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ESTUDO DIRIGIDO - TEORIA - HERMENEUTICA - 2013-1

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--1-- 
HERMENÊUTICA 
HERMENÊUTICA JURÍDICA 
Conceito 
Podemos dizer que a hermenêutica jurídica relaciona-se com a ciência da 
interpretação da linguagem jurídica, a qual tem por objetivos sistematizar princípios 
e regras. Por sua vez a interpretação é um processo de definição do sentido e 
alcance das normas jurídicas. A interpretação ocorre com a subsunção do fato à 
norma de forma harmoniosa. 
Interpretar é dar o verdadeiro significado da norma, é buscar o seu sentido e 
alcance. 
De acordo com o artigo 5º da LICC “Na aplicação da lei o juiz atenderá aos fins 
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. 
Toda norma necessita ser interpretada, mesmo que seu seja claro, não se 
aplicando, portanto, o princípio in CLARIS CESSAT INTERPRETATIO, ou seja, quando a 
norma for clara prescinde-se de interpretação. Não se trata aqui de mera análise 
literal-gramatical. 
A interpretação se ocupa de: 
a) conferir a aplicabilidade da norma jurídica às relações sociais. 
b) estender o sentido da norma às relações novas. 
c) dar o alcance do preceito normativo para que corresponda às necessidades 
sociais. 
d) garantir intersubjetividade, uma vez que o intérprete e o legislador dão sentido a 
um significado objetivamente válido. 
A função do intérprete está em determinar o sentido exato e a extensão da forma 
normativa. 
Espécies de Interpretação 
 – a) quanto ao agente; b) quanto à natureza; c) quanto aos efeitos. 
No que toca ao agente que interpreta a lei temos as seguintes 
formas de interpretação: 
a) Agente 
→ Pública : a) autêntica; b) judicial; c) administrativa; d) Casuística 
→ Privada: a) Jurisperito. 
--2-- 
No que toca à natureza temos as seguintes formas de 
interpretação: 
b) Natureza 
→ a) gramatical; 
→ b) lógica 
→c) histórica 
→d) sistemática 
No que toca aos efeitos temos as seguintes formas de 
interpretação: 
c) Efeitos 
→ a) extensão: extensiva, declarativa e restritiva. 
→ b) interpretação modificativa 
→ c) interpretação ab-rogante 
INTERPRETAÇÃO PÚBLICA AUTÊNTICA 
Podemos dizer que a interpretação pública autêntica diz respeito a uma 
interpretação legislativa ou legal, ou seja, é aquela interpretação em que a própria lei 
tem o condão de revelar o significado de outra norma jurídica. este tipo de 
interpretação provém do próprio legislador, onde a norma interpretadora tem a 
mesma legitimação e o mesmo poder de incidência da norma interpretada. 
Por ter força obrigatória este tipo de interpretação garante uma maior exatidão e 
incidência já que satisfaz a exigência formal da certeza do direito e garante uma 
uniformidade no tratamento jurídico das espécies de fato idênticas. 
Pode ocorrer que até a entrada em vigência da nova lei interpretadora, a lei a ser 
interpretada gere efeitos discrepantes à orientação ainda não vigente. 
Interpretação Pública Judicial 
Podemos dizer que a interpretação pública judicial é aquela realizada pelos próprios 
órgãos do Poder Judiciário, ou seja, pleos magistrados e Tribunais. De acordo com o 
artigo 92 da CF/88, São órgãos do Poder Judiciário: 
I - o Supremo Tribunal Federal. 
I A - o Conselho Nacional de Justiça. 
II - o Superior Tribunal de Justiça. 
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais. 
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho. 
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais. 
VI - os Tribunais e Juízes Militares. 
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 
--3-- 
O resultado deste tipo de interpretação são as orientações jurisprudenciais, que 
direcionam a interpretação da lei. Qualquer julgado, mesmo que não reiterado, 
constitui uma forma de interpretação judicial, já que a autoridade judicial interpretou 
a fonte do direito (lei) de uma determinada maneira. 
Em sendo assim, surgem algumas questões: 
a) a obscuridade, indecisão ou silêncio da lei não eximem a autoridade judiciária de 
decidir. 
b) de acordo com o artigo 5 da CF/88, inciso XXXV " a lei não excluirá da apreciação 
do Poder Judiciário lesão ou ameaça ao direito. 
c) via de regra a interpretação judicial vincula as partes da lide, salvo ações coletivas 
e súmulas vinculantes. 
d) este tipo de interpretação pode seguir outro caminho que não o científico e/ou 
doutrinário. 
