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APOSTILA HISTÓRIA DE ALAGOAS

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1 
HISTÓRIA DE ALAGOAS 
COLONIZAÇÃO, POVOAMENTO E SOCIEDADE 
 
Em 1500, a terra que constitui hoje o Estado de 
Alagoas era um mundo de mata virgem, onde viviam 
índios nativos. A flora e a fauna exuberantes 
enchiam os olhos dos portugueses que foram 
chegando para iniciar o processo de colonização. 
 
 
 
Barra Grande (Maragogi) deve ter sido o primeiro 
ponto do território das Alagoas visitado pelos 
descobridores, por ocasião da viagem de Américo 
Vespúcio, em 1501. A 29 de setembro Vespúcio 
assinalou um rio a que chamou São Miguel, no 
território percorrido e a 4 de outubro denominou São 
Francisco o rio então descoberto, hoje limite de 
Alagoas com Sergipe. 
 
Integração do território alagoano a América 
Portuguesa: 
O primeiro estabelecimento fundado no território 
alagoano foi a atual cidade de Penedo, entre 1522 e 
1535 (data oficial), Segundo Tomaz do Bonfim 
Espíndola, ou em 1560, a partir de M. Diegues 
Junior. Manoel Diegues Junior afirma que há três 
focos iniciais de povoamento do território alagoano. 
Um no norte, e teve Porto Calvo núcleo de 
irradiação, a mais antiga de Alagoas, atribuída a 
Cristovão Lins, a quem foram doadas. Criada a 
Freguesia em 1575 e elevado a vila em 1636. 
Outro foco situa-se no centro do litoral e situa-se 
entre as duas lagoas, que deram nome ao povoado: 
Alagoas ou alagoas do sul e do norte (1611). 
Um quarto foco, complementar àqueles três 
primeiros, surge já nos meados do século XVII, e seu 
aparecimento se deve à luta contra os Palmares, que 
determina a expansão do povoamento do interior. As 
terras conquistadas foram distribuídas em sesmarias 
aos conquistadores. Completa-se a estruturação 
geográfica social das Alagoas. 
Por volta de 1550, os franceses chegaram na 
região de Alagoas que atraídos pela presença do 
pau-brasil, invadiram a região e exploravam 
livremente a madeira para extração de tinta e para 
facilitar o embarque, escolheram alguns trechos do 
litoral alagoano que melhor se adequavam, por sua 
localização estratégica, ao escoamento dessa 
mercadoria, à época bastante valiosa. Os locais 
ficaram conhecidos como Porto do Francês, até que, 
depois da divisão do Brasil em capitanias 
hereditárias, Duarte Coelho, donatário de 
Pernambuco, conseguiu expulsar os traficantes do 
Ibirapitanga (Pau-Brasil) e fundou Penedo, às 
margens do rio São Francisco. 
“Apesar dos franceses não constituírem-se em 
colonizadores, por outro lado contribuíram para o 
nosso povoamento na medida em que provocaram a 
necessidade do Estado Português em definir-se mais 
claramente em relação à ocupação das terras 
brasileiras, apesar da presença já assinalada pelos 
vários “portos franceses”. José Roberto Lima (prof. 
da Ufal) 
Além da expedição de Duarte Coelho, no início da 
colonização, houve uma outra chefiada pelo fidalgo 
de origem alemã Cristhovan Lintz. Ele vivia em 
Portugal, onde casou-se com Adriana de Hollanda, 
filha do holandês Arnault de Hollanda e da 
portuguesa Brites Mendes de Vasconcellos Hollanda. 
O casal desembarcou no Recife, na primeira metade 
do século do descobrimento (XVI) e ganhou uma 
imensa sesmaria, compreendendo o Cabo de Santo 
Agostinho até o vale do rio Manguaba. 
Fazendo parte da capitania de Pernambuco, de 
quem só se desvincularia após a revolução de 1817, 
Alagoas seguiu-lhe a mesma linha de vocação 
açucareira. Integrando-se, pelas suas condições 
ecológicas, na mesma região geoeconômica, com 
um solo em grande parte úmido e fértil, acompanhou 
facilmente o surto vitorioso da cana-de-açúcar 
(LOUREIRO, 1970, p. 22). 
Os primeiros engenhos foram construídos por 
Cristovão Lins que batizou com os nomes de 
Escurial, Maranhão e Buenos Aires. Ficavam no 
atual município de Porto Calvo, que ele também 
fundou na segunda metade do século XVI. 
“O engenho de açúcar foi o suporte da expansão 
colonizadora e o responsável pela constituição dos 
primeiros núcleos povoadores que deram origem às 
atuais cidades alagoanas.” Douglas Apratto Tenório. 
 
Índios de Alagoas 
 
No Sul eram os Caetés e suas sub-tribos, 
como a dos Caambembes, instalada em Viçosa. 
No Norte, os Potiguaras. As demais tribos, eram: 
- Abacatiaras, que viviam nas ilhas do rio São 
Francisco. 
- Umans, no alto Sertão, às margens do rio 
Moxotó. 
- Xucurus, em Palmeira dos Índios. 
- Aconans, Cariris, Coropotós e Carijós, às 
margens do São Francisco. 
- Vouvés e Pipianos, no extremo ocidental de 
Alagoas. 
 
 
2 
 
 
Depois foram surgindo outros engenhos, já com o 
segundo colonizador, Antônio de Barros Pimentel, 
casado com Maria de Hollanda, irmã da mulher de 
Cristóvão Lins. Esse casal fixou-se às margens do 
rio Camaragibe, terras hoje pertencentes aos 
municípios de Matriz e Passo de Camaragibe. Mas a 
sua sesmaria atingia ainda o vale do rio Santo 
Antônio, onde também edificou engenhos, como o 
próprio Engenho Santo Antônio, que funcionou por 
mais de três séculos.. 
Outros engenhos foram surgindo nos vales dos 
rios São Miguel, Coruripe, Mundaú e Paraíba. E a 
atividade dominou a economia alagoana. O açúcar 
seguia para a Europa através do porto do Francês, 
saindo dos engenhos em lombo de boi ou burro, 
atravessando montes e rios, até chegar a vila do 
Pilar, e daí, seguindo em barcaças, passando pela 
velha capital (atual Marechal Deodoro) e atingir o 
porto. 
A colonização definitiva do território alagoano só 
efetivou-se com a fundação de Penedo, ao sul da 
capitania (de Pernambuco até então), a partir de 
1560, quando o elemento indígena começou a “ceder 
lugar” ao povoamento naquela área, prosseguindo o 
domínio das terras com a instalação de Porto Calvo 
(localizada ao norte do atual Estado de Alagoas), em 
torno de 1590; sendo seguida por Alagoas do norte – 
fundada por volta de 1608 e finalmente Alagoas do 
Sul, erguida por volta de 1611, ambas as vilas 
fundadas na região das lagoas Mundaú e Manguaba, 
segundo o geógrafo Ivan Fernandes lima, citando o 
historiador Werther Brandão, diz que “os primeiros 
núcleos de vida urbana – Penedo, Porto Calvo, 
Santa Luzia do Norte e Alagoas do Sul , também 
constituíram os principais núcleos de irradiação ou 
expansão do povoamento para as demais áreas 
interioranas do território alagoano”. 
Conforme Medeiros (2000, p.46), "As vilas e 
povoados se desenvolveram sempre perto de um rio, 
lago ou lagoa, e também no litoral, para se 
aproveitarem do sistema de navegação". 
 
