em sua obra “A aplicabilidade das normas Constitucionais”, José Afonso da Silva aborda o tema a partir de uma perspectiva jurídico-científica. Três capítulos do livro são dedicados à análise da eficácia das normas constitucionais, categoria essa que foi dividida em basicamente três grupos: normas constitucionais de eficácia plena, contida e limitada. 
Segundo José Afonso da Silva, a forma federativa do Estado (Art.13), a separação de poderes (Art.2 / Art. 60, III, § 4º, III), os bens de União (Art. 20), a competência privativa da União (Art.22), o princípio de legalidade (Art. 5º, II) e os remédios constitucionais (Art. 5), são uns dos exemplos de normas de eficácia plena previstas na Constituição Brasileira de 88. São normas as quais denunciam a forma política de ser do povo brasileiro e formam o pressuposto básico para todas as normações ulteriores, inclusive para as leis constitucionais.
Acerca das normas Constitucionais de eficácia limitada, disserte sobre a atuação dos poderes Judiciário e Legislativo à luz da Teoria dos Poderes, considerando a leitura Clássica francesa deste princípio e a leitura contemporânea emprestada pelo Constitucionalismo americano.
As normas constitucionais de eficácia limitada são normas cuja aplicabilidade é mediata, indireta e reduzida. Dependem da emissão de uma normatividade futura, em que o legislador, integrando-lhes a eficácia mediante lei, dê-lhes capacidade de execução dos interesses visados.
A existência de três Poderes e a ideia que haja um equilíbrio entre eles, de modo que cada um dos três exerça certo controle sobre os outros é sem dúvida uma característica das democracias modernas. A noção da separação dos poderes foi intuída por Aristóteles, ainda na Antiguidade, mas foi aplicada pela primeira vez na Inglaterra, em 1653. Sua formulação definitiva, porém, foi estabelecida por Montesquieu, na obra "O Espírito das Leis", publicada em 1748, e cujo subtítulo é “Da relação que as leis devem ter com a constituição de cada governo, com os costumes, com o clima, com a religião, com o comércio, etc. ”
"É preciso que, pela disposição das coisas, o poder retenha o poder", afirma Montesquieu,propondo que os poderes executivo, legislativo e judiciário sejam divididos entre pessoas diferentes. Com isso, o filósofo francês estabelecia uma teoria a partir da prática que verificara na Inglaterra, onde morou por dois anos. A influência da obra de Montesquieu pode ser medida pelo fato de a tripartição de poderes ter se tornado a regra em todos os países democráticos modernos e contemporâneos. Posto isto, cabe agora identificar melhor cada um desses poderes e esclarecer as suas funções. Em primeiro lugar, pode-se citar o poder Executivo que, em sentido estrito, é o próprio Governo. No caso brasileiro, uma república presidencialista.
Ora, fazer leis ou legislar é a função básica do poder Legislativo, isto é, o Congresso Nacional. Composto pelo Senado e pela Câmara dos Deputados, o Congresso também fiscaliza as contas do Executivo, por meio de Tribunais. 
O Poder Judiciário tem, com exclusividade, o poder de aplicar a lei nos casos concretos submetidos à sua apreciação de contas que são seus órgãos auxiliares.
Tais ideias se encaminharam para a melhor definição da separação dos poderes, que ainda hoje, é um dos pilares do exercício do poder democrático. Montesquieu descreveu cuidadosamente a separação dos poderes em Executivo, Judiciário e Legislativo, trabalho que influenciou os elaboradores da Constituição dos Estados Unidos.
Discorra acerca da Hermenêutica Constitucional, atendendo ao que se pede:
Conceito de hermenêutica e interpretação: é o exame do saber sobre os pressupostos, a metodologia e a interpretação do direito. A hermenêutica constitucional será entendida como o saber que se propõe a estudar os princípios, os fatos, e compreender os institutos da Constituição para colocá-la diante da sociedade.
Interpretação Constitucional consiste na atividade de busca e identificação dos sentidos das normas jurídicas, mediante a aplicação das técnicas criadas pela hermenêutica.
 A interpretação constitucional, feita pelos intérpretes da Constituição, vem mediar à relação comunicativa entre os dois pólos ⇒ Relação circular ⇒ circularidade hermenêutica. Isso faz com a Constituição se concretize no âmbito da sociedade.
Interpretes da Constituição: oficialmente, temos o Poder Judiciário – STF; operadores do Direito e sociedade – tese de Peter Haberle – sociedade aberta de intérpretes da Constituição – STF tem aplicado essa teoria.
Seu objetivo: romper distâncias entre a letra fria da norma e a situação concreta e identificar o conteúdo da norma.