Interpretação Pública Administrativa 
Podemos dizer que a interpretação pública administrativa é aquela realizada pelos 
membros do Poder Executivo, ou ainda, pelos membros da Administração Pública. 
Como sabemos, o Poder Executivo desempenha funções típicas e atípicas, tendo 
como funções típicas a prática de atos de chefia de Estado, chefia de Governo e 
atos de administração. 
A interpretação pública administrativa divide-se em duas categorias: 
a) regulamentar - a interpretação está a cargo do administrador que o faz através da 
edição de decretos, portarias etc. 
b) casuística - se dá pela resolução pelo administrador de determinada pendência 
administrativa ou determinado caso concreto. 
Interpretação Pública Casuística 
Podemos dizer que a interpretação pública casuística é aquela proveniente do direito 
consuetudinário, ou seja, a prática reiterada e constante de costumes tem o condão 
de estabelecer uma orientação interpretativa de uma determinada norma. 
INTERPRETAÇÃO PRIVADA (JUSPERITO) 
Podemos dizer que a interpretação privada (jusperito) é também conhecida como 
interpretação doutrinária ou doutrinal, estando ligada ao direito científico. Materializa-
se por meio de tratados, comentários, pareceres, preleções de todas as autoridades 
cultas do direito. Assim, a força de uma obra doutrinária não está vinculada à sua 
autoridade, mas sim ao seu científico, especulativo e lógico envolvido na 
interpretação do direito. 
É o que chamamos de COMMUNIS OPINIO DOCTORUM (opinião comum dos doutores). 
Este tipo de interpretação não tem a força obrigatória da interpretação pública 
autêntica, porém tem grande força na persuasão. 
 
--4-- 
INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL 
Podemos dizer que a interpretação gramatical ou técnica gramatical (literal, 
semântica ou filológica) é aquela que busca o sentido literal do texto normativo. O 
intérprete busca primeiramente verificar o sentido dos vocábulos e a sua 
correspondência com a realidade que eles indicam ou designam. 
São pressupostos da interpretação gramatical: 
a) as palavras não podem ser examinadas isoladamente, sob pena de se romper 
com o contexto em que as mesmas se encontram. devem ser vistas como partes 
integrantes de um mesmo texto. 
b) se a palavra analisada tiver um sentido comum distinto do sentido técnico, a que 
se priorizar o sentido técnico na medida em que o direito tem linguagem própria. 
c) se houver incompatibilidade entre o sentido puramente gramatical e o sentido 
lógico na interpretação, deve-se priorizar o sentido lógico e/ou contextual. 
d) tendo o legislador aplicado à palavra um sentido comum e não técnico, este deve 
ser aplicado para adaptá-lo à realidade social. 
e) o uso impróprio ou não preciso de palavras comuns ou técnicas deve conduzir o 
intérprete a reconstruir o preceito segundo a natureza da relação jurídica 
contemplada. 
f) este tipo de interpretação diz respeito apenas a um primeiro momento do processo 
de interpretação e integração da norma ao caso concreto. 
Segue jurisprudência selecionada sobre o assunto: 
"Impossibilidade, na espécie, de se dar interpretação conforme à 
Constituição, pois essa técnica só é utilizável quando a norma impugnada 
admite, dentre as várias interpretações possíveis, uma que a compatibilize 
com a Carta Magna, e não quando o sentido da norma é unívoco, como 
sucede no caso presente. Quando, pela redação do texto no qual se inclui a 
parte da norma que é atacada como inconstitucional, não é possível 
suprimir dele qualquer expressão para alcançar essa parte, impõe-se a 
utilização da técnica de concessão da liminarpara a suspensão da eficácia 
parcial do texto impugnado sem a redução de sua expressão literal, técnica 
essa que se inspira na razão de ser da declaração de inconstitucionalidade 
'sem redução do texto' em decorrência de este imprimir 'interpretação 
conforme à Constituição'." (ADI 1.344-MC, Rel. Min. Moreira Alves, 
julgamento em 18-12-95, DJ de 19-4-96). 