A GUERRA HOLANDESA 
 
A cana de açúcar foi o principal motivo da invasão 
holandesa nas nossas terras no tempo do Brasil 
colonial. 
Os holandeses eram os tradicionais parceiros de 
Portugal no comércio de açúcar e escravos, foi então 
que em 1580 Portugal ficou sem rei, passando o 
trono a Felipe II rei da Espanha. 
 
 
 
O rei Felipe segundo proibiu então que as suas 
colônias comercializassem com a Holanda, primeiro 
porque os países baixos (Holanda, Bélgica e 
Luxemburgo) haviam se rebelado e proclamado 
independência a Espanha, e segundo porque estes 
mesmos países romperam com a igreja católica, 
adotando o protestantismo como religião. 
Os holandeses não satisfeitos com a decisão do 
rei da Espanha, fundaram em 1621 a Companhia 
Bispo Sardinha 
 
A parte sul da capitania de Pernambuco na 
região Alagoas do Sul, foi palco do assassinato do 
bispo Dom Pero Fernandes Sardinha que partia 
para Europa denunciar a corrupção do governo 
geral ao rei de Portugal. Chegando ao litoral 
alagoano seu navio naufragou entre o rio Coruripe 
e o São Francisco, e quase toda a tripulação, 
inclusive o bispo, foram vítimas de um ritual 
antropofágico dos índios caetés. Vale a pena 
salientar que tal episódiofoi o resultado “da prática 
de uma vingança tribal contra um ataque 
anteriormente sofrido por aquele grupo tupinambá”, 
segundo nos afirma o historiador alagoano Manuel 
Maurício de Albuquerque. 
Com a morte do bispo pelos nativos, a partir de 
1562 o governo português torna legal a escravidão 
dos índios sob diversos pretextos, como os quais 
incidiram sobre os “caetés que passaram a ser 
caçados como verdadeiros animais pelos 
portugueses que organizaram sucessivas 
expedições com o objetivo de reduzi-los à 
escravidão ou à morte”. 
 
Morte do Bispo Sardinha, imagem de autor anônimo, na 
História Geral do Brasil, de Varnhagen
Imagem: História do Brasil, ed. Folha de São Paulo, S.Paulo/SP, 1997
O motivo da discórdia - A cana de açúcar 
foi importantíssima no processo de colonização do 
Brasil pelos portugueses. A cana de açúcar é 
originária da Ásia, onde foi cultivada desde os 
tempos mais remotos. Na época de Alexandre “o 
grande”, espalhou-se pela Pérsia, Síria, Egito e 
Sicília, tendo valor muito alto, chegando a ser 
incluída em testamentos. No Brasil começou a ser 
cultivada a partir de 1530. A cana de açúcar só 
gera lucros quando produzida em larga escala, por 
esse motivo formaram-se os latifúndios que até 
hoje caracterizam nossa região. O açúcar aqui 
produzido era totalmente enviado para Portugal, 
porém a comercialização para outros países da 
Europa era feita pelos holandeses que foram quem 
financiaram a implantação dos engenhos no Brasil. 
O complexo açucareiro nordestino teve seu apogeu 
no século XVII, época em que os holandeses 
ocuparam Pernambuco depois disso a cana , 
passou por um longo período de decadência 
voltando a se estabilizar em 1972. 
 
 
3 
das Índias Ocidentais, com o objetivo de juntar forças 
e recursos para invadir o Brasil. 
A primeira invasão ocorreu em maio de 1624, 
quando uma frota armada ataca e ocupa Salvador,no 
entanto este domínio dura muito pouco. No ano 
seguinte, forças luso-espanholas chegam com uma frota 
de 52 navios e mais de 12.000 homens e provocam a 
rendição holandesa. Em 1627 é feita nova tentativa de 
ocupar Salvador, mais uma vez não houve êxito. 
Depois dos ataques a Bahia, os invasores 
holandeses investem contra Pernambuco, capitania 
igualmente rica e menos protegida. Em fevereiro de 
1630, desta vez muito mais bem preparados, uma 
esquadra de 56 navios da companhia das índias 
ocidentais chega ao litoral pernambucano e seus 
homens ocupam Olinda e Recife(lembramos que 
Alagoas nesta época fazia parte do território 
pernambucano). A resistência da população 
organizada pelo governador Matias de Albuquerque 
se dá em torno do arraial de Bom Jesus e de Porto 
Calvo (município situado em Alagoas), dificultou a 
consolidação do controle holandês. Alagoas, atingida 
pela invasão holandesa, teve povoados, igrejas e 
engenhos incendiados e saqueados, como ocorreu 
com a Vila de Santa Maria Madalena da Lagoa do 
Sul (atual Marechal Deodoro), completamente 
incendiada pelos holandeses, que ainda tentaram 
fazer o mesmo em Santa Luzia do Norte, não 
conseguindo, devido a ação rápida de seus 
moradores, liderados por dona Maria de Souza. Em 
Penedo, construíram um forte, depois destruído 
pelos brasileiros e portugueses, que não queriam 
qualquer lembrança dessa fase. 
Um outro episódio que marcou a presença dos 
holandeses em Alagoas, foi a Batalha da Mata Redonda, 
uma alusão ao local (hoje pertencente ao município de 
Porto de Pedras) onde ocorreu a mais sangrenta batalha 
entre holandeses, portugueses e brasileiros, vencida 
pelos primeiros, por ter um maior arsenal e maior 
contingente de homens. 
A partir de 1632 com a ajuda de Domingos 
Fernandes Calabar, os estrangeiros avançam contra 
as fortalezas do litoral e dos principais redutos de 
resistência brasileira no interior. 
 