Critérios clássicos de hermenêutica geral e critérios da hermenêutica Constitucional: a hermenêutica constitucional é guiada por métodos. Dentro da teoria do conhecimento o método é a forma de ser alcançar o conhecimento. Uma polêmica desde já instaurada é aquela relativa à existência de métodos próprios (constitucionais) para essa análise, ou se esses métodos podem ser os mesmos utilizados pela hermenêutica jurídica. Para o professor Ricardo Maurício Freire Soares, podemos afirmar que a interpretação é específica para a Constituição, que os métodos utilizados são específicos, podendo utilizar os métodos clássicos observando-se aqueles.
Métodos ou critérios de interpretação:
Métodos clássicos: esses métodos foram legados por Savigny (jurista Alemão do século XIX) – segundo esse método, foram sistematizados os métodos abaixo descritos, os quais não são excludentes; para que uma interpretação seja bem feita, são necessários que esses métodos sejam sincretizados para poderem delimitar o sentido e o alcance das normas constitucionais.
Método gramatical: consiste na busca do sentido literal ou textual da norma constitucional. Esse método hoje na hermenêutica jurídica e constitucional deve ser apenas o ponto de partida no momento da interpretação de uma norma, porque muitas vezes interpretando ao pé da letra, podemos chegar a soluções hermenêuticas injustas (dura lex, sed lex).
Método sistemático: interpretação que busca correlacionar todos os dispositivos normativos de uma Constituição, pois só conseguiremos elucidar a interpretação a partir do conhecimento do todo, não podemos interpretar a Constituição em “tiras” e sim como um todo. Hans Kelsen tem a visão do sistema jurídico que seria naturalmente uma pirâmide normativa, na qual temos no topo a Constituição, abaixo vêm a legislação, logo abaixo os atos administrativos, e posteriormente os contratos e decisões. Todos esses componentes da pirâmide tem que ser interpretados juntamente com a Constituição, todas as normas jurídicas devem ser lidas e relidas através da Constituição, sendo denominado de Filtragem Hermenêutica – para o neoconstitucionalismo. 
Método sociológico: busca adaptar a Constituição à realidade social. Desenvolveu-se no final do século XIX com o surgimento da sociologia. No campo da interpretação constitucional o método sociológico busca a efetividade, a eficácia social para que não se abra um abismo entre a norma e conjunto dos fatos sociais. O conceito de Kelsen passa a ser revisto, pois as mudanças na sociedade passam a ser observadas. Um exemplo disso é a norma que fala que o salário mínimo deve prover as necessidades básicas; essa norma poderia ser considerada inconstitucional no âmbito da interpretação sociológica, pois não disse quanto é o valor desse salário, e evidentemente que hoje temos normas regulando o valor do salário, o qual não consegue cumprir esse preceito de atender a “TODAS” as necessidades básicas.
Metodologia teleológica ou finalista: busca realizar a finalidade das normas constitucionais, muitas vezes superando a realidade descrita na norma. A interpretação teleológica se desenvolve sobre tudo sobre os princípios constitucionais. Ex.: no sentido da expressão “casa” para a inviolabilidade do domicílio, pode ser estendida a qualquer domicílio, inclusive profissional. Ex.: escritório de advocacia.
Métodos da nova hermenêutica constitucional.
Método tópico problemático: busca a solução mais razoável ao caso concreto em análise. Legado pelo autor Viehweg – grande pensador da segunda metade do século XX. A Tópica é um estilo de pensamento voltado para a busca priorizada do exame do caso concreto, para, a partir daí, escolher uma das opções interpretativas, e posteriormente buscar fundamentar a sua decisão. Visão totalmente contrária ao positivismo, pois segundo este método a conclusão seria lógico-dedutiva, sendo que primeiro devemos observar o caso concreto e depois buscar a norma que se adequasse a ele.
Método hermenêutico concretizador: legado por Konrad Hesse– na visão desse pensador, autor da obra “A força normativa da Constituição”– o papel do intérprete da Constituição seria um papel construtivo, ativo no desenvolvimento do processo hermenêutico. Diz ele, que além de elementos objetivos que devem ser extraídos da realidade social, também elementos subjetivos devem ser agregados ao sentido mais justo do sentido aplicado à Constituição, posição de protagonista dentro do processo hermenêutico, concretizando o melhor sentido da norma constitucional. Para Hesse a norma é um produto da interpretação constitucional. Esse processo hermenêutico seria conduzido pelo que ele denomina de pré-compreensão – conjunto de valores, visões de mundo, crenças que o intérprete incorpora na sua própria consciência dentro de seu espaço interpretador, mergulhado numa cultura, num conjunto de valores num dado contexto histórico-cultural. Exemplo: o tema sobre “o direito à morte digna” – a doutrina e a jurisprudência mesmo diante da proibição da eutanásia estão diante de uma realidade histórico-social, que talvez permita a realização da morte digna, reconhecendo que um paciente em estado terminal retire sua própria vida em nome da dignidade, e como argumento a favor, poderia se utilizar da ideia de que assim estaria realizando um direito mais justo.