"Competência originária por prerrogativa de função: cancelamento da 
Súmula 394: inclusão, no seu alcance, do foro privilegiado dos Prefeitos: 
nulidade do acórdão que, posteriormente ao cancelamento da Súmula 394, 
julgou originariamente processo penal contra ex-Prefeito, sem prejuízo da 
validade dos atos anteriores. O Supremo Tribunal, em 25-8-99, no Inq 687, 
cancelou a Súmula 394, preservada, contudo, a validade de atos praticados 
e decisões proferidas com base na orientação nela anteriormente 
consagrada (DJ9-9-99). À aplicação ao caso de nova orientação do 
Tribunal, não importa que a Súm. 394 não incluísse entre as suas 
referências normativas o art. 29, X, da Constituição, mas - conforme o 
ordenamento vigente ao tempo de sua edição - os preceitos da Carta 
Magna de 1946 e de leis ordinárias que então continham regras de outorga 
de competência penal originária por prerrogativa de função: a Súm. 394 
jamais pretendeu interpretação literal das referidas normas de competência, 
que todas elas tinham por objeto o processamento e julgamento dos 
titulares dos cargos ou mandatos aludidos; a extensão ao ex-titular do foro 
pro prerrogativa da função já exercida, quando no exercício dela praticado o 
--5-- 
crime, sempre se justificou, na vigência mais que centenária da 
jurisprudência nela afirmada, à base de uma interpretação teleológica dos 
preceitos, correspondente (cf. voto vencido do relator, cópia anexa). Por 
isso, promulgada a Constituição de 1988 - que conferiu ao Tribunal de 
Justiça dos Estados a competência originária para julgar os Prefeitos (art. 
27, X, originariamente, 27, VIII) - nada mais foi necessário a que se 
estendesse a orientação da Súm. 394 aos ex-Prefeitos, desde que o objeto 
da imputação fosse crime praticado no curso do mandato. Se a Súmula 394, 
enquanto durou - e em razão da identidade dos fundamentos dos 
precedentes em que alicerçada - se aplicou à hipótese dos ex-Prefeitos, 
alcança-os igualmente o seu cancelamento, assim como a qualquer outro 
ex-titular de cargo ou mandato a que correspondesse o foto especial". (RE 
de 2-2-01). No mesmo sentido: HC 87.656, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 
julgamento em 14-3-06, DJ de 31-3-06. 
INTERPRETAÇÃO LÓGICA 
Podemos dizer que na interpretação lógica o que se pretende realizar é uma 
interpretação que busque o sentido e o alcance da norma dentro do seu contexto, 
com base em três procedimentos diferentes: 
a) Lógico-analítico. 
b) Lógico-sistemático. 
c) Lógico-jurídico. 
Lógico-analítico - 
Ligado à apreensão de conceitos, produzindo um juízo (afirmação ou negação), por 
meio de uma proposição. Com base nisso inicia-se um raciocínio no sentido da 
combinação de dois ou mais juízos, para dar origem a um silogismo. Busca-se a 
verdade das proposições, o seu real sentido dentro do contexto, com atribuição de 
um real significado à conjugação das proposições. 
Lógico-sistemático - 
Configura-se como um processo comparativo, ou seja, introduz no texto elementos 
que podemos considerar estranhos, confrontando-se desta forma um texto com 
outro texto da própria lei em que está em exame, ou várias leis entre si do mesmo 
ramo do ordenamento, a fim de se estabelecer um entendimento. 
Lógico-jurídico - 
Este tipo de procedimento para análise e interpretação é aquele que investiga a 
razão da norma, ou seja, a RATIO LEGIS, levando-se em consideração seu contexto, 
tal como: o momento histórico em que foi criada, bem como a idéia de virtude 
normativa da norma (efetividade da norma). 
--6-- 
INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA 
A interpretação que faz uso da técnica histórica tem por fim esclarecer e interpretar a 
norma mediante uma verdadeira reconstrução do seu significativo de origem no 
momento em que a foi criada. Podemos dizer que é uma continuação dos processos 
de interpretação gramatical e lógica com possibilidade de dar um conhecimento mais 
contundente da ciência jurídica. 
A interpretação histórica divide-se em: 
a) Próxima; 
b) Remota. 
Histórica próxima - 
Faz menção ao momento em que a norma foi elaborada, as circunstâncias que 
precederam a elaboração da lei. Ex: Anteprojetos de lei etc. 
Histórica remota - 
Pauta-se pela reconstrução do significado original da norma, ou seja, o momento em 
que o instituto surgiu no direito, analisando dados filosóficos, éticos, religiosos, 
sociológicos etc. 