Em Alagoas: 
Na chegada dos holandeses, Alagoas e o rio São 
Francisco conheciam um desenvolvimento lento. Na 
documentação produzida pela WIC, foi afirmado 
várias vezes a qualidade do solo, dos pastos e de 
suas madeiras. 
Inicialmente havia poucos engenhos em Alagoas, 
no entanto se plantava muita mandioca. Em Proto 
Calvo se encontrava cerca de 8 engenhos, a maior 
região produtora de cana na comarca. 
Fica claro para os Holandeses, desde o início da 
ocupação, a importância estratégica em controlar as 
alagoas o rio São Francisco, devido: abundância de 
gado, recursos pesqueiros e outros recursos 
necessários para abastecer Pernambuco. 
A ocupação holandesa se deu na faixa litorânea. 
Isso aconteceu, pois após a conquista, os 
portugueses fugiram em direção do agreste sertão. A 
partir da análise dos holandeses era o gado o maior 
recurso da região. 
QUEDA: 
O forte Maurício caiu no dia 17 de setembro de 
1645, e foi uma derrota determinante para a WIC. A 
partir desse momento os holandeses vão perdendo 
território. 
 
 
QUILOMBO DOS PALMARES 
 
Comunidades fundadas por escravos de origem 
africana que conseguiram fugir de seus senhores. 
Houve quilombos de diversos tamanhos, alguns 
pequenos, com apenas vinte ou trinta habitantes, e 
outros grandes, com centenas ou milhares de 
habitantes. O maior e mais famoso de todos os 
quilombos brasileiros foi, sem dúvida alguma, o dos 
Palmares (na atual cidade de União dos Palmares – 
AL). Na verdade, Palmares era um conjunto de dez 
quilombos. Estima-se que, em 1671, sua população 
tenha sido algo em torno de 20 mil habitantes. 
O Quilombo dos Palmares localizava-se na serra 
da Barriga, região situada no atual estado de 
Alagoas. O nome, Palmares, veio do fato de a região 
possuir um grande número de palmeiras. 
No início, a população de Palmares era pequena, 
não passava de poucas dezenas, mas as notícias 
sobre o lugar começaram a atrair um número maior 
de escravos fugidos de engenhos, especialmente de 
Pernambuco. Além de negros, a população de 
Palmares era composta por mestiços, índios e até 
brancos. Entre as pessoas brancas que viviam em 
Quem foi Calabar? 
 
 Nascido em 1600, Domingos Fernandes 
Calabar, tinha pai português e mãe índia. Estudou 
nas escolas jesuítas do Recife. Onde sempre se 
destacou por sua inteligência. Era dono de 3 
engenhos na região de Porto Calvo, onde primeiro 
lutou ao lado dos portugueses e 
consequentemente em 1632 passou para o lado 
dos holandeses por acreditar que estes seriam 
capazes de administrar com mais liberdade e 
justiça social que os portugueses. Calabar se 
transformou no inimigo número 1 dos portugueses, 
que tentaram de tudo para ou tê-lo de volta lutando 
ao seu lado, ou matá-lo. Foi então em 1635, após 
uma emboscada armada por Matias de 
Albuquerque a frente de mais de 10 mil homens 
que Calabar se entregou. Seu exército contava 
apenas com 400 homens e antes de vê-los mortos, 
preferiu se entregar. Calabar foi morto e 
esquartejado para que servisse de exemplo aos 
desertores. Seus restos mortais foram encontrados 
dias depois pelos holandeses que o enterraram 
com todas as honras de um capitão. 
 
 
4 
Palmares estavam, provavelmente, mulheres 
acusadas de feitiçaria e outros indivíduos procurados 
pelas autoridades da época. 
A população de Palmares cresceu muito em 
decorrência das invasões holandesas no Nordeste 
(1624-1654). Com as invasões, os engenhos 
desorganizaram-se e houve uma diminuição da 
vigilância, o que facilitou as fugas. Além disso, as 
autoridades portuguesas no Brasil ofereceram 
alforria (libertação) aos escravos que guerreassem 
contra os holandeses. Assim,muitos escravos 
recrutados aproveitaram para desertar (abandonar o 
exército) e refugiaram-se em Palmares, enquanto 
outros, como Henrique Dias destacaram-se na luta 
para expulsar os holandeses e chegaram até a 
participar de expedições de ataque aos quilombos. 
Vale lembrar que era comum encontrar capitães-
do-mato (encarregados de recapturar escravos 
fugidos) negros. Ou seja, nem sempre a cor da pele 
determinava de que lado a pessoa estava, pois, se 
havia brancos morando nos quilombos, também 
havia negros que lutavam contra os quilombolas. As 
relações com os índios também variavam: conforme 
a situação, os quilombolas tanto podiam ser aliados 
quanto adversários das comunidades indígenas que 
habitavam a região. 
Várias expedições foram organizadas pelos 
senhores de engenho para capturar negros em 
Palmares. Geralmente, um senhor de engenho tinha 
o interesse em recapturar um escravo fugido porque 
o preço de um escravo novo era muito alto. Portanto, 
do ponto de vista do senhor de engenho, quando um 
escravo fugia, significava um prejuízo, um 
investimento perdido. 
Por volta de 1678, o governador da Capitania de 
Pernambuco cansado do longo conflito com o 
Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de 
Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. 
Foi oferecida a liberdade para todos os escravos 
fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade 
da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita, mas 
Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou 
a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar 
a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi 
tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares. 
O nome Zumbi provavelmente originou-se de 
Nzumbi, o título que os bantos, um povo africano, 
davam a um líder militar e religioso. Por volta de 
1690, as autoridades contrataram o paulista 
Domingos Jorge Velho, bandeirante conhecido por 
caçar índios (enquanto no Nordeste a maioria dos 
escravos era de origem africana, em São Paulo, a 
maioria dos escravos era de origem indígena), para 
liderar a invasão e destruição definitivas de 
Palmares. 
 