Método científico espiritual: interpretação elástica da CF, visando acompanhar o dinamismo do Estado. Busca potencializar a concretização de soluções hermenêuticas conciliatórias, sugere e incentivaa busca de soluções que possam promover a coesão político-social. Não podemos interpretar a CF/88 de forma que venha a desagregar politicamente e socialmente a nação. O uso de medidas provisórias do art. 62 do CF pelo Presidente da República, que é usado de forma abusiva em casos que não há relevância e nem urgência. O interprete da Constituição, até mesmo o STF, deve buscar controlar essas medidas, que não só estariam ofendendo os requisitos do art. 62, como também declarando a inconstitucionalidade dessas normas. Assim estará impedindo que o Poder Executivo invada a esfera do Poder Legislativo. Mas às vezes esses métodos podem ser utilizados para promover soluções conciliatórias na sociedade, para impedir “convulsões” entre grupos de nossa sociedade. Ex.: a delimitação contínua das reservas indígenas, com a permissão para as forças armadas adentrarem a reserva para fins de segurança nacional.
Método normativo estruturante: referido por MÜLLER – muito estudado por Canotilho – a ideia aqui é que o conceito de norma constitucional é um conceito muito mais amplo, podendo ser visualizada sobre uma dúplice perspectiva: a) norma constitucional como texto normativo (ou programa normativo – concretizando a Carta Magna como um produto da interpretação, que é uma atividade mediadora e concretizadora de finalidades – pensamento de Hesse – o texto da norma constitucional é a apenas a ponta do iceberg) e b) norma constitucional com âmbito normativo. Conceber a ideia de que o cidadão tem o direito de não aceitar atos abusivos do poder público.
O desenvolvimento de novos métodos de interpretação das normas constitucionais justifica uma interpretação constitucional singularizada, pois as normas constitucionais possuem uma abertura (coloquialidade) muito grande, aplicando a abertura semântica, convidando o intérprete a achar o sentido que mais se adeque a cada situação específica. As normas constitucionais são dotadas de grande carga política. Essa interpretação se vale dos métodos de interpretação clássicos e também dos novos métodos.
Hermenêutica à luz da concepção jusfilosófica positivista e pós-positivista:
Hermenêutica positivista: a hermenêutica positivista trabalha com a ideia de vocabulário próprio, tentando minimizar a carga de valores dos sentidos das palavras – para ser mais exato, uma padronização apriorística dos significados – onde a norma tem que ser subsumida as caso mediante simples aplicação, ou seja, o Juiz aplica a norma ao caso por critérios lógicos- objetivos deixando de lado sua subjetividade.
A neutralidade jurídica é mais uma falácia (argumento logicamente inconsistente, raciocínio errado etc.) do normativismo, o Juiz é um ser humano situado no espaço e no tempo, e como tal traz consigo uma gama de valores só sua, na verdade ele cria norma, pois ao enquadrar o dever ser ao ser, ocorre valoração – ponderação.
Dessa forma, fica evidente que Direito é fruto da comunicação e por mais que imponhamos regras a seu discurso, não se esgotaria a nuances interpretativas.
Hermenêutica pós-positivista: Pós-positivismo consiste exatamente na denominação que se dá à teoria que busca, de forma difusa, resgatar os valores, a distinção qualitativa entre princípios e regras, a centralidade dos direitos fundamentais e a reaproximação entre o Direito e a Ética. Esses elementos devem guiar a interpretação do Direito no sentido de permitir a superação da ideologia da desigualdade e a incorporação à cidadania da parcela da população deixada à margem da civilização e do consumo. Não se trata de negar o positivismo, pois se assim fosse, se chamaria “anti-positivismo” e não póspositivismo. Também assim se verifica a classificação da sociedade pós-moderna e não “anti-moderna”. Trata-se, sim, consoante dito alhures (outra parte, lugar ou época), de uma superação, no sentido de adequar a interpretação do sistema jurídico à realidade social, para que o Direito cumpra seu papel de fazer justiça. Na pós-modernidade, há uma mudança das crenças e pressuposições acerca da natureza dos problemas que se impõem. Há, igualmente, uma falência da ideia moderna de que o conhecimento científico fornece a verdade do objeto que lhe é colocado. Assim, a epistemologia jurídica e a hermenêutica jurídica passam a ocupar papel de destaque no pensamento dos filósofos contemporâneos. Também a procedimentalização seria importante para regular os fatos inéditos com base no aprendizado dos fatos passados. Daí a proposta de um desenvolvimento de uma filosofia do processo. A autopoiese teria valia para classificar o Direito como “um sistema auto-referencial e autopoiético, onde se produz normas aplicando outras normas”. Finalmente, percebe-se uma preocupação crescente com o raciocínio jurídico. Tudo tendo em vista a teoria da justiça, esperando-se que a filosofia do direito e do Estado explicitem a formulação jurídica base do ordenamento jurídico (Guerra Filho, p. 64-67).
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