Abaixo jurisprudência selecionada sobre o tema: 
"O direito constitucional positivo brasileiro, ao longo de sua evolução 
histórica, jamais autorizou - como a nova Constituição promulgada em 1988 
também não o admite - o sistema de controle jurisdicional preventivo de 
constitucionalidade, em abstrato. Inexiste, desse modo, em nosso em nosso 
sistema jurídico, a possibilidade de fiscalização abstrata preventiva da 
legitimidade constitucional de meras proposições normativas pelo Supremo 
Tribunal Federal." (ADI 466, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 3-4-
91, DJ de 10-5-91). 
"No estado de direito democrático devem ser intransigentemente 
respeitados os princípios que garantem a prevalência dos direitos humanos. 
(...) A ausência de prescrição nos crimes de racismo justifica-se como alerta 
grave para as gerações de hoje e de amanhã, para que se impeça a 
reinstauração de velhos e ultrapassados conceitos que a ciência jurídica e 
histórica não mais admitem." (HC 82.424, Rel. p/ p ac. Min. Maurício Correa, 
julgamento em 17-9-03, DJ de 19-3-04). 
"A comunidade internacional , em 28 de julho de 1951, imbuída do propósito 
de consolidar e de valorizar o processo de afirmação histórica dos direitos 
fundamentais da pessoa humana, celebrou, no âmbito do Direito das 
Gentes, um pacto de alta significação ético-jurídica, destinado a conferir 
proteção real e efetiva àqueles, que, arbitrariamente perseguidos por razões 
de gênero, de orientação sexual e de ordem étnica, cultural, confessional ou 
ideológica, buscam, no Estado de refúgio, acesso ao amparo que lhes é 
negado, de modo abusivo e excludente, em seu Estado de origem. na 
verdade, a celebração da Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados - 
a que o Brasil aderiu em 1952 - resultou da necessidade de reafirmar o 
princípio de que todas as pessoas, sem qualquer distinção, devem gozar 
dos direitos básicos reconhecidos na Carta das Nações Unidas e 
proclamados na Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana. 
--7-- 
Esse estatuto internacional representou um notável esforço dos Povos e das 
Nações na busca solidária de soluções consensuais destinadas a superar 
antagonismos históricos e a neutralizar realidades opressivas que nagavam, 
muitas vezes, ao refugiado - vítima de preconceitos, da discriminação, do 
arbítrio e da intolerância - o acesso a uma prerrogativa básica, consistente 
no reconhecimento, em seu favor, do direito a ter direitos." (Ext 783-QO-QO, 
Rel. p/ o ac. Min. Ellen Gracie, voto do Min. Celso de Mello, julgamento em 
28-11-01, DJ de 14-11-03). 
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA 
Podemos dizer que o nosso ordenamento jurídico é composto por um complexo de 
normas e diplomas legais que convivem harmonicamente. Há a supremacia das 
normas constitucionais em relação às demais normas (infraconstitucionais). Assim, a 
interpretação sistemática é aquela que procura examinar a norma, não mais no seu 
aspecto intrínseco, ou seja, interno, mas sim, a sua relação com as demais normas 
do ordenamento jurídico que compõe um sistema de normas positivas. 
Exemplos: 
Medida Provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraídapela 
doutrina consensual - da interpretação sistemática da Constituição - , não 
compreende a de normas penais benéficas, assim, as que abolem crimes 
ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os 
casos de isenção de pena ou de extinção de punibilidade. (RE 254.818, Rel. 
Min. Sepúlveda Pertence, j. 8-11-00, Dj de 19-12-02). (g.n) 
Configura constrangimento ilegal a continuidade da persecução penal militar 
por fato já julgado pelo Juizado Especial de Pequenas Causas, com decisão 
penal definitiva. A decisão que declarou extinta a punibilidade em favor do 
Paciente, ainda que prolatada com suposto vício de incompetência de juízo, 
é susceptível de trânsito em julgado e produz efeitos. A adoção do princípio 
do ne bis in idem pelo ordenamento jurídico penal complementa os direitos 
e as garantias individuais previstos pela Constituição da República, cuja 
interpretação sistemática leva à conclusão de que o direito à liberdade, com 
apoio em coisa julgada material, prevalece sobre o dever estatal de acusar. 
Precedentes. (HC 86.606, Rel. Min. Carmen Lúcia, j. 22-5-07, Dj de 3-8-07). 
(g.n). 
INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA 
Devido à importância, cabe-nos destinar um módulo à interpretação teleológica e à 
interpretação sociológica, quanto aos meios (natureza) de interpretação. 