 
Domingos Jorge Velho (à frente) em óleo do pintor 
paulista Benedito Calixto 
 
Em troca, o bandeirante exigiu cem mil em 
dinheiro mais um quinto do valor dos quilombolas 
capturados, 500 mil réis em panos em roupas e o 
perdão tanto dos crimes que havia cometido quanto 
dos que viesse a cometer. Não bastasse tudo isso, 
as autoridades deram ao bandeirante o poder de 
prender qualquer pessoa suspeita de colaborar com 
os quilombolas. 
No primeiro ataque, em 1692, o exército de 
Domingos Jorge Velho foi derrotado. Percebendo 
que não seria fácil derrotar os quilombolas, o 
bandeirante exigiu que as autoridades enviassem 
mais armas e munições. Milhares de homens foram 
recrutados em todas as capitanias do Nordeste para 
fazer parte do exército que atacaria Palmares. 
Assim, em 6 de fevereiro de 1694, o principal dos 
quilombos de Palmares foi atacado pelo exército 
comandado por Domingos Jorge Velho. Os 
quilombolas resistiram, mas acabaram derrotados. 
Zumbi, apesar de ferido, conseguiu fugir e resistiu 
por vários meses, organizando ataques contra os 
senhores de engenho. 
No entanto, Antônio Soares, um homem da 
confiança de Zumbi foi capturado e após ser 
torturado revelou o esconderijo de seu líder. Após a 
descoberta do esconderijo, Zumbi sofreu uma 
emboscada e morreu no dia 20 de novembro de 
1695. As circunstâncias de sua morte ainda são 
objeto de debate: para uns, foi suicídio, para outros, 
foi assassinato. 
De qualquer modo, a cabeça de Zumbi foi cortada 
e levada para o Recife, onde foi colocada sob um 
poste. Era uma forma de as autoridades 
desencorajarem novas tentativas de fuga e de 
acabar com os boatos de que Zumbi era "imortal". 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INDUSTRIALIZAÇÃO 
 
 
AGROINDÚSTRIA SUCRO ALCOLEIRA 
 
A introdução de novas técnicas no 
processamento da cana-de-açúcar, com o 
surgimento dos engenhos movidos à água 
diminuíram, em certo sentido, a dependência da 
mão-de-obra escrava. No entanto, os tratos com a 
cultura e o transporte continuavam a cargo do braço 
negro. 
Segundo Diegues Júnior (2002, p. 105), os 
engenhos que utilizavam tração animal, ou engenhos 
de bestas, ou “molinotes”, reclamavam mais 
escravos que os de água. 
A atividade canavieira começa a ser reestruturada 
no início do século XIX. A conjuntura existente 
concorreu para o declínio dos engenhos. Vários 
foram os fatores, podendo destacar a abolição da 
escravatura e os impostos que os senhores de 
engenho viam-se obrigados a pagar. 
O fim do tráfico negreiro e a abolição da 
escravatura forçaram a reestruturação do setor 
canavieiro. Segundo Andrade (1997, p. 27-28) “O 
preço do escravo elevou-se consideravelmente nos 
meados do século XIX, com a abolição do tráfico da 
África para o Brasil e com o crescimento da 
demanda por parte dos cafeicultores paulistas”. A 
aprovação da Lei do Ventre Livre, em 1871, “[...] veio 
demonstrar que a escravidão tendia a desaparecer, 
fortalecendo o sistema do lavrador e do morador [...]” 
(ANDRADE, 1997, p. 27-28). Apesar da mão-de-obra 
escrava já não ser expressiva nos engenhos, a 
economia agrícola do açúcar não estava preparada 
para receber o trabalho livre. 
O estímulo à produção de açúcar para exportação 
devido à alta do preço no mercado internacional 
forçou os engenhos à modernização. O preço foi 
estimulado pela Primeira Grande Guerra Mundial, 
quando entrou em crise a indústria europeia de 
açúcar de beterraba. “Concluído o conflito, abriu-se 
um grande mercado para o açúcar brasileiro, e os 
preços se elevaram, estimulando proprietários de 
engenhos a montar meio aparelhos e usineiros a 
ampliar a capacidade de produção de suas usinas” 
(ANDRADE, 1997, p. 55). 
A baixa competitividade dos engenhos, incapazes 
de modernizarem-se, fez com que muitos banguês 
fossem absorvidos por usinas de maior expressão. 
Outros que tentaram persistir na atividade 
modernizando-se acabavam tendo destino 
semelhante. 
O ato de montar uma pequena usina quase 
sempre arruinava o senhor de engenho, que 
aplicava, nas máquinas, na construção da chaminé e 
de outras obras necessárias, o capital de que 
dispunha, fazendo empréstimos que as primeiras 
safras, de uns poucos milhares de sacos de açúcar, 
não eram suficientes para pagar. E a solução era a 
venda da usina a pessoas que dispunham de capital 
Pecuária 
 
Presente em todos os municípios 
alagoanos, ocupando mais de um milhão de 
hectares de área agrícola (três vezes a área 
da cana-de-açúcar) com seus pastos naturais 
ou plantados, a pecuária é o segundo 
elemento da agricultura maior de Alagoas. Foi 
a atividade agrícola que, depois da cana, mais 
influenciou o espaço econômico do Estado. 
Trazido pelos portugueses no início da 
colonização, o gado europeu adaptou-se na 
Zona da Mata onde era uma atividade 
subsidiária nos engenhos de açúcar para, 
depois, expandir-se para o Agreste e Sertão. 
No primeiro instante, sem as cercas que os 
separassem, o gado convivia estreitamente 
com o engenho, fornecendo alimento, tração 
animal para a moenda e para transportes a 
pequenas distâncias. Curral e lavoura eram do 
mesmo proprietário. No segundo momento, o 
crescimento da lavoura e a ampliação dos 
rebanhos tornaram incompatíveis as duas 
atividades e o gado desloca-se para as áreas 
próximas do interior, fornecendo também o 
couro como matéria-prima para os utensílios 
dos engenhos. No terceiro instante, a pecuária 
rompe com a proximidade da zona açucareira 
e ganha o Sertão. A ultra-especialização na 
área do açúcar e a necessidade de grandes 
pastagenssepararam as duas atividades que 
passaram a se encontrar nas feiras e 
mercados. 
A expansão da pecuária foi rápida e, já no 
começo do século XVII, encontramos registros 
da existência de excelentes pastagens e 
grande quantidade gado na região dos 
Campos de Arrozal de Inhauns (São Miguel 
dos Campos e Anadia) e em Porto Calvo, 
considerados num relatório holandês como "os 
mais belos pastos de todo o Brasil". No século 
seguinte, a pecuária conquista a região 
sertaneja através do Rio São Francisco. 
Os Ciclos Históricos de uma Economia 
Dependente 
Autor: Cícero Péricles de Carvalho 
 