A interpretação teleológica, também conhecida como finalística é auela interpretação 
que busca alcançar a finalidade para a qual a norma foi criada. Portanto, busca-se 
com a interpretação uma destinação que atenda à obtenção do bem comum, 
respeitando-se os valores sociais a que se destina a norma. 
--8-- 
O intérprete deverá ficar atento ao texto constitucional, no qual estão indicadas as 
finalidades precípuas do Estado Democrático de Direito, da ordem jurídica, social e 
política. 
Exemplos: 
"Procuradoria-Geral da República - Audição. O preceito inserto no § 1o do 
artigo 103 da Constituição Federal há de merecer interpretação teleológica. 
Visa ao conhecimento da matéria pelo Ministério Público, não implicando, 
necessariamente, seja-lhe enviado automaticamente todo e qualquer 
processo. O pronunciamento do Órgão pode ocorrer na assentada em que 
apreciado o recurso. Precedente: recurso extraordinário n. 177.137-2/RS, 
relatado pelo Ministro Carlos Velloso perante o Pleno, em 24 de maio de 
1995." (AI 158.725 - AgR-ED, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 18-
12-95, DJ de 8-3-96). 
"Registro de candidatura ao Cargo de Prefeito. Eleições de 2004. Art. 14, § 
7o da CF. Candidato separado de fato da filha do então prefeito. Sentença 
de divórcio proferida no curso do mandato do ex-sogro. Reconhecimento 
judicial da separação de fato antes do período vedado. Interpretação 
teleológica da regra de inelegibilidade. A regra estabelecida no art. 14, § 7o 
da CF, iluminada pelos mais basilares princípios republicanos, visa obstar o 
monopólio do poder político por grupos hegemônicos ligados por laços 
familiares. Precedente. Havendo a sentença reconhecido a ocorrência da 
separação de fato em momento anterior ao início do mandato do ex-sogro 
do recorrente, não há se falar em perenização no poder da mesma família 
(...)." (RE 446.999, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 28-6-05, DJ de 9-
9-05). 
INTERPRETAÇÃO SOCIOLÓGICA 
Podemos dizer que a interpretação sociológica é aquela interpretação na visão do 
homem moderno, ou seja, é aquela que decorre do aprimoramento das ciências 
sociais, de modo que a regra pode ser compreendida nos contextos de sua 
aplicação, quais sejam o das relações sociais, de modo que o intérprete terá um 
elemento necessário a mais para considerar quando da apreciação dos casos 
concretos à aplicação da norma jurídica. 
Exemplos: 
"Fundamento do núcleo do pensamento do nacional-socialismo de que os 
judeus e os arianos formam raças distintas. os primeiros seriam raça 
inferior, nafasta e infecta, características suficientes para justificar a 
segregação e o extermínio: inconciabilidade com os padrões éticos e morais 
definidos na Carta Política do Brasil e do mundo contemporâneo, sob os 
quais se ergue e se harmoniza o estado democrático. Estigmas que por si 
só evidenciam crime de racismo. Concepção atentatória dos princípios nos 
quais se erige e se organiza a sociedade humana, baseada na 
respeitabilidade e dignidade do ser humano e de sua pacífica convivência 
no meio social. Condutas e evocações aéticas e imorais que implicam 
repulsiva ação estatal por se revestirem de densa intolerabilidade, de sorte 
a afrontar o ordenamento infraconstitucional e constitucional do País." (HC 
--9-- 
82.424-QO, Rel. p/o ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 17-9-03, DJ 
de 19-3-04). 
"Lei n. 8.624/93, que dispõe sobre o plebiscito destinado a definir a forma e 
o sistema de governo - Regulamentação do art. 2o do ADCT/88, alterado 
pela EC 02/92 - Impugnação a diversos artigos (arts. 4o, 5o e 6o) da 
referida Lei n. 8.624/93 - Organização de frentes parlamentares, sob a 
forma de sociedade civil, destinadas a representar o parlamentarismo com 
Monarquia - Necessidade de registro dessas frentes parlamentares, perante 
a Mesa Diretora do Congresso Nacional, para efeito de acesso gratuito às 
emissoras de rádio e de televisão, para divulgação de suas mensagens 
doutrinárias ('direito de antena') - Alegação de que os preceitos legais 
impugnados teriam transgredido os postulados constitucionais do plurarismo 
político, da soberania popular, do sistema partidário, do direito de antena e 
da liberdade de associação - Suposta usurpação, pelo Congresso Nacional, 
da competência regulamentar outorgada ao Tribunal Superior Eleitoral - 
Considerações, feitas pelo relator originário (ministro Néri da Silveira), em 
torno de conceitos e de valores fundamentais, tais como a democracia, o 
direito de sufrágio, a participação política dos cidadãos, a essencialidade 
dos partidos políticos e a importância de seu papel no contexto do processo 
institucional, a relevância da comunicação de idéias e da propaganda 
doutrinária no contexto da sociedade democrática - Entendimento 
majoritário do Supremo Tribunal Federal no sentido da inocorrência das 
alegadas ofensas ao texto da Constituição da República". (ADI 839-MC, 
Rel. p/o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 17-2-93, DJ de 24-11-06). 