 
 
6 
e tinham condições de fazê-la crescer, ou a usinas 
vizinhas que a absorviam, passando a haver usinas 
de “fogo morto”, ao lado dos engenhos que 
encerravam as suas atividades industriais. 
(ANDRADE, 1997, p. 55-56). 
Contudo, apesar dos reveses do setor, entre os 
anos de 1920 a 1950, foram construídas várias 
usinas em Alagoas. 
Em 1891, surge a primeira usina de Alagoas: a 
Brasileiro, em Atalaia, fundada pelo Barão de 
Vandesmant, um francês, que apaixonou-se por 
Alagoas e aqui implantou uma moderna tecnologia, 
com a usina dispondo de toda a infraestrutura 
tecnológica importada da Europa. E, deu um novo 
perfil a atividade: os trabalhadores passaram a ser 
operários, com moradia bem estruturada, assistência 
médica, extensiva aos familiares: legislação 
trabalhista avançada e aposentadoria. A usina 
funcionou até 1958. 
Na mesma década de 1890, surge a segunda 
usina: Leão, no antigo Engenho Utinga, em Rio 
Largo. A família Amorim Leão, também avança no 
tempo, implementando um novo estilo de produção, 
com base no incentivo ao trabalhador. Venceu. Ainda 
hoje a usina é comandada pela família, já na quinta 
geração e misturada a família francesa Dubeaux. 
A terceira usina fundada em Alagoas, foi em São 
José da Laje: Serra Grande, aproveitada de um 
antigo engenho banguê. O coronel Carlos Benigno 
Pereira de Lyra, foi outro pioneiro na industrialização 
alagoana. Pernambucano, fixou-se com a família 
naquela região e fez História. Dava total assistência 
aos seus empregados, produzia um açúcar de 
excelente qualidade, e já com a usina em poder de 
seu filho, Salvador Lyra, na década de 1930, lançou-
se no mercado, o álcool como combustível, com a 
marca Usga (iniciais da usina). Foram instaladas 
bombas em São José da Laje, Maceió e Recife. Um 
sucesso, que incomodou as multinacionais. Com o 
poder de pressão, esses estrangeiros exigiram do 
então presidente Getúlio Vargas que acabasse com 
esse projeto da usina alagoana. Foram atendidos. E 
o álcool deixou de ser combustível, para só retornar 
na década de 1970, com a criação do Proálcool 
(Programa Nacional do Álcool), pelo então 
presidente Ernesto Geisel. 
A partir do início dos anos 1980 deu-se o 
processo de modernização da atividade agrícola que 
melhorou a qualidade da matéria-prima e possibilitou 
o aumento de produtividade do setor sucro-alcooleiro 
(LIMA, 1998, p. 25-26). Dentre os programas 
implantados destaca-se o PROÁLCOOL como maior 
responsável pela expansão do setor. Este foi criado 
como alternativa energética para minimizar o impacto 
da crise do petróleo, através do estímulo à produção 
do álcool anidro com fins carburantes. Diante disso, 
houve o incentivo à expansão das destilarias 
demandando o aumento da área plantada de cana-
de-açúcar e, a consequente redução da cobertura 
vegetal original. 
Ao propiciar a maior expansão da produção de 
cana-de-açúcar e o maior desenvolvimento 
tecnológico do setor sucro-alcooleiro, o 
PROÁLCOOL também possibilitou o mais 
intensificado processo de concentração fundiária dos 
últimos anos (LIMA, 1998, p. 37). 
 
INDÚSTRIA TÊXTIL 
 
O algodão é uma planta nativa das Américas, 
conhecida pelos indígenas que já trabalhavam suas 
fibras. De uma importância irrisória durante mais de 
dois séculos e meio, o algodão passou a cultura 
comercial com a revolução industrial inglesa, no 
século XVIII. Plantado inicialmente na Zona da 
Mata, o algodão se espalhou pelo Agreste 
alcançando o Sertão alagoano. Cultura fácil, de ciclo 
vegetativo curto, o algodão podia ser associado ao 
plantio do feijão e do milho, atividades agrícolas de 
subsistência e ao mesmo tempo comerciais, o que a 
fazia uma cultura acessível aos pequenos 
produtores, democrática, capaz de enfrentar a cana-
de-açúcar na disputa por terras e força de trabalho. 
O algodão permitiu assim o povoamento de 
vastas áreas do interior com suas plantações que 
ajudavam as fazendas de gado a se fixarem nas 
zonas sertanejas. Em Alagoas, no período colonial, o 
algodão servia na fabricação de panos grosseiros e 
baratos para a vestimenta dos escravos e das 
classes mais pobres da população. O período áureo 
do algodão ocorreu na segunda metade do século 
passado, quando o algodão se transformou numa 
cultura comercial e passou a concorrer com o açúcar 
tanto em quantidade produzida como no volume das 
exportações regionais. Estas atividades eram 
realizadas por comerciantes ingleses instalados em 
Maceió, principalmente em Jaraguá, com escritórios 
especializados na exportação de mercadorias 
brasileiras e importação de produtos industriais 
europeus. Esta produção permitiu o primeiro surto de 
industrialização em Alagoas. 
Em 1857, o Barão de Jaraguá lidera um grupo de 
acionistas que inaugura, seis anos depois, a primeira 
fábrica de fiação e tecidos do Estado, a "União 
Mercantil", no distrito de Fernão Velho. Tal como a 
cultura do algodão, a indústria têxtil se espalha por 
todo o Estado: em 1890 inaugura uma fábrica em Rio 
Largo (Cia. Alagoana de Fiação); em 1892 a do Pilar 
(Cia Pilarense); em 1895 a de Penedo (Industrial 
Penedense); em 1895 outra em Rio Largo 
(Progresso); em 1913 a de São Miguel dos Campos; 
em 1913 a Fábrica Alexandria (Bebedouro, Maceió); 
em 1914 a Fábrica da Pedra, em Água Branca; 
seguidas da Norte de Alagoas (Saúde, Maceió), Vera 
Cruz (São Miguel dos Campos) e o Cotonifício 
Gonçalves (Piaçabuçu). A produção algodoeira 
apoiava a existência, no Estado, em 1902, de cinco 
fábricas de tecidos, outras de óleos vegetais, 47 
máquinas para descaroçar o algodão e 32 
bolandeiras. 
 
 
7 
Duas décadas depois o número de 
descaroçadores era de 145, espalhados por 23 
municípios. Craveiro Costa nos relata que, em 1931, 
as dez fábricas de fiação e tecelagem utilizavam 
3.100 teares e empregavam 6.000 operários. A 
exportação de vários tecidos compensava a saída 
que se fazia de algodão em pluma. No entanto, a 
partir de 1930 há uma constante superprodução 
mundial, tendo os EUA como primeiro 
produtor/exportador mundial, acompanhado por 
outros países asiáticos ou africanos. O algodão 
alagoano, sem muita competitividade, foi perdendo 
espaço, desaparecendo da pauta de exportação e, 
mais importante, teve sua produção deslocada do 
mercado local pelo algodão de outros Estados. 
 
 
DELMIRO GOUVEIA 
 
Delmiro Augusto da Cruz Gouveia nasceu no 
município de Ipu, no interior do Ceará, em 5 de junho 
de 1863, 
O primeiro emprego do garoto desamparado foi 
justamente no que havia de mais moderno no Brasil 
da época, a machine pump (que os pernambucanos 
pronunciavam machambomba e assim ficou), o trem 
administrado pelos ingleses da Brazilian Street 
Railway Company, o primeiro serviço do gênero na 
América Latina. Delmiro, semianalfabeto, vendia 
bilhetes naquele veículo da modernidade. Três anos 
depois, virou burocrata da alfândega do porto do 
Recife, um dosmais movimentados do mundo no 
final do século 19. 
Ao testemunhar o vaivém das riquezas das 
exportações e importações daqueles armazéns de 
um Pernambuco ainda próspero, o menino resolveu 
arriscar-se em novos negócios. “Recusava-se a ser 
um animal de cargas, enquanto a riqueza ia para o 
patrão pomposo”, afirma José Airton. 
 
 
Delmiro Gouveia 
 
Assim, entrou para o ramo que lhe daria fortuna e 
fama como o “rei dos sertões”: o negócio de compra 
e venda de peles, couros de bode, cabra, carneiro, 
produtos em alta nos Estados Unidos e Europa. O 
algodão in natura completava seu portfólio de 
exportações. Ele saía sertões afora para comprar os 
produtos que eram revendidos fora do Brasil por 
estrangeiros estabelecidos no Recife. 
Sertanejo de espírito cosmopolita, o empresário 
trouxe da Exposição Universal de Chicago, realizada 
em 1899, o projeto de construção de um mercado 
onde se pudesse encontrar todo tipo de mercadoria e 
que funcionasse até tarde da noite, pelo menos até 
as 22h, o que era impensável no Brasil da época. 
Naquele mesmo ano abriu as portas do Mercado do 
Derby, um conjunto de 264 lojinhas, que pode ser 
considerado o primeiro shopping center do Brasil. 
Os preços bem abaixo do comércio tradicional 
chegaram a irritar os concorrentes de Delmiro, que, 
àquela altura, também despertava ódio nas elites 
pernambucanas, que não admitiam sua ascensão 
tão rápida e seu poderio. Além de forte no comércio, 
o empresário havia fincado um pé também na 
indústria açucareira, feudo da “casa-grande”, dos 
aristocratas. Era muito para um “emergente” em 
cujas veias não corria o sangue da burguesia do 
estado. 
Em 1900, na madrugada do dia 2 de janeiro, 
sofreu a primeira grande reação. O seu “shopping” 
foi incendiado por tropas enviadas pelo oligarca 
Francisco de Assis Rosa e Silva, que administrou 
Pernambuco de 1896 a 1911 e que, durante o 
governo Campos Sales (1898-1902), acumulou 
também o cargo de vice-presidente do Brasil. 
O incêndio, as dívidas com os investimentos – 
tanto no shopping quanto em uma usina de açúcar – 
e a recessão econômica imposta pela gestão 
Campos Sales praticamente puseram abaixo o 
império do self-made man do sertão. 
Falido e desmoralizado, embrenhou-se no sertão 
de Alagoas. Com a ajuda de oligarcas alagoanos, 
recomeça no mesmo ramo: a compra de couro de 
bode para exportação. Na fazenda Pedra, no então 
município de Água Branca, a 300 quilômetros de 
Maceió, abriu um armazém. 
Predestinado a fazer fortuna, Delmiro via no lugar 
o ponto mais estratégico, no meio do sertão, próximo 
aos estados da Bahia e Pernambuco, para refazer a 
vida. 
Nos primeiros dois anos já mostrava sinais de 
riqueza outra vez. Com as exportações de couro 
prosperando cada vez mais, em 1910, Delmiro, que 
já tinha levado para o sertão todas as novidades, 
como o gelo e o automóvel, pensa grande: quer 
instalar a primeira hidrelétrica ali perto de Pedra, nas 
cachoeiras do rio São Francisco. Três anos depois, 
inaugura Angiquinhos, a usina que passa a gerar 
energia elétrica para a região, com maquinário inglês 
e técnicos americanos. 
 
 
8 
 
Cachoeiras de Angiquinho, foto acervo Fundaj 
 
Em 1914, inaugurou a primeira fábrica de linhas 
de costura e fios para malharia da América Latina. 
Em pleno sertão, a empresa chegou a empregar 1 
700 pessoas, sendo 700 mulheres, o que era um 
avanço nos costumes da época – reaberta em 1992, 
a firma possui apenas 600 postos de trabalho. Lá, 
Delmiro montou uma das primeiras creches para 
funcionários de que se tem notícia no Brasil, além do 
regime de trabalho de oito horas. 
Em pouco tempo, a marca Estrela dos produtos 
de Delmiro dominava o mercado latino-americano, 
ajudada pela Primeira Guerra Mundial, que impedia o 
deslocamento de produtos europeus para a região. O 
avanço da fábrica de Alagoas irritava os ingleses da 
companhia Machine Cottons, que tentaram comprar 
a empresa a todo custo, sem sucesso, enquanto o 
empreendedor era vivo. O embate comercial era 
duríssimo. Os estrangeiros não admitiam a perda de 
espaço, o que fez do cearense um símbolo do 
nacionalismo brasileiro. 
Mas o homem que levou a revolução industrial 
para o sertão estava com os dias contados. Às 21h 
do dia 10 de outubro de 1917, lia as notícias da 
guerra nos jornais, sob a lâmpada elétrica do 
alpendre da sua casa, quando foi alvejado por três 
tiros de rifle de pistoleiros. Não se sabe ao certo até 
hoje quem encomendou o crime. Os oligarcas 
incomodados com o poderio de Delmiro? Os 
concorrentes comerciais? “E o que se vê, em 1917, 
naquele tenebroso 10 de outubro, é nada menos que 
a morte do futuro pelas piores energias do passado”, 
diz o historiador Frederico Pernambucano de Mello, 
do Recife, um dos grandes estudiosos do assunto no 
país. 
A ironia é que graças à luz elétrica, plantada ali 
por Delmiro, foi possível a emboscada noturna, o que 
não ocorria até então. O “rei dos sertões” morreu 
iluminado pela sua própria “invenção”. 
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ALGUNS FATOS HISTÓRICOS IMPORTANTES 
 