"O processo de reforma agrária, em uma sociedade estruturada em bases 
democráticas, não pode ser implementado pelo uso arbitrário da força e 
pela prática de atos ilícitos de violação possessória, ainda que se cuide de 
imóveis alegadamente improdutivos, notadamente porque a Constituição da 
República - ao amparar o proprietário com a cláusula de garantia do direito 
de propriedade (CF, art. 5o, XXII) - proclama que 'ninguém será privado (...) 
de seus bens, sem o devido processo legal' (art. 5o, LIV).". (ADI 2.213 - MC, 
Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 4-4-02, DJ de 23-4-04). 
OBSERVAÇÃO: Para muitos autores a interpretação teleológica e/ou sociológica 
são vistas como uma única forma de interpretação, aquela que adapta a norma à 
sua realidade social, buscando os fins sociais e o bem comum. 
QUANTO AOS EFEITOS TEMOS AS SEGUINTES 
INTERPRETAÇÕES: 
a) extensão: extensiva, restritiva e declarativa. 
b) modificativa 
c) ab-rogante 
a1) Interpretação Extensiva 
Na interpretação extensiva o intérprete passa a concluir que a norma sob análise 
disse menos do que deveria dizer, ou seja, ele estende a sua aplicação para outras 
situações não mencionadas na norma em análise. 
--10-- 
a2) Interpretação Restritiva 
Na interpretação restritiva o intérprete passa atribuir à norma sob análise um alcance 
menor do que aquele previsto originariamente no texto. 
a3) Interpretação Declarativa 
Na interpretação declarativa o intérprete dá à norma uma interpretação coincidente 
exatamente com o seu texto, nem ampliando e nem reduzindo a sua aplicação.b) Interpretação Modificativa 
No que toca à interpretação modificativa, pode esta ser de duas espécies: 
modificativa atualizadora ou modificativa corretiva: 
b1) Interpretação Modificativa Atualizadora 
Na interpretação modificativa atualizadora podemos dizer que ela é um resultado da 
interpretação sociológica ou teleológica. Ocorre quando o intérprete se vê na 
necessidade de atualizar a norma diante de uma nova realidade que não foi prevista 
pelo legislador, quando da edição da norma. 
b2) Interpretação Modificativa Corretiva 
Na interpretação modificativa corretiva podemos dizer que ela é resultado da 
interpretação sistemática. Ocorre quando duas normas estiverem em antinomia no 
ordenamento jurídico, a fim de evitar a exclusão de uma e aplicação de outra pela 
autoridade. O sentido de uma das normas é alterado a fim de que ela possa 
compatibilizar-se no ordenamento jurídico. 
c) Interpretação Ab-Rogante 
Na interpretação ab-rogante podemos dizer que é aquela que se aplica quando o 
preceito normativo é mau construído e não se consegue aludir com clareza mínima 
as hipóteses que se pretende alcançar com a norma. Aplicável quando houver entre 
duas disposições legais uma contradição insanável, podendo-se eliminar uma das 
regras e aplicar a outra (ab-rogação simples), ou eliminar as duas e aplicar uma 
terceira (dupla ab-rogação). 
 
--11-- 
VII – BIBLIOGRAFIA 
BÁSICA 
FRANÇA, Rubens Limongi. Hermenêutica jurídica. 8ª ed. São Paulo: RT, 2008. 
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 19ª ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2006. 
STRECK, Lênio Luiz. Hermenêutica jurídica em crise. 8ª ed. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2008. 
COMPLEMENTAR 
CRETELLA JÚNIOR, J. Primeiras lições de direito. Rio de Janeiro: Forense, 1997. 
FALCÃO, R. B. Hermenêutica. São Paulo: Malheiros, 1997/2000. 
FERNANDEZ, Atahualpa. Argumentação jurídica e hermenêutica. 2ª ed. São Paulo: 
Impactus, 2007. 
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