 
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA 
 
O progresso do Sul da Capitania de Pernambuco 
conhecido como Alagoas, fez com que sua 
população fosse logo desejando a independência. 
Mas nada era fácil. No início da segunda década do 
século XVIII, foi criada a Comarca de Alagoas, sob a 
jurisdição da Capitania de Pernambuco, e nomeado 
o primeiro Ouvidor Geral: José da Cunha Soares. 
Por não existir cursos jurídicos no Brasil, esse 
cargo era destinado a quem fosse mais letrado, com 
espírito de liderança. Transformava-se em 
comandante da Justiça, da Política e da Economia. E 
no período de mais de um século, entre 1711 a 1817 
(ano da sua emancipação política), Alagoas teve 17 
ouvidores-gerais. 
Foi exatamente na segunda metade do século 
XVIII, que surge Maceió, de um engenho de açúcar 
denominado Massayó. A palavra é de origem 
indígena, significando terra alagadiça, que deu 
origem ao riacho com o mesmo nome. O engenho, 
de propriedade de Apolinário Fernandes Padilha, 
localizava-se na atual Praça Dom Pedro II, com o 
engenho propriamente dito, a casa de purgar, a 
senzala, a casa grande e a capelinha em louvor a 
São Gonçalo, que ficava no meio do morro do 
Jacutinga (Ladeira da Catedral). Durou poucos anos. 
Ficou em fogo morto e o povoando foi crescendo. 
Surgiram novos moradores, que logo foram 
construindo suas casas e formando um arruado. Em 
5 de dezembro de 1815, o povoado é elevado a 
categoria de Vila, desmembrando-se da Vila de 
Alagoas (atual Marechal Deodoro). 
Surgiram ainda as povoações de Anadia, Atalaia, 
Camaragibe, São Miguel dos Campos, Poxim e 
Porto de Pedras. A Comarca tinha como sede a vila 
de Alagoas, atual Marechal Deodoro, uma espécie 
de capital, já com suas Igrejas monumentais, ainda 
hoje preservadas. Penedo, Porto Calvo e Santa 
Luzia do Norte, eram as outras vilas, que 
continuavam crescendo e atraindo novos moradores. 
Ainda no século XIX existiam em Alagoas as vilas 
de Água Branca, Mata Grande, Pão de Açúcar, 
Traipu, Piranhas, Palmeira dos Índios, São Miguel 
dos Campos, Quebrangulo, Assembleia (Viçosa), 
Imperatriz (União dos Palmares), São José da Laje, 
Murici, São Luiz do Quitunde, Coqueiro Seco e Pilar. 
A Comarca de Alagoas já esbanjava progresso, 
provocando ciumeira em meio as lideranças da 
Capitania de Pernambuco. Nas duas primeiras 
décadas do século XIX, já apresentava-se em 
condições de se tornar independente. Mas os 
donatários não aceitavam. Afinal, era daqui que eles 
abocanhavam uma boa parcela da arrecadação de 
impostos, além da grande produção de açúcar dos 
nossos engenhos.O Ouvidor Batalha, sempre sonhava em 
transformar Alagoas em Capitania e, ser o seu 
 
 
9 
primeiro governador. Aproveitou a Revolução 
Pernambucana, que tinha como objetivo libertar-se 
de Portugal e, iniciou seu plano. Os revolucionários 
já haviam conquistado o apoio da Paraíba e Rio 
Grande do Norte. Faltava Alagoas e Sergipe 
(Comarcas), além da Bahia e Ceará. 
Um emissário foi enviado do Recife a Salvador, 
para tentar conquistar esse tão sonhado apoio. 
Passando por Alagoas, propagava os ideais 
revolucionários e conquistava alguns adeptos. Mas o 
Ouvidor Batalha não se encontrava na sede da 
Comarca e sim na vila de Atalaia, já em campanha 
em prol da emancipação política de Alagoas. 
O emissário que trouxe a notícia para Alagoas e 
seguiu para Sergipe e Bahia, foi o Padre Roma. 
Aqui, encontrou um apoio de peso: o Comandante 
das Armas, Antônio José Vitoriano Borges da 
Fonseca, que atendendo ao pedido do Padre Roma, 
autorizou a destruição dos símbolos de Portugal e 
colocou em liberdade todos os presos. Passou por 
cima da autoridade maior da Comarca: o Ouvidor 
Batalha. Escreveu ao Conde D’Arcos, governador da 
Bahia, informando sobre os ideais da Revolução 
Pernambucana e seu apoio, pedindo o dele. Não 
conseguiu. Arrependeu-se de ter seguido os 
conselhos do Padre Roma. Era tarde demais. 
Em Atalaia, o Ouvidor Batalha, aproveitando os 
tumultos, escreve ao Conde D’Arcos comunicando-
lhe das medidas que resolveu tomar: desmembrou a 
Comarca de Alagoas da jurisdição da Capitania de 
Pernambuco, enquanto durasse a revolução, e 
autonomeou-se governador provisório. Contou com o 
apoio que precisava, e venceu a batalha. Dias 
depois, Alagoas separou-se definitivamente de 
Pernambuco. Mas ele não conseguiu o que tanto 
sonhava: ser seu primeiro governador. 
O decreto assinado por Dom João VI, em 16 de 
setembro de 1817, emancipando Alagoas de 
Pernambuco, transformando a Comarca em 
Capitania, estabeleceu como capital a vila de 
Alagoas (atual Marechal Deodoro) e nomeando 
como primeiro governador, o português Sebastião 
Francisco de Melo e Póvoas, que acabara de 
governar a Capitania do Rio Grande do Norte. 
Ao desembarcar no porto de Jaraguá, o 
governador encantou-se com a vila de Maceió. Foi 
recebido com muitas festas e, hospedou-se no 
sobrado de um português na esquina das ruas do 
Comércio e Livramento, onde hoje funciona a Ótica 
Flamengo. 
Sua posse aconteceu na matriz de Nossa 
Senhora da Conceição, na capital, numa solenidade 
com muita pompa, autoridades diversas e muitos 
discursos. Mas o governador não gostou muito do 
aspecto urbano da antiga vila, sempre priorizando 
Maceió. 
E essa opção pela vila ao invés da capital, fez 
com que várias autoridades protestassem. Os de 
Alagoas (Marechal Deodoro) não aceitavam sob 
hipótese alguma, a instalação de repartições 
públicas na vila de Maceió, enquanto o próprio 
governador e várias outras personalidades políticas, 
econômicas e culturais, preferiam mesmo que os 
principais órgãos públicos fossem instalados em 
Maceió, por ser mais desenvolvida que a capital, 
possuir um movimentado porto e toda a 
infraestrutura de uma capital. E assim foi feito. 
Melo e Póvoas instalou a Junta de Administração 
e Arrecadação da Real Fazenda, o Quartel Militar e 
a Alfândega. Ciumeira geral. 
Maceió crescia a olhos vistos. O governador, 
mandou que fosse elaborada uma planta urbana, 
para proporcionar um novo visual a vila. O traçado 
das ruas e das praças e os melhoramentos 
necessários. E assim surgiram as ruas do Comércio, 
do Sol, Livramento, Boa Vista, Moreira Lima, 
Augusta, Nova, Alegria e as praças Dom Pedro II e 
Martírios. O traçado continua o mesmo. Nunca houve 
alargamento, mudando apenas a arquitetura das 
casas. 
O governador afastou-se do cargo em fevereiro 
de 1822, retornando à Portugal. Criou-se uma junta 
governativa formada por Antônio José Ferreira, José 
de Souza Melo, Nicolau Paes Sarmento, Manoel 
Duarte e Antônio de Hollanda Cavalcante, que 
permaneceu até a independência do Brasil, quando a 
Capitania foi transformada em Província. 
 
 
MACEIÓ, CAPITAL 
 
Desde os tempos do primeiro governador, 
Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, Maceió já 
esbanjava progresso, provocando ciumeira entre os 
habitantes da velha Alagoas, a capital da Capitania e 
depois Província. O próprio governador, passava 
mais tempo na vida do que na capital. E, decidiu 
instalar as principais repartições públicas em Maceió. 
As mais importantes lideranças políticas daquela 
fase, eram: Tavares Bastos (na capital) e Cansanção 
de Sinimbu (em Maceió). Chegou-se a se formar 
uma verdadeira guerrilha, que ficou conhecida como 
Lisos e Cabeludos, provocando tumultos 
generalizados e mortes. Na briga pela disputa da 
capital entre Marechal Deodoro e Maceió, 
consagrou-se dois alagoanos: Cansanção de 
Sinimbu e Tavares Bastos. Surgiu daí a chamada 
Guerra dos Lisos e Cabeludos, respectivamente 
conservadores e liberais. Era uma espécie de 
partidos políticos. 
Os Lisos, comandados por Tavares Bastos, 
denunciavam que Cansanção de Sinimbu queria 
dominar Alagoas, formando uma verdadeira 
oligarquia. O dia 4 de outubro de 1844, foi “um dia de 
cão” em Maceió. Os Lisos invadiram Maceió e 
comandaram um tiroteio no Centro, que durou duas 
horas. 
No governo de Agostinho da Silva Neves, a 
situação agravou-se. Ele também permanecia mais 
em Maceió do que na capital da província. O ano de 
1839 foi o pior de todo o período dessa 
administração. O presidente, chegou a ser preso por 
 
 
10 
ordem do major Mendes da Fonseca, na capital. 
Solto, encaminhou-se ao porto do Francês, com 
ordem para deixar Alagoas. Mas pediu ao condutor 
do navio que fizesse o caminho de volta, dirigindo-se 
ao porto de Jaraguá. Ao chegar, foi recebido com 
muita festa pela população, liderada por Sinimbu, já 
autonomeado presidente da Província, enquanto na 
capital, Tavares Bastos, considerava-se também, 
presidente. Mas o titular, resolveu a questão de uma 
vez por todas. No dia 9 de dezembro de 1839, assina 
o decreto transferindo a capital da velha Alagoas 
(Marechal Deodoro) para Maceió. O fim de um sonho 
que tornou-se realidade, por justiça mesmo. Afinal, a 
vila era muito mais importante do que a capital da 
Província. 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
"Alagoas: História". Nova Enciclopédia Barsa 
(volume 1). (1998). São Paulo: Encyclopaedia 
Britannica do Brasil Publicações Ltda. pp.176. 
 
História do Rio São Francisco. Rota Brasil Oeste 
(1 de novembro de 2001). Página visitada em 2 de 
outubro de 2010. 
 
Para uma história da indústria têxtil alagoana 
Por: GOLBERY LESSA 
 
Os Ciclos Históricos de uma Economia 
Dependente 
Autor: Cícero Péricles de Carvalho 
 
A EXPANSÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR NO 
ESPAÇO ALAGOANO E SUAS CONSEQUÊNCIAS 
SOBRE O MEIO AMBIENTE E A IDENTIDADE 
CULTURAL 
André Luiz da Silva Santos 
Eugênia Cristina Gonçalves Pereira 
Laise de Holanda Cavalcanti Andrade 
 
OS CAMINHOS DO AÇÚCAR EM ALAGOAS - do 
banguê à usina, do escravo ao bóia-fria 
Douglas Apratto Tenório 
 
ará e Maranhão, a Coroa Portuguesa havia proibido 
a escravidão negra. 
d) quase inexistência de quilombos no Sul do Brasil 
se relaciona à pequena porcentagem de negros 
na região, o que também permitiu que lá não 
ocorressem questões ligadas à segregação racial. 
e) população dos quilombos também era formada 
por indígenas ameaçados pelos europeus, 
brancos pobres e outros aventureirose 
desertores, embora predominassem africanos e 
seus descendentes.

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